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A C Ó R D Ã O 3ª TURMA GMHSP/APF/ct/smf RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO E AJUIZAMENTO DA AÇÃO OCORRIDOS ANTES DA EC/45. PRAZO PRESCRICIONAL CÍVEL. O c. TST firmou entendimento de que se aplicam os prazos prescricionais previstos na legislação civil às ações de dano moral e material decorrentes da relação de trabalho ajuizadas antes da Emenda Constitucional 45/2004. Na hipótese em exame, o TRT noticia que o acidente de trabalho ocorreu em 26/04/1984, enquanto a ação fora ajuizada em 10/02/2000. Ambos os eventos ocorreram antes da EC 45/04 e na vigência do Código Civil de 1916, que previa o prazo prescricional de vinte anos para as ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho. Logo, não há prescrição a ser declarada. Recurso de revista não conhecido. DANOS MORAIS. DEMORA NO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. Uma vez observado o prazo prescricional, a demora no ajuizamento da ação não faz desaparecer o direito à indenização por danos morais. Note-se que a condenação levada a efeito pelo TRT, se comparada ao dano infligido (perda da vida ) e ao valor arbitrado em sentença, é irrisório. Por esta razão, não se verifica violação do artigo 944, parágrafo do Código Civil Único, não havendo se falar em redução do valor da condenação. Recurso de revista não conhecido. DANOS MATERIAIS. NOVO MATRIMÔNIO DA VIÚVA. DIREITO DOS FILHOS MAIORES DE 24 ANOS À PERCEPÇÃO DE PENSÃO. Os arestos indicados à divergência são inservíveis pois oriundos de julgados do Tribunal Regional Federal, pelo que não resta atendido o pressuposto do artigo 896, -a-, da CLT. Recurso de revista integralmente não conhecido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista TST-RR-196300- 60.2006.5.18.0013, em que é Recorrente NORSERGEL VIGILÂNCIA E

TST - Acórdão - Recurso de Revista interposto por Norsegel

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A C Ó R D Ã O

3ª TURMA

GMHSP/APF/ct/smf

RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO E AJUIZAMENTO DA AÇÃO OCORRIDOS ANTES DA EC/45. PRAZO PRESCRICIONAL CÍVEL. O c. TST firmou entendimento de que se aplicam os prazos prescricionais previstos na legislação civil às ações de dano moral e material decorrentes da relação de trabalho ajuizadas antes da Emenda Constitucional 45/2004. Na hipótese em exame, o TRT noticia que o acidente de trabalho ocorreu em 26/04/1984, enquanto a ação fora ajuizada em 10/02/2000. Ambos os eventos ocorreram antes da EC 45/04 e na vigência do Código Civil de 1916, que previa o prazo prescricional de vinte anos para as ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho. Logo, não há prescrição a ser declarada. Recurso de revista não conhecido.

DANOS MORAIS. DEMORA NO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. Uma vez observado o prazo prescricional, a demora no ajuizamento da ação não faz desaparecer o direito à indenização por danos morais. Note-se que a condenação levada a efeito pelo TRT, se comparada ao dano infligido (perda da vida) e ao valor arbitrado em sentença, é irrisório. Por esta razão, não se verifica violação do artigo 944, parágrafo do Código Civil Único, não havendo se falar em redução do valor da condenação. Recurso de revista não conhecido.

DANOS MATERIAIS. NOVO MATRIMÔNIO DA VIÚVA. DIREITO DOS FILHOS MAIORES DE 24 ANOS À PERCEPÇÃO DE PENSÃO. Os arestos indicados à divergência são inservíveis pois oriundos de julgados do Tribunal Regional Federal, pelo que não resta atendido o pressuposto do artigo 896, -a-, da CLT. Recurso de revista integralmente não conhecido.

                     Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista Nº TST-RR-196300-60.2006.5.18.0013, em que é Recorrente NORSERGEL VIGILÂNCIA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA. e são Recorridos BANCO DO BRASIL S.A. E ANA RITA DE PAULA COELHO e OUTROS.

                     O e. Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, por meio do v. acórdão às fls. 977-1057, negou provimento ao recurso ordinário da reclamada, rejeitando a preliminar de nulidade da sentença, mantendo, ainda, a sentença que rejeitara a prejudicial de prescrição. No mérito, o TRT deu provimento parcial ao recurso da reclamada para reduzir a

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indenização por danos morais para R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

                     Contra essa decisão, a Reclamada interpõe Recurso de Revista às fls. 1060-1076. Denuncia violação de dispositivos de lei e da Constituição Federal.

