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TURISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – REALIDADE OU
UTOPIA? ESTUDO SOBRE OS LENÇÓIS MARANHENSES
TOURISM AND SUSTAINABLE DEVELOPMENT - REALITY OR UTOPIA?
STUDY ABOUT LENÇÓIS MARANHENSES.
RESUMO: Turismo como alternativa de desenvolvimento nos Lençóis Maranhenses. Este
artigo procura avaliar o desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social
e ecológica a partir da argumentação dos turistas, nativos, autoridades, empresários e
interessados no turismo na região dos Lençóis Maranhenses. Os dados foram levantados
em entrevistas, onde os atores foram instigados a confrontar os benefícios do
desenvolvimento proporcionado pelos investimentos turísticos com os agravantes que o
excesso de visitação pode provocar (método dialético).
ABSTRACT: Tourism as alternative of development in Lencóis Maranhenses. This article
has the objective to evaluate the sustainable development in terms economic, social and
ecological from the argument of the tourists, natives, authorities, entrepreneurs and others
people with interest in the tourism in Lençóis Maranhenses. The data had been raised from
interviews, where the actors had instigated to face the benefits of development from tourist
investments with the negatives effects of the visitation in excess (dialectic method).
PALAVRAS CHAVES: Turismo, Desenvolvimento sustentável, meio ambiente, Lençóis
Maranhenses.
KEY WORDS: Tourism, Sustainable development, environment, Lençóis Maranhenses.
AUTOR: João Conrado de Amorim Carvalho
1. INTRODUÇÃO
O turismo é uma das atividades econômicas que vem apresentando resultados
crescentes no mundo inteiro, mesmo numa época permeada por problemas relacionados
com guerras, atentados, terrorismos e catástrofes naturais. O World Travel & Tourism
Council (WTTC) estima que a atividade movimenta recursos superiores a seis bilhões de
dólares, representando quase 4% do PIB mundial e gerando um crescimento médio anual
na taxa de empregos em torno de 3%. Não é sem motivo que os governantes criam
programas visando atrair investimentos turísticos para as suas regiões. De outro lado, as
conquistas tecnológicas dos últimos séculos legaram à civilização humana certos
benefícios, como uma maior perspectiva de vida, elevação do poder de consumo,
facilidades de comunicação e mobilidade, garantindo contingentes cada vez maiores de
turistas em busca de locais onde possam descansar, desfrutar de conforto, apreciar a
natureza, a história e a cultura e, enfim, recarregar suas energias. Todos esses aspectos
reforçam a convicção de que o turismo é uma fonte de divisas, ou forma invisível de
exportação, capaz de sustentar a balança de pagamentos e, ao mesmo tempo, uma
estratégia para superar problemas econômicos, principalmente em países em
desenvolvimento (Holanda e Vieira, 2003).
Nesse aspecto, o Brasil, na condição de país com sérios contrastes sociais,
enxerga no turismo uma das alternativas para superar o atraso. O Nordeste brasileiro, em
especial o Estado do Maranhão, apresenta-se com opções de espaços praticamente
inexplorados, como é o caso dos Lençóis Maranhenses. Criado em 02 de junho de 1981,
com área de 155 mil hectares, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses localiza-se no
nordeste do Estado do Maranhão ocupando cerca de 270km² de dunas que se formam
conforme a combinação dos ventos e vem se transformando no principal apelo turístico
responsável pela atração de pessoas do mundo inteiro. O Governo do Estado, baseado em
dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informa que o
município de Barreirinhas, para onde foram carreados os investimentos turísticos, contava,
em 1991, com 29.640 habitantes, número que saltou para 44.531 em 2002, apresentando
uma taxa média de crescimento de 3,8% ao ano contra 1,6% do Estado do Maranhão
(Maranhão em Dados, 2003; p.25). Informações disponíveis no endereço eletrônico do
Governo do Estado do Maranhão (http://www.ma.gov.br/turismo/) e no Guia das Pousadas
e Restaurantes de Barreirinhas (Tsuji, 2004) indicam que o município conta atualmente
com 61 pousadas, cinco hotéis e um resort. Em 2001, segundo dados do IBGE
(http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php), só existiam 12 empresas de alojamento e
alimentação, o que demonstra o acelerado desenvolvimento econômico do município.
O crescimento rápido e incontrolado do fluxo turístico vem também
provocando efeitos negativos em todas as localidades que experimentam seus benefícios. O
fenômeno tem sido tão intenso e difícil de reverter em certas regiões que a sua combinação
com a baixa qualidade dos serviços contribui para uma contínua degradação do produto
turístico e diminuição dos lucros para a comunidade hospedeira e para a economia nacional,
colocando em risco a sustentação da própria indústria turística (Spilanis e Vayanni, 2003).
O grande desafio do setor turístico não se resume apenas em atingir o crescimento
econômico mas também em como gerenciar esse crescimento de forma a alcançar o
máximo benefício sem incorrer em impactos negativos significantes para o ambiente, a
cultura e a sociedade (Ennew, 2003).
Este será o grande dilema do século XXI: elevar o padrão de vida da população
e, ao mesmo tempo, garantir a sustentação do consumo dessa população. No âmbito do
turismo, defrontam-se, de um lado, empresários, comunidades e o próprio governo
procurando dinamizar o turismo como forma de gerar empregos e renda com poucos
investimentos e, de outro lado, ambientalistas, intelectuais e Organizações Não-
Governamentais (ONGs) preocupados com a degeneração do meio-ambiente e com os
problemas sociais que são os efeitos colaterais da atividade turística. Este artigo tem o
objetivo de avaliar se é possível coexistir, no contexto de uma relação positiva, turismo e
desenvolvimento sustentável na região dos Lençóis Maranhenses. Para isso, foram
visitados os municípios de Barreirinhas, Primeira Cruz, Humberto de Campos, Tutóia,
Paulino Neves e Santo Amaro, vinculados ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Deu-se importância à análise dos investimentos ali realizados e o impacto no
desenvolvimento da região. Foram entrevistados vários grupos de pessoas em função das
suas características e níveis de interesse na região, entre os quais o os nativos,
representados pelos habitantes da região; empresários com investimentos nos
equipamentos turísticos; representantes de associações e organizações não-
governamentais; gestores públicos, autoridades e funcionários de órgãos com poder de
interferência ou algum tipo de regulamentação no Parque Nacional; empregados de
empreendimentos turísticos; turistas, totalizando trinta e duas pessoas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O turismo representa um dos mais importantes segmentos econômicos da
atualidade pela sua capacidade de promover o desenvolvimento de uma região. Trata-se de
uma indústria de grande complexidade por se relacionar com diferentes setores da
economia. Seus resultados não se limitam apenas aos setores envolvidos, mas também a
outros setores por meio do chamado efeito multiplicador, definido por Sancho (2001, p.10)
como sendo o “produto da interdependência existente entre os diversos setores econômicos,
de maneira que o aumento da demanda dos bens ou serviços produzidos por um setor gera,
por sua vez, o acréscimo na demanda de bens e serviços procedentes de outros setores”.
