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Um caminho para o empreender: Laboratório Empreendedorismo-Escola
(LabEE)
Autora1: Luciane Meneguin Ortega
Co-Autor2: Henrique Sá e Farias
Co-Autora3: Maiara Caroline Garbin
Resumo: Frente à lacuna existente entre a oferta de disciplinas de empreendedorismo nas
Universidades Brasileiras e o apoio dado por ambientes institucionais denominados habitats
de inovação, tais como incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos, há um caminho a
ser percorrido. Este caminho para o empreender envolve um processo de estruturação da ideia
e modelagem mínima do negócio, classificado neste artigo como pré-incubação. O processo
de pré-incubação, presente dentro das universidades, emergiu da ausência de espaços que
aproximassem o aluno do ambiente empreendedor, auxiliando-o na transformação de suas
ideias criativas em soluções inovadoras. Neste sentido, o artigo busca apresentar uma
iniciativa praticada dentro da Universidade de São Paulo através de um modelo de pré-
incubação denominado Laboratório Empreendedorismo-Escola (LabEE). O Laboratório em
questão nasceu com o objetivo de ser, não só uma estrutura física, mas um espaço de
construção mútua, de acompanhamento pessoal, de treinamento e de desenvolvimento de
ideias singulares e capazes de transformar a sociedade. O diferencial do projeto está presente
em sua metodologia: um modelo de pré-incubação de três meses que reúne três metodologias
1 Autora: Economista e Administradora de empresas, mestre em engenharia de produção e doutora em
engenharia mecânica. Universidade de São Paulo. Rua Guaipá, 452, apto. 43. Alto da Lapa. (11) 97334-8814. E-mail: [email protected] 2 Co-autor: Graduando em Marketing, pela Universidade de São Paulo. Endereço: Av. Dr. Renato de Andrade
Maia, 1250 casa 52. Telefone: (11) 998977870. Email: [email protected] 3 Co-autor: Graduanda em Marketing, pela Universidade de São Paulo. Endereço: Rua Apaúra, 26 - Bloco 3, ap
301. Telefone: (19) 997711557. Email: [email protected]
de formação rápida de negócios (Design Thinking, Business Model Canvas e Lean Startup),
com a missão de tornar uma ideia abstrata em um primeiro produto mínimo viável. Através da
exposição desta iniciativa, apresentando os resultados e a estrutura do Laboratório em um
estudo de caso realizado a partir de dois ciclos finalizados, se espera contribuir com o
aprimoramento do caminho aqui apresentado, com o desenvolvimento de novas iniciativas de
mesmo cunho ao redor do Brasil e incentivar estudos científicos na área.
Palavras-chave: empreendedorismo; ensino do empreendedorismo; formação de startups;
pré-incubação; incubadora de empresas.
One way to take: Entrepreneurship-School Laboratory (LabES)
Author4: Luciane Meneguin Ortega
Co-Author5: Henrique Sá e Farias
Co-Author6: Maiara Caroline Garbin
Abstract: Opposite the gap between the supply of entrepreneurship courses in the Brazilian
Universities and the support given by institutional environments called innovation habitats,
such as incubators, accelerators and technology parks, there is a way to go. This way to carry
involves a process of structuring the idea and minimum business modeling reported in this
article as preincubation. The pre-incubation, present within universities, emerged from the
absence of spaces that rivaled the student's entrepreneurial environment, helping them to
transform their creative ideas into innovative solutions. In this sense, the article seeks to
present an initiative practiced within the University of São Paulo through a pre-incubation
model called Entrepreneurship-School Laboratory (Labee). The laboratory in question was
born with the objective of being not only a physical structure but a mutual building space,
personnel monitoring, training and development of natural and able ideas to transform
society. The project differential is present in its methodology: a three-month pre-incubation
model that brings together three methodologies for rapid business training (Design Thinking,
Business Model Canvas and Lean Startup) with the mission to make an abstract idea into a
first minimum viable product. Through the exhibition of this initiative, presenting the results
and laboratory structure in a case study from two completed cycles, it is expected to
4 Author: Economist and Administration, Master in industrial engineering and a doctorate in mechanical
engineering. University of Sao Paulo. Guaipá Street, 452, apt. 43 Alto da Lapa. (+55 11) 97334-8814. E-mail: [email protected] 5 Co-author: Majoring in Marketing from the University of São Paulo. Address: Dr. Renato Andrade Maia, 1250
house 52. Telephone: (11) 998977870. Email: [email protected] 6 Co-author: Undergraduate student in Marketing from the University of São Paulo. Address: Apaúra Street, 26
- Block 3, ap 301. Phone: (19) 997711557. Email: [email protected]
contribute to improving the way presented here, with the development of new same nature
initiatives around Brazil and encourage scientific research in the area.
