29
1 CAPÍTULO 08 - TURBINAS A GAS (JATO) 0. SUMÁRIO a. Introdução Generalidades b. Tipos de Turbinas Quanto ao Fluxo do Ar (Centrífugo/Axial/Misto) Quanto à Produção da Tração (Turbo Jato/Turbo Hélice/Turbofan/Turbo Eixo) c. Turbo Jato/Turbo Hélice/TurboFan/Turbo Eixo Características d. Comparação de Performances e. Parâmetros e Instrumentos da Turbina Razão de Pressão do Motor (EPR) Temperatura dos Gases de Exaustão (EGT) TIT/TOT/TGT Torque (Turbo Hélice/Turbo Eixo) N1 N2 f. Considerações Operacionais Limites de Temperatura do Motor Variações de Tração Ingestão de Objetos Partida Quente Stall de Compressor Apagamento do Motor g. Alguns Conhecimentos Complementares Desenvolvimento do Empuxo/Reversão de Empuxo Fatores que Afetam o Empuxo/Níveis de Empuxo Rendimento/ Operação do Motor de Turbina a Gás Controle de combustível/Sistemas de Ignição

Turbinas a Gas (Jato)

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Turbinas a Gas (Jato)

1

CAPÍTULO 08 - TURBINAS A GAS (JATO)

0. SUMÁRIO a. Introdução

Generalidades

b. Tipos de Turbinas Quanto ao Fluxo do Ar (Centrífugo/Axial/Misto)

Quanto à Produção da Tração (Turbo Jato/Turbo

Hélice/Turbofan/Turbo Eixo)

c. Turbo Jato/Turbo Hélice/TurboFan/Turbo Eixo Características

d. Comparação de Performances

e. Parâmetros e Instrumentos da Turbina Razão de Pressão do Motor (EPR)

Temperatura dos Gases de Exaustão (EGT)

TIT/TOT/TGT

Torque (Turbo Hélice/Turbo Eixo)

N1

N2

f. Considerações Operacionais Limites de Temperatura do Motor

Variações de Tração

Ingestão de Objetos

Partida Quente

Stall de Compressor

Apagamento do Motor

g. Alguns Conhecimentos Complementares Desenvolvimento do Empuxo/Reversão de Empuxo

Fatores que Afetam o Empuxo/Níveis de Empuxo

Rendimento/ Operação do Motor de Turbina a Gás

Controle de combustível/Sistemas de Ignição

Page 2: Turbinas a Gas (Jato)

2

INTRODUÇÃO

A turbina a gás produz tração pela elevação da energia cinética do fluxo de ar

que é admitido.

O motor é constituído de uma entrada de ar, compressor, câmaras de

combustão, turbina e escapamento (exaustão), conforme pode ser visto na

figura 1.

Estes motores apresentam como principais vantagens relativamente aos

motores alternativos, menor vibração, melhor performance do conjunto motor-

avião, confiabilidade e fácil operação.

Nota: Neste capítulo a abordagem do assunto será em caráter introdutório, uma

vez que o tema será estudado em profundidade e especificidade na disciplina de

Motores Aeronáuticos, onde o motor a reação da General Electric modelo

CFM-56, instalado em aeronaves comercias, será estudado.

2. TIPOS DE TURBINA A GÁS

Os motores a reação são classificados segundo o tipo de compressores que

usam, que recaem em três categorias básicas que são, fluxo centrífugo, fluxo

axial e fluxo misto (axial – centrifugo).

Em uma turbina de fluxo centrifugo, a compressão do ar de entrada é feita

mediante a aceleração do ar externo perpendicularmente ao eixo longitudinal

do motor.

O motor de fluxo axial comprime o ar através de uma série de aerófilos

estacionários e rotativos movendo o ar paralelamente ao eixo longitudinal do

motor.

O motor mixto, centrifugo-axial usa os dois tipos de compressão.

O caminho que o ar faz no interior do motor e a forma que a energia, tração é

produzida determinam o tipo da turbina, sendo estas, em geral, turbo jatos,

turbo hélice, turbofan ou turbo-eixo.

. Turbo Jato (jato puro) – Esta turbina é composta de quatro secções –

compressor, câmara de combustão, turbina e exaustor.

O compressor passa para a câmara de combustão ar de entrada com alta razão

de velocidade. A câmara de combustão possui os injetores e os ignitores para a

combustão. O ar queimado e altamente expandido movimenta a turbina que

está conectada por um eixo concêntrico ao compressor, sustentando a operação

do motor. Os gases acelerados da exaustão do motor produzem a tração (thrust)

ou propulsão.

Estas turbinas têm uso limitado do ponto de vista alcance e durabilidade e são

de resposta lenta aos comandos feitos nos manetes, quando em baixas

velocidades do compressor.

. Turbo Hélice - É uma turbina que movimenta uma hélice através de uma

caixa de redução. Os gases de exaustão acionam uma turbina de potência que

comanda um eixo que movimenta a caixa de redução.

Nestes motores a caixa de redução é indispensável porque a hélice apresenta

seu melhor rendimento sob rotações muito menores do que as tipicamente

geradas pela turbina. As turbinas deste tipo atendem um compromisso

funcional e de performance, intermediário entre a um motor alternativo e o

turbo jato.

