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Instituto Politécnico de Viana do Castelo Escola Superior de Tecnologia e Gestão Curso de Turismo 1º ano Ano Lectivo 2007/2008 Métodos de pesquisa Turismo Sénior Professores: Paulo Rodrigues José Miguel Veiga Lara Sofia Gonçalves Loureiro Nº 6225 Carlos Manuel Cabral Domingues Nº 6161

Turismo Sénior - cardomingues · como a agência Abreu nos disseram que ao contrário do que pensávamos não existe legislação em vigor para o turismo sénior tendo assim cada

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Instituto Politécnico de Viana do Castelo

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Curso de Turismo – 1º ano

Ano Lectivo 2007/2008

Métodos de pesquisa

Turismo Sénior

Professores: Paulo Rodrigues

José Miguel Veiga

Lara Sofia Gonçalves Loureiro

Nº 6225

Carlos Manuel Cabral Domingues

Nº 6161

Instituto Politécnico de Viana do Castelo

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Curso de Turismo – 1º ano

Ano Lectivo 2007/2008

Métodos de pesquisa

Turismo

Sénior

Professores: Paulo Rodrigues

José Miguel Veiga

Lara Sofia Gonçalves Loureiro

Nº 6225

Carlos Manuel Cabral Domingues

Nº 6161

Viana do Castelo, 18 de Janeiro de 2007

Turismo Sénior

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 2

3. TURISMO ................................................................................................................ 3

3.1. TIPOLOGIAS DO TURISMO ............................................................................... 3

4. TURISMO SÉNIOR ................................................................................................. 4

4.1. PORQUÊ TURISMO SÉNIOR .............................................................................. 5

4.2. CRESCIMENTO DO TURISMO SÉNIOR ............................................................ 6

4.3. PERFIL DOS VIAJANTES SÉNIORES ................................................................ 6

4.4. TIPOLOGIAS DO TURISMO SÉNIOR ................................................................ 7

5. NÚMEROS SENIORES ........................................................................................... 8

6. PARTE PRÁTICA .................................................................................................... 9

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 14

7. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 15

Turismo Sénior

~ 1 ~

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho insere-se no âmbito da avaliação da disciplina de métodos de pesquisa e

surge no segmento de uma proposta feita pelo professor para que fosse realizado um trabalho

de grupo com um tema escolhido por nós.

O tema que escolhemos foi Turismo Sénior. Tínhamos pensado noutros temas mas

escolhemos este porque nos pareceu ser o mais interessante e também muito actual já que

como todos sabemos o envelhecimento da população é uma realidade actual.

Como objectivos para este trabalho queremos tentar perceber o que é o turismo sénior,

se é rentável e se a sua existência é justificável, o que está a ser feito para o turismo sénior,

para o seu desenvolvimento e divulgação e para que chegue a todas as populações. Queremos

ainda perceber até que ponto os seniores estão a par deste turismo especifico para eles e a sua

opinião sobre ele.

O trabalho está dividido numa parte teórica e numa parte prática. Na parte teórica

mostramos que o envelhecimento da população é uma realidade estudada e fundamentada e

vemos ainda que apesar disto o turismo sénior não é considerado ainda uma tipologia de

turismo.

Na parte prática pretendemos ficar a conhecer as opiniões de quem percebe e trabalha

em turismo e também dos consumidores do turismo sénior.

Realidade em crescimento ou estagnação?

Turismo Sénior

~ 2 ~

2. METODOLOGIA

Para a concretização deste trabalho tivemos de utilizar diversos métodos de pesquisa e

recolha de informação.

Para a parte teórica tentamos pesquisar o que haveria sobre o assunto na Internet e na

biblioteca da escola. Vimos que a informação era muito reduzida e insuficiente. Na Internet

ficamos a saber que apenas duas entidades permitem a realização de turismo sénior sendo elas

o INATEL e a agência Abreu. Outras agências divulgam o turismo sénior mas apenas através

do INATEL. Resolvemos então ir directamente a estas entidades procurar informação mas foi

ainda muito reduzida porque apenas têm brochuras sobre os seus produtos. Tanto o INATEL

como a agência Abreu nos disseram que ao contrário do que pensávamos não existe legislação

em vigor para o turismo sénior tendo assim cada entidade criado o seu próprio regulamento.

