49
ExperiŒncia UM PÉ NA ALDEIA OUTRO NA MUNDO Entrevista MARIA JOSÉ FÉRES Professora Casarine, diretora da Escola Estadual Parque Piratininga II. Itaquaquecetuba, Grande Sªo Paulo Itaquaquecetuba VITÓRIA DA EDUCA˙ˆO ExperiŒncia UM PÉ NA ALDEIA OUTRO NO MUNDO Entrevista MARIA JOSÉ FÉRES Professora Casarine, diretora da Escola Estadual Parque Piratininga II. Itaquaquecetuba, Grande Sªo Paulo Itaquaquecetuba VITÓRIA DA EDUCA˙ˆO N o 33 OUTUBRO/NOVEMBRO 2003 O CANAL DA EDUCA˙ˆO N o 33 OUTUBRO/NOVEMBRO 2003 O CANAL DA EDUCA˙ˆO

TV Escola.p65

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TV Escola.p65

ExperiênciaUM PÉ NA ALDEIAOUTRO NA MUNDO

EntrevistaMARIA JOSÉ FÉRES

Professora Casarine,diretora da Escola Estadual

Parque Piratininga II.

Itaquaquecetuba, Grande São Paulo

Itaquaquecetuba

VITÓRIA DA EDUCAÇÃO

ExperiênciaUM PÉ NA ALDEIAOUTRO NO MUNDO

EntrevistaMARIA JOSÉ FÉRES

Professora Casarine,diretora da Escola Estadual

Parque Piratininga II.

Itaquaquecetuba, Grande São Paulo

Itaquaquecetuba

VITÓRIA DA EDUCAÇÃO

No 33 OUTUBRO/NOVEMBRO 2003 O CANAL DA EDUCAÇÃONo 33 OUTUBRO/NOVEMBRO 2003 O CANAL DA EDUCAÇÃO

Page 2: TV Escola.p65

Í N D I C E

CARTAS

MINHA EXPERIÊNCIA

INTERNET NAS RUAS DE RECIFE

DESTAQUES

GEOGRAFIA

CAMISETAS VIAJANDO

ARTE

PROJETANDO PORTINARI

MEIO AMBIENTE

HERANÇA DA GUERRA: POLUIÇÃO

ÉTICA

GRUPO DOS CINCOS

SAÚDE

UMA GERAÇÃO EM PERIGO

GEOGRAFIA

A LINHA FINAL: PRIVATIZANDO

O MUNDO

HISTÓRIA

NO CAMINHO DA EXPEDIÇÃO

LANGSDORFF

ACERVO: VER CIÊNCIA

COMO FAZER?

SALTO PARA O FUTURO

OUTRAS ATRAÇÕES

EXPERIÊNCIA

EDUCAÇÃO INDÍGENA

CAPA

ITAQUAQUECETUBA: A VITÓRIA DA

EDUCAÇÃO

EXPEDIÇÃO VAGA-LUME

ENTREVISTA: MARIA JOSÉ FÉRES,

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E

FUNDAMENTAL

E TEM MAIS

LER E ESCREVER - É PRECISO APRENDER

TV ESCOLACARO PROFESSOR

escola sempre foi uma ameaça para as cultu-ras indígenas brasileiras. Em sala de aula, ín-dio era visto como primitivo e conhecedor deinutilidades; sua língua, silenciada no momen-

to em que pisava no colégio.Nas periferias das grandes cidades, as escolas tam-

bém discriminavam o que vinha da realidade local. Pou-cos perdiam tempo ouvindo o que os alunos e a comu-nidade tinham a dizer.

Agora tudo está mudando. Em todo Brasil, escolasprocuram integrar os costu-mes e conhecimentos locaisaos disciplinares, criando di-dáticas não-excludentes, masconstrutoras de um sabermulticultural.

Nossos repórteres foram aCarmésia (MG) visitar a EscolaEstadual Indígena PataxóBocumux, onde conhecimen-tos brancos e indígenas inte-graram-se de tal forma que foipossível criar um calendárioescolar �etnoambiental�.

Em Goiás, a repórter Rosan-gela Guerra, visitou um NTE

(Núcleo de Tecnologia do ProInfo) dentro de um centroescolar indígena. Ali, a decoração homenageia a deusaAruanã da tradição Karajá e a internet traz assuntos deinteresse da comunidade.

Na preferia de São Paulo, a diretora Fátima ZeinCasarini, mostrou que valorizar o jovem e seu contextosocial pode trazer benefícios surpreendentes.

Preocupar-se com as dificuldades dos alunos maisque com o ponto da lousa pode ser a diferença quemotiva o aluno a ser parte da escola ou preferir se verfora dela.

Em todas as experiências, um novo olhar educacio-nal desponta pelo Brasil. Com respeito às diferenças esomando o regional ao capital, o tecnológico ao tradi-cional, talvez encontremos aí o que há de mais originalem nosso país: o multiculturalismo.

Os Editores

PROFESSORAFÁTIMA ZEIN CASARINE

OUTUBRO/NOVEMBRO 2003 4

6

9

10

10

11

12

13

14

16

17

18

19

21

22

23

34

43

44

48

50

A

Page 3: TV Escola.p65

TV ESCOLA4

cartasPROGRAMAÇÃO ESPECIALSou professor responsável pela

TV Escola e percebo que muitos colegasque gravam os vídeos dão pouca impor-tância à Programação Especial (segun-da a sexta) e à Escola Aberta (sábados,domingos e feriados) Provavelmentenão se dão conta de que essas progra-mações oferecem a oportunidade derever vídeos que, por algum motivo, nãopudemos gravar.Irineu JanuárioE.E Padre João TomesTrês Lagoas/MS

É POSSÍVELFAZERACONTECERA qualidade dos

programas da TV Escola,principalmente a serie-dade e o estilo das dis-cussões da série Letra-mento e leitura da lite-ratura, de Salto para oFuturo, nos inspiraram acriar em nossa bibliote-ca o �Bate Papo Literá-rio�. Reunimo-nos sema-nalmente com um grupode trinta alunos, para de-senvolver estudos significativos com asmais variadas formas de leitura. Contos,trechos literários, poesias, biografias,músicas, e alguns assuntos polêmicos pu-blicados em revistas e jornais, são a ma-téria de nossos encontros. Promovemosdebates, discussões, dramatizações e re-citais de poesia, a fim de despertar nosalunos o gosto e o hábito da leitura diá-ria, como fonte de conhecimento.Leonildes Carlos W. NetoBiblioteca Monteiro LobatoColégio Estadual João Dias SobrinhoDivinópolis do Tocantins/TO

TEATRO DE FANTOCHESAs edições da revista TV Escola

têm tido grande influência em minhaação pedagógica. Um dos projetos queconsegui realizar este ano foi o da cria-

AS MENSAGENSPOSITIVAS E LÚDICAS

AJUDAM AS CRIANÇAS ASUPERAR ALGUNS DE SEUS

PROBLEMAS, AOVIVENCIAREM AS

POSIÇÕES DASPERSONAGENS DIANTE

DE DETERMINADASSITUAÇÕES,

ENFRENTANDO DESAFIOSE DEFININDO CONCEITOS

DE MORAL E ÉTICAPESSOAL.

��

ção e apresentação depequenas peças de tea-tro de fantoches. A ati-vidade promove a inte-gração do pessoal da es-cola e dos alunos comseus familiares, que sãoconvidados a participardas apresentações. Asmensagens positivas elúdicas ajudam as crian-ças a superar alguns deseus problemas, ao vi-venciarem as posiçõesdas personagens diantede determinadas situa-

ções, enfrentando desafios e definindoconceitos de moral e ética pessoal.Dália Alcina Alves de LimaEscola Estadual Braulino MamedeTupaciguara/MG

VISITAS À TELESSALAOs vídeos da TV Escola são fun-

damentais na aprendizagem dos edu-candos e enriquecem o currículo dos do-centes! Entusiasmados com esse mate-rial, resolvemos criar o projeto �Traba-lhando com a tecnologia�. Acompanha-mos toda a programação, gravamos, ca-talogamos e divulgamos para os profes-sores. Nosso objetivo é repassá-la a to-dos, para que a utilizem em sua práticapedagógica como complementação doensino regulamentar. Os programas sãoaproveitados realmente, no empenho de

se criar novas formas de trabalho, tantopara cada disciplina, como de maneirainterdisciplinar. Graças a esse projeto, osvídeos da TV Escola se incorporam aoplanejamento de nossos professores eenriquecem o trabalho de professoresda zona rural e de escolas de educaçãoinfantil, que visitam periodicamente atelessala.Clara Rodrigues do CarmoEscola Municipal Domingos Valente BarretoMazagão/AP

BIBLIOTECA PÚBLICASou diretor da biblioteca públi-

ca de um município do brejo paraiba-no, sempre conduzindo meu trabalhono sentido de bem servir à causa daeducação e procurando melhorar nos-so pequeno acervo para atender à co-munidade estudiosa e ao público emgeral. Elaborei o esboço de um projetoque chamei �Cultura na praça�, paraenvolver a clientela estudantil de 1° e2° graus e pessoas interessadas na di-vulgação de atividades que explorem apotencialidade cultural da populaçãoem arte, literatura, poesia, música, te-atro, esportes e cidadania. Espero queessa iniciativa venha oferecer subsídi-os e alternativas educacionais para a co-munidade.Araken Brasileiro DiasBiblioteca Pública MunicipalDr. Antônio Dias de FreitasJacaraú/PB

C A R T A S

Page 4: TV Escola.p65

TV ESCOLA 5

GRUPO DE VOLUNTÁRIOSA TV Escola tem sido o eixo de

apoio e o incentivo de meu trabalho edos companheiros. A revista TV Escola,o Guia de Programas e os �Cadernos daTV Escola� servem de roteiro para nos-sos encontros e debates, na alfabeti-zação de jovens e adultos. Somos umpequeno grupo de professores volun-tários, alguns com conhecimentos pe-dagógicos e outros não ligados à áreada educação. Trabalhamos em um bair-ro extremamente pobre, em salas em-prestadas por uma igreja. A comunida-de e o grupo de professo-res têm crescido e apren-dido muito com os exem-plos trazidos pela revistaTV Escola.Claudete MariaCoutinhoDivinópolis/MG

�MÃOS QUEFALAM�Fiquei alegre e

emocionada ao ver a ma-téria �Mãos que falam�,na seção Minha experiên-cia, da revista TV Escola nº31. Quando solicitamos apublicação do projeto da Escola Muni-cipal Professora Senhorinha Mendes, di-rigi-me ao Editorial da revista comoprofissional da escola. Hoje falo comomãe e expresso os meus mais sincerosagradecimentos à direção da revista TVEscola pelo interesse em publicar umamatéria que leva a sociedade a refletirsobre a inclusão. A publicação nos fazacreditar que nós, pais de pessoas por-tadoras de necessidades educativas es-peciais, não estamos sozinhos na lutapela integração e inclusão.Jerci Polo FortunatoMãe da instrutora da disciplina de LibrasPalmas/PR

REVISTA PARA CEGOSAgradeço-lhes pela pronta res-

posta e orientação. Há tempos eu que-

ria ter acesso à revis-ta TV Escola, mas nãosabia como fazê-lo,pois sou cega. Entreiem contato com oseditores e me infor-maram que poderiaacessar a revista pe-la internet, em for-mato pdf (no ende-reço www.mec.gov.b r / t v e s c o l a /publicacoes.shtm).Agora, estou empol-gada com minhasincursões pelos links

da revista TV Escola. Utilizo para issoo Jaws, software com leitor de tela esíntese de voz. Trata-se de um progra-

RECEBEMOS TAMBÉM, E AGRADECEMOS,CARTAS E E-MAILS DE:Alberto Baganha de Oliveira, [email protected]; Arinete

Ferreira da Silva, Natividade/RJ; Diogo Braz Pagano, Teófilo Otoni/MG; GleiceOlivieri, Rio de Janeiro/RJ; Helder Leonardo de Souza, Viana/ES; JosenilsonAntônio da Silva, São Joaquim do Monte/PE; Jucelino Nóbrega da Luz, In-confidentes/MG; Maria Ozzores Marchiori, Coordenação Estadual da TVEscola/PR; Napoleão Oliveira, [email protected]; Raimundo Henrique deMeireles, Mata Roma/MA; Rosalina Andrade da Silva, Lagarto/SE; SáviaAlves Ferreira Pinheiro, Felixlândia/MG; Simão Pedro dos Santos,[email protected]; Simônia Lopes, Conceição da Barra/ES e Vera Cláu-dia Marques Veloso, Montes Claros/MG.

SOMOS UMPEQUENO GRUPO DE

PROFESSORESVOLUNTÁRIOS, ALGUNSCOM CONHECIMENTOS

PEDAGÓGICOS E OUTROSNÃO LIGADOS À ÁREA

DA EDUCAÇÃO.TRABALHAMOS EM

UM BAIRROEXTREMAMENTE POBRE,EM SALAS EMPRESTADAS

POR UMAIGREJA

��

Comentários, críticas, dúvidas, sugestões, relatos de experiências,propostas de intercâmbio com seus colegas...e muito mais!

ma bastante amigável e com uma va-riedade de recursos, mas é caro. Umaalternativa mais econômica é o Sis-tema Operacional Dosvox, desenvolvi-do pelo Núcleo de Computação Eletrô-nica da Universidade Federal do Riode Janeiro. É um sistema acessível edidático, porém, mais limitado. Porexemplo: para baixar os arquivos coma extensão pdf, torna-se necessárioconvertê-los em formato doc ou txt.Outro programa largamente utilizadoé o Virtual Vision, concebido pelaMicropower.Elizabet Dias de Sá[email protected] do Centro de ApoioPedagógicoBelo Horizonte/MG

Page 5: TV Escola.p65

TV ESCOLA6

Conselho EditorialJoão Carlos Teatini, Américo Bernardes, Maria JoséFéres, Laura Maria G. Duarte, Carmen Moreira deCastro Neves, Márcia Serôa da Motta Brandão,Renata Maria Braga Santos, Jean Claude Frajmund,José Roberto Neffa Sadek, Maria Suely Carvalho Berto,Joyce Del Frari Coutinho, Luiz Motta e Paulo Speller.

Chefe da Assessoria de Comunicação Social:Joyce Del FrariEditores: Gustavo Tapioca, Luiz Motta eElzira R. ArantesReportagem: Rosangela Guerra, Tânia Nogueira eTeresa MelloFotografia: Nair Benedicto, Juca Martins e Ana GallufEdição de arte, diagramação, editoração eletrônicae produção gráfica: Primeira Página ComunicaçãoRevisão: Márcia MarquesProdução: Camila Araújo e Agnaldo Pereira

A revista TV ESCOLA é uma publicação bimestral daSecretaria de Educação a Distância do MEC

Tiragem desta edição: 450 mil exemplares

PROGRAMA TV ESCOLA

Presidente da República Federativa do BrasilLuiz Inácio Lula da SilvaMinistro da EducaçãoCristovam BuarqueSecretário-ExecutivoRubem Fonseca FilhoSecretário de Educação a DistânciaJoão Carlos Teatini

Secretaria de Educação a Distância

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOSecretaria de Educação a DistânciaEsplanada dos Ministérios, Bloco L � sala 100Brasília/DF 70047-900Tel.: (61) 410-8592 Fax: (61) 410-9178E-mail: [email protected]@mec.gov.brInternet:<http://www.mec.gov.br/seed/tvescola>

PARTICIPAÇÃO DE TODOS NA ESCOLHA DA BANDEIRA

NOSSA BANDEIRANossa escola tem procurado de-

sempenhar um papel acadêmico e soci-al de forma paralela, já que não é possí-vel desvincular os conteúdos das trans-formações por que passa a sociedade.Era sonho nosso criar a bandeira da es-cola. Mas, queríamos envolver os alunosno projeto, levantando reflexões e com-partilhando conquistas. Algo que abor-dasse valores, que fizesse os alunos refle-tirem sobre sua realidade e lhes ensinas-se o caminho da participação coletiva natransformação da realidade. Justificadoo projeto e definidos seus objetivos econteúdos, os professores desenvolve-ram aulas com discussões, fitas de vídeoe outros recursos, em um trabalho inter-

disciplinar. Em His-tória, foram abor-dados conceitoscomo cidadania,participação polí-tica, democracia,civismo; em Mate-mática, conceitosde geometria; emEducação Artísti-ca, a harmonia en-tre a forma, as co-res e as idéias doartista. Todos osalunos criaramsuas versões dabandeira e os pro-

fessores selecionaram três das propos-tas. Foi feita uma votação com a partici-pação dos alunos e da comunidade. Di-vulgado o resultado, todos comemora-ram com fogos de artifício e muita ale-gria a criação de nossa bandeira.Genilda Leite Chalegre de Freitas(Diretora)Escola Newton GuimarãesJaguapitã/PR

CINEMA NA ESCOLACom o intuito de estimular o uso

da sala de vídeo da escola, que se en-contrava desativada por problemas deestrutura, professores orientadores daTV Escola, supervisores e demais profes-sores, elaboraram o projeto �Cinema na

Escola�. Exibidos durante uma semana,com temas e gêneros variados, os filmesforam transformados em ferramentas detrabalho pelos educadores, que os ex-ploraram de acordo com as necessida-des de suas disciplinas. Foram incluídosno planejamento com critérios que pu-dessem atender aos aspectos criativo,afetivo, ético e cognitivo dos alunos, fu-gindo da banalização das aulas e prece-didos de uma boa preparação, segundoo objetivo de cada professor.Ailton Fernandes (Diretor)Escola Municipal de 1o GrauEdinor AvelinoMacau/RN

FORMANDO AUTORESCom o incentivo do teleposto da

cidade, venho desenvolvendo há trêsanos o projeto �Formando Autores�.Nosso objetivo é despertar o interessedos alunos pela literatura, incentivar acriação de textos, ampliar e aprimoraro vocabulário e estimular a escrita e aleitura. Estamos muito felizes porque,ano a ano, vamos conseguindo prosse-guir com sucesso, atingindo os objeti-vos propostos no projeto. Montamosem sala de aula uma estante com os li-vros de que dispomos e que estamossempre consultando, tirando idéiaspara atividades diversificadas. Alémdisso, cada aluno é convidado a elabo-rar, ilustrar e confeccionar seus própri-

M I N H A E X P E R I Ê N C I A44

cartasC A R T A S

Page 6: TV Escola.p65

TV ESCOLA 7

a TV ESCOLAna internet

os livros de histórias ou poesias, o quejá resultou em inúmeros livros infantis,com temas variados. Fomos convidadospelo teleposto de Maricá (onde fre-qüento as aulas de capacitação), a ex-por nossas �obras literárias� na Bienaldo Livro do Rio de Janeiro/2003. Fica-mos orgulhosos em representar o mu-nicípio de Maricá e a escola num even-to tão importante, uma vez que somosuma pequena unidade de 1a a 4a sériedo ensino fundamental.Luiza Helena Nascimento DiasEscola Estadual Cônego BatalhaMaricá/RJ

PRIVILÉGIO DA NATUREZATrabalhando em conjunto com a

telessala da escola, a equipe pedagógi-ca, os alunos e seus pais, organizaramum passeio ecológico, para observar naprática o meio ambiente. Depois de as-sistir a um programa de vídeo, fomosaté um rio próximo, que está bastantepoluído e lá tivemos a oportunidade dedesenvolver uma aula sobre poluição,com o objetivo de conscientizar nossosalunos para a preservação de rios e flo-restas. A coleta do lixo e o processo dereciclagem também foram abordados.Visitamos nossa praia, que é maravilho-sa e sem poluição. O mar fornece o pes-cado, o caranguejo, a ostra, o búzio e omelhor camarão do país. Nosso mangue-zal também ainda é bem preservado.