                     O recurso foi admitido às fls. 2039-2048, não tendo sido apresentadas contrarrazões.

                     Desnecessário o parecer do douto órgão do Ministério Público do Trabalho, nos termos do Regimento Interno desta Corte.

                     É o relatório.

                     V O T O

                     Satisfeitos os pressupostos referentes a tempestividade, preparo e representação.

                      

- CONHECIMENTO

                     1.1 - PRESCRIÇÃO

                     O TRT negou provimento ao recurso ordinário da reclamada mantendo a sentença que afastara a prejudicial de prescrição. Seus fundamentos:

    - Argumentam as Rés que o direito de ação dos Autores encontra-se fulminado pela prescrição trabalhista, já que o acidente ocorreu em 26.04.1984 e a presente ação apenas foi ajuizada em 10.02.2000.

    Também alega o Banco que ocorreu a prescrição civil, pois decorreram mais de três anos do evento que vitimou o de cujus.

    Porém, o infortúnio ocorreu em período em que era pacifico o entendimento de que a competência para causas dessa natureza era da Justiça Comum. Portanto, aplicava-se a prescrição civil, de forma que, a essa altura, querer aplicar a prescrição trabalhista implica numa surpresa inconciliável com o principio da razoabilidade, já que a parte, até então, tinha como certa a prescrição civil e não poderia supor que haveria mudança das regras de competência.

    Assim, tenho que deve ser aplicada ao caso em análise a prescrição civil, considerando até mesmo a natureza do direito vindicado.

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    Na esteira desse entendimento, a parte teria prazo de 20 anos para ajuizar a ação. Com o advento do Código Civil de 2002 aplica-se a regra de transição do artigo 2.028 deste mesmo diploma.

    Portanto, tendo transcorrido mais da metade do prazo prescricional do Código anterior, continua aplicável a prescrição vintenária do Código Civil de 1916, cujo termo final seria em 25.04.2004.

    Logo, considerando que o ajuizamento ocorreu em 10.02.2000, não há que falar em prescrição.

    Rejeito.- (fls. 983-985 - sem destaques no original).

                     Em razões de revista a reclamada argumenta que, sendo o dano originário da relação de trabalho, e sendo da Justiça do Trabalho a competência para julgar o feito, o prazo prescricional para ajuizamento da ação é o trabalhista (7º, XXIX, da CF).

                     Denuncia violação dos artigos 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT, além de colacionar arestos à divergência.

                     Passo ao exame.

                     Sobre o tema, o c. TST firmou entendimento de que se aplicam os prazos prescricionais previstos na legislação civil às ações de dano moral e material decorrentes da relação de trabalho ajuizadas antes da Emenda Constitucional 45/2004.

                     No caso sob exame, há notícia de que o acidente de trabalho ocorreu em 26/04/1984, enquanto a ação fora ajuizada em 10/02/2000. Ambos os eventos ocorreram antes da EC 45/04 e na vigência do Código Civil de 1916, que previa o prazo prescricional de vinte anos para as ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho.

                     Uma vez verificado que havia transcorrido mais de dez anos da data do acidente sofrido até a entrada em vigor do atual CCB/2002, a prescrição aplicável in casu é a de vinte anos do artigo 177 CCB/1916, conforme regra de transição do artigo 2.028 do CCB/2002.

                     E ajuizada a reclamação em 10/02/2000, não há prescrição a ser pronunciada.

                     A esse respeito, cito os seguintes precedentes da SBDI-1:

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    -RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/2007. PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE DOENÇA PROFISSIONAL. AJUIZAMENTO PERANTE A JUSTIÇA ESTADUAL EM DATA ANTERIOR À EC 45/2004. A teor do art. 894, II, da CLT, com a redação que lhe foi conferida pela Lei 11.496/2007, em vigor desde 24.9.2007, o conhecimento do recurso de embargos no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho depende da demonstração de divergência entre Turmas ou destas com decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais do TST, condicionando-se, ainda, ao fato de não versar sobre matéria superada por súmula ou orientação jurisprudencial editada por esta Corte ou pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse contexto, não se mostra hábil a elevar o recurso ao conhecimento a indicação de afronta a dispositivos constitucionais e de lei federal, assim como a invocação de verbete sumular editado pelo Superior Tribunal de Justiça, uma vez que se tratam de hipóteses não previstas no permissivo consolidado. Recurso de embargos não-conhecido.- (E-RR - 226300-37.2005.5.01.0341, Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 12/06/2009)