Para a parte prática fomos entrevistar duas pessoas que trabalham na área de turismo, e

que têm experiência com turismo sénior: o Dr. Carlos Correia, chefe da agência Abreu de

Viseu e o Dr. Nuno Rodrigues, coordenador dos serviços de turismo de Barcelos. Com estas

entrevistas ficámos a perceber melhor algumas questões essenciais no que diz respeito ao

turismo sénior e para as quais ainda não tínhamos encontrado a resposta.

Além das entrevistas fizemos ainda 50 inquéritos, 25 na cidade de Barcelos e outros

25 na cidade de Viseu. Antes de procedermos ao preenchimento dos inquéritos efectuamos 10

pré-testes para verificarmos se estava acessível aos seniores e se não possuía erros. O intuito

dos inquéritos foi tentar perceber em locais diferentes a informação que as pessoas com 55

anos ou mais têm sobre o assunto (idade base dos idosos, “Young Active Senior”, embora em

Portugal as instituições apenas aceitem pessoas a partir dos 60 anos para realizar turismo

sénior), e para aquelas que já o realizaram saber o seu nível de satisfação e ainda saber se

consideram o turismo sénior importante para o seu concelho e país. Inquirimos pessoas

aleatoriamente, de 3 em 3, para encaminharmos o nosso estudo num sentido isento e que

transmitisse o mais possível a realidade.

Turismo Sénior

~ 3 ~

3. TURISMO

O turismo tem muitas definições, porque evoluiu ao longo dos anos havendo assim

uma necessidade de constante mudança no sentido de enfatizar as suas características mais

essenciais, sendo que, muitas delas vão surgindo ao longo dos tempos e da evolução da

mentalidade e postura do homem. Muitos autores se cruzaram com o intuito de definirem por

si próprios turismo da melhor maneira, mas nenhum se afastou muito e mantiveram-se em

caminhos paralelos.

Licínio Cunha no seu livro Economia e Política do Turismo fala-nos da definição de

Hunziker e Krapf, que nos dizem que turismo: “é o conjunto das relações e fenómenos

originados pela deslocação e permanência de pessoas fora do seu local habitual de residência,

desde que tais deslocações e permanências não sejam utilizadas para o exercício de uma

actividade lucrativa principal, permanente ou temporária” (Licínio Cunha; 1997: p. 8). Sobre

esta definição Licínio Cunha faz ainda uma critica por esta definição:

“(…) não ter em consideração os aspectos sociológicos, sobretudo

quando se trata de turismo nacional, esta definição é considerada

incompleta pelos sociólogos. Do ponto de vista destes, o turista é, antes

de tudo, o homem que se desloca para satisfazer a sua curiosidade, o

desejo de conhecer, para se cultivar e evadir, para repousar ou se

divertir num meio diferente do que lhe é habitual.” (Licínio Cunha;

1997: p. 9).

Achamos que nos dias de hoje para uma correcta definição de turismo será mais

correcto abranger estas características que, hoje em dia, estão cada vez mais presentes na vida

das pessoas, pois a personalidade destas é cada vez mais afectada por factores desgastantes,

por exemplo o stress e fadiga, que levam as pessoas a querer descomprimir e a esquecer esses

problemas, levando-os a querer afastar-se deles e da sua origem.

3.1. TIPOLOGIAS DO TURISMO

Existem várias tipologias de turismo sendo elas: turismo de recreio, turismo de

repouso, turismo cultural, turismo desportivo, turismo de negócios, turismo politico, turismo

de saúde, turismo religioso e turismo étnico e de carácter social. Com a resolução do PENT

(Plano Estratégico Nacional para o Turismo) foram definidas ainda outras tipologias como:

Turismo Sénior

~ 4 ~

gastronomia e vinho, touring cultural e paisagístico, saúde e bem-estar, turismo de natureza,

MICE, turismo residencial, city e short breaks, golfe, turismo náutico e sol e mar. Vemos

então que apesar de existirem várias tipologias de turismo o turismo sénior não é considerado

um tipo de turismo. Mas será que não se justificava? Estas tipologias foram escolhidas pela

sua importância e volume de turistas mas o turismo sénior tem já uma parte muito

significativa de turistas e encontra-se em crescimento. Assim o turismo sénior continua a ser

uma tipologia de turismo alternativo, usado apenas para combater a sazonalidade, e apesar de

não ser oficialmente considerado como tipologia de turismo tem um grande número de

praticantes activos, que continua em crescimento, como iremos ver ao longo do trabalho.

