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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Departamento de Fitotecnia e Zootecnia - DFZ Entomologia e Parasitologia Agrícola Engenharia Agronômica RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

UESB - Entomologia e Parasitologia Agrícola - RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Departamento de Fitotecnia e Zootecnia - DFZ

Entomologia e Parasitologia Agrícola

Engenharia Agronômica

RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

Vitória da Conquista-BA

Agosto /2012

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Departamento de Fitotecnia e Zootecnia - DFZ

Entomologia e Parasitologia Agrícola

Engenharia Agronômica

RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

Trabalho apresentado a

Profª. Drª. Aldenise Alves

Moreira da disciplina

Entomologia e Parasitologia

Agrícola, como parte da

avaliação da III Unidade.

Discente: Gustavo dos Santos Silva

Vitória da Conquista-BA

Agosto/2012

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INTRODUÇÃO

O uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura brasileira, e suas consequências sobre os aspectos ambientais e de saúde pública, deram início a uma ampla campanha conduzida por agronômos, extensionistas, ambientalistas e produtores rurais, visando a criação de mecanismos de controle do uso desses insumos químicos. Um dos caminhos construídos no Brasil para a gestão dos agrotóxicos foi o estabelecimento, através de legislação específica, da prescrição técnica obrigatória, a partir da participação de um profissional habilitado (engenheiro agronômo ou florestal), como requisito para a comercilaização dos agrotóxicos.

A receita agronômica é o documento pelo qual o profissional se identifica, se situa, se apresenta e prescreve o tratamento preventivo ou curativo, em função do diagnóstico. É, portanto, a etapa final de uma metodologia semiotécnica (conjunto de procedimentos para estudar os sinais precoces de doenças e infestações, que objetivam o diagnóstico), de que o profissional se vale para tirar conclusões sobre o problema.

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1 – HISTÓRICO

A comercialização de produtos fitossanitários vinculada a uma receita agronômica é uma exigência legal ou prática recomendada em muitos países há algum tempo. No Brasil, tal medida tornou-se obrigatória desde 11 de julho de 1989, data da publicação da Lei Federal nº 7.802.

Entretanto, desde o início da década de 70 as preocupações com o uso indiscriminado de produtos fitossanitários eram motivo de discussões, em razão do crescente número de ocorrências de acidentes com agricultores e agressões ao ambiente registradas no nosso país. Somente em 1989, foi publicada uma lei federal tornando obrigatório o Receituário Agronômico em todo o território nacional.

2 – LEGISLAÇÃO

A Lei 7.802, de 11 de julho de 1989, posteriormente regulamentada pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, também conhecida como a “Lei dos Agrotóxicos”, é bastante abrangente, pois trata da pesquisa, experimentação, propaganda comercial, utilização, comercialização, fiscalização, etc., até o destino final dos resíduos e embalagens. Além disso, prevê penalidades a todos os segmentos envolvidos em atividades agrícolas que promovam danos ao meio ambiente e à saúde humana.

Após a promulgação dessa Lei Federal, foram publicadas Leis Estaduais, Leis Municipais, Resoluções e Normas de Entidades de Classe (CREA, CONFEA), visando à adequação dos diferentes setores à nova legislação vigente.

3 - BASES DO RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

3.1. Competência legal e profissional

De acordo com a resolução do CONFEA nº 3444, de 27/07/90, apenas o Engenheiro Agrônomo e o Engenheiro Florestal, dentro de suas respectivas atribuições profissionais, podem prescrever os produtos fitossanitários.

Entretanto, para tornar-se um profissional competente é necessário que o técnico adquira conhecimentos acadêmicos básicos na área de Defesa Fitossanitária, principalmente em relação ao Manejo Integrado de Pragas, de Doenças e de Plantas Invasoras. Além disso, não se deve esquecer da “Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários”, como ferramenta importante e complementar ao Receituário Agronômico e, ainda, a disposição final de resíduos e embalagens.

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3.2. Procedimentos para a Elaboração do Receituário Agronômico

O primeiro contato entre o profissional e o agricultor deve ser realizado, preferencialmente, num local relacionado com “Assistência Técnica” e não com “Vendas de produtos fitossanitários”, a fim de se evitar a obrigatoriedade da receita e, portanto, do controle químico.

