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Turismo Acessível e Inclusivo ”Quadro conceptual e metodológico” PROJETO BRENDAIT Equipa Técnica Coordenação Geral: Acácio Duarte (PERFIL) Coordenação do WP1: Jorge Umbelino (ESHTE) Ana Garcia (PERFIL) Dinis Duarte (PERFIL) Sara Duarte (PERFIL) Cláudia Nunes (TCP) Viriato Dias (TCP) Rita Duarte (AHP) Joana Soares (ESHTE)

Turismo Acessível e Inclusivo ”Quadro conceptual e ... · necessidades especiais 30 a. Breve evolução histórica da procura turística 30 b. As principais linhas de evolução

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Turismo Acessível e Inclusivo

”Quadro conceptual e metodológico”

PROJETO BRENDAIT

Equipa Técnica Coordenação Geral: Acácio Duarte (PERFIL)

Coordenação do WP1: Jorge Umbelino (ESHTE)

Ana Garcia (PERFIL) Dinis Duarte (PERFIL) Sara Duarte (PERFIL) Cláudia Nunes (TCP) Viriato Dias (TCP) Rita Duarte (AHP) Joana Soares (ESHTE)

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Pág. Parte A: Dos conceitos, das terminologias e da sua evolução 2

1. A evolução do quadro social da deficiência 2

a. Imagens da pessoa com deficiência ao longo dos tempos 3 b. Uma evolução terminológica que foi acompanhando o quadro social 9

2. O turismo, as Pessoas com Deficiência e outros públ icos com necessidades especiais

12

a. O turismo e as Pessoas com Deficiência 12 b. O turismo e as Pessoas com Necessidades Especiais 13 c. Designações para este tipo de turismo 18

3. Síntese 27 Parte B: Da procura e da oferta turística acessível – bases

para a prossecução dos objetivos do Projeto BRENDAI T 30

4. Uma nova procura turística. Uma nova procura turíst ica com

necessidades especiais 30

a. Breve evolução histórica da procura turística 30 b. As principais linhas de evolução do turismo na ótica do turismo

acessível e inclusivo 32

c. Características da procura turística constituída por pessoas com necessidades especiais

33

d. Quantificação potencial e atual da procura 41 e. Pistas de reflexão para o futuro desta temática 46

5. Oferta Turística acessível 48 a. Uma mudança de paradigma 48 b. Mitos e Preconceitos culturais 49 c. Sustentabilidade 50 d. Destino Turístico 51 e. Trabalho em Rede 53 f. Qualificação da Oferta 54

6. O Projeto BRENDAIT – Metodologia de intervenção 63 a. Obstáculos 63 b. Estratégia de Intervenção 65 c. Eixos de Ação 68 d. Articulação da dinâmica do Projeto BRENDAIT com os apoios do

Programa Portugal 2020 75

Anexo 1 – Iniciativas -chave pa ra o desenvolvimento e promoção do Turismo e dos Destinos para Todos

76

Referências Bibliográficas e Outra Bibliografia 78 Anexo 2 - Frequently Asked Questions – FAQ’s 94

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Parte A

Dos conceitos, das terminologias e da sua evolução

1. A evolução do quadro social da deficiência

A ideia que a sociedade tem e que os media (televisão, jornais, rádio e web)

passam da pessoa com deficiência moldam a imagem, algo estereotipada,

que se tem daqueles que se afastam de um padrão universal de normalidade.

A generalização de uma imagem da deficiência enquanto défice (implicando

uma comparação ao dito padrão) no que toca às capacidades e estruturas

biológicas, físicas e funcionais torna-se redutora e impeditiva numa

sociedade que diz respeitar a diferença e que, pelo menos teoricamente,

assume a diversidade enquanto oportunidade criativa. Num momento em que

a ciência e a técnica aumentam as hipóteses de reabilitação e melhoram a

qualidade de vida das pessoas com deficiência, torna-se essencial criar

condições para que também a sua capacidade real de inclusão seja

reabilitada e melhorada. Na verdade, não parece ser de grande utilidade uma

reabilitação física, intelectual e profissional do indivíduo se a sua imagem não

for recuperada perante a sociedade, para que esta o aceite naturalmente.

Este aspeto é particularmente relevante no contexto do turismo, no qual as

ideias de glamour e de prazer têm dificuldade em se confrontar com clientes

diferentes.

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a. Imagens da pessoa com deficiência ao longo dos t empos

Ainda hoje somos herdeiros de um passado (nuns casos mais longínquo,

noutros mais recente) em que a deficiência era vista como algo de mau ou

perigoso, o castigo por algum pecado, algo a esconder ou mesmo a

exterminar. A oposição entre a beleza do corpo saudável e a tragédia do

corpo errado ou estragado marcam os vários momentos da história da

humanidade e refletem-se nas manifestações culturais de todos os tempos,

surgindo de forma estereotipada nos mitos e lendas e no nosso imaginário.

No Renascimento, retoma-se o ideal Clássico da perfeição, pelo que a

deficiência era escondida. Estudavam-se meios para corrigir o defeito. No

entanto, entre os génios da época figuravam já pessoas com deficiência:

Galileu, Milton, Kepler e Luís de Camões, por exemplo, todos partilharam a

particularidade da deficiência visual. Entre o século XVII e XIX desenvolveu-

se uma abordagem clínica/médica da deficiência e reconheceu-se a

necessidade de se encontrarem soluções para que estas pessoas pudessem

ter uma vida mais normal. O enfoque estava na adaptação da pessoa com

deficiência ao seu meio envolvente, cabendo a si o esforço de se ajustar às

condições ambientais em que se encontrava. Desenvolveram-se ajudas

técnicas (cadeira de rodas, por exemplo), criaram-se códigos gestuais para a

comunicação com pessoas surdas e o Braille para as pessoas cegas.

Davam-se, assim, os primeiros passos para o acesso das pessoas com

deficiência à vida comum.

O século XX trouxe grandes avanços para as pessoas com deficiência. Na

primeira metade do século, aperfeiçoaram-se as ajudas técnicas (hoje

chamados produtos de apoio) e desenvolveram-se tecnologias de

assistência, criaram-se associações e instituições para a reabilitação de

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pessoas com deficiência (essencialmente aquelas adquiridas na guerra). E os

deficientes passam a ser vistos como cidadãos de pleno direito.

As oscilações económicas, políticas e ideológicas que caracterizaram este

período também se refletiram, objetivamente, no âmbito da deficiência. Se,

por um lado, Hitler procurava apurar a raça ariana exterminando também

pessoas com deficiência, homens de poder, como Roosevelt, ele próprio

paraplégico, lutavam para que as pessoas com deficiência pudessem ter uma

vida independente.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial tornou-se necessário reorganizar a

sociedade, surgindo organismos como a ONU - Organização das Nações

Unidas (que recentemente criou o ENABLE), a UNESCO - Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, a UNICEF - Fundo das

Nações Unidas para a Infância, a OMS - Organização Mundial da Saúde, etc.

Em 1948 foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que no

seu artigo 25º faz menção à pessoa com deficiência, pondo a tónica na sua

invalidez:

Toda a pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à

sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,

cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança

em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos

de perda dos meios de subsistência fora do seu controlo.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi o primeiro de vários marcos

– congressos, convenções, tratados – que, a partir de então, atribuíram

direitos às pessoas com deficiência. O final do século XX, início do século

XXI são fecundos em formulações internacionais que se traduziram, depois,

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na alteração de posturas nacionais. As leis mais específicas começam a

refletir a consciência de que as pessoas com deficiência têm direitos e têm

deveres: têm direito à proteção, à saúde, à educação e ao trabalho; têm

direito à informação e ao lazer; podem e devem dar um contributo válido à

sociedade; têm vontade própria e o direito a uma vida completa e preenchida;

têm o direito a serem diferentes.

É já no século XXI que o peso da diferença é retirado da pessoa, em si

mesma, para ser transferido para a sociedade. Com a CIF (Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização

Mundial da Saúde – World Health Organization Family of International

Classifications) – passa-se do modelo médico da deficiência, que

caracterizara o século XX, em que se considerava a deficiência como um

atributo inerente à pessoa, para um modelo biopsicossocial, que é entendido

como o resultado da interação entre a pessoa e o ambiente, incluindo neste

as estruturas físicas (o design dos edifícios, os sistemas de transporte, etc.),

as relações sociais e as construções sociais e crenças que conduzem à

discriminação das pessoas. Desculpabiliza-se a pessoa com deficiência para

se chamar a atenção daqueles que com ela interagem, num processo de

corresponsabilização e promoção dos direitos.

A CIF sintetiza o modelo médico e o modelo social numa visão coerente das

diferentes perspetivas de saúde: biológica, individual e social (CIF-OMS,

2001). A funcionalidade e incapacidade de uma pessoa são concebidas como

uma interação dinâmica entre os estados de saúde (doenças, perturbações,

lesões, etc.) e os fatores contextuais (fatores ambientais e pessoais) (CIF-

OMS, 2001). A incapacidade não é um atributo da pessoa, mas sim um

conjunto complexo de condições que resulta da interação da pessoa com o

meio que a envolve. Na verdade, também a palavra incapacidade traz em si

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uma carga negativa. O prefixo in traduz a tal falta ou incompletude a que a

própria CIF parece querer fugir.

Existem várias referências de autores que propõem uma nomenclatura

bioética – a diversidade funcional – para caracterizar pessoas apenas

diferentes na forma como funcionam. Contudo, a nomenclatura corrente é a

de pessoa com deficiência, considerando-se a mesma minimamente eficaz,

ainda que o termo deficiência possa também carregar conotações negativas

em razão do d que antecede aquilo que reforça o êxito, a eficiência.

Para além de uma extensa lista de iniciativas-chave, referenciadas em

documentos de diversas Organizações Internacionais, que recordamos em

anexo, a ONU apresentou, em 2006, a Convenção dos Direitos das Pessoas

com Deficiência, ratificada por Portugal, com entrada em vigor na ordem

jurídica portuguesa a 23 de outubro de 2009. No artigo 30º, esta Convenção

consagrou o direito à participação na vida cultural, recreativa e no desporto,

sendo que explicitamente se exige “(…) assegurar que as pessoas com

deficiência tenham acesso aos serviços prestados por pessoas ou entidades

envolvidas na organização de atividades recreativas, turísticas, desportivas e

de lazer (…)”.

Apesar de todos estes progressos, a sociedade atual, mesmo tendo leis,

convénios e determinações legais progressistas, continua frequentemente a

veicular as ideias de um passado preconceituoso.

Alguns dos estereótipos/situações identificados com as pessoas com

deficiência, em diversos contextos, podem dá-las como digno(a) de pena,

objeto de curiosidade ou violência, sinistro(a) ou maldoso(a), herói ou

heroína, criador(a) de atmosfera, risível, o seu/sua próprio(a) inimigo(a), um

peso, assexuado(a), incapaz de participar na vida diária, etc.

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Muitos aspetos desta lista refletem posturas frequentemente encontradas no

convívio entre cidadãos comuns e pessoas com deficiência. Numa síntese

breve, podemos falar de uma generalização indevida, que se dá quando uma

pessoa com deficiência física é tida também como deficiente mental e as

suas eficiências são ignoradas; ou de uma coisificação ou infantilização,

quando um cidadão comum decide pela pessoa com deficiência, ignorando

ou desvalorizando a sua capacidade de entendimento; ou ainda a ideologia

da (falta de) força de vontade ou de culpabilização da vítima.

Esta postura cultiva-se através de um processo de repetição constante, de

padrões que acabam por reforçar as imagens que passam e se perpetuam,

tanto entre quem não tem deficiência como, em particular, entre as próprias

pessoas com deficiência e as suas famílias. Assim, a presença das pessoas

com deficiência em ambiente de turismo e lazer, por exemplo, assume um

papel importantíssimo na construção real da sociedade. Clichés,

estereótipos, arquétipos e generalizações, sejam negativos ou positivos, são

sempre limitativos. Reforçam padrões contra os quais se medem qualidades

e defeitos e influenciam inevitavelmente de forma negativa, tanto no caso da

desvalorização como no da hipervalorização.

Pretende-se, ao abordar esta temática em contexto turístico, realçar que é

importante não branquear as marcas da deficiência ou das limitações, mas

antes criar condições para que as mesmas não sejam inibidoras da criação

de um contexto favorável à fruição turística. Por exemplo, a inclusão de

profissionais com deficiência nas diferentes áreas da cadeia turística ajudaria

à alteração de estereótipos, ao empowerment dessas pessoas e da atividade

turística inclusiva.

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Ao serem contratados profissionais com deficiência estimula-se a melhoria da

autoestima de milhares de outros que, num processo dinâmico, se reflete em

valores socioculturais que ditarão a aceitação da diferença com naturalidade.

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b. Uma evolução terminológica que foi acompanhando o quadro social

A força das palavras intensifica a realidade ou a perceção da mesma. No que

toca ao tratamento da temática da deficiência, a escolha das palavras é

primordial, porque revela posturas e molda efeitos. A sua utilização tem

implicações tanto na perceção das próprias pessoas com deficiência e das

suas famílias, quanto nas crenças que o público, em geral, tem sobre a

deficiência.

A escolha dos termos a utilizar é uma causa de frequentes embaraços

sociais: invisual, deficiente visual ou cego? Surdo-mudo? É por isso que é tão

importante clarificar os conceitos e terminologias associáveis à deficiência,

mesmo aqueles que têm um sentido mais geral: inválido, aleijado, defeituoso,

incapacitado, deficiente, pessoa deficiente, pessoa portadora de deficiência,

pessoa com deficiência. Trata-se de um caminho até à inclusão, à aceitação

da diversidade humana como parte de um todo que deveria ser, todo ele,

aceite como normal. O politicamente correto de um momento e contexto

poder-se-á revelar desagradável e errado num outro momento e contexto. As

próprias pessoas com deficiência não partilham das mesmas opiniões no

momento de fazer escolhas.

No contexto português, é frequente i) ver-se realçada a deficiência em

detrimento da pessoa (o arquiteto cego/invisual), ii) fazerem-se

generalizações (os cegos, os deficientes, os gagos), iii) perpetuar-se o defeito

nas diversas conjugações do verbo ser, ter ou sofrer e em escolhas de

significado pejorativo (vítima de, sofre de, uma perna defeituosa, defeito

congénito). Em contextos mais populares, mas frequentemente plasmados

em programas de televisão e na imprensa escrita, surgem termos ofensivos

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na referência a certas deficiências: mongoloide/mongolismo, surdo-mudo,

tolinho, ceguinho.

