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Sobre as características de formação de estruturas coerentes e turbulência em uma floresta densa de terra firme com medidas em até 80m de altura: Projeto ATTO-CLAIRE / IOP - 1 - 2012. NEWTON SILVA DE LIMA MARÇO 2014 MANAUS – AMAZONAS

turbulência em uma floresta densa de terra firme com medidas …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1619/2/Tese_ Newton Silva de Lima.pdf · Ao Centro Universitário Luterano de Manaus

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Sobre as características de formação de estruturas coerentes e turbulência em uma floresta densa de terra firme com medidas em até 80m de altura: Projeto ATTO-CLAIRE / IOP - 1 - 2012.

NEWTON SILVA DE LIMA

MARÇO 2014 MANAUS – AMAZONAS

Sobre as características de formação de estruturas coerentes e turbulência em uma floresta densa de terra firme com medidas em até 80m de altura: Projeto ATTO-CLAIRE/IOP - 1 - 2012.

NEWTON SILVA DE LIMA

ORIENTADOR: DR. JULIO TÓTA DA SILVA COORIENTADOR: DR. MAURÍCIO JOSÉ ALVES BOLZAN

Tese de doutorado apresentada ao PPG-CLIAMB como parte dos requesitos para obtenção do título de doutor em Clima e Ambiente, na área de concentração: Geociências.

MARÇO 2014

MANAUS – AMAZONAS

L732 Lima, Newton Silva de

Sobre as características de formação de estruturas coerentes e

turbulência em uma floresta densa de terra firme com medidas em

até 80m de altura: Projeto ATTO-CLAIRE / IOP - 1 - 2012 /

Newton Silva de Lima. --- Manaus: [s.n.], 2014.

xix, 111 f.: il. color.

Tese (Doutorado) --- INPA/UEA, Manaus, 2014.

Orientador: Julio Tóta da Silva.

Coorientador: Maurício José Alves Bolzan.

Área de concentração: Interações Clima-Biosfera na Amazônia.

1. Vento. 2. Turbulência. 3. Enstrofia. I. Título.

CDD 551.577

Melius tarde, quam nunquam

Agradecimentos

Ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e a Universidade do Estado do

Amazonas (UEA), pela oportunidade de minha formação,

Ao Centro Universitário Luterano de Manaus (CEULM/ULBRA), em especial ao Eng.

Ambiental e MSc Alan Ferreira, pelo apoio aos meus estudos,

Eu sou especialmente grato aos meus orientadores Dr. Julio Tóta e Dr. Maurício José

Alves Bolzan pela educação e respeito dedicados a mim, sempre dispostos à orientação e

apoio, principalmente a motivação para concretização do trabalho,

Aos membros da banca pela disposição e leitura do texto deste trabalho.

Expresso minha gratidão aos Doutores Antônio-Ocimar Manzi (MCT-INPA) e Leonardo

Deane de Abreu Sá (INPE-CRA), ambos de enorme influência sobre meu destino na

pesquisa,

Ao Dr. Prakki Satyamurty, pelas conversas e conselhos,

Agradeço a Srta. MSc Eliane Alves (INPA/UEA) e ao MSc. Veber Moura (LBA-INPA) pela

ajuda na instalação dos equipamentos na torre do Experimento ATTO-CLAIRE (IOP-1 /

2012), foi com dados dos equipamentos instalados que possibilitaram os resultados deste

trabalho,

Aos Guardiões do ATTO: Thiago, Amauri, Antônio (Madruga), Elton, Adir e outros agora

não citados, sem estas pessoas a pesquisa de campo seria bastante complicada. Muito

Obrigado!

Aos professores do Programa CLIAMB/INPA/LBA e meus colegas de classe.

Resumo Medidas de fluxos de calor sensível e momentum foram realizadas no Experimento

ATTO-CLAIRE / IOP-1 (2012), no sítio do ATTO, na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Uatumã – AM (Brasil) (2o8’32.42”S; 59o0’3.50”W, ALT 131 m) nos meses

de fevereiro a setembro de 2012, entre as estações umidade e seca na Amazônia Central.

O complexo de torres altas composta de 5 (cinco) torres; uma de 320 m e 4 (quatro) de 80

m, no período desta pesquisa encontrava-se em construção com 2 torres de 80 m

construídas (uma triangular e outra retangular). Este trabalho foi realizado na torre

triangular. Foram instalados 10 (dez) anemômetros ultrassônicos de 3D e 2D. Para

compreensão do perfil de vento, ponto de inflexão do perfil da velocidade do vento,

estruturas coerentes e a turbulência local, para tal desenvolveu-se a partir dos dados

coletados, análise estatística, utilizados em construção de gráficos e figuras, porém não

desprezando as observações de campo para construção de figuras, filmes e fotografias

inseridas neste trabalho. Também, foram feitos ajustes (“fit”) polinomiais para

melhoramento dos perfis de vento pelo processo dos mínimos quadrados, intrínsecos em

alguns gráficos. Com o processo computacional foi possível visualizar a natureza

turbulenta quase-2D (Enstrofia), característica da vorticidade no ATTO, criando uma

imagem 3D do evento, com dados de anemômetro 3D sobre a copa do dossel com

atmosfera instável (10 HL). Portanto, a turbulência no ATTO, possui característica própria

do local (Amazônia Central), durante as condições de estabilidade e instabilidade

atmosférica, cumprindo assim a visão desta pesquisa cujo principal objetivo foi

compreender do escoamento turbulento em local com vegetação alta, para constituir o

entendimento dos processos que governam o momentum e as trocas de calor e massa

entre a atmosfera e a ação biológica das árvores. Estas trocas regulam o microclima

através do crescimento das plantas, removendo o dióxido de carbono para a fotossíntese

e produzindo vapor d’água na transpiração. O entendimento destes mecanismos é

essencial para uma variabilidade de aplicações na biologia, hidrologia, agricultura,

silvicultura e no clima, bem como concernente nas questões do balanço global de dióxido

de carbono, nitrogênio e água.

Summary

Flux measurements of sensible heat and momentum were performed in Experiment

ATTO-CLAIRE / IOP-1 (2012), on the site of ATTO on Sustainable Development Reserve

Uatumã - AM (Brazil) (2o 8' 32.42" S; 59o 0' 3.50" W, 131 m ALT) in the months from

February to September 2012, between the humidity and dry seasons in the Central

Amazon. The complex of tall towers made five (5) towers, a 320 me four (4) 80 m, the

period of this research was in building with 2 towers of 80 m constructed (one triangular

and one rectangular). This work was carried out in triangular tower. Were installed ten (10)

Ultrasonic anemometers 3D and 2D. To understand the wind profile, the inflection point of

the profile of the wind velocity, local turbulence and coherent framework for such

developed from the data collected, statistical analysis and computational, used in

construction of graphs and figures, but not ignoring the comments field to build figures,

films and photographs included in this work. Also, adjustments were made "fit" polynomial

for the improvement of wind profiles by the method of least squares, in some intrinsic

graphics. With the computational process was possible to visualize the turbulent nature of

quasi-2D (Enstrophy), characteristic of vorticity in ATTO, creating a 3D image of the event,

with data from 3D anemometer on the canopy canopy with unstable atmosphere (10 HL).

Therefore, the turbulence in ATTO, features characteristic of the site (Central Amazonia),

during stable conditions and atmospheric instability, thereby fulfilling the vision of this

research whose main reason for this study was to understand the turbulent flow in a place

with tall vegetation, to provide an understanding of the processes that govern the

exchange of momentum and heat and mass between the atmosphere and the biological

action of the trees. These exchanges regulate the microclimate through growth of the

plants by removing the carbon dioxide for photosynthesis and producing water vapor in

perspiration. Understanding these mechanisms is essential for variability of applications in

biology, hydrology, agriculture, forestry and climate, as well as issues concerning the

global balance of carbon dioxide, nitrogen and water.

Legenda das Figuras

Capítulo I

Fig. 1.1 – Diagrama esquemático da interação entre superfície-atmosfera. Saldo da

Radiação absorvido pela superfície (RN) que é distribuída entre fluxo de calor do solo (G),

calor sensível (H), calor latente (E). O fluxo de calor latente contribui para a

condensação (P). Resultando em cobertura de nuvens que intercepta, reflete a

irradiação e envia também para baixo. Sendo LW = onda longa; = albedo espectral; S

= emissividade da superfície; ST = temperatura radiativa da superfície; Fl = fluxo de onda

longa da atmosfera para baixo; S = constante de Stefan-Boltzmann; = tensão de

cisalhamento; ur = velocidade do vento em relação a altura zr;. (Sellers, 1985, p. 301).

Fig. 1.2 – (a) e (b) cortes horizontais da seção transversal (curvas de níveis) de uma

camada de mistura; (c) idealização da superfície atmosférica dos pontos A e B. (Adaptado

a partir de Hussain, 1986, p.308; Thomas e Finney, 1988, p.1099).

Fig. 1.3 – Esquema ilustrativo de formação de estruturas organizadas. (A partir de

Hussain, 1986 e Schiozer, 1996).

Capítulo II

Fig. 2.1 – Esquema de uma possível camada limite atmosférica, [Adaptado de

Meteorology for Scientists and Engineers. Stull, 2000; p. 65].

Fig. 2.2 - Escalas de comprimento de Kolmogorov (), Taylor e Integral (L), lDI < l < lEI é a

região onde a turbulência se mantém somente por inércia, desprezando a viscosidade

cinética (DI – dissipação e inércia; EI – energia e inércia) e lo a escala de comprimento de

grandes vórtices. (Pope, 2000).

Fig. 2.3 – Espectro da Energia Cinética Turbulenta, segundo Kaimal e Finnigan, 1994, p.

98.

Fig. 2.4 – Particionamento de energia de um escoamento turbulento (Davidson, 2005).

Fig. 2.5 – A distribuição de energia e enstrofia em turbulência totalmente desenvolvida,

segundo Davidson, 2005.

Fig. 2.6 – Três graus de liberdade de rotação no mecanismo de estiramento ou

encolhimento de vorticidade (a partir de Davidson, 2005 e Zhurbas, 2001).

Fig. 2.7 – Árvore de gerações e suas respectivas frequências de estiramento em cada

geração. (Bradshaw, 1971 apud Zhurbas, 2001)

Fig. 2.8 – Estiramento ao longo do eixo z com gradiente de velocidade vertical. (Davidson,

2005).

Fig. 2.9: Concepções das Estruturas Coerentes sobre a copa florestal. (Adaptado a partir

de Jeong e Hussain, 1995; Foken, 2008) .

Capítulo III

Fig. 3.1(A) – 3.1(B): Esquema do Experimento ATTO-CLAIRE (IOP-1/2012), (2o8’32.42”S;

59o0’3.50”W, ALT 131 m). Obs.: Sem escala.

Fig. 3.1(C) – 3.1(D) (superior e inferior). Mapa da Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Uatumã – AM, Brasil. Localização topográfica da torre Projeto

ATTO_CLAIRE (IOP-1), determinada pela Shuttle Radar Topography Mission (SRTM).

(Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK, NASA, 2012).

Fig. 3.1(E) – 3.1(F). Platô do sítio experimental ATTO-CLAIRE (IOP-1 / 2012) na Reserva

de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã – AM, dentro da bacia amazônica

(circundada). Observa-se na Figura em destaque que a cor mais escura preta (menores

elevações) que são os rios, sendo o mais largo o Rio Uatumã e a cor mais clara (maiores

elevações). Em destaque a rede hidrológica da bacia com resolução de 500 m (Fonte:

UEA – INPA – LBA – MAX PLANCK; SRTM – USGS-NASA, WWF, 2012).

Fig. 3.2 – Função corresponde à parte real (esquerda); parte imaginária (direita) da

Ondeleta de Morlet, considerando-se KΨ = 5 . (Fonte: Bolzan e Rosa, 2010, p 53 e p 55).

Fig. 3.3: Definição de ejeções e intrusões para fluxo de calor (condições instáveis) e

momentum, (x = w e y = u, em geral). Eventos nos quadrantes II e IV definem intrusões e

ejeções para o fluxo de momentum, enquanto nos quadrantes III e I, definem intrusões e

ejeções para o fluxo de calor, (x = w e y = T, em geral), sob condições instáveis.

Fig. 3.4 –“Lapse Rate” e a análise de quadrante do fluxo de calor sensível. (Adapatado

de Roland B. Stull, Meteorology for Scientists and Engineers, 3rd Ed., Brooks/Cole

Thomson Learning, Pacific Grove, Calif., 2005, 580 pp).

Fig. 3.5 – Painel agregados para Análise de Quadrante de Fluxo de Momentum para

condições estáveis, em diferentes alturas. (Fonte: UEA-INPA-MAX PLANCK, 2012).

Fig. 3.6 – Painel com agregados para Análise de Quadrante de Fluxo de Momentum para

condições estável e instável, respectivamente. Mostrando a tendência de regressão linear

entre 1º. / 3º. Quadrantes e 2º. / 4º. Quadrantes, respectivamente. (Fonte: UEA-INPA-

MAX PLANCK, 2012).

Capítulo IV

Fig. 4.1: Perfil vertical da velocidade longitudinal do vento para o dia 27/02/2012.

Fig. 4.2: Perfil vertical da velocidade do vento para as 10 HL, para o mesmo dia da Figura

4.1.

Fig. 4.3: Análise de quadrante para o fluxo de calor para as 10 HL (27/02/2012) na altura

de 78 metros. Na Figura da esquerda nota-se um procedimento geométrico de uma

rotação principal dos eixos originais de coordenadas (w e T) em torno de suas médias.

Fig. 4.4: Análise de TO aplicada a uma série temporal de temperatura as 10 HL, a 78

metros de altura durante o experimento ATTO-CLAIRE (IOP-1/2012).

Fig. 4.5 – Painel de Transformadas em Ondeletas, que evidenciam a forma de estruturas

coerentes (tipo: rampa ou rolos) para três níveis de alturas (78 m; 41 m e 30 m), ou seja,

acima, sobre e dentro do dossel da floresta no ATTO. (Fonte: UEA-INPA-MAX PLANCK,

2012).

Fig. 4.6 – Existência de estruturas coerentes do tipo “rolos” e “rampas” decorrente das

instabilidades do ponto de inflexão do perfil vertical do vento sobre o dossel (41 m) no dia

58 Juliano 2012, as 09:56:27 HL. Em destaque descrição do fenômeno, segundo Bolzan,

2002 (Fonte: UEA-INPA-MAX PLANCK, 2012)

Fig. 4.7: Versão esquemática e imagem fotográfica dos anemômetros ultrassônicos 3D

em suas respectivas alturas de 30m, 41 m e 78 m no experimento ATTO_CLAIRE (27

FEV 2012/ 10:03:33 GMT); IOP-1, na RDS – Uatumã – AM / Brasil. (Fonte:

UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK - 2012).

Fig. 4.8: Evolução de estruturas coerentes em três diferentes níveis (30 m; 41 m; 78 m),

no experimento ATTO_CLAIRE – IOP-1 / 2012. (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK,

2012).

Fig. 4.9: Cascata de iso-vorticidade e fase em estruturas coerentes, aqui representadas

interpretando o comportamento associado a turbulência de quase-duas dimensões, ou

seja Enstrofia*, visto na Fig. 4.8, por análise de quadrante em suas respectivas alturas

(Fonte: Adaptado de Hussain, 1986, pág. 333; Lesieur, 2008, pág. 347).

Fig. 4.10: Painel em três níveis (78 m; 41 m; 30 m), no dia 58 juliano 2012 (14:03:33

GMT) no experimento ATTO_CLAIRE-IOP-1/2012), trás, a série temporal da temperatura

de 600 s, acoplada ao espectro de potência de ondeleta da temperatura. (Fonte:

UEA_INPA_LBA_MAX PLANK, 2012).