Page 3: Turbinas a Gas (Jato)

3

Os motores turbo-hélices são mais eficientes em velocidades entre 250 e 400

kts e altitudes entre 18.000 e 30.000 pés, sendo muito econômicos em baixas

velocidades, como decolagens, subidas, descidas e pouso. O consumo

específico mínimo, normalmente é apresentado na altitude aproximada de

25.000 pés.

. Turbofan - Esta turbina foi desenvolvida para combinar as melhores

características de um turbo jato e de um turbo hélice.

Os motores turbofan foram projetados para gerar tração adicional a partir de

um fluxo de ar secundário que passa no contorno das câmaras de combustão.

No turbofan o ar lateral, externo à combustão (bypass) gera tração muito maior,

refrigera o motor e reduz o nível de ruído geral do motor, em especial no

escapamento. Este motor prove a velocidade de cruzeiro turbo jato com um

consumo baixo, um pouco superior do que o do turbo hélice.

O ar admitido e separado para constituir os fluxos, um passa pelo interior do

motor e o segundo contorna o motor. Este fluxo de ar de contorno é que dá

origem ao termo “bypass engine”.

A razão de “bypass” de um turbofan se refere à razão entre o volume do ar que

constitui o fluxo de contorno e o volume do fluxo de ar que passa pelo interior

do motor.

. Turbo eixo – é a turbina que libera sua potência para um eixo que aciona

qualquer mecanismo que não seja uma hélice.

A grande diferença de um motor turbo eixo para um motor turbo jato está no

fato que o turbo jato produz tração enquanto que um turbo eixo produz

potência, aciona uma turbina. Estas turbinas são usadas para equipar

helicópteros e como unidades auxiliares de potência (APU).

3. COMPARAÇÃO DE PERFORMANCES

É possível fazer a comparação entre a performance de um motor alternativo e

diferentes turbinas a gás, todavia para a comparação ser correta, devemos usar

THP (HP de tração) do motor alternativo e não sua potência de freio (BHP)

(brake horse power) e, a tração líquida deve ser usada para a turbina, bem

como o projeto dos aviões equipados com os dois tipos de motores , devem ser

semelhantes.

A figura 2 mostra como quatro tipos de motores se comportam em termos de

tração líquida na medida em que a velocidade é aumentada. Visto que as curvas

de performance são genéricas, não são para um determinado tipo de motor, as

ordenadas e abscissas não foram quantificadas tanto para as velocidades,

tração líquida ou arrasto.

Note-se que para velocidades à esquerda da linha “A”, o motor alternativo

apresenta melhor performance do que os outros três. O motor turbofan

apresenta melhor performance do que o motor alternativo para velocidades

localizadas a direita do ponto “B”.

Os pontos nos quais o arrasto do avião cruza com a curva de tração líquida

definem a velocidade máxima do avião. Fica visível que o avião equipado com

o motor turbo jato é aquele que pode atingir a maior velocidade, visto que esta

característica é indicada pela intercessão das curvas de tração liquida com a

curva de arrasto.

Page 4: Turbinas a Gas (Jato)

4

4. INSTRUMENTOS E PARÂMENTROS DA TURBINA

O funcionamento de uma turbina pode ser monitorado pela verificação de

certos parâmetros como: pressão de óleo, temperatura de óleo, velocidade do

motor, temperatura dos gases de exaustão e fluxo de combustível, instrumentos

estes comuns aos motores alternativos, mas existem outros parâmetros a serem

medidos e indicados como:

Razão de pressão do motor, pressão de descarga do motor e torque, podendo

ainda ter indicadores de temperatura do módulo da turbina.

. Razão de pressão do motor (EPR) – um manômetro é usado para esta

indicação. EPR é a razão de descarga da pressão de descarga da turbina pra a

pressão do ar de entrada.

Os sensores de pressão estão instalados junto à entrada do ar e à exaustão. Os

sinais são enviados para transdutores diferenciais de pressão de onde a pressão

diferencial medida é levada para um indicador de EPR localizado no painel de

instrumentos, indicadores de parâmetros dos motores.

O projeto do sistema de indicação de EPR já provê compensações de efeitos de

velocidade e altitude, todavia mudanças na temperatura necessitam ser

consideradas para se fazer setagem correta de potência.

. Temperatura dos gases de exaustão (EGT) – um fator funcional limitante

na operação de uma turbina é a temperatura máxima que pode ocorrer na seção

da turbina.

Este parâmetro é vigiado seriamente através de indicador próprio de EGT, visto

que ele indica o estado de vida da turbina, e é o principal parâmetro que define

serviços de manutenção do motor.

Dependendo da localização dos sensores de temperatura, os indicadores

recebem diferentes designações como:

TIT – turbine inlet temperature,

TOT – turbine outlet temperature

TGT – turbine gas temperature.

. Torquemeter – este parâmetro é medido e indicado nas turbinas tipo

turbohélice e turbo eixo. Torque é uma força de torção aplicada a um eixo. O

torquímetro mede a potência aplicada ao eixo, sendo sua escala em percentual

de pés por libra ou libras por polegada.

. Indicador de N1 – representa a velocidade de rotação do compensador de

baixa pressão e é apresentada como percentual da rotação de projeto (%RPM).