    -RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 11.496/2007. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO. AÇÃO AJUIZADA NA JUSTIÇA COMUM ANTES DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45/2004. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO CÍVEL. Encontra-se pacificado o entendimento perante esta Corte de que, tendo sido ajuizada a ação de indenização de dano moral decorrente de acidente de trabalho na Justiça Comum antes da promulgação da Emenda Constitucional n.º 45/2004, o prazo prescricional a ser observado é o previsto no Código Civil e não o do art. 7.º, XXIX, da Constituição Federal. Recurso de Embargos conhecido e desprovido.- ( E-RR - 211500-80.2005.5.04.0030, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 29/04/2010, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 07/05/2010)

    -RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO EMBARGADO PUBLICADO SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/2007. PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE MOLÉSTIA PROFISSIONAL. AJUIZAMENTO PERANTE A JUSTIÇA COMUM EM DATA ANTERIOR à EC 45/2004. Os arestos transcritos são inespecíficos, pois versam, de forma genérica, sobre a aplicação da prescrição trabalhista à pretensão de danos morais e materiais decorrentes da relação de emprego, sem abordar a premissa que orientou a decisão embargada: ajuizamento de ação de indenização por danos materiais e morais decorrentes de doença do trabalho perante a Justiça Comum, anteriormente ao advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 e do julgamento do conflito de competência nº 7204/MG pelo STF, publicado no DJ 09.12.2005, impõe a observância de prazo prescricional estabelecido no Código Civil. Incidência da Súmula 296, I, desta Corte. Recurso de embargos não-conhecido.- (E-RR - 48500-39.2006.5.12.0031, Relatora Ministra: Rosa Maria Weber, Data de Julgamento: 10/12/2009, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 05/02/2010)

    -EMBARGOS. NOVA REDAÇÃO DO ART. 894 DA CLT CONFERIDA PELA LEI Nº 11.496/2007. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO. AÇÃO AJUIZADA ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004, QUE ALTEROU

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A REDAÇÃO DO ARTIGO 114 DA CARTA MAGNA. REGRA DE TRANSIÇÃO. Tratando-se de pleito de indenização por danos morais advindos do contrato de trabalho, a prescrição aplicável é a prevista no artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição da República, uma vez que a lesão se reveste de natureza trabalhista, e não civil. Entretanto, na hipótese, como a ação foi proposta em 2002, antes de definida a competência da Justiça do Trabalho por meio da Emenda Constitucional nº 45/2004, que alterou a redação do artigo 114 da Constituição Federal, deve ser aplicada a regra de transição e considerado o prazo cível, nos termos da jurisprudência pacificada desta Corte. Embargos conhecidos e providos.- (E-RR - 197/2004-003-17-00.5, Relator Ministro: Vantuil Abdala, Data de Julgamento: 12/03/2009, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 20/03/2009)

    -RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 11.496/2007. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO. AÇÃO AJUIZADA NA JUSTIÇA COMUM ANTES DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45/2004. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO CÍVEL. Encontra-se pacificado o entendimento perante esta Corte de que, tendo sido ajuizada a ação de indenização de dano moral decorrente de acidente de trabalho na Justiça Comum antes da promulgação da Emenda Constitucional n.º 45/2004, o prazo prescricional a ser observado é o previsto no Código Civil e não o do art. 7.º, XXIX, da Constituição Federal. Recurso de Embargos conhecido e desprovido.- ( ED-RR - 72200-45.2006.5.18.0009, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 08/10/2009, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 16/10/2009)

    -EMBARGOS - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PRESCRIÇÃO. Devem ser adotadas as regras de prescrição civil para as ações de dano moral ajuizadas na Justiça Comum anteriormente à vigência da Emenda Constitucional nº 45/04, por aplicação do princípio da segurança jurídica, tendo em vista que, até então, a jurisprudência majoritária reconhecia a competência da Justiça Comum, revelando o entendimento de que a matéria teria natureza civil, e, não, trabalhista. DANOS MORAIS - CARACTERIZAÇÃO - JULGAMENTO IMEDIATO. A C. SBDI-1, considerando que i) os pedidos de todos os Reclamantes decorrem do mesmo fato, qual seja, a discriminação e a restrição ao convívio social decorrentes da publicação na imprensa de fatos desabonadores da conduta do Empregado e ii) a conclusão do acórdão regional, quanto à inexistência de dano moral, não decorreu do exame de condições pessoais da menor herdeira, mas, sim, da análise dos fatos objetivos indicados como causa dos pedidos de todos os litisconsortes, entendeu ser possível examinar, desde logo, a questão de fundo, julgando-se improcedente o pedido em relação aos demais Reclamantes, pelos mesmos fundamentos registrados no acórdão regional em relação à herdeira menor. Embargos conhecidos e providos.- (E-RR - 545/1999-002-04-00.0, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 26/05/2008, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 30/06/2008)