Fig. 4.11: Painel de observação de três horas (ininterruptas) de estrutura coerente no

transporte de momentum e calor, através da transformada em ondeleta de Morlet durante

IOP-1 / 2012, do experimento ATTO_CLAIRE, no dia 105 Juliano 2012. Obs.: Os horários

internos nas figuras são em HL (hora local). (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK,

2012).

Fig. 4.12 – Painel de Transformadas em Ondeletas – 58 JULIANO (2012) – ATTO : 78m;

41m; 30m - 00:03:33 HL / 06:03:33 HL / 12:03:33 HL. (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX

PLANCK, 2012).

Fig. 4.13: Evolução temporal de redemoinhos caracterizada por isossuperfície, em 78 m

no dia 58 juliano 2012, as 10 HL – ATTO-CLAIRE. Representação tridimensional de uma

estrutura com média composta de um grande número de eventos identificados com um

fluxo de calor , sobre o dossel, ou seja, na vizinhança da copa floresta, com domínio

da vorticidade no plano (x-y), ou seja, (Eq. 2.8), = xv. A intensidade da turbulência é

mostrada através de isossuperfície, em espectro de cor que varia de tonalidades mais

escuras (pretas) associadas a intrusão, até as mais claras (amarelas) que representam a

região de ejeção de . O escoamento no plano horizontal (x-y) constitui-se na

Enstrofia. (Adaptado a partir de J. J. Finnigan, R. H. Shaw e E. G. Patton, em

Turbulence structure above a vegetation canopy, 2009)

Fig. 4.14 – Espectro Global de Ondeleta para as variâncias das componentes (w’) do

vento e da Temperatura (T’) sobre a copa do dossel. (A) = Subdomínio de Flutuação. (B)

= Subdomínio Inercial. (C) = Turbulência sem forçante externa, decai em função da

dependência do expoente “infravermelho” da turbulência. (D) = Flutuabilidade do Número

de Onda. Traço Vermelho ajuste do espectro. Traço Azul espectro real. (Fonte: ATTO-

CLAIRE/POI-1, 2012).

Fig. 4.15. Painel de Análise de Quadrante, Espectro Global de Ondeleta e o Espectro de

Energia (w’ e T’), para o dia 58 juliano 2012, as 10 HL. Da esquerda para direita as

colunas estão dispostas para as alturas de 78 m, 41 m e 30 m. Observa-se a tendência de

ejeção e intrusão entre os quadrantes nas três figuras superiores, o Espectro Global de

Ondeleta e o Espectro de Energia, mostram as características da turbulência acima, sobre

e dentro do dossel. (Fonte: ATTO-CLAIRE/POI-1, 2012).

Fig. 4.16 - Espectro de Energia das componentes da velocidade do vento (w’) e da

Temperatura (T’), no dia 58 Juliano 2012 as 10 HL, com assinatura da turbulência por

Enstrofia. (Fonte ATTO-CLAIRE/POI-1, 2012).

Legendas das Tabelas Capítulo II Tabela. 2.1 – Micro escalas de movimento horizontal da atmosfera. (Adaptada de “Atmospheric Science”, Wallace e Hobbs, 2006, 2ª. Ed., Cap. 9, p 376). Capítulo III Tabela 3.1. Instrumentação de medidas de fluxos turbulentos no sítio ATTO_CLAIRE

(LBA_INPA_UEA_MAX PLANCK) (IOP-1), durante o período de observação (Fevereiro de

2012 – Setembro de 2012). Sendo as componentes da velocidade do vento (u, v, w) m.s-1;

A velocidade sônica (C) m.s-1; As temperaturas sônica, virtual e do ponto de orvalho (T, Tv

e Td) oC ± 0,15o C; A direção do vento (|Dir V|) 0 – 259o ± 3o (12 m.s-1); O módulo da

velocidade média (|v|) m.s-1; A pressão barométrica (P) hecto pascal – hPa ± 0,5 hPa; A

umidade relativa do ar (RH) % RH ± 0,8% (23º C); Carga da Bateria (BAT) V= volts.

(Fonte: UEA – INPA–LBA – MAX PLANCK, 2012).

Tabela. 3.2 – Equações Básicas de Fluxo, segundo Burba e Anderson, 2010.

Principais termos utilizados Albedo espectral

Assimetrias (skewnesses) Skw (por ex.: /

ATTO - Amazon Tall Tower Observatory

Calor latent (E)

Calor sensível (H)

Carga da bateria (BAT) V= volts.

CLAIRE - Cooperative LBA Airborne Regional Experiment

Componentes da Velocidade do vento (u, v, w) m.s-1.

Constante de Stefan-Boltzmann (S )

Curtoses (kurtoses) Kw (por ex.: / )

Direção do vento: (|Dir V|)

Emissividade da superfície (S )

Flutuação da Temperatura (T’)

Flutuação do vento [componente do vento u) eixo ‘z’ ] (w’)

Fluxo de calor ( )

Fluxo de calor do solo (G)

Fluxo de calor latente contribui para a condensação (P)

Fluxo de momentum com velocidade de fricção (

Fluxo de onda longa da atmosfera para baixo (Fl)

Greenwich Mean Time – GMT (Hora Média de Greenwich)

Global Wavelet Spectrum – GWS (Espectro Global de Ondeleta)

Hora Local - HL

Intense Observation Period - IOP (Período de Observação Intensa)

Instituto Max Planck – Alemanha

Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA)

KΨ = 5 (Expoente da Função de Ondeleta de Morlet, para “” no. de Onda)

Local Time - LT

Módulo da velocidade média (|v|) m.s-1

Módulo da velocidade média (|v|) m.s-1

Onda longa (LW)

Ondeleta gerada por translação

Ondeleta gerada por dilatação

Ondeleta geradora simples

Ondeleta mãe, )(, tba

Plano horizontal (X-Y)

Pressão barométrica (P) hecto pascal – hPa

Projeto LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera Atmosfera na Amazônia – Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia Saldo da radiação absorvido pela superfície (RN)

Temperatura do ponto de orvalho: Td

Temperatura Potencial - ( )

Temperatura radiativa da superfície (ST )

Temperatura sônica T

Temperatura virtual Tv

Tempo Universal (UT) – Universal Time

Tensão de cisalhamento:

Umidade relativa do ar (RH)

Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Velocidade de fricção

Velocidade do vento em relação a altura zr;. (ur)

Velocidade sônica (C) m.s-1

Vento médio na altura da copa das árvores (u/u’(h))

Conteúdo

Capítulo 1.

Introdução ....................................................................................................... 20

1.1 - Objetivos ................................................................................................. 20

1.2 - Roteiro da Tese ........................................................................................ 25

Capítulo 2. 2.1 – Camada Limite Atmosférica .................................................................. 26

2.2 - Turbulência ............................................................................................. 27

2.3 – Turbulência Atmosférica .......................................................................... 29

2.4 – Teoria de Kolmogorov .............................................................................. 31

2.4.1 As duas hipóteses .......................................................................... 32 2.4.2 Espectro completo de Kolmogorov ............................................... 35 2.5 – Equações que governam o escoamento sobre a floresta ........................ 41 2.5.1 – Geração de deformação e dissipação ......................................... 41

2.5.2 – Geração de enstrofia ................................................................... 43 2.5.3 – Vorticidade e rotação ................................................................... 44

2.6 Estruturas Coerentes .................................................................................. 46 Capítulo 3 Material e Métodos ........................................................................................... 48 3.1 - Sítio experimental ..................................................................................... 48 3.1.1 – Escopo do sítio experimental ....................................................... 49

3.1.2 – Mapa do sítio experimental .......................................................... 50 3.1.3 – Topografia e hidrologia do sítio experimental .............................. 51 3.1.4 – Os Metadados ............................................................................. 52

3.2 - Métodos Estatísticos ................................................................................. 53 3.3 – Métodos das Covariâncias ....................................................................... 54 3.4 - A Transformada em Ondeleta (TO) ......................................................... 56 3.5 - Análise de Quadrante .............................................................................. 60 Capítulo 4 Resultados e Discussão ................................................................................... 63 4.1 - Perfil de vento e Ponto de inflexão ...................................................... 63

4.2 - Vorticidade e Rotação ............................................................................. 70

4.3 – Isossuperfície de vorticidade turbulenta quase 2D (Enstrofia) ................. 78

Capítulo 5 Conclusões e Recomendações ..................................................................... 84

5.2 - Como sugestões para trabalhos futuros ............................................. 86

Referências ..................................................................................................... 87

Apêndice A ...................................................................................................... 99

A1. Glossário ........................................................................................... 99 A2. Formação e Espessura de uma Camada Limite............................... 111

CAPÍTULO 1

Introdução

Para compreender as interações existentes entre floresta-atmosfera, é necessário

entender as trocas turbulentas na Camada Limite Atmosférica (CLA). Esta evolui

continuamente por resposta ao aquecimento ou esfriamento da superfície, assumindo

distintos estados que podem ser fielmente descritos pelas fases de transições (dia-noite

e/ou vice-versa) (Kaimal e Finnigan 1994). Sellers (1985) mostra que são três os

principais modos de trocas entre a superfície e a atmosfera: radiação, transferência de

momentum e transferência de calor latente e de calor sensível (Fig. 1.1). No início das

pesquisas sobre os fluxos turbulentos, com utilização de torre micrometereológica na

Amazônia Central, Molion (1985) salienta que a quantificação das trocas turbulentas e

suas análises devem ser bem detalhadas em florestas tropicais, logo, torna-se necessário

realizar medidas micrometeorológicas em sítios com grande representatividade do clima

regional. Isto permite obter boas informações sobre esses fluxos turbulentos. Fluxo pode

ser entendido, por uma grandeza física que atravessa uma determinada área por unidade

de tempo. Estes componentes caóticos podem ser medidos por anemômetros

ultrassônicos, instalados em torre.

Para o estudo das trocas turbulentas entre floresta-atmosfera será

necessário caracterizar o ponto de inflexão no perfil vertical da

velocidade média do vento, como visto em Raupach e Thom, 1981, Raupach et al, 1996 e

Souza 2009. Este constitui um tema de interesse desta pesquisa, porque é responsável

pelo surgimento de estruturas muito bem organizadas, denominadas de estruturas

coerentes (ECs) em formas de rolos, perpendiculares ao escoamento e associadas à

dissipação de energia cinética turbulenta (ECT). Para Frisch (1995), Lesieur (2008) e

Foken (2008), uma EC pode ser definida com uma região do espaço, em um determinado

tempo, onde uma das variáveis do escoamento turbulento (velocidade, pressão,

densidade, temperatura, etc.) possui forte correlação com outras variáveis durante uma

escala de tempo razoável. Portanto, o estudo do ponto de inflexão implica na

compreensão dos vórtices dinâmicos que governam a evolução, interação e o

acoplamento entre floresta e atmosfera. Além disso, dará suporte futuro em modelagem

de turbulência (Hussain e Melander, 1991).

Fig. 1.1 – Diagrama esquemático da interação entre superfície-atmosfera. Saldo da

Radiação absorvido pela superfície (RN) que é distribuída entre fluxo de calor do solo (G),

calor sensível (H), calor latente (E). O fluxo de calor latente contribui para a

condensação (P). Resultando em cobertura de nuvens que intercepta, reflete a

irradiação e envia também para baixo. Sendo LW = onda longa; = albedo espectral; S

= emissividade da superfície; ST = temperatura radiativa da superfície; Fl = fluxo de onda

longa da atmosfera para baixo; S = constante de Stefan-Boltzmann; = tensão de

cisalhamento; ur = velocidade do vento em relação a altura zr;. (Sellers, 1985, p. 301).

A pesquisa sobre turbulência tem sido até a presente investigação, uma

aproximação estatística baseada nas médias de conjunto, uma tendência clássica de

analisar cada escoamento separadamente. Isto chama atenção para a turbulência que

pode conter ECs com número de Reynolds elevado. Hoje ainda não se tem uma teoria

completa para explicar a formação e persistência das ECs, e como deve ser a

consistência com uma descrição qualitativa de seu comportamento (Farge et al., 1996).

Como mencionado em anteriormente, as ECs são uma conexão instantânea da massa do

fluido turbulento com a fase correlacionada da vorticidade sobre uma extensão espacial

(Jeong e Hussain, 1995). As ECs são fontes de baixa pressão porque concentra em seu

centro (ponto de inflexão) mais vorticidade, enquanto as bordas são as responsáveis pela

dissipação (Hussain,1986) (Fig. 1.2).

Fig. 1.2 – (a) e (b) cortes horizontais da seção transversal (curvas de níveis) de uma

camada de mistura; (c) idealização da superfície atmosférica dos pontos A e B. (Adaptado

a partir de Hussain, 1986, p.308; Thomas e Finney, 1988, p.1099).

A Fig. 1.3 mostra como ocorre à formação do ponto de inflexão sobre a copa

da floresta, o que permite entender o surgimento das ECs no escoamento turbulento.

Diversos pesquisadores têm procurado buscar características gerais das ECs através de

diversas ferramentas de análises. Silveira Neto (2002) mostrou que as ECs carregam por

muito mais tempo a informação geométrica do que o tempo de sua rotação. Farge et al.

(1996), utilizando a transformada em Ondeleta, mostrou que esta pode ser uma

ferramenta adequada para separar as componentes coerentes (não Guassianas) das

componentes incoerentes (Guassianas) do escoamento turbulento. Lee et al. (2004)

mostraram que estruturas bem organizadas em formas de rampas, por exemplo, podem

ser medidas pelo método das covariâncias, ferramenta utilizada neste trabalho e que será

melhor explicada posteriormente. Deve-se salientar que este trabalho contribuirá também

para as análises observacionais de dados coletados em sítios do LBA (Programa de

Grande Escala da Biosfera Atmosfera na Amazônia), na Amazônia Central, mostrando a

importância de medidas do perfil vertical da velocidade média do vento em sítios

meteorológicos, problema de relevância na literatura da CLS.

Fig. 1.3 – Esquema ilustrativo de formação de estruturas organizadas. (A partir de

Hussain, 1986 e Schiozer, 1996).

Ponto A – Iminência da quebra de equilíbrio entre quantidade de movimento e gradiente

de pressão adversa.

Ponto B – Ponto de Separação ou Deslocamento.

Ponto C – Região de baixa pressão, movimentação de partículas no sentido contrário ao

do escoamento.

Ponto D – Região de formação de esteiras. (Tipo Avenida (Ruas) de Kármán).

1.1 Objetivos

O presente trabalho realizou estudo da dinâmica do escoamento sobre floresta de terra

firme, destacando a importância do perfil vertical da velocidade média do vento na

formação de estrutura coerente e a instabilidade do ponto de inflexão sobre a copa

florestal durante os períodos diurno, noturno e nas fases de transição. Neste cenário, este

estudo teve os seguintes objetivos:

(I) Compreender a relação entre a dinâmica do perfil vertical do vento e os fluxos

turbulentos de momentum, calor e massa nos períodos diurno, noturno e, no regime de

transição.

(II) Compreender qual a importância relativa de heterogeneidade da superfície (dossel),

durante as instabilidades da camada limite rugosa (relacionadas com o cisalhamento do

vento) e os transportes horizontal e vertical que acompanham tais perturbações.

(III) Avaliar os dados do perfil de vento durante o regime de transição de forma a

comparar com outros períodos (diurno e noturno), destacando as características e

variações da instabilidade hidrodinâmica do escoamento sobre floresta de terra firme.