Após a partida a velocidade N1 é definida pela turbina de N1 através de seu eixo

concêntrico.

. Indicador de N2 – representa a velocidade de rotação do compressor de alta

pressão e é apresentada como percentual da rotação de projeto (%RPM). Este

compressor é acionado pela turbina de N2 através de seu eixo concêntrico, veja-

se a figura 3.

Page 5: Turbinas a Gas (Jato)

5

5. CONSIDERAÇÕES OPERACIONAIS

Pela variedade construtiva das turbinas, é impraticável cobrir procedimentos

operacionais específicos, todavia existem algumas considerações que são

comuns para qualquer turbina, como: limites de temperatura , danos por objetos

sugados, partida quente , stall de compressor e apagamento.

. Limites de temperatura do motor – a temperatura mais elevada em um

motor a reação ocorre na entrada da secção das turbinas, por este motivo este é

um parâmetro limitante do funcionamento do motor.

. Variações de tração – a tração varia diretamente com a densidade do ar.

Estes motores diferentemente do motor alternativo, não sofre perda significante

de tração em decorrência da alta umidade relativa do ar.

. Admissão de objetos (FOD – forign object damage) – estes motores são

bastante suscetíveis à ingestão de corpos estranhos e estes causam sérios danos,

principalmente nos compressores e turbinas. Preventivamente alguns motores

dispõem de um sistema de vórtice instalados na entrada de ar para impedir a

sua sucção.

. Partida quente – partida quente é quando a EGT ultrapassa seu limite, é

causada pela injeção excessiva de combustível ou por baixa rotação da turbina.

Uma partida falsa também pode ocorrer caso a velocidade de partida foi muito

baixa ou a alimentação de combustível falhou. O motor não atinge a

velocidade de marcha lenta e apaga.

. Stall de compressor – ocorre quando o ângulo de ataque das aletas do

compressor for maior do que o ângulo de ataque crítico, condição em que deixa

de haver fluxo laminar de ar no compressor e a turbulência se faz presente pela

flutuação da pressão. Veja a figura 4.

O stall do compressor causa a parada de entrada de ar para o compressor até a

estagnação, algumas vezes revertendo o fluxo.

Um stall de compressor é caracterizado pelo ruído como se fosse um “tiro” e

pode ter conseqüências severas, como vibrações do motor e danos maiores. O

stall é acompanhado de oscilações nas indicações de RPM e na temperatura

EGT.

A maioria dos motores dispõem de um sistema que inibe a ocorrência de stall,

este sistema VIGV – (variable inlet guide vane) e VSV – (variable stator

vanes), têm a função de jogar o ar admitido no motor de forma a iniciar com

as aletas do motor em ângulo apropriado.

A melhor forma de evitar a ocorrência de stall de compressor é operar o avião

segundo os parâmetros estabelecidos pelo fabricante.

. Apagamento do motor – é uma condição na operação de uma turbina a gás

em que o fogo no motor se extingue espontaneamente. A chama pode apagar se

a mistura combustível-ar ficar muito rica, o que constitui um “rich flameout”.

Esta condição pode ocorrer quando de uma aceleração acentuada e rápida em

que o volume de combustível é grande o suficiente para baixar a temperatura

na câmara de combustão, de forma que esta temperatura é insuficiente para

queimar a mistura, ou ainda, se a velocidade é tão baixa que o volume de ar

Page 6: Turbinas a Gas (Jato)

6

comprimido é insuficiente para manter a chama, ou outros motivos como falhas

dos sistemas de injeção ou elétrico.

Page 7: Turbinas a Gas (Jato)

7

6. ALGUNS CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

Page 8: Turbinas a Gas (Jato)

8

6.1. Desenvolvimento da tração (EMPUXO)

Deixando de lado as minúcias, aqui desnecessárias, interessando-nos apenas no

entendimento geral, pode-se dizer que aceleramos uma massa de ar em direção

à parte traseira do motor, daí resultando uma reação, em direção oposta,

denominada empuxo.

A massa de um corpo é constituída pelo número de moléculas que existem nele.

Naturalmente não podemos contar o número de moléculas que passam pelo

motor, tão pouco, podemos interromper o fluxo de ar que flui através dele para

pesá-lo, mas é certo que o peso lá está.

Newton definiu as três Leis do Movimento conhecidas como Lei da Inércia

(um corpo em repouso permanece em repouso e um corpo em movimento

continua a mover-se em velocidade constante, isto é, em movimento retilíneo

uniforme), Lei da Aceleração (a aceleração adquirida por um corpo é

diretamente proporcional à força F e inversamente proporcional à massa M

deste corpo a = F/M, de onde tiramos F = M . a) e Lei da Ação e Reação (para

cada ação existe sempre uma reação igual de sentido oposto).

Sabe-se que a massa é uma função do peso e da aceleração da gravidade e que a

aceleração é uma medida da variação da velocidade na unidade de tempo, isto

é: M= W/g, a = ∆V/∆t de onde V = a.t e F = W/g . ∆V (fórmula 1), sendo

F = força, W = peso, g = aceleração da gravidade e ∆V = variação de

velocidade por unidade de tempo.