Fomos ao local chamado Porto da Pes-caria, onde os pais de nossos alunos pes-cam para manter suas famílias. A águadessa área é muito salgada e dela é co-lhido e industrializado o melhor sal domundo. Uma curiosidade é que o solode nossa cidade também é muito salga-do, porém toda semente nele plantadagermina e dá bons frutos.Naura Siqueira de MedeirosEscola Estadual Donana AvelinoMacau/RN

CRIANDO E RECRIANDOSou professora de português e

literatura. Sempre trabalhei com o en-sino médio, mas este ano assumi duas

ALUNOS E PROFESSORA EM PASSEIO PELA PRAIA

classes de 7ª sériedo ensino funda-mental. No pri-meiro bimestreconsegui detec-tar os problemasque mais afeta-vam o desenvol-vimento dos alu-nos na produçãode texto. Preocu-pada, desenvolvidiversas ativida-des para melho-rar seu desempe-nho. A que surtiubom resultadofoi um trabalho

em grupo, baseado em ilustrações rea-lizadas pelos próprios alunos, com cola-gens. Apresentei-lhes várias imagens, re-tiradas de calendários, e propus que re-cortassem figuras e construíssem umanova ilustração. Sobre a obra resultan-te, cada grupo produziu seu texto. Omais interessante nessa experiência foique os alunos conseguiram utilizar seusconhecimentos multidisciplinares na ela-boração dos textos e não cometerammuitos erros em relação à norma cultada língua.Neila Maria MarianoColégio Estadual ProfessoraÂngela Sandri TeixeiraAlmirante Tamandaré/PR

para oFala Brasil

<http://www.mec.gov.br/seed/tvescola>

0800-616161 Ligação gratuita

LigueLigueLigueLigueLigue

Vis i teVis i teVis i teVis i teVis i te

carta,fax ou e-mail

TV EscolaCaixa Postal 9659Brasília/DF 70001-970Fax (61) 410-9178E-mail: [email protected]

EscrevaEscrevaEscrevaEscrevaEscreva

Comentários, críticas, dúvidas, sugestões, relatos de experiências,propostas de intercâmbio com seus colegas...e muito mais!

Page 7: TV Escola.p65

TV ESCOLA8

AULASCONTEXTUALIZADASA professora da 1ª série de nos-

sa escola, idealizou e realizou um proje-to que teve como ponto de partida ocotidiano das crianças, levando-as a ob-ter um aprendizado facilitado e inova-dor. Trabalhar a leitura e a escrita, des-pertar o interesse pelo aprendizado, ele-var a auto-estima, despertar a criativida-de e permitir a ampliação dos conheci-mentos gerais, foram os objetivos pro-postos pelo projeto. Entre as atividadesdesenvolvidas extra-classe, os alunos ti-veram momentos na cozinha da escola,visitas a supermercados, ao correio, àApae, ao terminal rodoviário, a casas co-merciais... Em sala de aula, escreveramcartas, elaboraram cartazes com preçospesquisados, copiaram receitas, traba-lhando a produção de textos e a orali-dade, sempre em um contexto prático.A aula prática é muito bem recebidapelos alunos, pois aprendem de formadinâmica e descontraída, integrandoesse conhecimento ao percurso escolar,de forma definitiva e vivenciando o sig-nificado de cada conteúdo. Assim, nos-sa 1ª série foi levada a conhecer o mun-do das letras de maneira natural, dinâ-mica e evoluída. Temos hoje alunos al-fabetizados e felizes.Waldirene Pereira da Silva(Coordenadora pedagógica)Giovana Rodrigues Freitas Pina(Professora da 1ª série)Escola Estadual Deputado FederalJosé Alves de AssisAraguaína/TO

ATENÇÃO AO IDOSOQuando tomamos conhecimen-

to do tema da Campanha da Fraterni-dade 2003, tivemos a certeza de que esteera o momento ideal para a realizaçãode um trabalho de reflexão e conscien-tização dos alunos e da comunidade so-bre a situação do idoso na sociedadeatual. Para dar início ao projeto, os alu-nos entrevistaram pessoas idosas, orien-

tados pelos professores. Depois, houveexibição de vídeos seguida de debate;elaboração de cartazes, discussão e re-flexão sobre as mensagens expostas;confecção de lembrancinhas, na aula deArtes; produção de textos e apresenta-ção teatral. Convidados, alguns idososparticiparam de várias atividades. Alémdisso, graças a parcerias conseguidaspela escola, receberam doses de vacinacontra gripe, tiveram sua pressão veri-ficada e assistiram à palestra feita poruma médica da comunidade. Ao final doevento, várias pessoas nos procurarampara elogiar nosso trabalho, o que nosdeu muito orgulho, pois tivemos a sen-sação de estar contribuindo para umasociedade mais justa.Maria Paula Viana SantosEscola Municipal Virgílio de Melo FrancoNova Iguaçu/RJ

FEIRANTESSou professora de Língua Portu-

guesa e realizei com os alunos da 8ª sé-rie do ano passado um projeto intitulado�Registro biográfico de feirantes�. Nãofaltaram conversas e discussões sobre aimportância da feira livre para o comér-cio local, mas o foco principal foi um olharminucioso sobre as pessoas que vendemna feira. A turma realizou uma pesqui-

sa, partindo da aplica-ção de um pequenoquestionário para en-trevistar alguns feiran-tes, enquanto passeá-vamos pela feira. Re-solvemos utilizar fil-madora e máquina fo-tográfica para registrarcom mais fidelidade es-ses momentos. Em salade aula, vimos as ima-gens gravadas e, comos questionários res-pondidos, construímosuma pequena biogra-fia dos feirantes entre-vistados, ilustrando em

um cartaz as primeiras impressões so-bre a feira e seus personagens. Marcar-mos o dia da apresentação dos traba-lhos em sala de aula e foi com orgulhoque cada aluno leu a biografia do fei-rante escolhido, discutindo com a tur-ma a importância e o pioneirismo dessapesquisa. Na época, eu estava participan-do do curso TV na Escola e os Desafiosde Hoje e o que aprendi sobre o uso datecnologia no trabalho pedagógico foidecisivo para a realização do projeto. NaFeira de Ciência e Cultura da escola,realizada no final do ano letivo, para aqual toda a comunidade foi convida-da, mostramos o resultado de nosso tra-balho. Levamos um dia inteiro arruman-do a sala de aula com objetos vendidosna feira, trazidos pelos alunos. Organi-zamos as biografias em forma de livros,pregamos os desenhos nas paredes,montamos um mural com fotos, e dei-xamos a fita de vídeo pronta para serexibida aos visitantes. Assim, pudemosvalorizar o trabalhador da feira e de-senvolvemos nos alunos a capacidadede produção textual biográfica, tão im-portante no processo de ensino-apren-dizagem.Claudete MedeirosEscola Estadual Senador José BernardoSão João do Sabugi/RN

VISITA A UMA CASA COMERCIAL

M I N H A E X P E R I Ê N C I A44

cartasC A R T A S

Page 8: TV Escola.p65

TV ESCOLA 9

INTERNET NASRUAS DE RECIFE

JOVENS TÊM ACESSO A CURSOS DE INFORMÁTICA BÁSICA E ACESSO Ä INTERNET PERTO DE CASA

ão seis unidades móveis total-mente equipadas: em cadauma, treze computadores co-nectados em rede à in-ternet,

além de impressoras, scanner, quadrobranco, televisor, videocassete e equi-pamento de som. Nelas funcionam aspioneiras Escolas Itinerantes de Infor-mática, criadas com recursos da pre-feitura pela Secretaria Municipal deEducação do Recife, dentro do proje-to recife.com.jovem.

Os principais objetivos do projetosão combater a exclusão digital e daraos jovens melhores oportunidadesde formação e mais recursos para seinserir no mercado de trabalho, aoproporcionar maior familiaridade comas novas tecnologias.

A própria população do municípioajuda a definir as comunidades a se-rem atendidas. A Escola Itinerante seinstala durante dois meses em umarua ou praça da comunidade esco-lhida e oferece cursos de informáticabásica e acesso à internet, possibili-tando o contato com novas técnicasde informação e comunicação. O con-teúdo dos cursos de informática édirecionado para atividades profissi-onais, levando em conta a realidadesociocultural dos alunos.

Desde sua cria-ção, em agosto de2002, o projeto jáatendeu a 18 co-munidades distri-buídas por toda acidade e capacitoumais de 4.700 alu-nos. Embora as Es-

colas Itinerantes tenham sido pensa-das especialmente para atender aosjovens, também são procuradas poradultos, sempre bem-vindos.

Visando a inclusão de todos os ci-dadãos, os veículos dispõem de ele-vador para permitir o acesso de por-tadores de deficiência. E já está sen-do desenvolvido um projeto de capa-citação de professores para garantiro atendimento a deficientes auditivos.

A preocupação com o uso de no-vas tecnologias na educação se refle-te em outras políticas públicas, comoas sete Unidades de Tecnologia naEducação e Cidadania (Utec) distribu-ídas pela cidade. Praticamente meta-de dos usuários é constituída de alu-

nos encaminhadospelas escolas da re-gião, e o restantevem da populaçãoem geral. Desta-cam-se as Utec Sí-tio Trindade e Cris-tiano Donato.

O Sítio Trinda-

de é um local tombado pelo patrimô-nio histórico, onde são desenvolvidosprojetos de cultura popular. NessaUtec estão instalados um Núcleo deTecnologia na Educação (NTE) doProInfo e uma biblioteca virtual.

A Unidade Cristiano Donato ficaem um bairro central do Recife, o daBoa Vista, em uma rua comercial ex-clusiva para pedestres. Ali funcionamcursos de tecnologia semelhantesaos das unidades móveis e um núcleode idiomas, com cursos de inglês, es-panhol, francês, italiano, alemão, he-braico e grego. É freqüentada por umpúblico eclético, no qual predomi-nam os desempregados (40%), en-caminhados pela bolsa de empregosda prefeitura. Além destes, há alu-nos da rede municipal (30%), enca-minhados pelas escolas; trabalhado-res da indústria e do comércio (20%),encaminhados pela associação delojistas e sindicatos correspondentes;e servidores da prefeitura (10%), en-caminhados pela Secretaria de Ad-ministração.

S

COM LABORATÓRIOSITINERANTES, A INFOR-MÁTICA CHEGA À PERI-FERIA DO RECIFE E CRIANOVAS PERSPECTIVASDE INCLUSÃO SOCIAL

EXCLUSÃO DIGITAL

Para saber maisE-mail:

<[email protected]>

Internet: <http://

www.recife.pe.gov.br/

urbis2003/informatica.html>

TV ESCOLA 9

Page 9: TV Escola.p65

TV ESCOLA10

DIREÇÃO: Shantha BloeminREALIZAÇÃO: CS Associates,Estados Unidos, 2001

CAMISETAS VIAJANDO

A história das roupasde segunda mão e a dívida do

Terceiro Mundo

R E S U M ONa Zâmbia, na África, roupas usadas provenientes de ou-

tros países movimentam um grande e incomum comércio. Exa-minando esse mercado, o documentário discute as conseqüên-cias do endividamento externo e dos ajustes estruturais na eco-nomia do país a partir dos anos 90 e examina as crescentes desi-gualdades entre o Terceiro Mundo e os países desenvolvidos.

A T I V I D A D E S

Objetivos e habilidadesAdquirir conhecimentos sobre a África subsaariana.Reconhecer o padrão assimétrico de desenvolvimento nas eco-nomias capitalistas e a natureza dos ajustes estruturais in-troduzidos a partir dos anos 80 e 90.Estimular a sensibilidade crítica dos alunos e desenvolver acapacidade de pesquisa, interpretação e análise de dados ede textos.Elaborar gráficos e material cartográfico.

Trabalho com a classeAntes de exibir o vídeo, apresente aos alunos os indicadores

socioeconômicos de alguns países, destacando as desigualda-des existentes. Oriente a localização, em um atlas, dos princi-pais bolsões de pobreza e das diferenças na concentração deriquezas.

Depois que a classe houver assistido ao programa, retome aconversa anterior e encomende uma pesquisa a respeito da si-tuação socioeconômica da Zâmbia. Discuta as condições de tra-balho informal retratadas no documentário e os motivos de suadisseminação na Zâmbia. De que forma essa questão denunciaa distribuição desigual de riqueza?

Organize os dados com a classe, estruturando um amplo pai-nel que sirva para refletir sobre o endividamento externo e as

reformas econômicas a que se submeteram os países altamentedependentes de ajuda externa. Examine o conjunto de mudan-ças exigidas pelos organismos internacionais nos anos 90 e osimpactos causados nas economias menos desenvolvidas. Reto-me o conteúdo do documentário para enfatizar as conseqüên-cias da abertura acelerada do mercado, do processo deprivatização e da redução ao acesso de bens e de serviços.

InterdisciplinaridadeHISTÓRIA: Aprofundar o estudo do processo dedescolonização da África e da Ásia, os movimentos naciona-listas no Terceiro Mundo e as guerras na África.MATEMÁTICA: Elaboração de gráficos a partir de indicado-res sociais e econômicos (IDH, desemprego, evolução dadívida externa).

Veja na internet

<http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/>Site da revista Pangea, publicação de política, economia ecultura.

<http://educaterra.terra.com.br/vizentini/artigos/index.htm>Textos de Paulo Fagundes Vizentini, diretor do InstitutoLatino-Americano de Estudos Avançados da UFRGS, sobrerelações internacionais.

<http://www.un.org/esa/africa/>Site em inglês do Programa das Nações Unidas para a Áfri-ca, com muitos links relacionados ao assunto.

<http://www.undp.org/hdr2003/other_languages.html>Apresenta o Relatório de Desenvolvimento Humano 2003da ONU.

Leia também

�O balanço do neoliberalismo�Perry Anderson, em Pós-neoliberalismo. As políticas sociais eo Estado democrático, de Emir Sader & Paulo Gentili (orgs.).São Paulo, Paz e Terra, 1995.

A bolsa ou a vida � a dívida externa do Terceiro Mundo:as finanças contra os povosEric Touissant. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2002.

�O papel do Estado e as políticas neoliberais�Paul Singer, em Globalização, metropolização e políticasneoliberais, de Regina Maria A. Fonseca (org.). São Paulo,Educ, 1997.

A armadilha da dívidaReinaldo Gonçalves & Valter Pomar. São Paulo, FundaçãoPerseu Abramo, 2002.

Veja também, da TV Escola

�Comércio�, da série Ecce Homo

GEOGRAFIA

Série selecionada na grade deprogramação do ensinofundamental. Indicada paraatividades com alunos de 8a

série do ensino fundamental etambém para o ensino médio.ÁREAS CONEXAS: Ética; História

nn

n

n

n

n

DURAÇÃO: 55�16�

7OUTUBRO

programaçãoD E S T A Q U E S D A

Page 10: TV Escola.p65

TV ESCOLA 11

Exercitar a observação e a fruição, comparando obras diver-sas do mesmo autor.

Elementos a destacarMEMÓRIA. O empenho mostrado no vídeo para resgatar aobra e a memória de Portinari serve como ponto de partidapara uma discussão sobre a importância do trabalho de do-cumentação. Proponha aos alunos que desenvolvam um proje-to semelhante em torno de outro artista � podem escolher al-guém de seu estado, ou mesmo da cidade onde está a escola.

PINTURA COMO MEIO. As obras mais importantes de Portinaripossuem um cunho humanista e político. O estilo e o assuntode seus trabalhos são muitas vezes confrontados com o espí-rito do Estado Novo getulista (1935-1945). Em colaboraçãocom o professor de História, organize um debate sobre assemelhanças e diferenças existentes nos modos como Vargas(governando) e Portinari (pintando) pensavam o país. Estaatividade pode oferecer desdobramentos interessantes comas turmas do ensino médio:* É possível dizer que o populismo de Vargas tem um paralelo comcertas obras de Portinari?* E o elogio do trabalho e do trabalhador, sobretudo braçal, quevemos em pinturas de Portinari da década de 30?* O nacionalismo é uma questão presente na obra do pintor?

LITERATURA E PINTURA. Alguns temas inspiram tanto os pin-tores quanto os escritores. Em um trabalho conjunto com Lín-gua Portuguesa, distribua trechos ou capítulos de obras deGraciliano Ramos (Vidas secas, São Bernardo), José Lins do Rego(Menino de engenho) e Carlos Drummond de Andrade(Boitempo), por exemplo, e mostre aos estudantes reprodu-ções de pinturas. O poema �Brincar na rua�, de Drummond,lembra muito as pinturas de Portinari sobre crianças brincan-do. Depois, levante um debate sobre as diferenças entre asrepresentações feitas por Portinari e pelos escritores.

UM ARTISTA, VÁRIOS ESTILOS. Uma das características dePortinari é transitar por vários estilos. A abertura do filme écomposta por uma série de pinturas. Após a exibição do vídeo,reapresente esse trecho, fazendo pausas. Se possível, mostrereproduções de outras obras, para que os alunos possamcotejá-las, procurando discutir as razões do artista ao pintarcada quadro de um modo diverso. Por exemplo, compare osestilos de cinco obras: O lavrador de café, O pranto de Jeremias,Retrato de Felipe de Oliveira, São Francisco e Retirantes. Esses qua-dros estão no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e há repro-duções deles no site do museu, na internet e também no sitedo Projeto Portinari.

Portinari ilustradorO pintor ilustrou edições, hoje raras, de Memórias pós-

tumas de Brás Cubas (Machado de Assis), Dom Quixote(Miguel de Cervantes), além de outros livros.

Em Portinari devora Hans Staden, organizado por MaryLou Paris e publicado pela editora Terceiro Nome (1998),estão reunidas 26 ilustrações feitas pelo artista, em umareleitura das gravuras publicadas na obra de Hans Staden.

DIREÇÃO: Marcello DantasREALIZAÇÃO: Magnetoscópio/Petrobras, Brasil, 1997

PROJETANDOPORTINARI

ARTE

23OUTUBRO

Série selecionada na grade deprogramação do ensinofundamental. Indicada paraatividades com alunos de 7ª e 8ªséries do ensino fundamental etambém para o ensino médio.ÁREAS CONEXAS:História, Literatura

n

n

n

n

DURAÇÃO: 17�47��

O LAVRADOR DE CAFÉ, 1939, ÓLEO SOBRE TELA

R E S U M OO programa mostra o trabalho desenvolvido pelo Projeto

Portinari, que reúne documentos e informações sobre o artista eprepara homenagens para o centenário de seu nascimento, emdezembro de 2003. Aborda também aspectos gerais da obra deCândido Portinari e procura contextualizar a produção deste queé um dos mais representativos pintores brasileiros do século 20,evitando a mera enumeração de fatos e de dados biográficos.

A T I V I D A D E S

ObjetivosExpor aos alunos a necessidade da catalogação da obra deum artista.Propor uma aproximação entre as artes (pintura e literatura)e a política.

n

n

n

Page 11: TV Escola.p65

TV ESCOLA12

A T I V I D A D E S

ObjetivosLer e interpretar textos de interesse científico e tecnológico.Interpretar e utilizar diferentes formas de representação (ta-belas, gráficos, expressões, ícones etc.).Associar conhecimentos e métodos científicos com atecnologia do sistema produtivo e dos serviços.Entender a relação entre o desenvolvimento tecnológico eas ciências naturais.

Trabalho com a classeAntes de exibir o vídeo, faça um levantamento do conheci-

mento prévio dos alunos acerca dos efeitos da radioatividade.Verifique se têm informações a respeito de Hiroshima, Chernobylou o acidente com césio em Goiânia.

Selecione previamente alguns momentos do filme para fa-zer pausas estratégicas durante a exibição, a fim de ampliar asinformações ou chamar a atenção para determinados pontos.Explique de onde provêm as radiações e a interação das partí-culas nucleares com a matéria, sobretudo com os seres vivos.

Depois da apresentação, organize a classe em duplas e peça-lhes uma pesquisa sobre as aplicações da energia radioativa. Osdados podem servir para construir painéis ilustrados, indicandoos diversos campos em que a radiação é utilizada: telecomuni-cações, paleontologia, antropologia, fisiologia, medicina, agri-cultura, geração de energia, esterilização de objetos, indústriaalimentícia, genética, ecologia, zoologia, botânica, geologia etc.