1.2 Roteiro da Tese

O presente trabalho está organizado em cinco capítulos, cujo conteúdo é apresentado da

seguinte forma:

O Capítulo 2 apresenta os elementos teóricos, que estruturam a compreensão sobre a

teoria que governa o escoamento sobre a floresta, com a finalidade de demonstrar a

relevância do tema investigado.

O Capítulo 3 apresenta detalhes sobre material e métodos aplicados e também

informações do sítio experimental que permitiu a validação dos resultados do presente

trabalho.

O Capítulo 4 apresenta os resultados e discussão obtidos durante a campanha de

observação intensa de 2012 (Fevereiro-Setembro), no sítio experimental ATTO-CLAIRE,

na Amazônia Central.

Finalmente, o Capítulo 5, apresenta as conclusões e algumas recomendações para

trabalhos futuros.

CAPÍTULO 2

Elementos Teóricos

Neste Capítulo realiza-se uma breve revisão da literatura dos estudos que possibilitaram

descrever como a Camada Limite Atmosférica, Turbulência, Estruturas Coerentes,

determinaram uma visão singular sobre o experimento realizado entre Fevereiro e

Setembro de 2012, na Amazônia Central.

2.1 Camada Limite Atmosférica

A superfície da Terra é o limite inferior da atmosfera. A porção da atmosfera mais afetada

por esse limite é chamada de camada limite atmosférica (CLA, Fig.2.1). A espessura da

camada limite é bastante variável no espaço e no tempo. Normalmente, varia de 1 ou 2

km de espessura (ou seja, ocupando 10 a 20% da base da troposfera), ela pode variar de

dezenas de metros até 4 km ou mais de altura. Turbulência e estabilidade estática

compõem uma forma de interface de uma forte camada estável (chamada de camada de

inversão) entre a camada limite e o restante da troposfera acima (chamada de atmosfera

livre). Esta fronteira estável impede que a camada abaixo que contém turbulência,

poluentes, e umidade, transfira os efeitos dos atritos superficiais para a atmosfera livre

(Wallace e Hobbs, 2006).

Fig. 2.1 – Esquema de uma possível camada limite atmosférica, [Adaptado de

Meteorology for Scientists and Engineers. Stull, 2000; p. 65].

Para Stull (1988), durante bom tempo (associado aos centros de alta pressão), estamos

acostumados com mudanças de temperatura, umidade, pólen, e os ventos que são

regidos pela camada limite física e dinâmica durante o ciclo diurno. À noite é frio e calmo;

durante o dia é quente e ventilado. A camada limite diz-se ser instável quando a superfície

está mais quente do que o ar em seu contorno, durante o dia para a condição de

incidência de luz solar e ventos sobre a superfície da Terra, ou quando o ar frio advectiva-

se sobre a superfície da água mais quente. Esta camada limite torna-se um estado de

convecção livre, quando passa a existir forçantes térmicas de correntes ascendentes

(updrafts) e de correntes descendentes (downdrafts). A camada limite é dita ser estável

quando a superfície está mais fria do que o ar em seu entorno, durante uma noite clara

sobre a superfície terrestre, ou quando o ar quente advectiva-se sobre a água mais fria. A

camada limite neutro formam durante condições de vento e tempo nublado, portanto,

estão em um estado de convecção forçada.

Turbulência é dominante dentro da camada limite atmosférica e é responsável pela

dispersão de forma eficiente a poluentes que acompanham a vida moderna. No entanto, a

camada de inversão desses poluentes dentro da camada limite, torna-se "um envelope de

nossos próprios resíduos atmosféricos". A comunicação entre a turbulência

, à superfície e o ar é muito rápida, permitindo que o ar assuma rapidamente as

características da superfície subjacente. Na verdade, uma definição da camada limite é a

porção da troposfera inferior que sente os efeitos da superfície subjacente dentro de cerca

de 30 min ou menos.

2.2 Turbulência O transporte de momentum, calor e massa realizado por flutuações instantâneas de

velocidade, temperatura e outros escalares, são as características de movimentos em

fluidos que carregam turbulência. Um escoamento é considerado totalmente turbulento

quando possui um número de Reynolds grande. Muitos escoamentos na natureza ou nas

diversas aplicações das engenharias são turbulentos. Sendo seu estudo tratado muitas

vezes por ação multidisciplinar com uma faixa grande de aplicações na hidrodinâmica dos

escoamentos (Tennekes e Lumley, 1972).

A origem e natureza da turbulência podem ser mais bem compreendidas, quando

observado critérios descrito por Tennekes e Lumley (1972) que definem as características

do escoamento turbulento, em: Irregularidade para as condições de escoamento

aleatório ou caótico; Difusividade causada pelo rápido espalhamento, ou seja, mistura

que aumenta a taxa de transferência de momentum, calor e massa; Número de

Reynolds (Re) grande, dentro do intervalo do escoamento das fases de transição a

turbulenta (2.300 Re 105 – 108); Tridimensionalidade da flutuação da vorticidade

– a turbulência é intrinsicamente tridimensional e rotacional, visto que sua manutenção é

assegurada por vorticidade de estiramento (vortex stretching), só presente em turbulência

3D; Dissipação – o escoamento turbulento é sempre dissipativo, quanto não é

alimentado de energia decai rapidamente em processo de cascata; Continuum – a

turbulência é um fenômeno do continuum, governada pelas equações da mecânica dos

fluidos, onde os menores vórtices sempre são maiores que o escalar molecular.

Turbulência não é uma propriedade do fluido, mas sim do escoamento do fluido, cuja

maior característica é não ser controlada pelas propriedades moleculares dos fluidos.

Para Stull (1988) a turbulência pode ser investigada através do método estocástico, pela

teoria da similaridade ou por experimentação fenomenológica. Para a microescala, Stull

(2000) sugere a Tab. 2.1, na organização do movimento horizontal na atmosfera.

Tabela. 2.1 – Microescalas de movimento horizontal da atmosfera. (Adaptada de

“Atmospheric Science”, Wallace e Hobbs, 2006, 2ª. Ed., Cap. 9, p 376).

O fluxo turbulento é um fluxo desordenado no tempo e no espaço, e que é capaz de

misturar quantidades transportadas muito mais rapidamente do que o fluxo molecular,

(Zhurbas, 2001).

Na caracterização dos processos de transporte turbulento de momentum, calor e massa

na camada de ar imediatamente acima e dentro de vegetação densa e alta é fundamental

conhecer a estrutura física e aerodinâmica da superfície da floresta e sub-bosque, que

são regiões onde complexos processos micrometeorológicos ocorrem e que foram

observados por Foken (2008; 2012). Porém parametrizar estas características constitui-se

em tarefa árdua e de diferentes formulações empíricas para determinadas estruturas de

terrenos (Raupach et al. 1996; Lyra e Pereira, 2007).

2.3 A Turbulência Atmosférica

A turbulência ainda é um dos grandes problemas não totalmente resolvidos da física

clássica (Monin e Yaglom, 1971; Antonia e Sreenivasan, 1977; Lumley, 1992; Farge,

1992; Frisch, 1995, Moriconi, 2006). Diversos autores a estudaram-na através de

experimentos numéricos ou teóricos na tentativa de buscar alguma caracterização

universal.

Desde Leonardo da Vinci a turbulência vem sendo estudada, procurando compreender

como esta surge como se mantêm e como seu escoamento vai para o repouso (Frisch,

1995). Entretanto, o maior passo dado na descrição dos escoamentos ocorreu no

desenvolvimento de suas equações dinâmicas básicas. A equação de Navier-Stokes,

desenvolvida no século XIX, descreve a taxa de mudança do momentum em cada ponto

de um fluido viscoso (Eq. 2.11).

Note que as equações de Navier-Stokes são determinísticas no sentido que, uma vez

dadas às condições iniciais e de contorno, a evolução do estado será completamente

determinado, pelo menos em principio. O problema surge do termo que descreve o

transporte advectivo do momento, (Eq. 2.11). Este termo é não-linear e, por isso, possui

uma forte dependência às condições de contorno. Pequenas variações (flutuações)

nestas podem produzir escoamentos que variam de laminar até movimentos mais

complicados. Um tema central tem sido o das flutuações propriamente ditas,

particularmente em sistemas termodinâmicos longe do equilíbrio. Nestes, as flutuações

podem se amplificar via processos dissipativos e conduzir ao surgimento de novas

estruturas espaço-temporais, denominadas por Ilya Prigogine de estruturas dissipativas

para estabelecer distinção com relação a estruturas de equilíbrio (Prigogine e Kondepudi,

1999). Um traço comum nas situações de não equilíbrio é o aparecimento de uma

coerência supramolecular, como é o caso das estruturas coerentes ou estruturas

dissipativas dos fenômenos turbulentos. Portanto, limitações computacionais tornam

muito difíceis resolvê-las numericamente para números de Reynolds elevados

(turbulência desenvolvida). A modelagem da turbulência pode ser realizada por uma

variedade de modalidades: modelos de médias de Reynolds; modelagem para simulações

de grandes vórtices (LES) (Meneveau, 1994); modelos espectrais; e os modelos de

Funções de Densidade de Probabilidade (PDFs) (Frisch, 1995; Bolzan et al., 2002).

No caso da turbulência atmosférica, um aspecto das interações vegetação-atmosfera

ainda não completamente resolvido se refere às trocas turbulentas de momentum e

escalares na Camada Limite Superficial (CLS). É importante mencionar que a estrutura do

escoamento turbulento próximo à copa florestal apresenta um ponto de inflexão no perfil

vertical da velocidade média. Em tais situações, o campo turbulento possui algumas

características muito peculiares (Raupach et al., 1996), causados pelas instabilidades do

ponto de inflexão. Estas geram estruturas do tipo rolo (Fig. 2.9) que dissipam menos

energia cinética por unidade de tempo comparativamente às estruturas dissipativas

normais (Robinson, 1991). Segundo, a CLA apresenta estruturas características

peculiares na forma de ejeção (updrafts) e intrusão (downdratfs) rápidos de ar (Wyngaard

e Moeng, 1992; Garstang e Fitzjarrald, 1999), muitas vezes associadas à ação de vórtices

individuais (Sun et al., 1996).

2.4 Teoria de Kolmogorov.

A teoria de Kolmogorov descreve como a energia é transferida dos maiores turbilhões

para os menores, e como a quantidade de energia contida pela formação destes

turbilhões que se dissipam em turbilhões de menores tamanhos (Bakker, 2005).

A transferência de energia ocorre, por processo de cascata (Richardson, 1922) e foi

desenvolvida por Kolmogorov em suas hipóteses sobre turbulência. Para o físico britânico

Lewis Fry Richardson, partindo da ideia do escritor irlandês Jonathan Swift (1667-1745)

sugere;

“Big whirls have little whirls

Which feed on their velocity;

And little whirls have lesser whirls,

And so on to viscosity

in the molecular sense”.

(Lewis Fry Richardson (1881-1953); (“Weather Prediction by Numerical Process.”

Cambridge University Press, 1922, p. 66);

Em maiores escalas (flutuabilidade térmica, cisalhamento vertical da velocidade do vento)

permitem que as escalas intermediárias dessa cascata de energia tenham atributos

universais a todos os escoamentos turbulentos (K41 - Teoria da Similaridade de

Kolmogorov), por análise dimensional (Frisch, 1995; Stull, 1988).

2.4.1 As duas principais hipóteses:

(1ª) Existe uma faixa de equilíbrio com a propriedade média de componente de pequena

escala de qualquer movimentação turbulenta em relação ao Re (Se for grande:

Turbulência. Se for pequeno: Dissipação Viscosa), é determinada exclusivamente por

(viscosidade cinética) e (taxa de dissipação viscosa da energia cinética turbulenta –

ECT) (Bakker, 2005).

(2ª) Com o número de Reynolds (Re) grande, existe uma faixa inercial dentro da região de

equilíbrio, mais afastada da região viscosa na qual a estrutura de redemoinho é

independente de contribuição de energia ou dissipação viscosa e onde só a transferência

inercial de energia é importante. Nesta sub-faixa de número de ondas de propriedades

comuns são independentes de e determinam somente por . Consequentemente o

número de ondas k satisfaz 1/lo << k <<1/ k , (Fig.2.2) (Bakker, 2005).

Fig. 2.2 - Escalas de comprimento de Kolmogorov (), Taylor e Integral (L), lDI < l < lEI é a

região onde a turbulência se mantém somente por inércia, desprezando a viscosidade

cinética (DI – dissipação e inércia; EI – energia e inércia) e lo a escala de comprimento de

grandes vórtices. (Pope, 2000).

As escalas de velocidade (v), comprimento () e tempo (), são definidas de acordo com

as Equações (I, II e III.) a partir da análise dimensional ( de Buckingham) (Davidson,

2005).

v = ab (2.1)

[m.s-1

] = [m2.s

-1] . [m

2.s

-3]

1 = 2a + 2b,

-1 = - a – 3b,

a = b = ¼.

Substituindo a e b em (2.1), temos;

v = ¼¼

v = (¼ ; (2.2)

Re = v. /= 1. (2.3) Então as escalas de comprimento e tempo podem ser definidas, respectivamente por;

v

= v

Consequentemente, a partir de (2.2) e de (2.3), obtemos;

(I) v = (¼

(II) = (¼

(III) = ( ½

Desenvolvendo a análise dimensional para o espectro de energia cinética turbulenta;

E(k) = Ec / k = [m2.s

-2] / [m

-1] = m

3.s

-2

E(k) εa . kb

[m3.s

-2]= [m

2.s

-3].[m

-1]

3 = 2a – b

-2 = -3a .: a = 2/3 ; b = -5/3

E(k) ε2/3. k-5/3

E(k) = Ck. ε2/3. k-5/3

(2.4)

Ck = 1,5 (Sreenivasan, 1995).

Acima, “a” e “b”, são constantes, E(k) é a energia cinética em função do número de ondas,

Ec a energia cinética, Ck é a chamada constante de Kolmogorov. A (2.4) constituí-se em

um cânone da teoria de Kolmogorov (Frisch, 1995). A sua real verificação experimental foi

a bordo de um navio na costa canadense, observando turbulência oceânica de superfície

em multi-escalas, com Re ~ 108, passados mais vinte anos, de enunciada a K41, sendo

assim incontestável o decaimento espectral (Grant et al., 1962).

2.4.2 Espectro completo de Kolmogorov

O estudo das funções de estrutura de ordens “n”, que são valores esperados dos

momentos de diferenças de velocidades, ou seja, funções de estruturas longitudinais e

transversais de ordem “n” que permitem uma correlação do fluxo turbulento com o

sistema dinâmico dos acoplamentos, entre as várias escalas de comprimento, sua

vantagem reside sobre os turbilhões em maiores escalas que são minimizadas, tornando

mais evidentes as flutuações de velocidades em menores escalas (Kármán, 1937).

Contudo as simetrias de paridade, as isotropias e as homogeneidades, podem se

quebradas por forçantes externas, para contornar este problema define-se as forçantes

externas auto-correlacionadas dentro do espaço de escala de comprimento integral (L),

para o regime estacionário (<<L), implicando em limites de L →∞, v → 0, supondo que

as funções de estrutura contribuem apenas para os parâmetros dimensionaisv e .

Podendo então expressar o espectro completo da turbulência (Freire et al., 2006; Bakker,

2005) Fig. (2.3), por;

E(k) = Ck. ε2/3. k-5/3

fL f (2.5)

fL = { klo / [(klo)2 + cL]

1/2} po+5/3 (2.6)

f exp { - {[(k.)4 + c

4]

1/4 – c }} (2.7)

cL ≈ 6,78; c ≈ 0,40; C = 1,5; po = 2; = 5,2.

Em (2.5) fL e f, são as escalas de comprimento integral e de Kolmogorov,

respectivamente, dentro do espectro completo, assim como, cL, c, constantes de

Kolmogorov, para as escalas citadas anteriormente obedecendo seus subscritos, po, e

parâmetros geométricos (Pope, 2000).