4. TURISMO SÉNIOR

“ O turismo só terá futuro se caminhar na direcção de um Humanismo

maior… O importante é reconhecer que o turismo deve servir o

homem, e não ao contrário. Qualquer evolução, inclusive a do turismo,

deve inclinar-se para o desenvolvimento do ser humano, e não dos

bens materiais. A expansão humana deve ser a prioridade absoluta. É

preciso voltar ao ser humano, às virtudes humanas, às atitudes sociais e

à ética frente à vida. Não estou invocando um “super-homem ideal”,

mas um homem novo, esclarecendo que o “novo” também pode

recorrer a valores antigos. Caberia devolver o turismo aos seres

humanos, para que este se torne mais humano.” (Jost Krippendorf cit.

in Ferreira, Jorge A.B.; 1995: p. 9).

Como vemos no parágrafo acima citado o turismo tem de se voltar para as pessoas,

tem de ficar mais humano, ser mais social. O turismo sénior é o começo de uma nova

abertura para um turismo mais humano e social. O futuro do turismo está aqui cabe-nos a nós

agarrar a oportunidade e dar às pessoas a diferença e humanização que procuram. Mas não é

só a questão social que nos deve mover porque a presença dos mais velhos em todo o mundo

além de ser uma questão de cidadania é também uma oportunidade de novos e arrojados

negócios, sobretudo no turismo, o que leva a uma maior existência de consumo deste tipo de

produtos específicos.

Turismo Sénior

~ 5 ~

4.1. PORQUÊ TURISMO SÉNIOR

Porque se justifica a existência do Turismo Sénior? Muito simplesmente devido ao

facto de a quantidade de seniores estar a aumentar ano após ano. No livro Reinventando o

Turismo em Portugal vemos alguns dados muito significativos: “Em 2001, o número de

idosos ultrapassava o de jovens, registando o índice de envelhecimento cerca de 102 idosos

por cada 100 jovens” (AA.VV; 2005: p. 104).

Há várias explicações para este fenómeno uma delas é aquilo a que chamamos de

baby-boom mas existem outras. No mesmo livro podemos ler sobre este assunto: “Ao longo

das décadas, a UE está confrontada com uma aceleração significativa do envelhecimento

demográfico devida a três factores principais: a chegada da geração do baby-boom à idade da

reforma; a continuação do aumento da esperança de vida; a diminuição da fecundidade desde

a década de 1970.” (AA.VV; 2005: p. 141). Vemos assim que estes factores contribuem para

o envelhecimento da população e encontram-se em desenvolvimento sendo uma realidade

cada vez mais evidente e que irá aumentar ainda mais a população envelhecida.

Justificando a capacidade económica dos seniores, que ao contrário do que se pensa

não é assim tão má, o mesmo livro anteriormente citado comenta o regime de pensões

europeu: “Os regimes de pensões, através dos regimes públicos ligados aos salários

(primeiro pilar), regimes profissionais privados (segundo pilar) e planos individuais de

reforma (terceiro pilar) oferecem à maior parte dos europeus boas oportunidades de

manterem o seu nível de vida depois de se reformarem.” (AA.VV; 2005: pp. 142, 143).

Assim podemos dizer que: “(…) os idosos atingiram, (…) um nível de vida razoável e, (…)

até relativamente elevado” (AA.VV; 2005: p. 143).

Assim já temos boas justificações para a existência do turismo sénior, pois vimos que:

“(…) na Europa assiste-se a alterações demográficas importantes. Até 2010 a proporção de

jovens diminuirá 4% e de idosos aumentará 17%. Haverá, pois, um número crescente de

seniores activos com rendimento disponível e tempo para actividades de lazer” (AA.VV;

2005: p. 307). Como disse o Dr. Carlos Correia da Agência Abreu num Seminário no ISPV:

“os jovens têm tempo; os adultos têm dinheiro; mas os idosos têm ambas as coisas” (Vanessa

Santos; 2006). Pedro Mendonça do INATEL também nos confirma este facto dizendo num

seminário sobre o assunto no Castelo de Santiago da Barra: “ (…) que não há público mais

exigente do que o da terceira idade. (…) É importante que o hotel seja confortável e a

alimentação saudável” (Francisco Sampaio; 2003). Haverá melhores justificações que estas?

Turismo Sénior

~ 6 ~

Os idosos têm tudo, o tempo e o dinheiro e por isso podem usufruir de tempo livre de

qualidade que poderá ser oferecido através do turismo sénior.