InterdisciplinaridadeO professor de Geografia pode aproveitar o vídeo para dis-

cutir o papel das grandes potências no conflito bósnio e emoutros conflitos regionais.

Veja na internet

<http://www.scite.pro.br/emrede/fisicamoderna/radio-atividade/principal.html>Site com textos sobre radioatividade, as característicasdas partículas nucleares e seus efeitos biológicos.

<http://www.energiatomica.hpg.ig.com.br/uran.htm>Site que explica a utilização do urânio com funçõesbélicas, incluindo o caso de Kosovo.

Leia tambémA radioatividade e o lixo nuclearMaria Elisa Marcondes Helene. São Paulo, Scipione, 1996.

A desintegração do Leste � URSS, Iugoslávia, EuropaOrientalNelson Bacic Olic. São Paulo, Moderna, 1993.

Veja também, da TV Escola�A energia nuclear�, da série Desafios tecnológicosEnergia nuclear, Ética na ciência

Veja na internet

<http://www.portinari.org.br>Site do projeto Portinari, com biografia, reprodução deobras, documentos e referências bibliográficas.

<http://www.casadeportinari.com.br/>Site do Museu Casa de Portinari, na antiga residência doartista, na cidade paulista de Brodowski. Conserva osafrescos e murais ali pintados por ele, além de outrasobras, desenhos, documentos e até poesias.

<http://www.masp.art.br/default.asp?PG=MOS&Loc=1&art=34>Obras de Portinari no site do Museu de Arte de SãoPaulo (Masp).

Leia também

Cândido PortinariAnnateresa Fabris, São Paulo, Edusp, 1996.

Alegorias do BrasilTadeu Chiarelli. São Paulo, MAM, 2003.

Veja também, da TV Escola

�Portinari, traços do Brasil�, da série O mundo da arte

Direção: Thomas WedmannRealização: La Sept Arte,França, 2001

HERANÇA DAGUERRA: POLUIÇÃO

MEIO AMBIENTE

3NOVEMBRO

Programa selecionado na gradede programação do ensinofundamental. Indicada paraatividades com alunos de 7a e 8a

séries do ensino fundamental etambém para o ensino médio.ÁREAS CONEXAS: Ética; SaúdeDURAÇÃO: 25�41�

R E S U M OAlerta sobre as conseqüências da chamada �guerra de

Kosovo�, em que a Otan (Organização do Tratado do AtlânticoNorte) atacou a Federação Iugoslava. Os armamentos à basede urânio usados no conflito contaminaram as reservas de águae o solo da região, provocando câncer e outros problemas desaúde na população. Além disso, os bombardeios atingiramrefinarias de petróleo e usinas de produtos químicos, provo-cando a liberação de gases tóxicos no ar e a contaminação dosolo por metais pesados.

nn

n

n

programaçãoD E S T A Q U E S D A

Page 12: TV Escola.p65

TV ESCOLA 13

DIREÇÃO: Nick HilligossREALIZAÇÃO: ABC International,Austrália, 1997

GRUPO DOS CINCO

ÉTICA

6OUTUBRO

Série selecionada na grade deprogramação do ensino funda-mental. Indicada para ativida-des com alunos da 5ª à 8ª sériedo ensino fundamental e tam-bém para o ensino médio.ÁREAS CONEXAS: Ciências;Meio Ambiente

DURAÇÃO:5 episódios de 5�

l

l

l

l

R E S U M OOs desenhos de animação dessa série superpremiada em

festivais do mundo inteiro tratam de maneira metafórica e crí-tica diversos temas relacionados à ação humana sobre a natu-reza e os demais seres vivos. Em cada episódio, os persona-gens questionam a razão dominadora, normativa e repressiva,bem como procuram achar meios de superá-la.

A T I V I D A D E SApós a exibição de cada episódio, convide os alunos a for-

mar uma roda de discussão, incentivando todos a manifestarsuas impressões sobre a história narrada. Proponha questõesque contribuam para a melhor compreensão dos conceitos en-volvidos e oriente a sistematização dos argumentos propostos.

Habilidades a serem desenvolvidasRelacionar metáforas com a realidade e utilizar as metáforaspara orientar o pensamento centrado em valores éticos.Elaborar coletivamente julgamentos éticos a respeito da açãohumana sobre a natureza e a própria humanidade.

O MUNDO DA TARTARUGAO vídeo mostra a divisão Social como forma de organizaçãoprodutiva na sociedade dos macacos, representando a rup-tura do equilíbrio primordial. Oriente a discussão com algu-mas perguntas; para encerrar, proponha um julgamento daatitude dos macacos e da saída da tartaruga para sobreviver.O que os macacos e a tartaruga representam no mundo real?Por que a história termina com um macaco sobrevivente?Como a história poderia continuar?Quem poderia ficar no lugar do macaco que comunicou aosconselheiros a possibilidade da morte da tartaruga?Quem os alunos colocariam no lugar dos conselheiros que nãoquiseram ouvir, ver e falar?O que representa o totem que desmorona diante da atitude dosconselheiros?

A CELAOs temas a serem abordados são a existência da liberdade

n

n

em qualquer circunstância e o valor da atividade imaginati-va e artística para a preservação da liberdade no ser huma-no, em oposição à racionalidade normativa e repressiva.Por que o personagem é preso?O que significa para ele o ato de pintar?Por que o outro prisioneiro se encontra como um esqueleto nacela vizinha?Por que, ao final do episódio, o personagem acaba outra vez atrásdas grades?

CLASSES INFERIORESAqui são ressaltadas a amizade, a cooperação e a solidarie-dade como valores e a necessidade de estratégias coletivasde sobrevivência nas classes inferiores. Oriente a observaçãocrítica da exigência ideológica de sacrifício do indivíduo paraa conservação do grupo ou da ordem social.Por que mosca, rato e barata representam aqui a classe inferior?São inferiores em relação a quê?Qual a estratégia do grupo de bichos para sobreviver? E qualvalor está em jogo?Por que a mosca morre no final do episódio? Poderia ser dife-rente?

OS SAPOS CANTORESO episódio possibilita a reflexão sobre o reconhecimento dehabilidades diferentes para a composição do grupo.Como acontece o encontro da rã que sobreviveu à máquina decompactar lixo com o grupo de sapos cantores?Qual a solução encontrada pela rã para se integrar ao grupo dossapos? E por que é excluída?O que permite a recomposição do grupo?Quem já vivenciou um fato semelhante em suas relações?

O DESCANSO DO GAMBÁAqui se retoma o tema da relação entre homem e natureza,sugerindo que cabe à nova geração a tarefa de superar essaoposição.Quem resolve a oposição entre a família invasora e o gambá?Por que não é um adulto?O que esse fato representa se pensarmos na oposição entre ativi-dade industrial e natureza?O que nós podemos fazer para alterar essa oposição?

InterdisciplinaridadeO professor da área de Ciências pode fazer um estudo sobre

a origem da vida no planeta, convidando os alunos a levantarhipóteses e discutir a pertinência de cada uma em relação àsteorias evolucionistas e criacionistas. Também pode ser propos-to um debate sobre a atividade industrial humana analisando,por exemplo, as conseqüências da fabricação de papel ou daexploração do petróleo.

Veja na internet

<http://www.abc.net.au/abcinternational/s33559.htm>Contém informações a respeito da série e dos prêmios in-ternacionais conquistados por vários dos episódios.

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

Page 13: TV Escola.p65

TV ESCOLA14

DIREÇÃO: Paer LorenzonREALIZAÇÃO: TV4, Suécia, 2001

UMA GERAÇÃOEM PERIGO

R E S U M OBotsuana é vítima de um dos mais elevados índices de

contaminação pelo vírus da aids do mundo. A riqueza des-se país africano, cuja economia está centrada nas jazidasminerais e na pecuária, contrasta com os problemas na áreade saúde. Cerca de 25% dos habitantes de 15 a 49 anosestão ameaçados pela doença. O documentário analisa aquestão do ponto de vista socioeconômico, político, religi-oso e científico.

A T I V I D A D E SO documentário propicia um trabalho interdisciplinar en-

volvendo todas as séries, abordando a aids e as doenças sexu-almente transmissíveis (DST) como tema transversal, explo-rando aspectos históricos, geográficos e culturais da África (ede Botsuana, em particular) e traçando um paralelo com asituação brasileira.

Competências a serem desenvolvidasUtilizar conhecimentos científicos para explicar questõessociais e de saúde.Conhecer o próprio corpo e sua sexualidade para fortale-cer a auto-estima e valorizar a saúde.Tomar atitudes individuais que afetam a saúde coletiva.

AquecimentoComo ponto de partida, faça um levantamento dos co-

nhecimentos prévios dos alunos sobre a aids. Graças às cam-

SAÚDE

1OUTUBRO

Série selecionada na grade deprogramação do ensinofundamental. Indicada paraatividades com alunos de 7a e8a séries do ensino fundamen-tal e também para o ensinomédio.ÁREAS CONEXAS: Ética;Geografia

n

n

n

DURAÇÃO: 20�59�

panhas de conscientização, é provável que eles já disponhamde um bom volume de informações, mas vale a pena esclare-cer eventuais equívocos e mal-entendidos. Assim, organize nalousa uma tabela com duas colunas � verdadeiro e falso � pararegistrar as opiniões, fornecendo explicações quando for o caso.As respostas certamente serão variadas, mas podem ocorrer,por exemplo, afirmações equivocadas de que a doença seja ex-clusiva de homossexuais masculinos, se transmita pelo uso demaconha ou possa ser evitada com a interrupção do coito. Porisso, procure induzir a classe a falar o máximo possível.

Ao exibir o filme, proponha que os alunos anotem os con-teúdos dos depoimentos que considerarem úteis para com-pletar a tabela do quadro-negro. Ao terminar a apresenta-ção, corrija ou complete a tabela com a classe, iniciando maisuma vez o debate.

Em seguida, passe novamente a fita, sugerindo agora queos alunos procurem identificar os aspectos socioeconômicos eculturais. Esse trabalho pode ser feito em conjunto com o pro-fessor de Geografia, para inserir Botsuana no cenário da Áfri-ca atual, complementando as informações dadas no vídeo. Osalunos devem ser informados sobre o tipo de regime, a situa-ção da economia, as condições de acesso da população à edu-cação e à saúde, a distribuição de renda e outros dadossocioeconômicos. Se for o caso, peça-lhes para fazer uma pes-quisa em livros ou na internet.

O papel da informaçãoO filme destaca os contrastes entre uma classe socioeco-

nômica mais rica e culta, e outra, pobre e analfabeta. Peçaaos alunos para comparar as taxas de incidência entre os doisgrupos. Ficará evidente que a ocorrência da aids é menor en-tre os universitários, sugerindo que o nível de instrução fazalguma diferença, embora não seja determinante.

Num trabalho interdisciplinar com Geografia, procure fa-zer um paralelo com a população brasileira. Diga aos alunospara identificar as políticas preventivas do governo deBotsuana e compará-las com as iniciativas brasileiras, em suasvárias instâncias � municipal, estadual e federal. Comente ofato de que as principais campanhas ocorrem por ocasião doCarnaval.

Explique que no Brasil o número de novos casos de aidsvem decrescendo em quase todas as classes sociais e idades,exceto entre mulheres de 13 a 19 anos, faixa em que a taxaaumentou. É provável que boa parte das alunas se encaixenessa faixa etária. Assim, peça aos alunos que procurem espe-cular sobre os motivos desse aumento.

Apresente mais uma vez o trecho do filme em que a estu-dante universitária entrevistada retrata um pouco do com-portamento e da atitude de seus colegas. Qual a importânciadessa informação para a discussão da aids?

DESTAQUE ESPECIAL / DESTAQUE ESPECIAL / DESTAQUE E

programaçãoD E S T A Q U E S D A

Page 14: TV Escola.p65

TV ESCOLA 15

A t i v i d a d e

JOGO DA EPIDEMIA

Prepare cartões (ou folhas de papel), um para cadaaluno, marcando em um deles um símbolo de que oportador está �contaminado� pelo HIV.Em outros três, desenhe um sinal que identificará umapessoa que faz sexo seguro, ou seja, que usa camisi-nha. Assim, no total do grupo, um será portador deHIV, três farão sexo seguro e os demais, não.Escolha uma música bem animada para os jovens dan-çarem.Distribua os papéis aleatoriamente, um para cada alu-no � só você deve saber o significado dos quatro sím-bolos marcados �, e explique as �regras� do jogo.Cada participante deve escolher uma pessoa para dan-çar e anotar o nome do parceiro em seu papel.Interrompa e recomece a dança cinco ou seis vezes,pedindo que troquem de parceiros e anotem os no-vos nomes no papel.Se algum aluno não quiser participar, poderá apenasassistir, com seu papel na mão � certifique-se de queo cartão dele não é um dos marcados e, se for, tro-que-o por um em branco. Se houver número desi-gual de alunos e alunas, permita casais do mesmosexo. E se houver algum casal de namorados na sala,sugira que comecem juntos e que também se juntemna última rodada.Essa atividade inevitavelmente gera um certo tumul-to. Após a brincadeira, procure fazer com que a clas-se se tranqüilize e dê início à discussão, questionan-do: E se, em vez de dança, tivessem sido relações sexuais?Localize o �aluno-portador� e explique o que signifi-ca o símbolo do papel. Pergunte quem dançou comele na primeira rodada e peça que ambos mantenhama mão levantada; continue identificando os sucessi-vos parceiros, que ficarão com a mão erguida até ter-minar o levantamento. Pergunte, então: A partir deum aluno, quantos foram contaminados? (Explique que,para efeito didático, todo aluno que passa pelo par-ceiro contaminado é considerado infectado, emborana prática isso não seja necessariamente verdade).Repita o procedimento em relação aos portadores dopapel com o segundo símbolo, explicando seu signi-ficado. Estes fizeram sexo seguro e, portanto, nãoestarão contaminados. E os alunos que ficaram defora? Eles não estão contaminados, mas seus papéisestarão em branco.

TEXTO ELABORADO POR MARCOS ENGELSTEIN, PROFESSOR DE CIÊNCIASDO COLÉGIO SANTA CRUZ � SÃO PAULO/SP

Veja na internet<http://www.aidsnews.org.il/>Site do Jerusalem Aids Project, que trabalha mundial-mente (inclusive no Brasil) com o combate à aids nasescolas.

<http://www.aids.gov.br>Site do Ministério da Saúde. Traz inúmeros dados, quepodem ser usados para pesquisa e para a construção detabelas e gráficos.

Veja também, da TV Escola

DST/AidsO sistema imunológico

l

l

l

l

l

l

l

l

l

l

Atitudes de riscoO vídeo insinua que o consumo de álcool leva os jovens a se

descuidar do sexo seguro. Discuta essa hipótese, levando os alu-nos a comentar também o uso de drogas, em particular asinjetáveis, e a contaminação hospitalar pelo sangue doado.

Explique que atualmente a idéia de �grupos de risco� estáultrapassada, que o que existe de fato são atitudes de risco.Os mais expostos à doença são pessoas com vida sexual ativa,com mais de um parceiro, que praticam sexo sem proteção �independente da orientação sexual.

Cite como exemplo dois casais hipotéticos. O primeiro, doishomossexuais masculinos � digamos, um administrador de em-presas e um dono de salão de beleza �, mantêm uma relaçãofiel há mais de quinze anos. O segundo, um casal heterosse-xual, é formado por um empresário e uma médica. A mulherviaja muito, participando de congressos, e com freqüênciamantém relações extraconjugais. Debata com os alunos quaisdessas pessoas eles achariam mais propensas a desenvolver adoença e por quê.

InterdisciplinaridadeO jogo da epidemia oferece ao professor de Matemática

um bom ponto de partida para trabalhar probabilidades.As áreas de Língua Portuguesa e Arte podem analisar as

campanhas já realizadas, os slogans que aparecem no vídeo eaté propor algum trabalho de esclarecimento na escola e nacomunidade.

As discussões permitem desdobramentos na área de Ética,para examinar o papel da mulher na sociedade atual e a im-portância da confiança nas relações afetivas.

UE ESPECIAL / DESTAQUE ESPECIAL / DESTAQUE ESPECIAL

Page 15: TV Escola.p65

TV ESCOLA16

Direção: Carole PoliquinRealização: Filmoption,Canadá, 2002

A LINHA FINAL:PRIVATIZANDO

O MUNDO

R E S U M OO documentário aborda o choque entre os interesses

coletivos da população e os de grandes conglomeradostransna-cionais, potencializado pelos acordos internacionaisde libera-lização comercial, especialmente a partir da déca-da de 80.

Objetivos e habilidades

Desenvolver e aprofundar conceitos relativos à mundializaçãoda economia, enfatizando:a expansão dos conglomerados multinacionais;o processo de liberalização comercial e o aumento da circu-lação de bens e de capital no mundo;o papel das agências e dos organismos internacionais e osacordos bilaterais e multilateriais de comércio;os ajustes estruturais nas economias.Estimular a sensibilidade crítica e desenvolver a capacidadede pesquisa, interpretação e análise de dados e textos.Exercitar a troca de informações e o debate em sala de aula.

A T I V I D A D E SAntes de exibir o vídeo, analise com a classe alguns textos

sobre as mudanças estruturais na economia mundial no últi-mo século: reestruturação produtiva, desenvolvimentotecnológico, liberalização comercial e produção concentradade riquezas. Proponha que façam então um levantamento dosprincipais organismos internacionais, dos acordos deliberalização comercial, dos blocos regionais e dos acordos eco-nômicos intra e extra-regionais. Discuta o resultado das pes-quisas e exiba a seguir o documentário, que permitiráaprofundar o debate sobre esses temas.

Analise a relação da saúde pública com a questão do aces-so à água e com a privatização do Estado quando se transfereum serviço público para o setor privado. Enfatize que, como aágua é um recurso natural, também pode ser examinada sob

uma perspectiva análoga à do controle da produção de se-mentes por empresas transnacionais.

Chame a atenção para os trechos do vídeo que abordam asleis de patente que controlam a biotecnologia aplicada aos se-tores agrícola e farmacêutico. Também pode ser proposta umapesquisa sobre a Alca, sugerindo as questões:

Em que contexto surgiu a proposta de criação de uma zonade livre comércio no continente americano?Como estão se processando as discussões?Em que termos esse acordo está sendo negociado?Na discussão posterior à pesquisa, procure levar os alunos

a descobrir a afinidade entre os temas tratados no documen-tário e os pontos envolvidos na implementação desse acordocomercial.

Interdisciplinaridade

HISTÓRIA: Estudar o desenvolvimento econômico do pós-guer-ra, a formação dos organismos internacionais, a evoluçãodo capitalismo financeiro, a expansão das empresastransnacionais e a hegemonia dos Estados Unidos.

ÉTICA: Engenharia genética e biotecnologia, temas presentesem diversos acordos internacionais, podem ser discutidosdo ponto de vista dos aspectos éticos envolvidos.

Veja na internet

<http://www.mre.gov.br/>Relações bilaterais. Site do Ministério das RelaçõesExteriores.

<http://www.mdic.gov.br/comext/default.htm>Informações sobre comércio exterior, no site doMinistério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior.

<http://www.ftaa-alca.org/alca_p.asp>Site oficial da Alca � Área de Livre Comércio dasAméricas.

<http://www.ilea.ufrgs.br/nerint/>Núcleo de Estudo em Relações Internacionais e Integração.

Leia também

�O balanço do neoliberalismo�, em Pós-neoliberalismo.As políticas sociais e o Estado democráticoPerry Anderson. São Paulo, Paz e Terra, 1995.

Por uma outra globalização � do pensamento único àconsciência universalMilton Santos. Rio de Janeiro, Record, 2000.

O que é capital internacionalRabah Benakouche. São Paulo, Brasiliense, 1992.

Alca: quem ganha e quem perde com o livre comércio nasAméricasKjeld Jakobsen & Renato Martins. São Paulo, Fundação PerseuAbramo, 2002.