A linguagem comum recorre a imagens de deficiência para se referir a

condições diversas, como será o caso de insultos: és cego, ou quê? Estás

tolo? Ó perneta!, dirigidos, por exemplo, a jogadores e árbitros durante um

jogo de futebol, sendo que o seu efeito gota-a-gota, uma e outra vez repetido

em lugares públicos, reforça imagens que se instalam no subconsciente de

muitos.

Sem prejuízo da importância da linguagem e das suas reproduções, importa

reconhecer que, seja qual for o termo atribuído à incapacidade, ela existe

mesmo, independentemente dos rótulos. O problema não é apenas uma

questão de linguagem, mas também, e principalmente, uma questão ligada

às atitudes face à deficiência e às limitações que existem intrinsecamente na

sociedade.

A rutura com o modelo médico e a mudança de paradigma da deficiência

implicam o reconhecimento de que a incapacidade não é inerente à pessoa,

antes a considera num quadro complexo de condições, muitas das quais

criadas pelo ambiente social. Nesta perspetiva, constata-se a valorização da

responsabilidade coletiva no respeito pelos direitos humanos, na construção

de uma sociedade inclusiva e para todos e no questionamento de modelos

estigmatizantes ou pouco promotores da inclusão social.

Esta evolução é compatível com os avanços efetuados na compreensão do

desenvolvimento humano ao longo da vida, nomeadamente, com as teorias

de ecologia social e bioecologia do desenvolvimento humano e com os

progressos obtidos com os estudos científicos alargados às ciências

biológicas e sociais.

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A Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, referida acima, vem

reforçar esta contextualização e trazer para o enquadramento jurídico

nacional alguns meios necessários para fazer progredir esta mudança.

Interessa, no âmbito do BRENDAIT, identificar as principais diferenças

resultantes da mudança de paradigma da deficiência e as suas implicações

no modelo socialmente aceite. Tal tem influência nas linhas de orientação das

políticas e práticas sociais, que, naturalmente, são determinantes nas

práticas sociais e culturais das pessoas, nas quais estão incluídas as

atividades de turismo.

Afinal, como bem refere o World Report on Disability, da Organização Mundial

de Saúde,

“A deficiência é parte da condição humana. Quase todas as pessoas, ao

longo das suas vidas, virão a estar incapacitadas, de forma temporária

ou definitiva, e todos aqueles que sobreviverem até uma idade

avançada experimentarão crescentes dificuldades funcionais.” (OMS,

2011, p. 27).

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2. O turismo, as Pessoas com Deficiência e outros p úblicos com necessidades especiais

a) O turismo e as Pessoas com Deficiência

Nos últimos 50 anos, assistiu-se a uma grande evolução das condições de

acesso das pessoas com deficiência aos seus diversos direitos – da resposta

às necessidades básicas, aos direitos de cidadania – e, por outro lado,

ocorreu também uma enorme evolução no acesso do cidadão comum ao

turismo e na extensão e diversidade da oferta turística – do turismo para uma

elite, ao turismo para todos.

Entretanto, em Portugal, o percurso de evolução das condições de acesso

das pessoas com deficiência ao exercício dos seus diversos direitos pode ser

descrito sucintamente do seguinte modo: i) inicialmente mais focado na área

da saúde (reabilitação médica), passou, depois, sobretudo ii) a partir da

década de 1970, à área da Educação (Educação Especial), para

posteriormente, com especial relevância iii) a partir do acesso aos apoios do

Fundo Social Europeu, nos anos 1980-90, ir cobrindo também as áreas da

Qualificação e do Emprego (formação profissional e apoios para acesso ao

emprego comum e a emprego protegido), incluindo também a integração em

Atividades Ocupacionais (para as situações mais complexas sem condições

para aceder a emprego); iv) nas últimas décadas foi emergindo, com cada

vez maior relevo, o acesso ao exercício de direitos relacionados com outros

aspetos da vida na comunidade, nomeadamente: habitação, família,

participação social, lazer, saúde e bem-estar e também, naturalmente, o

direito de acesso à viagem, ao turismo.

No mesmo período de tempo, o percurso de evolução do setor do turismo

poderá ser descrito do seguinte modo: i) uma situação inicial caracterizada

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por uma procura constituída por uma elite pouco numerosa e uma oferta de

limitada dimensão e diversidade; ii) um desenvolvimento acelerado ao longo

do período, caracterizado por uma enorme ampliação e diversificação

progressiva da procura (com diferentes origens, características, interesses e

necessidades), e por uma correspondente ampliação e diversificação

progressiva da oferta (mais qualidade e grande diferenciação dos produtos

turísticos); e uma situação atual, em que iii) o acesso ao turismo é

considerado um direito e uma expectativa legítima de todos e cada um dos

cidadãos, e em que praticamente todos os locais do Mundo pretendem ser

destinos turísticos.

A evolução convergente destas duas realidades conduziu, num primeiro

movimento, ao conceito de turismo acessível para pessoas com deficiência e,

num segundo movimento, em razão da ampliação deste universo a outros

públicos com necessidades semelhantes, ao conceito de turismo acessível

para pessoas com necessidades especiais.

b) O turismo e as Pessoas com Necessidades Especiais

Todos os turistas têm necessidades específicas, de natureza pessoal, social

e cultural, relacionadas com as suas características, motivações e interesses

turísticos, cabendo à (oferta) prestação dos serviços turísticos satisfazer

adequadamente tais necessidades. Tal ocorre qualquer que seja a tipologia

de turismo em causa: turismo sénior, turismo jovem, turismo social, turismo

religioso, turismo de negócios, etc.

Para definir o que, neste contexto, se entende por turistas com necessidades

especiais, distinguindo estas das necessidades específicas comuns, ter-se-á

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de recorrer a dois critérios complementares: i) por um lado, um critério que se

refere às condições da própria pessoa e que explicita a natureza particular

deste tipo de necessidades específicas (perspetiva da procura); ii) por outro

lado, um critério que se refere às condições de prestação dos serviços e que

explicita os requisitos específicos (em termos de condições materiais e em

termos de competências de serviço) para responder adequadamente a estas

necessidades (perspetiva da oferta).

As necessidades especiais aqui em causa são as que ocorrem em contexto

de fruição turística e que resultam da interação entre as características-

limitações-condições da pessoa/cliente e as características-condições-

requisitos dos serviços prestados.

• A perspetiva da procura : características-limitações-condições da pessoa/turista

Do ponto de vista das condições da pessoa, o conceito necessidades

especiais tem origem na natureza e tipologia de limitações decorrentes de

situações de deficiência, nomeadamente: limitações motoras, visuais,

auditivas e intelectuais.

Entretanto, no contexto do turismo, foi-se tomando consciência de que este

tipo de limitações não surge apenas relacionado com a deficiência, mas que

emerge também em situações relacionadas com o processo de

envelhecimento, bem como com outras situações de limitação ou

condicionamento da mobilidade, tais como, gravidez, pais com crianças de

colo, obesidade, gigantismo, nanismo, etc., e também com sequelas de

determinadas patologias do foro respiratório, cardíaco, neurológico, etc.

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É esta tomada de consciência que está na origem da

mudança do paradigma “o turismo e as pessoas com deficiência” para o

paradigma o “turismo e as pessoas com necessidades especiais”.

Também se tem vindo a tornar evidente que todas estas situações podem ser

consideradas como integrando um conjunto relacionado com as condições de

saúde da pessoa, entendido aqui o conceito de saúde como ele está definido

pela Organização Mundial de Saúde (Constituição da OMS, 1948), que nos

diz que: “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e

não apenas a ausência de doenças”.

É neste contexto que se tem vindo a ponderar a integração no conjunto das

necessidades especiais aquelas que decorrem de limitações do foro das

alergias e das intolerâncias, sobretudo as de carácter respiratório e alimentar.

Na verdade, são necessidades também elas relacionadas com as condições

de saúde da pessoa, também elas transversais às diversas motivações e

interesses turísticos e também elas com impacto relevante nos requisitos dos

serviços turísticos prestados, mormente nos serviços de alojamento e de

restauração.

De acordo com as estimativas da OMS e da OMT, podemos situar a

percentagem atual deste conjunto das pessoas com necessidades especiais

num patamar superior a 15% da população (percentagem de pessoas com

deficiência referida no World Report on Disability, OMS, 2011), não havendo

dúvidas, portanto, de que é já uma percentagem muito relevante e ainda com

claros indicadores no sentido de um aumento progressivo.

Na verdade, as situações que estão na origem das deficiências (doenças

congénitas ou adquiridas; acidentes domésticos, de viação, de trabalho, de

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lazer, de desporto, etc.) não tendem a diminuir; a evolução dos cuidados

médicos tende a salvar e a recuperar cada vez mais pessoas em situação de

doença e de traumatismos muito graves, mas de que ficam limitações

permanentes relevantes; por outro lado, a melhoria das condições de

educação, de formação profissional, de acesso ao emprego e de nível de

vida das pessoas com deficiência tende a aumentar a sua capacidade

económica, a consciência dos seus direitos e uma maior vontade e

capacidade para viajar e fruir do turismo, como qualquer outro cidadão.

Evolução semelhante se espera que ocorra nas situações relacionadas com

o envelhecimento da população: salvo alguma ocorrência de colapso

económico dos sistemas de segurança social, que não cabe aqui perspetivar,

aumenta a percentagem da população em situação de reforma; aumenta a

percentagem da população reformada com motivação e capacidade para

viajar; aumenta a esperança de vida com razoáveis condições de saúde;

aumenta o tempo de vida em que permanece a vontade e capacidade de

viajar, apesar das limitações que vão aparecendo.

Também não será de excluir, neste contexto, uma evolução no mesmo

sentido das exigências das pessoas em situações pontuais de limitação ou

condicionamento da mobilidade (gravidez, pais com crianças de colo,

obesidade, etc.) e das pessoas com limitações decorrentes de sequelas de

diversas patologias (do foro respiratório, cardíaco, neurológico, etc.).

• A perspetiva da oferta: características-condições-r equisitos dos serviços prestados

As necessidades especiais decorrentes da tipologia de limitações acima

referidas, quando em contexto de utilização-consumo-fruição de serviços

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turísticos, concretizam-se em necessidades específicas de acesso (locais,

espaços, equipamentos e atividades), mas também em necessidades

específicas de atendimento (comunicação interpessoal, informação,

orientação, apoio).

Para que a oferta turística possa satisfazer adequadamente estas

necessidades especiais tem de assegurar, de forma cumulativa e integrada,

três subconjuntos de requisitos:

� Acessibilidade das infraestruturas, ou seja, acessibilidade dos

edifícios, do mobiliário, dos equipamentos, dos espaços e dos

percursos inerentes à fruição dos serviços turísticos – viagem,

alojamento, alimentação, informação turística, animação – incluindo

os meios de transporte, os meios utilizados para comunicação

online, assim como a acessibilidade das atividades turísticas de

exterior / ar livre / natureza;

� Competências de atendimento / prestação dos serviços; ou seja,

processos, procedimentos e utensílios de trabalho (produtos de

apoio / ajudas técnicas) adequados à prestação dos serviços a este

tipo de clientes e competências dos profissionais intervenientes

(conhecimentos-saberes, capacidades-saber fazer e atitudes-saber

ser) específicas para o efeito;

� Abordagem holística da prestação dos serviços, ou seja, dispor de

uma cadeia articulada de serviços turísticos acessíveis e

qualificados com competências de atendimento, cobrindo, pelo

menos, os elos essenciais da cadeia (viagem, alojamento,

alimentação, informação, animação) e de uma cultura de trabalho

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em rede entre os agentes prestadores de serviços, para poderem

potenciar experiências/estadias turísticas de qualidade a este tipo

de clientes.

c) Designações para este tipo de turismo

Por um lado, se a designação for construída com o foco nas necessidades

específicas de acesso destes clientes/turistas e, consequentemente, no

primeiro dos subconjuntos de requisitos da oferta – acessibilidade das

infraestruturas – o termo que parece mais ajustado é o de turismo acessível.

Por outro lado, se a designação for construída com o foco nas necessidades

específicas de atendimento destes clientes/turistas e, consequentemente, no

segundo dos subconjuntos de requisitos da oferta – competências de

atendimento / prestação dos serviços – o termo que parece mais ajustado é o

de turismo inclusivo.

Na verdade, o adjetivo inclusivo é o termo adequado para significar, na

relação interpessoal e na prestação do serviço, tratar com igualdade

respeitando a diferença; ou seja, no caso concreto do turismo, significa

prestar serviços turísticos a pessoas com necessidades especiais

(decorrentes de limitações relacionadas com as suas condições de saúde),

como clientes-turistas iguais a todos os outros (em direitos, como cidadãos;

em dignidade, como pessoas; em valor, como clientes), respondendo

adequadamente às suas necessidades específicas.

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Neste contexto, um outro aspeto a relevar é que o peso relativo, a

importância de cada um dos tipos de necessidades em causa –

necessidades específicas de acesso e necessidades específicas de

atendimento – é inversamente proporcional na cadeia de tipologias de

limitações: motoras (1) visuais (2), auditivas (3), intelectuais (4); quando

se trata de necessidades específicas de acesso, o peso relativo, a

importância das limitações motoras é maior e diminui sucessivamente

no caso dos outros tipos de limitações, ou seja, a sequência é motoras

(1), visuais (2), auditivas (3) e intelectuais (4); quando se trata das

necessidades específicas de atendimento, acontece o contrário: o peso

relativo, a importância das limitações intelectuais é maior e diminui

sucessivamente no caso dos outros tipos de limitações, ou seja, a

sequência é intelectuais (4), auditivas (3), visuais (2) e motoras (1).

Fonte: Equipa BRENDAIT

Limitações Motoras

Limitações Visuais

Limitações Auditivas

Limitações Intelectuais

Peso Relativo

+

- Necessidades Específicas de Acessibilidade

Necessidades Específicas de Atendimento +

-

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Sendo assim, pode-se concluir que os adjetivos acessível e inclusivo, sendo

cada um adequado para designar uma das perspetivas do objeto em causa,

nenhum deles é suficientemente abrangente para designar o objeto na sua

globalidade.

Donde que, na falta de melhor solução, adotamos para designar este tipo

de turismo, no quadro do projeto BRENDAIT, a expres são turismo

acessível e inclusivo .