Tendo a fórmula 1 como referência, para que um corpo em repouso seja

colocado em movimento, é necessário aplicar uma força, esta deve ter a

capacidade de acelerar o corpo para que entre em movimento, saia do repouso.

Dando continuidade ao desenvolvimento de nosso raciocínio relativo à fórmula

F = W/g . a, ao multiplicarmos os dois lados da equação pelo tempo (t) e

substituindo-se a.t por V, teremos: F . t = W/g . V onde F . t = I (Impulso ou

Impulsão) e W/g . V = MV (Quantidade de Movimento).

Das relações anteriores conclui-se que: F.t = MV.

Para o campo dos motores a jato, já que estamos tratando de variação de

velocidade de fluxo de ar, mistura ou gases, devemos ter:

F = M (Vj – Va) ou seja F = W/g (Vj – Va),

Sendo Vj a velocidade do ar no tubo de descarga do motor e Va a velocidade

inicial do ar admitido, logo a diferença das duas velocidades representa a

velocidade do ar adquirida no interior do motor. Veja as figuras 6.1.1 e 6.1.2

que no dão uma idéia de como definir o peso da massa de ar.

FIGURA 6.1.1 – MUDANÇA DE VELOCIDADE ATRAVÉS DO MOTOR

Page 9: Turbinas a Gas (Jato)

9

FIGURA 6.1.2 – ÁREA DE ENTRADA E CÁLCULO DO PESO DO FLUXO

DE AR

Note-se que até aqui estamos considerando apenas a força decorrente da

velocidade da massa de ar no interior do motor, quando na verdade outros

parâmetros se fazem presentes, como, por exemplo, a massa do combustível

que, diga-se de passagem, é significativa, bem como também importante a

variação da pressão ocorrida na entrada de ar, pois existe uma sucção à frente

da entrada do motor e igualmente, em sentido contrário na parte traseira do

motor onde ocorre a descarga dos gases queimados.

A figura 6.1.3 nos permite uma idéia relativa à distribuição do fluxo de ar em

um motor de turbina a gás turbofan com fan dianteiro e traseiro onde, no

segundo conceito apresentado, temos o fluxo de ar do fan reconduzido para

constituir uma descarga única.

FIGURA 6.1.3 – FLUXOS DE DESCARGA MISTURADOS E SEPARADOS

Page 10: Turbinas a Gas (Jato)

10

A figura 6.1.4 mostra três configurações básicas dos motores de turbinas a gás,

em especial a seção geradora de gás.

FIGURA 6.1.4 – CONFIGURAÇÃO BÁSICA DE MOTORES DE TURBINA

A GÁS

Portanto a equação mais adequada para representar o empuxo desenvolvido por

um motor a reação será:

F (empuxo) = Wa/g . (Vj – Va) + Wf/g . Vj + Aj . (Psj – Pam)

Onde: Wa = Peso do ar; Wf = peso do combustível; Psj = Diferença da pressão

estática da descarga; Pam = pressão ambiente; Aj = Área da descarga.

Na parcela referente à contribuição do combustível não existe a multiplicação

pela diferença das velocidades (final e inicial) porque a velocidade inicial é

Page 11: Turbinas a Gas (Jato)

11

zero, visto que o combustível está acompanhando o avião, está nos seus

tanques.

A parcela adicional da força, empuxo, que considera a diferença das pressões, é

decorrente do fato de que motores de alta performance, quando operam em

velocidade elevada, a taxa de compressão total é muito grande, condição em

que a pressão do duto de descarga pode não ser totalmente utilizada para a

finalidade de acelerar os gases através da descarga e, por conseqüência, resultar

numa pressão estática na descarga maior do que a pressão do ar ambiente.

6.2. Fatores que afetam o Empuxo

A massa fluída usada para produzir empuxo consiste basicamente em duas

substâncias, ar e combustível, onde o ar, uma substância que tem massa e peso,

compressível, é constituída, basicamente por 21% de oxigênio, 79% de

nitrogênio e 1% de outros gases, sendo que o nitrogênio é quimicamente inerte

em relação à operação da turbina a gás.

Assim, face a compressibilidade do ar, alguns fatores como altitude,

temperatura e umidade elevados, combinados com baixa pressão barométrica,

conduzem a baixo fluxo-massa e, consequentemente, baixo empuxo.

Por outro lado, altitude, temperatura e umidade baixas, combinadas com alta

pressão barométrica, conduzem a alto fluxo-massa e, consequentemente, alto

empuxo.

Pelos motivos expostos, de variação do meio ambiente, os motores são

especificados, dimensionados e calibrados para condições denominadas

“CONDIÇÕES PADRÃO AO NÍVEL DO MAR”, definidas como 59 ºF e

29,92” Hg ou 15 ºC e 1013,2 milibares, com umidade zero, sendo esta, na

prática do dia a dia, desprezada.

À frente de motor há uma tomada de ar, divergente em área, à medida que o ar

entra no duto, ocupa o espaço disponível. Quando isso ocorre, tem-se uma

queda de velocidade e, em conseqüência, um aumento de pressão, conforme

previsto por Bernoulli.

