Turismo em Portugal: Visões para o Futuro Perspectiva do ... · ¾Importância económica, social, turística, cultural e regional; ... seus produtos e a apostarem na qualidade e

“Conferência: Turismo em Portugal - Visões para o Futuro”, 2006/09/15

Turismo em Portugal: Visões para o Futuro▼

Perspectiva do Departamento Económico e de Estudos da ARESP

▼Análise global e na óptica específica dos

estabelecimentos de restauração e de bebidas

JOSÉ SANCHO SILVACESTUR/ESHTE


BREVE CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICULARIDADESDO SECTOR DA RESTAURAÇÃO E DE BEBIDAS EM

PORTUGAL


A DIMENSÃO DA RESTAURAÇÃO EM PORTUGALImportância económica, social, turística, cultural e regional;

A restauração representa, no conjunto de todas as actividades económicas dePortugal, cerca de 9,7% das empresas em actividade e 5,9% do emprego directo (INE/2004);

A restauração nacional possuía, em 2004, cerca de 61 milhares de empresas, das quais 96,0% tinham menos de 10 trabalhadores;

Na falta do cadastro nacional, e tendo por base os dados divulgados pela empresa de distribuição ACNielson, a dimensão do sector poderá rondar os 85 milhares de estabelecimentos de restauração em actividade (crescimento médio anual de 5,5% ao ano desde 1995);

A restauração representa o quádruplo do alojamento em termos de emprego ecerca de 3,4 vezes mais no tocante ao volume de negócios (INE/2004);


A DIMENSÃO DA RESTAURAÇÃO EM PORTUGALO volume de negócios da restauração atingiu 6233 milhões de Euros ( INE/2004), tendo aumentado em média 12,0% ao ano desde 1995;

A Conta Satélite do Turismo de Portugal (INE/2000/Dados provisórios) coloca a restauração como o principal produto de consumo (25,9%) ao nível do turismo interior (interno + receptor) em Portugal. Por outro lado, a produção turística representa 37,6% da produção total da restauração.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

No Consumo Turístico Interior (25,9%)

No Consumo Turístico Interno (10,7%)

No Consumo dos Turistas não residentes (25,7%)

No Consumo dos Excursionistas não residentes (22,2%)

Participação da Restauração


TENDÊNCIAS FUTURAS DO TURISMO - CONTEXTUALIZAÇÃO INTERNACIONAL E

NOVOS PARADIGMAS ASSOCIADOS AO LAZER


TENDÊNCIAS FUTURAS DO TURISMO CONTEXTUALIZAÇÃO INTERNACIONAL

PARTICULARIDADES RECENTES DO TURISMO:Crescimento muito forte do turismo mundial na segunda metade do século XX; a perturbação da lógica de crescimento entre 2001 e 2003; a recuperação após 2004(relançamento da economia mundial; alta dos preços do petróleo parcialmente absorvida pelas economias sem prejudicar a confiança dos consumidores; diminuição dos aspectos psicológicos ligados à insegurança);A primazia do turismo interno (segundo a OMT, deverá representar actualmente 10 vezes mais do que o turismo internacional);Recuperação do turismo de negócios, o qual continua contudo a evoluir mais lentamente que o turismo de lazer; Desenvolvimento da Internet como canal privilegiado para reservas e vendas; Penetração crescente do denominado fenómeno das viagens aéreas a baixo custo;Redução das estadas e multiplicação das pausas; viagens independentes e férias por tema; reservas tardias e forte sensibilidade aos preços;O turismo de longa distância revigorou-se igualmente, o que produziu um forte crescimento do tráfego aéreo (tarifas de baixo custo, expansão da rede de linhas aéreas para o Leste Europeu e aumento das companhias aéreas nas ligações inter regionais).