• As Pessoas com Necessidades Especiais, o Turismo pa ra Todos, os diferentes tipos de turismo e o Turismo A cessível e Inclusivo

• Turismo para todos

A expressão turismo para todos pode ser e é utilizada com frequência em

diversos contextos e com diversos sentidos.

A expressão turismo para todos pode ser utilizada no sentido de que o

turismo é para todas as idades, assumindo características específicas em

razão das características de determinados estratos etários. Neste contexto se

enquadram expressões como: turismo juvenil, turismo sénior.

A expressão turismo para todos pode também ser utilizada no sentido de que

o turismo é para todos os tipos de motivações e interesses que possam

conduzir à decisão de viajar, assumindo características específicas em razão

das condições pertinentes para satisfazer essas motivações e interesses.

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21

Neste contexto se enquadram expressões como: turismo de férias, turismo

de negócios, turismo religioso, turismo de saúde, etc.

A expressão turismo para todos pode ainda ser utilizada no sentido de que o

turismo é para todas as bolsas, para todos os estratos socioeconómicos,

podendo assumir características específicas em razão da capacidade

económica dos respetivos clientes-turistas. Neste contexto se enquadram

expressões como: turismo social, turismo low-cost.

A expressão turismo para todos também tem vindo a ser utilizada no sentido

de que o turismo é para todos, incluindo nesse todos as pessoas com

necessidades especiais.

• Turismo para todos versus turismo acessível ou turismo

acessível e inclusivo

A utilização da expressão turismo para todos, nos sentidos referidos no ponto

anterior, não parece levantar quaisquer questões.

Contudo, se se utilizar a expressão turismo para todos em substituição das

expressões turismo acessível ou turismo acessível e inclusivo está-se a

atribuir à expressão turismo para todos um sentido estrito que dificilmente se

poderá sobrepor, eliminando os seus outros sentidos.

Esta utilização tornaria mais difícil, menos clara, a perceção do que

realmente está em causa no conceito de turismo acessível e inclusivo, já que

este é, estruturalmente, transversal a todas as outras tipologias de turismo:

há clientes/turistas com necessidades especiais em todos os estratos etários,

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22

em todos os estratos socioeconómicos, em todos os tipos de motivações e

interesses que originam os diferentes produtos turísticos.

Convém, contudo, a propósito, relevar que o facto de o turismo acessível e

inclusivo ser estruturalmente transversal a todas as outras tipologias de

turismo não implica que não possa haver oferta de serviços turísticos

dirigidos a grupos de clientes/turistas com determinada tipologia ou tipologias

de necessidades especiais (por exemplo, programas de férias para grupos de

clientes em cadeira de rodas, colónias de férias para grupos de clientes com

deficiência intelectual, etc.), nem oferta de serviços turísticos especificamente

adaptados para este tipo de clientes/turistas (por exemplo, golf adaptado, surf

adaptado, mergulho adaptado).

No contexto atual, poder-se-á apontar para uma utilização do conceito

turismo para todos no sentido restrito acima referido, apenas como ideal,

como meta, como visão: o dia em que a sociedade, em geral, e o turismo, em

particular, tenham atingido um tal grau de inclusão que todos (ou quase

todos) os serviços cumpram, nas suas condições físicas e rotinas comuns de

funcionamento, os requisitos de acessibilidade e de atendimento das pessoas

com necessidades especiais, sejam elas quais forem.

Nesse dia, deixará de haver clientes/turistas com necessidades especiais,

mas apenas clientes/turistas com necessidades específicas relacionados com

as suas condições de saúde, tal como qualquer outro cliente/turista tem as

suas necessidades específicas em razão de qualquer outra característica ou

interesse que o torna diferente, diverso, dos outros clientes/turistas.

Entretanto, como estamos ainda muito longe dessa situação ideal, para

intervir na realidade o conceito útil é aquele em que se focam e explicitam as

vertentes da oferta de serviços que é necessário transformar, qualificar,

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23

ajustar: a acessibilidade das infraestruturas, as competências de atendimento

e a abordagem holística da prestação dos serviços. Esse conceito é, para

nós e para este efeito, enquanto não for encontrado outro mais adequado, o

de turismo acessível e inclusivo.

• Turismo acessível e inclusivo , turismo sénior, turismo de saúde e turismo social

Porque o turismo acessível e inclusivo se refere a pessoas com determinadas

limitações, a pessoas com necessidades especiais, porque essas limitações

e necessidades especiais se relacionam com situações de deficiência, de

saúde e de envelhecimento, e ainda porque as situações de deficiência e de

envelhecimento estão frequentemente relacionadas com fragilidades

económicas e sociais, surgem com frequência dificuldades para compreender

o que liga e o que distingue todas estes conceitos e termos.

• Turismo acessível e inclusivo e turismo sénior

Por um lado, turistas com necessidades especiais existem em todas as

idades, pelo que o turismo acessível e inclusivo não tem uma relação

exclusiva com o turismo sénior.

Por outro lado, muitos dos turistas seniores não apresentam (ainda)

necessidades especiais relacionadas com as suas condições de saúde que

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24

impliquem ajustamentos significativos nas condições de acessibilidade e de

atendimento da oferta de serviços; pelo que pode haver oferta de algum

turismo sénior por estabelecimentos ainda não acessíveis e inclusivos.

Contudo, sendo o processo de envelhecimento um dos fatores de maior

relevância na emergência e progressividade das limitações e consequentes

necessidades especiais, cada vez mais o turismo sénior sustentável terá de

ser também turismo acessível e inclusivo.

• Turismo acessível e inclusivo e turismo de saúde

As pessoas com limitações e necessidades especiais relacionadas com as

suas condições de saúde, consideradas no turismo acessível e inclusivo

(acessibilidade e atendimento), partilham as motivações e interesses que

conduzem aos diferentes tipos de turismo e, naturalmente, também estão

presentes no segmento que viaja com o objetivo específico de aceder a

cuidados/tratamentos de saúde: turismo de saúde e bem-estar, turismo

termal, turismo médico.

O facto de as necessidades a satisfazer, numa e noutra situação, se

relacionarem com condições de saúde pode causar alguma dificuldade na

sua distinção. No caso do turismo acessível e inclusivo, os

cuidados/tratamentos de saúde que se invocam são os que forem

necessários à condição de cada cliente; no caso do turismo de saúde, esses

cuidados/tratamentos são a própria essência do produto turístico.

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25

Contudo, como é esperável que seja maior, no turismo de saúde do que

noutros tipos de turismo, a percentagem de clientes com o tipo de

necessidades de acesso e de atendimento consideradas no turismo acessível

e inclusivo, e como referido para o turismo sénior, faz todo o sentido que a

oferta de serviços de turismo de saúde seja cada vez mais, ela também, uma

oferta turística acessível e inclusiva.

• Turismo acessível e inclusivo e turismo social

Existem pessoas com necessidade especiais de acessibilidade e de

atendimento em todos os estratos socioeconómicos e socioculturais, bem

assim como estão presentes, enquanto clientes/turistas, em todos os tipos de

turismo e, naturalmente, também no turismo social.

No entanto, o facto de as limitações e necessidades especiais consideradas

no turismo acessível e inclusivo estarem relacionadas com situações de

deficiência e de envelhecimento, bem assim como o facto de estas situações,

com frequência, poderem ter conduzido a condições de menor capacidade

económica, social e cultural, podem fazer com que a percentagem de

pessoas com necessidades especiais no público-alvo do turismo social seja

mais elevada do que nos públicos-alvo de outros tipos de turismo.

Donde que, como referido para o turismo sénior e para o turismo de saúde,

faz todo o sentido que a oferta de serviços de turismo social seja, cada vez

mais, ela também, uma oferta turística acessível e inclusiva.

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26

Como conclusão desta tema, consideramos ser de relevar que, embora

o turismo acessível e inclusivo possa ser olhado como podendo ter uma

relação de maior proximidade com certos tipos de turismo, como o

turismo sénior, o turismo de saúde e o turismo social, nada justifica que

os agentes do setor que intervêm nos outros tipos de turismo não se

qualifiquem para conquistar clientes neste segmento da população e

para serem competitivos neste mercado, já que há clientes com

necessidades especiais em todos eles.

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3. Síntese

No quadro do projeto BRENDAIT , a orientação que seguimos caracteriza-

se, sinteticamente, pelos seguintes elementos:

• Perspetiva da Procura

A componente da procura turística visada é constituída pelas pessoas/turistas

com necessidades especiais.

As necessidades especiais visadas podem advir de limitações motoras,

visuais, auditivas, intelectuais e ainda de limitações do foro das alergias e

intolerâncias respiratórias e alimentares e da interação entre estas e as

condições de prestação dos serviços turísticos.

As necessidades especiais visadas decorrem de limitações relacionadas com

as condições gerais de saúde associadas a situações de deficiência, de

envelhecimento, de condicionamento pontual da mobilidade e de sequelas de

determinadas patologias.

As necessidades especiais visadas concretizam-se em necessidades

específicas de acesso (locais, espaços, equipamentos, e atividades) e em

necessidades específicas de atendimento (comunicação interpessoal,

informação, orientação, apoio).

• Perspetiva da Oferta

A qualificação da oferta turística para poder satisfazer adequadamente estas

necessidades especiais implica assegurar, de forma cumulativa e integrada,

três subconjuntos de requisitos: acessibilidade das infraestruturas,

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28

competências de atendimento e abordagem holística da prestação dos

serviços.

Para designar este tipo de turismo, utilizamos a expressão turismo acessível

e inclusivo, porque os adjetivos acessível ou inclusivo, isoladamente, sendo

cada um adequado para designar uma das perspetivas (acessibilidade das

infraestruturas ou serviço/competências de atendimento), nenhum deles é

suficientemente abrangente para designar a globalidade.

Para poder proporcionar e potenciar experiências/estadas turísticas de

qualidade a este tipo de clientes, a oferta precisa de dispor de uma cadeia

articulada de serviços acessíveis e inclusivos cobrindo, pelo menos, os elos

essenciais da cadeia (viagem, alojamento, alimentação, informação,

animação) e de uma cultura de trabalho em rede entre os agentes

prestadores de serviços na localidade/região.

O turismo acessível e inclusivo é estruturalmente transversal a todas as

outras tipologias de turismo, visto que há turistas com necessidades

especiais em todos os correspondentes segmentos da procura.

Tal característica não exclui que haja oferta de serviços turísticos dirigidos

especificamente a grupos de clientes/turistas com determinada tipologia ou

tipologias de necessidades especiais (por exemplo, programas de férias para

grupos de clientes em cadeira de rodas, colónias de férias para grupos de

clientes com deficiência intelectual, etc.), nem oferta de serviços turísticos

especificamente adaptados para este tipo de clientes/turistas (por exemplo,

golf adaptado, surf adaptado, mergulho adaptado, etc.).

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29

Tal característica também não exclui que se possa considerar haver uma

relação de maior proximidade com certos tipos de turismo, como o turismo

sénior, o turismo de saúde e o turismo social, em razão das características e

condições dos respetivos públicos-alvo específicos.

Em termos de designação , a equipa do projeto BRENDAIT opta por

utilizar a expressão Turismo para Todos para significar a Visão , o ideal

a atingir, e a expressão Turismo Acessível e Inclusivo para significar a

Missão , o que é preciso fazer aqui e agora.

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30

Parte B

Da procura e da oferta turística acessível – bases para a prossecução dos objetivos do Projeto BRENDAIT

4. Uma nova procura turística . Uma nova procura turística com necessidades especiais

Para clarificar alguns aspetos relacionados com o conceito de procura

turística constituída por pessoas com necessidades especiais, torna-se

necessário usar uma abordagem holística/pluridisciplinar, ou seja, que não se

organize a partir de apenas uma área de conhecimento, por exemplo,

Economia, Psicologia, Sociologia, Geografia, História, etc., por mais

relevantes que cada uma e todas estas perspetivas possam ser.

a) Breve evolução histórica da procura turística

No advento do turismo moderno, no século XIX, a procura turística limitava-

se a uma pequena elite de turistas privilegiados e endinheirados, que

viajavam e desfrutavam de atividades de lazer.

No século XX, nomeadamente após a Segunda Guerra Mundial, assistiu-se a

uma massificação do fenómeno turístico, alimentada pelo crescimento

económico, pelo progresso tecnológico, pela existência de elevados níveis de

concorrência e pela criação de novos destinos turísticos e de novos modos

de viajar.

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31

Estes fatores contribuíram para uma redução substancial nos preços, o que

permitiu que também as classes sociais mais baixas, nomeadamente a

classe trabalhadora, tivessem acesso ao turismo, respondendo, assim, ao

seu crescente anseio por viajar, não só no seu próprio país mas também para

países estrangeiros.

Nas últimas seis décadas, o turismo tem demonstrado uma contínua

capacidade de expansão e de diversificação, sendo hoje um fenómeno

reconhecidamente global. A procura turística evoluiu de 25 milhões de visitas

de turistas internacionais, em 1950, para 1133 milhões, em 2014, com o

consequente aumento das respetivas receitas.

Fonte: UNWTO Tourism Highlights, 2015 Edition

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32

O perfil da procura turística transformou-se ao longo deste tempo,

acompanhando a evolução verificada. Hoje, não só há mais turistas como

estes são genericamente mais cultos, mais informados e exigentes, mais

experientes enquanto viajantes e com maior sentido crítico em relação a

diversas contextualizações do fenómeno turístico, como sejam as temáticas

ambientais e da inclusão. A particularização dos gostos e das práticas é uma

marca forte do turismo moderno.

b) As principais linhas de evolução do turismo na ótic a do turismo acessível e inclusivo

O facto mais relevante nesta matéria é, provavelmente, o impacto

demográfico do envelhecimento da população mundial, associado ao

aumento da esperança média de vida, que vem gradualmente modificando o

perfil do turista. Hoje, observa-se que milhões de pessoas apelidadas de

idosas mas que viajaram em turismo durante toda a sua vida jovem e ativa

querem continuar a fazê-lo, com ou sem as limitações que normal e

naturalmente surgem com o envelhecimento.

Em segundo lugar, e dada a dimensão global da procura, existe uma

necessidade de segmentar o mercado, ou seja, de encontrar formas de

identificação dos diferentes grupos de interesse que o animam para, depois,

definir a melhor forma de os servir.

A segmentação do mercado atinge a sua máxima expressão no aumento da

procura de férias à medida, na qual os turistas procuram soluções que satisfaçam

as suas necessidades pessoais específicas. A capacidade de atingir a

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personalização (customização, na versão derivada da língua inglesa) dos

produtos e serviços turísticos, a partir das referências disponíveis, tem cada vez

mais importância.