Ao se converter a velocidade relativa do ar em pressão, as moléculas de ar

desenvolvem sua força de impacto. A área restrita da entrada do motor

determina um acúmulo de moléculas, provocando um aumento de densidade do

ar. Quando a densidade aumenta, obtém-se um correspondente aumento de

empuxo.

A curva “A” da figura 6.2.1 representa a tendência do empuxo em função do

aumento da velocidade de vôo.

A curva “B” representa o empuxo gerado pelo efeito do impacto, ou aumento

da Wa enquanto que a curva “C” é a resultante de “A” e “B”. Assim o efeito de

impacto trabalha no sentido de compensar a perda pela redução da velocidade.

FIGURA 6.2.1 – EFEITO DA PRESSÃO DE IMPACTO SOBRE A TRAÇÃO

Page 12: Turbinas a Gas (Jato)

12

6.3. Rendimento

O rendimento do motor é definido em termos de energia absorvida e energia

obtida do motor:

energia obtida___ = rendimento (η)

energia absorvida

Num motor de turbina a gás, a jato, estamos mais interessados no valor de

empuxo desenvolvido do que na quantidade de trabalho realizado, que é dada

pelo produto da força pela distância, pouco importando se ele efetuou algum

deslocamento.

Assim, a eficiência fica reduzida à quantidade de empuxo gerado comparado

com a quantidade de energia usada que, neste caso, é o consumo de

combustível.

A simplificação exposta é permitida na medida em que um motor a reação

quando colocado num banco de provas não se desloca, assim sendo, não produz

trabalho, pois este é o resultado da força gerada pela distância deslocada que

neste exemplo é nulo.

Este fato nos conduz à uma das principais medidas de rendimento do motor a

jato:

A quantidade de combustível consumida por hora dividida pelo empuxo

desenvolvido, constituindo a grandeza conhecida como “consumo específico

do motor”, em inglês, Thrust Specific Fuel Consumption-TSFC.

Outras relações compõem o consumo específico do motor a jato, sendo as

principais, o rendimento térmico do ciclo e o rendimento propulsivo.

O rendimento propulsivo é a quantidade de empuxo desenvolvida pelo duto

de descarga com a energia que lhe é fornecida em forma utilizável. O duto de

descarga faz o máximo que pode para transformar a energia recebida em

empuxo, mas não consegue ser 100% eficiente.

Em escala maior, o motor desenvolve o rendimento térmico do ciclo, sendo

este, a quantidade de energia contida no combustível tomada como utilizável

comparada com aquela efetivamente transformada em útil. Ela envolve o

rendimento do compressor, da combustão, da turbina, etc. e é, com efeito, uma

medida do rendimento dos componentes do motor; em suas tarefas de

transformar a energia do combustível de tal forma que o duto de descarga possa

transformá-la em empuxo.

Pelo exposto, conclui-se que o rendimento global (total, do motor será dado

pelo produto dos rendimentos parciais, ou seja:

ηg = ηp x ηth

Se tivermos o estágio compressor com 89% de eficiência, a câmara de

combustão com 99% e a turbina com 95%, teremos como rendimento global

84%.

A figura 6.3.1 nos dá uma idéia das características de rendimento parciais e

globais de diversos tipos de motores.

Conclusão:

Page 13: Turbinas a Gas (Jato)

13

É desejável de um motor a reação que produza alto empuxo com alta eficiência

propulsora, que tenha baixo peso, tenha longa vida útil, seja digno da maior

confiança, tenha pequena área frontal e que seja de baixo custo de construção e

de manutenção.

Desenvolver um motor contemplando tais características é um verdadeiro

desafio, mas atingível.

FIGURA 6.3.1 – GRÁFICOS COMPARATIVOS DO RENDIMENTO DE

DIVERSOS TIPOS DE MOTORES

Page 14: Turbinas a Gas (Jato)

14

6.4. Operação do motor de turbina a gás

6.4.1. Introdução:

Como de resto, a operação destes motores é abordada, em detalhes, nos

manuais do fabricante do avião ou ainda do próprio motor, bem como na

disciplina de Motores Aeronáuticos ministrada no nosso Curso de Ciências

Aeronáuticas, aqui cuidaremos apenas de algumas definições operacionais

básicas e típicas sem especificidade do motor.

6.4.2. Operação no solo:

Normalmente os motores com turbinas a gás não requerem experiências ou

verificações operacionais de pré-vôo (run-up), contudo pode vir a ser

necessário face a alguma verificação, neste caso, algumas verificações

(checks), particulares à cada tipo de avião são executadas antes da virada do

motor:

- observar que as tampas de entrada e saída do ar estão removidas;

- verificar as condições gerais do motor e de sua estrutura de montantes

(Pylon);

- verificar o duto de entrada de ar quanto à presença de corpos estranhos;

- verificar, visualmente, as palhetas do Fan, IGV’S e palhetas visíveis do

compressor quanto à rachaduras, mossas, formato;

- verificar, manualmente, a liberdade de rotação do Fan e/ou compressor;

- verificar, visualmente, as palhetas da turbina traseira quanto a defeitos;

- assegurar-se que não haja água no combustível, pois este além de servir à

combustão também atua como lubrificante das partes móveis do sistema de

combustível e, em alguns motores, é usado como fluido de pressão-servo e de

referência para o MEC (FCU), bem como, fonte de pressão hidráulica para a

atuação dos mecanismos dos estatores variáveis e das válvulas de sangria do

sistema anti-estoll.