GEOGRAFIA

7OUTUBRO

Série selecionada na grade deprogramação do ensinofundamental. Indicada paraatividades com alunos de 7ª e 8ªséries do ensino fundamental etambém para o ensino médio.ÁREAS CONEXAS: Ética; História

n

n

DURAÇÃO: 53�

n

n

l

l

l

l

l

l

programaçãoD E S T A Q U E S D A

Page 16: TV Escola.p65

TV ESCOLA 17

DIREÇÃO: Maurício DiasREALIZAÇÃO: GrifaCinematográfica, Brasil, 2000

NO CAMINHODA EXPEDIÇÃOLANGSDORFF

R E S U M ODocumentário apresentado pela artista plástica Adriana

Florence, tataraneta do artista francês Hercule Florence, queparticipou como desenhista da expedição promovida pelo côn-sul alemão George von Langsdorff no século 19. Acompanha-da de uma equipe de pesquisadores, Adriana refez o percursoda missão pelo interior do Brasil, percorrendo cerca de 17 milquilômetros, de São Paulo até a Amazônia.

Proposta interdisciplinar

SELEÇÃO DO TEMA - Em um trabalho conjunto, os professo-res de História, Arte e Geografia podem organizar um estu-do comparativo entre quatro expedições empreendidas emmomentos distintos: Langsdorff (1821-1829); Roncador-Xingu(de 1945 até a década de 60); Jacques Cousteau (1982-1983);e a realizada pela equipe do documentário (1999).

Ao retomar o percurso da expedição Langsdorff, os via-jantes que fizeram o documentário também participaram deuma expedição que, tal como as outras, produziu novos co-nhecimentos, o que torna extremamente rica a comparaçãocom as demais expedições.

A proposta é verificar, de acordo com as especificidadesde cada disciplina, as idéias de �natureza� e de �índio� pro-duzidas pela fala do outro � estrangeiro ou brasileiro � du-rante os séculos 19 e 20.

TRABALHO COM O VÍDEO - Os professores das três áreas fa-zem a apresentação do vídeo em conjunto, chamando a aten-ção dos alunos para aspectos específicos de cada disciplina.Ao final, propõem uma discussão global, levando-os a comen-tar os aspectos que consideraram mais interessantes. Um dostrês professores deve organizar as informações na lousa, demodo a compor um quadro-resumo do documentário. A se-guir, podem ser organizados quatro grupos, cada um encar-regado de estudar uma das expedições, sob vários aspectos:

roteiro pretendido pelos viajantes;objetivos da montagem da expedição;contexto do país na época, favorável ou incentivador do em-preendimento;exemplos de representações dos grupos indígenascontatados e da natureza local, por escrito e em imagens.Proponha a formação de um painel informativo do material

colhido pelos vários grupos, a fim de servir de referência para oestudo comparativo das expedições. Quando terminar a coletado material, os professores devem promover a análise dos re-sultados, sob a perspectiva de cada uma das três áreas.

Encerramento e avaliaçãoPara finalizar, os professores podem orientar a organização

de uma �expedição� de grupos de alunos, que decidirão os ob-jetivos a alcançar e a função de cada participante. A primeiraetapa é a escolha do local, que pode ser um bairro da cidade. Osregistros � que devem incluir roteiro, mapa, diário de anota-ções, descrições, ilustrações e fotografias � servirão para com-por uma amostra de documentação histórica.

Veja na internet

<http://www.uol.com.br/novaescola/ed/112_mai98/html/multi.htm>�Arte e ciência em cinco séculos de expedições�, artigo publi-cado na revista Nova Escola, 112, maio 1998, que trata de váriasexpedições.

<http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/viajantes.html>Página que trata da corte portuguesa no Rio de Janeiro, comcomentários sobre as expedições da época.

<http://www.uol.com.br/cienciahoje/chmais/pass/ch146/emdia.pdf>�De volta ao coração do Brasil�, artigo sobre a expediçãoLangsdorff publicado em Ciência Hoje, jan.-fev. 1999.

<http://www.zaz.com.br/almanaque/indios_3.htm>Artigos sobre a Expedição Roncador-Xingu.

Leia também

Os diários de LangsdorffD. G. Bernardino da Silva (org.). Fiocruz, São Paulo, 1998.

Expedição Langsdorff � Acervo e fontes históricasB. Komissarov. Unesp/Langsdorff, São Paulo,1994.

A Marcha para Oeste: epopéia da Expedição Roncador-XinguOrlando Villas Bôas e Cláudio Villas Bôas. Globo, São Paulo,1994.

Artigos sobre a expedição registrada no documentárioCorreio Braziliense, 14 nov. 99; Diário do Grande ABC, 9 out. 99;Diário de Cuiabá, 31 out. 99; O Estado de S.Paulo, 2 nov. 99; Épo-ca, 8 nov. 99; IstoÉ, 10 nov. 99; Terra, fev. 2000

HISTÓRIA

18NOVEMBRO

Série selecionada na grade deprogramação do ensinofundamental. Indicada paraatividades com alunos de 7a e 8a

séries do ensino fundamental etambém para o ensino médio.ÁREAS CONEXAS: Arte eGeografia

nnn

n

DURAÇÃO: 48�21�

Page 17: TV Escola.p65

TV ESCOLA18

programaçãoD E S T A Q U E S D A

ACERVO ESPECIAL / ACERVO ESPECIAL / ACERVO ESPECIAL / A

ma seleção especial da série Ver Ciência reúne

filmes premiados no festival francês Image et

Science, considerado o mais importante evento

mundial de divulgação científica e tecnológica. São

documen-tários sobre diversos temas produzidos em

vários países, com os mais elevados padrões de

qualidade, competência técnica e rigor científico,

abordando temas atuais e instigantes.

Os episódios compõem um amplo painel das

conquistas científicas e tecnológicas dos últimos anos:

máquinas mais eficientes, energia limpa, recursos

naturais renováveis e proteção ambiental, a bioen-

genharia capaz de recompor órgãos danificados etc.

Ao mesmo tempo, subprodutos do conhecimento

aplicado, como a poluição e os microrganismos

resistentes a vacinas e antibióticos, põem em xeque

os benefícios desses avanços. Assuntos polêmicos, que

prometem instigar valiosos debates em sala de aula.

PRODUÇÃO: NHK / Japão, 2001DIREÇÃO: Osamu Monden

7NOVEMBRO

DURAÇÃO: 60�

O Sasi é um sistema de proteção ambiental considerado antiquadoe retrógrado por muitos, mas que há trezentos anos garante o usosustentável dos recursos naturais no povoado de Haruku, naIndonésia. Uma polêmica que merece ser acompanhada ediscutida.

Sasi: umaesperança para afloresta e o mar

PRODUÇÃO: NHK / Japão, 2001DIREÇÃO: Toshihiro Matsumoto/Kazuhiro Kitano

17OUTUBRO

DURAÇÃO: 60�

Os inúmeros asteróides que caíram sobre a Terra desde suaformação há bilhões de anos podem ter trazido as sementes quederam origem aos primeiros seres vivos. A panspermia e a origemextraterrestre da vida são as hipóteses abordadas nestedocumentário.

O berço cósmicoda vida

Produção: BBC / Grã-Bretanha,2002Direção: John Lynch

10OUTUBRO

DURAÇÃO: 50�

Microfotografias e gravações no interior do corpo humanodesvendam os mecanismos da reprodução e o papel doshormônios na definição da sexualidade.

O segredo do sexo

Produção: BBC / Grã-Bretanha,2002Direção: John Lynch

31OUTUBRO

DURAÇÃO: 50�

A primeira clonagem de um embrião humano, passo decisivo parao desenvolvimento das células-tronco, representa a esperança demuitos que dependem da reconstituição de tecidos e órgãos parauma vida normal. Tema polêmico, pois para uma parcela dasociedade essa tecnologia esbarra em questões éticas.

A criação

PRODUÇÃO: BBC / Grã-Bretanha, 2002DIREÇÃO: John Lynch

21NOVEMBRO

DURAÇÃO: 50�

Episódio que apresenta a formulação de uma nova drogadestinada a aumentar o ciclo de vida do ser humano, agindo sobreos efeitos do oxigênio, gás responsável também peloenvelhecimento.

Vivendopara sempre

VER CIÊNCIA

U

PRODUÇÃO: NHK / Japão, 2001DIREÇÃO: ToshifumiKataoka

O empenho de um cientista japonês que, depois devinte anos de pesquisa, desenvolveu um câmbio deautomóveis que dispensa o tradicional sistema deengrenagens.

Atrito zero:quebrando asbarreiras daresistência

3OUTUBRO

5DEZEMBRO

e

DURAÇÃO: 60�

TV ESCOLA18

Page 18: TV Escola.p65

TV ESCOLA 19

Realização: TV Escola-CTI,Brasil, 1999Direção: Vincent Carelli

L / ACERVO ESPECIAL / ACERVO

Três programas da série Índios no Brasil apresentamum panorama das etnias existentes no país, mostrandoas diferenças de língua, cultura e tradições e aevolução da luta pelos direitos dos povos indígenas.Chama a atenção para o preconceito e a discriminaçãode que são vítimas, a exclusão social e o processo depreservação e revalorização das tradições culturais.Cada um dos episódios é comentado por professoresde três disciplinas.

COMO FAZER?

Produção: BBC /Grã-Bretanha, 2002Direção: Becky Jones

24OUTUBRO

DURAÇÃO: 50�

Com vacinas e antibióticos, o ser humano imaginava que a vitóriacontra vírus e bactérias estava próxima, mas adaptações nessesorganismos vêm representando uma nova ameaça de epidemiaspara a humanidade.

Pestes do futuro

PRODUÇÃO: WGBH / EstadosUnidos, 2001DIREÇÃO: Joel Clicker

14NOVEMBRO

DURAÇÃO: 60�

Complexas e extremamente diversas, as formas de vida no planetatêm, no entanto, uma história evolutiva que converge no passadoremoto para uma única árvore genealógica.

Evolução: grandestransformações

PRODUÇÃO: Deutsche Welle/Alemanha, 2001DIREÇÃO: Stefan Gabelt

28NOVEMBRO

DURAÇÃO: 50�

A energia do futuro, que já movimenta os primeiros veículosautomotores, é limpa e renovável: o hidrogênio, que se converteem água e pode ser obtido dos oceanos.

Hidrogênio:a fonte de energiado futuro

Produção: Deutsche Welle/Alemanha, 2002Direção: Arno Klothen

28NOVEMBRO

DURAÇÃO: 30�

Avanços da eletrônica já permitem substituir nervos pordispositivos implantados no organismo. Uma esperança deaperfeiçoar a vida, fundindo homem e máquina num novo ser.

Ciborgues,seres híbridos

Índios no Brasil

17NOVEMBRO

19NOVEMBRO

a

REALIZAÇÃO: BBC / OpenUniversity, Grã-Bretanha, 1995DIREÇÃO: Rissa de La Paz

Documentário da série Quem Somos Nós, que focalizao drama das pessoas que tiveram seus rostosdesfigurados. Vítimas de acidentes ou de doenças, elascontam suas experiências na luta para reconstituir aidentidade e a auto-estima.O tema possibilita trabalhos específicos em LínguaInglesa, Arte e Filosofia e uma atividadeinterdisciplinar envolvendo essas áreas. Oscomentaristas sugerem que se comece o trabalho emsala de aula com uma seleção de termos em inglêsusados no documentário que têm profundosignificado em Filosofia, para analisar como asdiferenças individuais e sociais são tratadas por todosnós. A proposta culmina com a criação de umainstalação, um espaço especialmente projetado paraque os alunos passem por uma experiência sensorialbaseada na discussão levantada pelo documentário.

Mais do que osolhos podem ver

10NOVEMBRO

DURAÇÃO: 24�04� COLORIDO

Comentado por professores deLÍNGUA INGLESA, ARTE E FILOSOFIA

1. QUEM SÃO ELES? (17�38�)2. NOSSAS LÍNGUAS (19�16�)3. UMA OUTRA HISTÓRIA (15�31�)/NOSSOS DIREITOS (17�08�)

TV ESCOLA 19

Page 19: TV Escola.p65

TV ESCOLA20

SALTO PARA O FUTURO / SALTO PARA O FUTURO / SALTO PARA

15OUTUBRO

Homenagem aos professores, enfocando a escola como espaçoprivilegiado para a formação de leitores. A leitura como práticasocial é um tema que, por sua complexidade, tem sido objeto deinvestigação nas diferentes áreas do conhecimento. INÉDITO

ESPECIAL DO DIADO PROFESSOR

Tem por eixo temas específicos daprofissão de professor � formação iniciale continuada, condições de trabalho nasescolas, remuneração, prática docente

DESAFIOS DA ESCOLA:UMA CONVERSA COM OSPROFESSORES

etc. -, apresentando alternativas para o enfrentamento dealgumas dessas questões. REPRISE

13OUTUBRO

16OUTUBRO

e 14OUTUBRO

17OUTUBRO

e

20OUTUBRO

24OUTUBRO

aEstimula um debate entre diferentes atores do proces-so educacional � gestores, técnicos, diretores, professo-res �, a fim de esclarecer o significado da avaliação desistemas, da sistemática do Saeb, dos instrumentos

SAEB � TODA CRIANÇAAPRENDENDO

aplicados, entre outros temas. Pretende, ainda, reforçar anecessidade da contribuição de todos para uma melhorqualidade da educação em cada escola. INÉDITO

27OUTUBRO

31OUTUBRO

aFocaliza, numa perspectiva crítica, a construção de práticaseducativas voltadas para a valorização das concepçõeshistórico-sociais do ser humano. Propõe-se a discutir com oprofessor os fundamentos teóricos e metodológicos de um

TRABALHO, CIÊNCIA E CULTURA:DESAFIOS PARA O ENSINO MÉDIO

novo projeto curricular interdisciplinar para o ensino médio, visandocompreender a articulação entre os conceitos de trabalho,ciência e cultura, sobretudo a partir da prática docente. INÉDITO

6OUTUBRO

10OUTUBRO

aParceria com o Ministério do Meio Ambientepara discutir diversos aspectos relativos à Agenda21 � como a Agenda 21 global e nacional e aimportância das Agendas 21 locais sob a óptica

EDUCAÇÃO PARA UM BRASILSUSTENTÁVEL: FORMAÇÃO DE AGENTESEDUCATIVOS EM AGENDAS 21 LOCAIS

socioambiental �, com foco nas experiências na área daeducação. INÉDITO

3NOVEMBRO

7NOVEMBRO

aObjetiva fomentar um processo de discussão doensino da Matemática, por meio de questões suscitadaspelo ensino da álgebra. Enfoca a relação entre aaritmética, a álgebra e a geometria, bem como as

EDUCAÇÃO ALGÉBRICA ERESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

atividades específicas para o desenvolvimento do pensamentoalgébrico. REPRISE

10NOVEMBRO

14NOVEMBRO

aExperiências de instituições que atuam na educaçãoprofissional � privadas e públicas, de nível federal eestadual. Entre outras questões, são discutidas a inser-ção profissional e social de jovens e adultos; a formação

PROFISSIONALIZAÇÃO: ALTERNATIVAPARA O DESENVOLVIMENTO E ACIDADANIA

empreendedora; o desenvolvimento regional; a sustentabilidadesocial; e a educação continuada. INÉDITO

17NOVEMBRO

21NOVEMBRO

aDiscute com os professores o trabalho com a leitura e aescrita na perspectiva do letramento, fazendo umcontraponto às práticas leitoras tradicionais, muitasvezes mecanizadas e distanciadas do universo social.

LETRAMENTO E LEITURA DALITERATURA

Também propõe perspectivas metodológicas para a práticaalfabetizadora e para o trabalho com a linguagem literáriana escola. REPRISE

alto para o Futuro é mais do que um programa de televisão. É um espaço de formação continuada deprofessores e de estudantes de Magistério. Abordando temas relacionados às práticas pedagógicas, estesprogramas se destinam ao diálogo com professores de todo o país, que se reúnem em telessalas nos dife-

rentes estados, têm acesso a material impresso e participam por meio de questionamentos durante o programa.Os programas são transmitidos ao vivo, diariamente, das 19 às 20 horas e reprisados em outros horários.

S

TV ESCOLA20

programaçãoD E S T A Q U E S D A

Page 20: TV Escola.p65

TV ESCOLA 21

ARA O FUTURO / SALTO PARA O... OUTRAS ATRAÇÕES

24NOVEMBRO

28NOVEMBRO

aAborda aspectos pedagógicos, legais e de gestão daeducação a distância nos cursos de graduação. Para oMinistério da Educação e numerosas instituições brasi-leiras, a educação a distância na universidade do século

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAUNIVERSIDADE DO SÉCULO 21

21 é uma estratégia educacional comprometida tanto com a de-mocratização da oferta quanto com a qualidade do processoeducacional. INÉDITO

1oDEZEMBRO

5DEZEMBRO

aOs debates colocam em foco o novo paradigma de umasociedade de direito que busca a construção de umacultura de proteção e respeito aos direitos humanos decrianças e adolescentes. Essa postura implica tecer rela-

ESPAÇOS DE PROTEÇÃO ÀCRIANÇA E AO ADOLESCENTE

ções de trocas afetivas e de aprendizagens que estruturam umarede de proteção, da qual a escola é um dos elos. INÉDITO

8DEZEMBRO

12DEZEMBRO

aProcura trazer a ciência para o cotidiano da escola econtribuir para a construção de uma cultura científica.Aborda o museu de ciências como espaço de formaçãocontinuada para o professor; o museu ligando escola e

CIÊNCIA E VIDA COTIDIANA:PARCERIA ESCOLA E MUSEU

comunidade à pesquisa; o museu itinerante; o museu onde não hámuseu; e o museu e o professor. REPRISE

8DEZEMBRO

19DEZEMBRO

aRelatos de trabalho em sala de aula com mapas, atlas,imagens de satélite e outros recursos da cartografia.Discute a relação entre o desenho do espaço e a aquisi-ção de conceitos cartográficos; a linguagem cartográfica;

CARTOGRAFIANA ESCOLA

a cartografia indígena; o ensino com mapas; a produção de atlasmunicipais e gerais; e o uso de tecnologias modernas, comoimagens de satélite e fotografias aéreas. REPRISE

4NOVEMBRO

Documentário sobre o mundo solitário dos autistas e osconflitos e as dificuldades enfrentadas pelos pais de criançasportadoras do problema. Constitui um valioso instrumentopara professores e outros profissionais da educaçãoidentificarem transtornos de conduta e de desenvolvimentocognitivo, afetivo e social associados à doença.

EDUCAÇÃO ESPECIALAutismo: um mundo à parte

13OUTUBRO

14OUTUBRO

eCom os mesmos recursos cênicos utilizados nosprogramas dedicados ao período imperial,essa série cobre o período da história brasileiraque se estende desde a proclamação da

HISTÓRIA500 ANOS - O BrasilRepública na TV

República até a comemoração dos quinhentos anos doDescobrimento.

13OUTUBRO

14OUTUBRO

eA série de oito programas aborda a história doBrasil desde o início do processo de independênciaaté as crises que puseram fim ao período imperial.A narração dos fatos, realizada por atores caracte-

HISTÓRIA500 ANOS - O BrasilImpério na TV

rizados com roupas de época, funciona como suporte paradiálogos protagonizados por bonecos representando persona-gens e situações históricas.

20OUTUBRO

Série de nove episódios que explicam o funcionamento da TVEscola e a melhor forma de utilizá-la � como ferramenta emsala de aula, na capacitação de professores e na integraçãoda comunidade.

ESCOLA / EDUCAÇÃOO uso da TV Escola

stes são alguns dos programas que vocênão pode deixar de assistir e gravar.Consulte a grade da programação e verá

que muitos outros também despertarão seuinteresse.