É neste contexto que se torna relevante abordar a problemática dos turistas

com necessidades especiais. Pessoas que procuram satisfazer as suas

necessidades mas que, em virtude das suas limitações, exigem respostas

que vão para além daquilo que é comum nos outros cidadãos.

c) Características da procura turística constituída po r pessoas com

necessidades especiais

As principais tipologias das pessoas com necessidades especiais (público-

alvo do turismo acessível e inclusivo) são:

• Pessoas com limitações motoras;

• Pessoas com limitações visuais;

• Pessoas com limitações auditivas;

• Pessoas com limitações intelectuais;

• Pessoas com limitações decorrentes de situação de alergias ou

intolerâncias.

As limitações motoras resultam de alterações morfológicas do esqueleto e

dos membros, das articulações e tecidos musculares ou do sistema nervoso

e provocam dificuldade ou impossibilidade de controlar os movimentos

(reflexos motores, reações motoras involuntárias, controlo do movimento

voluntário, movimentos involuntários, padrão de marcha).

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Estas limitações afetam significativamente a capacidade de locomoção,

provocando, nomeadamente, sérias dificuldades de andar ou subir escadas,

e foram reportadas por 25% das pessoas que, nos Censos 2011, declararam

ter muita dificuldade ou mesmo não conseguir realizar pelo menos uma das 6

atividades diárias (INE, 2012).

No grupo das pessoas com limitações motoras incluem-se:

• Pessoas com deficiências motoras (limitação motora permanente, ao

nível dos membros superiores ou inferiores, de grau igual ou superior

a 60%):

• monoplegia (ou seja, a paralisia de um membro do corpo);

• hemiplegia (paralisia de metade do corpo);

• paraplegia (paralisia da cintura para baixo);

• tetraplegia (paralisia do pescoço para baixo);

• amputações (falta de um membro do corpo);

• Pessoas com doenças que provocam limitações motoras:

• paralisia cerebral;

• malformações congénitas do sistema nervoso (exemplo:

espinha bífida);

• miopatia / distrofia muscular;

• patologias degenerativas do sistema nervoso central;

• patologias degenerativas da estrutura muscular;

• Pessoas com limitações motoras ligeiras, temporárias ou

permanentes, que influenciam o usufruto da experiência turística,

como sejam:

• pessoas com lesões resultantes de acidentes (pé partido ou

torcido);

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• grávidas em final de gestão;

• pessoas obesas;

• pessoas com redução da capacidade motora decorrente do

processo de envelhecimento ou decorrente de doenças

(exemplo: Parkinson);

• Pessoas com estatura fora do comum:

• gigantismo;

• nanismo;

• Pais com crianças pequenas/de colo ou transportando bagagens.

Uma forma ágil de distinguir as pessoas com necessidades especiais

relativas à mobilidade é em função da sua prática diária:

• Utilizadores de cadeira de rodas (incluindo utilizadores de cadeiras

manuais, com ou sem necessidade de auxílio, de cadeiras elétricas

e de scooters com 3 ou 4 rodas);

• Pessoas com dificuldades de deslocação pedonal (incluindo

aquelas que utilizam andarilhos, canadianas, bengalas e outros

auxiliares da marcha, muitas vezes referidas como “caminhantes

lentos”);

• Pessoas com dificuldades motoras nas suas mãos e braços.

As limitações visuais decorrem da perda ou redução da capacidade visual em

ambos os olhos, com caráter definitivo, não sendo suscetível de ser

melhorada ou corrigida com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou

cirúrgico.

Estas limitações, que afetam significativamente a capacidade de mobilidade e

orientação, são reportadas por 23% das pessoas que, nos Censos 2011,

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36

declararam ter muita dificuldade ou mesmo não conseguir realizar pelo

menos uma das 6 atividades diárias (INE, 2012).

No grupo das pessoas com limitações visuais incluem-se:

• Pessoas com cegueira (incapacidade de ver) congénita ou

adquirida;

• Pessoas com baixa visão / amblíopes (pessoas com reduzida

capacidade visual que não melhora através de correção ótica);

• Pessoas com limitações visuais ligeiras, temporárias ou

permanentes, que influenciam o usufruto da experiência turística,

como sejam pessoas com:

• cataratas;

• miopia severa;

• estigmatismo severo;

• problemas de visão relacionadas com o envelhecimento;

• lesões visuais resultantes de acidentes;

• Pessoas que veem bem de uma vista e mal da outra.

É de referir, em particular, o impacto ao nível da autonomia que alguns

produtos de apoio de uso pessoal, como as lupas ou os óculos, têm para este

tipo de pessoas.

As limitações auditivas consistem na perda parcial ou total da capacidade de

ouvir e têm um impacto significativo ao nível da comunicação e do

relacionamento social; são reportadas por 13% das pessoas que, nos Censos

2011, declararam ter muita dificuldade ou mesmo não conseguir realizar pelo

menos uma das 6 atividades diárias (INE, 2012).

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37

No grupo das pessoas com limitações auditivas incluem-se:

• Pessoas com surdez congénita ou adquirida;

• Pessoas com baixos níveis de audição;

• Pessoas com limitações auditivas ligeiras que influenciam o

usufruto da experiência turística, como sejam, pessoas com

prótese auditiva ou com problemas de audição relacionadas com o

envelhecimento;

• Pessoas que ouvem bem de um ouvido e mal do outro.

As limitações de natureza cognitiva revelam-se em dificuldades verificáveis

em vários aspetos da sua vida pessoal e social, tais como na aprendizagem,

na compreensão da linguagem, na orientação no espaço e no tempo e nas

tomadas de decisão.

Estas limitações afetam significativamente as capacidades de concentração e

memorização, realização de atividades básicas diárias (como tomar banho e

vestir-se) e de comunicação (compreender e fazer-se entender).

Estas limitações são reportadas, respetivamente, por 17%, 12% e 10% das

pessoas que, nos Censos 2011, declararam ter muita dificuldade ou mesmo

não conseguir realizar pelo menos uma das 6 atividades diárias (INE, 2012).

No grupo das pessoas com limitações intelectuais incluem-se:

• Pessoas com deficiência intelectual severa ou profunda (Quociente

de Inteligência inferior a 39) que normalmente apresentam um

elevado grau de dependência;

• Pessoas com deficiência intelectual ligeira ou moderada (Quociente

de Inteligência de 40 a 70) que poderão desenvolver um bom nível

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de comportamento adaptativo; como exemplos, podem-se indicar

pessoas com Síndrome de Down (Trissomia 21), Autismo ou com

défices de aprendizagem;

• Pessoas com diminuição das suas faculdades mentais

relacionadas com o envelhecimento, como é o caso da senilidade

ou da doença de Alzheimer.

A situação de alergia refere-se a uma resposta exagerada do sistema

imunológico a uma substância estranha ao organismo. Os principais

alergénios são o pólen, ácaros, alguns alimentos (leite, glúten, ovos, frutos

secos, peixe, marisco, soja), pelos de animais, medicamentos, venenos de

insetos, mofo e cosméticos.

As alergias, que se estimam afetar diretamente mais de 30% da população

da Europa, têm impactos muito negativos na saúde, podendo mesmo

representar risco de morte (choque anafilático).

No grupo das pessoas com limitações de ordem alérgica incluem-se:

• Pessoas com alergias e intolerâncias alimentares;

• Pessoas com alergias e intolerâncias respiratórias.

Como já antes abordado neste Relatório, as pessoas com necessidades

especiais constituem um segmento relevante da procura turística, sobre o

qual ainda se tem pouco conhecimento. É importante, por isso, começar por

debater e desmistificar algumas ideias, ou mesmo preconceitos, que existem

relativamente a estas pessoas.

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39

Um dos primeiros aspetos a ter em conta é que as pessoas com

necessidades especiais são um segmento da procura turística cujo critério de

segmentação parte das suas caraterísticas físicas, sensoriais e mentais e

não das suas motivações de viagem. Esta definição opõe-se àquela que é,

talvez, a segmentação mais convencional da procura turística, na qual se

utiliza como critério de identificação aquilo que leva um certo grupo de

pessoas a viajar (exemplos: turismo de negócio, sol e praia, golfe, cultura).

Logo, torna-se evidente que no segmento das pessoas com necessidades

especiais podemos encontrar pessoas com diferentes e diversas motivações

para viajar, ou seja, é um elemento transversal a todos os segmentos

turísticos tradicionais.

Uma outra caraterística, nem sempre fácil de entender, é que as pessoas

com necessidades especiais podem, numa situação particular, apresentar

limitações e ter determinadas necessidades especiais e noutra situação isso

já não acontecer. As suas necessidades especiais variam em função do

contexto em que a experiência turística ocorre.

Uma pessoa em ambiente de lazer, com a sua família, tem determinadas

necessidades, mas esse(a) mesmo(a) cliente sozinho(a), em ambiente formal

e contexto de trabalho, tem outras necessidades completamente diferentes,

por exemplo, ao nível do vestuário que deve utilizar e consequentes

dificuldades de manuseio, no tempo de que dispõe para as tarefas pessoais,

etc.

Dada a sua situação de desvantagem face ao cidadão comum, as pessoas

com necessidades especiais têm, na sua grande maioria, uma maior

preocupação com as questões de segurança pois, em caso de emergência,

necessitam sempre de maiores cuidados e atenções (por exemplo, numa

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situação de incêndio, uma pessoa em cadeira de rodas ou uma pessoa cega

têm muito maiores dificuldades de evacuação, assim como uma pessoa

surda, que não terá sequer ouvido o alarme…).

A mais importante das suas necessidades prende-se com o desejo de não

ser discriminado. As pessoas com necessidades especiais, por um lado,

querem ser tratadas como todas as outras pessoas e, por outro lado,

valorizam uma atenção, tolerância e apoio suplementares para as suas

necessidades específicas; necessitam, habitualmente, de recorrer a mais

elos da cadeia de valor turística que não apenas os transportes, alojamento,

restauração e animação turística. Muitas vezes, estas pessoas precisam de

recorrer a serviços especializados, como empresas de aluguer de

equipamentos (produtos de apoio), empresas prestadoras de serviços na

área das AVD’s (Atividades da Vida Diária), farmácias, centros de saúde,

hospitais, polícia ou intérpretes de LGP (Língua Gestual Portuguesa),

revelando-se, assim, a importância da construção de redes de resposta às

necessidades destes clientes. Por norma, gostam de planear as suas viagens

com antecedência, para poderem antecipar possíveis obstáculos que possam

pôr em causa o sucesso da sua experiência turística.

Uma das grandes dificuldades dos turistas com necessidades especiais

reside no acesso a informação pertinente. Muitas vezes, só conseguem ver

respondidas as suas questões através de um contacto direto (por telefone ou

e-mail) com o prestador do serviço turístico.

Há também que ter em conta que a decisão final deve sempre competir ao

cliente, nomeadamente se aceitam, ou não, as condições em que o serviço

vai ser prestado. Não cabe à oferta substituir-se a esta decisão. É errado

presumir que não vale a pena transmitir certa informação aos clientes por se

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41

achar que essa informação não é relevante para o mesmo, ou que já se sabe

qual vai ser a resposta. Deve-se sempre atribuir essa responsabilidade ao

cliente.

Infelizmente, em Portugal ainda se encontram poucas pessoas com

necessidades especiais a viajar. Um dos fatores que explica essa

invisibilidade das pessoas com necessidades especiais no universo do

turismo é a sua pouca preparação para viajar, que decorre, precisamente, da

sua pouca experiência de viagem. Ou seja, há um ciclo vicioso que é preciso

romper.

Na sua maioria, estas pessoas não viajam porque acham que ainda não estão

criadas as condições para fazerem turismo com o mesmo nível de qualidade,

conforto e segurança que o cidadão comum. Nuns casos será verdade, noutros

estarão mal informados.

Tem de se investir em iniciativas de capacitação e qualificação destas

pessoas para a prática turística, tocando temas como a pesquisa de

informação sobre a oferta turística, o processo de efetuar reservas, o uso de

meios de transporte, a utilização de serviços de alojamento turísticos, o

usufruto das atividades de animação e restauração, etc.

d) Quantificação potencial e atual da procura

É relevante encontrar formas de quantificar a dimensão desta procura, por

forma a dimensionar a oportunidade de negócio que pode resultar da sua

captação.

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Estudos recentes da Comissão Europeia que incidem nesta temática (EC,

2014) estimam que existam na União Europeia 138,6 milhões de pessoas

com necessidades especiais, divididas em dois grandes grupos: cerca de um

terço (35,9%) são pessoas com deficiência (com idades compreendidas entre

os 15 e os 64 anos) e os restantes dois terços 64,1% são cidadãos seniores

(com idade superior a 65 anos).

Quanto às pessoas com deficiência, pode-se recorrer a outras fontes de

informação para quantificar esta realidade, como, por exemplo, a

Organização Mundial de Saúde (OMS, 2011), que estima a existência de 1

bilião de pessoas no mundo (15% da população mundial) com algum tipo de

deficiência, ou o Instituto Nacional de Estatística de Portugal que, na análise

aos Censos 2001, estimou que 6% da população residente apresentava

algum tipo de deficiência mas que, em idêntico exercício relativo aos Censos

2011, já alargou para 18% da população com 5 ou mais anos de idade a

circunstância de ter muita dificuldade para realizar, pelo menos, uma das 6

atividades diárias básicas (INE, 2012).

Quanto aos cidadãos seniores, importa conhecer nesse universo aqueles que

revelam ter ou não ter limitações, pois, para os que as não têm,

independentemente da sua idade, não há necessidade de alterar as

condições já existentes e os procedimentos estandardizados da oferta

turística para os conseguir satisfazer com qualidade.

Os seniores com limitações, por seu lado, já requerem que a oferta turística

introduza modificações que permitam satisfazer as suas necessidades, que

decorrem das limitações que vão naturalmente aparecendo à medida que vão

envelhecendo.

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Como é fácil de compreender, há uma relação direta entre o envelhecimento

e a existência de limitações. De acordo com os Censos 2011, cerca de 50%

da população idosa residente em Portugal tem muita dificuldade ou não

consegue mesmo realizar pelo menos uma das 6 atividades do dia-a-dia

(INE, 2012).

Se cruzarmos este indicador com os dados do estudo da Comissão Europeia

antes referido (EC, 2014), podemos inferir que o número de cidadãos

seniores com limitações está muito perto do número de pessoas com

deficiência, o que nos permite dizer que o número de cidadãos que, na União

Europeia, apresentam limitações que afetam a sua vida quotidiana e a forma

como viajam se aproximará dos 94 milhões de pessoas, ou seja, cerca de

19% da população residente nos países da União.