TENDÊNCIAS FUTURAS DO TURISMO CONTEXTUALIZAÇÃO INTERNACIONAL

PERSPECTIVAS QUALITATIVAS (breve síntese):Globalização e concorrência internacional acrescida;O aparecimento de novos destinos incitará outros a repensarem a concepção dosseus produtos e a apostarem na qualidade e na diversificação da oferta;A forte concorrência entre destinos e produtos turísticos continuará a geraruma flexibilidade acrescida por parte dos operadores turísticos na concepção ena apresentação dos seus produtos, de forma a garantirem uma adaptação mais rápida face às eventuais mutações bruscas do mercado;Acentuar-se-ão as transformações no transporte aéreo, através do aumento dopapel das low cost no curto e médio curso, da diminuição do papel dos charters e da alteração do papel dos grandes operadores que irão adequar-se à nova realidade; A fórmula do package completo tenderá a ser preferencialmente ultrapassada, faceao efeito dos websites que permitem reservas e pagamentos directos;Continuação das estratégias de integração de empresas - alianças, fusões e aquisições;Reforço da influência dos grupos mais pujantes nos sectores do transporte e dadistribuição, sobretudo nos destinos com ofertas mais fragmentadas.


TENDÊNCIAS FUTURAS DO TURISMO PERFIL DO TURISTA: CARACTERÍSTICAS MARCANTES

Novas oportunidades para o lazer (necessidades e desejos);A persistência de determinadas características bem evidentes nos últimos anospor parte dos consumidores, com particular destaque para o reforço do turismoindividual;O turista do futuro irá privilegiar aspectos como a informação, a qualidade, a segurança, a cultura e as férias activas, recorrendo com maior frequência apequenas pausas e a férias secundárias fora da época alta; Uma procura acrescida de fórmulas de férias por medida, sendo que o recurso àsnovas TIC ajudará na personalização da oferta;As férias "activas" podem ser substituídas por uma prática de experiênciasenriquecedoras (novos conhecimentos ou emoções fortes e inesquecíveis);O aumento do número de turistas de 3ª idade;Segmentação da procura mais complexa por força do alargamento das motivaçõestradicionais de viagem.


DETALHE PARA OS CONSUMIDORESNA RESTAURAÇÃO


RESTAURAÇÃO - TENDÊNCIAS FUTURAS DO CONSUMIDOR1ª nota: A procura continuará a aumentar

Aumento da procura por parte dos consumidores locaisIncremento da alimentação consumida fora de casa;O ritmo de vida actual e a necessidade de gastar menos tempo na cozinha;A maior penetração da mulher no mercado de trabalho;Aumento das férias infantis;A importância crescente das reuniões profissionais.

Reforço do tempo consagrado ao lazerNovos paradigmas associados ao lazer;Incremento dos eventos e celebrações com recurso à restauração (comemorações, casamentos, baptizados, manifestações culturais e desportivas, etc.);

Crescimento da procura turísticaCenários favoráveis e médio e longo prazo para o desenvolvimento do turismo interior (interno e receptor);Valorização da gastronomia como atracção por deslocações curtas ou para selecção de um destino;


RESTAURAÇÃO - TENDÊNCIAS FUTURAS DO CONSUMIDOR2ª nota: Aumentará a exigência da qualidade

No plano do serviço, do produto e das instalações.3ª nota: Ampliar-se-á o aspecto lúdico do acto alimentar

A maioria dos clientes, excepto os que procuram refeições rápidas, encaracada vez mais o consumo como um pretexto para uma boa refeição com umpreço aceitável, mas também como uma experiência de lazer, de convívio e deconversa.

4ª nota: A diversificação da oferta será um requisito marcanteIntensificar-se-á o repto de adaptação a uma procura variada com oscilaçõesfrequentes nos seus gostos e preferências;


PERSPECTIVAS E ORIENTAÇÕESPARA O TURISMO EM PORTUGAL


EVOLUÇÃO DO TURISMOEM PORTUGAL

Dormidas de estrangeiros em todos os meios de alojamento

5055606570758085

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Milh

ões

Entradas de turistas estrangeiros

6789

10111213

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Milh

ões

Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos

Estrangeiros

14

16

18

20

22

24

26

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Anos

Milh

ões

Dormidas na hotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos

Residentes em Portugal

5

6

7

8

9

10

11

12

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Anos

Milh

ões

Fonte: DGT/INE


Receitas do turismo internacional

01000200030004000500060007000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Anos

Mil

milh

ões

de E

uros

Taxa média de ocupação-camaHotelaria, aldeamentos e apartamentos turísticos

30354045505560

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Anos

(%)

O turismo em Portugal registou uma fase de grande progressão no triénio 1998/2000, onde foram evidentes os efeitos da conjugação de vários factores favoráveis, internos e externos;A partir de 2001, Portugal acompanhou a quebra internacional até 2003, masainda não conseguiu retomar de uma forma clara os níveis de crescimentodesejáveis; assim, viu reduzida a sua quota ao nível, por exemplo, da Europa do Sul (8,6% em 2000 para 7,7% em 2004, no caso das entradas de turistas).