Fig. 2.3 – Espectro da Energia Cinética Turbulenta, segundo Kaimal e Finnigan, 1994, p.

98.

A movimentação de grandes escalas de energia cinética (vórtices e redemoinhos) são

sucessivamente divididas e distribuídas entre pequenos e pequenos números de ondas

do escoamento até a ação da viscosidade (Bakker, 2005). Em Freire et al., (2006), para

Kolmogorov, um escoamento com Re grande, quando idealizado homogêneo, requer que

seja observado as seguintes invariâncias; quanto à translação para que a homogeneidade

seja mantida; quanto à rotação para que a isotropia também seja mantida e finalmente a

rotação e reflexão, para que a velocidade 3D dentro do espaço de Fourier do fluxo

turbulento possa ser obtida a partir da função de correlação de dois pontos do campo de

velocidade. O espectro mostra que parte da energia cinética turbulento é particionada ao

longo das escalas de comprimento (Fig. 2.4). Isto é possível visualizar graças à

transformada de Fourier que é integrável dentro do intervalo de [ -∞ < k < ∞], e

convergente. A densidade do espectro de energia cinética turbulenta é obtida através da

transformada inversa de Fourier (Butkov, 1978).

Fig. 2.4 – Particionamento de energia de um escoamento turbulento (Adaptado de

Davidson, 2005).

Os espectros de energia cinética turbulenta informam a natureza do escoamento em 3D

ou quase-2D (Enstrofia) dentro de seus graus de liberdade (Fig.2.5). O estudo dos graus

de liberdade da turbulência ainda é assunto aberto na física clássica. Para L. D. Landau

(1908-1968) a turbulência desenvolvida é proporcional aproximadamente ao Re8,

enquanto para E. N. Lorentz (1917-2008) este estado pode ser alcançado com somente 3

EDOs (Equações Diferenciais Ordinárias), contendo para a diferencial em (dx/dt) o Pr (no

de Prandtl), para a diferencial em (dy/dt) a razão do Ra e Rac (no de Rayleigh e Rayleigh

crítico) e para diferencial em (dz/dt), um parâmetro geométrico, confirmando a afirmativa

anterior (Doering e Gibbon, 1995), que não constitui objeto de discussão deste trabalho.

Fig. 2.5 – A distribuição de energia e enstrofia em turbulência totalmente desenvolvida,

segundo Davidson, 2005.

O padrão de medida da velocidade angular é a vorticidade , definida por;

= x u. (2.8)

Uma equação de vorticidade no campo da velocidade pode ser dada pela equação de

Euler,

/ t + u = u. (2.9)

A Eq. (2.9) tem um papel fundamental e importante na evolução do entendimento das

mudanças complexas de fluidos turbulentos, que pode ser descrito por redemoinhos, que

são concentrações localizadas de vorticidade no fluido. Isto é, a equação da vorticidade

prediz se o escoamento é 3D ou 2D dentro da escala de comprimento. Para condição de

2D, o termo do segundo membro de (Eq. 2.9), (u ) desaparece e a derivada convectiva

/ t = constante. A vorticidade de cada partícula do fluido é mantida constante e é

conservada a enstrofia (metade da norma quadrática da velocidade) (Doering e Gibbon,

1995). O desenvolvimento do mecanismo de estiramento ou encolhimento da vorticidade

em determinado eixo de rotação torna a turbulência proporcional a vorticidade e ao

gradiente de velocidade (Davidson, 2005) (Fig.2.6).

Fig. 2.6 – Três graus de liberdade de rotação no mecanismo de estiramento ou

encolhimento de vorticidade (a partir de Davidson, 2005 e Zhurbas, 2001).

Zhurbas (2001) apresenta o comportamento do desenvolvimento da turbulência desde

sua origem energética, a tendência de isotropia e a dissipação viscosa, através da “árvore

de gerações” (Fig.2.7) quando a turbulência não possuirá mais direção privilegiada em

seu estado final de suas frequências de vorticidades indicadas em cada geração.

Fig. 2.7 – Árvore de gerações e suas respectivas frequências de estiramento em cada

geração. (Bradshaw, 1971 apud Zhurbas, 2001)

Em, Davidson (2005) o comportamento de estiramento (vortex stretching), ao longo do

eixo do z, indica turbulência desenvolvida por vorticidade e por forte gradiente de

velocidade em turbulência 3D (Fig. 2.8), mostra ainda a real característica da turbulência

sobre o dossel da floresta de terra firme na Amazônia Central durante período instável.

Fig. 2.8 – Estiramento ao longo do eixo z com gradiente de velocidade vertical. (Davidson,

2005).

A Eq. (2.10) em forma tensorial, abaixo, mostra a relação da turbulência com a vorticidade

e o gradiente de velocidade, decorrente da Eq. (2.8) agora escrita na forma i = ukj,

onde é o símbolo de Levi-Civita, cujos termos da diagonal principal, constituíram-se

no estiramento de vorticidade (vortex stretching). O escoamento médio com estiramento

em uma orientação imposta na direção do eixo z (Fig. 2.8) para manutenção da

turbulência em 3D que é mantida neste processo pode ser visualizada através da “árvore

de gerações” (Fig. 2.7) (Bradshaw, 1971 apud Zhurbas, 2001).

(2.10)

2.5 Equações que Governam o Escoamento sobre Florestas Introdução às equações de Navier-Stokes As equações de Navier-Stokes da dinâmica dos fluidos são formulações das leis de

Newton do movimento para a distribuição contínua do estado fluido da matéria,

caracterizado por não suportar tensão de cisalhamento. Contudo, algumas restrições para

tornarmos um fluido newtoniano em meio incompressível, se faz necessário, visto que, a

solução das equações de Navier-Stokes é possível, neste caso, para a presença

heurística da derivação que designa os elementos da física contida na Eq. (2.11).

(Doering e Gibbon, 1995; Pope, 2000).

2.5.1 Geração de deformação e dissipação O conjunto de equações de Navier-Stokes (a partir da 2ª. Lei de Newton – Conservação de Momentum) para uma aproximação de escoamento incompressível, (

Que pode ser entendida de forma geral (2.11), transporte = tendência de isotropia + dissipação viscosidade:

(2.11)

I II III IV

Termo I: representa o estoque de momentum (inércia).

Termo II: descreve à advecção.

Termo III: descreve as forças do gradiente de pressão.

Termo IV: representa a influência da tensão viscosa.

Decompondo o gradiente de tensão no seu simétrico (tensor taxa de deformação,

) e antissimétrico (tensor taxa de rotação, ), sendo

; ;

, (2.12)

Fazendo [ (2.11)i / xj + (2.11)j/ xi]/2, e usando

, (2.13)

Para obter:

; (2.14)

Onde D/Dt, significa o operador derivada total, .

Multiplicando a Eq. (2.14) por Sij, e usando a simetria para obter;

(2.15)

Para encontramos as relações de equivalência para a vorticidade ( x u), para o

tensor taxa de rotação, , usaremos o épsilon contraído de Levi-Civita , para as

relações seguintes;

Para o delta de Kronecker;

Chegando a expressão

(2.16)

Reescrevendo uma nova equação a partir das Eq. (2.14) e Eq. (2.17),

(2.17)

(2.18)

Onde a simetria Sij e a condição de incompressibilidade podem ser consideradas.

2.5.2 Geração de Enstrofia

Aplicando o operador rotacional ( , del), para a Eq. (2.11), teremos;

Seguindo as propriedades de Álgebra Tensorial,

Onde é um campo escalar, u é um campo vetorial, com módulo u || u || e A e B são

campos tensoriais de segunda ordem. Usando as propriedades tensoriais e a condição de incompressibilidade ( reescrevendo Eq. (2.19), como;

O primeiro termo do lado direito da Eq. (2.22) é responsável pelo alongamento do vórtice.

O produto escalar da Eq. (2.22) com i, decompondo o tensor gradiente de velocidade

como ( , no primeiro termo do lado direito e usando a antissimetria de ,

para obter;

Particularize, para expressar a Eq. (2.23), em termos de ,

Para k = i, têm-se,

Em seguida, a partir da Eq. (2.6) e da antissimetria, resultando em,

que pode ser substituído, juntamente nas Eq. (2.25) e Eq. (2.26) para obter:

onde a simetria de S e incompressibilidade da relação expressa em termos de S, ij Sij = 0,

têm sido utilizados para reescrever o primeiro termo do lado direito.

2.5.3 Vorticidade e Rotação

O estudo da dinâmica dos fluidos complica-se em geral, quando tentamos explicar;

translação, rotação, deformação e cisalhamento da movimentação (por exemplo) de uma

parcela de ar, visto que tudo acontece simultaneamente (Çengel e Cimbala, 2007;

Schiezer, 1996; Fox e McDonald, 2001). Então se torna preferível que a explicação

desejada aconteça em termos de taxas. Então para um fluido incompressível e de

escoamento invicídio, em duas dimensões (R2):

(2.27)

Assumindo a equação do rotacional do momentum, o termo do gradiente desaparece.

Então, tomando , do segundo (2.27), menos , do primeiro, obtemos;

(2.28)

Expandindo a derivada total, usando o terceiro termo de (2.27), obtemos;

(2.29)

A vorticidade, em geral é definida pela (Eq. 2.8); Sendo dada a componente vertical, como;

(2.30)

Um conceito relativo à vorticidade é a circulação. Podendo ser escrita em torno de uma

curva fechada “C”, ou seja;

(2.31)

onde a integral em torno da curva fechada (“C”) na fronteira da superfície (“A”) do campo

vetorial e o incremento linear “dl”, ao longo de “C”. Pode ser escrito, a partir

do Teorema de Stokes,

(2.32) Sendo dA o elemento de área e A, a área circulada por “C”. Esta circulação ao longo da

curva fechada é igual à vorticidade integrada fechada por este contorno.

2.6 Estruturas Coerentes

A presença de estruturas de vórtices do tipo rolos, associados ao ponto de inflexão como

mencionado anteriormente, devem contribuir para os fluxos turbulentos de momentum,

calor e massa (Fig. 2.9). Entretanto, não há uma definição precisa do que sejam estas

estruturas coerentes, embora vários trabalhos tenham dado significativas contribuições

sobre o assunto (Hussain, 1983; Robinson, 1991). Para este trabalho utilizar-se-á a

seguinte definição de ECs dado por Robinson (1991): “as ECs são regiões tridimensionais

onde pelo menos uma das variáveis fundamentais do escoamento (componente da

velocidade, massa específica, temperatura, etc.) apresenta uma significativa correlação

com ela mesma ou com outra variável num intervalo temporal que é significativamente

maior do que as menores escalas locais do escoamento”. A motivação disso se deve ao

fato de ser possível identificá-las através de algumas ferramentas matemáticas, dentre

estas estão a Transformada de Ondeleta Cruzada (Bolzan e Vieira, 2006).

Fig. 2.9: Concepções das Estruturas Coerentes sobre a copa florestal. (Adaptado a partir

de Jeong e Hussain, 1995; Foken, 2008) .

Os fenômenos intermitentes são oriundos das ECs, mas provocam forte dissipação de

energia em um curto intervalo de tempo (Camussi e Guj, 1997). Um registro fiel de sua

presença é dado pela forma das PDFs, ou seja, quando estas “fogem” do formato

gaussiano, e tem sido estudada por diversos autores (Chen, 1971; Hagelberg e Gamage,

1994; Katul et al., 1994; Warhaft, 2000). Outros autores procuraram modelar estes

fenômenos através de abordagens da Física Estatística com bastante sucesso (Arimitsu e

Arimitsu, 2000; Bolzan et al., 2002).

CAPÍTULO 3

Material e Métodos

3.1 Sítio Experimental

O ATTO - é o primeiro observatório ambiental de grande porte na América do Sul, com

uma torre de 320 metros (em construção, nesta data), e quatro torres periféricas de 80

metros cada (duas construídas, nesta data), localizadas na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável (RDS) do Uatumã, em São Sebastião do Uatumã, - AM (Brasil) (2o8’32.42”S;

59o0’3.50”W, ALT 131 m) conforme é mostrado nas (Figuras 3.1A até 3.1F). Os dados

deste experimento foram amostrados com frequências de 1 Hz, 4 Hz e 10 Hz, coletadas

desde o dia 26 de Fevereiro de 2012 até 7 setembro de 2012, período de observação

intensiva – I (IOP-1/2012), contou com três anemômetros ultrassônicos 3D (Solent, Gill

Instruments, U.K), três anemômetros ultrassônicos 2D-windsonic (Gill Instruments Ltd,

U.K) e quatro anemômetros ultrassônicos 2D-Wind Speed & Direction Sensor (Gill

Instruments Ltd, U.K) (Tabela 3.1). A torre do presente trabalho tem as seguintes

características; altura de 84 metros de altura e área de secção transversal triangular de

0,156 m2 e índice de área foliar (IAF) que nesta área é em torno de 5 a 6 m2.m-2, (Oliveira,

2008). Os equipamentos foram posicionados nas seguintes alturas: 78 m; 41 m e 30 m

para o Wind Master; 57 m; 70 m e 62 m para o Met Pack; 23 m; 36 m; 45 m e 50 m para o

Wind Sonic. A predominância do vento é de nordeste e a média da altura da vegetação

entre 40 e 45 metros, aproximadamente.

3.1.1 Escopo do sítio experimental

Fig. 3.1(A) – 3.1(B): Esquema do Experimento ATTO-CLAIRE (IOP-1/2012), (2o8’32.42”S;

59o0’3.50”W, ALT 131 m). Obs.: Sem escala.

3.1.2 Mapa do sítio experimental

Fig. 3.1(C) – 3.1(D) (superior e inferior). Mapa da Reserva de Desenvolvimento

Sustentável do Uatumã – AM, Brasil. Localização topográfica da torre Projeto

ATTO_CLAIRE (IOP-1), determinada pela Shuttle Radar Topography Mission (SRTM).

(Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK, NASA, 2012).

3.1.3 Topografia e Hidrologia do sítio experimental

Fig. 3.1(E) – 3.1(F). Platô do sítio experimental ATTO-CLAIRE (IOP-1 / 2012) na Reserva

de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã – AM, dentro da bacia amazônica

(circundada). Observa-se na Figura em destaque que a cor mais escura preta (menores

elevações) que são os rios, sendo o mais largo o Rio Uatumã e a cor mais clara (maiores

elevações). Em destaque a rede hidrológica da bacia com resolução de 500m (Fonte:

UEA – INPA – LBA – MAX PLANCK; SRTM – USGS-NASA, WWF, 2012).

3.1.4 Os Metadados

Tabela 3.1. Instrumentação de medidas de fluxos turbulentos no sítio ATTO_CLAIRE

(LBA_INPA_UEA_MAX PLANCK) (IOP-1), durante o período de observação (Fevereiro de

2012 – Setembro de 2012). Sendo as componentes da velocidade do vento (u, v, w) m.s-1;

A velocidade sônica (C) m.s-1; As temperaturas sônica, virtual e do ponto de orvalho (T, Tv

e Td) oC ± 0,15o C; A direção do vento (|Dir V|) 0 – 259o ± 3o (12 m.s-1); O módulo da

velocidade média (|v|) m.s-1; A pressão barométrica (P) hecto pascal – hPa ± 0,5 hPa; A

umidade relativa do ar (RH) % RH ± 0,8% (23º C); Carga da Bateria (BAT) V= volts.

(Fonte: UEA – INPA–LBA – MAX PLANCK, 2012).

1Torre de Fluxos Turbulentos (IOP-1) WindMaster, Gill Instruments Ltd, UK.