4.2. CRESCIMENTO DO TURISMO SÉNIOR

Como pudemos constatar anteriormente o crescimento dos seniores e

consequentemente do turismo sénior não é uma realidade só encarada nos nossos dias. Já em

1996 se tinha ganho consciência deste facto. “After all, with the increase of life expectancy

and the decrease of birth rates, the number of senior citizens is growing by giant steps all over

the world. With it grows a vast market for those with creativity and the know-how to explore

this gold mine: senior citizens”.1 (AA.VV.; 1996: p. 1).

O turismo sénior é hoje considerado uma vertente do turismo em franco crescimento

como podemos verificar num parágrafo retirado do livro referenciado anteriormente: “A

evolução dos anos mais recentes tem demonstrado que existem (…) vertentes de turistas em

franco crescimento (…) o turista de terceira idade, que valoriza o destino pelo factor preço,

segurança e cultura, o qual usufrui de tempos de estadia relativamente longos” (AA.VV;

2005: p. 316).

4.3. PERFIL DOS VIAJANTES SÉNIORES

Os viajantes seniores têm um perfil que os caracteriza como um grupo menos

preocupado e ao contrário do que se pensa muito activo.

Na segunda conferência internacional de Turismo Sénior traçou-se o perfil dos

viajantes seniores da seguinte forma:

“(…) travel frequency is one of the reasons why we should take the

seniors market seriously. (…) As travelers get older, they tend to

become less self-reliant (…) older travelers are more likely than

younger ones to agree with the statement «I like others to make the

arrangements and handle all the details for me». (…) The older they

are, the more likely they are to agree with the statement «I want to

1 Fundamentalmente, com o aumento da esperança de vida e com a diminuição das taxas de natalidade, o número

de cidadãos seniores está a aumentar a passos gigantes por todo o mundo. Com isso cresce um vasto mercado

para aqueles com criatividade e o conhecimento para explorar esta mina de ouro: os cidadãos seniores.

Turismo Sénior

~ 7 ~

know exactly how much my vacation will cost before leaving home».

(…) But this does not mean that senior travelers are stingy. In fact,

older outbound travelers are more likely than younger travelers, for

instance, to select an airline based on service rather than fare, and to

stay in luxury resorts. (…) Many of them are physically fit and looking

for an active travel style. For instance, almost a third of senior travelers

would like to do water sports, such as snorkeling, scuba diving, or

sailing, during their international vacations”.2 (AA.VV.; 1996: pp. 24,

25).

A confirmar o facto de os seniores terem motivações diferentes do que aquelas que a

maioria de nós pensávamos vem uma notícia no Jornal do Centro (jornal de Viseu) de 17-11-

2006 em que fala do turismo e lazer na terceira idade. A jornalista Emília Amaral dá-nos a

conhecer as novas motivações dos seniores e que o facto de serem considerados com muitas

limitações e pouca saúde já está ultrapassado, sendo assim: “a consciencialização para a

importância deste tipo de turismo, tem contribuído para o seu crescimento e, cada vez mais,

as agências de viagens apostam neste segmento, oferecendo variados roteiros e programas

especiais para idosos.” (Emília Amaral; 2006, Confira reportagem em anexo).

4.4. TIPOLOGIAS DO TURISMO SÉNIOR

Mas afinal quem é considerado sénior? O Dr. Francisco Sampaio (2003) caracteriza

os seniores por grupos etários segundo o apresentado pela WTO, sendo que, dos 55 aos 65 é

considerado YAS (young active sénior), dos 65 aos 75 é sénior e a partir dos 75 são

considerados old senior (idoso velho).

O Dr. Francisco Sampaio em palestra sobre o assunto tipificou o turista sénior:

2 A frequência de viagem é uma das razões porque devemos levar o mercado sénior muito a sério. Consoante

eles envelhecem, eles tendem a tornar-se menos preocupados. Viajantes mais velhos têm mais tendência que os

novos para concordar com a expressão “eu gosto que os outros façam os preparativos e tratem dos detalhes por

mim”. Quão mais velhos são, mais prováveis eles são de concordar com a expressão “eu quero saber

exactamente o quanto as minhas ferias vão custar antes de sair de casa”. Mas isto não quer dizer que os viajantes

seniores são avarentos. De facto, viajantes idosos estrangeiros têm mais tendência que os novos, por exemplo,

para seleccionar uma companhia aérea baseados no serviço e não no preço, e de ficar em “resorts” de luxo.

Muitos dos seniores são elegantes fisicamente e procuram um estilo de viagem activo. Por exemplo, quase um

terço dos viajantes.