Barbosa (2002) segue esse conceito e afirma que as mudanças nos gastos turísticos
repercutirão nos níveis de produção da economia como um todo, afetando a taxa de
desemprego, a renda das famílias, a receita do governo e, também, a balança comercial.
Ruzza (2003) considera que o turismo é visto como um meio para os países
alcançarem seus objetivos econômicos. Ele cita que a União Européia vale-se dos
resultados proporcionados pelo turismo para melhorar as relações entre as diversas culturas
no tocante à mobilidade dos cidadãos, assim como estimular o crescimento de áreas
deprimidas. Batista (2003) acompanha esse pensamento de forma bastante otimista:
Essa nova indústria é capaz de oferecer um rápido crescimento econômico em termos de nível de empregos, distribuição mais justa da riqueza, melhoria da qualidade de vida e incremento de alguns setores industriais ligados à atividade turística. Essas são as razões pelas quais países desenvolvidos investem grandes somas de recursos numa atividade que pode tornar-se uma força motriz no desenvolvimento econômico e social (BATISTA, 2003; p.2).
Holanda e Vieira (2003) afirmam que a maioria dos países, em especial os
europeus arrasados pela Segunda Guerra Mundial, conseguiram reverter seus problemas a
partir das linhas de crédito do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) e do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BIRD) voltadas para financiamento de hotéis e
centros turísticos. O Brasil, a exemplo de outros países periféricos, seguiu uma política
muito próxima a partir dos anos de 1970, adotando o turismo de massa, visto como
“alternativa viável e importante para o desenvolvimento econômico [...] e força estratégica
para a redução dos graves problemas sociais brasileiros” (ZOUAIN e CRUZ, 2004; p.40).
A qualidade dos destinos, representada pelas paisagens exóticas e exuberantes ajudou
bastante na consecução das metas. Turistas endinheirados oriundos de países do Primeiro
Mundo passaram a buscar recantos paradisíacos em suas férias, ajudando a reforçar a
imagem de que o turismo, notadamente o internacional, significaria a redenção da pobreza.
A despeito do esforço empreendido e dos resultados econômicos obtidos, o
turismo não vem proporcionando o desenvolvimento social esperado. Oliveira (2004)
aponta uma série de impactos negativos ao meio ambiente e à cultura local, que podem
ameaçar a própria indústria turística local em médio e longo prazo. Nesse tom, Holanda e
Vieira (2003; p.276) advertem que, “em nome dos benefícios econômicos, questões sociais
foram negligenciadas, atrocidades ao meio ambiente foram cometidas e a cultura de
populações nativas foi descaracterizada”. Estudos empreendidos por Zouain e Cruz (2004;
p.40) identificaram que “o desenvolvimento das atividades turísticas tem gerado
retrocessos em termos de desenvolvimento social”. Pesquisas de Spilanis e Vayanni (2003)
verificaram que o crescimento rápido e incontrolado do fluxo turístico tem causado
significantes impactos negativos no meio ambiente. Em alguns casos, dizem eles, o
fenômeno é tão intenso e difícil de reverter que, combinado com a baixa qualidade dos
serviços, contribui para a contínua degradação do produto turístico e para a redução dos
resultados para as comunidades hospedeiras e para a economia nacional. Eles ressaltam
que, se essa tendência continuar, a sustentabilidade da indústria do turismo se torna incerta.
Krippendorf (2001) identificou, ainda, que os nativos das regiões visitadas
começam a manifestar sinais de descontentamento com a invasão dos seus espaços e com a
sensação de exclusão. O autor afirma que eles desejam libertar-se do jugo turístico,
elevando a sua participação no processo de desenvolvimento da região onde vivem e não
ter que transformá-la em local de repouso reservado aos outros. O turismo, quando
explorado com objetivos meramente econômicos, transforma-se em turismo de massa. As
pessoas acreditam que podem aprender a conviver com ele de forma a contornar os seus
excessos. Na maioria das vezes, nada poderão fazer a não ser contemplar os efeitos que
causará na ecologia e nos campos psicológico e socioeconômico.
2.1. Planejamento e Desenvolvimento Sustentável
Sachs (1972) caracteriza como frustrantes e extremamente simplistas as teorias
de desenvolvimento colocadas em circulação ao final da Segunda Guerra Mundial. Ele
visualiza um economicismo estreito no sentido de fazer crer que, no momento em que o
crescimento rápido das forças de produção estiver assegurado, todo o processo de
desenvolvimento se estenderá de forma mais ou menos espontânea em todas as áreas da
atividade humana. Nesse caso, bastaria aos países em desenvolvimento repetir o modelo
dos países desenvolvidos. Todo o pensamento econômico ocidental pós-Segunda Guerra
Mundial é influenciado pelas idéias combatidas por Sachs, entre as quais o crescimento
baseado na economia de mercado que promove desigualdades incapazes de serem
avaliadas por indicadores com base em renda nacional, “que fornecem sinais enganosos à
sociedade, porque o mercado não capta todos os fatores que contribuem para o bem-estar
humano (ou sofrimento humano)” (SACHS, 1993; p.35).
A partir dos anos de 1950, surge a corrente desenvolvimentista, inspirada no
modelo fordista de produção, com dois esteios de sustentação: o primeiro, representado
pelo Estado, como promotor dos direitos sociais básicos; o segundo, pelo crescimento
econômico decorrente do livre mercado. Andion (2003) cita que essa concepção tinha por
objetivo modernizar regiões atrasadas por meio de modelos de produção e de consumo.
Anos mais tarde, o mundo começa a dar sintomas de que o consumo e a mobilidade social
típicas do fordismo não mais se sustentariam, reforçando o pensamento de Sachs (1972,
p.3) no sentido de que “não pode haver desenvolvimento em longo prazo sem uma vontade
de desenvolvimento organizada em um projeto de civilização coerente”. E ainda acrescenta
que “o processo de desenvolvimento exige um procedimento institucional flexível em que
o debate sobre as alternativas ocupe posto essencial”.