Inicialmente, o técnico deverá conversar com o cliente sobre assuntos diversos, com o objetivo de ter uma visão de seu nível de conhecimento e promover uma descontração, para facilitar a comunicação.

Posteriormente, passa-se para uma fase onde o cliente irá expor o problema fitossanitário, onde o engenheiro anota fatos que julgue importantes; para emitir uma idéia, contestar ou apoiar.

Essas informações serão analisadas através de um “interrogatório” mais minucioso. Nessa fase o profissional vai solicitar do cliente informações com relação a cultura (área, época de plantio, cultivar, sistema de condução, etc.), equipamentos de aplicação (tipo de equipamento, bicos, conservação, etc), equipamentos de proteção individual (EPI’s), disponibilidade de pessoal, etc..

Concluído o “interrogatório”, pode-se montar a História Pregressa do Problema Atual (H. P. P. A.), que é o resultado da conversa inicial. Essas informações deverão ser lançadas numa ficha. De posse dessa ficha, o profissional desloca-se para a propriedade com os dados obtidos (a ficha deverá ser preenchida na medida em que as informações forem coletadas).

Na propriedade o profissional deverá observar todos os detalhes referidos na ficha técnica, procurando constatar, por exame direto, o problema em questão. É importante observar, principalmente, seis aspectos:

1) O diagnóstico deverá ser por cultura, podendo estar relacionado com mais de um agente causal;2) observar se a perdas estão acima do nível de dano econômico;3) verificar os equipamentos de aplicação de produtos fitossanitários disponíveis na propriedade;4) verificar os EPI’s;5) observar o local de descarte de embalagens;6) observar o local reservado para o banho do aplicador, lavagem de EPI’s eequipamento de aplicação.

Concluído o exame, o profissional estabelece o seu diagnóstico, com base na História do Problema Atual (H. P. A.), que será lançado na ficha técnica. Podem ocorrer, mesmo com profissionais mais experientes, dúvidas quanto à identificação correta do agente causal. Nesse caso, recomenda-se a coleta da parte aérea e/ou do sistema radicular de algumas plantas atacadas. Esse material deverá ser embalado em sacos plásticos, que serão etiquetados e enviados a especialistas.

Nesse procedimento devem-se observar dois aspectos:1) Amostrar as plantas com sintomas iniciais (plantas altamente atacadas poderão apresentar agentes secundários que dificultarão a identificação do agente principal);2) a amostra deverá ser acompanhada por um ficha com informações sobre a

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cultura, o clima, produtos fitossanitários utilizados, enfim, todas as informações possíveis para auxiliar no diagnóstico.

O profissional poderá prescrever um método alternativo de controle, muito mais barato que o químico, ao meio ambiente, aos consumidores e até mesmo às indústrias de produtos fitossanitários. A prescrição correta desses produtos impediria uma série de inconvenientes, dentre eles o surgimento de insetos resistentes e, conseqüentemente, perda da eficiência do produto fitossanitário.

Considerações básicas: O objetivo da Receita Agronômica é a utilização correta do agrotóxico,

para minimizar o risco e evitar a aplicação desnecessária. Agricultores/usuários só poderão adquirir e utilizar agrotóxicos se

orientados por profissional legalmente habilitado, com emissão do respectivo receituário agronômico.

A receita só se justifica se houver efetiva participação do profissional que a subscreve. O profissional emitente deve ser sabedor da situação real que envolve o uso do agrotóxico, diagnosticar a necessidade da aplicação, o local e a estrutura do agricultor.

O receituário agronômico ao cumprir com sua função na defesa vege-tal deve considerar o conjunto de conhecimentos fitotécnicos e fitossanitários necessários à análise de um problema de ocorrência de pragas. Este conjunto envolve a escolha da variedade, o espaçamento adequado, a época de plantio, o perfil do agricultor e as práticas corretas de nutrição, monitoramento dos agentes patogênicos e dos fatores edafo-climáticos.