2Torre de Fluxos Turbulentos (IOP-1) MetPak, Gill Instruments Ltd, UK.

3Torre de Fluxos Turbulentos (IOP-1) WindSonic, Gill Instruments Ltd, UK.

3.2 Método Estatístico

As componentes do vento e foram determinadas pela definição da velocidade do

vento médio ( ) na direção do escoamento horizontal médio, mas não aplicando a

correlação de inclinação vertical, mantendo inalterada a componente do vento. Um

recurso que foi usado é o do processamento digital com tempo de 600 s, seguido

sugestão de Lloyd et. al. (1984); Baldocchi e Meyers (1988) para separação dos termos

de tendências e flutuações ( ). Pode-se comparar os termos de flutuação

diretamente com as estatísticas de grandeza de segunda e ordens superiores.

Frequentemente a estatística básica é o padrão para descrever a turbulência em cada

nível de observação. A movimentação vertical do ar sobre a copa das árvores é mostrada

através de médias e variâncias para identificar como a turbulência estrutura-se em

qualquer posição. Igualmente, a covariância indica que a movimentação do vento está

associada com o transporte de momentum horizontal, assimetrias (skewness) e curtoses,

consequentemente mostrando que esta variância da movimentação do ar é dominada por

movimentação rápida, intermitência e vórtices descendentes.

Os dados brutos de 10 Hz, 4 Hz e 1 Hz foram submetidos a cálculo de médias das três

componentes do vento ( ), como também a variância e a covariância, bem como as

assimetrias (skewnesses) e as curtoses, na relação de Z/h = 2,08, na subcamada rugosa

da floresta no ATTO. Os dados foram normalizados para inferir parâmetros como o vento

médio com altura da copa das árvores (u/u’(h)); o fluxo de momentum, com a

velocidade do vento de fricção ( ; que equivale no topo da torre =

topo)1/2; para a altura da torre de h=80 m, os desvios padrões, = 1/2 / e , =

1/2 / , o coeficiente de correlação entre , = / ) e as assimetrias

(skewnesses) de , Sku e Skw (por ex.: / ) e finalmente as curtoses de ,

(por ex.: / ), Kaimal e Finnigan (1994); Bolzan (2000); Kruijt et al. (2000). Os

cálculos foram utilizados para determinação dos perfis da componente vertical do vento,

como também, para criação de diagramas de caixa (boxplot) para evidenciar a variação

entre médias e medianas para diferentes alturas, indicando dispersão, assimetria e

correlação entre a componente vertical do vento e a temperatura dentro e sobre o dossel

da vegetação.

3.3 Método das Covariâncias

Com o Método das Covariâncias foi possível comparar os termos de flutuação

diretamente com as estatísticas de grandeza de segunda e mais ordens. A estatística

básica foi usada como padrão para descrever a turbulência em cada nível de observação.

A movimentação vertical do ar sobre a copa das árvores é mostrada através de médias e

variâncias para identificar como a turbulência estrutura-se em qualquer posição.

Igualmente, a covariância indicou que a movimentação do vento está associada com o

transporte de momentum horizontal, skewness e curtoses, consequentemente que esta

variância da movimentação do ar, é dominada por movimentação rápida, intermitência e

vórtices descendentes consequentemente a natureza da turbulência.

Neste trabalho houve uma rotina de selecionar as variáveis de estado da atmosfera,

inclusive o seu caráter turbulento para realização das medidas. O Método da Covariância

de medidas diretas com aplicação das constantes empíricas da componente do vento (w)

e da temperatura virtual (T), dispondo das equações básicas (Tab. 3.2), seguindo método

de Foken, (2008). Foi determinado através de análise estatística, médias, flutuações,

desvio padrão, correlação, coeficiente de arrasto para posterior construção dos gráficos

de Análise de Quadrante, Regressão Linear, Espectro Global de Ondeleta e Espectro de

Energia;

Tabela. 3.2 – Equações Básicas de Fluxo, segundo Burba e Anderson, 2010.

A covariância da componente vertical da velocidade do vento (w) e uma componente

horizontal do vento ou de um escalar (x) e da temperatura virtual (T) que pode ser

determinada pela, (Eq. 3.1).

(3.1)

As medidas em alta frequência foram amostradas, nas faixas de 10 Hz, 4 Hz e 1 Hz. A

instrumentação utilizada foi o anemômetro ultrassônico, ou seja, estes equipamentos

fornecem também a temperatura sônica (bem próxima da temperatura virtual). O fluxo

calculado neste trabalho com esta temperatura é o fluxo de calor sensível (Eq. 3.2)

(Foken, 2008).

(3.2)

Sendo, QHB o fluxo de calor sensível em W m-2 e Tv a temperatura virtual em kelvin (K)

(Foken, 2008).

3.4 A Transformada em Ondeleta (TO)

A Transformada de Fourier (TF) é uma ferramenta útil para estudar o espectro de

potência (variância) de uma série temporal estacionária, porque ela fornece uma

distribuição de densidade espectral que identifica as "energias" associadas às

frequências e suas relativas contribuições para a série temporal, mas não mostra

informação a respeito de sua localização temporal. De acordo com Gasquet e Witomski

(1990), a TF consiste apenas numa transformada "global". Portanto, para um sinal x(t),

uma “transformada estacionária” natural é a TF, definida por:

dtetfF ti )()( (3.3)

onde )(tf é o sinal a ser analisado.

O problema da TF é, portanto, a incapacidade de analisar sinais não-estacionários. Esta

dificuldade foi percebida por Gabor, que em 1946 introduzir um parâmetro de “frequência

local” (local no tempo) tal que a TF local, aplicada através de uma janela, operaria em um

sinal que era aproximadamente estacionário em dado intervalo, o que posteriormente

ficou conhecida como Transformada de Fourier Janelada (TFJ). Entretanto, o método da

TFJ de Gabor tinha uma dificuldade, a janela era fixa, o que restringia a aplicabilidade do

método a escalas previamente escolhidas. A solução do problema consistiu numa

inovação revolucionária, introduzir uma janela “variável” a qual, tal qual uma sanfona,

pudesse se dilatar ou se comprimir dependendo da escala de análise (Gasquet e

Witomski, 1990). Isto foi realizado por Morlet na década de 80, no que passou a ser

chamado de Transformada em Ondeletas (TO) (Farge, 1992). Meyer (1990) demonstrou

as condições de ortogonalidade deste novo operador matemático, oferecendo condições

seguras para a aplicação da nova técnica.

O termo ondeleta refere-se a um conjunto de funções com forma de pequenas ondas

geradas por dilatações, ( ) ( )t t 2 , e translações, ( ) ( )t t 1 , de uma função

geradora simples ( )t , a ondeleta-mãe. Esta deve ser quadraticamente integrável dentro

de um intervalo de tempo real ou espaço L2 , isto é, deve apresentar energia finita. A

imposição de que a sua energia média seja zero, constitui a condição de admissibilidade

da função. Matematicamente, a função ondeleta numa escala a e posição b é expressa

por:

a

btatba

2/1

, )( (3.4)

onde a e b são reais e a>0. Note-se que a equação (3.4 e 3.5) inclui o termo de

normalização a1 2/ . A transformada em Ondeletas é definida por:

dt

a

bttf

abafW )(

1,

2/1 (3.5)

onde a função temporal f(t) constitui a série de dados a ser analisada. Observe que as

equações (3.4) e (3.5) são semelhantes, a diferença consiste apenas no chamado núcleo

(kernel, em inglês) das equações, ou seja, na TF o núcleo é dado por uma função

exponencial e na TO é dada por uma função ondeleta.

Para a TO há a possibilidade de utilizar diferentes tipos de funções ondeletas,

dependendo apenas da necessidade. Por isso, estes diferentes tipos de funções

ondeletas podem ser classificadas em dois grandes grupos, são elas: as ondeletas

contínuas e as ondeletas discretas. Dentre as ondeletas discretas mais conhecidas estão,

a de Haar (Gao e Li, 1993), a de Meyer, (Mak, 1995) e a biortogonal (Daubechies, 1992).

A ondeleta contínua mais conhecida é a de Morlet, a qual sendo complexa permite

também a análise da fase e do módulo do sinal (Farge, 1992). A ondeleta do chapéu-

mexicano (Davis et al., 1994; Farge et al., 1996; Chen et al., 1997), também é muito

mencionada na literatura, mas geralmente é operada sem parte complexa. Entretanto,

para este trabalho será utilizada a função ondeleta de Morlet e, por isso, merece uma

atenção maior a seguir.

A função de Morlet é uma ondeleta complexa, que fornece muitas informações sobre o

sinal, tais como módulo e a fase (Farge, 1992; Weng e Lau, 1994; Lau e Weng,1995).

Esta função tem a seguinte forma:

)2/(

2

)(ttiK

eet

(3.6)

A Figura 3.2 mostra gráficos desta função, para sua parte real e sua parte imaginária,

para 5K .

Fig. 3.2 – Função corresponde à parte real (esquerda); parte imaginária (direita) da

Ondeleta de Morlet, considerando-se KΨ = 5 . (Fonte: Bolzan e Rosa, 2010, p 53 e p 55).

Com a escolha da Transformada em Ondeleta de Morlet e com medidas das séries

temporais de 600 s, para obtenção de espectro de potência de ondeletas da temperatura

e espectro global de ondeleta, foram obtidos resultados dentro de grau de confiabilidade

de 95% dos fenômenos observados.

3.5 Análise de Quadrante

Antonia, (1981), Raupach, (1996), Katul et al., (1997), Pope (2000) e Foken et al., (2012)

sugerem que para estudar escoamentos turbulentos em eventos associados a ejeções ou

intrusões de vórtices caracterizados por estruturas coerentes, pode ser feito pela análise

de quadrante. O estado da arte deste método, descrito Bolzan et al., (1998), permite

correlacionar duas grandezas através de um sistema cartesiano, ou seja, fazer um gráfico

onde, no eixo das abscissas, está associado a componente horizontal do vento (x = u) e

no eixo das ordenadas, está associado a componente vertical do vento (y = w), ou ainda, x

= T e y = w (onde u é a flutuação turbulenta da velocidade do vento na direção ao longo do

escoamento; w a flutuação da velocidade vertical e T é a flutuação de temperatura), de

acordo com o que se quer estudar. Caramori et al., (1994), Bolzan et al., (1998) e Prasad

et al., (1998) esclarecem que os quadrantes têm melhores definições, quando

identificados: excesso “para cima” de um fluxo estudado, ou excesso “para baixo”, ou

ainda déficit “para cima” e “para baixo”, conforme mostrado na (Figura. 3.3).

Fig. 3.3: Definição de ejeções e intrusões para fluxo de calor (condições instáveis) e

momentum, (x = w e y = u, em geral). Eventos nos quadrantes II e IV definem intrusões e

ejeções para o fluxo de momentum, enquanto nos quadrantes III e I, definem intrusões e

ejeções para o fluxo de calor, (x = w e y = T, em geral), sob condições instáveis.

Com base nos estudos de Bolzan (2002), realizou-se uma análise sobre os “agregados”

cuja primeira modalidade de análise de quadrante, verificou-se os quadrantes dominantes

para os fluxos de calor e momentum, e como isso se comporta em níveis distintos de

alturas medidas, sob diferentes condições de estabilidade atmosférica (Fig.3.4). A

Segunda modalidade realizou-se análise de rotação simples sobre as médias dos

agregados para estabelecer confiabilidade das ejeções e intrusões para os fluxos.

Fig. 3.4 –“Lapse Rate” e a análise de quadrante do fluxo de calor sensível. (Adapatado

de Roland B. Stull, Meteorology for Scientists and Engineers,2000).

Fig. 3.5 – Painel agregados para Análise de Quadrante de Fluxo de Momentum para

condições estáveis, em diferentes alturas. (Fonte: UEA-INPA-MAX PLANCK, 2012).

Fig. 3.6 – Painel com agregados para Análise de Quadrante de Fluxo de Momentum para

condições estável e instável, respectivamente. Mostrando a tendência de regressão linear

entre 1º. / 3º. Quadrantes e 2º. / 4º. Quadrantes, respectivamente. (Fonte: UEA-INPA-

MAX PLANCK, 2012).

CAPÍTULO 4

Resultados e Discussão

Neste Capítulo são apresentados os resultados com cincos formas de gráficos utilizando

os dados dos dez anemômetros ultrassônicos que equiparam a torre de 80 m e que

possibilitaram descrever o campo de escoamento turbulento e acima da floresta em

microescala (Experimento ATTO-CLAIRE-IOP/2012). Todavia, deve-se ressaltar que estes

são resultados preliminares, referentes apenas a uma campanha de medições. Conforme

mencionado anteriormente, estes dados apresentaram condições meteorológicas bastante

variáveis, daí a cautela que se deve ter no que se refere a considerá-los como

representativos da interface das estações úmida / seca.

4.1 Perfil de vento e Ponto de Inflexão

Apresentar-se-á uma descrição do cenário, iniciando na Figura 4.1 que fornece

informações do dia 58 Juliano de 2012, às 02:00 HL, quando ventos associados a uma

velocidade de até 15 km/h, distorcem a forma da copa, abrindo temporariamente lacunas

sobre a floresta amazônica no sítio ATTO, na RDS Uatumã, induzindo movimentação

ondulatória sobre e dentro do dossel da floresta. Este efeito reflete na dinâmica do dossel,

principalmente na subcamada rugosa, geralmente, produzindo um comportamento típico

do local para o ponto de inflexão do perfil da velocidade vertical do vento, captado por dez

(10) anemômetros ultrassônicos (2D, duas dimensões e 3D, três dimensões). Sobre este

perfil foi forçado um ajuste polinomial através do processo dos mínimos quadrados,

mostrando um perfil na forma de “S” (esse). Estas importantes características da

turbulência que incluem o efeito dinâmico da mudança instantânea causada pela tensão

de cisalhamento, ou seja, pela rápida troca na direção e velocidade do vento, assinala

entre os níveis 23 m e 36 m, um gradiente de pressão adverso, adjacente nestes pontos.

Fig. 4.1: Perfil vertical da velocidade do vento para o dia 27/02/2012.

Para a localidade foi observada que a altura das árvores encontra-se entre 40 e 45 m, o

índice de área foliar (IAF) variando entre 5 m2.m-2 e 6 m2.m-2. Entretanto na Figura 4.2, o

ponto de inflexão do perfil da velocidade vertical do vento estar entre 50 m e 62 m, as 10

HL, demonstrando que a forçante térmica (aquecimento da copa florestal) começa a

sobrepor-se a forçante mecânica de cisalhamento do vento. Conforme a forçante térmica

cresce, o ponto de inflexão sobe para alturas maiores.

Fig. 4.2: Perfil vertical da velocidade do vento para as 10 HL, para o mesmo dia da Figura

4.1.

O diagrama de caixa (boxplot) da Fig. 4.1 mostra pouca variação entre médias e

medianas entre as diferentes alturas amostradas, indicando que a dispersão (spread) se

manteve estável, assim como as assimetrias (skewness) dos dados observados. Foram

identificados valores de outliers, nos extremos superiores, abaixo da copa, denotando a

baixa correlação, que é possivelmente atribuída a forte absorção de momentum pelo

dossel e galhos, exibe também, uma transferência da quantidade de movimento para

baixo, diminuindo a turbulência. A Fig. 4.2, trás as variações das medianas distintas e os

outliers nos extremos superiores em mais altos níveis, sugerindo que a convecção

começa a predominar sobre o cisalhamento de vento, por nós já comentados.