Key-Words: entrepreneurship; entrepreneurship education; startups training; pre-
incubation; business incubator
1. Introdução
No contexto atual, as incubadoras funcionam como uma forma de promover o
desenvolvimento econômico, a inovação e novas empresas com base tecnológica (BERGEK e
NORRMAN, 2007). Sua popularidade não se restringe aos países considerados
desenvolvidos, mas também ganha representatividade nos intitulados emergentes. Há um
movimento recente dentro das universidades destes países para a criação de incubadoras,
devido a percepção da importância e os benefícios do processo de incubação, contudo, por ser
um processo relativamente novo, são poucas as pesquisas focadas nesse assunto (BATHULA,
KARIA e ABOTT, 2011).
De acordo com o estudo de 2011 produzido pela Anprotec (Associação Nacional de
Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) em parceria com o Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil apresentava naquele ano, 384 incubadoras,
diante das 173 em 2000, demonstrando um crescimento relevante de 10% a 15% ao ano,
segundo estimativas da entidade.
A conscientização das limitações do setor governamental como um vetor importante
para o crescimento econômico está aumentando (BATHULA, KARIA e ABOTT, 2011). O
incentivo às incubadoras está entre as recomendações dos especialistas para facilitar o
processo de empreender no Brasil, auxiliando, assim, na economia do país. Já no campo de
pesquisa e desenvolvimento (P&D), foi destacado a necessidade de promover incubadoras
tecnológicas, facilitando a comunicação entre instituições científicas e empresas para o
desenvolvimento de inovações (GLOBAL, 2012).
Dentro desse ambiente de geração de conhecimento científico e inovação é que as
incubadoras universitárias de negócios despontam. De acordo com Grimaldi e Grandi (2005),
elas são uma oportunidade para a comercialização da pesquisa acadêmica. E mais, como as
incubadoras universitárias tem acesso aos recursos que podem ser muitas vezes inviáveis para
pequenos negócios devido aos seus altos custos; ela também pode auxiliar o desenvolvimento
das empresas nascentes universitárias, que comumente contam com poucos recursos
(BATHULA, KARIA e ABBOT, 2011). Neste contexto, há no Brasil, segundo Anprotec
(2011), cerca de 70 incubadoras universitárias que vem buscando trilhar estes caminhos em
prol de maior retorno para a comunidade científica, tecnológica e empresarial do país.
O processo de pré-incubação, muitas vezes anexado às incubadoras universitárias, tem
uma função essencial no processo de desenvolvimento de empresas. Ele tem como grande
enfoque a capacitação de futuros empresários em ferramentas importantes para modelagem de
um negócio, auxiliando no desenvolvimento mais sólido de uma ideia; enquanto que as
incubadoras focam no suporte e crescimento de negócios já existentes, de empreendedores
que já possuem um conhecimento básico em negócios (VOISEY, JONES, THOMAS, 2013).
Ademais, como verificaram Rajaniemi, Niinikoski e Kokko (2005), dar um suporte ao
desenvolvimento de uma ideia de negócio enquanto ainda estudam, auxilia os universitários
em seu processo de aprendizado.
Apesar da função importante na educação, no desenvolvimento de ideias e
conhecimento acadêmico criação para negócios, segundo pesquisa de Voisey, Jones e Thomas
(2013), as pré-incubadoras são relativamente novas e possuem poucos estudos investigando o
seu impacto.
Inserido neste contexto, perante a relevância do empreendedorismo, do papel das
incubadoras universitárias e da pré-incubação, a Universidade de São Paulo propôs no ano de
2012 a criação de uma incubadora dentro de um dos seus campi na cidade de São Paulo,
denominada Habits /Incubadora-Escola.
A Incubadora Habits (Habitat de Inovação Tecnológica e Social) está presente no
Campus da USP na Zona Leste da capital e iniciou suas atividades em 2012 com a missão de
“apoiar projetos com base tecnológica (ou não), mas que tenham foco social, até que se
tornem autossustentáveis” (AUSPIN, 2015). A incubadora é mantida e apoiada por
professores do campus sob a governança da Agência USP de Inovação, Núcleo de Inovação
Tecnológica (NIT) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a diretoria da
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH - USP / USP Leste).