No que diz respeito à quantificação deste segmento de mercado, devemos,

ainda, acrescentar o efeito dos acompanhantes. Sendo certo que a maioria

dos turistas, mesmo aqueles que não têm necessidades especiais, tende a

viajar acompanhado, no caso destes turistas essa tendência é,

compreensivelmente, majorada. O estudo da Comissão Europeia

mencionado anteriormente (EC, 2014) refere que, em média, as pessoas com

necessidades especiais viajam com 1,9 acompanhantes; como é natural,

neste tipo de grupos são as pessoas com maiores dificuldades de acesso aos

serviços as que mais influenciam as escolhas coletivas, o que aumenta

consideravelmente a dimensão do segmento. Assim, partindo dos 94 milhões

da análise anterior, podemos admitir, com mais realismo, 180 milhões de

turistas europeus que se referenciam no turismo acessível e inclusivo.

Podemos ainda somar a esta estimativa as pessoas que, apesar de

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apresentarem limitações temporárias resultantes de doenças ou lesões

(como, por exemplo, fraturas, entorses ou queimaduras), mantêm o desejo ou

a necessidade de viajar.

Se acrescentarmos, ainda, as pessoas que sofrem de alergias e

intolerâncias, que a European Centre for Allergy Research Foundation

(ECARF) estima serem mais de 30% da população europeia, e mesmo

considerando que uma mesma pessoa pode estar em vários dos grupos

antes invocados e não representar obrigatoriamente uma adição sucessiva, o

número total de pessoas com necessidades especiais assume,

inequivocamente, uma dimensão de enorme relevância.

Se analisarmos o lado económico desta procura potencial e quantificarmos o

número médio de viagens que estes turistas habitualmente fazem (mesmo

sendo apenas no quadro europeu, eles representam a esmagadora maioria

da procura turística portuguesa), assim como as receitas por eles geradas,

constatamos que se atingem valores da ordem de quase 800 milhões de

viagens e de mais de €350 mil milhões (EC, 2014), comprovando que este

segmento representa um potencial gigantesco para o crescimento do turismo

e ainda com tendência para aumentar, numa realidade que Portugal não

pode desaproveitar.

Estes clientes apresentam mais algumas outras caraterísticas que os tornam

especialmente interessantes para o negócio turístico, como:

• pessoas com necessidades especiais apresentam um gasto médio

diário superior ao do turista comum;

• pessoas com necessidades especiais apresentam uma estada

média mais longa do que a do turista comum;

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• pessoas com necessidades especiais estão mais disponíveis para

viajar em época baixa do que o turista comum;

• pessoas com necessidades especiais têm, em média, uma maior

fidelização aos destinos, atento o ainda baixo número de casos em

que as suas necessidades são preenchidas satisfatoriamente.

O estudo anteriormente mencionado (EC, 2014) mostra que, ao nível da

União Europeia, aproximadamente 45% das pessoas com necessidades

especiais viajou no último ano, sendo que essa percentagem é

substancialmente mais elevada nos países mais desenvolvidos. A maior parte

das viagens é realizada no próprio país, mas as viagens internacionais já

apresentam valores que rondam os 25% do total. Por outro lado, há

evidências que mostram que estes valores poderiam aumentar

significativamente com a melhoria das condições de acessibilidade.

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e) Pistas de reflexão para o futuro desta temática

É absolutamente necessário investir na qualificação da procura

doméstica, fazendo com que os cidadãos portugueses com limitações

saiam de casa e comecem a viajar e a usufruir dos serviços turísticos

que existem à sua disposição. O desenvolvimento do mercado

doméstico é, também, a melhor forma de estimular as condições de

oferta para os mercados internacionais.

Esta capacitação da procura passa, em primeiro lugar, por ações ao nível do

sistema educativo (desde a pré-primária até aos níveis académicos mais

elevados), que promovam uma necessária mudança de mentalidades.

Por outro lado, através da intervenção dos atores públicos e privados que

trabalham em prol das pessoas com deficiência e dos cidadãos seniores

poderão ser desenvolvidas ações concretas de qualificação para a prática

turística.

É também necessário investir na informação e na promoção para atrair a

procura nacional e internacional, mostrando que Portugal tem condições para

atender pessoas com necessidades especiais com elevados níveis de

qualidade.

Tudo isto se consegue apostando na construção de parcerias e redes de

desenvolvimento do Turismo Acessível e Inclusivo que possam despoletar e

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desenvolver destinos capacitados para serem promovidos no exterior.

Como fim último, almeja-se atingir um estádio em que não seja preciso

segmentar o mercado entre pessoas com e sem limitações, criando

condições para que a oferta turística consiga atender todos com a mesma

qualidade e dignidade.

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5. Oferta Turística acessível

a) Uma mudança de paradigma

Do ponto de vista da oferta turística, a problemática da acessibilidade tem

estado demasiado centrada nas obrigatoriedades legais do “quarto adaptado”

e na eliminação de barreiras arquitetónicas. Numa visão ainda mais

retrógrada, alguns responsáveis das unidades turísticas, apesar das

obrigações legais, consideram o “quarto adaptado” como um quarto sem

grande valor e o último a ser vendido e até, por vezes, utilizam as casas de

banho adaptadas como apoio de armazenagem.

Esta visão reduzida e ultrapassada não é coerente, sequer, com as

necessidades de base das pessoas com mobilidade reduzida, e muito menos

permite o desenvolvimento da qualificação do serviço e do atendimento para

o vasto segmento das pessoas com necessidades especiais.

As unidades turísticas necessitam de se preparar para a diversidade, ou seja,

além da acessibilidade física (rampas, corrimãos, espaço entre mobiliário,

portas largas de fácil abertura e acesso, etc.), precisam de sinalética

adaptada (em braille, em relevo, contrastante, etc.), de meios de

comunicação alternativos (escrita simples, áudio-guias, braille, tradutores

online de LGP, etc.), de acesso a equipamentos técnicos de apoio (cadeiras

de banho, barras de apoio, telefone com texto, etc.) e de uma equipa

motivada e com competências específicas de atendimento.

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b) Mitos e Preconceitos culturais

Retomando algumas ideias já introduzidas em tópicos anteriores deste

Relatório, reconhecemos que, na hotelaria e turismo, ainda hoje se

encontram alguns mitos e preconceitos que têm de ser combatidos e

ultrapassados para se conseguir alcançar o Turismo para Todos.

• O mito de que o turismo é para uma elite, rica e glamourosa, que não

gosta de ver promovidos aos seus espaços gente diferente

(deficientes, pobres, mal vestidos, certas raças e povos, etc.);

preconceito a que a democratização que o turismo sofreu nos últimos

50 anos – em termos do alargamento do espetro da procura a toda a

gente e em termos dos valores sociais da igualdade e da não

discriminação – tirou qualquer espécie de sentido;

• O mito ou o preconceito de que turismo acessível é sinónimo de

turismo para pessoas deficientes em cadeira de rodas, para o qual é

preciso eliminar, nos estabelecimentos, barreiras arquitetónicas e

dispor de um ou mais “quartos adaptados”, requerendo que se invista

bastante dinheiro para conseguir pouco ou nenhum incremento no

negócio.

Dever-se-ia, porventura, combater o efeito perverso da utilização do

desenho de uma cadeira de rodas como Símbolo Internacional de

Acesso (SIA), dada a distorção da perceção pública que essa

realidade provoca relativamente às diferentes situações de deficiência.

Este mito ou preconceito deverá ser completamente ultrapassado, em

razão da extensão dos públicos-alvo do turismo acessível e inclusivo a

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todas as outras tipologias de deficiência e a outros segmentos da

população com necessidades especiais.

A relação dos empresários com a procura turística com necessidades

especiais não pode ficar apenas pelo cumprimento da obrigatoriedade

legal das condições de acessibilidade e da não discriminação de

pessoas com deficiência, nem sequer pela adoção de uma atitude de

responsabilidade social relativamente a públicos em desvantagem;

precisa situar-se no patamar de opção estratégica de negócio, ou seja,

conquistar clientes também neste enorme segmento da procura.

c) Sustentabilidade

Este segmento de mercado, como tem sido explanado neste documento, é

muito vasto, diversificado e contém um enorme potencial de aumento nos

próximos anos e décadas, tendo em conta, nomeadamente, as estimativas

demográficas do envelhecimento da população.

É agora que o turismo tem de se preparar para esta realidade, i)

desenvolvendo planos de ajustamento das suas condições de acessibilidade

para responder às necessidades especiais destes clientes, ii) fazendo os

investimentos necessários, eventualmente com recurso a apoio financeiro

nacional e/ou europeu, iii) desenvolvendo competências de atendimento e

serviço na sua equipa. Esta é a altura certa para agarrar esta oportunidade,

pois quem estiver na linha da frente irá, com certeza, ganhar vantagens

competitivas.

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Esta orientação tem de ser entendida e alavancada pelos proprietários,

dirigentes e outros responsáveis como uma estratégia que dará frutos num

futuro próximo e que trará benefícios a todos os clientes em termos de

qualidade de serviço. Pensamos, designadamente, nos benefícios para o

atendimento do crescente mercado dos clientes muito idosos, clientes estes

que já terão necessidades especiais ao nível das limitações motoras, visuais,

auditivas e/ou cognitivas.

Fazendo um paralelismo com a causa ambiental (Eco-Friendly), consegue-se

avaliar como uma orientação praticamente desconhecida (quando não

hostilizada) há apenas duas décadas é hoje em dia uma preocupação real

dos decisores. As unidades turísticas que delinearam como estratégia a

causa ambiental, utilizando-a, inclusive, como uma ferramenta de marketing,

conseguem atualmente o reconhecimento e valorização dos clientes que

utilizam os seus serviços. O segmento de mercado do Turismo Acessível e

Inclusivo (TAI) é uma causa social reconhecida e uma oportunidade concreta

de negócio, que pode vir a fazer rapidamente um caminho semelhante ao já

realizado pelas preocupações ambientais.

d) Destino Turístico

Para ser delineada uma estratégia para o Turismo Acessível e Inclusivo é

importante considerar, em primeira análise, o destino turístico como um todo

e o seu enquadramento legal e político.

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Na 1ª Conferência da Organização Mundial do Turismo (OMT) sobre Turismo

Acessível na Europa, realizada em novembro de 2014, foi aprovada a

Declaração de San Marino (Turismo de Portugal, 2014), na qual se verifica a

intenção expressa de a OMT e os seus Membros desenvolverem todos os

esforços possíveis para tornar o Turismo Acessível uma realidade.

O Turismo de Portugal, na revisão do PENT 2013-2015 e linha da OMT,

apresenta também como estratégia nacional “Tornar Portugal um destino

acessível para todos” (Turismo de Portugal, 2013, pág. 76), incentivando

dessa forma a mobilização dos agentes públicos e privados, tendo em vista

incrementar, em toda a cadeia de valor, o acesso e a fruição turística a todos.

Cadeia de Valor do Turismo Acessível e Inclusivo

Fonte: Ana Garcia, Accessible Portugal

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53

A cadeia de valor para o desenvolvimento do Turismo Acessível e Inclusivo

vai para além das agências e operadores, postos de turismo, serviços de

transportes, hotelaria, restauração, animação turística e cultural, pois inclui

outros produtos e serviços disponíveis para a população, em geral, que

podem fazer toda a diferença na experiência turística das pessoas com

necessidades especiais, tais como: centros de saúde, clínicas e hospitais,

autoridade pública (GNR ou Polícia), lojas e outras atividades culturais, até à

própria movimentação na via pública (acessibilidade e sinalética).

Ainda como parte da cadeia de valor, acresce o recurso a serviços

especializados relacionados com as limitações dos turistas (apoio nas

atividades de vida diária – AVD’s) e a empresas de produtos de apoio / ajudas

técnicas (cadeiras de rodas, aparelhos auditivos, etc.)

e) Trabalho em Rede

Os serviços turísticos e hoteleiros só podem ter sucesso na satisfação das

necessidades especiais dos clientes deste segmento de mercado quando

trabalharem em rede, numa visão holística de serviço. Ter as melhores

condições num único serviço hoteleiro, por exemplo, não significa que a

experiência turística do cliente seja satisfatória, pois ele precisa de circular na

cidade/vila, aceder a restaurantes, ter a possibilidade de visitar e usufruir de

museus, praias, monumentos, atividades culturais ou desportivas, etc.

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A experiência turística é global para qualquer cliente, criada pela

interligação dos prestadores de serviços da cadeia de valor. Para o

segmento de mercado dos turistas com necessidades especiais, a

interligação funcional dos diferentes interlocutores e as suas sinergias

são ainda mais indispensáveis para a qualidade do serviço que lhes é

prestado e para a sua satisfação.

f) Qualificação da Oferta

Com o enquadramento macro das características de mercado, o passo

seguinte é definir em que condições se encontram cada um destes

interlocutores na prestação de serviços turísticos e hoteleiros, tendo em conta

os clientes com necessidades especiais.

• Percurso / Evolução

Para avaliar o posicionamento deste segmento de mercado dever-se-á

perceber o seu enquadramento atual e qual a abordagem a desenvolver.

O segmento do Turismo Acessível e Inclusivo, mote central deste Relatório e

Projeto, não está excluído do mercado, mas também não está

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completamente assimilado, o que significa que, por esta altura, o

compreendemos como um caminho para se alcançar o Turismo para Todos.

Entenda-se, por isso, que a estratégia de avançar para a qualificação

dos serviços tendo em conta este segmento de mercado não significa

que só se vai trabalhar exclusivamente para o turista com necessidades

especiais, mas sim que se vai procurar a inclusão dos mesmos nos

produtos e serviços turísticos existentes.

• Estrutura Física / Atendimento

Para fazer uma avaliação da capacidade da prestação de serviços acessíveis

e inclusivos, é imprescindível fazer um diagnóstico prévio das infraestruturas

(em termos de acessibilidade, mobilidade, segurança, sinalética, etc.) e do

atendimento inclusivo da equipa, de forma a preparar um plano de

ajustamento nestas duas dimensões.

Em termos do edifício e do equipamento, devem ser seguidas as orientações

do design universal, sendo reconhecido que essa opção não assegura, por si

só, a satisfação plena de todas as necessidades dos clientes; no entanto,

possibilita a adaptação e utilização com mais facilidade de ajudas técnicas,

as quais vêm complementar as condições para o serviço, de acordo com as

características e necessidades dos clientes.