Tanto as Figuras (4.1) e (4.2), identificam a perda de momentum através da transferência

de turbulência na camada limite superficial, pelos galhos da vegetação, sendo esta perda

de momentum proporcional à velocidade média quadrática local que é uma condição

análoga à definição do coeficiente de arrasto para a superfície rugosa, consequentemente

a formação de estruturas coerentes tipo “rolos”, que são percebidas através do perfil

vertical da velocidade do vento, nas alturas determinadas.

A Fig. 4.3 mostra a análise de quadrante da contribuição relativa do fluxo de calor

sensível para a altura 78 m no dia 58 Juliano 2012 (10 HL), seguindo a metodologia de

Caramori (1994) e Bolzan (1998). Esta figura apresenta forte ascensão do transporte de

fluxo de calor sensível entre os quadrantes 1 e 3 (ejeção e intrusão) para condição

instável, nesta altura. Na condição de instabilidade, as flutuações de T e w têm o mesmo

sinal, de forma a gerarem fluxos de calor sensível dirigidos para cima (da copa para a

atmosfera), ficando clara a influência da condição atmosférica para o fluxo de calor

sensível sobre a forma da configuração dos agregados, como deveríamos esperar. Isto

pode ser também compreendido, a partir da análise das condições atmosféricas

(dia/noite), sugerida por Stull (1988) quanto à observação do gradiente de temperatura

potencial (lapse rate) dado por e o efeito convectivo (Fig. 3.4).

Fig. 4.3: Análise de quadrante para o fluxo de calor para as 10 HL ( 27/02/2012) na altura

de 78 metros. Na Figura da esquerda nota-se um procedimento geométrico de uma

rotação principal dos eixos originais de coordenadas (w e T) em torno de suas médias.

A Figura 4.4 valida as Figuras (4.1), (4.2) e (4.3), através de captação de sinais

geoestacionários na frequência de 10 Hz de dados obtidos por instrumento de resposta

rápida “Solent”. Observe que no gráfico da Figura (4.4) a série temporal da temperatura

na altura de 78 m no dia 28 Juliano de 2012, as 10 HL, possui crescimento significativo

da amplitude a partir de 200 s, na série, e se mantém até o final da observação em 600

s, além de estruturas em forma de rampa, denotando formação de estruturas coerentes.

O espectro de potência de ondeleta, registra picos de maiores intensidade energéticos

entre o intervalo de 200 s até 450 s, dentro do cone de confiabilidade, que insere o

intervalo de período de 4 s a 16 s, mostrando uma ressonância nas respostas dos

diferentes gráficos apresentados.

Fig. 4.4: Análise de TO aplicada a uma série temporal de temperatura as 10 HL, a 78

metros de altura durante o experimento ATTO-CLAIRE (IOP-1/2012).

A presença das chamadas estruturas coerentes (EC) no escoamento turbulento sobre

uma superfície rugosa, são percebidas através da construção de perfis verticais da

velocidade do vento (Figuras 4.1 e 4.2). Estes apresentaram o conhecido ponto de

inflexão, admitindo que a variação da altura do ponto de inflexão, pode trazer como

consequência a variação da escala temporal (dia 58 Juliano de 2012, às 02:00 HL e 10:00

HL) de ocorrência de estruturas coerentes no campo térmico, fenômeno extremamente

concernente aos fluxos turbulentos de calor sensível. Os resultados mostraram uma curva

no formato “esse” (S), porém, as incertezas deste dificultam um modelo único de perfil

vertical da velocidade do vento. Nos boxplot anexos as Figuras (4.1 e 4.2) os

espaçamentos entre as diferentes partes do diagrama de caixa, ajuda a indicar o grau de

dispersão (“spread”) e assimetria (“skewness”) dos dados, enquanto os outliers, indica a

baixa correlação na transferência de momentum pela turbulência presente, prejudicando a

interpretação dos resultados. Contudo sua importância reside na universalidade das

constantes envolvidas. Também, verifica-se a inexistência de uma teoria geral, válida para

todos os tipos de superfícies rugosas horizontais. A análise de quadrante, relacionando a

componente da velocidade do vento na direção vertical (w) e temperatura (T), aplicada

aos dados obtidos por instrumentos de resposta rápida foram amostradas

simultaneamente com medidas em dez alturas diferentes (Fig. 4.3) pelo método das

covariâncias (Eddy Covariance), foi utilizada com finalidade de identificar a formação de

estruturas coerentes. Os quadrantes dominantes a concentração de agregados se

localizaram principalmente nos quadrantes 1 e 3, ou seja, entre ejeção e intrusão, tanto

para os fluxos de calor como para o momentum. Além disso, suas distribuições variaram

sob condições de estabilidade atmosférica, verificando uma tendência de estar refletindo

a existência de estruturas coerentes na forma de "rolos", gerados pela chamada

instabilidade do ponto de inflexão (Fig. 4.6). A utilização da Transformada em Ondeleta de

Morlet (Fig. 4.4) permitiu notar, a partir de 200 s até 350 s, um crescimento do efeito

convectivo fornecido pelo aquecimento do dossel. Tal fenômeno teve um período de 150

s. Pode ser visto também períodos menores que 16 s ocorrendo, mas de maneira

bastante intermitente, ou seja, períodos que ocorrem durante escalas de tempo sem

nenhuma periodicidade. Também, as estruturas coerentes podem ser bem melhor

visualizadas pelo painel (Fig. 4.5), em três alturas distintas durante o período de transição

ao amanhecer.

A Fig. 4.11, mostra uma painel com três diferentes alturas em três diferentes horários na

reprodução do mesmo fenômeno, caracterizando a natureza da turbulência em uma

floresta de terra firme na Amazônia Central.

Fig. 4.5 – Painel de Transformadas em Ondeletas, que evidenciam a forma de estruturas

coerentes (tipo: rampa ou rolos) para três níveis de alturas (30 m; 41 m e 78 m), ou seja,

acima e dentro do dossel da floresta no ATTO. (Fonte: UEA-INPA-MAX PLANCK, 2012).

4.2 Vorticidade e Rotação

Na Figura 4.7 é mostrada uma versão esquemática do experimento ATTO_CLAIRE (27

FEV 2012/ 10:03:33 GMT) e uma imagem da torre (84 m), IOP-1, na RDS – Uatumã – AM

/ Brasil. (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK - 2012). Os dados mostram a elevação

da energia cinética turbulenta (ECT), para a manutenção da turbulência coerente em três

nível, registradas nos anemômetros ultrassônicos 3D. A partir do nível mais baixo, o

crescimento ocorre em aproximadamente 1,7 vezes maior até o segundo nível e de

aproximadamente 3,0 entre o primeiro e terceiro nível, tendo como referência a base da

torre. Porém, esta dinâmica turbulenta indica a formação de estruturas coerentes nos três

níveis, como pode ser evidenciado no acoplamento, mostrado por análise de quadrante

na Figura 4.8 Sendo estas formações do tipo “rolos”, emparelhadas, já discutidas por

Hussain e Clark (1981). Schoppa e Hussain, (2002) citam que estruturas com este

formato de emparelhamento de vorticidade e fase podem ter o comportamento de

separação, em duas ou mais partes, como pode ser percebido na Figura 4.8, embora ECs

em termo de vorticidade coerente ainda sejam foco de muitas controvérsias.

Naturalmente, uma EC é uma entidade estatística, resultado do alinhamento de fase da

média de conjunto de uma estrutura, contendo grande número de realizações, (Hussain,

1986).

Fig. 4.6 – Existência de estruturas coerentes do tipo “rolos” e “rampas” decorrente das

instabilidades do ponto de inflexão do perfil vertical do vento sobre o dossel (41 m) no dia

58 Juliano 2012, as 09:56:27 HL. Em destaque descrição do fenômeno, segundo Bolzan,

2002 (Fonte: UEA-INPA-MAX PLANCK, 2012)

Fig. 4.7: Versão esquemática e imagem fotográfica dos anemômetros ultrassônicos 3D

em suas respectivas alturas de 30m, 41 m e 78 m no experimento ATTO_CLAIRE (27

FEV 2012/ 10:03:33 GMT); IOP-1, na RDS – Uatumã – AM / Brasil. (Fonte:

UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK - 2012).

Fig. 4.8: Evolução de estruturas coerentes em três diferentes níveis (30 m; 41 m; 78 m),

no experimento ATTO_CLAIRE – IOP-1 / 2012. (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK,

2012).

Fig. 4.9: Cascata de iso-vorticidade e fase em estruturas coerentes, aqui representadas

interpretando o comportamento associado a turbulência de quase-duas dimensões, ou

seja Enstrofia*, visto na Fig. 4.8, por análise de quadrante em suas respectivas alturas

(Fonte: Adaptado de Hussain, 1986, pág. 333; Lesieur, 2008, pág. 347).

O esforço para compreender estas estruturas da Fig. 4.8, a partir de Corino e Brodkey,

(1969), Wallace, (1972), Hussain, (1986), Bolzan, (1998), para os agregados

predominantes (w’T’), é possível pelo desempenho da vorticidade coerente, como é

mostrada na Figura 4.9. Contudo, um melhor esclarecimento destas estruturas para os

diferentes níveis podem ser mais bem caracterizada através do painel da Fig. 4.10, para o

mesmo horário das Figuras 4.7 e 4.8. Para estimar a variabilidade temporal da energia

por escala (freqüências ou períodos), foi utilizada a TO, que permite capturar o

comportamento oscilatório dos dados frequência e tempo do sinal atmosférico, (Torrence

e Compo, 1998, Flinchem e Jay, 2000).

(*) média quadrada de vorticidade (Stull, 1988, pág. 532); termo introduzido por C. Leith, em Grego moderno

para o significado análogo do operador rotacional - nabla (Frisch, 1995, pág 20).

Fig. 4.10: Painel em três níveis (78 m; 41 m; 30 m), no dia 58 juliano 2012 (14:03:33

GMT) no experimento ATTO_CLAIRE-IOP-1/2012), trás, a série temporal da temperatura

de 600 s, acoplada ao espectro de potência de ondeleta da temperatura. (Fonte:

UEA_INPA_LBA_MAX PLANK, 2012).

Na Fig. 4.10, observa-se no nível de 30 m, informação sobre formação de estruturas

coerentes dentro do parâmetro, período - tempo, nos intervalos de período de 4 a 8 s

(tempo de 45 a 60s); 8 a 16 s (tempo de 220 a 250 s); e período de 16 a 32 s (tempo de

350 a 450 s). No nível de 41 m, estruturas coerentes, são identificadas nos períodos de

16 a 32s (tempo de 300 a 320 s; e 450 a 470 s). No nível de 78 m, no período de 4 a 64 s

(tempo de 200 a 300 s); logo, o transporte de momentum e calor, por estruturas coerentes

são visualizados, dentro do sincronismo estabelecido das Figuras 4.8, 4.9 e 4.10.

A instabilidade vista na série temporal da temperatura (600 s) e do espectro de potência

de ondeleta da temperatura (Fig. 4.10) é de natureza não linear dentro do escoamento do

fluxo turbulento, na camada limite superficial, que pode ter várias causas: (a) a existência

de mecanismo de atuação, em cada um dos episódios relacionados, que é a não

estacionaridade do fluxo turbulento nos níveis estudados; (b) a posição das estruturas

coerentes flutuantes que suportam a ondulação é altamente variável, de modo que, o

instrumento na posição descrita, identifica esta estrutura, com dificuldade de

interpretação, dentro do fluxo coerente; (c) a EC flutuante ocupa apenas uma pequena

fração do total da coluna de ar atmosférico, tendo comprimento de onda finito e uma

possível camada superficial supercrítico, (Hussain, 1986); (d) a força do vento no

processo de escoamento acima e dentro do dossel, origina outras formas de turbulência

não coerente que pode invadir a faixa da turbulência coerente, forçando a não

estacionaridade do fluxo de movimento. Desta forma, a melhor interpretação, foi através

da transformada em ondeletas de Morlet do espectro de potência, visto que funciona

adequadamente para sinal atmosférico não estacionário (Torrence e Compo, 1998).

A característica de formação de estrutura coerente, no transporte turbulento de

momentum de calor, dentro e acima de uma floresta de terra firma, também pode ser bem

observada, no painel da Fig. 4.11, no dia 105 Juliano de 2012 (POI-1 /2012), mostrando

as flutuações coerentes nos primeiros horários, sobre forte influência mecânica, enquanto

no último horário (série temporal), a convecção torna-se predominante na formação

destas estruturas.

Fig. 4.11: Painel de observação de três horas (ininterruptas) de estrutura coerente no

transporte de momentum e calor, através da transformada em ondeleta de Morlet durante

IOP-1 / 2012, do experimento ATTO_CLAIRE, no dia 105 Juliano 2012. Obs.: Os horários

internos nas figuras são em HL (hora local). (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX PLANCK, 2012).

Fig. 4.12 – Painel de Transformadas em Ondeletas – 58 JULIANO (2012) – ATTO : 78m;

41m; 30m - 00:03:33 HL / 06:03:33 HL / 12:03:33 HL. (Fonte: UEA_INPA_LBA_MAX

PLANCK, 2012).

4.3 Isossuperfície de vorticidade turbulenta quase-2D (Enstrofia )

Para explicar os casos observados através do espectro de energia no experimento ATTO-

CLAIRE (IOP-1) em que a energia que excita (denominada de “fonte”), o número de onda

(baixo ou alto) na CLS que foram de natureza complexo devido a não linearidade do

evento, poderão ser entendido em três diferentes faixas dentro do espectro de energia

que envolva onda e turbulência, seguindo a literatura de Stull, (1988), Lesieur (2008) e

Wyngaard, (2010), nas Figuras. (4.13, 4.14, 4.15 e 4.16).

Fig. 4.13: Evolução temporal de redemoinhos caracterizada por isossuperfície, em 78 m

no dia 58 juliano 2012, as 10 HL – ATTO-CLAIRE. Representação tridimensional de uma

estrutura com média composta de um grande número de eventos identificados com um

fluxo de calor , sobre o dossel, ou seja, na vizinhança da copa floresta, com

domínio da vorticidade no plano (x-y), ou seja, (Eq. 2.8), = xv. A intensidade da

turbulência é mostrada através de isossuperfície, em espectro de cor que varia de

tonalidades mais escuras (pretas) associadas a intrusão, até as mais claras (amarelas)

que representam a região de ejeção de . O escoamento no plano horizontal (x-y)

constitui-se na Enstrofia. (Adaptado a partir de J. J. Finnigan, R. H. Shaw e E. G. Patton,

em Turbulence structure above a vegetation canopy, 2009)

O primeiro, quando é baixo o número de onda a fonte excitadora (isto é, vórtice grande),

tem o argumento da similaridade na Lei da Potência de -1, a partir da Eq. (2.4)

minimizada na Eq. (4.1) (Lesieur, 2008), (Fig. 4.11 – tópico “C”, Fig. 4.15 e Fig. 4.16).

E() -1 ou k.E() 0 (4.1)

Sendo, E() a energia do espectro que é proporcional ao número de onda .

Fig. 4.14 – Espectro Global de Ondeleta para as variâncias das componentes (w’) do

vento e da Temperatura (T’) sobre a copa do dossel. (A) = Subdomínio de Flutuação. (B)

= Subdomínio Inercial. (C) = Turbulência sem forçante externa, decai em função da

dependência do expoente “infravermelho” da turbulência. (D) = Flutuabilidade do Número

de Onda. Traço Vermelho ajuste do espectro. Traço Azul espectro real. (Fonte: ATTO-

CLAIRE/IOP-1, 2012).