E

TV ESCOLA 21

Page 21: TV Escola.p65

TV ESCOLA22

UM PÉ NA ALDEIAE OUTRONO MUNDO

UM PÉ NA ALDEIAE OUTRONO MUNDO

EDUCAÇÃO IN

E X P E R I Ê N C I A S

Page 22: TV Escola.p65

TV ESCOLA 23

DÍGENA

A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍ-GENA DÁ AMPLOS SINAIS DEVITALIDADE. O BRASIL, EN-FIM, MOSTRA A SUA CARA EASSUME A DIVERSIDADE, SUAGRANDE RIQUEZA CULTURAL

m São Gabriel da Cachoeira, cidadeàs margens do rio Negro, no Amazo-nas, é possível ouvir nada menos doque quinze línguas diferentes, alémdo português. Cerca de 92% da po-pulação (de 29.994 habitantes) sãoíndios, pertencentes a 23 grupos ét-nicos, como Tukano, Yanomami,

Tariano, Pira-Tapuya, Baniwa, Baré, Tuyuca eoutros. Este ano, a câmara dos vereadores deSão Gabriel da Cachoeira aprovou o projeto delei que admite como línguas co-oficiais do muni-cípio o tucano, o baniwa e o nheengatu, a cha-mada língua geral.

A diversidade é a cara do Brasil. Aqui há cer-ca de 217 grupos étnicos, que falam 180 línguas,muitas tão diversas e incompreensíveis entre siquanto o português e o chinês. Cada povo temsua história, sua forma de contato com outrosíndios e não-índios, sua organização social, eco-nômica e política, suas concepções de vida,morte, tempo, espaço e natureza.

Os 350 mil indígenas brasileiros, que repre-sentam apenas 0,2% da população, vivem espa-lhados por todo o território nacional. Cresce en-tre eles a demanda por uma educação específi-ca, diferenciada e de qualidade. Em julho últi-mo, como em outros períodos de férias escola-res, muitos professores indígenas se dedicarama estudar. No Mato Grosso e em Roraima, fre-qüentaram as universidades em busca de cursosde licenciatura específicos para a formação deprofessores indígenas. E outras centenas se mo-bilizaram para fazer cursos de magistério indí-gena, em diversos estados � como Tocantins,Bahia, Amazonas e Rondônia.

Sem esquecer que ainda há muito trabalho

REPORTAGEM: ROSANGELA GUERRA

FOTOS: JUCA MARTINS

E

Page 23: TV Escola.p65

TV ESCOLA24

a ser feito, a educação indígena avança no Brasil. Cresce o volumede materiais didáticos e paradidáticos e multiplicam-se experiên-cias educacionais desenvolvidas por universidades, secretarias deeducação e organizações não-governamentais. Muitas dessas expe-riências, realizadas em escolas de várias regiões do Brasil, serviramcomo subsídio para a elaboração do Referencial Curricular Nacional para

as Escolas Indígenas (RCNE/I), documento lançado em 1998 pela Se-cretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação. Foium trabalho escrito a muitas mãos. Dos 300 professores convidadospara elaborar o documento, 160 são índios, alguns dos quais discuti-ram em suas comunidades a primeira versão do material.

Como coordenadora do trabalho de construção do RCNE/I, a pro-fessora Nietta Lindenberg Monte, com sua experiência de mais de20 anos dedicados à formação de professores índios na Amazônia,teve a difícil missão de juntar textos e chegar a um consenso. Paraisso, ela trabalhou a distância, comunicando-se pela internet comeducadores de diversas regiões. �O texto do RCNE/I resulta não sóde um sonho, mas de uma ação guerreira de escritura�, diz Nietta.

Na esteira dos Referenciais veio o Programa Parâmetros em Ação� Educação Escolar Indígena, lançado em 2002 pela Secretaria deEducação Fundamental (SEF/MEC). Ainda em 2002, a SEF lançouReferenciais para a Formação de Professores Indígenas, com o objetivode sistematizar e divulgar experiências que se mostraram eficazespara propiciar uma formação intercultural de qualidade.

Em parceria com a Comissão Nacional de Professores Indígenas,a SEF vem definindo as matrizes para o Exame de Certificação deProfessores Indígenas, cuja realização está prevista para janeiro de2004. O objetivo do exame é identificar as eventuais deficiências exis-tentes na formação desses professores e atuar no sentido de superá-las, por meio de programas de formação inicial e continuada.

Conheça as publicações do MEC sobre educação indígena nosite: <http://www.mec.gov.br/sef/indigena/materiais.shtm>

LIVROS DIDÁTICOS FEITOS PELOS PROFESSORES MACUXYFAZEM SUCESSO PELA QUALIDADE N

ão é exagero dizer que omundo está de olho nos be-los livros indígenas publica-

dos no Brasil. Tudo começou em1983, com o trabalho pioneiro daorganização não-governamentalComissão Pró-Índio, do Acre, quepublicou cartilhas de alfabetizaçãoe livros sobre temas culturalmenterelevantes, em dez línguas indíge-nas. O material foi elaborado cole-tivamente, durante cursos de for-mação de professores na Amazôniaocidental.

Nos últimos sete anos forameditados, com o apoio do MEC, 52livros de autoria de 83 povos indí-genas, produzidos com a assessoriade universidades, organizaçõesnão-governamentais e associaçõesindígenas. As publicações, que fa-zem sucesso pela qualidade do tex-to, das imagens e do projeto gráfi-co, trazem registros históricos daluta pela posse da terra, lendas emitos e conhecimentos tradicional-mente trabalhados na escola.

A autoria dos livros valorizou opapel dos professores indígenas noprocesso de construção do projetoeducacional de suas comunidades.Além disso, deu visibilidade ao enor-me acervo cultural dos índios tendocomo meio este objeto especialmen-te valorizado no mundo dos bran-cos: o livro.

LIVROS INDÍGENAS:O DIFERENCIAL

BRASILEIRO

E X P E R I Ê N C I A S

Page 24: TV Escola.p65

TV ESCOLA 25

s índios Karajá, que mo-ram na aldeia Buridina, nomunicípio de Aruanã, em

Goiás, passaram pela notável ex-periência de redescobrir sua pró-pria língua e sua cultura. Já nãofalavam a língua-mãe, nem pra-ticavam os rituais de seus antepas-sados. Mas tudo começou a mu-dar em 1993, com o Projeto deEducação e Cultura IndígenaMaurehi, que nasceu da parceriaentre a Associação da Aldeia dosKarajá de Aruanã, a Fundação Na-cional do Índio, a Secretaria deEstado da Educação e a Universi-dade Federal de Goiás.

Na ilha do Bananal, emTocantins, há uma outra aldeia naqual estão preservadas as tradi-ções dos Karajá. Antigamente, osKarajá de Buridina mantinham re-lações sociais estreitas com essegrupo de sua etnia. A equipe doprojeto Maurehi restabeleceuesse contato e os Karajá deBuridina foram para a ilha do Ba-nanal, onde participaram de umacerimônia Hetohok, o principalritual de iniciação masculina. Esseevento reacendeu neles o orgulhopor sua cultura e sua língua; o pró-ximo passo consistiu em criar, naaldeia Buridina, a Escola IndígenaMaurehi. Nos períodos em quenão estão na escola da cidade, osalunos aprendem em sua aldeia alíngua e as tradições de seu povo.

Além disso, atendendo a uma rei-vindicação da comunidade, a es-cola oferece um curso de alfabeti-zação de adultos em português.Os professores trabalham diversasdisciplinas, utilizando vídeos da TVEscola, como os da série Índios no

Brasil e outros sobre Língua Portu-guesa e Meio Ambiente, procuran-do melhorar o desempenho dosalunos na escola da cidade.

O Núcleo de Tecnologia Edu-cacional (NTE), do ProInfo, da ci-dade de Goiás implantou em 2001um laboratório de informática naEscola Indígena Maurehi, comquatro computadores conectadosna internet, impressora e scanner.A construção foi decorada pelosíndios com pinturas da deusaAruanã e outros motivos da tradi-ção Karajá. Divina Irene FerreiraMagalhães, coordenadora do NTE,se entusiasma com o trabalho de-

O

DE VOLTA ÀSORIGENS

senvolvido. Ela conta que os índi-os reproduzem as pinturas corpo-rais Karajá na tela do computador,usando o paint-brush com uma fa-cilidade impressionante. Digitamtextos sobre lendas e mitos na sualíngua e fazem pesquisas nainternet sobre assuntos de interes-se da comunidade, como saúde damulher, prevenção de aids, dro-gas, alcoolismo e a preservaçãodo rio Araguaia, que faz parte dahistória do povo Karajá.

Fascinado com o conhecimen-to a que se pode ter acesso pormeio do computador, o caciqueda aldeia Buridina, RaulHawakati, 47 anos, disse: �O com-putador é como o avô�. Para osíndios, o avô representa o gran-de mestre, responsável pela pre-servação e pela transmissão do co-nhecimento de seu povo às gera-ções mais jovens.

ÍNDIOS KARAJÁ E PATAXÓ VIVENCIAM A MESMA ALEGRIA DE APRENDER

Page 25: TV Escola.p65

TV ESCOLA26

E X P E R I Ê N C I A S

OS PROFESSORES PATAXÓ DESENVOLVEM SEUS PRÓPRIOS MATERIAIS DIDÁTICOS

os anos 70, algumas famíliasde índios Pataxó deixaramsuas terras ancestrais no sul da

Bahia e chegaram ao município deCarmésia, em Minas Gerais, dispos-tos a lutar pela sobrevivência, numaregião com sérios problemas am-bientais causados pelo desmata-mento. Hoje, o orgulho das 93 fa-mílias que vivem no município é aEscola Estadual Indígena PataxóBocumux , de pré-escola a 5ª série.�Nossa escola é uma casa que per-tence a todos�, costumam dizer osPataxó. A escola é um espaço aber-to para a realização de jogos e brin-cadeiras, manifestações artísticas eculturais e discussões sobre os inte-resses dos índios Pataxó das comu-nidades Retirinho, Imbiruçu eCórrego do Engenho.

Em 2001, os professores deraminício a um minucioso trabalho paraelaborar um calendário etnoam-biental. Os líderes da comunidade,as merendeiras da escola, os alunose seus pais foram chamados paraajudar. O que eles queriam era ter

um pé na aldeia e outro no mundo:cultivar o conhecimento dos velhos,conhecer o mundo dos brancos etrocar experiências educacionais.

Em seu projeto, os professoresescreveram: �Devemos fortalecernossas memórias de como os anti-gos cuidaram da terra, como cuida-mos hoje e como nossos filhos e ne-tos irão cuidar, preservando assim osciclos da vida na terra�. Esses ciclosforam usados na construção do ca-lendário etnoambiental Pataxó, queabre espaço para o estudo interdisci-plinar dos problemas ambientais.

O calendário etnoambientalPataxó, que revela a veia poética dopovo, é assim dividido:

Tempo de voltar para a escola ede comer o que plantou: feve-reiro.Tempo da brisa leve e de lutarpor nossos direitos: março, abril.Tempo da seca e do frio: maio,junho, julho, agosto.Tempo das águas: setembro,outubro, novembro, dezembro,janeiro.

N No tempo das águas, os alunosestudam, entre vários outros temas,a poluição dos rios nas terras Pataxó,no Brasil e no mundo, os sinais eavisos dos bichos que anunciam achuva, as atividades econômicasnessa época do ano, a origem dosraios e trovões segundo a tradiçãodo povo e os conhecimentos não-indígenas.

Os professores Pataxó cursaramo magistério, oferecido pelo Progra-ma de Implantação das Escolas Indí-genas de Minas Gerais, iniciado em1996, e responsável pela mudançada educação indígena no estado. Acoordenadora do programa, MacaéEvaristo, conta que o curso de ma-gistério já formou 64 professores eoutros 70 concluirão o curso no fi-nal deste ano. As escolas das oitoetnias que vivem em Minas(Xakriabá, Maxakali, Krenak, Pata-xó, Xukuru-Kariri, Pankararu, Kaxi-xó e Aranã) têm projetos pedagó-gicos adaptados à sua realidade eos professores desenvolvem seuspróprios materiais didáticos.

TEMPO DE APRENDER

Page 26: TV Escola.p65

TV ESCOLA 27

Os professores indígenasdo Projeto Açaí, emRondônia, se encanta-

ram com a construção de mapasda aldeia, do estado, do país edo mundo. �Um dia, um delesdescobriu que o mapa de Ron-dônia parecia o casco do jabuti�,conta Meiry Gonçalves Fonseca,professora do Projeto Açaí.

Desenvolvido pela Secreta-ria de Educação de Rondôniadesde 1998, o Projeto Açaí édestinado à formação de pro-fessores indígenas do próprioestado e também de áreas vizi-nhas, que estão situadas emMato Grosso. Atualmente, cer-ca de 120 professores de 32etnias estudam magistério � elessão escolhidos em sua aldeia evão fazer o curso em uma cida-

OS INDÍGENAS TÊM CURSO DE LICENCIATURA DIFERENCIADO

O CASCO DO JABOTI NO MAPA-MÚNDI

m 1997, durante a Ameríndia �Conferência Latino-Americanade Educação Escolar Indígena,

realizada em Cuiabá, as liderançasindígenas reivindicaram do governodo Mato Grosso um curso superiordiferenciado. Tempos depois, em ju-lho de 2001, começavam as aulas doprimeiro curso de licenciatura espe-cífico para a formação de professo-res indígenas, criado pela parceriaentre a Secretaria de Estado da Edu-cação, a Universidade do Estado deMato Grosso (Unemat) e a Funai.

Com duração de cinco anos, ocurso principia com um currículogeral único e no último ano o alunoescolhe uma área específica: ciênci-as da matemática e da natureza; ci-ências sociais; línguas, arte e litera-tura. Os encontros presenciais acon-tecem no período de férias escola-res no campus da universidade, em

ELES CHEGARAMÀ UNIVERSIDADE

Ede próxima, durante as férias es-colares.

Armando Jabuti, da etniaJabuti, leciona na aldeia Bahiadas Onças, no município deGuajará-Mirim. Para ensinar ge-ografia, ele reúne os conheci-mentos de seu povo com o queaprendeu na escola do ProjetoAçaí � nem parece, mas antes defazer o curso de magistério in-dígena, ele não valorizava o sa-ber de seus ancestrais. Em suaaula, Armando explica que a luanasceu de um amor impossívelentre um irmão e uma irmã. En-cantado pela moça, o rapaz foipara o céu iluminar a noite queé de todos: índios e não-índios.Seus alunos desenham os limi-tes da aldeia e o caminho do rioGuaporé.

Page 27: TV Escola.p65

TV ESCOLA28

UM SALTODO PASSADOAO FUTURO

E X P E R I Ê N C I A S

OS ENCONTROS DE PROFESSORES SÃO UMA OPORTUNIDADE RARA DEINTEGRAÇÃO ENTRE OS POVOS

Reunidos no Instituto Superiorde Educação, em Boa Vista,Roraima, professores de diver-

sas etnias do estado participaram,em maio último, de um debate so-bre a educação indígena, logo apósterem assistido a um vídeo do Salto

para o Futuro sobre o tema. O desa-parecimento de muitas línguas, asidéias errôneas sobre os índios �como seres primitivos, do passado esem história � esquentaram a discus-são. Eles disseram que, durante mui-to tempo, a escola foi uma ameaçapara a cultura indígena, porque des-conhecia sua língua e negava o co-nhecimento dos povos.

Conscientes do que aconteceuno passado e interessados num fu-turo melhor, os professores indíge-nas mostram que já sabem por ondecomeçar. Enilton André da Silva,professor da etnia Wapixana, lem-bra que a escola deve valorizar astradições, o conhecimento do pajée a religião dos ancestrais, e cultivara língua materna que, para ele, é�o segredo da vida na aldeia por seruma forma de comunicação com anatureza�. Em sua escola isso jáacontece: os alunos têm aulas de ar-tesanato e também de língua ma-terna. Os professores presentes con-cordam que exercer o magistério éuma missão difícil. A comunidadeexige compromisso e responsabili-dade na luta pelos direitos de todos,e não apenas dos alunos. Além de

Barra do Bugres, a 160 quilômetros de Cuiabá. Em janeiro de 2006deverá se formar a primeira turma � com duzentos índios de 36etnias e 14 estados.

O aluno Lucas Ruriõ Xavante, 41 anos, conta que os encon-tros presenciais representam uma oportunidade rara de intercâm-bio entre povos que não se conheciam. Ruriõ foi escolhido porsua comunidade para fazer o curso superior e assumiu o compro-misso de �ensinar para os alunos o conhecimento da aldeia e domundo�. Orgulhoso de seu papel, e de participar do processo demudança, diz: �O curso me fez acordar. Aprendi a valorizar a lín-gua Xavante e a característica guerreira do meu povo�.

Este ano foi criado em Roraima o curso de Formação Superi-or Indígena Intercultural, resultado de uma parceria entre a Or-ganização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir), a Uni-versidade Federal de Roraima (UFRR), a Fundação Nacional doÍndio (Funai) e o governo do estado. O curso tem a duração decinco anos e as aulas acontecem em janeiro e julho. As lideran-ças indígenas do estado participaram ativamente da elabora-ção do currículo. Cerca de 270 professores das 13 etnias que vi-vem em Roraima fizeram o vestibular, disputando as 60 vagasdo curso.

No Mato Grosso do Sul, a primeira turma de professores dasetnias Terena e Kadiweu já está fazendo o curso Normal Superi-or Indígena. Criado por iniciativa dos Terena, o curso é oferecidopela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), emAquidauana.

Page 28: TV Escola.p65

TV ESCOLA 29

ensinar os mais jovens a falar a lín-gua de seus ancestrais, os profes-sores de língua materna têm amissão de passar para o papel lín-guas que até pouco tempo só exis-tiam na tradição oral.

Uma das principais demandasdas comunidades indígenas é aoferta de cursos específicos paraformação e titulação de professo-res. Natalina da Silva Messias, daetnia Makuxi, coordenadora de

educação indígena da Secretariade Educação de Roraima, explicaque o curso de magistério está sen-do reavaliado pela Secretaria deEducação, que irá discutir a propos-ta curricular com as lideranças dediversas etnias do estado, assimcomo foi feito para a criação, esteano, do superior indígena.

O ensino médio diferenciadoe itinerante começou tambémeste ano, a partir de uma parce-ria entre o estado e as organiza-ções indígenas, e já atende tre-zentos alunos. Agora, os quecompletam o ensino fundamen-tal não precisam mais ir para a ci-dade, o que sempre traz muitasdificuldades para as famílias. Nototal, 26 professores circulam pe-las aldeias, revezando-se de ma-neira que cada um passe de duasa três semanas na mesma escola.O ensino médio diferenciado émultilíngüe (português, Makuxi,Wapixana e Taurepang) e segueum calendário adaptado a cadacomunidade; Antropologia e Edu-cação Ambiental são disciplinasque fazem parte do currículo.

REUNIDOS EM BOA VISTA (RR), OS ÍNDIOS DESTACARAM A IMPORTÄNCIA DEPRESERVAR SUA HISTÓRIA E SEUS VALORES CULTURAIS

No início houve quem pensas-se que seria uma interferên-cia cultural colocar uma câ-

mara de vídeo nas mãos de índios.Mas a idéia deu certo. Em atuaçãohá 15 anos, a organização não-go-vernamental Vídeo nas Aldeias criouum acervo com duas mil horas deimagens de 30 povos indígenas bra-sileiros e produziu uma coleção de50 vídeos, vários deles premiados in-ternacionalmente. Quem coordenao trabalho da ONG é o antropólogoVincent Carelli, que dirigiu a sérieÍndios do Brasil, produzida pela TVEscola.