Turismo Sénior

~ 8 ~

“ (…) o sénior de meia idade e idoso jovem se define como turista

explorador (…) ou seja, querem desfrutar novos desafios e novas

experiências, visitar lugares exóticos, são apreciadores do Ecoturismo,

nas suas componentes ecológicas, ambiental e turística, (…) dão muita

importância em manter-se em forma (…) sobretudo, com a valência

“saúde” das modalidade de Health Club/Fitness/Welness; na sua

generalidade gastam muito dinheiro. (…) turista arqueólogo (…) por

isso apreciadores de museus e obras de arte (…) procurando sempre

informações com muito detalhe. (…) os idosos velhos. Chamar-lhe-

emos turistas seguidores (depositam confiança numa organização,

procurando saber itinerários, preços, condições, tipo de hotel, etapas,

percursos, etc.). Reduzem o número de viagens para o exterior (uma

viagem por ano), mas mantêm as viagens domésticas, (…) confiam

totalmente na organização e na guia, seguindo (…) as suas instruções;

estão atentos a todas as despesas” (Francisco Sampaio; 2003)

5. NÚMEROS SENIORES

Em Portugal, segundo Paulo Machado existem 1,7 milhões de idosos (acima dos 65

anos), ou seja, 16,4% da população total. Estes números remetem a 2001, altura em que

foram feitos os últimos censos em Portugal. Hoje em dia estima-se que este número seja

ainda maior.

Os números da Agência Abreu que também tem programas de Turismo Sénior não

estavam disponíveis, mas os números do INATEL sobre os idosos que praticaram turismo

sénior foram publicados na revista Tempo Livre, o autor foi José Alarcão Troni (Reportagem

em anexo). Segundo este o grau de satisfação de quem o fez foi excelente e todos os

compromissos financeiros foram cumpridos em tempo oportuno por parte do INATEL. O

programa Turismo Sénior já foi realizado por 490.000 portugueses e o Estado já cedeu para o

projecto 70,2 milhões de Euros. O programa Saúde e Termalismo Sénior é também um

programa do INATEL e já foi feito por 46.000 portugueses tendo o Estado cedido para este

fim 12 milhões de euros. O programa do INATEL é alargado a Espanha e em 2008 o

programa Saúde e Termalismo Sénior também o será.

Turismo Sénior

~ 9 ~

6. PARTE PRÁTICA

Nas entrevistas que realizamos podemos confirmar aquilo que havíamos pesquisado.

Tínhamos visto que o turismo sénior estava em crescimento e isso foi uma ideia sustentada

pelos nossos entrevistados. O Dr. Carlos Correia diz-nos que: “ nos últimos anos tem havido

um acréscimo notável do cliente sénior. É este cliente que compra 80% do produto cruzeiros,

é este cliente que pretende os hotéis mais luxuosos, é este cliente que nos pede reservas de

viaturas de alta gama. Este tipo de cliente é muito exigente e selectivo”. No entanto sabemos

que muitas das pessoas que fazem turismo sénior não têm tantas possibilidades daí optarem

pelo INATEL que é mais económico. O Dr. Nuno Rodrigues disse-nos em relação ao

crescimento deste turismo que: “a esperança de vida é cada vez maior portanto há cada vez

mais público a engrossar e a ser potencial cliente do turismo sénior (…) está em crescimento

claramente (…) está em perfeito crescimento e nós temos de perceber isso”. Além disto fala-

nos de algumas vantagens porque o turismo sénior: “aguenta a frequência turística das

cidades (…) e do próprio alojamento (…) se não for o turismo sénior os hotéis estão com

taxas de ocupação verdadeiramente residenciais (…) dá para (…) aguentar os custos do hotel

naquela semana”.

Nos inquéritos que realizamos em Viseu e Barcelos tiramos algumas conclusões e

nem todas positivas. Vimos que curiosamente tanto em Barcelos como em Viseu a maioria

dos inquiridos (68%) sabia o que é turismo sénior. A televisão e o INATEL são os meios

onde a maioria toma conhecimento da sua existência. Encontramos algumas inconsistências

no facto de que quem sabe o que é turismo sénior deveria saber minimamente em que

consiste e o que aconteceu foi que em Barcelos a percentagem das duas questões é igual

(68%), mas em Viseu encontramos casos em que apesar de as pessoas dizerem que sabem o

que é responderam que não sabem em que consiste e a percentagem difere, apenas 52%

responderam que sabem. Outra inconsistência é que mesmo quem não sabia o que é turismo

sénior respondeu que sabem a quem se destina, em Barcelos temos 72% e em Viseu 76%.