Novos empreendimentos encontram na Habits, desde então, um local de suporte e
desenvolvimento para caminharem em direção à autonomia. As empresas permanecem no
espaço até estarem estruturadas o suficiente para conseguirem permanecer no mercado de
maneira autônoma. A incubadora ainda promove uma maior chance de sucesso além de
introduzir a cultura do empreendedorismo dentro do campus e a geração de novas tecnologias
interessantes à sociedade. O desenvolvimento da ciência e a geração de empregos na região da
Universidade é um grande fator que auxilia no desenvolvimento da economia da cidade.
(AUSPIN, s.d.).
Apesar dos resultados alcançados por parte das empresas incubadas e do campus
oferecer ainda disciplinas de empreendedorismo que buscam ensinar e despertar sobre o
empreendedorismo como um plano de carreira, percebeu-se uma lacuna entre as salas de aula
e uma empresa incubada. O processo de pré-incubação surge neste contexto.
A Habits Incubadora-Escola, iniciativa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo (EACH - USP), considerando a relevância desta etapa inicial,
criou o Laboratório Empreendedorismo-Escola (LabEE), um espaço de co-criação e
desenvolvimento de ideias, com uma metodologia desenvolvida pela equipe. Ou seja, o
processo de pré-incubação presente hoje dentro da USP campus leste emergiu da ausência de
espaços que aproximassem o aluno do ambiente empreendedor, auxiliando-o na
transformação de suas ideias criativas em soluções inovadoras.
A pré-incubação LabEE nasceu com o objetivo de ser, não só uma estrutura física,
mas um espaço de construção mútua, de acompanhamento pessoal, de treinamento e de
desenvolvimento de ideias singulares e capazes de transformar a sociedade.
Neste sentido, o presente artigo tem o objetivo de apresentar a metodologia utilizada
no LabEE, mostrando os acertos e os erros do programa com base em sua aplicação, servindo
como base para outras iniciativas pelo país.
Para tanto, a metodologia escolhida para a elaboração do trabalho foi o estudo de caso
que consiste em uma investigação empírica que “investiga um fenômeno contemporâneo em
profundidade e em seu contexto de vida real, especificamente quando os limites entre o
fenômeno e o contexto não são claramente evidentes” (YIN, 2010, p.39). Trata-se de um
estudo de caso único e com observação participante, em que os participantes pesquisadores
têm papel ativo nos eventos estudados (YIN, 2010).
O estudo surgiu a partir da definição da questão de pesquisa, logo após, pesquisas
bibliográficas foram realizadas, que segundo Severino (2007, p. 122), caracterizam-se por
serem realizadas “a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em
documentos impressos, como livros, artigos, teses”. Com o intuito de obter informações,
pesquisas em fontes, físicas e eletrônicas, foram realizadas, para a construção de uma
fundamentação teórica que sustentasse o surgimento desse modelo de pré-incubação. O
estudo também focou no entendimento de incubadoras, incubadoras universitárias e pré-
incubadoras universitárias, seguindo um “funil teórico”, além de ferramentas para modelagem
de negócios com o intuito de serem parte do processo de aprendizado da pré-incubação. Por
fim, o estudo promove uma análise das pesquisas empíricas realizadas nos dois últimos ciclos
do programa, expondo as práticas mais adequadas para a realização desse modelo de pré-
incubação.
Para tanto, o artigo está fundamentado em revisão teórica aprofundada sobre o tema
empreendedorismo e metodologias de modelagem rápida de negócios que servem de alicerce
para justificar as etapas da metodologia que será descrita no artigo. A partir de destas revisões
teóricas e de pesquisas empíricas voltadas à essa área, o LabEE apresenta um método de pré-
incubação que reúne três metodologias de formação rápida de negócios: o design thinking, o
business model canvas e o lean startup. A fusão dessas três frentes, entrega ao laboratório a
missão de tornar uma ideia abstrata em um primeiro produto mínimo viável. Com base nesta
metodologia de pré-incubação o artigo estará apresentando resultados alcançados e lições
aprendidas em seu primeiro ciclo de aplicação ocorrido no âmbito da Universidade de São
Paulo.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Incubadoras de negócios e incubadoras universitárias
Incubadoras são iniciativas que buscam promover o desenvolvimento econômico e
tecnológico de países por meio do estimulo às ideias empreendedoras e o crescimento de
novos negócios (GRIMALDI e GRANDI, 2005). O conceito de incubadora permeia os
conceitos de tecnologia, mercado e conhecimento de modo a fomentar o empreendedorismo,
promover o desenvolvimento de novas organizações e impulsionar o potencial de novas
tecnologias. Incubadoras suportam negócios em crescimento oferecendo serviços, como
assistência no desenvolvimento nos planos de negócios e marketing, criação e gerenciamento
de equipes, obtenção de capital e, principalmente, ao acesso a profissionais e serviços
especializados. Não obstante, promovem espaços flexíveis, de compartilhamento de
equipamentos e serviços administrativos (GRIMALDI e GRANDI, 2005).