Os líderes indígenas se entusias-maram com a possibilidade de regis-trar rituais, festas e reuniões da co-munidade, vendo aí uma nova ma-neira de transmitir os conhecimen-tos tradicionais para as gerações fu-turas, e também para outros povos.Na aldeia, a comunidade escolhequem irá participar das oficinas paraaprender a fazer o roteiro, captarimagens, analisar e editar o mate-rial. Os vídeos são comprados pormuseus, centros culturais e universi-dades, e as comunidades indígenasrecebem o pagamento pelos direi-tos de imagem e de autor. As fitassão também distribuídas em váriasaldeias para promover o intercâm-bio entre os povos. Muitos profes-sores indígenas aproveitam o mate-rial em suas escolas. Saiba mais so-bre Vídeo nas Aldeias no site: <http://www. videonasaldeias.org.br>

VÍDEO NASALDEIAS

ENILTON ANDRÉ DA SILVA,PROFESSOR DA ETNIAWAPIXANA, EM RORAIMA

Page 29: TV Escola.p65

TV ESCOLA30

TV ESCOLA NOOIAPOQUE

N

E S P E C I A L

A ESCOLA É O CENTRO DA VIDA DA COMUNIDADEKARIPUNA DA ALDEIA MANGA, EM OIAPOQUE, NOAMAPÁ. AGORA QUE A TV ESCOLA CHEGOU, ALI TAM-BÉM ACONTECEM AS SESSÕES DE VÍDEO.

ovidade na aldeiaManga, no Oiapoque,Amapá, onde vivemcerca de 600 índiosKaripuna. O equipa-mento para recepçãoda TV Escola, enviadopelo governo do esta-

do, acaba de ser instalado no novoprédio da Escola Estadual JorgeIaparra. E sem hesitar, todos sabemo que vão assistir primeiro: �As nos-sas olimpíadas�, diz o caciqueLuciano dos Santos, mostrando a fitagravada por um antropólogo quetrabalhou na região.

A comunidade se reúne e, aten-tos, homens, mulheres e crianças vi-bram ao ver as imagens na tela: su-bida em árvores, corrida com torase outras competições. O cacique ex-plica que as Olimpíadas Indígenassão aguardadas ansiosamente du-

rante o ano inteiro, por toda a po-pulação da Reserva Indígena Uaçá� das etnias Karipuna, Palikur, Galibie Galibi Marworno.

O diretor da escola, JonasFerreira Aguiar, conta que estudamali 263 alunos de ensino fundamen-tal e médio. �Já temos nosso proje-to educacional no sistema de ciclosde formação (por idade dos alunos),e não em séries�, diz. A escola temum calendário próprio, leva em con-ta as festas tradicionais e o períodode plantio da mandioca, da bananae do cupuaçu. Os alunos estudam ahistória de seus ancestrais Karipuna,que fugiram do Pará por causa dacabanada, por volta de 1835. E aca-baram se instalando ali, no extremonorte do país, onde moram até hoje� separados da Guiana Francesapelo rio Oiapoque.

Como a vizinha Guiana France-

sa é um département francês, fazparte da União Européia e, por isso,tem como moeda nacional o euro.Assim, os Karipuna vendem farinhade mandioca do outro lado do rioe recebem o pagamento em euro.A professora Sônia Anika tirou daíum bom assunto para suas aulas.Começa com uma aula na casa defarinha, onde os alunos ficam co-nhecendo o processo de fabricaçãoda principal fonte de renda da al-deia e aprendem a valorizar o pro-duto da sua terra. Famosa pela qua-lidade, a farinha dos Karipuna éfeita com a mandioca que fica mer-gulhada durante dias nas águas dorio. Para continuar, a professora de-senvolve atividades de cálculo ten-do por centro a economia da aldeiae discute a organização social e eco-nômica do povo. A escola tambémensina a preservar o meio ambien-

Page 30: TV Escola.p65

TV ESCOLA 31

ta Anatana dos Santos, 14 anos,aluna da 8ª série. Os adolescentesconversam entre si em crioulo ecom isso estimulam os mais velhosa fazer o mesmo. Na escola, o pajéManoel Felipe, 62 anos, explica aosalunos a importância do Turé, aprincipal festa indígena doOiapoque, realizada na primeiralua cheia de outubro.

Para a comunidade Manga, aTV Escola chegou em boa hora. Aprofessora Sônia Anika aprendeu agravar e a utilizar a programaçãocom Dulce Facchinetti, da gerênciade apoio aos programas TV Escolae ProInfo, da Secretaria de Educa-ção do Amapá. Sônia já tem planos:além de usar os vídeos com os alu-nos na sala de aula e na capacitaçãodos professores, quer que a comu-nidade assista à programação daEscola Aberta, no final de semana.

te. Rios e cachoeiras ganharam pla-cas educativas para que os turistasque freqüentam a região apren-dam a preservar o patrimônio na-tural dos povos que habitam oOiapoque.

O professor Estácio dos Santosé o responsável pela revivescênciada língua, o crioulo Karipuna, deraiz francesa. �Depois que aprendina escola, passei a conversar com aminha avó em nossa língua�, con-

PROFESSORES REUNIDOS ASSISTEM AO VÍDEO NA ESCOLA ESTADUAL JORGE IAPARRA

JONAS FERREIRA AGUIAR, DIRETOR DA ESCOLA DO OIAPOQUE

Page 31: TV Escola.p65

TV ESCOLA32

projeto Turé, criado em 1998 para qualificar professoresindígenas, capacitando-os a atuar num processo educativobilíngüe, intercultural e específico, está em plena fase de

revitalização. A atual coordenadora do Núcleo de Educação In-dígena (NEI) da Secretaria de Educação do Amapá é a professoraEclemilda Macial Silva, índia da etnia Galibi Marworno. Indicadapara o cargo pelos próprios índios, ela começou o trabalho visi-tando as comunidades para fazer um levantamento da educa-ção indígena no estado.

No Amapá vivem 6.700 índios de oito etnias � Galibi, GalibiMarworno, Karipuna, Palikur, Aparai-Waiana, Tiriyó, Kaxuyanae Waiãpi �, algumas delas em lugares distantes das cidades e dedifícil acesso. Tudo isso dificulta a capacitação e o acompanha-mento do trabalho dos professores nas aldeias. Convidados peloNEI, professores indígenas de diversas etnias se reuniram em ju-nho último em Macapá para participar da construção de um pla-no de ação que inclui a realização de um curso sobre o ReferencialCurricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNE/I), ainda em2003. Também está planejado, um curso para a capacitação dosprofessores que irão atuar como formadores no projeto Turé. Oque se deseja é que cada etnia, assim como já fizeram os Karipunae os Galibi Marworno, crie seu projeto pedagógico e produzaseus materiais didáticos.

TURÉ COMVIDA NOVA

PROFESSORES ÍNDIOS DE DIVERSAS ETNIAS REUNIDOS EM MACAPÁNO MÊS DE JUNHO

Um dos grandes problemas en-frentados pela educação es-colar indígena no país é a fal-

ta de condições materiais em mui-tas das 1.724 escolas indígenas ca-dastradas no censo escolar de 2002.Faltam cadernos, lápis, carteiras...No entanto, embora nem sempre asescolas conheçam como isso funcio-na, o Fundo de Manutenção e De-senvolvimento do Ensino Funda-mental e Valorização do Magistério(Fundef/MEC) dispõe de recursos es-pecíficos para financiar a educaçãofundamental.

O coordenador geral de apoio àsEscolas Indígenas da Secretaria deEducação Fundamental do MEC,Kleber Gesteira Matos, consideraessencial que os professores e as li-deranças indígenas entendam comoé o financiamento da educação pú-blica e o que devem fazer para tero efetivo controle da aplicação dosrecursos. Eles precisam ser prepara-dos para isso.

Em julho último, cerca de 450professores Ticuna e de outras seteetnias participaram de um seminá-rio com esse objetivo, realizado nomunicípio de Benjamim Constant,na região do Alto Solimões, no Ama-zonas. Os professores traduzirampara a língua Ticuna o cartaz doFundef, com um resumo didático doque pode e do que não pode serfeito com o dinheiro disponível paraa escola.

FUNDEF,NA LÍNGUA TICUNA

O

E S P E C I A L

Page 32: TV Escola.p65

TV ESCOLA 33

COMUNITÁRIAConduzida pela comunidadeindígena, com autonomia naorganização do currículo, docalendário e da administração.

INTERCULTURAL, BILÍNGÜEOU MULTILÍNGÜE.Que valorize a diversidadecultural e lingüística e promovaentre os povos o intercâmbio deexperiências socioculturais,lingüísticas e históricas.

ESPECÍFICA E DIFERENCIADAConcebida e planejada de acordocom as aspirações de cada povo.

TRIBO KARIPUNA, QUE VIVE ÀS MARGENS DO RIO OIAPOQUE, NO AMAPÁ

A PROFESSORA SÔNIA LEVA SEUS ALUNOS PARA UMA AULA NA CASA DEFARINHA, ONDE ELES APRENDEM A VALORIZAR O PRODUTO

A ESCOLA QUEOS ÍNDIOS DO BRASIL

QUEREM

Page 33: TV Escola.p65

TV ESCOLA34

SUPERANDO O SUPERANDO O ITAQUAQUECETUBA

QREPORTAGEM: TÂNIA NOGUEIRA

FOTOS: NAIR BENEDICTO

FÁTIMA CASARINI (ACIMA), AUXILIADA POR UMA EQUIPEENGAJADA DE PROFESSORES, COMO ELI DAS GRAÇAS SANTOS(DIR.) RECEBEU O PRÊMIO GESTÃO ESCOLAR 2000 POR SUAATUAÇÃO À FRENTE DA ESCOLA ESTADUAL PARQUEPIRATININGA II

uando Fátima Zein Casariniassumiu a direção da EscolaEstadual Parque PiratiningaII, o lugar era o pesadelo deprofessores e administrado-res. Localizada na violentaperiferia de Itaquaquece-tuba, na Grande São Paulo,a precária construção de ma-

deira em que funcionava � toda depre-dada, com pichações e banheiros quebra-dos � era com freqüência invadida porusuários de drogas e desocupados. A si-tuação chegara a extremo tal que a di-retora anterior se afastara após sofreruma tentativa de assassinato por partede um aluno.

Hoje, a escola tem 1.028 alunos � da 5ªsérie do ensino fundamental à 3a do ensi-no médio �, funciona em um prédio dealvenaria e é exemplo de ensino de qua-lidade. Em 2000, recebeu o Prêmio Ges-tão Escolar, concedido pelo Consed (Con-selho Nacional de Secretários de Educa-ção). Ao chegar à Parque Piratininga II, ovisitante percebe que está diante de umaescola especial. Suas novas instalações,bonitas e bem conservadas, contrastamcom a precariedade das moradias que co-

C A P A

Page 34: TV Escola.p65

TV ESCOLA 35

PESADELO PESADELO

EQUIPE DE UMA ESCOLA ESTADUAL NA PERIFERIA DE SÃO PAULO PROVAQUE É POSSÍVEL TRANSFORMAR A COMUNIDADE POR MEIO DA EDUCAÇÃO

brem os morros em torno. Lá dentro,é tudo limpo e arrumado. Há quadrosnas paredes e nenhum lixo no chão.

A aparência dos estudantestampouco se encaixa no que se espe-ra de uma região carente. Todos es-tão bem arrumados, com aspecto sau-dável, demonstram desembaraço ealegria. Em qualquer sala de aula quese entre, acontece alguma atividadeespecial, com professores e alunos in-tensamente envolvidos. A biblioteca,pequena mas organizada, tem movi-mento constante. Entre os autoresmais solicitados estão Castro Alves,

Machado de Assis e Eça de Queirós.�Todos diziam que eu não agüen-

taria�, conta Fátima. �Eu vinha dePoá, uma cidade um pouco maiselitizada, tinha carro novinho, pare-cia frágil. Nos primeiros tempos, sem-pre que ia à diretoria de ensino, meperguntavam se já desistira.� As his-tórias da época de sua chegada sãoassustadoras.

Eli das Graças Santos, então pro-fessora de Língua Portuguesa e hojecoordenadora do período noturno,conta que tinha medo de trabalhar.A sala dava para um terreno baldio,

Page 35: TV Escola.p65

TV ESCOLA36

e o esporte preferido de um gru-po de rapazes era fazer bagunçaem frente às janelas. �Falavampalavrões, mexiam com as meni-nas. Não tinha como dar aula, fin-gir que aquilo não estava aconte-cendo. Às vezes invadiam a escolae queriam entrar na sala atrás deuma menina. Uma professora quedecidiu enfrentá-los foi ameaçadade morte�, conta Eli. Sob o coman-do de Fátima, formou-se gradati-vamente uma equipe comprome-tida com a educação, capaz decombinar firmeza, afetividade edelicadeza nas doses certas paraensinar cidadania a esses jovens,alunos ou não, deixando de enca-rá-los como marginais e fortalecen-do sua sociabilidade.

Mas levou algum tempo até ascoisas serenarem. Um grande pas-so nesse sentido consistiu em cui-dar do equipamento físico da esco-la. �Alguém pichava a parede, nóspintávamos�, conta Fátima. �Que-bravam uma pia, nós consertáva-mos.� A escola ficou bonita e to-dos começaram a respeitar o bemcomum. Isso se refletiu também naatitude dos alunos. �No começo,muitos vinham sujos�, lembra Fá-tima. �Quando pintamos a escola,passaram a tomar banho, pentearo cabelo, vestir-se melhor, usar per-fume para vir à aula.� E tambémse instituiu o uso obrigatório decamisetas com mangas, como umaespécie de �uniforme�. Até então,as meninas vestiam miniblusas edecotes pronunciados, e não erararo os pais reclamarem que suasfilhas estavam sendo desrespeita-das no ambiente escolar. Isso tudoocorreu mesmo antes de o novoprédio ser construído, em 1999.

C A P A

Page 36: TV Escola.p65

TV ESCOLA 37

ESTÍMULO PARA PROFESSORES E ALUNOS

OS ALUNOS RECEBEM AULASPRÁTICAS DE CIÊNCIAS E QUÍMICA,TORNANDO O APRENDIZADO UMPROCESSO PRAZEROSO QUE MOTIVA OSALUNOS A PARTICIPAR

principal transformaçãoaconteceu dentro das sa-las de aula. Ao tornar a

aprendizagem um processo praze-roso, a equipe do Parque Pirati-ninga II conseguiu motivar os alu-nos e fazer com que determina-dos professores abandonassempráticas pedagógicas ultrapassa-das. Quem estava acostumado apassar o ponto na lousa para sercopiado começou a buscar maisparticipação e a tentar conheceras dificuldades dos alunos, ajudan-do-os a superá-las. Aqueles que jápossuíam idéias inovadoras, porsua vez, encontraram espaço eestímulo para desenvolver seusprojetos.

Nesse processo, segundo Fáti-ma, os programas da TV Escolaforam fundamentais. �Eles estãoem todo o embasamento teóricoda escola�, diz. �A sala de televi-são é o santuário pedagógico,onde os professores dão sempreuma paradinha para ver o queestá passando.� A televisão ficaligada o tempo todo na progra-mação da TV Escola, e todos utili-zam os materiais impressos. Em2002, por exemplo, a coordenado-ra pedagógica propôs aos profes-sores que lessem a revista e apre-sentassem projetos inspirados emseu conteúdo.

O dinamismo das atividades di-dáticas salta aos olhos, conformeos repórteres da revista TV ESCOLA

testemunharam nos dias em quevisitaram a Parque Piratininga II.

Em uma 5ª série, alunos mon-tam figuras geométricas tridi-mensionais de cartolina, para es-tudar faces, ângulos e vértices. Emuma sala de ensino médio ensai-am uma peça de teatro e a pro-fessora de Língua Portuguesa,Lilian Patrícia de Lucena, explica:�Estamos trabalhando gêneros li-terários. Os estudantes escolhe-ram uma história infantil e fize-ram a adaptação do gênero nar-rativo para o dramático�.

CRIATIVIDADE

Outra turma de 5ª série prepa-ra trabalhos de História para amostra que acontecerá dali a umasemana, sobre os mais variadostemas � de vasos gregos a expedi-ções dos bandeirantes. A profes-sora de História, Isabel Manoel,começou este ano a trabalhar naParque Piratininga II, e está felizde poder desenvolver aulasparticipativas. �Aqui senti a tran-qüilidade e a firmeza que todoprofessor precisa para fazer umbom trabalho�, diz. �Não douuma aula comportada, porque ahistória não é comportada. O alu-no que só copia é aluno robocó-pia. E aqui eu tive incentivo parafazer com que trabalhassem sobredocumentos, percebessem a liga-

ção da história com seu dia-a-dia.�Garotos e garotas da 8ª série

debatem sexualidade na aula deCiências. A professora LucileneMarins, que já leciona ali desde1998, explica que essa discussãosobre comportamento abre cami-nho para aulas de Biologia, sobreo aparelho reprodutor, e de Ori-entação Sexual, sobre formas dese prevenir contra doenças sexu-almente transmissíveis.

No pátio, o professor de Quí-mica, Valdemir Pereira da Silva,montou um pequeno laboratórioe ensina a preparar sabonete lí-quido. A aula prática faz parte deseu projeto �No vaivém das rea-ções químicas�, que ganhou o prê-mio Projeto Nota Mil, da direto-ria de ensino de Itaquaquecetubae Poá. Enquanto preparam o sa-bonete � que será usado nos ba-nheiros da escola � os alunos fa-zem uma revisão de conceitos(mistura homogênea, ácidos, ba-ses etc.) e já pensam numa possí-vel profissionalização. �Em algu-mas indústrias cosméticas, um téc-nico pode ganhar até 3 mil reais�,diz o professor. Ele conta que, aochegar pela primeira vez à ParquePiratininga II, teve a impressão deque �estava numa escola particu-lar� e logo se entusiasmou com asperspectivas de trabalho. �Entreoutras coisas, este ano já dei aulasobre átomos na quadra de espor-tes, com música, ensinei os alunosa traçar o diagrama de LinusPauling usando cordas etc.�.

A

Page 37: TV Escola.p65

TV ESCOLA38

A PROFESSORA LUCILENE DISCUTE SEXUALIDADE, ENQUANTO A ALUNA AMANDA (DIR.) MOSTRA INTERESSE PELO COMPUTADOR

s professores aproveitamsuas aulas para passar no-ções de ética e cidadania.

A coordenadora do noturno lem-bra que antigamente o objetivoprincipal do educador era trans-mitir conteúdo. Hoje, acredita queé fundamental também ensinarprincípios básicos sobre esses te-mas. �Isso não quer dizer que va-mos deixar de passar o conteúdo�,diz Eli. �Não damos uma aula es-pecífica sobre ética ou cidadania,esses conceitos devem estar pre-sentes em todas as aulas.� Numaaula de tênis de mesa, por exem-plo, os alunos aprendem a respei-tar os limites de cada um e a com-petir sem agressividade.

A arte é outro instrumento,conforme explica Fátima: �A arteque eles conhecem gira muito emtorno da violência. São filmes debandido, músicas sobre o cotidia-no da periferia. A gente respeitaessa arte, mas apresenta coisasnovas. Outro dia levamos um gru-po para assistir a um concerto naSala São Paulo. Na volta, um ga-

roto disse que queria ser violinis-ta, que nunca tinha visto uma coi-sa tão bela na vida�.

O senso crítico e o espírito decontestação também são valoriza-dos. �O cotidiano desses jovenspraticamente não tem saída�, diza professora de Língua Portugue-sa, Celsa Aparecida de PastorelliLopes, que está desenvolvendo oprojeto Fanzine, de uma revistaliteráriano estilo dos fanzines al-ternativos. �Depois que saem do

ensino médio, acabou-se a vidacultural para eles. A revolta é natu-ral. Logicamente, não se pode dei-xar as coisas como estão. Procuroenfatizar, tanto em aula quantonesse projeto, que para se protes-tar tem de se pensar muito, ter umaposição, saber o que se está fazen-do. Quebrando e pichando, elesperdem a razão. Tento ensiná-losque é possível usar a rebeldia parafazer algo melhor para eles mes-mos e para o mundo a seu redor.�

TUDO LIGADO

Para incentivar a permanenteinterdisciplinaridade, todos osprofessores preparam cartazescom a relação de seus conteúdose os colam na sala de professores.A partir daí, trocam idéias para in-tegrar suas aulas. Segundo ElianeCristina Oliveira Silva, coordena-dora do diurno, o trabalho con-junto às vezes parte do planeja-

NUMA AULA DE TÊNIS DE MESA,OS ALUNOS APRENDEM A COMPETIRSEM AGRESSIVIDADE

A VALORIZAÇÃO DA CIDADANIA

O

C A P A

Page 38: TV Escola.p65

TV ESCOLA 39

TRABALHO DE PENÉLOPE

sta escola que vocêsestão vendo, não é amesma que ganhou o

Prêmio Gestão Escolar�, contaa diretora Fátima. Segundo ela,houve substituição de 95% docorpo docente, pois apenas trêsdos professores são efetivos. Osque vão chegando, e assumemas aulas pela primeira vez, comfreqüência estão habituados aum ensino mais convencional.Para contornar essa dificuldade,a escola capricha nas reuniõesdo HTPC e no uso dos progra-

mas de capacitação da TV Es-cola; além disso, promove pa-lestras e debates com especia-listas em várias áreas.