O mundo percebeu, de forma muito lenta, a gravidade dos problemas
ambientais resultantes dos processos de crescimento e desenvolvimento. Barbieri (1997)
fala-nos que esse processo de percepção se deu em três etapas, estando a primeira
relacionada com a percepção de problemas localizados decorrentes de ignorância,
negligência, dolo ou indiferença das pessoas. Tais problemas foram atacados pelas ações
meramente reativas, corretivas ou repressivas. Na segunda etapa, os problemas ambientais
passaram a ser percebidos como problemas generalizados, ainda que restritos a alguns
países em particular. Acrescentaram-se soluções de intervenção governamental para
prevenir os males. Na terceira etapa, a degradação ambiental passou a ser vista como um
problema global, levando ao questionamento das políticas de desenvolvimento baseadas
em metas econômicas. A partir daí, os problemas deixaram de ser vistos apenas como
degradação ecológica, incorporando também as dimensões sociais, políticas e culturais.
Para Sachs (2002), o grande desafio não é retroceder aos modos de vida dos
nossos ancestrais, que lutavam pela sua sobrevivência nos ecossistemas, geralmente de
modo criativo e baseado no conhecimento que detinham da natureza. Ele propugna a
necessidade de ser adotada uma abordagem holística pela humanidade, “na qual cientistas
naturais e sociais trabalhem juntos em favor do alcance de caminhos sábios para o uso e
aproveitamento dos recursos da natureza” (SACHS, 2002; p.31-32). Conclui, afirmando
que conservar e aproveitar a natureza não são antagônicos e que o uso produtivo não
precisa necessariamente destruir a diversidade. Capra (2003) segue essa mesma linha de
pensamento. Para ele, as preocupações com o meio-ambiente já adquiriram status de
suprema importância. Os problemas que estão levando à danificação da biosfera não
podem mais ser estudados de forma isolada, posto que são sistêmicos, estão interligados e
são interdependentes.
Entretanto, nas fases preparatórias para a Convenção de Estocolmo, em 1971,
foram discutidos os principais assuntos relacionados aos graves problemas ambientais que
já escapavam ao controle dos governos locais. Objetivava-se encontrar instrumentos
capazes de interferir no espaço internacional, para firmar as bases de relações entre o
ambiente e o desenvolvimento. Na ocasião, foram rejeitadas as teses dos Malthusianos
(acreditavam que os recursos naturais estavam esgotados e os progressos técnico-
científicos não eram capazes de estancar os malefícios) e dos Cornucopianos (defendiam
que a capacidade de ajuste dos problemas era ilimitada). Desse confronto, surgiu o termo
ecodesenvolvimento, anotado por Sachs, como fruto de uma polêmica entre os partidários
do crescimento selvagem e os que defendiam o crescimento zero. Em lugar de aceitar tais
propostas, a idéia do ecodesenvolvimento colocou na ordem do dia um novo campo de
estudos do desenvolvimento em que a contribuição das populações locais passou a ser
valorizada. As soluções para os problemas deveriam ser encontradas no próprio local
(endógenas) em vez de serem copiadas de outras regiões.
Apesar de óbvio, o conceito de ecodesenvolvimento sofreu ataques na
Conferência de Estocolmo, em 1972. Países desenvolvidos e países em desenvolvimento
confrontaram-se na aplicabilidade das medidas ecodesenvolvimentistas. Enquanto os
países desenvolvidos manifestaram preocupação com a poluição e seus reflexos na
gradativa redução da qualidade de vida, os países não desenvolvidos queriam sair dessa
condição nos mesmos moldes adotados pelos primeiros. Aos poucos a expressão
ecodesenvolvimento foi sendo substituída por desenvolvimento sustentável1. Frey (2001)
entende que a comunidade internacional é favorável à concepção desse tipo de
desenvolvimento, na forma definida pela Comissão Brundtland2, ou seja, aquele tipo de
desenvolvimento que “atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (Giansanti,
1998; p.10). Com a realização da ECO 92 3 no Rio de Janeiro, o conceito de
desenvolvimento sustentável tornou-se popular, apesar de que nem todas as questões
tenham sido respondidas. Duas questões repercutiram mundialmente: a) qual o nível de
consumo suportado pela Terra? b) o que pode acontecer com os recursos naturais se todos
os países do mundo viessem a ter o mesmo padrão de consumo dos países desenvolvidos?
(BARBIERI,1997).
Constaza apud Bellen (2005) considera o desenvolvimento sustentável como
parte de uma relação dinâmica entre o sistema econômico humano e o ecológico. A
sustentabilidade somente pode ocorrer quando houver garantia de que a vida humana possa
continuar indefinidamente com crescimento e desenvolvimento da sua cultura, sem destruir
a diversidade e as funções do sistema ecológico de suporte à vida. Diversas tentativas
foram empregadas para delimitar o conceito de desenvolvimento sustentável. Barbosa e
Zamot (2004) discutem a opinião de McIntyre, para quem o desenvolvimento sustentável
deve englobar três áreas: sustentabilidade econômica, sustentabilidade social e cultural e
sustentabilidade ambiental. De forma bastante aproximada, encontramos em Swarbrooke
(2000) três dimensões empregadas ao turismo sustentável, que são: o meio ambiente, tanto
natural quanto construído; a vida econômica de comunidades e empresas; os aspectos
sociais do turismo, em termos dos seus impactos sobre culturas locais e turistas.
Em termos econômicos, a sustentabilidade está relacionada com a “alocação e
distribuição eficiente dos recursos naturais dentro de uma escala apropriada” (VAN
BELLEN, 2005; p.34). Em outras palavras, os economistas crêem que a sustentabilidade
está intimamente relacionada com a manutenção do capital. Dessa forma, mostram-se
otimistas em relação à capacidade técnica de superar as circunstâncias negativas, 1 A expressão Desenvolvimento Sustentável surgiu em 1980 no documento World Conservation Strategy produzido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e World Wildlife Fund (atualmente World Wide Fund for Nature – WWF), por solicitação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). 2 Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), criada em 1983 pela ONU e presidida por Giro Harlem Brundtland. 3 Segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
defendendo mecanismos de controle da proteção ambiental, entre os quais o planejamento.
Na perspectiva social, os pesquisadores voltam-se para a presença do ser humano e do seu
bem-estar no ambiente. Além dos aspectos relacionados aos serviços básicos, incluem-se a
ocupação racional dos espaços e a manutenção dos laços culturais. Em termos ambientais,
o foco será o efeito das atividades humanas sobre o maio ambiente. Subsiste a idéia de que
a sustentabilidade ecológica é definida pela ampliação da capacidade de uma região de
utilizar o seu potencial com deterioração a um nível próximo de zero.