As incubadoras oferecem suporte para empreendedores que, geralmente, se situam nos
estágios iniciais de sua empresa, proporcionando um ambiente relativamente seguro, servindo
como uma vantagem perante às demais organizações (BATHULA, KARIA e ABBOT, 2011).
Não só isso, como também oferecem serviços diversos que refletem a base de consumidores
assim como os recursos disponíveis para as comunidades respectivas. Essa diferença na
necessidade e nos recursos diferem os tipos de incubadoras existentes. Grimaldi e Grandi
(2005) reconhecem quatro tipos de incubadora de negócios: Centro de Negócios de Inovação,
Incubadora Universitária de Negócios, Incubadoras Independentes Privadas e Incubadoras
Empresariais Privadas.
Incubadoras Universitárias de Negócios são tipos especiais de incubadoras que se
localizam dentro de universidades. São equivalentes aos outros tipos de incubadoras, contudo
apresentam algumas características exclusivas, como o envolvimento com o setor privado,
mentorias frequentes e o fato de que boa parte dos empreendedores provém das universidades
(BATHULA, KARIA e ABBOT, 2011).
Incubadoras universitárias de negócios (university business incubator, UBIs) são
formadas com o intuito de promover apoio às iniciativas de negócios baseados no
conhecimento, semelhante aos padrões de incubadoras. O foco principal dessas incubadoras é,
segundo Grimaldi e Grandi (2005), a geração e transferência de conhecimento científico e
tecnológico de universidades para empresas e uma saída para a comercialização da pesquisa
universitárias, servindo como mecanismos para superar os déficits das instituições de
incubação públicas tradicionais por meio do fornecimento de privilégios relacionados à
universidade. Dentre os benefícios temos como exemplos o acesso a laboratórios e
ferramentas, conhecimento cientifico relacionamento com parceiros-chave, assim como o
aproveitamento da reputação advinda do vínculo criado com a universidade (GRIMALDI e
GRANDI, 2005)
Incubadoras universitárias promovem uma oportunidade para os empreendedores
iniciantes, visto que potencializam os recursos e talentos obtidos dentro do âmbito da
universidade, criando um ambiente propício para criação de produtos e serviços de maior de
tecnologia e sofisticação. Evidencias sugerem que, empresas encontradas em incubadoras
universitárias apresentam um risco menor de falhar, devido aos subsídios fornecidos, como
conhecimento, licença e tecnologia para os empreendedores (BATHULA, KARIA e ABBOT,
2011).
Universidades e empresários apresentam uma relação de reciprocidade, ou seja, é
benéfica para ambos os lados. De um lado os empresários têm acesso a benefícios como
estrutura, contatos, tecnologia, enquanto do outro, as universidades se utilizam do
relacionamento ao captar oportunidades de treinamento para os estudantes e utilização em
pesquisas. A quantidade de benefícios que uma incubadora universitária de negócios pode
abarcar de uma universidade varia de acordo com algumas variáveis, como a capacidade de
incorporar tecnologia, o apoio de estruturas institucionais, grau de envolvimento dos talentos
da universidade com os projetos, tipo de oportunidade comercial que existe e o papel do
empreendedor (BATHULA, KARIA e ABBOT, 2011).
2.2 Pré-incubadora
O processo de pré-incubação emerge da necessidade de suportar acadêmicos a
superarem os principais obstáculos ao espírito empresarial e torná-los aptos para a formação
de sua própria empresa, em um contexto de baixo aproveitamento das inventividades geradas
dentro da universidade (USINE, 2013a). Segundo Deutschmann (2007) os empreendedores
que não possuem experiência empresarial anterior necessitam de educação em contabilidade,
marketing, recursos humanos, finanças e outros assuntos ligados às empresas, além de
treinamento em liderança, gestão do tempo, técnicas de apresentação e outras habilidades
pessoais importantes aos negócios, conforme demonstra a Figura 1 a seguir.
Figura 1: O papel da pré-incubadora no contexto universitário
Fonte: Adaptado de USINE (2002, p. 01).