A segunda é quando a fonte excitadora do número de onda no subdomínio de médios

vórtices, ou seja, de duas dimensões (2D), ocorre em virtude dos vórtices de 2D,

produzirem uma supressão da estabilidade da movimentação vertical, induzindo a

turbulência no plano a não ter transferência de energia cinética turbulenta (ECT), no

espectro de energia, mas sim depender da Enstrofia (quadrado da vorticidade média). A

argumentação do “scaling” da Lei de Potência é de -3, para este estado, está descrita na

Eq. (4.2) (Fig. 4.14 – tópico D, Fig. 4.14 e Fig. 4.16).

E() -3 ou .E() -2. (4.2)

Para os vórtices médios.

O terceiro acontece quando o subdomínio de flutuação do número de onda é definido pelo

inverso da escala de Ozmidov (faixa de 10 a 100 m) (Stull, 1988) que separa o

subdomínio de flutuação (número de onda médio) do subdomínio inercial (número de

onda alto). Em alto número de onda o número de flutuações dos vórtices não derruba

diretamente a estabilidade estática, embora a turbulência seja de 3D, cuja Lei de Potência

é -5/3 (Wyngaard, 2008), para o intervalo do subdomínio inercial, ou seja, expressa na Eq.

(4.3) (Fig. 4.14 – tópico “A”, Fig. 4.15 e Fig. 4.16).

E() -5/3 ou k.E() -2/3

. (4.3)

Fig. 4.15. Painel de Análise de Quadrante, Espectro Global de Ondeleta e o Espectro de

Energia (w’ e T’), para o dia 58 Juliano 2012, as 10 HL. Da esquerda para direita as

colunas estão dispostas para as alturas de 78 m, 41 m e 30 m. Observa-se a tendência de

ejeção e intrusão entre os quadrantes nas três figuras superiores, o Espectro Global de

Ondeleta e o Espectro de Energia, mostram as características da turbulência acima, sobre

e dentro do dossel. (Fonte: ATTO-CLAIRE/POI-1, 2012).

Dentro do subdomínio de flutuação as variações mais relevantes de força são NBV e

para E(), e NBV a frequência de Brunt-Väisälä, para o valor de -3 (Lei de Potência) na Eq.

(4.4), (Fig. 4.14 – tópico”A” e “D”, Fig. 4.15 e Fig.4.16), cuja explicação recai sobre a

Enstrofia (Fig. 4.13) (Stull, 1988).

E() (NBV)2. (4.4)

Fig. 4.16 - Espectro de Energia das componentes da velocidade do vento (w’) e da

Temperatura (T’), no dia 58 juliano 2012 as 10 HL, com assinatura da turbulência por

Enstropia. (Fonte ATTO-CLAIRE/POI-1, 2012).

Entre os subdomínios de flutuação e inercial existe um espaço (em inglês “gap”) (Fig.13).

Este espaço é mais aparente no espectro de temperatura potencial (Stull, 1988). Uma

possível explicação segundo Kaimal e Finnigan (1994), é que o “gap” acontece quando a

energia transferida do subdomínio de flutuação para o subdomínio inercial (Fig. 4.14 –

tópico “B”, também pode ser visto, nas Figuras 4.15 e 4.16) é em baixo número de onda e

é bloqueada na região sendo assim, conduzida para o pico mais próximo da flutuação

do número de onda.

Espectro atmosférico real pode ser mais afetado por diferentes comprimentos de onda,

relativamente fortes, contudo Mahrt e Gamage (apud Stull, 1988) argumentam que

forçantes de mesoescalas podem dominar em baixos números de onda.

CAPÍTULO 5

Conclusões e Recomendações

Os resultados deste trabalho, cujo objetivo era investigar as características da turbulência

(no transporte e na dissipação de calor e massa), numa floresta de terra firme na

Amazônia Central, indicam que para esta campanha de Fevereiro a Setembro de 2012,

no Sítio Experimental ATTO-CLAIRE, os pontos mais importantes foram:

A presença das chamadas estruturas coerentes (ECs) no escoamento turbulento sobre

uma superfície rugosa da copa da floresta no experimento ATTO-CLAIRE (IOP-1/2012),

na floresta de terra firme (Amazônica Central), onde foram percebidas após o ponto de

inflexão do perfil da velocidade média do vento, por métodos estatísticos, análise de

quadrante e transformada em ondeleta. Também se observou que para os parâmetros de

frequência de 10 Hz e de Z/h = 2,08 no equipamento posicionado na altura de 78 m

(Anemômetro Ultrassônico 3D - Solent, Gill Instruments, U.K - Wind Master) mostrou

como é visível um aumento na flutuação de temperatura, caracterizando estruturas

coerentes, assim como, a utilização dos 10 equipamentos (anemômetros ultrassônicos)

análise estatística e ajuste polinomial pelo método dos mínimos quadrados, que

possibilitaram à determinação do ponto de inflexão da velocidade média do vento que

está entre 30 e 41 metros (02:33 HL) e entre 50 e 62 metros de altura às 10 (HL) no

ATTO, para estação chuvosa.

Os resultados expostos do experimento ATTO_CLAIRE (IOP-1 /2012), mostraram está

em concordância por aqueles descritos por Corino e Brodkey, (1969), Wallace, (1972),

Hussain, (1986), Katul et al. (1997) e Bolzan, (1998), segundo os quais, quando há

variação das condições de estabilidade, existe influência no tempo de duração das

estruturas coerentes associadas à ejeções, notadamente visível. Na decomposição em

quadrantes do fluxo de calor sensível, foi perceptível diferenças na formação dos

agregados em diferentes níveis, decorrentes das condições do regime da não

estacionaridade e vorticidade, dentro dos processos quantitativos na formação de

estruturas coerentes, o que parece refletir as condições atmosféricas locais e horários de

observações. A consistência da análise do sinal geofísico por transformada em ondeletas,

envolvido neste trabalho, demonstrou robustez na identificação de estruturas coerentes

tipo “rolos”, no escoamento estudado, com também demonstrado por Raupach e Thom

(1981), Raupach et al, (1996), Bolzan (2000, 2004, 2006) e Foken (2012).

E finalmente, de modo geral mostrou que a origem da turbulência desenvolvida está muito

associada à cascata de Enstrofia e é quase-2D, com predominância de vorticidade,

consequentemente se dissipam em turbulência tridimensional . Existe um colapso de

onda no espectro de energia, o que indica assinatura de Estrutura Coerente,

principalmente sobre a copa. Dentro da copa o escoamento, também se desenvolve em

quase-2D, ou seja no plano, para se dissipar em turbulência bem desenvolvida em

maiores alturas.

5.2 Como sugestões para trabalhos futuros

É importante destacar que o estudo de escoamento turbulento dentro, sobre e mais acima

do dossel de uma floresta de terra firme, na Amazônia, ainda é um assunto muito amplo e

longe de se esgotar. Este trabalho constituiu-se em uma pequena folha que se

desprendeu de uma árvore na Amazônia e caiu, ou seja, uma micro contribuição no objeto

de pesquisa deste tema, logo se faz necessário algumas recomendações para futuros

trabalho neste local:

(I) Programar a instrumentação das torres (todas) e realizar maior número de

campanhas de campo, para coletas de mais dados, inclusive durante toda

uma estação seca e úmida.

(II) Desenvolver a integração dos dados quando todas as torres estiverem

construídas, para compreender melhor os fenômenos turbulentos pontuais e

possíveis anomalias.

(III) Avaliar os resultados anteriores e confrontar com os atuais, para entender o

cenário climático e validar os estudos feitos sobre turbulência.

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Apêndice A

A.1 – Glossário

Aceleração material – aceleração de uma partícula de fluido no ponto (x,y,z) em um

escoamento no instante t. Ela é dada pela derivada material pela velocidade do fluido: D

(x,y,z,t)/Dt

Análise dimensional – um processo de análise com base exclusivamente nas variáveis

que são relevantes para o sistema de escoamento em estudo, nas dimensões das

variáveis e na homogeneidade dimensional. Após determinar as outras variáveis das

quais uma variável é de interesse depende (por exemplo, o arrasto de um carro depende

da velocidade e do tamanho do carro, da viscosidade do fluido e da rugosidade da

superfície) aplica-se o princípio da homogeneidade dimensional como teorema de Pi de

Buckingham para relacionar apropriadamente uma variável adequadamente

adimensionalizada de interesse (por exemplo, o arrasto) com outras variáveis

adequadamente adimensionalizadas (por exemplo, os números de Reynolds, a razão de

rugosidade e o número de Mach).

Camada limite Para números de Reynolds altos existem “camadas limites” relativamente

finas no escoamento adjacente às superfícies nas quais é imposto que o escoamento

esteja em repouso. As camadas limites se caracterizam por cisalhamento alto, com as

maiores velocidades longe das superfícies. A força de atrito, tensão viscosa e vorticidade

são significativas nas camadas limites. A forma aproximada das duas componentes da

equação de Navier–Stokes, simplificada desprezando os termos que são pequenos

dentro da camada limite, é chamada de equação da camada limite. A aproximação

associada, com base na existência das camadas limites fina cercada por escoamento

irrotacional ou não viscosa é chamada de aproximação da camada limite.

Campo A representação de uma variável de escoamento como uma função das

coordenadas eulerianas (x, y, z). Por exemplo, os campos de velocidade e aceleração são

vetores velocidade e aceleração do fluido , como funções da posição (x, y, z) na

descrição euleriana em um instante especificado t.

Campo de escoamento O campo das variáveis de escoamento. Em geral, este termo se

refere ao campo de velocidade, mas também pode englobar tosas as variáveis de um

campo de um escoamento de fluido.

Cisalhamento Diz respeito aos gradientes (derivadas) das componentes da velocidade

nas direções normal à componente da velocidade.

Camada de cisalhamento Uma região de escoamento quase bidimensional com

gradiente alto na componente da velocidade na direção da corrente na direção transversal

ao escoamento. As camadas de cisalhamento são inerentemente viscosas e turbilhonar

por natureza.

Força de cisalhamento Consultar tensão, tensão de cisalhamento.

Taxa de cisalhamento O gradiente da velocidade na direção da corrente na direção

perpendicular à velocidade. Assim, se a velocidade u na direção da corrente (x) varia em

y, a taxa de cisalhamento é du/dy. O termo é aplicado aos escoamento de cisalhamento,

nos quais a taxa de cisalhamento é o dobro da taxa de deformação por cisalhamento.

Coeficiente de arrasto Arrasto adimensional dado como força de arrasto de um objeto a

dimensionalizada pela pressão dinâmica do escoamento de corrente livre vezes a área do

objeto:

CD FD / p v2A

Observe que para alto número de Reynolds (Re >> 1), CD é uma variável normalizada,

enquanto que para Re <<1, CD é adimensional, mas não é normalizado (veja

normalização).

Condição de contorno Para determinar as variáveis do campo de escoamento

(velocidade temperatura) a partir das equações que regem o escoamento é necessário

especificar matematicamente uma função das variáveis nas fronteiras do escoamento.

Essas condições matemáticas são chamadas de condições de contorno. A condição de

não escorregamento que afirma que a velocidade do escoamento deve ser igual à

velocidade da superfície (parede) é exemplo de uma condição de contorno usada com a

equação de Navier- Stokes para determinar o campo velocidade.

Derivada material Os sinônimos são derivadas total, derivada substancial e derivada de

partícula. Esses termos significam a taxa de variação no tempo das variáveis de fluido

(temperatura, velocidade etc.) que se movimentam com uma partícula de fluido. Assim, a

derivada material da temperatura em um ponto (x,y,z) do escoamento no instante t é a

derivada no tempo da temperatura associada a uma partícula de fluido em movimento

localizada no ponto (x,y,z) do escoamento no instante t. Em um sistema de referência

langragiano (ou seja, um sistema de referência anexo à partícula em movimento), a

temperatura da partícula Tpartícula depende apenas do tempo, de modo que uma derivada

no tempo é uma derivada total dTpartícula (t)/dt. Em um sistema de referência euleriano, o

campo de temperatura T(x,y,z,t) depende da posição (x,y,z) e do instante t, de modo que a

derivada material deve incluir uma derivada parcial no tempo e uma derivada conectiva :

dTpartícula (t)/ dt≡ DT(x,y,z,t)/ Dt=δT/δt+ . T.

Descrição lagrangiana Em comparação com a descrição euleriana, uma análise

lagrandiana é desenvolvida a partir de um sistema de referência ligado às partículas

materiais em movimento. Por exemplo, a aceleração de uma partícula sólida na forma

padrão da segunda da segunda lei de Newton, = m é escrita em relação a um sistema

de coordenadas que se movimenta com a partícula de modo que a aceleração é dada

pela derivada no tempo da velocidade da partícula. Esta é a abordagem analítica típica

usada para a análise do movimento dos objetos sólidos.

Energia Um estado da matéria descrito pela Primeira Lei da Termodinâmica que pode ser

alterado no nível macroscópico pelo trabalho, e no nível microscópio através de ajuste na

energia térmica.

Calor (transferência) O termo “calor” em geral é usado como sinônimo de energia

térmica. A transferência de calor é a transferência da energia térmica de um local

físico para outro.

Energia cinética Forma macroscópica (ou mecânica) de energia que surge da velocidade

da matéria com relação a um sistema de referência inercial.

Energia de escoamento Sinônimo de trabalho de escoamento. O trabalho associado à

pressão que age sobre fluido em escoamento.

Energia de trabalho A integral da força ao longo da distância na qual uma massa é

movimentada pela força. O trabalho é a energia associada ao movimento da matéria por

uma força.

Energia interna Formas de energia que surgem dos movimentos microscópicos das

moléculas e átomos e da estrutura e dos movimentos das partículas subatômicas que

formam os átomos e as moléculas que existem dentro da matéria.

Enstrofia (a) Termo usado pela primeira vez por C. Leith para análise de energia (apud

Frisch, 1996; p. 20). É um termo grego designado operador rotacional (veja abaixo).

Ainda, pode ser a integral do quadrado da vorticidade, dado um campo de

velocidade. Quantidade diretamente relacionada com a energia cinética para o modelo

de fluxo que corresponde à dissipação de efeitos nos fluidos.

Enstrofia (b) é por definição ½ da norma quadrática da vorticidade.

E½ || x (v) ||2

A enstrofia é uma quantidade que mede a intensidade do rotacional de um vórtice,

independentemente da orientação desse vórtice (Stull, 1988, p. 532).

Equação de Navier-Stokes A segunda lei de Newton do momento de fluidos (ou a

conservação do momento) escrita para uma partícula de fluido (na forma diferencial) com

o tensor de tensão viscosa substituído pela relação constitutiva entre a tensão e a taxa de

deformação dos fluidos newtonianos. Assim, a equação de Navier-Stokes é simplesmente

a lei de Newton escrita para fluidos newtonianos.

Escoamento (em regime) permanente Um escoamento no qual todas as variáveis do

fluido (velocidade, pressão, densidade, temperatura etc.) em todos os pontos fixos do

escoamento são constantes com o tempo (mas em geral variam de um lugar para outro).

Assim, nos escoamentos permanentes todas as derivadas parciais em relação em relação

ao tempo são zero. Os escoamentos que não são precisamente permanentes, mas que

variam de forma suficientemente lenta com o tempo a ponto dos termos de derivada em

relação ao tempo poderem ser desprezados com erro relativamente pequeno são

chamados de quase permanente.

Escoamento irrotacional (região de) Região de um escoamento com vorticidade (ou

seja, rotação de partícula de fluido) desprezível. Também chamado de escoamento

potencial. Uma região irrotacional de escoamento também é não viscosa.

Escoamento não viscoso (região de) Região de escoamento de um fluido onde as

forças viscosas são suficientemente pequenas com relação a outras forças (em geral, a

força de pressão) exercidas sobre as partículas de fluido, de modo que nessa região do

escoamento as forças viscosas podem ser desprezadas na segunda lei de Newton do

movimento com um bom nível de aproximação ( comparar com escoamento viscoso). Ver

também escoamento sem atrito. Uma região não viscosa do escoamento não é

necessariamente irrotacional.