6.4.3. Áreas de perigo do motor:

Com o desenvolvimento de motores com elevados níveis de empuxo, torna-se

cada vez mais importante alertar a respeito dos perigos existentes em áreas de

sucção à frente do motor e igualmente nas áreas de descarga dos gases, em

especial quando operando no solo.

As áreas de perigo são próprias para cada tipo de instalação, significando que

um mesmo motor quando instalado em diferentes aviões poderá apresentar

diferentes áreas de perigo.

As figuras 6.4.3.1A e B nos dão uma idéia típica destas áreas de perigo.

Page 15: Turbinas a Gas (Jato)

15

FIGURA 6.4.3.1A – ÁREAS DE PERIGO DE UM MOTOR CF6-6D, NÃO

INSTALADO

FIGURA 6.4.3.1B – ÁREAS DE PERIGO DE UM MOTOR CF6 – 6D, NÃO

INSTALADO

6.4.4. Partida do motor no solo:

Page 16: Turbinas a Gas (Jato)

16

Normalmente para efetuar a partida o rotor de alta pressão de um motor de

compressor duplo será acionado por uma unidade de partida de acionamento

elétrico ou pneumático (starter) que faz parte de um sistema de partida.

A figura 6.4.4.1 mostra um circuito esquemático típico de um sistema de

partida pneumático que é a mais usada devido à alta rotação de marcha lenta

dos motores de turbina a gás, 3000 a 5000 rpm.

O acionamento do eixo compressor/ turbina é feito por meio de um sistema

multiplicador de rotação, quando o rotor é duplex ou tríplex o motor de partida

aciona o compressor de alta (N2) por ser mais leve.

FIGURA 6.4.4.1 – DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DE UM SISTEMA

PNEUMÁTICO DE PARTIDA

A unidade de partida deve ter torque suficiente para que durante o ciclo de

partida o rotor possa ser acelerado até a rotação de idle, em um período de

tempo especificado pelo fabricante que é da ordem de 12 segundos,

dependendo do motor. Veja a figura 6.4.4.2A,

Uma partida será normal ou satisfatória quando, logo no início já for

observada uma elevação da pressão de óleo do motor, elevação na EGT dentro

de valores especificados pelo fabricante, a N2 deverá atingir a velocidade de

marcha lenta (idle) e se estabilizar em tempo pré-estabelecido, em média até 12

segundos. Veja a figura 6.4.4.2B.

Page 17: Turbinas a Gas (Jato)

17

FIGURA 6.4.4.2A – CICLO TÍPICO DE PARTIDA DE UM MOTOR

TURBO-JATO

Page 18: Turbinas a Gas (Jato)

18

FIGURA 6.4.4.2B – CICLO DE PARTIDA DO MOTOR DE TURBINA A

GÁS

A partida pode ser insatisfatória sendo que neste caso ela pode se apresentar

sob vários tipos:

Page 19: Turbinas a Gas (Jato)

19

Partida abortada, ausência de partida – o motor não entra em IDLE no

tempo especificado, os parâmetros não indicam a condição de partida.

Em geral esta condição de apresenta por falha no sistema de ignição.

Partida falsa ou enforcada (False ok Hung Start) – a RPM não atinge

IDLE e a EGT pode exceder o máximo permitido. Neste caso a partida

deve ser interrompida imediatamente para evitar sua transformação em

partida quente (Hot Start).

Partida estagnada em marcha-lenta (IDLE HUNG) – tem todas as

características de uma partida normal, dela diferenciando apenas no fato

de que a RPM do motor fica estagnada em marcha-lenta, ou num valor

ligeiramente inferior, sem aceitar comando de aumento de RPM pelo

acelerador. Esta é uma condição de ocorrência típica em aeroportos de

grande altitude.

Partida quente (Hot Start) – considerada como uma das maiores

inimigas do motor é um tipo igual de partida na qual a EGT excede o

valor máximo permitido. Esta partida se caracteriza por ocorrerem fluxo

de combustível anormalmente elevado e EGT subindo muito

rapidamente. Na sua ocorrência a partida deve ser imediatamente

interrompida pelo corte de motor. Para qualquer dos casos o motor deve

ser cortado e todo o procedimento de partida deve ser reinicializado

após o necessário de drenagem, de resfriamento e da determinação e

correção da origem da causa da partida insatisfatória. A ventilação do

motor consiste em girar o motor através do uso do starter com a ignição

e o combustível cortados visando eliminar o combustível de seus

vapores existentes no interior do motor e promover ser resfriamento.

Sempre que ocorrer uma partida insatisfatória no solo.

Nota: o corte (parada) de um motor a reação deve ser feito após já estar

trabalhando em RPM de marcha lenta por um tempo suficiente, definido

pelo fabricante, para que suas partes giratórias e fixas, atinjam uma

temperatura segura de funcionamento de forma a evitar trancamentos e

outros danos decorrentes das variações dimensionais em função do

efeito térmico sobre as pares do motor.