3. LENÇOIS MARANHENSES E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Localizado no Litoral Oriental do Estado do Maranhão, o Parque Nacional dos
Lençóis Maranhenses foi criado por meio do Decreto nº 86.060, de 02/06/1981. Possui
uma área de 155.000ha, abrangendo os municípios de Santo Amaro, Primeira Cruz e
Barreirinhas. Sob o ponto de vista ambiental, a região forma um ecossistema exótico com
predominância de dunas espalhadas desde o litoral, separadas pelo rio Preguiças. A oeste
desse rio encontra-se a Unidade de Conservação dos Lençóis Maranhenses, região
conhecida como Grandes Lençóis. A leste fica a Zona de Amortecimento, conhecida como
Pequenos Lençóis. Ao adentrar no sentido do litoral para o interior do Estado, as dunas
começam a incorporar a vegetação agreste, entremeada de rios e várzeas onde florescem
palmeiras, entre as quais o buriti e o açaí. Como característica típica da zona equatorial, a
região não apresenta as quatro estações do ano, resumindo-se apenas à estação das chuvas
(inverno), entre janeiro e julho, e a estação seca (verão), entre julho e dezembro. Durante o
verão, as lagoas evaporam. No inverno, as lagoas voltam a se formar entre as dunas. A
base econômica da região, desde as primeiras aglomerações humanas, sempre foi agrícola,
artesanal e calcada na subsistência. De acordo com D’Antona (2000), a produção tinha por
fim suprir a alimentação (mandioca e peixe), prover matérias-primas para a construção
(olaria), locomoção, confecção de instrumentos de trabalho (produtos coletados das
palmeiras). Podia-se visualizar, além destas atividades, pequenas criações (bois, porcos,
bodes, cavalos e burros), sempre com o objetivo de atender necessidades diárias.
Os dados sócio-econômicos dos municípios da área de influência do Parque
Nacional refletem de maneira inexorável a realidade da população. Indicadores, como
renda per capita inferior a um quarto de salário-mínimo por mês, elevada taxa de
analfabetismo da população acima de quinze anos, expectativa de vida inferior à média
nacional, alto índice de mortalidade infantil, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
entre os mais baixos do Brasil e população predominantemente rural, chamam atenção pelo
abismo que representam em relação aos números do restante do País. Existem explicações
para a gravidade desses indicadores. Os municípios da região dos Lençóis Maranhenses
estão assentados em faixas de terras áridas, formadas por imensos areais, na maior parte
impróprias à agricultura e à pecuária. Além de tudo, a imposição da produção sazonal,
ditada pelas estações de inverno e verão – chuva e seca – determinam o quê, quando e
como produzir. Insistir nos meios tradicionais de subsistência parece não ser a melhor
saída. É natural, portanto, que os habitantes da região tenham esperança de uma vida
melhor, assentada no turismo. Dados da Embratur (2004) revelam que, em média, cada
turista gasta cerca de US$ 86,17 durante os quatorze dias em que permanece no Brasil, o
que representa praticamente a metade da renda per capita anual do nativo da região dos
Lençóis Maranhenses. Atrair, portanto, o turista para conhecer e visitar os Lençóis é o
sonho dos residentes, dos governantes e dos empresários que apostaram seus recursos em
empreendimentos turísticos na região. Todos acreditam que o turismo pode ajudar-lhes a
mudar de vida. Entendem que aquilo que antes era apenas areia improdutiva e elemento de
dificuldade para acesso e escoamento da produção, hoje é potencial de atração turística.
A região dos Lençóis Maranhenses, como se viu anteriormente, possui
economia baseada na exploração primária de subsistência. Como tal, não conseguiu atingir
nível de acumulação de capital que permitisse investir nos empreendimentos turísticos.
Dessa forma, a origem do capital aplicado em empreendimentos privados é quase
totalmente externa, de empresários maranhenses normalmente radicados em São Luís ou
provenientes de outros Estados do Brasil, havendo até mesmo alguns empreendimentos
montados com capital estrangeiro. É inegável que, em possuindo outra pátria, os resultados
(lucros) da atividade turística sejam transferidos para o local de origem do capital, como
também são transferidos os recursos necessários ao abastecimento e consumo dos
empreendimentos. Além disso, com o advento do turismo, especialmente em Barreirinhas,
o valor dos imóveis subiu consideravelmente nos últimos cinco anos. José Carlos Correa,
da Embrapa, percebe que os antigos moradores estão vendendo as suas áreas “para
empresários e pessoas de alto poder aquisitivo. Conseqüentemente, o êxodo urbano e
rural vem ocasionando irreversíveis problemas sociais e econômicos para o município e
para o Estado”. Além disso, não há qualquer tipo de zoneamento urbano ou planejamento
de uso de solos.
A falta de estrutura nos municípios dos Lençóis Maranhenses para receber o
turismo é uma realidade. Francisco Neves, do Sebrae, acredita que o turismo é mais rápido
que a capacidade de resposta dos municípios, o que pode ser avaliado por fenômenos
característicos, como a queda constante de energia elétrica, decorrente de uma demanda
por energia superior à oferta nos horários de piques. O mesmo acontece com a telefonia.
José Carlos, pesquisador da Embrapa, também enxerga o problema dessa forma e
acrescenta a falta de preparo da comunidade e do poder público. Érika Pinto, do Ibama,
acha que o ordenamento da construção civil já se transformou em caos. Para ela,
prepondera a especulação imobiliária, que vem consumindo todas as áreas disponíveis e
inviabilizando investimentos públicos em escolas. Puppim de Oliveira, professor e
pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) segue esse mesmo pensamento e
identifica disfunções relacionadas com a ocupação ilegal das margens dos rios e
segregando os nativos em áreas invadidas localizadas nos bairros mais afastados.
Alguns indignados habitantes vêem nisso uma promoção de políticos marcada
pelo oportunismo eleitoreiro. Alfredo, proprietário de uma pousada em Barreirinhas, relata
que algumas invasões foram coordenadas por vereadores do município de Barreirinhas.