Pensamos que será o facto de as pessoas não estarem bem informadas que leva a estas

inconsistências porque 80% das pessoas em Barcelos e 84% em Viseu responderam que o

turismo sénior não está a ser bem desenvolvido nos seus concelhos e 72% em Barcelos e 76%

em Viseu responderam que não está a ser bem divulgado. Ora se não está a ser bem

divulgado é normal que as pessoas não saibam do que estamos a falar e se baralhem um

pouco.

Turismo Sénior

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Estes resultados são um pouco diferentes daquilo que o Dr. Nuno Rodrigues nos disse

já que a propósito da mesma pergunta nos respondeu: “ damos apoio directo ao INATEL (…)

tem um programa muito bom e muito bem divulgado”. O que nos deixa a pensar porque não

chega então a informação à população para a qual se destina? No entanto também nos diz

que: “está bem mais desenvolvido e promovido (…) norte e centro da Europa que

propriamente aqui em Portugal (…) há ainda um caminho muito grande a percorrer ao nível

da promoção”. O Dr. Carlos Correia em termos de publicidade no que diz respeito à sua

agência disse-nos que a publicidade é feita nos jornais e rádios e que têm um revista3 que está

acessível a todos os clientes. Ainda assim deixou-nos a pensar já que a publicidade é feita

mas será de modo correcto? A revista só chega às mãos das pessoas se se dirigirem à agência

e pedirem mas para isso já teriam de saber que existe turismo sénior.

Nos questionários vimos também que apenas 24% dos inquiridos tanto em Barcelos

como em Viseu praticaram turismo sénior, sendo que em Barcelos a maioria o realizou em

Portugal Continental, e apenas uma pequena parte nas Ilhas e nenhum no estrangeiro; em

Viseu as pessoas dividiram-se entre Portugal Continental e Ilhas mas também houve quem

fosse ao estrangeiro sendo as viagens para Espanha e Egipto. Também o Dr. Carlos Correia

nos disse que os locais mais procurados eram Açores, Madeira e Cuba. Apenas uma pequena

parte das pessoas que o realizaram o fez mais que uma vez, mas isso é explicado pelo sistema

do INATEL que é por selecção e por nas agências ser mais dispendioso e os nossos

inquiridos apesar de responderem que o seu rendimento permite a realização de férias apenas

estão dispostos na sua maioria a despender 200€ por pessoa para realizar férias.

Segundo o Dr. Carlos Correia as pessoas que praticam turismo sénior: “normalmente

viajam em casal e as profissões variam (…) são de sociedade média/alta (…) são das cidades

principais”. Isto também é um dado importantes porque percebemos que é muito difícil a

informação chegar às classes mais baixas e que se encontram fora das cidades.

Um dado satisfatório é que 100% das pessoas que o fizeram tanto em Viseu como em

Barcelos, por agência ou INATEL disseram que gostaram, é um resultado significativo.

Os motivos que levaram os inquiridos a fazerem turismo sénior são muito variados

mas os números concentram-se no facto de adorarem passear e por fazer num passeio em

casal. Na entrevista com o Dr. Carlos Correia sobre este assunto ele respondeu-nos que: “a

procura deste turismo é atribuída a pessoas que necessitam de descansar e descontrair, fazer

um tratamento de termas, conviver com outras pessoas, etc”. Além disso o que os inquiridos

3 Ver revista em anexo.

Turismo Sénior

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mais gostaram de fazer nesses dias foi além doutras respostas conhecer novos lugares o que

vem de encontro aquilo que já dissemos que os seniores não são tão sedentários como se

pensaria.

Outro dado satisfatório e importante é que também 100% dos inquiridos que já tinham

praticado o voltaria a fazer, vemos então que os seniores são receptivos a estas actividades e a

estas férias, além disso os mesmos 100% recomendam o turismo sénior.

Naquilo que deveria ser revisto por parte de quem prepara o turismo sénior as

opiniões dividem-se, mas as maiores mudanças deveriam ser feitas ao nível da exploração,

divulgação e informação. Podemos ver também que ao realizar turismo sénior as opiniões

dividem-se quanto aquilo a que daria mais importância. Em Barcelos 44% das pessoas dizem

preferir a qualidade e em Viseu 48% diz preferir o preço.