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No caso de um edifício novo, é mais fácil fazer a planificação já com a base

do design universal, mas a realidade é que, na maior parte dos casos, é

necessário avaliar quais as alterações a fazer, em termos de acessibilidade

física, em edifícios já existentes.

Como complemento a estas reflexões, é importante ter em conta que já

existem no mercado algumas empresas que alugam equipamentos / produtos

de apoio para este segmento de mercado (exemplo: cadeiras de banho,

gruas elevatórias, barras de apoio amovíveis, etc.), o que permite, sem

custos de investimento, proporcionar os produtos / serviços necessários aos

clientes.

No que diz respeito ao atendimento inclusivo, é determinante conhecer os

processos de trabalho existentes e as competências da equipa. É de salientar

que nas competências base dos técnicos de atendimento turístico

(rececionistas, empregados de mesa / bar, empregadas de andares, agentes

de viagens, motoristas de turismo, guias turísticos, técnicos dos postos de

turismo, monitores de atividades desportivas e culturais, etc.) ainda não estão

“enxertadas”, de modo sistemático e obrigatório, as competências de

atendimento de pessoas com necessidades especiais (nomeadamente:

conhecimento das limitações motoras, visuais, auditivas, intelectuais,

alergénicas; relacionamento interpessoal e adaptações ao seu próprio

processo de trabalho).

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• Qualidade do Serviço

A prestação de serviços da hotelaria e turismo centra-se, de um modo geral,

no cliente e na sua satisfação. Na génese da Qualidade de Serviço de

Excelência está o objetivo de perpetuar o relacionamento com o cliente,

tornando-o duradouro. O atendimento deve estar alinhado com o cliente para

corresponder e superar as suas expectativas, necessidades e desejos, com

uma boa dose de personalização e até de encantamento. O foco não é o que

o prestador de serviços julga ser importante, mas aquilo a que cada cliente

atribui importância.

Nesse sentido, o mais importante não é direcionar o foco do

atendimento NO cliente, mas no foco DO cliente.

A conquista da Qualidade de Serviço de uma forma alargada visa a

satisfação de diferentes tipos de clientes. Se os diversos serviços turísticos

desenvolverem competências para receberem as pessoas com necessidades

especiais estarão também a criar mais conforto, segurança e, em última

análise, Satisfação a todos os clientes.

Como em qualquer serviço de atendimento ao público, quanto mais clientes

os serviços turísticos receberem com diferentes características mais

experiência vão ganhando (saber-fazer), desenvolvendo uma qualidade de

serviço baseada na melhoria contínua, pois a avaliação do desempenho

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(tendo em conta a satisfação dos clientes), permite o ajustamento dos

procedimentos.

• Motivações do Cliente

No âmbito do turismo acessível e inclusivo, nos atos de prestação dos

serviços temos de ter sempre em conta a capacidade de cada pessoa e as

suas motivações. O mesmo cliente pode necessitar de mais apoio se viajar

sozinho, normalmente em trabalho, do que se viajar acompanhado,

provavelmente com a família.

Em termos gerais, apesar de existirem equipamentos de apoio, ajudas

técnicas e várias opções de serviço às pessoas com necessidades especiais,

não é aconselhável que a decisão acerca do que utilizar seja apenas do

prestador de serviço, de uma forma estandardizada (por exemplo, uma

pessoa em cadeira de rodas nem sempre precisa, ou gosta, de uma cama

articulada). Ou seja, quem deve decidir quais as necessidades especiais que

precisam de ser satisfeitas e como, é o próprio cliente. O contacto direto é

muitas vezes aconselhado e requerido para estes clientes, pois necessitam

de avaliar as condições de acessibilidade e serviço e decidir se as mesmas

servem as suas necessidades e limitações. Ninguém está mais bem

preparado para indicar o que precisa e como precisa do que o próprio cliente,

dependendo das circunstâncias da sua viagem.

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• Condições de Segurança

Para pessoas com necessidades especiais, a questão da segurança é

fundamental, uma vez que precisam de cuidados adicionais numa situação

de emergência.

Como exemplos: numa unidade hoteleira, museu ou monumento, os sinais de

alarme são sonoros (como alertar os clientes surdos?) e normalmente os

elevadores, quando dispara o alarme do SADI – Sistema Automático de

Deteção de Incêndios –, têm como procedimento de segurança descer ao

piso 0, abrir as portas, mas não continuarem a trabalhar (o que impossibilita

as pessoas com mobilidade reduzida de serem evacuadas do edifício por

esse meio); uma empresa de animação turística que efetue passeios pela

natureza terá que preparar procedimentos alternativos aos convencionais

para clientes surdos, cegos ou com deficiência intelectual, etc.

Têm de ser encontradas soluções funcionais, normalmente de serviço, que

sejam treinadas nas equipas e que possam transmitir segurança a quem

necessita destes cuidados adicionais.

• Comunicação

Do ponto de vista da informação e de como disponibilizá-la aos clientes, este

segmento de mercado também tem necessidades muito particulares. É de

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extrema relevância que a informação existente seja correta e detalhada; por

motivos operacionais, deve ser partilhada por toda a equipa que tem contacto

com o público. Outra ressalva essencial é que, durante a prestação do

serviço, a informação recolhida diretamente com o cliente durante a estada

ou serviço prolongado seja passada a toda a equipa, mesmo com mudança

de turnos.

Se se tratar de informação partilhada nos websites, redes sociais, folhetos,

plataformas, vídeos, etc., além da veracidade e detalhe da informação ela

deve também poder ser acedida por todos os clientes (incluindo pessoas

cegas e de baixa visão, ou pessoas surdas com acesso a texto mais simples

ou com tradução em LGP) e, para isso, a forma da informação é relevante,

não só o conteúdo.

Gradualismo da Qualificação da Oferta

Os produtos e serviços turísticos podem não estar preparados, à

partida, para todas as diferentes necessidades dos clientes, i.e., podem

ter condições para receber pessoas surdas ou com limitações auditivas,

por exemplo, mas estar menos preparados para receber pessoas com

mobilidade reduzida. O que significa que o plano de ajustamento pode

ser faseado, tendo em conta as características do produto/serviço

existente e a capacidade de investimento, quer financeira, quer

temporal, que os responsáveis decidam implementar tendo em conta o

segmento do turismo acessível e inclusivo.

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Para que as condições existentes sejam validadas, é vital um

acompanhamento próximo de pessoas com necessidades especiais,

provavelmente através de parcerias com associações representantes de

pessoas com deficiência, assim como consultores especializados.

Com esta orientação em mente, o objetivo é promover as condições reais

para receber com qualidade o público-alvo. É muito importante que as

experiências sejam positivas, para que a segurança e conforto destes

clientes possam trazer outros num futuro próximo.

• Marketing e Promoção

Para complementar o plano de ação, o plano de marketing deve posicionar

os agentes turísticos em relação a este segmento de mercado, para atrair a

respetiva procura.

Conhecendo com rigor os produtos e serviços acessíveis e inclusivos, resta

utilizar as ferramentas existentes para divulgar e promover, tendo em conta

as características específicas fundamentais de comunicação (a informação

deve ser correta, detalhada e validada).

Os websites devem ser acessíveis, de acordo com as orientações de W3C

(http://www.w3.org/standards/webdesign/accessibility), as brochuras, folhetos

e outras apresentações devem ter em conta outros meios de comunicação

alternativos (braille, escrita simples, em relevo, áudio-guias com

audiodescrição, etc.). Existem já algumas plataformas ao nível europeu

direcionadas para este segmento de mercado, como, por exemplo, a

http://pantou.org/.

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A promoção deverá ser direcionada para os seguintes targets da procura

turística: operadores turísticos especializados, as próprias pessoas com

necessidades especiais, seus acompanhantes (amigos, familiares), entidades

prestadoras de serviços e associações representativas de pessoas com

necessidades especiais, etc.

Poder-se-ão utilizar os meios convencionais de promoção (feiras

especializadas, porta-a-porta, fam trips, press trips) e outros específicos

deste segmento (parcerias com associações representantes de pessoas com

deficiência e suas famílias, entidades prestadoras de serviços para pessoas

com necessidades especiais, redes de atividade sénior como a RUTIS

(Associação Rede de Universidades da Terceira Idade), etc.

Em termos de estratégia, não se deverá trabalhar em exclusivo só este

segmento de mercado, mas não implica que não se criem pacotes

específicos que possam aliciar os turistas com determinadas tipologias de

deficiência.

• Certificação

Como complemento da ação, existe a possibilidade de certificação de

determinados produtos e/ou serviços, a qual permite a validação de

procedimentos e condições, garantindo aos turistas com necessidades

especiais que estas entidades certificadas estão especialmente bem

preparadas para os receber. Estas certificações e selos podem e devem ser

utilizados como ferramentas de marketing, pois realçam as entidades que

dão importância a esta temática e que dão mais garantias de serviço.

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Exemplos:

• TÜV Rheinland - baseado na norma 4523-2014 – Turismo Acessível -

Estabelecimentos Hoteleiros. Ver em:

http://www.tuv.com/pt/portugal/sobre_nos_pt/noticias/noticias-pdf_234538.jsp

• Selo de Qualidade ECARF – Produtos e Serviços Amigos das Pessoas com Alergias.

Ver em:

http://www.ecarf-institute.org/en/ecarf-seal-of-quality/the-ecarf-seal-of-quality.html.

É importante realçar que a certificação TÜV está preparada para avaliar os

procedimentos e condições por tipologia de limitações (motoras, visuais,

auditivas e intelectuais), o que permite uma avaliação mais real e de acordo

com um potencial faseamento das condições existentes.

6. O Projeto BRENDAIT – Metodologia de intervenção

a) Obstáculos

A metodologia que o projeto adota para “Building a Regional Network for the

Development of Accessible and Inclusive Tourism” está estreitamente

relacionada com o tipo de obstáculos ao desenvolvimento de destinos

acessíveis e inclusivos a ultrapassar.

Quer os esforços públicos, associativos e privados que têm vindo a ser

desenvolvidos em Portugal para o desenvolvimento do turismo acessível e

inclusivo, quer os estudos que a Comissão Europeia apresentou em 2014

apontam para os seguintes obstáculos principais:

• a inércia e o pouco interesse que uma grande parte dos agentes do

setor do turismo continuam a manifestar pelo turismo acessível;

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• a falta de conhecimento sobre este segmento do mercado turístico, os

preconceitos negativos ainda relativamente frequentes em relação às

pessoas com deficiência, assim como a falta de competências de

gestão e de competências de atendimento relativas ao turismo

acessível e inclusivo, sobretudo ao nível das PME que, constituem a

esmagadora maioria do tecido empresarial do setor;

• a falta de uma abordagem holística das necessidades do cliente/turista

com necessidades especiais e de uma cultura de trabalho em rede

entre os diferentes prestadores de serviços, absolutamente

indispensáveis a uma estada turística bem sucedida.

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b) Estratégia de intervenção

A estratégia de intervenção para ultrapassar os obstáculos identificados

passa pelas seguintes dimensões estruturais:

i) Transformação das atitudes de indiferença e desinteresse dos

decisores dos operadores locais relativamente ao turismo acessível,

em atitudes de adesão informada e decidida à ideia da expansão do

seu negócio mediante conquista de clientes no segmento de mercado

constituído pelos turistas com necessidades especiais.

Os principais meios para estimular essa transformação de atitudes

assentarão, essencialmente: em interações pessoais diretas com e

entre os decisores (partilha de informação e de experiências de

sucesso entre eles); interações pessoais dos decisores com elementos

da equipa técnica (contactos diretos nos estabelecimentos, entrevistas,

reuniões); trabalho conjunto no estabelecimento de parcerias bilaterais

e multilaterais; contactos pessoais e trabalho conjunto no contexto das

reuniões da Parceria Regional.

ii) Transformação de atitudes negativas para com as pessoas com

deficiência, para com a diferença, baseadas em preconceitos e mitos

culturais antigos, ainda presentes no subconsciente de muitos dos

agentes do setor e que contribuem decisivamente para o seu

desinteresse pelo turismo acessível e inclusivo.

O principal meio para estimular a transformação destas atitudes é

proporcionar aos decisores e profissionais do setor oportunidades de

interação pessoal direta, espontânea e natural com estas pessoas; a

experiência mostra que, ultrapassados possíveis sentimentos iniciais

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de estranheza e inibição, as diferenças relacionadas com a deficiência

passam rapidamente para segundo plano e o relacionamento

posiciona-se espontaneamente numa relação interpessoal como com

qualquer outra.

O projeto promoverá oportunidades para estas interações, através de

várias iniciativas, nomeadamente: mobilização de pessoas e entidades

representativas de diferentes tipologias de deficiência para integrarem

a Parceria Regional BRENDAIT; integração de testemunhos de vida de

pessoas com deficiência nas ações de sensibilização dos decisores e

nas ações de formação dos profissionais; estimulação de

estabelecimento de parcerias entre entidades das duas áreas de

prestação de serviços (serviços turísticos e serviços de apoio a

pessoas com deficiência).

iii) Transformação do preconceito, comum entre muitos dos decisores, de

que o turismo acessível é mais uma questão de responsabilidade

social, com algum prejuízo económico (gastar em obras de

acessibilidade e vender pouco), numa convicção informada de que o

turismo acessível e inclusivo pode constituir, de facto, uma boa opção

para a expansão e sustentabilidade do seu negócio.

Os principais meios de transformação do preconceito serão: o

aumento da informação e conhecimento sobre o assunto, o contacto

com experiências de sucesso de outras empresas e a vivência direta

de experiências próprias de sucesso da sua empresa, neste campo.

iv) Privilégio de uma estratégia de realização de ajustamentos

progressivos nas condições materiais dos estabelecimentos, em

concomitância com o alargamento progressivo da complexidade e

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natureza das diferentes tipologias de necessidades especiais dos

clientes que podem acolher, em vez da abordagem tradicional do tudo

ou nada, ou seja, para se ser um estabelecimento acessível, para se

poder começar a trabalhar neste mercado, tem que se ter, desde logo,

todas as condições necessárias para atender as situações mais

complexas (clientes em cadeiras de rodas, por exemplo).

v) Estímulo para uma abordagem holística da qualificação e gestão do

destino turístico, envolvendo os diversos subsetores de atividade

turística, mas também as áreas de atividade conexas (transportes,

comércio, saúde, segurança pública, etc.), entidades responsáveis

pelos espaços públicos e as próprias comunidades locais.