Esta figura ilustra a facilitação do processo de spin-off de universidades através da
introdução de uma pré-incubadora. Com base nesta figura, a pré-incubação tem a função de
diminuir o gap/obstáculos existentes entre o conhecimento universitário e o desenho de
modelo de negócio mais próximo ao que o mercado realmente necessita. Em outras palavras,
segundo Deutschmann (2007), este diferencia as incubadoras das pré-incubadoras: os serviços
prestados são praticamente os mesmos, contudo, diferem na fase de vida do negócio em que
atendem, no foco na prestação do serviço e o custo para o empreendedor. As primeiras
atendem empreendedores com empresas já formadas, mesmo que em seu começo de vida, já
as pré-incubadoras, atendem empreendedores com ideias de negócio ou no estágio de
planejamento, que precisam de capacitação em fundamentos de um negócio (VOISEY,
JONES, THOMAS, 2013).
O principal foco dado pelas incubadoras se situa no serviço de escritório, enquanto as
pré-incubadoras, concentram-se na consultoria e treinamento, com uma série de instrumentos
para eliminar os obstáculos ao empreendedorismo acadêmico, como apoio ao teste de
mercado e venda de produtos mínimos viáveis, consultoria em planos de negócios e acesso a
redes de contato (USINE, 2013a), treinamento de habilidades de gestão, além de mentoria
individualizada para cada caso de negócio (DEUTSCHMANN, 2007). Deutschmann (2007)
em seu estudo conduzido em pré-incubadoras na Alemanha, expôs a importância que a
consultoria tem no processo de pré-incubação, enfatizando a repetição de consultorias iniciais
nos planos de negócios, treinamentos e assistências sobre assuntos mais específicos, como
direitos de patentes e assuntos legais.
Por fim, costumeiramente, as pré-incubadoras são gratuitas (DEUTSCHMANN, 2007;
RAJANIEMI, NIINIKOSKI, KOKKO, 2005), devido ao fato de que empresas embrionárias
não geram receita e boa parte das barreiras para o começo de um novo negócio é a falta de
capital financeiro. Apesar da gratuidade, algumas incubadoras finlandesas acreditam ser
importante um contrato com o pré-incubadora, para aumentar a responsabilidade e
compromisso com as atividades desenvolvidas (RAJANIEMI, NIINIKOSKI, KOKKO,
2005).
2.2.1. Comunicação e seleção de projetos
Para a seleção dos projetos, estudantes, graduados ou doutores devem produzir um
projeto de plano de negócios para serem aceitos nas pré-incubadoras (DEUTSCHMANN,
2007). Nas pré-incubadoras finlandesas, do estudo de Rajaniemi, Niinikoski e Kokko (2005),
a divulgação para captação de novos empreendedores são feitas através de um site da própria
instituição, contendo informações sobre as disciplinas disponíveis do curso (já que oferecem
créditos-aula pela participação na pré-incubadora), em eventos, em aulas fora do ambiente da
pré-incubadora e nos jornais e revistas dos estudantes. Depois são escolhidos por meio de seus
formulários de aplicação e julgados conforme a viabilidade da ideia.
2.2.2. Modelo de atuação de pré-incubadoras
Deutschmann (2007) sintetiza o funcionamento de uma pré-incubadora em: estudantes
aparecem com suas ideias de negócios embrionárias, participam do programa, utilizando
serviços como, espaço físico, treinamento, consultoria, mentoria e coaching, e ao final de 6 a
18 meses deixam a pré-incubação com uma startup recém-nascida, sendo usual já gerarem
seus primeiros volumes de vendas dentro desse processo. O modelo é sintetizado na figura 02,
a seguir.
Figura 2: Modelo de pré-incubação com destaque ao processo de consultoria nas pré-incubadoras
universitárias da Alemanha.
Fonte: Adaptado de Deutschmann (2007, p. 08).
A primeira pré-incubadora europeia, nascida em 1997, da Universidade de Bielefeld
(Alemanha) e que obteve seu modelo replicado na França e Espanha, desenvolveu um
programa baseado em duas questões básicas (USINE, 2013b):
1. Treinamento personalizado e aconselhamento individual, abordando as
temáticas de contabilidade, administração de empresas, análise de mercado
e de marketing a nível nacional e internacional.
2. Teste de potencial de mercado dos produtos, com base na venda em
mercados nacionais e internacionais, sendo as transações comerciais
protegidas pela própria pré-incubadora (riscos financeiros para os
empresários são reduzidos). Com base nas validações de mercado, os
produtos poderiam ser aperfeiçoados e ganhar escala.