Quanto às pessoas que os inquiridos conhecem que realizaram turismo sénior e o seu

grau de satisfação as respostas situam-se entre os 4 e os 7 valores, sendo 7 muito satisfeito.

Tanto em Viseu como em Barcelos ninguém respondeu menos de 4 e em Barcelos a

predominância é no 5 e 7 com 45% e 36% respectivamente e em Viseu predomina o 6 com

40%.

Um dado também muito importante tem a ver com o facto do turismo sénior ser

importante para o concelho, nesta pergunta em Barcelos 76% dos inquiridos diz que sim é

rentável mas na questão em que se pretende saber se acha que o concelho e o país lucram

com o turismo sénior o valor sobe para 80%. São perguntas similares em que uma pretendia

ser de controlo para a outra e se viu realmente os números a serem diferentes. Em Viseu os

números também variaram, na primeira questão 56% respondeu que sim e na segunda o

número subiu para 68%. Pensamos que os números diferem porque na segunda questão

mencionamos o país daí as pessoas poderem pensar que é mais importante e lucrativo para o

país do que propriamente para o seu concelho.

Isto mesmo foi-nos confirmado pelo Dr. Nuno Rodrigues, mas que salienta que é

também muito importante para o concelho: “o turismo sénior tem (…) vantagens (…) se

forem exteriores nomeadamente do norte da Europa, centro e até espanhóis, têm um grande

poder de compra (…) geram e introduzem fluxo monetário através do efeito multiplicador do

turismo no artesanato e nas artes tradicionais (…) o turismo sénior nacional através do

INATEL trás também um fluxo a nível dessas pessoas (…) e portanto deixam divisas no

concelho (…) tudo tem de ser contabilizado em termos económicos e gera emprego

indirectamente”. Quanto ao facto de haver algum aspecto neste segmento de turismo que

Turismo Sénior

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prejudique o concelho o Dr. Nuno mostra-nos que a única coisa que não é tão positiva é o

facto de: “ o turismo sénior mais próximo do turismo de massas do que do turismo de

qualidade (…) tem a ver com o perfil do próprio segmento (…) mas de negativo não se

detecta absolutamente nada”. Ainda quanto à rentabilidade deste tipo de turismo o Dr. Carlos

Correia considera o turismo sénior um tipo de turismo lucrativo e no qual vale a pena investir

e diz que: “é um turismo com margens de lucro idênticas aos períodos promocionais”.

68% dos inquiridos de Barcelos acha que o turismo sénior deveria deixar de ser

sazonal e 76% dos inquiridos de Viseu acham o mesmo. Ao fazer estes inquéritos aquilo de

que nos apercebemos foi que as pessoas ao responder a esta questão disseram que também

gostavam de fazer férias no Verão como toda a gente e até ir para a praia. Quanto a esta

questão o Dr. Carlos Correia explicou-nos que: “existe a necessidade de encaminhar este tipo

de turismo para os períodos mais baixos, porque é obviamente mais barato e acaba por ser

muito atraente para os seniores”, assim “as diferenças são praticamente nulas, os hotéis são os

mesmos, os destinos são os mais variados, a pequena diferença está nas datas fixas de saída

para cada destino em que os seniores têm que se adaptar”.

Já anteriormente tínhamos visto com o Dr. Nuno Rodrigues que é uma maneira dos

hotéis terem uma taxa de ocupação nestas épocas baixas que lhes permitem fazer face aos

seus gastos. Mas como nos disse o Dr. Carlos: “o T. S. é uma forma de combater a

sazonalidade, os grupos seniores podem fazer as viagens em períodos considerados baixa

estação, os preços são obviamente mais económicos, os serviços turísticos são feitos com

outra atenção que este tipo de cliente necessita”. A verdade é que o turismo sénior foi

pensado como uma maneira de combater a sazonalidade ocupando os mais idosos, juntando

assim o útil ao agradável mas hoje em dia já deveria ser visto de outra forma já que os

seniores estão cada vez mais activos.

O que pretendíamos com a realização deste questionário em duas cidades diferentes

era perceber como o turismo sénior é encarado nas duas. Concluímos que apesar de se

encontrarem em pontos diferentes, tanto a nível geográfico como de desenvolvimento neste

aspecto estão muito próximas. As opiniões que recolhemos foram bastante parecidas, em

algumas perguntas as percentagens foram mesmo iguais. Apesar disto ainda falta muita coisa

em ambas para desenvolver este turismo.