EVOLUÇÃO DO TURISMOEM PORTUGAL


Enquadramento internacional expansionista, com reflexos evidentes no reforço da concorrência internacional; quebra de quota progressiva para os principais destinos do Mediterrâneo; ameaças/oportunidades decorrentes do alargamento da União Europeia;

Turismo: contributo para o desenvolvimento do país nos planos económico, social,patrimonial e regional;

A necessidade de uma política nacional para o turismo em Portugal;

A importância da estabilização do modelo institucional da Administração Pública Central do turismo;

Supressão da lacuna decorrente da falta de estruturas de coordenação turística ao nível regional (NUT II);

A indispensabilidade da aposta no planeamento integrado para criar as bases para uma competitividade duradoura (óptica compreensiva que englobe as interacções do turismo; contexto nacional, regional e local). Estruturação adequada da oferta – diversificação de produtos (valorização dos estratégicos e organização dos emergentes) e defesa da qualidade;

PERSPECTIVAS E ORIENTAÇÕES PARA O TURISMO EM PORTUGAL


Criação de um sistema integrado de qualidade para o turismo, abrangendo os destinos, os produtos e os empreendimentos;

Estratégia clara e integrada para o mercado interno;

Parcerias adequadas entre os actores públicos e privados;

Agilização do quadro legal e administrativo do sector;

Sistemas de incentivo ao investimento e de apoio à inovação das empresas turísticas,tendo em conta a especificidade do sector, onde predominam as micro e pequenas empresas;

Definição de uma estratégia conjunta pública - privada para o mercado electrónico;

Reforço dos programas de formação e criação dos mecanismos adequados de certificação;

Aposta numa estratégia de promoção turística externa adaptada às características e dimensão da nossa oferta, suportada em critérios de selecção de segmentos prioritários;

Criação de um sistema estatístico nacional eficaz (rotinas de base, Conta Satélite do Turismo e novas produções);

Apoio à implementação de sistemas de monitorização e de informação ao nível dos vários sectores das actividades turísticas.

PERSPECTIVAS E ORIENTAÇÕES PARA O TURISMO EM PORTUGAL


OS DESAFIOS PARA A RESTAURAÇÃO


Estabelecimentos de Restauração e de Bebidas em Portugal PONTOS FORTES

• Sector com maior peso no consumo turístico interior (interno mais receptor) em Portugal • Efeito multiplicador forte na economia • Riqueza gastronómica do país, com ofertas regionais diferenciadas (PENT) • Legislação que reconhece a gastronomia como parte integrante do património

cultural do país • Qualidade alimentar dos restaurantes portugueses com boa aceitação junto dos

mercados externos • Existência de um sistema completo de apoio ao investimento na restauração • Papel dos Centros de Formação Profissional do Sector Alimentar • Contenção de preços nos últimos anos • Utilização crescente de produtos de denominação de origem protegida e de

produtos frescos, contrariamente às tendências internacionais; • Rotatividade nos menús • Relativo equilíbrio na distribuição da procura (consumidores locais e visitantes

internos e estrangeiros) • Sazonalidade inferior à observada em Espanha


Estabelecimentos de Restauração e de Bebidas em Portugal PONTOS FRACOS

• Fiscalidade (taxa do IVA 5 pontos percentuais acima da observada em Espanha) • Legislação laboral pouco flexível • Falta de fiscalização adequada e multiplicidade de entidades com funções inspectivas • Informalidade da economia – concorrência desleal • Baixa produtividade do sector (apesar da recuperação recente, segundo o INE) • Dificuldade na retenção de profissionais qualificados e falta de mão-de-obra em conformidade• Procedimentos administrativos (criação de novas empresas, licenciamento) • Inexistência do cadastro nacional dos estabelecimentos de restauração • Carências ao nível da informação tratada sobre o sector • Rotatividade empresarial na exploração dos estabelecimentos • Perfil empresarial dominado pela visão familiar do negócio • Baixa percentagem de empresas com mecanismos de garantia de qualidade e de auscultação

ao cliente • Débil penetração das novas tecnologias de informação e de comunicação