As pré-incubadoras que seguiram o modelo de Bielefeld, desenvolveram também
ferramentas virtuais de apoio. Como o software para a criação de planos de negócios
desenvolvido para pesquisadores acadêmicos que possuem pouco ou nenhum conhecimento
ou experiência essenciais sobre a criação, desenvolvimento e gestão de negócios. O software
trabalha sete etapas: descrição geral da ideia de negócio, plano de produto/serviço, plano de
marketing, plano de produção, plano pessoal, plano econômico/financeiro e simulação de
viabilidade (USINE, 2013c). Outra ferramenta virtual foi criada para facilitar a relação de
parcerias estratégicas com a indústria, instituições de investigação e parceiros financeiros,
criando uma rede de contatos, quebrando barreiras de mercado para contatos estratégicos
internacionais.
Na pré-incubadora da Escola de Economia de Helsinki um treinamento intensivo é
realizado e ele é dividido em duas partes. Em sua primeira parte, disponibilizado para um
público-alvo mais amplo, são oferecidos conhecimentos fundamentais sobre
empreendedorismo, informações jurídicas, como é feita a seleção de mercados e aspectos
relacionados ao comportamento empreendedor. Depois, é oferecido uma estrutura mais
solidificada para o desenvolvimento um plano de negócios viável, com assistência no
planejamento de marketing, orçamento e finanças (RAJANIEMI, NIINIKOSKI, KOKKO,
2005).
Em resumo, as pré-incubadoras podem oferecer os seguintes serviços (RAJANIEMI,
NIINIKOSKI, KOKKO, 2005, p. 12): avaliação da viabilidade da ideia de negócio
apresentada e know-how; auxílio na formatação do plano de negócios (documentos oficiais,
plano de viabilidade, análises); orientações práticas (aplicações que completam, ponte com as
autoridades); educação financeira (auxílio na obtenção e gerenciamento de apoio financeiro);
mentoria (por outras empresas, empreendedores mais experientes, especialistas, estudantes
seniores); serviços de escritório (computador, telefone, fax, sala, mobiliário); treinamentos
(palestras, seminários, consultorias, oficinas); redes de contatos (rede já existente da pré-
incubadora e possibilidade de fomentar a rede em eventos) e; em casos mais extremos,
créditos acadêmicos como parte do curso. O processo é baseado na metodologia de
aprendizado com a prática (leaning by doing) e na aprendizagem baseada em problemas
(problem-based learning).
Voisey, Jones e Thomas (2013) sintetizam que a finalidade dos empreendedores com
as pré-incubadoras é de adquirir as habilidades necessárias para operar um negócio, realizar
testes reais de mercado e usufruir dos serviços de consultoria, seminários, oficinas, análise de
mercado e planejamento de negócios.
Segundo USINE (2005, p.70-88), sete questões foram analisadas como elementos
cruciais para o desenvolvimento das atividades de pré-incubação:
1. Arquitetura da pré-incubadora: a estratégia da pré-incubadora deve levar
em conta as potencialidades dos empreendedores, a instituição ao qual se
insere e os interesses e necessidades da região em que se situa, tendo objetivos
e missão claros do programa.
2. Educação empreendedora como caminho para a pré-incubadora:
consideração das atividades na pré-incubadora como um acréscimo do que é
oferecido pela instituição de ensino superior.
3. Grupo-alvo e seleção dos participantes: não só alunos precisam ser os
beneficiados pela pré-incubação, pesquisadores e funcionários das instituições
também podem ser contemplados. Para uma boa avaliação, devem ser
definidos os critérios de seleção e quem escolherá os participantes.
4. Serviços personalizados: treinamentos e mentoria podem ser oferecidos pelos
membros da instituição de ensino ou por profissionais especializados. Os
assuntos permeiam planos de negócios, avaliação da ideia e ferramentas para
desenvolvimento da ideia. As consultorias podem ser oferecidas de diversas
maneiras, sendo as mais comuns os workshops, de um dia de duração e
palestras com duração de uma a três horas (DEUTSCHMANN, 2007). A
colaboração entre os membros do programa de pré-incubação também deve ser
estimulada, para que se desenvolvam células de estudo.
5. Recursos: a pré-incubadora deve proporcionar os recursos intelectual (através
de funcionários e outros colaboradores) físico (por meio de escritórios) e
econômico (oferecendo caminhos para conquistas de prêmios e outros
subsídios).
6. A utilização eficaz e extensiva de redes: a pré-incubadora deve fomentar
redes de contato e promover o mesmo ao participante.
7. Boas conexões com a incubadora de empresas: as empresas podem
compartilhar o mesmo espaço físico e a interação entre essas empresas pode
gerar relacionamentos e troca mútua de conhecimento.