Valentina Ariana, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, confirma a informação e
recomenda a adoção de um gerenciamento planejado, onde a população participe na
definição das políticas de uso e ocupação dos solos. O processo de ocupação está
provocando alteração em grande parte das paisagens mais próximas a Barreirinhas,
especialmente ao longo do rio Preguiças, comprometendo irreversivelmente a sua beleza e
atratividade. Além disso, como veremos mais adiante, o crescimento exponencial da
população e a pressão sazonal dos turistas estão gerando graves problemas de saneamento,
depósitos de lixo a céu aberto que podem redundar na poluição dos lençóis freáticos,
cursos de água, e também, das praias mais freqüentadas pelos banhistas.
O turismo tem também exercido um papel não muito nobre sob a ótica social. A
maioria dos autores acredita que ele ajuda a mudar totalmente os costumes, a cultura e até
o jeito de agir e falar das pessoas da localidade visitada. Nas sedes dos municípios,
normalmente as festas tradicionais e o os costumes típicos da região vão aos poucos se
afastando, dando lugar a outros valores importados com os turistas. Essas tradições
conseguem se manter apenas nos povoados menores e mais afastados. De outro lado,
quando não afasta as tradições, o turismo pode “mercantilizar” essa cultura, tornando-a
objeto de consumo e provocando danos irreversíveis à identidade da comunidade
hospedeira. Nos Lençóis Maranhenses já se começa a perceber, a partir da experiência
pioneira de Barreirinhas, um certo distanciamento da população com seus valores
tradicionais. Krippendorf (2001) afirma que os turistas são o que de mais exótico existe no
turismo. Eles são considerados novas hordas de bárbaros, nuvens de gafanhotos que
devoram tudo antes de desaparecer. São os inimigos mais perigosos que existem porque
são indispensáveis. Uma parte do problema reside no fato de que é a população local que
deve se adaptar aos turistas e não o contrário. Dificilmente o turista toma a iniciativa de
estabelecer comunicação com os nativos, o que torna o contato uma relação desfavorável:
“a liberdade e o prazer de um são o fardo e o trabalho do outro” (p.83).
De acordo com Swarbrooke (2000), o turismo só pode ser considerado
sustentável do ponto de vista social quando envolver a comunidade local no seu
planejamento e administração. Marcos, guia turístico nos Grandes Lençóis, informa que
encontra espaço na Câmara de Vereadores de Barreirinhas. Segundo ele, “a gente vai à
câmara, fala com eles e o que a gente pede eles ajudam a gente”. Fred (piloto de buggy)
não encontra a mesma facilidade. “Bom, lá em Paulino Neves, onde eu vivo, até o
momento não teve ação nenhuma em relação a isso até porque o fato de agora a Prefeitura
ter criado a Secretaria de Turismo, antes ela era vinculada à Ação e nunca foi feita coisa
nenhuma”, diz ele. Outros são mais críticos, como é o caso de Franchesco, da Pousada Boa
Vista, ao afirmar que os moradores locais não têm nenhuma participação naquilo que pode
contribuir para o crescimento e desenvolvimento da cidade. Em Humberto de Campos, os
residentes também consideram uma certa distância da população em relação ao processo de
planejamento, como relatou Hexley Costa. Tetsu Tsuji, pesquisador da Universidade
Federal do Maranhão e representante de ONG, acha que o ideal seria promover o
desenvolvimento sustentável com a participação da comunidade. “Infelizmente, a
comunidade está muito fraca, muito mesmo fraca, não está se organizando. As ONGs que
são criadas lá morrem logo”, diz ele.
Ricardo Otoni, do Ibama, ver o problema sob o foco dos lucros imediatos
perseguidos pelos investidores. Segundo ele, o Ibama acompanha o problema há bastante
tempo e orienta todas as prefeituras, órgãos do Estado, a sociedade civil e movimentos
sociais para que o planejamento não deixe de lado as questões ambientais. Para ele,
“existem mecanismos de participação social, como os conselhos municipais do meio
ambiente, que são muito importantes para ampliar a participação da população”. Nesse
aspecto, Gilson Oliveira, Secretário de Turismo de Barreirinhas, informa que está sendo
eleito o Conselho de Turismo nos próximos meses. O “objetivo principal é fazer a coisa
andar, meter na cabeça do povo, de modo geral, o que é o turismo, o que é o atendimento”.
Percebe-se que existem fóruns onde a população pode participar. No entanto, o que ocorre
de fato é que esses conselhos funcionam precariamente, reúnem-se de forma esporádica e a
sociedade, apesar de ter assento, raramente fala. E quando fala, não consegue falar em uma
só voz. São muitos grupos, conseqüentemente, muitos interesses e pontos de vistas
divergentes. Swarbrooke (2000) assegura que os mecanismos usados para perseguir o
consenso oferecem oportunidade a uma minoria de porta-vozes (geralmente pessoas
influentes), que acabam dominando o processo. O ponto de vista da chamada “maioria
silenciosa” geralmente é ignorado.
O advento do turismo na região dos Lençóis Maranhenses, leva muitas pessoas
a acreditar na geração de emprego. Francisco Neves, do Sebrae, tem outra visão: “eu não
acredito que tenha gerado muito emprego. Acredito que tenha gerado muita ocupação”.
Uma parte das atividades remuneradas, ou como dito pelos próprios nativos, do ganha-pão
das pessoas, ocorre por meio de serviços realizados por conta própria, em que não há um
empregador e, conseqüentemente, não há também um empregado, mas apenas o
trabalhador autônomo. Ana, uma artesã que montou sua barraca às margens do rio
Preguiças, na comunidade Vassouras, relata que conseguiu obter algum sucesso com muita
dificuldade. Para isso, teve que convencer seu marido a abandonar as atividades
tradicionais de pesca. Cláudio Conceição trabalha atualmente como piloto de voadeira, a
embarcação que transporta turistas nos rios dos Lençóis Maranhenses. Ele lembra da época
em que era pescador, das dificuldades que enfrentava em alto mar, dos dias que passava
fora de casa e compara tudo isso à sua nova ocupação. Hoje, consegue uma diária de trinta
reais, engrossada por gorjetas que recebe dos turistas, e ainda consegue dormir todo dia em
sua casa.
Percebe-se que, para aqueles que conseguiram se integrar a alguma atividade
relacionada com o turismo, a vida melhorou. Para outras pessoas, apesar de se considerar
empregada, esses empregos não estão assentados em relações formais disciplinadas na
legislação trabalhistas. Perdem, portanto, em qualidade. O volume dessas oportunidades
pode até mesmo atender às necessidades da população, mas é possível sentir nas respostas
dos entrevistados as suas mais recônditas expectativas, que vão além de simplesmente ter
uma ocupação. Elas se vinculam aos anseios mais legítimos, como o progresso econômico
e a realização profissional. Passam pelos quesitos de segurança, qualidade de vida,
estabilidade no trabalho, garantia previdenciária, entre tantas outras. Eles não declaram
abertamente, mas deixam essa esperança subtendida.