A entrevista com o Dr. Nuno Rodrigues centrou-se muito em Barcelos e como está a

ser encarado o turismo sénior no concelho. Uma das informações que o Dr. Nuno nos deu é

que: “a câmara de Barcelos já em tempos pensou definir juntamente com uma agência (…)

Turismo Sénior

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um programa de turismo sénior para os barcelenses (…) já se pensou nisso mas de facto não

temos esse programa organizado”. Achamos que um programa deste género poderia ser uma

mais-valia para as pessoas seniores de todos os concelhos mas principalmente para os do

interior, seria então um projecto a apostar. A nível geral acha que faltam mudar no turismo

sénior alguns aspectos: “acima de tudo para o turismo sénior falta (…) as próprias agências

olharem para este produto (…) ao fazerem isto estão a pressionar a própria hotelaria e (…) os

próprios municípios a criarem condições melhores”. Vemos assim que as agências têm um

papel muito importante e que, provavelmente, não o estão a aproveitar. Ainda em relação a

Barcelos: “falta (…) uma interligação maior do operador porque nunca nos dizem, nunca nos

calendarizam as vindas, tirando o INATEL (…) se nós soubéssemos isso podíamos criar

programas por medida (…) as próprias regiões de turismo não trabalham o turismo sénior

(…) devíamos fazer uma comunicação de mercado, com uma mensagem para cada mercado

para chamar essa gente”. Só do INATEL chegaram a Barcelos em 2007 antes desta entrevista

2700 pessoas, informação cedida pelo Dr. Nuno Rodrigues que nos disse também que metade

dos turistas portugueses que recebem anualmente dizem respeito ao turismo sénior, mas não

através do INATEL. São dados importantes e em que vale a pena reflectir.

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7. CONCLUSÃO

Após a realização deste trabalho ficamos a perceber melhor o que é turismo sénior,

em que consiste, o que engloba e também o que falta melhorar ou criar.

Constatamos também que apesar de não estar incluído nas tipologias de turismo

existentes já devia nesta altura ser considerado deste modo, porque como vimos gera fluxos

suficientes para que assim fosse designado. Vimos através dos nossos entrevistados e da

nossa pesquisa que é muito procurado e muito rentável para quem nele aposta. Mas ainda há

poucas pessoas a apostar neste turismo o que nos leva a pensar porquê. Se está em

crescimento, se é rentável, se a população está a envelhecer e no entanto a tornar-se mais

dinâmica, se as pessoas destas idades têm possibilidades para gastar porque será que não se

aposta mais neste segmento? É ainda uma pergunta que fica no ar mesmo após o nosso

trabalho. Um dos nossos entrevistados deita culpa às agências, aos hoteleiros e até às câmaras

por ser uma questão de interesse geral, para nós é simplesmente falta de empreendedorismo.

Quando realizamos este trabalho tivemos muita dificuldade em arranjar informação

por isso perguntamo-nos se a publicidade será assim tão bem feita, como os nossos

entrevistados nos fizeram crer. Foi muito difícil encontrar livros e matérias sobre o assunto e

os que havia já estão um pouco ultrapassados. É altura para perguntar porque não se olha para

o que faz falta? Para o que nos vai fazer falta um dia? Talvez nessa altura quem hoje pode

fazer algo pense nisso mas já será tarde. Deve-se começar a trabalhar hoje, a partir de agora.

Trazer qualidade de vida para aqueles que já a tiveram e trabalharam para tal, porque eles

querem gastar dinheiro nisso. Uma outra vertente é a da saúde pois as pessoas querem sentir-

se realizadas e ser activas e isso trás saúde. As vantagens são tantas e as apostas tão poucas

que nos deixa a pensar.

Vimos através dos inquéritos que as pessoas não estão muito bem informadas sobre

um assunto que é do seu interesse e deveria ser de conhecimento geral e isso deve-se

principalmente à publicidade. É muito difícil, e todos temos conhecimento disso, ver

publicidade sobre este assunto na televisão, nos jornais ou na rádio e mesmo reportagens ou

noticias sobre o assunto não é frequente. É então normal que as pessoas não tenham

conhecimento disto.

A maior conclusão que tiramos depois deste trabalho é que ainda muito falta fazer, ao

contrário do que se possa pensar ainda muito pouco foi feito neste sentido. Temos de

melhorar avançar para um futuro que é de todos e para todos.

Turismo Sénior

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7. BIBLIOGRAFIA

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viagens in FERREIRA, Jorge A. B. (1995), Direito do Turismo – Instrumentos normativos

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