2.2.3. Outros pontos a considerar: tempo de pré-incubação e uso do espaço físico
De acordo com Rajaniemi, Niinikoski e Kokko (2005) o período de pré-incubação
pode variar de meses até anos, dependendo da abordagem de pré-incubação empregada. As
pré-incubadoras alemãs, pesquisadas por Deutschmann (2007), o tempo permitido para que os
empreendedores possam usufruir dos serviços até o limite que varia de 6 a 18 meses. Já no
contexto Finlandês, nos moldes apresentados por Rajaniemi, Niinikoski e Kokko (2005), o
tempo varia de 3 a 6 meses.
Quanto ao uso do espaço físico, na pré-incubadora da Universidade de Lueneburg
abordada no estudo de caso de Deutschmann (2007), os serviços de consultoria e as oficinas
eram verdadeiramente utilizados pelos empreendedores, contudo, o espaço físico oferecido é
marginalmente utilizado, representando o mesmo problema enfrentado pelo LabEE, em que
os empreendedores negligenciam o espaço e não vivenciam a potencialidade do ambiente.
2.3. Métodos de desenvolvimento de novos negócios
O processo de pré-incubação baseado nos pilares apresentados anteriormente -
acompanhamento, treinamento e compartilhamento pode ser baseado em diversos métodos de
desenvolvimento de novos negócios.
Dentre os métodos mais comumente utilizados para desenvolvimento de novos
negócios tem-se três métodos principais: o design thinking, criado pela IDEO, o lean startup,
sugerido por Eric Ries, e o business model canvas (BMC).
O processo de design thinking não se inicia com uma ideia ou um objetivo, mas com
um problema ou uma questão (MUELLER e THORING, 2012). O método é dividido em seis
etapas centradas no usuário e focadas em descobrir, compreender e alcançar o verdadeiro
desafio. Esse modelo parece ser apenas aplicável a todo o problema, não em sub-problemas
específicos (MUELLER e THORING, 2012). As etapas não possuem um término definido, há
ciclos de correção que se complementam a partir da última etapa, o teste.
O segundo método é o lean startupou, ou startup enxuta. Esse método é igualmente
centrado no usuário mas foca na prevenção de desperdício de recursos durante a estruturação
de um produto ou de um serviço. O processo de aprendizagem não apresenta início e fim
definidos (MUELLER, THORING, 2012), podendo ser aplicado em qualquer fase de um
empreendimento, o que o torna adaptável e flexível. Ries (2011), idealizador do processo,
lista cinco princípios: 1) Empreendedores estão por toda parte; 2) Empreender é administrar;
3) Aprendizado validado; 4) Construir-medir-aprender; 5) Contabilidade para inovação
(RIES, 2011). O quarto ponto, foco da metodologia proposta, constrói de forma análoga ao
design thinking um ciclo de inovação e geração de novos negócios. A comparação dos dois
métodos feita por Mueller e Thoring (2012) afirmam que ambos os ciclos de aprendizagem
utilizam ferramentas semelhantes, mas a nomeiam de maneiras diferentes. Ries (2011)
também desenvolve conceitos importantes, como o produto mínimo viável (MVP), o salto de
fé (ou atos de fé), o pivô e análise coorte. O primeiro diz respeito à construção de protótipos
(ou produtos) não acabados para servir como objeto de validação de uma ideia. O MVP tem
como objetivo evitar o desperdício de tempo e recurso para desenvolver algo que não resolve
o problema do consumidor, ou em outras palavras, desenvolver algo que o consumidor não
vai adquirir porque não quer ou porque não necessita. Ries sugere ainda, que o MVP seja
desenvolvimento o mais rápido possível, a partir das hipóteses geradas no salto de fé (RIES,
2011). Esses saltos de fé são os elementos mais arriscados de uma startup; de onde tudo
depende (RIES, 2011). Já o pivô é o ponto em que se absorve todos os conhecimentos gerados
a partir das métricas e decide-se por mudar o rumo no desenvolvimento do negócio. A análise
coorte é uma ferramenta muito importante na tomada dessa decisão. Ela é baseada no
desempenho de cada grupo de clientes que entra em contato com o produto
independentemente (RIES, 2011). De maneira resumida, o ciclo construir-medir-aprender
presente nos dois métodos a partir do teste e da pivotação, parte da geração de ideias para a
construção; do lançamento do produto para as métricas; da geração de dados para o
aprendizado.