Ainda no âmbito social, alguns autores apontam a elevação dos casos de
prostituição (turismo sexual) e da violência como conseqüências inevitáveis do turismo.
No entanto, em relação aos Lençóis Maranhenses, existe uma nítida divisão de opinião a
esse respeito. Alguns entrevistados acreditam que a situação atual não é reflexo do turismo,
uma vez que a prostituição sempre existiu na região e o turista que procura os Lençóis
Maranhenses não tem, pelo menos até agora, demonstrado inclinação para esse tipo de
experiência. Alfredo, dono de pousada, ver a prostituição como atividade tradicional da
região e, apesar de saber que há o aliciamento de menores de idade, não percebe a
existência de um relacionamento direto do problema com o turismo. Puppim de Oliveira
(FGV) também acredita que o turismo não é causa da violência e da prostituição. Ele se
refere a conversas que teve com as pessoas locais, concluindo que os casos registrados são
ocorrências isoladas. Rogério Florenzano, do Ibama, também insiste nesse tema e informa
conhecer casos de mães agenciando filhas menores. Érika Pinto, também do Ibama,
identifica o problema da prostituição dentro de um contexto mais amplo. Ela verifica que o
desenvolvimento proporcionado pelo turismo agrega pouco valor à comunidade local, mas
impõe a essa mesma comunidade todas as externalidades que lhes são inerentes, entre as
quais a prostituição, a gravidez na adolescência e a violência.
Quando abordados pela ótica da dimensão ambiental, os nativos demonstram
uma certa consciência ecológica, segundo eles, adquiridas a partir da interação com o
turista. Cláudio Conceição, piloto de voadeira no rio Preguiças, expõe sua opinião da
seguinte forma.
Eles têm muito cuidado. Até uma ponta de cigarro eles procuram saber da gente onde eles colocam. A gente tem um localzinho apropriado para colocar, uma latinha, uma coisa. E a gente aqui faz o trabalho também ecológico. A gente passa no rio e às vezes, por não querer, voa uma sacola, uma criança joga uma latinha, que ainda não sabe que está poluindo ou não, a gente que vai atrás, a gente junta, bota num local na lancha e quando chega na beira rio deposita na lixeira [...]. A gente faz o trabalho de limpeza, a gente não deixa nada. Foi o próprio turista, sempre preocupado: “olha gente, não deixa isso aqui acabar, isso é muito bonito, a gente vai voltar várias vezes, não deixem poluir de jeito nenhum”.
Ana, a artesã do povoado Vassouras, diz que “a própria população é que tem a
consciência” por que “a gente sabe que está prejudicando a gente mesmo”. Ela informa
que a maior parte dos turistas tem uma conscientização de preservar, mas uma outra parte
não respeita nem mesmo as mais simples regras de educação ambiental. Ela exemplifica:
“se tu põe uma lixeira aqui para ele por a ponta do cigarro, ele joga no chão”. Ela declara
se sentir constrangida em ter que advertir o turista, razão por que prefere fazer placas
alertando para a necessidade de não poluir, “não deixar lixo nas dunas”. Cássio Filho, o
guia mirim do povoado Caburé, também comunga com esse sentimento. Quando o turista
joga lixo no ambiente “a gente alimpa”, diz ele.
Em que pese os nativos dos Lençóis Maranhenses terem demonstrado
sentimento de preservação ambiental, a ocupação dos solos se dá pela implantação de
empreendimentos bancados por investidores de fora da região. Voltados para o resultado
de curto prazo, ou seja, o lucro imediato, a maior parte desses empresários não vêm
respeitando a legislação ambiental, uma vez que, sob a ótica do apelo turístico (promoção
da paisagem), as áreas mais interessantes são as margens do rio Preguiças. A Resolução nº
303, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, fundada com base nas leis nº
6.938, de 31/08/1981, nº 4.771, de 15/09/65 e nº 9.433, de 08/01/1997 e no Decreto nº
99.274, de 06/07/1990 estipula que constitui Área de Preservação Permanente (APP) a
faixa marginal medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com a largura do
rio, podendo variar entre trinta a quinhentos metros. No caso do rio Preguiças, a APP ficou
determinada entre cem e cinqüenta metros, onde não seriam permitidas construções,
retirada da vegetação ou qualquer outra ação que pudesse provocar algum tipo de dano
ambiental.
Dado o tamanho do Parque (e sua área de influência) e, ainda, a ação nem
sempre articulada entre o Ibama, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e as prefeituras
de cada município, não está sendo possível acompanhar com eficiência os novos
empreendimentos implantados na região nem tampouco inibir as atividades já implantadas
e que continuam descumprindo a legislação. O Ibama ressente-se de que está fazendo o seu
papel, mas não encontra apoio por parte dos demais órgãos. Na Secretaria de Estado do
Meio Ambiente a opinião também é de que a prefeitura não colabora ao emitir alvarás de
construção sem observar os critérios estabelecidos na legislação ambiental.
Os nativos assistem à agressão ambiental calados, temerosos de perderem seus
empregos se o turismo declinar por força das medidas adotadas pelos organismos de
controle. Marcos, que é guia nos Grandes Lençóis, analisa as construções nas margens dos
rios e lamenta: “o pessoal fala aqui que não é muito bom porque está acabando com o rio
mas, ao mesmo tempo, está gerando mais emprego ainda”. Cláudio Conceição não vê
perspectivas de mudanças. Ele espera que haja conscientização por parte do empresariado,
mas acha “que algumas construções vai vir. [...] na vegetação, como já aconteceu. E isso
prejudica, com certeza, porque tem que abrir, tirar o verde, para colocar as estruturas”.
No que tange à produção de lixo e esgoto, a região começa a dar sinais
alarmantes. “Antigamente não tinha tanto lixo. A cidade era limpinha”, diz Marcos (guia).
De certa forma, esse é o sentimento do nativo de Barreirinhas, local em que o turismo
chegou com mais evidência. As causas são exatamente aquelas previstas para uma
localidade em que o fluxo do turismo foi mais rápido do que a capacidade de resposta.