O trabalho com os alunosprecisa ser continuamente re-tomado, já que a escola, cerca-da de favelas e terrenos inva-didos, recebe a cada ano umgrande volume de alunos � ede problemas � novos. Mas aequipe está sempre atentapara enfrentar a situação, poisFátima alerta: �Eu digo para osprofessores: educar o alunobonzinho, que já vem pronto,é fácil. Nosso papel é educarjustamente aquele mais pro-blemático�.

E ela inventa estratégiaspara conquistar os jovens e suasfamílias, como aconteceu, porexemplo, com as aulas de re-forço, que mudaram de nome:�Agora, a gente diz que elesvão ganhar aulas particulares,e todo mundo fica contente�.

mento, mas com freqüência acon-tece de modo espontâneo, nasconversas do Horário de TrabalhoPedagógico Coletivo (HTPC).

No Parque Piratininga II, por si-nal, o HTPC é levado muito a sé-rio. Na sala de televisão, os pro-fessores se reúnem para vervídeos, ler textos e, principalmen-te, debater questões diretamenteligadas a sua prática pedagógica.Esse trabalho é especialmente im-portante porque, todos os anos,o contingente de professores no-vos é muito grande, e os recém-chegados precisam se adaptar aoestilo da escola.

A integração do trabalho dosprofessores é também um dos ob-jetivos da mostra que acontecetodo final de semestre. Nela éapresentada a produção das salasde aula: desenhos, cenários depeças de teatro, trabalhos de ar-tesanato, maquetes, cartazes, fi-guras geométricas e até redações,que podem ser lidas por todos.�Isso dá idéias e instiga os profes-sores novos a dar aulas mais dinâ-micas�, diz a diretora.

�E

FÁTIMA INCENTIVA AS CONQUISTAS DOS ALUNOS POR MEIO DE CONDECORAÇÕES

A TELEVISÃO DA ESCOLA FICA OTEMPO TODO LIGADA NAPROGRAMAÇÃO DA TV ESCOLA

Page 39: TV Escola.p65

TV ESCOLA40

A ETERNA PROFESSORA

Todos que conhecem a dire-tora Fátima Zein Casarinisabem o quanto seu jeito

afetuoso mas determinado é res-ponsável pela situação atual da es-cola Parque Piratininga II. Está sem-pre preocupada em oferecer algomais a seus alunos e a dar orienta-ção e apoio aos professores, e paraela, a população carente tem tododireito a �luxos� como conheci-mento e arte. Sua história de vida,sem dúvida, contribuiu para essaatitude pedagógica.

Quando a menina Fátima en-trou na escola, já sabia que só iriaestudar até �se formar no grupoescolar�. Vivendo com a mãe, aju-dante de cozinha em um restau-rante do Ipiranga, em São Paulo,e os irmãos menores, não tinhacomo escapar das obrigações do-mésticas. �Na 4ª série, eu não que-ria passar de ano, de desespero deter de largar a escola�, lembra.Mas não teve jeito. Boa aluna,Fátima tirou o diploma do primá-rio e começou a cuidar da casa �cozinhar, lavar, passar e olhar osirmãos. Para reforçar o orçamen-to familiar, também tomava con-ta de filhos de vizinhas.

Aos 15 anos, morando em Poá,cidade vizinha a Itaquaquecetuba,arrumou um emprego como bal-conista no centro de São Paulo.�Então, falei com minha mãe: jáque eu ia até aquela lonjura tra-balhar, podia também estudar�,conta. Conseguiu completar o gi-násio, no período noturno. Mas sódepois de casada, já com três fi-

lhos, teve condição de fazer ma-gistério, começar a lecionar e ain-da se formar em pedagogia.

Segundo ela, jamais pensaraem ser diretora � que imaginavacomo a megera de professores ealunos. Na faculdade, uma profes-sora de administração escolar mos-trou-lhe que não precisava � e nãodevia � ser desse jeito. Assim, foimudando de idéia. Ocupou cargosde coordenadora, vice-diretora,assistente de apoio pedagógico e,por fim, surgiu a oportunidade deser diretora no Parque Piratininga,um bairro distante, acessível ape-nas por uma estrada de terra queinundava em dias de chuva. Assu-miu o desafio.

Começou a aplicar o que tinhaaprendido na prática e na teoria.�Henri Wallon diz que o aprendi-zado só se processa por meio daafetividade�, diz Fátima. �Achoque isso vale para todo o ambien-te educacional. Precisa haver laçoafetivo entre diretor e professor,entre coordenador e professor,entre diretor e aluno. Para muitagente, a escola é a diretora. Se aspessoas não gostassem de mim,por que iriam preservar a escola?�

AS TRÊS ELIS

Fátima conta com três fiéisescudeiras: as coordenadorasEliane Cristina Oliveira Silva e Elidas Graças Santos e a vice-direto-ra, Elisabeth Neves da Cunha, sem-pre atentas ao competente exér-cito de professores e funcionári-

os. Além do apoio pedagógico, astrês Elis foram fundamentais nacruzada sem armas, que Fátimaempreendeu contra a violência.Quem vê as moças de aparênciafrágil não imagina sua coragempara enfrentar situações de riscoe resgatar a cidadania.

A primeira a chegar foi Eli,como professora de Língua Portu-guesa � em 1995, antes mesmo deFátima. Nascida no interior doParaná, morava na região deItaquaquecetuba desde pequena,mas teve medo quando precisoudar aula na pior escola do municí-pio: a Parque Piratininga II. Duran-te dois ou três anos, teve de lidarcom a violência dentro da escolae nos arredores. Mas com seu jei-to calmo e sossegado conseguiuconquistar a simpatia e o respei-

O JEITO AFETUOSO MASDETERMINADO DE FÁTIMA ZEINÉ RESPONSÁVEL PELA QUALIDADEDO ENSINO DA ESCOLA PARQUEPIRATININGA II

C A P A

Page 40: TV Escola.p65

TV ESCOLA 41

uando concluiu o ensinomédio, no fim de 2001, JoséAlves Teixeira não deixou

de freqüentar o colégio. Todos osdias aparecia na Parque Pirati-ninga II e ajudava a organizar abiblioteca ou resolver o que esti-vesse a seu alcance. Acabou sen-do convidado a trabalhar comoinspetor de alunos e aceitou nahora. Hoje, aos 19 anos, planejaentrar na faculdade de Letras e seorgulha de integrar uma equipepedagógica exemplar. Circula sor-ridente pelos corredores e pátios,atento a todas as necessidades dealunos e professores.

A Parque Piratininga II mais deuma vez já foi assunto de repor-tagens da grande imprensa pelaqualidade do ensino que oferece,mas a maior prova de seu sucessoé o apego dos alunos. Tal como Jo-sé, vários jovens formados não qui-seram deixar a escola que mudousuas vidas. Uma ex-aluna é funcio-nária da secretaria. No laboratóriode informática, um ex-aluno atuacomo professor voluntário.

ELIZABETH NEVES DA CUNHA E ELIANE CRISTINA OLIVEIRA SILVA SÃO COORDENADORASDA ESCOLA, E AJUDARAM A REALIZAR AS MUDANÇAS PARA MELHOR

to. Eli conta: �Lembro-me bem deum aluno da 6ª série, de uns 15anos, que estava envolvido com opessoal da rua e, evidentemente,usava drogas e prejudicava o an-damento da aula. Aos poucos lhemostramos que havia outros cami-nhos. Hoje, ele é um ótimo rapaz,trabalha e ajuda a família�.

Em 1999, chegou Eliane, tam-bém para lecionar Língua Portu-guesa, já no prédio novo. Emborativesse cursado dois anos de Letras,nunca havia dado aula. Vivia defazer e vender artesanato. Um diafoi levar uma encomenda parauma amiga, na Parque PiratiningaII, e se apaixonou pela escola. Logoquis ir trabalhar com Fátima. �Mi-nha amiga falava que a Fátimagostava de trabalho dinâmico, en-volvia as pessoas, tinha amor peloque fazia. Eu pensei: é em um lu-gar assim que quero trabalhar.� Naprimeira oportunidade, concorreua uma vaga e conseguiu entrar.

�A Fátima é uma eterna pro-fessora�, diz Eliane. �Desde que

coloquei os pés aqui eu comecei aaprender. As pessoas não traba-lham por dinheiro, trabalham porpaixão. Hoje, por exemplo, fazdez horas que cheguei e nem per-cebi o tempo passar.�

Por fim, veio Elisabeth. No iní-cio do ano 2000, formada em His-tória, dava umas poucas aulas nocentro de Itaquaquecetuba. Aosaber que havia um número razo-ável de aulas disponíveis na ParquePiratininga II, resolveu tentar. �Pe-guei um ônibus e vim para a atri-buição�, lembra Elisabeth. �O ôni-bus andava, andava, e nada dechegar. Perguntei para o motoris-ta se não tinha passado. Ele disseque ainda ia demorar. Mas quan-do cheguei fiquei impressionadacom a beleza e a ordem da esco-la.� Elisabeth conseguiu vinte au-las de Geografia, no período no-turno. Teve medo, mas precisavado dinheiro e resolveu encarar.Acabou se envolvendo tanto queabandonou as aulas na escola docentro para ficar somente ali.

UM AMORDE ESCOLA

Q

JOSÉ ALVES TEIXEIRA, DE ALUNOA INSPETOR DA ESCOLA

Page 41: TV Escola.p65

TV ESCOLA42

C A P A

QUE LUGAR É ESSE ?

PASSADO COLONIALItaquaquecetuba foi fundada

em 8 de setembro de 1560, na re-gião do Alto Tietê, pelo jesuítaJosé de Anchieta. Construída noalto de um morro, para permitirampla visão e evitar ataques indí-genas, era um ponto de saída debandeiras em direção a MinasGerais. No início, chamava-seTaquaquecetuba, o que significa�taquarais que cortam como facaem abundância�. De seu passadocolonial, guarda algumas constru-ções como a Igreja da Matriz, de1624, que recentemente foi res-taurada; diante dela, o cruzeiro dafundação da cidade, um pequenoanfiteatro e a casa de cultura,onde funciona um museu compeças da história local.

SATÉLITE DE METRÓPOLEA cidade cresceu desordenada-

mente e hoje, com quase 300 milhabitantes, está na área metropo-litana da Grande São Paulo. Temmuitas indústrias, uma pequenaárea rural, um centro comercial mo-vimentado e áreas residenciais mui-to pobres. O bairro Parque Piratinin-ga, distante cerca de 10 quilôme-tros do centro de Itaquaque-

cetuba, é uma região caren-te, com loteamentos popula-res, áreas invadidas, muitasruas de terra e altos índices deviolência. Com poucas opçõesde lazer, muita gente vai sedivertir em São Paulo ou nosmunicípios vizinhos.

BRILHO PRÓPRIOAs coisas têm melhorado

no Parque Piratininga, pelo me-nos em torno da escola. Como fru-to de uma campanha escolar e dasociedade de amigos do bairro, ocórrego que passava pela aveni-da principal e sempre transborda-va foi canalizado. Hoje, há trans-porte público para Itaquaquece-tuba, Mogi das Cruzes, Guarulhose São Paulo. Algumas ruas foramasfaltadas e até o valor dos imó-veis subiu. �Não há dúvida de quea mudança na comunidade estámuito ligada à mudança na esco-la�, diz Edgar Maurício Santana,dirigente regional de ensino.

PARQUE ECOLÓGICONos fins de semana de sol, os

moradores passeiam pelo ParqueEcológico, uma área verde de 1,2milhão de metros quadrados, com

lagos, minifazenda e estruturapara piquenique. No parque, fun-cionam também uma escola mu-nicipal e uma biblioteca.

CATEQUESE PELA DANÇAA cidade mantém pelo menos

uma tradição do período da colo-nização: a dança da Santa Cruz. Se-gundo Angelo Guglielmo, diretorde cultura do município, a dança foicriada pelos jesuítas como estrata-gema para catequizar os índios. Oritmo cadenciado pela batida dospés no chão em volta da cruz atraíaos nativos para o símbolo do cristi-anismo. A tradição se estabeleceu,primeiro em torno do cruzeiro dapraça e, depois, em volta de cruzesenfeitadas por flores, nas portas dosfiéis. O costume se mantém, com ascruzes nos espaços públicos.

A PRAÇA, A IGREJA MATRIZ E UMA VISTA GERAL DA CIDADE

Page 42: TV Escola.p65

TV ESCOLA 43

TRÊS JOVENS EXPEDICIONÁ-RIAS LEVAM A MAGIA DOSLIVROS PARA COMUNIDA-DES LONGÍNQUAS.

ylvia Guimarães, 26 anos,Laís Fleury, 29, e Maria Tere-sa Meinberg, 26, gostavamde viajar e sonhavam com

uma grande aventura na Amazô-nia. Ou, mais que uma aventura,queriam dar sua contribuição so-cial. Assim, pensaram em visitar ascomunidades trabalhando com aquestão do lixo, ou algo na áreade saúde. Depois de muita conver-sa, tiveram a idéia da leitura. Des-se modo, nasceu a Expedição Vaga-lume, que entre março e dezem-bro de 2002 implantou 32 biblio-tecas em comunidades rurais daAmazônia Legal e, em cada lugar,preparou professores para atuarcomo mediadores da leitura.

Sylvia é aúnica educado-ra do grupo.Laís é formadaem administra-ção de empre-sas e Maria Te-resa, em rela-ções públicas.Essa diversida-de de experiên-

cias foi fundamental para construiro projeto. Planejamento pronto,partiram para sua primeira expe-dição, viajando de barco, cami-nhão, ônibus e carona para chegaràs comunidades escolhidas. Os li-vros chegavam pelo correio, arru-mados em dois caixotes � fabrica-dos por presidiários do Pará � adap-táveis como estantes.

A biblioteca se compõe de 300livros � literatura infantil e juvenile obras de apoio para os professo-res �, selecionados com apoio deconsultores especializados. Todosos livros são novos. Sylvia explicaque a criança precisa ser atraídapelo objeto, como um convite paraentrar no mundo mágico da leitu-ra. As crianças das comunidadesamazônicas ficam deslumbradascom as capas novas, os desenhos,as dobraduras. �É um parque dediversões para elas.�

Na escola que recebe a biblio-teca, a equipe organiza oficinaspara preparar mediadores da lei-tura � reunindo professores daque-la escola e de outras do entorno.

Durante essesdias, desenvol-vem atividadescom as famíliase as crianças.Uma das princi-pais preocupa-ções consisteem estimularuma nova rela-ção com o livro.

Segundo Sylvia, a maioria dos pro-fessores se acostumou, em seu tem-po de estudante, a ler apenas porobrigação, e não por prazer.

Associar a leitura ao prazer é oque a Expedição Vaga-lume pro-põe como a chave para transformaras crianças brasileiras em leitoras.Por isso, os mediadores são orien-tados para desenvolver as ativida-des de leitura em um lugar agradá-vel, em que todos se sintam à von-tade � por exemplo, estender umalona embaixo de uma árvore, es-palhar os livros e ler alto as históri-as que as crianças escolherem.

DE VOLTA À ESTRADANo próximo ano, as três �vaga-

lumes� pretendem pôr de novo amochila nas costas e viajar para dezdas comunidades onde implanta-ram bibliotecas. Querem avaliar otrabalho que está sendo feito pe-los mediadores, os progressos dascrianças em relação à leitura, etambém, aproveitar para ampliaro acervo das bibliotecas.

Essa etapa já começou, comuma campanha de arrecadação delivros em colégios particulares.

EXPEDIÇÃO VAGA-LUME

LEITURA QUEILUMINA

SYLVIA, LAÍS E MARIA TEREZA: ASTRÊS VAGA-LUMES

AS CRIANÇAS ENCANTAM-SE COM OSDESENHOS E CAPAS DOS LIVROS

REPORTAGEM: TÂNIA NOGUEIRA

S

TV ESCOLA 43

Conheça melhor o projetoRua Purpurina, 155, cj. 46Vila Madalena, São Paulo/SP05435-030Telefone: (11) 3032-6032E-mail:<[email protected]>Internet: <http://www.expedicaovagalume.org.br/>

Page 43: TV Escola.p65

TV ESCOLA44

FAZER APRENDER -

E N T R E V I S T A / M A R I A J O S É F É R E S

É certo que o Ensino Fundamentalvai ficar com nove anos?Esta é uma das medidas do progra-ma Toda Criança Aprendendo. Foipensada a partir dos resultados doSistema de Avaliação da EducaçãoBásica: 59% das crianças da 4a sé-rie não adquiriram as competênci-as básicas de leitura e letramento;e o índice é de 52% para matemá-tica. Não adianta remendar isso, épreciso impedir que volte a aconte-cer. Você tem de fechar a torneira.Mas o programa também tem me-didas emergenciais, para que es-sas crianças possam sair da escolacom um grau de letramento efi-caz. Há por exemplo a chamadaaceleração de aprendizagem, des-tinada a turmas especiais para cri-anças de 10 a 12 anos e no míni-mo quatro anos de escolaridadebásica. Todas essas iniciativas têmem vista garantir que, ao termi-nar o Ensino Fundamental, as cri-anças tenham aprendido o que éimportante. Agora, nós não pode-mos passar o resto da vida fazen-do essa reintegração, e por isso hámedidas estruturais.

Que medidas, por exemplo?A ampliação do Ensino Funda-mental para nove anos. Tem deficar claro que não é uma substi-tuição da pré-escola. A pré-escolaé para crianças de 4 e 5 anos. Aos6 anos, ao entrar no Ensino Fun-damental, as crianças terão me-lhores condições de alfabetização.Esta é uma reivindicação antiga eque consta do Plano Nacional deEducação. Portanto, já é uma leino Brasil. O Plano estabelece me-tas para inclusão das crianças de 6anos e ampliação do Ensino Fun-damental para nove anos. E nósestamos perseguindo essa meta.

De que maneira isso será feito?Estamos fazendo um levantamen-to nas redes estaduais e munici-pais para saber as condições emcada estado e nos municípios. Asquestões a resolver são as maisvariadas: desde o espaço físico, atéa contratação de professores e adisponibilidade de recursos peda-gógicos. Temos de ter um quadroda situação nacional para fazerum planejamento. Nossa meta é

que isso aconteça até 2007, come-çando já no ano que vem.

Por onde vai começar a ampliaçãodo Ensino Fundamental?Por Minas Gerais, onde a rede es-tadual já previu essa ampliaçãopara o ano que vem. Pelos dadosdo censo, 500 mil dessas criançasestão fora da escola e, emboraboa parte delas seja admitida nosistema de ensino, a duração con-tinua a ser de oito anos. Por ou-tro lado, há municípios, como BeloHorizonte, em que o Ensino Fun-damental já tem nove anos.

Como fica a questão pedagógica?Ganha-se um tempo a mais parapreparar o processo de alfabeti-zação. Não significa adiantar a 1a

série e incluir nela as crianças de 6anos. Não se trata de substituir di-retrizes curriculares, que são doConselho Nacional de Educação.Nós vamos discutir amplamente asdiretrizes político-pedagógicas �por exemplo, a questão de avalia-ção do aluno na escola, da progres-são automática ou continuada.

O DESAFIO NÃO É ENSINAR; É FAZER APRENDER, AFIRMA APROFESSORA MARIA JOSÉ FÉRES, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃOINFANTIL E FUNDAMENTAL, À REPÓRTER TERESA MELLO.