                     Nesse contexto, verifica-se que a decisão do e. Tribunal Regional está em harmonia com a jurisprudência do c. TST, o que atrai os obstáculos do artigo 896, § 4º, da CLT e da Súmula 333/TST. Incólumes os artigos 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT.

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                     1.2 - VALORES DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS

                     Quanto ao tema, o TRT deu provimento parcial ao recurso da reclamada para reduzir o valor da indenização por danos morais para R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Seus fundamentos:

    -Colhe-se dos autos que no dia 26.04.1984, por volta das 07h da manhã, na agência do Banco do Brasil S/A, em Redenção, Estado do Pará, a auxiliar de serviços gerais Maria Ferreira Soares de Miranda, não pôde utilizar o aspirador de pó, em sua faxina diária, em virtude de problema elétrico nas tomadas da agência bancária.

    Na mencionada agência já se encontravam José Erivaldo da Silva, vulgo "Ceará", e Abraão Rodrigues Miranda, ambos vigilantes, funcionários da empresa Norsegel vigilância e transporte de valores ltda., ora segunda Recorrente, sendo que o último era casado com a sra Maria.

    Logo a seguir, chegou à agência o supervisor Eloy de Souza Coelho e Edgar Serrão Ribeiro, funcionários do Banco, sendo que na ocasião o primeiro estava substituindo o gerente adjunto, quando foi comunicado pela Sra Maria sobre o problema elétrico.

    Seguiu-se que o Sr° Eloy solicitou a ambos os vigilantes que verificassem o problema, em que pese não fazer parte do rol de atribuições desses profissionais. Prestativo, o Sr° Abraão acatou o pedido e buscou solucionar o defeito, mas "Ceará" retrucou e iniciou uma discussão com o Sr. Eloy.

    Percebendo a inutilidade da discussão, o Sr. Eloy buscou afastar-se de "Ceará", dirigindo-se à sua sala. A discussão não parou por ai, já que "Ceará", indignado, logo a seguir dirigiu-se até a sala onde encontrava-se o Sr° Eloy e reiniciou a discussão, ao que tudo indica porque sentiu que o seu emprego estava ameaçado.

    Avisado da discussão, o vigilante Abraão foi até a sala, quando recebeu a solicitação do Sr. Eloy para que desarmasse "Ceará", ocasião em que este, tomado por uma fúria incontrolável, sacou a arma e desferiu três tiros certeiros a "queima roupa" no Sr° Eloy, que caiu agonizando. Ato continuo, o Sr° Abraão tentou desarmar o agressor, porém este efetuou o quarto disparo em sua direção, que só não lhe atingiu "por milagre", empreendendo fuga o meliante.

    O segundo Recorrente (Banco do Brasil) alega que jamais existiu vinculo de emprego entre ele e o agressor e que o assassinato foi efetuado por quem detinha o dever der garantir a segurança, de maneira que o evento se mostra fora do seu controle, vez que se trata de fato imprevisível (caso fortuito).

    Sustenta que não possui atos de ingerência na forma de contratação da segunda Recorrente, pois ao Banco não interessa quem vai prestar o serviço, mas apenas o resultado.

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    Diz que fere o bom senso imaginar que o Banco tivesse obrigação de investigar a vida pregressa do empregado terceirizado, porquanto a terceirização do serviço implica em confiar na seleção empreendida pela contratada, pois se trata de empresa idônea.

    Aduz que todas as testemunhas confirmaram que até então, era pessoa afável e brincalhona, de forma que não era possível prever tal atitude.

    Sustenta que é do Ministério da Justiça e da Policia Federal a responsabilidade pela fiscalização de todas as empresas de segurança, inexistindo culpa in vigilando e in eligendo, haja vista que a responsabilidade integralmente do prestador de serviço.

    Assevera que não há prova dos danos materiais sofridos pelos familiares da vítima, pois a família não ficou desamparada, já que passou a receber o beneficio do INSS e a complementação da PREVI, cujos proventos alcançam os valores integrais recebidos pelo de cujus, não havendo motivo para a condenação, tampouco no valor arbitrado.