Franchesco (empresário) vai diretamente ao ponto: “ [...] não cresceram, da mesma forma
as estruturas, esgoto, encanamento, calçamento, saneamento”. Ele acrescenta: “a cidade
está jogando o esgoto direto para o rio. Os postos de gasolina que ficam bem na beira do
rio jogando óleo. E a cidade, desse jeito, o ecossistema não vai dar conta. O rio Preguiças
não vai sobreviver na cidade de Barreirinhas”. Cláudio Conceição também assiste a
tragédia da poluição. Ele faz viagens diárias em sua voadeira no percurso que vai de
Barreirinhas à praia de Atins e relata a falta de fiscalização das embarcações que jogam
óleo no rio.
Uma das características marcantes dos Lençóis Maranhenses é a ausência de
estudos para avaliar a capacidade de carga dos recursos naturais. Quase todos aqueles que
se manifestaram sobre esse tema, abordaram a questão com base em suas convicções
pessoais. Para o técnico da Embrapa, José Carlos Correa, a utilização dos recursos naturais
está sendo feita de forma desordenada. Segundo ele, a vegetação é constituída de cerrado
ralo, capoeira e mata ciliar e os solos são extremamente arenosos, o que dificulta o manejo
dos solos e facilita a degradação. Essa é a razão de Ana Fernandes, técnica do Ministério
da Ciência e Tecnologia , defender estudos ambientais mais aprofundados sobre o impacto
da presença humana nas dunas. Puppim de Oliveira (FGV) observou a estipulação de
regras para acesso aos Grandes Lençóis, especialmente quanto às trilhas por onde devem
trafegar os veículos e ao criatório de animais dentro do Parque, atividade secular que
persiste, apesar da proibição. Tetsu Tsuji (pesquisador) defende que seja efetivada uma
programação que limite a quantidade diária de pessoas que pode visitar a Lagoa Azul e a
Lagoa Verde, os dois principais cartões postais do Parque Nacional.
Rogério Florenzano (Ibama) fala da coleta da vida selvagem, praticada pela
população nativa, que faz pesca artesanal, caça para alimentação (tanto de mamíferos
como de alguns tipos de répteis, tartaruga), coleta de ovos de aves, uso de mamíferos
como animais de estimação (macacos, tamanduá) e pela atividade empresarial, por meio
da pesca de arrasto, realizada na frente ou no interior do parque. Ele informa que o parque
possui uma faixa de um quilômetro de mar e muitos barcos de grande porte vem do Ceará
e Piauí para fazer arrasto de camarão. O Ibama se preocupa, também, com a valorização
da vegetação em volta do campo das dunas, extremamente importante sob o ponto de vista
ecológico, ambiental e biológico. Com relação ao buriti e outras palmeiras, Érika vê com
restrição até mesmo a questão do artesanato, “a grande fonte de renda da população”. Para
ela, o assunto está se tornando “extremamente crítico porque nas redondezas do rio
Preguiças todos os buritizais estão sendo sobre-explorados”. Ela diz que o “extrativismo
está sendo feito sem controle nenhum”. Para ela, “é uma atividade que é altamente
sustentável, se bem planejada, ela está acabando com os buritizais se continuarem nesse
ritmo”.
4. CONCLUSÕES
A pesquisa foi aplicada tomando como base as dimensões do desenvolvimento
sustentável – econômica, social e ambiental. Nesse aspecto, viu-se que as expectativas em
torno do desenvolvimento são, antes de tudo, econômicas. O governo vislumbra a
possibilidade de desenvolvimento local como forma de reduzir as disparidades regionais.
Empresários e investidores almejam elevar seus rendimentos explorando uma atividade em
franca expansão. Os habitantes locais acreditam na redenção econômica, estigmatizados
que foram pela exploração secular da agricultura de subsistência sem nenhum resultado
palpável. No entanto, como entender o desenvolvimento econômico sem avaliar os seus
resultados para o conjunto de atores que, direta ou indiretamente, agem na região?
Confrontados com as maiores perspectivas de ganhos, seja por meio de salários ou
exploração de pequenos negócios, os nativos mostram-se otimistas. No entanto, as suas
economias não permitiram investir em negócios de maior vulto, deixando essas
oportunidades para o capital externo. Suas economias não foram suficientes nem mesmo
para dinamizar os meios de produção agrícola de forma a atender a demanda crescente por
gêneros de consumo alimentar. Esses produtos são trazidos da capital do Estado e de outras
regiões produtoras. Avaliada por esse ângulo, a dimensão econômica deixa a desejar. Gera
novos investimentos, emprego e renda, mas não consegue reter a maior parte dessa renda
na comunidade.
Poder-se-ia avaliar que o desenvolvimento econômico é benéfico à comunidade
dos Lençóis Maranhenses porque reajustou o valor das terras, proporcionando aos nativos
vendê-las por um preço mais elevado e angariar fundos para investir em negócios que
pudessem se integrar à cadeia produtiva do turismo. Se assim considerarmos, estaremos
ocultando o outro lado da questão. Em que pese o valor da terra ter subido, o fenômeno
passou a se caracterizar muito mais como especulação imobiliária do que reajuste do valor
das terras e ainda ajudou a afastar os nativos dos seus imóveis tradicionais e isolar-se em
favelas e ocupações ilegais. O ponto mais crítico desse fenômeno é que os locais mais
valorizados são exatamente aqueles às margens dos rios, que estão sendo cercados. Os rios
sempre foram fontes de alimento e sustento para a comunidade de baixa renda, o que torna
a especulação imobiliária muito mais negativa, sob o ponto de vista social, porque
restringe os meios de produção dos habitantes.
Na medida em que a dimensão econômica se sobrepõe sobre as demais
dimensões, seus reflexos comprometem a sustentabilidade. O crescimento rápido do
turismo, verificado na avalanche de novos negócios levados para região, compromete a
infra-estrutura existente, como ficou evidenciado na pesquisa. Entretanto, em vez de
procurar dotar a região das condições mínimas para atender o fluxo turístico, o governo
prefere investir em propaganda com o objetivo de atrair mais turistas. Agindo assim,
compromete ad infinitum a capacidade de carga, sobrecarrega a região, estimula a
especulação e ajuda a afastar os nativos dos seus locais de origem.