Page 44: TV Escola.p65

TV ESCOLA 45

- O GRANDE DESAFIOE como é essa progressão conti-nuada?A progressão continuada não é au-tomática. Ela se transforma em au-tomática quando não são usados osinstrumentos necessários para tra-balhar com as diferenças dos alu-nos e fazer a progressão continua-da. A progressão automática é ooutro lado da repetência. A repe-tência é uma perversidade: ela dizque o aluno não aprendeu e porisso ele repete o ano. A progres-são automática é um pouco pior:ela diz que o aluno não aprendeu,mas mesmo assim permite que elesiga em frente e lhe dá o diploma.O grande desafio hoje é garantirque as crianças aprendam. Todasas crianças podem aprender e têmesse direito. Mas nem todas apren-dem do mesmo jeito, no mesmotempo. Nosso desafio é trabalhara dificuldade na aprendizagem.

Trabalhar com essa dificuldadeestá de acordo com os padrõestradicionais de ensino?Durante muito tempo, a escolabrasileira não enfrentou esse de-

safio. Quando o aluno não apren-dia, o problema era dele, ele eramandado embora da escola. O eixoera ensinar. Agora, o eixo é apren-der. O desafio não é ensinar; é fa-zer aprender. Como fazer apren-der? Essa é a questão essencial. Adiscussão é melindrosa, porquepara muitos a alternativa à pro-gressão automática � e, portanto,à dificuldade de aprendizagem �é a volta da reprovação. Isso é umabsurdo, porque a reprovação nãoé instrumento de aprendizagem,não faz ninguém aprender. Se éassim, a reprovação não tem sen-tido numa concepção em queaprender é o centro da escola. Masnão tampouco tem sentido a pro-gressão automática. Então, nossodesafio é conseguir trabalhar as di-ferenças individuais dos alunos,entender e enfrentar suas dificul-dades de aprendizagem. A orga-nização mais flexível do tempo vaicontribuir.

Quais são as experiências do sis-tema de progressão continuada?O sistema já funciona em alguns

estados, como São Paulo e partede Minas Gerais, mas com situaçõesdiferentes: São Paulo adota doisciclos de formação, de quatro emquatro anos; Minas adota três ci-clos: três, três e dois anos. O me-canismo da progressão continua-da faz parte da concepção de or-ganização do tempo escolar, queé o ciclo de formação. Não fazparte da concepção seriada. Aquestão faz parte da discussãonacional sobre diretrizes político-pedagógicas da ampliação do En-sino Fundamental: a seriação, ociclo de formação, o desenvolvi-mento curricular, a inserção daescola na comunidade.

Como fica a exigência de curso su-perior para professores de 1a a 4a

série?Está aí uma grande polêmica. Nãoexiste isso. A Lei de Diretrizes e Ba-ses nunca exigiu o curso superiorpara professores que estão traba-lhando nos quatro primeiros anosdo ensino fundamental e na edu-cação infantil. No artigo 62 � quefaz parte do corpo da lei desde sua

MARIA JOSÉ VIEIRA FÉRES, mineira de Juiz de Fora,é Secretária de Educação Infantil e Fundamental doMinistério da Educação. Formou-se normalista em1967, quando a carreira tinha prestígio e importân-cia. E faz questão de recuperar esse valor. Formadaem História pela Universidade Federal de Juiz deFora (UFJF), sempre esteve ligada à educação. Foipró-reitora de Assuntos Comunitários e Extensãoda UFJF; coordenadora da Comissão Nacional deAvaliação das Universidades Brasileiras; secretáriada Criança e Assistência Social do Distrito Federal esecretária-adjunta de Educação de Minas Gerais.

Page 45: TV Escola.p65

TV ESCOLA46

promulgação, em 1996 �, a leideixa claro o seguinte: �A forma-ção de docentes para atuar naeducação básica far-se-á em nívelsuperior, em curso de licenciatu-ra, de graduação plena, em uni-versidades e institutos superioresde educação, admitida, como for-mação mínima para o exercíciodo magistério na educação infan-til e nas quatro primeiras sériesdo ensino fundamental, a ofere-cida em nível médio, na modali-dade Normal�.

Por que surgiu essa confusão so-bre a exigência de curso superior?Nas disposições transitórias da lei� disposição transitória, que nãoé permanente �, o parágrafo 4,do artigo 87, diz o seguinte:�Até o fim da Década da Educa-ção somente serão admitidos pro-fessores habilitados em nível su-perior ou formados por treina-mento em serviço�. Além de seruma disposição transitória, é dú-bia: e quem já é professor? For-mados em quê? Em nível superi-or? Já o artigo 62, que está nocorpo da lei, é claro, cristalino.Então, não existe essa exigêncialegal. Pode vir a acontecer? Pode.Desde que a gente mude a lei. Alei do Plano Nacional de Educação,promulgada em 2001, tem comometa que, nos próximos dez anos,pelo menos 70% dos professoressejam formados em curso superi-or. Isso é o ideal, é o que nós que-remos e estamos perseguindo.Agora, a lei não obriga a ter cur-so superior.

ção. O primeiro ponto abordadoé o piso salarial. É preciso pactuarcom estados e municípios um pisosalarial que seja nacional. Não vaiser fácil, é polêmico, mas é preci-so ter um piso salarial para os pro-fessores, independente do localonde ele mora. Ele faz parte des-ta nação. Tem de ter acesso a li-vro, a biblioteca, a cultura, ao te-atro, a viagem, e portanto, é pre-ciso melhorar as condições sala-riais. E a gente também está dis-cutindo a possibilidade de trans-formar diretrizes de carreira emprojeto de lei. O terceiro ponto serefere ao Sistema Nacional deFormação Continuada e de Cer-tificação de Professores, que co-meça a ser implantado no ano quevem, com os professores dos qua-tro primeiros anos do ensino fun-damental.

O que é esse sistema?Estamos planejando a Rede Nacio-nal de Pesquisa e Desenvolvimen-to da Educação. Ainda este ano,convocaremos as universidades,formadoras de professores, paraconstituir essa rede nacional. Que-remos que desenvolvam estudose pesquisas, aplicados a cursos deformação continuada em algumasáreas de ensino: alfabetização eletramento, língua portuguesa,matemática, ciências humanas, ci-ências da natureza, gestão daeducação e avaliação educacional.A idéia é constituir, em todo opaís, centros de referência paracursos de formação continuada deprofessores nessas áreas. Cursos

E N T R E V I S T A / M A R I A J O S É F É R E S

E quanto às reivindicações dosprofessores, como piso salarial,plano de carreira...Para conseguir ter todas as crian-ças na escola, aprendendo, que énosso eixo central, dependemosda valorização e da formação dosprofessores, os grandes agentesdessa mudança. Sem eles, não temmudança. Para isso, criamos umprograma de valorização e forma-

“ “59% DAS

CRIANÇAS DA

4a SÉRIE NÃO

ADQUIRIRAM

AS COMPETÊNCIAS

BÁSICAS DE LEITURA

E LETRAMENTO

Page 46: TV Escola.p65

TV ESCOLA 47

que devem ser em serviço e utili-zar instrumentos de educação adistância.

E a certificação dos professores?Isto será o resgate da identidadenacional dos professores e, aomesmo tempo, da identidade na-cional do magistério. O Estadobrasileiro se compromete com osprofessores, por meio de um cer-tificado nacional. Os professoresserão submetidos a um exame na-cional de certificação. Não é a li-cença para lecionar, que continuasendo dada pela instituição for-madora. Basicamente, haverá doistipos de prova: uma sobre conhe-cimentos e saberes, que todos osprofessores devem ter, indepen-dentemente do nível em que atu-am. Por exemplo: como planejaruma aula, como ler corretamen-te um texto. E a outra prova so-bre conhecimentos específicosdaquele nível de ensino. Esse exa-me nacional é voluntário, para osprofessores em exercício � o pro-fessor só faz se quiser. Se foraprovado, recebe o CertificadoNacional de Docência, conferidopelo MEC, e uma bolsa federal deformação continuada durantecinco anos, também paga peloMinistério. É um incentivo em for-ma de bolsa. Para renovar a bol-sa, por mais cinco anos, ele temde se submeter a novo exame decertificação. E os estados e muni-cípios poderão usar o certificadonacional para a progressão nacarreira. É uma forma de valori-zar a formação continuada.

“ “REPROVAÇÃO

NÃO É

INSTRUMENTO DE

APRENDIZAGEM,

NÃO FAZ

NINGUÉM

APRENDER

E quem não for aprovado nesseexame?Teremos também um planeja-mento especial de formação con-tinuada para esses professores,que poderão fazer novamente oexame todos os anos. Começare-mos no ano que vem, com profes-sores de 1a a 4a série, mas nossoobjetivo é que todos os professo-res tenham acesso ao CertificadoNacional e à bolsa federal.

Qual a política em relação ao li-vro didático?Uma das exigências do ProgramaNacional do Livro Didático é queos livros não sejam portadores dequalquer tipo de preconceito: deraça, religião, sexo... Todas as mi-norias têm de ser respeitadas. Aeducação escolar indígena, porexemplo, tem diretrizes curricu-lares específicas. Em algumas al-deias são faladas quatro línguas,além do português; em outras, oportuguês e mais uma língua. Essacultura tem de ser respeitada.Também temos no Departamen-to de Política do Ensino Funda-mental uma área específica paraos remanescentes de quilombos.

Que lembranças a senhora tem dasua alfabetização?Eu sempre gostei da minha escola.Minha alfabetização foi ótima. Vivinum tempo em que a escola era pa-ra poucos, não era de massa. Estu-dei em colégio de freiras, em Juizde Fora. Aprendi a ler pela cartilhada Lili. Lembro-me com carinho dasminhas professoras do primário,que eram irmãs carmelitas. Foi umaboa fase da vida. E eu também sounormalista, formei-me professorae depois fui para a universidade.Em 1967, ainda dava muito prestí-gio ser normalista Esse prestígio daprofissão precisa voltar. Não se ga-nhava muito, época, mas você me-recia respeito social, um respeitonacional. A formatura era com be-ca, anel de grau, tudo que se tinhadireito. Ser professor era muito im-portante, e isso tem de voltar.

Page 47: TV Escola.p65

TV ESCOLA48

e tem e tem mais

Dinheiro Diretona Escolan Já está na internet (no site<www.fnde.gov.br>) a lista dosmunicípios que receberão os recur-sos do Programa Dinheiro Diretona Escola (PDDE), do Fundo Nacio-nal de Desenvolvimento da Educa-ção (FNDE/MEC), bem como as es-colas atendidas e a quantia desti-nada a cada uma. Se a sua cidadeestá cadastrada no programa, nãodeixe de consultar a relação, poisvale lembrar que as verbas a seremrepassadas, com teto anual de 19mil reais, significam muitos bene-fícios às unidades de ensino, comocompra de material, manutençãodas instalações, capacitação e aper-feiçoamento dos profissionais, ava-liação de aprendizagem, etc.

Jogada demestren Uma parceria entre os ministé-rios da Educação e do Esporte vemsendo firmada para implantar oensino do xadrez nas escolas de cin-co cidades brasileiras. O ensino dojogo, além de desenvolver a capa-cidade intelectual das crianças emelhorar o desempenho nas de-mais disciplinas, pode aumentar aparticipação do Brasil no cenáriomundial de competições, forman-do mais mestres enxadristas. Porseu caráter lúdico extremamenterico, o xadrez tem tudo para agra-dar as crianças, que vão aprenderbrincando.

A Turma da Mônicadando uma forçan O Programa de Conservação da Escola vai chegar nestesemestre a mais 1.200 escolas das regiões Norte, Nordeste eCentro-Oeste atendidas pelo Fundo de Fortalecimento daEscola (Fundescola/MEC), para ajudar professores e diretoresa tratar de um tema muito importante: a conservação dosprédios e equipamentos escolares. O material para aimplementação do programa foi elaborado numa parceriado MEC com o Instituto Cultural Maurício de Sousa e já vemsendo utilizado em outras regiões desde 2001. A campanha�Entre pra nossa turma: cuide bem da sua escola� cativou aatenção das crianças com seu jeito leve e bem-humorado detrabalhar a conservação do prédio e dos materiais, além deabordar também noções de higiene pessoal, merenda, livrosdidáticos e outros assuntos. O kit, uma autêntica �cartilhamultimídia�, inclui gibis, cartazes, CDs de música e muitosoutros recursos que tornam o aprendizado uma diversão.Essa turminha está de �palabéns�!

n Há cem anos nascia em umafazenda de Brodowski, no interi-or de São Paulo, um dos pintoresmais importantes da arte brasilei-ra no século 20: Cândido Portinari.Os professores de Arte, História eLiteratura não devem deixar deassistir ao programa que docu-menta o Projeto Portinari e mos-tra a trajetória de vida do artista,bem como detalhes de sua obra,caracterizada pelos diversos esti-los estéticos aos quais se voltou opintor, mas sempre permeada porsuas preocupações humanistas epolíticas.

PROJETANDO PORTINARI,DIA 23 DE OUTUBRO, DESTAQUE DAPROGRAMAÇÃO: LEIA NA PÁGINA 11.

Centenário PortinariNÃO PERCA NA GRADE DE PROGRAMAÇÃO

Page 48: TV Escola.p65

TV ESCOLA 49

Uma idéia nacabeça e�n Com poucos recursos mas mui-ta criatividade é possível chegar agrandes resultados. Isso ficou com-provado mais uma vez graças a umgrupo de alunos de escolas públi-cas de Vitória, no Espírito Santo, cu-jo curta de animação Mangue e tal,exibido nas sessões infantis do fes-tival Anima Mundi 2003, recebeuamplo destaque naimprensa pela origi-nalidade e pela es-colha do tema, fielà identidade cultu-ral das crianças. Pro-duzido nas oficinasde animação do Ins-tituto Marlin Azul e com trilha so-nora composta de um ritmo localtradicional, o congo, executadapelos próprios alunos, o filme re-flete iniciativas semelhantes ocor-rendo hoje em diversas partes dopaís, como o projeto Anima Esco-la, implantado na rede municipaldo Rio de Janeiro. Por isso, a partirdeste ano, o Anima Mundi abriuuma seção intitulada �Animaçãoem Curso�, para divulgar os re-sultados desse tipo de trabalho.Para mais informações, visite ossites <www.animamundi.com.br>e <www.animaescola.com.br>.

mais

Literatura na casade jovens e adultosAgora, os formandos da Educação de Jovens e Adultostambém vão receber os livros distribuídos pelo MEC nacampanha Literatura em Minha Casa, via o ProgramaNacional Biblioteca da Escola (PNBE): para as 4as séries,obras de poesia, conto, novela brasileira, clássicouniversal e peça teatral; para as 8as séries, poesia, crônica econto, romance e peça teatral; e para os alunos de EJA,ensaio ou reportagem, crônica e conto, prosa ou verso,poesia, peça teatral e biografia ou relato de viagens. Aescolha dos títulos é feita por uma comissão com base naqualidade literária e gráfica, representatividadedos autores e outros critérios, visando ainda a adequaçãoa cada faixa etária. As novas coleções chegam às escolasaté dezembro, então os alunos já podem ir sepreparando!

Todo mundona escolan Cabo de Santo Agostinho, emPernambuco, é o primeiro municí-pio nordestino a atingir a meta dedéficit escolar zero para criançascom idade entre 7 e 14 anos. Paraconseguir esse feito memorável,desde 1997, com o programa Es-cola para Todos, a prefeitura reu-niu a população e outros setoresdo poder público para levar à es-cola mais de dez mil crianças queestavam à margem do sistema deensino. Finalmente, seis anos de-pois, o censo educacional e aimplementação do sistema BuscaAtiva detectaram e integraram oreduzido contingente de 450 cri-anças que ainda permanecia forada escola.

Videoteca daTV Escolan Na Escola Municipal CorsinaBraga, em Cachoeirinha, a 170 qui-lômetros do Recife, a programaçãoda TV Escola é um complementoindispensável da prática pedagó-gica, compondo praticamente atotalidade de sua videoteca. Paraviabilizar o projeto, alunos e pro-fessores arrecadaram dinheiro comrifas e bingos e compraram as fitasvirgens para o acervo e todo oequipamento necessário, que hojesão emprestados para outras esco-las, públicas e particulares. A expe-riência representou um sucesso tãogrande que virou tema de um pro-grama da série Como Fazer? A Esco-la. A reprise vai ao ar no dia 30 deoutubro.

Page 49: TV Escola.p65

TV ESCOLA50

REPORTAGEM: TÂNIA NOGUEIRAFOTO: NAIR BENEDICTO

PREOCUPADA AO VER QUEMUITOS ALUNOS CHEGAMÀ 8A SÉRIE SEM SABER LER EESCREVER, A PROFESSORAELIASIB CRIOU UMA ESTRA-TÉGIA INOVADORA: O PRO-JETO ALFA-5.

especialidade de EliasibSouza Borges é a alfabe-tização. Durante 20anos, trabalhou como

professora, depois coordenadorapedagógica e, por fim, diretora.Há seis anos atua como assistentetécnico-pedagógica da Diretoriade Ensino da Região de Itaqua-quecetuba, da Secretaria de Edu-cação do Estado de São Paulo. Emseu trabalho de apoio a professo-res de 5a a 8a série identificou umadificuldade inusitada. Eram mui-tos os alunos que não consegui-am acompanhar os conteúdos de-senvolvidos em aula porque eramincapazes de ler e escrever atémesmo frases simples.

Analisando o problema, Eliasibconcluiu que esses alunos precisa-riam, antes de tudo, aprender aler e escrever. E começou a plane-jar um curso que pudesse ajudaros professores do primeiro ciclo,sem formação de alfabetizadores,a desenvolver a capacidade leito-

ra de seus alunos. Baseou-se nosmétodos e materiais que utiliza-va em suas aulas de alfabetizaçãoe nas técnicas utilizadas em clas-ses de aceleração � criadas paraajudar alunos mais velhos a acom-panhar as aulas regulares, quan-do enfrentam dificuldades.

Quando Eliasib terminou demontar seu projeto e o apresentouaos diretores de escolas da região,a idéia pareceu excelente e come-çou a ser implantada. Em abril de2003, foram criadas oficinas paraatender a 32 escolas da região �cada uma das quais mandou doisprofessores, de várias disciplinas. Aidéia é que, após esse trabalho, osprofissionais possam atuar comomultiplicadores, na equipe peda-gógica a que pertencem.

Nas oficinas, os professores sãoorientados para, inicialmente, de-senvolver com a classe o projeto�Quem sou eu?�. É um ponto departida para irem conhecendo osalunos e identificarem suas dificul-dades. Essa discussão é útil tam-bém para levan-tar a auto-estimados estudantes,ajudá-los a pen-sar em si mesmose perceber quehá muitas coisasdas quais são ca-pazes. Segundoela, �por maiorque seja a dificul-dade de um alu-

no de 5ª série, alguma coisa elesabe. Só que tem medo de mos-trar, porque tem medo de errar.Então, o primeiro passo é desco-brir o que eles sabem�.

O projeto Alfa-5 apresenta di-versas atividades que o professorpode desenvolver com grupos dealunos, ou com a classe toda,direcionadas para a leitura e a es-crita. Acima de tudo, é valorizadaa atitude do professor, que preci-sa estar atento a cada um des seusalunos e às diferenças entre eles,cobrando de cada um de acordocom suas características pessoais.Para Eliasib, é indispensável acom-

panhar de perto omomento da es-crita, observandoo que cada umestá fazendo e so-correndo quemprecisa de ajuda.Após duas ofici-nas, os professo-res já começarama lhe trazer umretorno positivo.

I N O V A Ç Ã O

LER E ESCREVERÉ PRECISO APRENDER

AS PROFESSORAS SÃO ORIENTADAS ADESENVOLVER COM OS ALUNOS OPROJETO QUEM SOU EU?

Diretoria de Ensino daRegião de Itaquaquecetuba

Secretaria de Educação doEstado de São PauloAvenida Presidente Tancredode Almeida Neves, 261Itaquaquecetuba �São Paulo � 08571-000Tel.: (11) 4640-4246

A