    A primeira Recorrente, por seu turno, diz que não concorreu com culpa, de maneira que eventual condenação deveria recair apenas sobre o primeiro Requerido.

    Sugere que já havia inimizade entre a vítima e o vigilante, bem como que a vitima contribuiu para o trágico desfecho ao desviar o agressor de suas atribuições, inclusive exercendo enorme pressão psicológica sobre o acusado.

    Aduz que a vítima utilizou de ardilosa tática de desestruturar o humilde vigilante que desejava somente se explicar ao subgerente sobre o ocorrido, sendo então atingido no bem mais precioso que tinha até então, seu emprego.

    Alega que o agressor foi instigado a realizar o crime pela própria vítima, o que afasta a sua culpa ou pelo menos implica em culpa concorrente, com a redução do valor da indenização pela metade.

    Diz que o empregado estava fora do exercício da função de vigilante quando do evento, de maneira que não pode responder pelos danos causados, conforme dispõe o artigo 923 do Código Civil.

    Acrescenta que exerce um controle rigoroso na contratação de seus empregados vigilantes, além do que existe um controle rigoroso pela Policia Federal, sendo descabida a alegada culpa in vigilando e in eligendo e desrespeitosa a afirmação de que é empresa inidônea, como consta da sentença.

    Aduz que não existe a confissão registrada na r. decisão, pois a pessoa que emitiu o parecer de f1. 123/125 não tinha poderes para falar em nome da empresa.

    Alega que o extenso lapso temporal de 16 anos desautoriza o pedido de pensão, ainda mais retroagindo até a data da morte, pois o direito não socorre a quem dorme.

    Sustenta que os valores são desproporcionais e ferem o principio da razoabilidade, comprometendo bastante a estrutura econômica da empresa.

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    Diz que não é devida pensão aos filhos do de cujus, pois possuem a idade de 34 e 30 anos, respectivamente, e o entendimento majoritário é de que a idade limite é de 24 anos para que o dependente possa concluir o ensino superior.

    Alega que o direito de acrescer não subsiste em caso de novo matrimônio contraído pela viúva do falecido.

    Aduz que o Juízo não utilizou como critério a demora na busca da reparação, pois não é crível conceber-se a ocorrência de dano moral sem a imediata reação.

    Diz que era imprescindível a comprovação da existência de danos morais, o que não ocorreu, bem como que a sentença não considerou a culpa da vítima quando da fixação do valor da indenização.

    Por fim, sustenta que tais valores devem ser fixados com prudência e bom senso, sugerindo a importância de apenas 20 salários mínimos a título de danos morais.

    Pois bem.

    Primeiramente é preciso frisar que houve sim culpa da segunda Requerida na morte do de cujus, pois não é possível conceber que tamanho desequilíbrio não fosse sentido por uma avaliação psicológica mais apurada.

    Esse desequilíbrio só foi sentido tardiamente através do relatório de fls. 123/125, elaborado pelo diretor de segurança da empresa Norsegel, que concluiu que "Tudo leva a crer que JOSÉ ERIVALDO DA SILVA é um psicopata", porquanto inexiste "motivação para a absurda violência com que o crime foi praticado". Ao contrário do que consta do apelo patronal, o aludido relatório foi produzido por quem detinha poderes de representação da Norsegel e constitui prova hábil a ser usada em desfavor da empresa.

    Ainda segundo tal relatório, um incidente que só veio à tona após o crime e que foi relatado pelo ex-patrão de "Ceará", Sr. Caleb, ratifica o entendimento. E prossegue:

    Segundo o Sr. Caleb, após ligeira discussão entre José Erivaldo da Silva e um seu colega de serviço, aquele o agrediu com uma faca só não o matando graças a interferência de circunstantes. Mais tarde "Ceará" sofreu uma crise em que sua respiração alterou, permanecendo por algum tempo inconsciente e espumando pela boca. Quando voltou a si, declarou que isso acontecia "sempre" que era impedido de se vingar de alguém". Obviamente, foi despedido do emprego. Outras notícias não confirmadas dão conta da desproporcionalidade de suas reações ao ser censurado por alguém.

    Assim sendo, entendemos ter havido falha no recrutamento do vigilante José Erivaldo da Silva. Ainda que sua contratação tenha sido feita por indicação do sub-gerente da Agência de Redenção do Banco do Brasil, Sr. Valter Domingos do Amaral, uma pesquisa em seus últimos empregos teria demonstrado sua inadequação para o cargo.