Na medida em que o turismo se instala em uma região e passa a produzir
diversão e lazer, estará também consumindo os recursos daquela região. O artesanato, por
exemplo, é estimulado como atividade que pode agregar receita aos nativos, ajudando a
difundir sua cultura e seus valores. Não obstante, o crescimento do fluxo turístico enseja
maior pressão para produzir e, com isso, maior consumo de recursos naturais, como a
palha extraída do buriti, uma palmeira da região. O corte de folhas e talos acelerado pela
demanda vem superando a capacidade de recomposição dos buritizais e abreviando-lhes o
ciclo de vida. Seria, então, correto afirmar que o turista desejoso de levar consigo uma
lembrança do local é responsável, pelo menos em parte, pelo abate das palmeiras? A
resposta imediata, não abalizada, seria positiva, ou seja, o consumo elevado de peças
artesanais ajuda a degradar o meio ambiente. Entretanto, só existe consumo porque existe
produção, o que nos levaria a supor que o turista só consome o artesanato porque este está
disponível para venda. Assim, inverte-se a responsabilidade pela degradação das palmeiras
é do habitante local e não do turista. Entretanto, Marx (1972) revolve esse assunto,
afirmando que a produção e o consumo ocorrem a um só tempo. Para ele, “a produção é,
pois, imediatamente consumo; o consumo é, imediatamente, produção” (MARX, 1972;
p.8). Analisado nesta dualidade, só existe produção quando existe consumo e o consumo
alimenta nova produção, de forma que o turismo e a singela atividade do artesanato
contribuem, ambos, em igual escala para que se reduzam as possibilidades de
desenvolvimento sustentável.
A pesquisa não identificou nenhuma iniciativa de planejamento do
desenvolvimento que levassem em conta a opinião da comunidade local. Atuando no
vácuo da cidadania, cada protagonista age segundo suas próprias convicções e de forma
desarticulada. Essa situação se mostra patente não só perante os nativos, que, via de regra,
não têm voz nem assento nos fóruns de discussão, mas também nas diversas esferas do
poder público, que deveria planejar, controlar, coordenar, regular e agregar esforços em
prol de um objetivo único. Percebeu-se que o município concentra sua atenção em atrair
negócios (pousadas, hotéis, flats, restaurantes, agências de viagem etc) e “autoriza”, por
meio de alvarás, a construção desses empreendimentos nas margens do rio e em outras
áreas de preservação. O Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, ante a carência
de pessoal e recursos para acompanhar a implantação dos empreendimentos, na maioria
das vezes só consegue detectar os problemas já consumados, depois de autuados pelo
Ibama ou Ministério Público. Estes últimos, na outra ponta, aplicam a legislação
indistintamente. Em uma ação conjunta, Ibama e Ministério Público aplicaram mais de
duzentas multas, todas elas no valor de cem mil reais, independente do porte do
empreendimento e do grau de agressão provocado no meio ambiente. Como conseqüência
dessa medida, alguns empresários ameaçaram abandonar seus empreendimentos, gerando
receio de que os investimentos cessariam e o fluxo de investimento seria interrompido.
Percebe-se que a região dos Lençóis Maranhenses está longe de aplicar os
princípios que norteiam as dimensões de sustentabilidade analisadas nesta pesquisa. Parece
consensual que todos os atores envolvidos apresentam-se com o mesmo desejo de manter
uma atitude de respeito em relação ao meio-ambiente, mas apenas um número reduzido
deles tem efetivamente disposição para agir segundo esses princípios. De outro lado,
implementar políticas públicas em busca do desenvolvimento sustentável não é uma tarefa
fácil. A premência por resultados e o foco na sustentabilidade econômica obscurecem as
demais dimensões da sustentabilidade, inibindo o desenvolvimento de ações estratégicas
que possam ser aplicadas e se revertam em benefício para todos aqueles envolvidos na
atividade. O estreitamento das relações entre a sociedade civil e o governo, em todas as
suas esferas, poderá, portanto, vir a ser a condição necessária para criar o ambiente
favorável para geração de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável.
É utópico tentar modificar a imensa máquina do turismo. Também é utópico
tentar limitá-lo ou simplesmente suprimi-lo de uma região sob a alegação dos efeitos
negativos que produz. Como o turismo é importante para um grande número de pessoas,
seria interessante buscar novas formas de turismo que proporcionem maior satisfação a
todos os interessados (população, empresários, autoridades etc), sem as inconveniências no
campo econômico, social e ambiental. Entre outros aspectos, essas novas formas de
turismo deveriam contemplar os seguintes pontos:
• Desenvolver políticas de turismo que coloquem o ser humano e o meio
ambiente como objetivos principais;
• Otimizar a satisfação do turista levando em conta os interesses da população;
• Descentralizar o foco do turismo da sustentabilidade econômica, equilibrando
os princípios das dimensões de sustentabilidade analisadas.
Verificamos que o turismo é muito mais que uma questão econômica e que as
relações entre os atores (turistas, empresários, autoridades, representantes da sociedade
civil e habitantes locais) não ocorrem sempre da forma esperada. A priorização do ganho
de curto prazo e a desproporção entre os detentores do capital e a comunidade é tamanha
que os custos e os benefícios do turismo não são divididos de forma igual. A conta é paga
pela sociedade local e pelo meio ambiente. O ente intermediário que deveria regular os
interesses aparentemente contraditórios – o governo – está dividido em duas grandes
frentes. Uma delas, preocupada com o desenvolvimento econômico, esmera-se em divulgar
as potencialidades e atrativos da região, na expectativa de atrair investidores para implantar
equipamentos turísticos e visitantes para gastar seus recursos na região. A outra frente tem
a missão de proteger o meio ambiente e os recursos naturais e, portanto, escuda-se na
legislação para inibir investimentos agressivos aos recursos ambientais. As duas frentes se
confrontam permanentemente e desse confronto não resultada nenhuma ação favorável à
sustentabilidade do turismo.
O turismo é uma atividade capaz de estimular a economia e melhorar o padrão
de vida da população como qualquer outra atividade. Levando em conta a vocação natural
dos Lençóis Maranhenses para o turismo, deve-se ter em mente que o estímulo a novos
investimentos deve guardar sintonia com os retornos que podem ser proporcionados à
população, seja em mais empregos, seja em qualidade de vida. Portanto, a implantação de
novas instalações turísticas deve estar casada com a possibilidade de que os novos
empregos gerados sejam assumidos pela população local.
Há muito o que ser feito para alcançar o desenvolvimento sustentável nos
Lençóis Maranhenses. Questões cruciais, como o combate a pobreza e a desigualdade
social não podem deixar de estar no foco das atenções do Estado, onde lhe cabe o papel de
agente indutor das mudanças. Espera-se, ainda, que o Estado proporcione as condições de
cidadania deliberativa, fazendo com que a sociedade civil possa contribuir para os
objetivos do desenvolvimento local.
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