Desafios futuros para a restauração em Portugal

Ao nível das características gerais da envolvente económica

• Globalização dos mercados • Concorrência acrescida • Progresso das tecnologias • Redução do ciclo de vida dos produtos • Especialização em cadeias de valor

Ao nível da restauração portuguesa

• Ajustamento tecnológico – os produtos e os equipamentos que se assumem como parte essencial do processo produtivo nos restaurantes passam por um processo de mutação e desenvolvimento • Novos hábitos de consumo ► Novas tendências da oferta (criatividade) • Penetração das cadeias de restauração moderna como corolário da tendência para o consumo de produtos da restauração rápida e do “take-away” • Novos conceitos dietéticos baseados nos produtos considerados mais saudáveis


Respostas do sector da restauração

O sector tem potencialidades suficientes para ultrapassar os principais constrangimentos e

debilidades, localizando-se o factor-chave de sucesso do lado da oferta. Por outro lado,

retenha-se que persistirá a tendência aumentativa da procura, a qual ampliará as suas

exigências ao nível da qualidade e de uma maior diferenciação da oferta.

Ponderação permanente das especificidades do sector

Adequação da envolvente geral da restauração

Profissionalização do sector

A exigência da qualidade

A coexistência entre os vários tipos de restauração

Reforço das parcerias

Incentivo à competitividade e à produtividade


A COMPETITIVIDADE FUTURA E O PAPELDOS AGENTES PÚBLICOS E PRIVADOS


COMPETITIVIDADE

Factores intrínsecosàs empresas

Factores extrínsecosàs empresas

ProdutividadeFlexibilidadePreçoQualidadeInovaçãoSaneamento financeiroDiversificaçãoRecursos humanos Política comercial/marketing

Políticas públicas

Paradigmas e envolvênciaInternacional


Nova visão empresarial – abandono progressivo das perspectivas negociais decurto prazo e da busca de auto-suficiência para a resolução dos problemas correntes; A imperatividade da utilização crescente das novas tecnologias (sites atractivos, promoção e reservas);Aumento da massa crítica e diminuição da visão familiar do negócio;Reforço da capacidade de gestão; Saneamento financeiro; Produtividade;Menor dependência face aos clientes, fornecedores e concorrentes;Minimização dos efeitos da coincidência da propriedade do capital e da gestão;Facilitação da introdução de sistemas de segurança alimentar e de qualidade;Necessidade do reforço e da adequação da formação profissional (inicial e de activos);Necessidade dos restaurantes tradicionais criarem factores de diferenciaçãoem relação à concorrência, o que obriga à segmentação da procura e àespecialização em conformidade.

PLANO EMPRESARIAL


O SECTOR PÚBLICO E A INTERVENÇÃOAO NÍVEL DA ADEQUAÇÃO DA ENVOLVENTE

Contexto político - legal (arrendamentos, excesso de oferta, etc.); Adequação do quadro legislativo e regulamentar do sector (licenciamentos, fiscalização, etc.);Legislação laboral mais flexível (Novo Código do Trabalho – as empresas terão também que proporcionar a necessária formação);Ajustamento eficiente do regime fiscal;Relançamento do projecto de valorização da gastronomia património cultural;Formação profissional (carências e alta rotação do pessoal);Incentivos ao investimento (modernização e renovação);Promoção (imagem carece de maior visibilidade ao nível interno e externo);Apoio na criação dos mecanismos de circulação de informação sobre o mercado;Apoio à implementação de sistemas de qualidade e das novas tecnologias.


A IMPORTÂNCIA DO PAPEL ASSOCIATIVO E OS DESAFIOS QUE SE COLOCAM À ARESP


▼Áreas prioritárias de intervenção

▼Reorganização interna – ARESP SERVIÇOSCentro de Formalidades e Apoio às EmpresasFormação profissionalCadastro dos estabelecimentos de restauração e de bebidasInstrumentos de monitorização da actividade e BenchmarkingEmpreendedorismo e modernização tecnológicaQualidade, ambiente e segurança alimentarInvestigação, Documentação, Comunicação

A ESTRATÉGIA DA ARESPReforço da mobilização dos empresários

Prestação de serviços em conformidade com as necessidades futuras+

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