    Logo, a própria empresa Norsegel, através de seu diretor, reconheceu a culpa ao admitir que "uma pesquisa em seus últimos empregos teria demonstrado sua inadequação para o cargo".

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    Ainda que assim não fosse, a Reclamada teria que realizar acompanhamentos psicológicos durante toda a vida laborativa de seus vigilantes, além de treinamentos, já que a profissão é muito estressante, por implicar em risco de vida, inclusive de terceiros.

    A entrega de uma arma de fogo a um vigilante pressupõe que houve rigorosa análise psicológica, além de um exaustivo treinamento e investigação de seus antecedentes, o que não foi feito, revelando descaso patronal na contratação.

    De outro lado, não há prova de que havia uma inimizade "incubada" entre "Ceará" e o de cujus, tanto que a testemunha Abraão afirmou nos autos do inquérito policial que desconhecia qualquer rixa entre a vítima e o assassino. O seu depoimento, prestado nestes autos, quase 20 anos depois, tem o nítido propósito de beneficiar o seu empregador, Banco do Brasil, vez que trouxe informações novas e destoantes que não foram declaradas na oportunidade, período em que, sabe-se, a memória retém melhor as informações, dado o pouco tempo entre o fato e as declarações prestadas à autoridade policial.

    As demais testemunhas inquiridas no inquérito policial não revelaram a existência da alegada inimizade, ao contrário, a testemunha Maria disse que "nunca viu" a vitima e o assassino discutirem (fl. 40).

    Não existe prova de que o crime praticado por José tenha resultado do comportamento instigativo da vítima, que teria tratado com menosprezo o agressor. Não há prova de que a vítima tivesse dispensado esse tipo de tratamento ao assassino, nem antes, nem no dia do assassinato, ressaltando que o testemunho de Abraão colhido nestes autos merece solene desprezo em razão da absurda inverossimilhança, conforme bem ressaltado na r. sentença.

    Também não há prova de que a vítima tivesse ameaçado "Ceará" de despedimento. Segundo a testemunha Edgar, José perguntou à vitima: "Seu Eloy, quer dizer que o senhor vai mandar eu ir embora?" (fl. 38). Quase dez anos depois, a testemunha repetiu a mesma frase, ao ser ouvida em juizo (fl. 98-v).

    Se José perguntou se ia ser mandado embora é porque disto não tinha certeza. E se ele, por medo (mas não certeza) de perder o emprego, reagiu disparando o revólver várias vezes, contra Eloy e contra Abraão, tenho como provado seu desequilíbrio emocional para o exercício da função.

    Conforme consta da sentença, a culpa, tanto da tomadora quanto da prestadora - in eligendo e in vigilando -, está sobejamente demonstrada, seja porque "Ceará" já era "psicopata" desde a contratação ou porque perdeu o equilíbrio emocional no decorrer do tempo.

    Frise-se que a tomadora deve também exigir da prestadora rigor na contratação dos vigilantes que prestarão serviço em seu estabelecimento, além de avaliação psicológica periódica, sob pena de responder pelos danos causados a seus próprios empregados e terceiros que sofram danos no interior das instalações em virtude de desequilíbrio ou despreparo dos seguranças.

    Quanto ao particular, transcrevo parte da r. sentença, que muito bem analisou a questão, verbis:

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    Por último, mas não menos importante, apreciando caso idêntico ao dos autos, é dizer, caso em que o vigilante empregado de prestadora de serviços ceifou a vida de empregado da tomadora, decidiu o STJ que "para o reconhecimento do vinculo de preposição não é preciso que exista um contrato típico de trabalho; é suficiente a relação de dependência ou que alguém preste serviços sob o interesse e comando de outrem". Ou seja, o vigilante é, sim, preposto da tomadora, embora não seja seu empregado. E, sobre o alegado "fato de terceiro" (no caso paradigmático falava-se em "caso fortuito" - mutatis mutandis, a idéia era a mesma), aquela corte assentou:

    Na espécie, diante dos fatos registrados no acórdão, a obrigação de indenizar da demandada é evidente, uma vez que não se cuidou de comprovar a ausência de culpa pelo delito praticado pelo vigia. Segundo o que consta, a empregadora não só faltou com critério na escolha na firma de vigilância (culpa in eligendo), mas também não procedeu à fiscalização eficaz e permanente sobre o comportamento do vigilante no trabalho (culpa in vigilando).

