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1968-11-23

Turma 68 - O Cabangu EPCAR - A perda do Ten Thome (1968)

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1968-11-23

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HOMENAGEM AO TENENTE AV. THOMÉ

Este documento tem a finalidade de resgatar historicamente uma homenagem ao Tenente-Aviador THOMÉ RIBEIRO NETO, publicada no jornal acadêmico O CABANGU, da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, no mês de novembro de 1968.

O Tenente THOMÉ foi transferido para as aerovias espirituais em 21 de outubro de 1968, em plena Semana da Asa.

Este documento é composto de duas partes: 1 – Cópia do artigo publicado no jornal “O CABANGU”. 2 – Breve descrição histórica do acidente aeronáutico que vitimou o

nosso homenageado. --------------------------------------------------

1 – Cópia fiel do artigo do jornal, onde são preservadas as grafias originais do texto.

….................................A Grande Perda

Precadete Rangel Filho, 66-299

Thomé Ribeiro Neto nasceu aos 7 dias de Abril de 1938, na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Desde cedo, muito dedicado à prática de esportes, trazia ainda consigo um sonho que, mais tarde, seria a sua glória. Êle sonhava ser aviador. Assim, em 1956, mais precisamente a 16 de março daquele ano, chegava o jovem Thomé à EPCAR, recebendo o número 56-109. Aqui passou 3 anos como aluno.

Em Barbacena, tornou-se verdadeiro ídolo do futebol, jogando pelo Olimpic, possuidor que era de grandes e excelentes qualidades como jogador. Leal, franco, honesto e companheiro ideal em todos os momentos, foi sempre um grande elo de ligação para as boas relações entre o povo barbacenense e os alunos da EPCAR, pois, graças ao seu entrosamento com

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a sociedade local, portas se abriram para muitos alunos. Em 1960, era o Cadete Thomé incorporado à Escola de Aeronáutica,

no Campo dos Afonsos, sob o número 60-043, a contar de 07 de março daquele ano. Ainda no primeiro ano de Cadete, solou o avião T-21 que, aliás, vinha voando desde o dia 08 Out 59, quando ainda adido àquela Escola. Após o T21, solou o T-6, o avião no qual se tornou um verdadeiro áz, T-11, o B-26, o C-45 e o C-42.

Aí começou pròpriamente a sua vida de glórias dentro da Fôrça Aérea Brasileira. Desde o início do vôo mostrou-se um ótimo pilôto.

Ao experimentar o T6 revelou-se não apenas ótimo pilôto, mas veio a tornar-se mesmo um dos melhores aviadores, principalmente naquele avião de treinamento.

No T6 o Tenente Thomé veio a realizar as maiores proezas de sua vida, pois, conhecedor como poucos, das suas qualidades e, principalmente, dos pontos negativos, fêz daquele aparelho um seu grande amigo, um verdadeiro pedaço de si próprio, entendendo-lhe as manhas e tornando-o dócil e obediente, mesmo nas mais difíceis situações. Êle dominou o T6, conheceu-o como a palma de sua mão, via o seu organismo como quem observa um livro aberto. Era como um menino habituado a empinar papagaios, fazendo dêles um prolongamento de suas mãos ou a imagem do próprio pensamento. Assim era para êle o avião.

Em acrobacias, mais parecia um trapezista tal a facilidade com que manejava o já velho e cansado avião. Em vôos razantes gelava nas veias o sangue de quem o assistia, pois parecia que o avião iria tocar o chão e embrenhar-se pela terra a dentro a cada instante.

Destemido, em sua frágil “caixa de segrêdos”, enfrentava qualquer tempo, a qualquer hora do dia ou da noite, não ligando a temporais violentos ou brumas intransponíveis.

Chegou à EPCAR em 1964, vindo de Pirassununga. Aqui foi sempre um homem que distribuiu a mesma medida de justiça a todos, punindo severamente quando necessário ou defendendo quando fôsse o caso. Sempre amigo, punha o respeito como tema em sua vida, fôsse do subordinado para o superior ou vice-versa, respeito êste que graças à sua fôrça moral jamais foi prevaricado. Homem duro, cumpridor dos deveres, viveu com os Precadetes as grandes emoções de alegrias ou tristezas, orientando, aconselhando, guiando, enfim, cada jovem epecariano para o caminho dos céus, o caminho do aviador.

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Nos esportes, apesar de um acidente ter-lhe ferido a perna, continuou com aquêle mesmo espírito de antes, do seu saudoso tempo de aluno. Jogador exímio e experimentado, leal e lutador dentro do campo, praticante de várias modalidades de esporte, quando do preparo das nossas equipes para alguma competição era uma verdadeira fortaleza moral, pois bastava a sua presença para que o entusiasmo tomasse conta.

Podemos mesmo afirmar ter sido êle o responsável por muitas vitórias levantadas pela EPCAR. Lembramos, ainda, com satisfação, a sua figura, quando, por ocasião da IV NAE, estávamos em Campinas. Sentado ao nosso lado, nas arquibancadas, vibrava com os nossos jogadores, com os lances verdadeiramente sensacionais, principalmente da partida de basquetebol entre a EPCAR e a EsPCEx. Apreciamos a sua emoção quando da conquista da taça pela EPCAR, êle dentro da quadra, vibrando, aplaudindo, abraçando os jogadores, mostrando, enfim, que também compartilhava da nossa euforia.

Aquêles que algum dia tiveram a felicidade de voar com o Ten Thomé podem atestar a sua camaradagem e a paciência com que explicava o funcionamento dêste ou daquêle aparelho.