Todos estes setores serão chamados a participar na parceria regional

do turismo acessível e inclusivo e a trabalharem em rede neste campo.

Todos estes setores serão estimulados e apoiados a adquirirem as

competências profissionais e cívicas necessárias a uma prestação de

serviços e a um relacionamento interpessoal inclusivos, mediante a

participação em ações de formação para esse fim organizadas.

vi) Operacionalização no terreno de uma equipa técnica competente e

diferenciada, para interagir direta e pessoalmente com os diferentes

agentes (privados, públicos, associativos) potencialmente interessados

no desenvolvimento do turismo no território em que estão inseridos.

A composição da equipa procura ser ela também holística, cobrindo,

da melhor forma possível, as diversas vertentes de conhecimento e

experiência profissional que o plano de intervenção implica: quer no

que respeita à extensão e diversidade da cadeia de serviços turísticos

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(distribuição, transportes, alojamento, restauração, animação); quer no

que respeita aos eixos do processo de animação do desenvolvimento

da rede regional de turismo acessível e inclusivo (cooperação,

aprendizagem e inovação).

c) Eixos de Ação

Eixo 1: Cooperação

Este eixo de intervenção visa desenvolver uma cultura de cooperação

empresarial, de trabalho em rede e de abordagem holística da gestão do

destino; estrutura-se em torno dos seguintes elementos:

• Criação e funcionamento da Parceria Regional BRENDAIT . Trata-

se de uma parceria com a missão de: i) dinamizar o processo de

adesão de pessoas e entidades ao desenvolvimento de turismo

acessível e inclusivo no território; ii) promover a dinâmica de

qualificação das empresas e outras organizações locais para poderem

prestar serviços a clientes/turistas com necessidades especiais e

conquistar clientes nesse segmento de mercado; iii) e promover uma

cultura de cooperação empresarial e de trabalho em rede, na cadeia

de serviços turísticos do território, assim como de disponibilidade das

empresas e organizações para participarem em processos de gestão e

promoção da dimensão acessível e inclusiva do destino turístico

regional.

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A Parceria Regional BRENDAIT será uma parceria informal, flexível e

aberta, constituída por empresas, organizações e pessoas a título

individual, que voluntariamente entendam aderir e que representem,

na Parceria, interesses, necessidades e vontades de agir existentes

nos estratos económico-sociais pertinentes (serviços turísticos,

naturalmente, mas também comércio e serviços especializados,

serviços públicos, representantes das diferentes tipologias de

necessidades especiais e cidadãos comuns / comunidades locais).

O núcleo inicial será constituído por empresas e organizações já com

alguma sensibilização e/ou experiência em turismo acessível e

inclusivo e que, em colaboração com a equipa do projeto BRENDAIT,

dinamizará a adesão de novos parceiros.

Será a partir da experiência da Parceria BRENDAIT ao longo da

duração do projeto que os agentes do território decidirão as formas de

organização que entendam pertinentes para a continuidade da rede

regional de turismo acessível e inclusivo.

• Melhoria do conhecimento dos parceiros e de outros agentes locais

interessados, relativamente à temática da cooperação empresarial,

mediante a realização de workshops técnicos e/ou ações de

formação sobre o assunto.

• Experiência/Vivência concreta de práticas de cooperação , tais como:

práticas de partilha de informação e de experiências relativas ao

turismo acessível; estabelecimento de parcerias e práticas de trabalho

em rede na prestação de serviços a clientes/turistas com

necessidades especiais; ações conjuntas de marketing e de promoção

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da região como destino acessível; participação na construção de

bases de dados sobre a oferta acessível e inclusiva da região e sobre

o acesso / comunicação com a procura; participação nas reuniões de

coordenação e nas atividades da Parceria BRENDAIT.

• Eixo 2: Aprendizagem

Este eixo de intervenção visa desenvolver uma cultura de conhecimento, de

competência, de continuous / life long learning, ao nível individual,

organizacional e regional; estrutura-se em torno dos seguintes elementos:

• Melhoria do conhecimento dos empresários, dirigentes, quadros

técnicos e operadores dos serviços, relativamente à temática da

aprendizagem contínua (continuous learning), e das suas duas

dimensões: aprendizagem formal e aprendizagem informal; o

tratamento deste tema será integrado nos workshops técnicos e/ou

nas ações de formação previstas.

• Aprendizagem formal. Aquisição de conhecimentos e de

competências, em contextos formais de aprendizagem,

nomeadamente através das seguintes atividades:

� Workshops de sensibilização para empresários e

dirigentes , acerca dos Clientes com necessidades especiais,

no quadro da evolução atual da procura turística, da qualidade

da oferta de serviços e da sustentabilidade do negócio turístico;

� Ações de formação profissional dirigidas aos ativos

empregados das empresas e dos organismos do setor do

turismo ; estas ações destinam-se a dotar os profissionais com

as competências específicas requeridas pelo turismo acessível

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e inclusivo, nas áreas da gestão, comercialização e prestação

dos serviços;

� Ações de formação profissional dirigidas aos ativos

empregados em empresas e outras organizações prestadoras

de serviços não especificamente turísticos, mas com

impacto relevante na qualidade da estada turística das pessoas

com necessidades especiais no território (transportes, comércio,

saúde, segurança, etc.); estas ações destinam-se a dotar os

profissionais com as competências específicas requeridas para

atendimento adequado dos clientes/turistas com necessidades

especiais, nos respetivos serviços;

� Ações de formação cívica , sobre relacionamento interpessoal

inclusivo, dirigidas aos cidadãos comuns; estas ações

destinam-se a melhorar a capacidade dos cidadãos comuns

para interagirem de forma adequada com os cidadãos com

necessidades especiais, contribuindo, assim, para uma cultura

global de acolhimento inclusivo nas comunidades locais do

território.

� Ações de formação/aperfeiçoamento de formadores em

turismo acessível e inclusivo, a fim de potenciar a

desmultiplicação da formação, visando as competências

profissionais necessárias ao desenvolvimento do turismo

acessível e inclusivo na região.

Nota: a equipa BRENDAIT especificará os conteúdos, elaborará os

módulos de formação e apoiará os parceiros na viabilização do

acesso dos seus profissionais à formação, nomeadamente através

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de oportunidades de formação cofinanciadas pelo Programa

“Portugal 2020”.

• Aprendizagem informal

Será dinamizada uma abordagem sistemática no sentido de tirar partido

das atividades e das vivências individuais e coletivas inerentes ao

desenvolvimento do projeto BRENDAIT, para consolidar o conhecimento e

as competências relacionadas com o turismo acessível e inclusivo.

As referidas atividades e vivências ocorrerão em cada empresa

participante, envolvendo gestores, quadros técnicos e operadores dos

serviços, na abordagem das diversas vertentes do seu próprio projeto

(opção estratégica pelo turismo acessível e inclusivo, diagnóstico

participado das condições de acessibilidade e de atendimento,

planeamento das ações de qualificação a prosseguir, acesso a

certificação, adequação das estratégias de marketing e comercialização

dos serviços).

Estas atividades e vivências de partilha de conhecimento e de experiência

ocorrerão no contexto do funcionamento da parceria regional BRENDAIT,

nas iniciativas de cooperação bilateral e multilateral entre os diversos

atores, no trabalho em rede na prestação dos serviços, na colaboração

em iniciativas de gestão e promoção do destino.

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Eixo 3: Inovação

Este eixo de intervenção visa desenvolver uma cultura de permanente

inovação , ou seja, de busca de novas soluções para os problemas

emergentes no presente e futuro previsível, quer em cada empresa, quer na

rede regional de turismo acessível e inclusivo, quer na qualificação, gestão e

promoção do destino.

Para além dos elementos estreitamente relacionados com a cultura e a

prática da inovação inerentes ao desenvolvimento dos dois eixos anteriores,

este terceiro eixo estrutura-se sobretudo em torno da dimensão Gestão da

Qualidade.

No quadro desta dimensão, relevamos os seguintes elementos: i)

posicionamento estratégico da empresa, da rede de oferta de serviços e do

destino, no mercado do turismo, em geral, e do turismo acessível e inclusivo,

em particular, mediante estímulo e assessoria do projeto à elaboração dos

correspondentes planos estratégicos; ii) diagnóstico das condições de

acessibilidade e de atendimento inclusivo dos prestadores dos serviços

turísticos requeridos para uma estada bem-sucedida de clientes/turistas com

necessidades especiais e planeamento dos ajustamentos a fazer para a sua

adequada qualificação; o projeto apoiará o autodiagnóstico inicial e, quando

necessário, a organização do processo de recurso a serviços externos

especializados; iii) diagnóstico das condições de comunicação oferta-procura

e ajustamento do plano de marketing e comercialização para conquista de

clientes no mercado do turismo acessível e inclusivo, mediante estímulo e

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assessoria da equipa do projeto para o efeito; iv) certificação do sistema de

gestão da qualidade das condições de acessibilidade e de atendimento

inclusivo, mediante recurso a entidade certificadora; v) plano de melhoria

contínua do sistema, mediante estímulo e assessoria da equipa do projeto

para o efeito.

Nota : As atividades relativas aos três eixos de intervenção referidos não são

sequenciais; realizam-se de forma articulada e/ou integrada no mesmo

período de tempo.

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d) Articulação da dinâmica do Projeto BRENDAIT com os apoios

do Programa Portugal 2020

A sustentabilidade e continuidade da dinâmica de desenvolvimento do

turismo acessível e inclusivo, desencadeada pelo Projeto BRENDAIT,

depende em grande medida do estabelecimento de uma estreita articulação

com o acesso a apoios e incentivos proporcionados pelo Programa Portugal

2020, especialmente no caso das PME.

Apoios e incentivos que potenciem os esforços das empresas para a sua: i)

Qualificação (diagnóstico, planeamento, redesenho dos processos de

trabalho, recurso a novas tecnologias, formação profissional, etc.); ii)

Internacionalização (estudos de mercado, promoção, plataformas de

comercialização, etc.); iii) e Requalificação de Infraestruturas e Equipamentos

(produtos de apoio/ajudas técnicas específicas, sinalética, equipamentos,

eliminação de barreiras arquitetónicas, etc.).

Apoios e incentivos que potenciem também os esforços de outras entidades

locais e regionais para: i) melhorar a acessibilidade dos espaços públicos, do

património edificado e de outros recursos turísticos; ii) melhorar a capacidade

de atendimento de clientes com necessidades especiais por parte dos

diversos serviços da comunidade que contribuem para a qualidade da estada

turística proporcionada aos visitantes.

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Anexo 1

Iniciativas-chave para o desenvolvimento e promoção do Turismo e dos Destinos para Todos 1

• Declaração dos Direitos das Pessoas com deficiência (ONU, 1975)2; • Princípios do Desenho Universal, Versão 2.0. Raleigh, NC: North Carolina State

University, o Centro para o Design Universal (1997)3; • Código Mundial de Ética do Turismo (OMT, 1999)4; • 2010: Uma Europa acessível a todos (Comissão Europeia, 2003)5; • Carta do Rio sobre Desenho Universal para um Desenvolvimento Sustentável e

Inclusivo (2004)6; • Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006)7; • Declaração de Takayama sobre o Desenvolvimento de Comunidades para Todos na

Ásia e no Pacífico (Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia e Pacífico, ESCAP, 2009)8;

• Norma ISO 21542: 2011, Edificado - Acessibilidade e usabilidade do ambiente construído fornecendo uma referência mundial para a conceção de edifícios, incluindo infraestruturas turísticas (2011)9;

• Manifesto Italiano para a Promoção do Turismo Acessível (2011)10; • Relatório Mundial sobre a Deficiência concluindo que mais de 1 bilhão de pessoas no

mundo vivem com uma deficiência (Organização Mundial de Saúde de 2011)11; • 5ª Conferência Internacional sobre Turismo Responsável nos Destinos sobre o

Acesso para Todos (ICRT, Canadá, 2011)12; • Práticas recomendadas e padronizadas do Anexo 9 - Facilitação da Convenção

sobre Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago, 1944) e o Manual de

1 Declaração “Um Mundo para Todos”. Declaração da Cimeira Mundial dos Destinos para Todos, Montreal, 2014 2 Declaração dos Direitos das Pessoas com deficiência (UN, 1975) http://www.ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/RightsOfDisabledPersons.aspx 3 Centro de Design Universal (1997) http://www.ncsu.edu/ncsu/design/cud/about_ud/udprinciples.htm 4 Código Global de Ética em Turismo (OMT, 1999) http://ethics.unwto.org/en/content/global-code-ethics-tourism 5 Uma Europa acessível a todos 2010 (EU, 2003) http://www.etcaats.eu/resources/2010-a-europe-accessible-for-all-3.pdf 6 http://siteresources.worldbank.org/DISABILITY/Resources/280658-1172672474385/RioCharterUnivEng.doc 7 http://www.un.org/disabilities/convention/conventionfull.shtml 8 http://www.accessibletourism.org/resources/takayama_declaration_top-e-fin_171209.pdf 9 http://www.iso.org/iso/catalogue_detail?csnumber=50498 10 http://www.accessibletourism.org/resources/il-manifesto-en-2.pdf 11 http://www.who.int/disabilities/world_report/2011/en/ 12 http://www.keroul.qc.ca/DATA/PRATIQUEDOCUMENT/43_fr.pdf

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Acesso ao transporte aéreo por parte das Pessoas com Deficiência (Organização da Aviação Civil Internacional, de 2013)13;

• Recomendações da OMT sobre Turismo Acessível, desenvolvidas com o apoio da Fundação ONCE e da Rede Europeia de Turismo Acessível (ENAT) (OMT, 2013)14;

• A série de Congressos Internacionais de Turismo para Todos, organizadas e promovidas em Espanha pela Fundação ONCE em 2004, 2007, 2010 e 201315;

• A Visão 2020 da Catalunha por um Turismo Responsável: a Declaração de Barcelona (2013)16;

• A série de Congressos sobre Turismo Acessível no Sudeste de Ásia em 2005, 2007, 2009, 2011 e Dezembro de 201417;

• Relatório e Apelo à Ação Acesso à Cultura 2012 pela União Europeia de Cegos18; • Visão e Plano de Ação 2011, 2015, Caminho a Seguir da Federação Mundial de

Surdos19; • Modelo de regulamentações proposto para os táxis acessíveis e os veículos de

aluguer (Associação Internacional de Reguladores de Transportes, 2014); • Proposta do Grupo de Trabalho Aberto para Fins de Desenvolvimento Sustentável

produzidos na 13ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que contém o objetivo de «Tornar as cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis» (OWG, agosto de 2014);

• Esforço de cooperação internacional realizado pela OMT, ENAT, ISTO, a Fundação ONCE, o Centro Mundial de Excelência de Destinos (CED), Kéroul, e os numerosos participantes da Cimeira Mundial dos Destinos para Todos , em estarem comprometidos a partilhar os seus conhecimentos para o benefício da comunidade internacional.