    Tudo isto foi assentado no REsp 284586, Rei. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, relatório e voto transcritos integralmente pelos 18 autores às fls. 493/499. E, no mesmíssimo sentido, o Agravo de Instrumento 497.692, Rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, (fls. 686/7).

    Não se trata de caso fortuito, mas de descaso na contratação de pessoa evidentemente desequilibrada, a quem a empresa jamais poderia ter confiado uma arma de fogo.

    Não prospera o argumento de que "Ceará" não estava exercendo a função de vigilante quando do crime, tanto que o cometeu em horário de serviço e com a própria arma da empresa. O pequeno desvio de função tentado pela vitima e não acatado pelo agressor não afasta a responsabilidade patronal.

    Considerando que a ação foi proposta dentro do prazo prescricional, não prospera a tese de que o extenso lapso temporal de 16 anos desautoriza o pedido de pensão.

    Por pertinente, colaciono, ainda, o seguinte aresto, cujos fundamentos adoto como razão de decidir quanto a alegada ausência de danos materiais em razão do recebimento de beneficio previdenciário, verbis:

    (...)

    Quanto aos danos morais, é evidente a dor que os familiares sofreram com a perda do chefe de família, o que dispensa a demonstração efetiva, pois está insito na própria ofensa. Aliás, a demora no ajuizamento da ação constitui uma faculdade legal e não interfere no direito à reparação pelos danos morais, a não ser na fixação do valor devido, como foi observado na r. sentença.

    Assim, considerando a demora dos Autores na busca da reparação, as condições pessoais do ofendido e dos responsáveis, a culpa gravíssima da denunciada/prestadora, o efeito pedagógico que se busca alcançar e a extensão do dano, tenho por razoável a indenização de R$200.000,00.

Page 11: TST - Acórdão - Recurso de Revista interposto por Norsegel

    Reforma parcial.- (fls. 985-999 - sem destaques no original).

                     Em razões de revista (fls. 1060-1076), a reclamada (Norsergel) argumenta que o valor arbitrado à condenação desafia os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, comprometendo a estrutura econômica da empresa.

                     Sustenta que restou violado o artigo 944 do Código Civil, pois exorbitante o valor da condenação. Também argumenta pela inexistência de danos morais e materiais, tendo em vista a demora excessiva (16 anos) no ajuizamento da ação.

                     Afirma que -os recorridos viveram confortavelmente de 1984 até 2000 quando resolveram movimentar o judiciário e pleitearem valores tão exorbitantes pelo ocorrido- (fl. 1071).

                     Denuncia violação do artigo 932 do Código Civil pois o de cujus encontrava-se desviado de função, fato que alega teria sido desconsiderado pelo Juízo a quo.

                     Vejamos.

                     Pontuo, inicialmente, que, uma vez observado o prazo prescricional, a demora no ajuizamento da ação não faz desaparecer o direito à indenização por danos morais. No entanto, a delonga da parte no ajuizamento da ação influencia na fixação do quantum indenizatório.

                     Entendo que a condenação levada a efeito pelo TRT, se comparada ao dano infligido (perda da vida) e ao valor arbitrado em sentença, é irrisório. Por esta razão, não se verifica violação do artigo 944, § único, do Código Civil, não havendo se falar em redução do valor da condenação.

                     Quanto à denúncia de violação do artigo 932 do Código Civil, também não se constata malferimento. Não obstante o desvio de função tenha sido reconhecido pelo TRT, note-se que tanto o empregado que veio a óbito (empregado do BB) quanto o terceirizado que lhe retirou a vida, encontravam-se a serviço do Banco do Brasil. Portanto, a responsabilidade da Norsergel não deve ser afastada.

                     Com esses fundamentos, não conheço do recurso de revista.

                     1.3 - DANOS MATERIAIS - DIREITO DA VIÚVA E DOS FILHOS MAIORES DE 24 ANOS À PERCEPÇÃO DE PENSÃO

Page 12: TST - Acórdão - Recurso de Revista interposto por Norsegel

                     O TRT negou provimento ao recurso da reclamada mantendo sua condenação ao pagamento de pensão, a título de danos materiais à viúva bem como aos filhos do de cujus. Eis os fundamentos:

    -A Reclamada aduz que não houve dano material, em virtude do recebimento de beneficio previdenciário e da complementação efetuada pela PREVI, f1. 787, mas o fato é que não há compensação nem abatimento dos valores recebidos do INSS e da PREVI, este em razão de que o Autor contribuiu para que a família pudesse desfrutar de beneficio mais abrangente, bem como decorreu de liberalidade do Reclamado, conforme bem complementou o MM. Juiz Revisor.