6.5. Definição dos níveis de tração (empuxo) do motor

Os níveis de empuxo do motor são obtidos pelo ajuste do acelerador nas

posições em que o FCU (MEC) manterá o EPR ou % N1 e a TIT de acordo

com suas programações pré-determinadas.

Motores a reação, quando instalados em aviões comerciais, tem no tempo entre

revisões e na confiabilidade características relevantes, razão pela qual, quando

instalados nestes aviões os níveis de empuxo são mais conservativos e

regulamentados pelas autoridades aeronáuticas.

Tração de decolagem (Takeoff Thrust) – é a tração máxima que um

motor pode desenvolver sob condições específicas de decolagem ao

nível do mar por um tempo limitado da ordem de 5 minutos;

Tração máxima ou normal de subida (Maximum Or Normal Climb-

Thrust) – é a tração máxima aprovada para subida normal, podendo, em

alguns casos, ser a mesma que a tração máxima contínua;

Page 20: Turbinas a Gas (Jato)

20

Tração máxima contínua (Maximum Continuous Thrust) – é a tração

máxima que o motor pode desenvolver continuamente, sem limite de

tempo, sob condições específicas;

Tração máxima de cruzeiro (Maximun Cruise Thrust) – é a tração

máxima aprovada para vôo de cruzeiro.

Marcha-lenta (IDLE) – não é considerada como um nível de tração e

sim como uma posição do acelerador. Com o acelerador em IDLE o

motor desenvolverá o nível mínimo de tração para operação no solo ou

em vôo. Alguns motores possuem um IDLE de solo (Ground IDLE) e

outro para voo (Flight IDLE).

NOTA: Para ajuste dos níveis de tração são utilizados vários parâmetros tais

como % de RPM do FAN (NI); % de RPM do compressor de alta pressão (N2),

pressão de descarga da turbina (TDP-Turbine Discharge Pressure) e razão de

pressão do motor (EPR-Engine Pressure Ratio). A figura 6.5.1 nos dá uma idéia

de onde são feitas as respectivas tomadas.

Dependendo do fabricante do motor e o conceito de geração de empuxo por ele

adotado, em especial motores de alto bypass, onde a grande parte da tração é

gerada pelo FAN, em vez de usar a EPR como parâmetro determinante é

adotada a rotação do FAN (N1) como parâmetro básico para ajuste de tração.

FIGURA 6.5.1 – PARÂMETROS PARA AJUSTES DE TRAÇÃO

6.6. Reversão de empuxo

Um reversor de empuxo aceitável não deve afetar a operação do motor, quer a

reversão esteja sendo ou não aplicada, deve ser robusto e capaz de suportar

elevadas temperaturas, deve ser leve, de confiança e seguro contra falha total.

Page 21: Turbinas a Gas (Jato)

21

Quando não em uso, não deve aumentar apreciavelmente a área frontal do

motor e acomodar-se aerodinamicamente na nacele, deve ser capaz de produzir

pelo menos 50% do empuxo total que o motor é capaz de desenvolver.

Nos motores turbofan, em especial os de alto bypass, é imperioso que exista

também um reversor de empuxo para o fan, trabalhando sincronizado com o

reversor da descarga. A figura 6.6.1. nos mostra a orientação do fluxo com e

sem a ação do reversor.

FIGURA 6.6.1 – REVERSOR DE EMPUXO – MOTOR TURBOFAN

6.7. Controle de combustível

O desenvolvimento de novos motores de turbinas a gás, contemplando a

multiplicidades de novos requisitos, tem tornado bastante complexas as funções

de um sistema de combustível, de modo que seu projeto passa a ser uma das

maiores tarefas a ser realizada nos modernos grupos propulsores.

Nos motores de altas taxas de compressão, os problemas de estol do

compressor e do “surge” de funcionamento têm se tornado muito críticos. Daí a

necessidade do perfeito controle do fluxo de combustível, bem como do fluxo

de ar, para que o motor não possa operar nas áreas de estol ou de surge, como

mostrada nas figuras 6.7.1 e 6.7.2.

Page 22: Turbinas a Gas (Jato)

22

FIGURA 6.7.1 – ÁREA DE ESTOL TAXA DE COMPRESSÃO VARIÁVEL

Page 23: Turbinas a Gas (Jato)

23

FIGURA 6.7.2 – CONTROLE DE FLUXO DE AR EM COMPRESSORES

DE ALTO DESEMPENHO

Nos motores de turbinas a gás, o combustível disponibilizado para o motor não

é somente uma função da massa do fluxo de ar como acontece no motor

térmico alternativo.

No motor alternativo, quando a manete é avançada ou retardada, o fluxo de ar

admitido é correspondentemente aumentado ou reduzido, onde o carburador se

destina a medir o valor correto do combustível em proporção ao peso, massa,

do ar admitido.

No caso do motor de turbina a gás, a massa de ar é tão grande que um

mecanismo apropriado para medir esse fluxo e dosar o combustível de acordo

Page 24: Turbinas a Gas (Jato)

24

com o exigido, teria proporções muito grandes, além do peso considerável e da

complexidade de construção.

Por esta razão, e pelos problemas do próprio princípio de funcionamento do

motor, onde várias outras condições na operação estão em andamento, por isto

se torna mais conveniente, sob todos os aspectos, controlar o fluxo de

combustível.