13 http://store1.icao.int/index.php/manual-on-access-to-air-transport-by-persons-with-disabilities-doc-9984-english-printed.html 14 http://dtxtq4w60xqpw.cloudfront.net/sites/all/files/pdf/a20_res_final_en.pdf 15 http://www.fundaciononce.es/es/pagina/eventos 16 http://rtd7.org/home/declaration 17 http://icat2014.beautifulgate.org.my/ 18 http://www.euroblind.org/working-areas/access-to-culture/nr/1315 19 http://wfdeaf.org/wp-content/uploads/2011/09/WFD-Action-Plan-2011-2015.pdf

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Anexo 2

FREQUENTLY ASKED QUESTIONS – FAQ’S PROJETO BRENDAIT

A. Terminologia associada ao turismo acessível e in clusivo

1. O que se entende por turismo acessível e inclusi vo?

O turismo acessível e inclusivo é uma oferta turística que cumpre tanto os requisitos específicos de acesso dos clientes/turistas com necessidades especiais como os que relevam do seu adequado atendimento.

Na relação interpessoal e na prestação do serviço, o adjetivo inclusivo é o termo adequado para significar o tratamento com igualdade, respeitando a diferença e respondendo adequadamente às suas necessidades específicas.

2. Turismo acessível e inclusivo é sinónimo de turi smo para todos?

A expressão turismo para todos significa a Visão, o ideal a atingir; a expressão turismo acessível e inclusivo significa a Missão, o que é preciso fazer aqui e agora para cumprir os objetivos de acessibilidade e inclusão.

3. Como se relaciona o turismo acessível e inclusiv o com o turismo sénior?

Turistas com necessidades especiais existem em todas as idades, pelo que o turismo acessível e inclusivo não tem uma relação exclusiva com o turismo sénior.

Por outro lado, muitos dos turistas seniores não apresentam (ainda) necessidades especiais relacionadas com as suas condições de saúde que impliquem ajustamentos significativos nas condições de acessibilidade e de

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atendimento da oferta de serviços, pelo que pode haver oferta de algum turismo sénior por estabelecimentos ainda não acessíveis e inclusivos.

Contudo, sendo o processo de envelhecimento um dos fatores de maior relevância na emergência e progressividade das limitações e consequentes necessidades especiais, cada vez mais o turismo sénior sustentável terá de ser também turismo acessível e inclusivo.

B. A procura em turismo acessível e inclusivo

4. Quem são os turistas com necessidades especiais?

Do ponto de vista das condições da pessoa, o conceito necessidades especiais tem origem na natureza e tipologia de limitações motoras, visuais, auditivas e intelectuais.

5. Turistas com necessidades especiais são apenas a queles que sofrem de algum tipo de deficiência?

As limitações que determinam as necessidades especiais em turismo não surgem apenas relacionadas com a deficiência, mas emergem também de situações relacionadas com o processo de envelhecimento, bem como com outras situações de limitação ou condicionamento da mobilidade, tais como, gravidez, pais com crianças de colo, obesidade, gigantismo, nanismo, etc., e também com sequelas de determinadas patologias do foro respiratório, cardíaco, neurológico, etc.

6. Como se traduzem as necessidades especiais nos s erviços turísticos?

As necessidades especiais, quando em contexto de utilização-consumo-fruição de serviços turísticos, concretizam-se em necessidades específicas

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de acesso (locais, espaços, equipamentos e atividades), mas também em necessidades específicas de atendimento (comunicação interpessoal, informação, orientação, apoio).

7. Qual é o principal objetivo e desejo da procura turística com necessidades especiais?

O mais importante dos objetivos dos turistas com necessidades especiais prende-se com o desejo de não serem discriminados. As pessoas com necessidades especiais querem ser tratadas como todas as outras pessoas, mas valorizam uma atenção, tolerância e apoio suplementares para as suas necessidades específicas.

8. Quais os principais gostos e preferências da pro cura turística com necessidades especiais?

As pessoas com necessidades especiais são um segmento da procura turística cujo critério de segmentação parte das suas caraterísticas físicas e mentais e não das suas motivações de viagem, que em nada se distinguem das da procura global.

9. Enquanto turistas, as pessoas com necessidades e speciais têm sempre o mesmo tipo de limitações, independentement e das suas circunstâncias?

Não. Uma realidade nem sempre fácil de entender é que as pessoas com necessidades especiais podem, numa situação particular, apresentar limitações e ter determinadas necessidades especiais e noutra situação isso já não acontecer. As suas necessidades especiais variam em função do contexto em que a experiência turística ocorre.

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10. A segurança é um valor fundamental para a procu ta turística com necessidades especiais?

Sim. Dada a sua situação de desvantagem face ao cidadão comum, as pessoas com necessidades especiais têm, na sua grande maioria, uma maior preocupação com as questões de segurança pois, em caso de emergência, necessitam sempre de maiores cuidados e atenções (por exemplo, numa situação de incêndio, uma pessoa em cadeira de rodas ou uma pessoa cega têm muito maiores dificuldades de evacuação, já para não falar de uma pessoa surda, que não terá sequer ouvido o alarme.

Contudo, a sua noção de segurança estende-se, também, às condições de viagem e de prestação global do serviço; por norma, gostam de planear as suas viagens com antecedência, para poderem antecipar possíveis obstáculos que possam pôr em causa o sucesso da sua experiência turística.

11. Quais os principais obstáculos da procura turís tica acessível e inclusiva?

As pessoas que integram a procura turística acessível e inclusiva precisam frequentemente de recorrer a serviços especializados, como empresas de aluguer de equipamentos (produtos de apoio), empresas prestadoras de serviços na área das AVD (Atividades da Vida Diária), farmácias, centros de saúde, hospitais, polícia ou intérpretes de LGP (Língua Gestual Portuguesa), revelando-se, assim, por um lado, a importância da construção de redes de resposta às necessidades destes clientes e, por outro lado, o elevado risco de essa rede poder não funcionar na sua plenitude.

Por outro lado, outra grande dificuldade com a qual se confrontem os turistas com necessidades especiais reside no acesso a informação pertinente, a qual, muitas vezes, só conseguem obter através de um contacto direto com o prestador do serviço turístico.

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C. A dimensão e a oportunidade económica do turismo acessível e inclusivo

12. Qual a proporção efetiva dos turistas com neces sidades especiais, face ao total de turistas?

De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde e da Organização Mundial de Turismo, podemos situar a percentagem atual do conjunto das pessoas com necessidades especiais num patamar superior a 15% da população (World Report on Disability, OMS, 2011), uma percentagem sem dúvida já muito relevante mas que ainda deverá crescer no futuro próximo, atenta a progressão favorável da esperança média de vida.

13. Qual a dimensão absoluta deste segmento, inclui ndo os turistas com necessidades especiais e os seus acompanhantes?

Um estudo recente da Comissão Europeia, publicado em 2014, refere que, em média, as pessoas com necessidades especiais viajam com 1,9 acompanhantes; como é natural, neste tipo de grupos são as pessoas com maiores dificuldades de acesso aos serviços as que mais influenciam as escolhas coletivas, o que aumenta consideravelmente a dimensão do segmento. Se considerarmos que as estimativas para a população com necessidades especiais se aproximam dos 100 milhões, então, podemos considerar, com mais realismo, que 180 a 200 milhões de turistas europeus se referenciam no turismo acessível e inclusivo.

14. Qual o potencial europeu ao nível do número de viagens e da receita do turismo acessível e inclusivo?

Segundo um estudo recente da Comissão Europeia, publicado em 2014, se analisarmos o lado económico desta procura potencial e quantificarmos o

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número médio de viagens que estes turistas habitualmente fazem, assim como as receitas por eles geradas, constatamos que se atingem valores da ordem de quase 800 milhões de viagens e de mais de €350 mil milhões, comprovando que este segmento representa um potencial gigantesco para o crescimento do turismo.

15. Quais as iniciativas que poderão contribuir par a o aumento da nova procura turística com necessidades especiais?

Sem prejuízo de todas as iniciativas que, por via do progresso da oferta, possam estimular a procura, é fundamental investir em iniciativas de capacitação e qualificação destas pessoas para a prática turística, tocando temas como a pesquisa de informação sobre a oferta turística, o processo de efetuar reservas, o uso de meios de transporte, a utilização de serviços de alojamento turísticos, o usufruto das atividades de animação e restauração, etc.

Neste quadro de capacitação da procura, é absolutamente necessário investir na qualificação da procura doméstica, fazendo com que os cidadãos portugueses com limitações saiam de casa e comecem a viajar e a usufruir dos serviços turísticos que existem à sua disposição. O desenvolvimento do mercado doméstico é, também, a melhor forma de estimular as condições de oferta para os mercados internacionais.

D. A oferta em turismo acessível e inclusivo

16. De que forma é que a oferta em turismo acessíve l e inclusivo pode satisfazer as necessidades especiais?

A qualificação da oferta para poder satisfazer as necessidades especiais em turismo acessível e inclusivo implica assegurar, de forma cumulativa e integrada, três subconjuntos de requisitos: acessibilidade das infraestruturas,

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competências de atendimento e abordagem holística da prestação dos serviços.

Para poder proporcionar e potenciar experiências/estadas turísticas de qualidade a este tipo de clientes, a oferta precisa de dispor de uma cadeia articulada de serviços acessíveis e inclusivos cobrindo, pelo menos, os elos essenciais da cadeia (viagem, alojamento, alimentação, informação, animação) e de uma cultura de trabalho em rede entre os agentes prestadores de serviços na localidade/região.

17. Do ponto de vista da oferta, quais as principai s vantagens da captação dos turistas referenciados no turismo aces sível e inclusivo?

Os turistas referenciados no turismo acessível e inclusivo apresentam algumas caraterísticas que os tornam especialmente interessantes para o negócio turístico: apresentam um gasto médio diário superior ao do turista comum; apresentam uma estada média mais longa do que a do turista comum; estão mais disponíveis para viajar em época baixa do que o turista comum; têm, em média, uma maior fidelização aos destinos, atento o ainda baixo número de casos em que as suas necessidades são preenchidas satisfatoriamente.

18. Quais as medidas a implementar para melhorar a oferta turística acessível e inclusiva?

Para melhorar a oferta acessível e inclusiva as unidades turísticas necessitam de se preparar para a diversidade, ou seja, além da acessibilidade física (rampas, corrimãos, espaço entre mobiliário, portas largas de fácil abertura e acesso, etc.), precisam de sinalética adaptada (em braille, em relevo, contrastante, etc.), de meios de comunicação alternativos (escrita simples, áudio-guias, braille, tradutores online de LGP, etc.), de acesso a equipamentos técnicos de apoio (cadeiras de banho, barras de

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apoio, telefone com texto, etc.) e de uma equipa motivada e com competências específicas de atendimento.

19. Em turismo acessível e inclusivo, qual a import ância do estabelecimento de parcerias e de um processo de qu alificação gradual da oferta?

Para que as condições existentes na oferta de turismo acessível e inclusivo sejam integralmente validadas, é fundamental um acompanhamento próximo das pessoas com necessidades especiais, provavelmente através de parcerias com associações representantes de pessoas com deficiência, assim como consultores especializados.

Como complemento da ação, existe a possibilidade de certificação de determinados produtos e/ou serviços, a qual permite a validação de procedimentos e condições, garantindo aos turistas com necessidades especiais que estas entidades certificadas estão especialmente bem preparadas para os receber. Estas certificações e selos podem e devem ser utilizados como ferramentas de marketing, pois realçam as entidades que dão importância a esta temática e que dão mais garantias de serviço.

20. Em turismo acessível e inclusivo, quem deve tom ar decisões acerca dos equipamentos e outros recursos a utiliza r pelo cliente?

Quem deve decidir quais as necessidades especiais que precisam de ser satisfeitas e como o devem ser, é sempre o próprio cliente. O contacto direto é muitas vezes aconselhado e requerido para estes clientes, pois necessitam de avaliar as condições de acessibilidade e serviço e decidir se as mesmas servem as suas necessidades e limitações. Ninguém está mais bem preparado para indicar o que precisa e como precisa do que o próprio cliente, dependendo das circunstâncias da sua viagem.

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21. De que forma é que a oferta pode tornar a comun icação mais acessível e inclusiva?

Se se tratar de informação partilhada nos websites, redes sociais, folhetos, plataformas, vídeos, etc., além da veracidade e detalhe da informação ela deve também poder ser acedida por todos os clientes (incluindo pessoas cegas e de baixa visão, ou pessoas surdas com acesso a texto mais simples ou com tradução em LGP) e, para isso, a forma da informação é relevante, não só o conteúdo.

22. Quais os meios de promoção apropriados para atr air a procura turística com necessidades especiais?

Os websites devem ser acessíveis, de acordo com as orientações de W3C (http://www.w3.org/standards/webdesign/accessibility), as brochuras, folhetos e outras apresentações devem ter em conta outros meios de comunicação alternativos (braille, escrita simples em relevo, áudio-guias com audiodescrição, etc.). Existem já algumas plataformas ao nível europeu direcionadas para este segmento de mercado, como, por exemplo, a http://pantou.org/ .

Poder-se-ão, também, utilizar os meios normais de promoção (feiras especializadas, porta-a-porta, fam trips, press trips) e outros específicos deste segmento (parcerias com associações representantes de pessoas com deficiência e suas famílias, entidades prestadoras de serviços para pessoas com necessidades especiais, redes de atividade sénior como a RUTIS (Associação Rede de Universidades da Terceira Idade), etc.

23. A quem se deve destinar a promoção da oferta tu rística acessível?

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A promoção de oferta turística acessível deverá ser direcionada para operadores turísticos especializados, para as próprias pessoas com necessidades especiais e seus acompanhantes (amigos, familiares), para entidades prestadoras de serviços e associações representativas de pessoas com necessidades especiais, etc.

Em termos de estratégia, não se sugere um trabalho em exclusivo só para este segmento de mercado, mas isso não implica que não se criem pacotes específicos que possam aliciar os turistas com determinadas tipologias de deficiências ou necessidades especiais.