    O direito dos filhos do falecido a uma pensão até que completassem a idade de 24 anos subsiste até os dias atuais, pois jamais foi exercido. Se conseguiram desenvolver por outros meios seus estudos, isso não compromete o direito ora vindicado, assegurado pela jurisprudência majoritária. Quanto ao direito de acrescer, já é pacífico na jurisprudência de nossos tribunais, notadamente do C. STJ, que o reconhece inclusive quando se contrai novo matrimônio, conforme se extrai de parte do acórdão exarado nos autos do Recurso Especial n° 530.618-MG (2003/0082888-6), da lavra do Excelentíssimo Ministro ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, verbis:

    Já para a viúva, não vejo como possível limitar-se a pensão até um novo e eventual casamento, por se cuidar tanto de acontecimento incerto, importando em decisão condicional, que é repudiada pelo Direito, além de nem sempre o novo matrimônio significar alteração na situação econômica.

    Ademais, trata-se de ação de reparação de danos de cunho civil, por ato ilícito, que não guarda correlação com beneficio previdenciário, que tem regras próprias. O pensionamento se dá em face da situação presente, dentro da qual foram atingidas as vítimas. Não há, na hipótese, fato certo futuro. (Julgado em 19.08.2004).

    Em que pese a solicitação equivocada para que os vigilantes resolvessem um problema elétrico, não se pode dizer que houve culpa concorrente, pois o homicídio decorreu da mente doentia do agressor, tanto que a vitima recuou em seu propósito e buscou encerrar o assunto, o que foi negado pelo agressor.

    Nesse passo, tenho que deve ser mantida a r. sentença que fixou a indenização por danos materiais em 2/3 do salário da vítima, incluindo horas extras habituais e 13°salário, cabendo a cada um dos Autores 1/3 deste montante, que é devida aos filhos apenas até 24 anos de idade, ocasião em que integrará a cota parte da viúva, até a provável idade de falecimento da vitima indicada na inicial (65 anos).

    Quanto aos danos morais, é evidente a dor que os familiares sofreram com a perda do chefe de família, o que dispensa a demonstração efetiva, pois está insito na própria ofensa. Aliás, a demora no ajuizamento da ação constitui uma faculdade legal e não interfere no direito à reparação pelos danos morais, a não ser na fixação do valor devido, como foi observado na r. sentença.

Page 13: TST - Acórdão - Recurso de Revista interposto por Norsegel

    Assim, considerando a demora dos Autores na busca da reparação, as condições pessoais do ofendido e dos responsáveis, a culpa gravíssima da denunciada/prestadora, o efeito pedagógico que se busca alcançar e a extensão do dano, tenho por razoável a indenização de R$200.000,00.

    Reforma parcial.- (fls. 985-999 - sem destaques no original).

                     Em razões de revista, a reclamada argumenta ser indevida a pensão à primeira recorrida (esposa do de cujus) pois esta teria contraído novo matrimônio, fato que desautoriza o deferimento do pedido de pensão. Colaciona arestos em abono de sua tese.

                     Quanto aos filhos do de cujus, afirma que o entendimento predominante é o de que a idade de 24 anos é o limite razoável para o beneficiário, na condição de dependente do segurado. Diz que os filhos já completaram a maioridade e já concluíram o ensino superior, pelo que também não lhes assiste direito à pensão. Colaciona arestos.

                     Passo ao exame.

                     Os arestos colacionados às fls. 1072-1073, que tratam da circunstância fática de a viúva contrair novo casamento, são inservíveis à luz do artigo 896, -a-, da CLT, uma vez que oriundos de julgados do Tribunal Regional Federal.

                     Igualmente, os arestos às fls. 1073-1074, que abordam a fixação do limite de idade dos filhos para fazerem jus à pensão, também são oriundos do Tribunal Regional Federal, pelo que não restam atendidos os pressupostos do artigo 896, -a-, da CLT.

                     Ante o exposto, não conheço do recurso de revista.

                     ISTO POSTO

                     ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista.

                     Brasília, 16 de março de 2011.

Horácio Senna Pires

Ministro Relator

Page 14: TST - Acórdão - Recurso de Revista interposto por Norsegel

fls.

PROCESSO Nº TST-RR-196300-60.2006.5.18.0013

C/J PROC. Nº TST-RR-196340-42.2006.5.18.0013

                     C:\sistemas\temp\RR-196300-60.2006.5.18.0013-01.rtf