Isto torna o sistema de alimentação de um motor a jato bem diferente daquele

aplicável a um motor alternativo, assim, o carburador foi eliminado e

substituído por um novo agrupamento de controles e dispositivos mecânicos,

sendo que, destes, o fundamental é o controle de combustível, FCU-Fuel

Control Unit ou MEC-Main Engine Control, nomenclaturas de diferentes

fabricantes.

O controle de combustível tem por finalidade proporcionar ao motor o fluxo de

combustível necessário para produzir o empuxo determinado pela posição da

manete do acelerador, potência, e pelas condições particulares de operação do

motor.

Para estes motores o operador não exerce controle direto, ele age através do

sistema intermediário de controle de combustível visto que a manete de

empuxo ou potência não é um acelerador com as mesmas reações, como

acontece no motor alternativo, cujo controle do motor é direto, na medição do

ar e do combustível, resultando numa ação positiva de demanda de potência.

Em lugar disto, no motor de turbina a gás, o operador, pela posição da manete,

solicita, não uma quantidade definida de empuxo. O controlador do

combustível, através do sinal refletido e pela medição conseqüente do

combustível, determina qual o empuxo que deve ser fornecido.

A unidade de controle do fluxo de combustível possui duas alavancas de

controle:

A de aceleração, potência, para controlar o motor durante as operações

de empuxo à frente e empuxo reverso e,

A de fechamento, corte, para proporcionar a parada e a partida do

motor mediante o fechamento e abertura da válvula de corte do

combustível.

O controle de combustível consiste num sistema de dosagem e num sistema de

computação.

O sistema de dosagem seleciona a razão de fluxo de combustível que deve ser

fornecida às câmaras de combustão de acordo com a quantidade de empuxo

solicitada pelo piloto.

O sistema de computação, em função dos diversos parâmetros operacionais do

motor estabelece as limitações de operações programadas pelo sistema de

combustível. Este sistema sente e combina os diversos parâmetros para

controlar a descarga da seção de dosagem do controle de combustível em todos

os regimes do motor.

Para realizar suas funções a FCU requer que um número de condições e

variáveis sejam tomadas em consideração, a fim de que o controle possa ser

seguro e eficiente.

Entre essas condições e parâmetros a serem considerados e computados, estão:

A velocidade de rotação do motor (N2);

A posição da manete de empuxo, potência;

Page 25: Turbinas a Gas (Jato)

25

A pressão de descarga do compressor – CDP – compressor Discharge

Pressure;

A temperatura do ar na entrada do compressor – CIT – Compressor

INLET Temperature;

A temperatura na estrada da turbina – TIT – Turbine INLET

Temperature;

A temperatura no bocal de descarga – EGT – Exhaust Gas Temperature;

A aceleração.

Todas estas condições afetam e são afetas pelo fluxo de combustível, assim a

unidade controladora de combustível deve dispor de dispositivos que analisem

e que respondam à estas variáveis.

Pelo exposto, para que o MEC realize suas funções básicas de dosagem correta

de combustível para atender com segurança e eficiência em todas as condições

de operação, mesmo as mais críticas e adversas, de um motor de turbina a gás,

deve ser preciso e adequado.

Apesar de toda a complexidade, é possível controlar e operar um motor de

turbina a gás, manualmente desde que a temperatura do tubo de descarga EGT,

a RPM e a pressão da queima nas câmaras de combustão sejam, rigorosamente

monitoradas e mantidas dentro de valores especificados.

Em geral, o controle dos motores de turbina a gás, se faz por um dos métodos:

Velocidade constante – utilizado em motores de compressores axiais

simples e de compressores centrífugos;

Temperatura constante da admissão da turbina – empregado em

motores de compressores axiais duplos ou triplos.

FIGURA 6.7.3 – DIAGRAMA SIPLIFICADO DE UMA UNIDADE DE CONTROLE DE

COMBUSTÍVEL - TÍPICA

Page 26: Turbinas a Gas (Jato)

26

Nota: os injetores modernos possuem dois abastecimentos, um primário e um

secundário sendo este o principal e entra em ação, em conjunto com o primário,

nos regimes de maior potência.

Para a partida do motor e regimes de baixa potência apenas o sistema primário

é utilizado, face à sua alta capacidade atomizadora e a menor injeção de

combustível que facilitam a queima.

FIGURA 6.7.4 – COMBUSTÍVEL/ INJETORES

Page 27: Turbinas a Gas (Jato)

27

6.8. Sistema de Ignição

Os sistemas de ignição instalados em motores de turbina a gás diferem dos

demais sistemas de ignição de uso aeronáutico instalados em motores

alternativos, basicamente por dois aspectos principais ou seja, pelo fato de

serem de elevada potência de centelhamento, por não necessitarem de

distribuidor e por não estarem em funcionamento permanente, apenas durante a

partida e em circunstâncias atmosféricas pré-definidas.

O sistema tem seu funcionamento baseado em transformadores de energia

elétrica e descargas de capacitores, conforme pode ser visto nas ilustrações que

seguem, onde é mostrada uma instalação típica.

Page 28: Turbinas a Gas (Jato)

28

Page 29: Turbinas a Gas (Jato)

29