A intervenção química deve ser utilizada somente após vencidas todas as demais alternativas de controle. Da análise do problema até a decisão de uso de um produto é imprescindível a participação efetiva do profissional. A escolha do produto passa por critérios que devem considerar ainda o custo/benefício, sob o ponto de vista econômico, ecológico e de praticidade de uso.

O responsável técnico deve cercar-se de todos os cuidados, para que o agricultor tenha informações suficientes para a aquisição do produto correto e de igual importância, que sua aplicação seja feita de forma a maximizar o seu aproveitamento.

4 – ESCLARECIMENTOS SOBRE O CONTEÚDO DAS RECEITAS

I – Nome do usuário, da propriedade e sua localização: O usuário é específico e único. Pode ser pessoa física ou jurídica. O mesmo

acontece com a propriedade, que também deve ser única e específica. O profissional deve fazer constar na receita, a localização da aplicação, indicar a Linha/microbacia/comunidade/nome da propriedade, de forma que não haja dúvidas quanto à localização da lavoura.

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II – Diagnóstico: Colocar no mínimo a praga, doença ou planta daninha que se quer controlar.

III – Recomendação para que o USUÁRIO LEIA o RÓTULO e a BULA do produto: Deve estar na parte de frente da receita em DESTAQUE e em caixa alta.

IV – Recomendação técnica com as seguintes informações:a) nome do(s) produto(s) a ser utilizado(s);b) cultura e áreas onde serão aplicados;c) doses de aplicação e quantidades totais a serem adquiridas;d) modalidade de aplicação, (nos casos de aplicação aérea);e) época de aplicação;f) intervalo de segurança: Intervalo de segurança ou período de carência é o

período entre a última aplicação e a colheita ou uso da cultura; g) orientação quanto ao manejo integrado de pragas e de resistência:

constar no mínimo a frase padrão: “observar o manejo integrado de pragas e de resistência” ou outra frase que traduza o conceito. Aceita-se uma frase padrão haja vista que o MIP deve acontecer antes e depois da prescrição da receita. O MIP é contínuo;

h) precauções de uso: precaução específica de uso do agrotóxico tem que estar na frente da receita; distâncias de animais, mananciais, áreas de preservação ambiental. Alertar para o risco de fitotoxicidade para a próxima cultura a ser implantada na área.

i) orientações quanto à obrigatoriedade da utilização de EPI – Equipamento de Proteção Individual adequado ao tipo de aplicação.

Frase Padrão que deve constar na parte da frente da receita: “Leia atenta-mente e siga as instruções do rótulo e da bula.”

V – data, nome, CPF e assinatura do profissional que a emitiu, além do seu registro no órgão fiscalizador do exercício profissional.

Assinatura do Profissional: tem que ser a assinatura formal do profissional a qual consta em cartório, não pode ser uma rubrica.

A obrigatoriedade acima se dá principalmente em razão das exigências legais e dos trabalhos científicos que as embasam junto aos órgãos competentes, para concessão do registro federal e do cadastro estadual.

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CONCLUSÃO

A Receita Agronômica deve ser clara, precisa, concisa e estética. Além disso, deve estar vinculada a uma Responsabilidade Técnica junto ao CREA, e ser elaborada de acordo com a legislação.

É o documento pelo qual o profissional se identifica, se situa, se apresenta e prescreve o tratamento preventivo ou curativo, em função do diagnóstico, como requisito para o controle e a comercilaização dos agrotóxicos. É, portanto, a etapa final de um conjunto de procedimentos para estudar os sinais precoces de doenças e infestações, que objetivam o diagnóstico, de que o profissional se vale para tirar conclusões sobre o problema.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GALLO, D.; et al Entomologia Agrícola. São Paulo: Ed. “FEALQ”, 2002. 920p.

Guerra, M. S. Receituário Agronômico: Implantação e operacionalização, p. 1769-179. In: Graziano Neto, F. (Coord.). Uso de agrotóxicos e receituário agronômico. São Paulo, Agroedições, 1982.

Receita Agronômica – CREA/BA. <http://www.creaba.org.br/ftp/Receita_Agronomica.pdf> acesso: 24 de Agosto de 2012.

RECEITUÁRIO agronômico. DNOCS/AEABA, 1981. 177 p.