Como cidadão, manteve, ainda, em Barbacena, aquêle mesmo circuito de amizades de seu tempo de aluno. Não desprezava o seu velho Clube, os amigos de outrora, enfim, conservou-se o mesmo ídolo dentro da cidade de Barbacena, um verdadeiro exemplo de justiça, camaradagem, conhecimento do seu ofício, respeito ao próximo. Uma figura verdadeiramente inapagável, principalmente da vida epecariana, um nome que será lembrado. Ao lado de Lima Mendes e de tantos outros, o Ten Thomé terá um traçado de destaque.

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OBSERVAÇÕES:

• Texto publicada originalmente no jornal acadêmico:“O CABANGU”, nº 98, de 23 de novembro de 1968, ano III.

• O CABANGU é um hebdomadário dos Precadetes (publicação semanal) da ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO AR, de Barbacena, MG, patrocinado pela Biblioteca da EPCAR.

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• Naquela época, anos de 68 e 69, sob o Comando do Brigadeiro-do-Ar JOÃO CAMARÃO TELLES RIBEIRO, os alunos da EPCAR recebiam a denominação de “PRECADETES”.

• O texto foi copiado “ipsis litteris” da publicação original.• Vale ressaltar que, naquela época, havia outras leis de

acentuação gramatical em vigor.• No alto, consta uma reprodução do cabeçalho original.

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• Este texto foi copiado pelo Precadete (Aluno da EPCAR) 68-004 Luiz F Jugno da Silveira em 21 de Junho de 2011.

e-mail: “[email protected]

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2 – BREVE RELATO DO ACIDENTE QUE VITIMOU O TENENTE THOMÉ

Precadete 68-004 Luiz F Jugno da Silveira

Este texto foi escrito pelo autor do documento, Luiz F Jugno da Silveira, com base nos depoimentos do Coronel Aviador SÉRGIO SEGADÃES, Oficial Instrutor da EPCAR na época, no posto de Tenente, e do então Precadete 68-114 ABEL BRASIL PEDRO, a quem agradeço pela gentileza das informações.

A finalidade deste complemento é deixar registrado um breve relato do acidente, o qual não constou do conteúdo da reportagem publicada no “O CABANGU”.

O fato trágico ocorreu na cidade de Barbacena, no dia 21 de outubro de 1968, em plena Semana da Asa, com uma aeronave tipo T-6, da ERA 32 (ESQUADRILHA DE RECONHECIMENTO e ATAQUE), sediada na EPCAR.

A esquadrilha de quatro aeronaves realizava treinamento para o desfile aéreo da solenidade programada para o Dia do Aviador.

O líder era o Major Sampaio, o nº 2, o Ten. Waldir, o nº 3, o Ten. Pettengil e o nº 4, o Ten. Thomé.

Voavam em cobrinha a baixa altura quando o Ten. Thomé, por algum motivo, perdeu o controle e entrou em parafuso.

Quando recuperou-se, já estava muito próximo do solo e a colisão foi

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inevitável e fatal.A aeronave caiu no terreno da Escola Agrotécnica, entre nove e dez

horas da manhã.A investigação do acidente supôs que o antigo problema da lesão no

joelho esquerdo pode ter contribuído para a dificuldade do piloto em recuperar o controle do T-6.

Apesar de desaconselhável sob o parecer médico, o bravo atleta ainda persistia em jogar futebol com os amigos, uma de suas grandes paixões.

O então Tenente-Aviador SEGADÃES era o piloto de reserva daquela missão. Ele declarou que foi até ao Aeroporto de Barbacena e participou de todos os preparativos que antecederam a decolagem.

Quando as aeronaves iniciaram o taxi, em direção à cabeceira da pista, ele estava próximo e guarda na memória o último aceno do Tenente THOMÉ.

Por ironia do destino, na hora do acidente, a Corpo de Precadetes estava no Pátio das Paineiras da EPCAR, assistindo à missa em homenagem aos mortos da Aviação.

A cerimônia fúnebre, com todas as pompas militares, ocorreu na Igreja da Nossa Senhora da Boa Morte, em Barbacena. Foram cenas muito emocionantes, inesquecíveis para todos os militares e amigos barbacenenses que o conheciam desde os tempos de aluno.

Na foto que se segue, aparecem os pilotos que trouxeram os aviões da ERA 32 para Barbacena, no mês de agosto de 1968. O Tenente Thomé aparece com uniforme de serviço.

Nosso inesquecível herói desta homenagem foi promovido a Capitão “post mortem”. FIM

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Foto copiada do original, Jornal Acadêmico “O CABANGU”, da EPCAR, edição número 89, ano III, de 07 de setembro de 1968.

A qualidade da imagem não está boa devido às condições da fonte mas as imagens dos pilotos são legíveis para quem os conheceu.

FIM…..........................................................................

*Esta matéria de recuperação história da EPCAR foi editada pelo Precadete 68-004 Luiz F Jugno da Silveira. São José-SC, 11 outubro de 2011. E-mail “[email protected]

NOTA:_Este texto não visa encerrar o episódio. Não é uma obra acabada.

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Aqueles companheiros que souberem de detalhes que possam enriquecer a passagem deste brilhante e carismático Oficial pela EPCAR, por favor, escrevam-nos.

Nosso objetivo é apenas registrar para a FAB e para a posteridade da EPCAR alguns fatos que foram marcantes para todos os que tiveram o grande privilégio de lá estar presentes em 1968.

Esta é uma iniciativa pessoal mas a participação de todos não só é estimulada como necessária.

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