Escoamento viscoso Região de escoamento de um fluido nas quais as forças viscosas

são significativas com relação a outras forças (e geral, força de pressão) exercidas sobre

as partículas de fluido nessa região do escoamento e, portanto, não podem ser

desprezadas na segunda lei de Newton do movimento (comparar com escoamento não

viscoso).

Escoamento incompressível Um escoamento de fluido no qual as variações da

densidade são suficientemente pequenas para serem desprezadas. Os escoamentos

geralmente são incompressíveis ou porque o fluido é incompressível (líquidos) ou porque

o número de Mach é baixo (aproximadamente < 0,3).

Escoamento linear Um estado estável e bem ordenado de escoamento de fluido no qual

todos os pares de partículas de fluido adjacentes se movimentam ao lado uma da outra

formando laminados. Um escoamento que não é laminar é turbulento ou de transição à

turbulência, a qual ocorre acima de um número de Reynolds crítico.

Escoamento potencial Sinônimo de escoamento irrotacional. Essa é uma região de um

escoamento com vorticidade (ou seja, a rotação das partículas de fluido) desprezível. Em

tais regiões existe uma função potencial da velocidade (motivo do nome).

Escoamento turbilhonar Sinônimo de escoamento rotacional, este termo descreve um

campo de escoamento, ou uma região de um campo de escoamento, com níveis

significativos de vorticidade.

Esteira A região dominada pelo atrito localizada atrás de um corpo formada pelas

camadas limites da superfície que são levadas para trás pela velocidade de corrente livre.

As esteiras são caracterizadas pelo alto cisalhamento com as velocidades mais baixas no

centro das esteiras e as velocidades mais altas nas laterais. A força de atrito, tensão

viscosa e vorticidade são significativas nas esteiras. É importante citar que, não devemos

tratar esta forma de escoamento como randômico em todas as escalas, mas uma possível

interpretação com determinada coerência (turbilhões em fase) para as grandes escalas e

randômico para as pequenas.

Fluido Material que, quando submetido a cisalhamento, se deforma continuamente no

tempo durante o período de aplicação das forças de cisalhamento. Com contraste, as

forças de cisalhamento aplicadas a um sólido fazem com que o material se deforme até

uma posição estática fixa (após a qual a deformação pára) ou causem a fratura do

material. Consequentemente, enquanto as deformações nos sólidos em geral são

analisadas usando a tensão e o cisalhamento, os escoamentos de fluidos são analisados

usando as taxas de deformação e cisalhamento.

Fluido newtoniano Quando um fluido é submetido a uma tensão de cisalhamento ele

muda continuamente de forma (deformação). Se o fluido for newtoniano, a taxa de

deformação é proporcional à tensão de cisalhamento aplicada e a constante de

proporcionalidade é chamada de viscosidade. Escoamentos em geral (i.e.) a tensão por

um tensor de tensão. Em escoamento de fluidos newtonianos, o tensor de tensão é

proporcional ao tensor da taxa de deformação e a constante de proporcionalidade é

chamada de viscosidade. A maioria dos fluidos comuns (água, óleo, gasolina, ar, a

maioria dos gases e vapores) sem partículas ou grandes moléculas em suspensão são

newtonianos.

Força de arrasto A força de sobre um objeto que se opõe ao movimento do objeto. Em

um sistema de referência que se movimenta com o objeto, essa é a força exercida sobre

o objeto na direção do escoamento. Existem várias componentes na força de arrasto:

Arrasto induzido - A componente da força de arrasto sobre uma asa de

envergadura finita que é “induzida” pela força de sustentação e associada aos

vórtices de ponta que se formam nas pontas da asa e “escoam” para trás da asa.

Função potencial Se uma região de escoamento tem vorticidade (a rotação das

partículas de fluido) zero o vetor velocidade naquela região pode ser escrito como o

gradiente de uma função escalar, chamado função potencial da velocidade ou apenas

função potencial. Na prática, as funções potenciais são muito usadas para modelar as

regiões de escoamento nas quais os níveis de vorticidade são pequenos, mas não

necessariamente zero.

Gás ideal Um gás a uma densidade suficientemente baixa e/ou a uma temperatura

suficientemente alta para que (a) a densidade, pressão e temperatura estejam

relacionadas pela equação de estado dos gases ideais P=ρRT e (b) a energia interna

específica e a entalpia sejam função apenas da temperatura.

Conservação do momento Essa é a Segunda Lei do Movimento de Newton, uma lei

fundamental da física que diz que a taxa de variação no tempo do momento de uma

massa fixa (sistema) é balanceada pela resultante de todas as forças aplicadas à massa.

Medidas da espessura da camada limite Diferentes medidas da espessura da camada

limite como função da distância a jusante são usadas na análise do escoamento de

fluidos. São elas:

Espessura da camada limite A espessura total da camada viscosa que define a

camada limite, da superfície até a margem. É difícil definir a margem com exatidão,

de modo que a “margem” da camada limite é uma fração grande da velocidade de

corrente livre (ou seja, h99 é a distância entre à superfície e o ponto no qual a

componente da velocidade na direção da corrente é 99% da velocidade de corrente

livre ou vo). Veja Apêndice A.4.

Modelos de turbulência Modelos de relações constitutivas entre as tensões de Reynolds

e o campo médio de velocidade dos escoamentos turbulentos. Tais equações modelo são

necessárias para resolver a equação para a velocidade média. Um modelo simples e

amplamente utilizado para tensões de Reynolds é representá-las como a relação

newtoniana para as tensões viscosas, proporcionais à taxa de deformação média, com a

constante de proporcionalidade sendo uma viscosidade turbulenta ou viscosidade

turbilhonar. Entretanto, ao contrário dos fluidos newtonianos, a viscosidade turbilhonar é

uma forte função do próprio escoamento, e as diferentes maneiras pelas quais a

viscosidade turbilhonar é modelada como função de outras variáveis calculadas do campo

de escoamento constitui os diferentes modelos de viscosidade turbilhonar. Uma

abordagem tradicional para modelar a viscosidade turbilhonar é em termos do

comprimento de mistura, que é considerado como proporcional a um comprimento

dependente do escoamento.

Normalização Uma particular adimensionalização na qual o parâmetro de escala é

selecionado de modo que a variável adimensional atinja um valor máximo que é da ordem

de 1 (digamos, aproximadamente entre 0,5 e 2). A normalização é mais restritiva (e mais

difícil de ser realizada adequadamente) do que adimensionalização. Por exemplo, P/(ρV2)

discutido em adimensionalização, também é a pressão normalizada no caso de uma bola

de beisebol voando (onde o número de Reynolds Re>>1), mas é apenas a

adimensionalização da pressão na superfície de uma pequena conta de vidro caindo

lentamente através do mel (onde Re<<1).

Número de Reynolds Uma estimativa da ordem de grandeza para razão entre os dois

seguintes termos da segunda lei de Newton do movimento em uma região do

escoamento: o termo inercial (ou de aceleração) sobre o termo da força viscosa. A

maioria, mas nem todos os números de Reynolds, podem ser escritos como uma

velocidade característica apropriada V vezes uma escala de comprimento característica L

consiste com a velocidade V, dividido pela viscosidade cinemática v do fluido: Re = VL/v. O

número de Reynolds é, sem dúvida, o parâmetro de similaridade adimensional mais

importante na análise de escoamento de fluido, uma vez que ele permite uma estimativa

aproximada da importância geral da força de atrito no escoamento. Observe que para

altos números de Reynolds (Re>>1), CL é uma variável normalizada enquanto; para

Re<<1, CL é adimensional, mas não é normalizado (veja normalização). Veja também

coeficiente de arrasto.

Similaridade O princípio que permite quantitativamente um escoamento a outro quando

determina condições são satisfeitas. A similaridade geométrica, por exemplo, deve ser

verdadeira para que a similaridade cinemática ou dinâmica seja obtida. A relação

quantitativa que relaciona um escoamento a outro é deduzida usando uma combinação

de análise dimensional e dados (em gerais experimentais, mas também numéricos ou

teóricos).

Tensão Uma componente de uma força distribuída em uma área é escrita como a integral

de uma tensão sobre aquela área. Assim, a tensão é a componente de força dFi em um

elemento infinitesimal de área dividido pela área do elemento dAj (no limite dAj→0), onde i

e j indicam uma direção de coordenada x,y ou z. A tensão σij=dFi/dAj, portanto, é uma

componente de força por unidade de área na direção i na superfície j. Para obter a força

de superfície a partir da tensão, integra-se a tensão ao longo da era da superfície

correspondente. Em termos matemáticos, existem seis componentes independentes de

um tensor de tensão, em geral representados como uma matriz simétrica 3x3.

Tensão de cisalhamento Uma tensão (componente de força por unidade de área) que

age tangente à área. Assim, σxy, σyx σxz, σzx, σyz e σzy são tensões de cisalhamento. A força

de cisalhamento sobre uma superfície é a força resultante da tensão de cisalhamento,

dada pela integração da tensão de cisalhamento sobre a área da superfície. As tensões

de cisalhamento são os elementos fora da diagonal principal do tensor de tensão.

Tensão de pressão Em um fluido em repouso todas as tensões são normais e todas

agem de fora para dentro em uma superfície. Em um ponto fixo, as três tensões normais

são iguais e o módulo dessas tensões normais iguais é chamado de pressão. Assim, em

um fluido estático σxx= σyy = σzz = - P, onde P é a pressão. Em um fluido em movimento, as

tensões adicionais à pressão são tensões viscosas. Uma força de pressão sobre uma

superfície é a tensão de pressão integrada sobre a superfície. A força de pressão por

unidade de volume em uma partícula de fluido para a segunda lei de Newton, porém, é

oposto do gradiente (derivadas espaciais) da pressão naquele ponto.

Tensão normal Uma tensão (componente de força por unidade de área) que age

perpendicular à área. Portanto σxx, σyy e σzz são tensões normais. A força normal sobre

uma superfície é a força resultante da tensão de cisalhamento, dada pela integração da

tensão de cisalhamento sobre a área de superfície. As tensões normais são os elementos

diagonais do tensor de tensão.

Tensão de Reynolds As componentes da velocidade (e outras variáveis) dos

escoamentos turbulentos são separadas em uma média mais componentes flutuantes.

Quando a equação da componente média de velocidade na direção da corrente é

deduzida da equação de Navier-Stokes, seis novos termos aparecem dados pela

densidade do fluido vezes a média do produto de duas das componentes da velocidade.

Como esses termos têm as mesmas unidades que a tensão (força/área), eles são

chamados de tensões turbulentas ou tensões de Reynolds (em homenagem a Osborne

Reynolds que quantificou pela primeira vez variável turbulenta como média + flutuação).

Assim como as tensões viscosas podem ser escritas como um tensor (ou matriz),

definimos o tensor tensão de Reynolds com as componentes da tensão normal de

Reynolds e as componentes da tensão de cisalhamento de Reynolds. Embora as tensões

de Reynolds não sejam verdadeiramente tensões, elas têm efeitos qualitativamente

semelhantes aos das tensões viscosas, mas como resultado dos grandes movimentos

turbilhonares caóticos da turbulência, em vez dos movimentos moleculares microscópicos

que são a base das tensões viscosas.

Tensão viscosa O escoamento cria tensões no fluido que se somam às tensões de

pressão hidrostática. Essas tensões adicionais são viscosas, uma vez que surgem das

deformações do fluido induzidas pelo atrito dentro do escoamento. Por exemplo, σxx =-

P+τxx , σyy = -P + τyy e σzz = -P + τzz onde τxx , τyy e τzz são tensões normais de viscosas.

Todas as tensões de cisalhamento resultam do atrito em um escoamento e, portanto,são

tensões viscosas. Uma força viscosa em uma superfície é uma tensão viscosa integrada

sobre a superfície. A força viscosa por unidade de volume em uma partícula de fluido para

a segunda lei de Newton, porém, é o divergente (derivadas espaciais) do tensor de tensão

viscosa naquele ponto.

Tensão superficial A força por unidade de comprimento em uma interface líquido-vapor

ou líquido-líquido resultante do desequilíbrio das forças de atração entre moléculas

semelhantes na interface.

Tensor de tensão viscosa Também chamada de tensor de tensão de desvio.

Teorema de transporte de Reynolds A relação de matemática entre a taxa de variação

no tempo de uma propriedade do fluido em um sistema (volume de massa fixa que se

movimenta com o escoamento) e a taxa de variação no tempo desta propriedade do fluido

em um volume de controle (volume, em geral fixo no espaço, com massa de fluido se

movimentando através de sua superfície). Essa expressão em volume finito esta

intimamente relacionada à derivada material (tempo) de uma propriedade do fluido ligada

a uma partícula de fluido em movimento.

Teorema de Pi Buckingham Um teorema matemático utilizado na análise dimensional

que prevê o número de grupos adimensionais que devem estar funcionando relacionados

a apartir de um conjunto de parâmetros dimensionais que são considerados

funcionalmente relacionados.

Turbulência é uma mistura (em fluido) de processo não linear e de transporte (Stull,

1989), isto é, de forma randômica com vórtices, em oposição ao escoamento ou fluxo

laminar. É imprediscível, rotacional, tridimensional, altamente dissipativa e contínua.

(Kaimal e Finnigan, 1994).

Turbulência Atmosférica é uma especialidade do movimento atmosférico constituído de

certo volume de ar que realiza movimentos no em torno de um estado médio, irregular e

estocástico. Estas características são de ordens diferentes em extensões e vidas variando

de centímetros e segundo para milhares de quilômetros e dias (Foken, 2008).

Viscosidade (Ver também fluido newtoniano). A viscosidade é uma propriedade de um

fluido que quantifica a razão entre tensão de cisalhamento e a taxa de deformação de

uma partícula de fluido. (Portanto, a viscosidade tem as dimensões de tensão/taxa de

deformação,ou Ft/L2 = m/Lt). Qualitativamente, a viscosidade quantifica o nível com o qual

um determinado fluido particular resiste à deformação quando sujeito à tensão de

cisalhamento (resistência ao atrito ou atrito). A viscosidade é uma propriedade medida de

um fluido e é uma função da temperatura. Para os fluidos newtonianos, a viscosidade não

depende da taxa de tensão aplicada e da taxa de deformação. A natureza viscosa dos

fluidos não newtonianos é mais difícil de ser quantificada, em parte porque a viscosidade

varia com a taxa de deformação. Os termos viscosidade absoluta, viscosidade dinâmica e

viscosidade são sinônimos.

Vórtice Uma estrutura local de um escoamento de fluido caracterizada por uma

concentração de vorticidade (ou seja, giro ou rotação de partículas de fluido) em um

núcleo tubular com linhas de corrente circulares ao redor do eixo do núcleo. Um tornado,

furacão e um vórtice de banheira são exemplos comuns de vórtices. O escoamento

turbulento é preenchido com pequenos vórtices de diversos tamanhos, intensidades e

orientações. Também chamado turbilhão.

Vorticidade O dobro da velocidade angular, ou taxa de rotação, de uma partícula de

fluido (um vetor, com unidades rad/s, dado pelo rotacional do vetor velocidade).

Nota do autor: Glossário com base em Mecânica dos Fluidos (Fundamentos e Aplicações), Çengel e

Cimbala, McGraw-Hill, SP, 2008, (p. 788-798), 817 p.

A.2 - Formação e Espessura de uma Camada Limite

Nota do autor: Mais detalhes podem ser vistos no Cap. 14, (p. 371-406) (Mecânica dos Fluidos – Dayr

Schiozer – LTC, 1996, Rio de Janeiro, RJ). 629 p.