O terceiro método, o Business Model Canvas, foi desenvolvido por Alexander
Osterwalder e testado em grandes empresas como a IBM e Ericsson. A metodologia acredita
na importância de se delimitar raciocínio da organização, como ela cria, entrega e captura
valor para seus consumidores. É descrita como uma ferramenta para modelagem de negócios
que que foca em simplificar a descrição e a discussão da empresa. A principal característica
do conceito é que ele deve ser acessível, relevante e intuitivo com a missão de manter as
complexidades que cercam a manutenção de uma empresa. O processo é composto por nove
blocos construtivos que mostram a lógica de como uma companhia pretende lucrar, sendo
eles: segmentos de consumidores (para qual público pretende-se criar valor), proposta de
valor (qual valor pretendido para entregar aos clientes), canais (como uma empresa se
comunica e alcança o consumidor de modo a entregar a proposta de valor a ele),
relacionamento com os consumidores (tipo de relação mantida com o consumidor), fluxo de
receita (formas de gerar fluxo nas receitas), recursos-chave (ativos para fazer o modelo de
negócios ter êxito), atividades-chave (atividades que uma empresa deve fazer para um modelo
de negócios funcionar), parceiro-chave (rede de suprimentos e parceiros) e estrutura de custos
(custos de operação), segundo Osterwalder e Pigneus (2010).
Com base nesta revisão da literatura apresenta-se a seguir o estudo de caso que se
utiliza de tal arcabouço teórico para analisar e tecer considerações futuras.
3. Estudo de Caso: pré-incubação através do Laboratório Empreendedorismo-Escola
(LabEE)
O projeto de pré-incubação denominado Laboratório Empreendedorismo-Escola
(LabEE) nasce no contexto da Universidade de São Paulo, campus leste da cidade de São
Paulo. Sendo assim, antes de expor sobre a pré-incubação, torna-se importante contextualizar
o cenário empreender em que está inserido.
3.1. Estímulo à inovação e empreendedorismo presentes na região onde o LabEE está
inserido
A Escola de Artes, Ciências e Humanidades possui ações consideradas impactantes no
que tange a disseminação da cultura do empreendedorismo e da inovação no campus.
No que tange ao ensino, entre os 10 cursos da unidade há 3 deles que oferecem
disciplinas voltadas para o ensino do Empreendedorismo na graduação, sendo que outros
cursos estão buscando reformular seus currículos para incluir tal conteúdo em sua grade
curricular. Entretanto, sabendo da demanda de vários alunos em se aprofundar no tema, uma
docente do curso de Sistemas de Informações oferece a disciplina de Empreendedorismo
aberta a todo aluno da EACH, desde o ano de 2009. Tal disciplina oferece um formato
diferente e que vêm despertando uma demanda por parte dos alunos cada vez maior:
aproximação da prática do que é ser empreendedor do aluno. Cada aula é dividida em parte
teórica e palestra de empresário dos mais diversos segmentos. Manter semanalmente ativa
uma rede de contatos de empresários com experiências de sucesso e fracasso, e ainda,
dispostos a vir, gratuitamente, divulgar suas experiências no âmbito da Universidade, não é
algo corriqueiro e normal no âmbito da interface universidade-empresa, demonstrando valor
agregado ao curso. Tem-se hoje 775 já formados somente nesta disciplina, com mais de 90
palestras e 08 prêmios nacionais alcançados como resultados dos trabalhos dos alunos, dentre
eles: aceleração pela Fundação Leman/Encontre um Anjo; Liga dos Campeões/Endeavor;
aceleradora SEED/MG; Mulheres 50+ em rede; selecionados como finalista no: StartupFarm;
CampusParty; Prêmio mundial do Imagine Cup/Microsoft 2015, Prêmio Nacional do Imagine
Cup 2016 concorrendo ao mundial (aguardando fase final); e, Prêmio Santander.
No que tange a pesquisa e extensão há diversas ações que podem ser citadas.
Entretanto, cita-se o projeto denominado Programa Empreendedorismo-Escola que abriga
diversas atividades no campus. O principal objetivo do Programa é formar, relacionar e
ensinar sobre o empreendedorismo, através de um processo lógico e sequencial capaz de
transformação de ideias em novos projetos. O Programa está aprovado na Comissão de
Cultura e Extensão desde 2009, tendo recebido menção honrosa por parte da Pró-reitoria de
Cultura e Extensão no ano de 2013 por conta de seus resultados alcançados. Estão incluídos
neste Programa, além da disciplina aberta de Empreendedorismo citada anteriormente,
também:
1. Incubadora da USP Leste denominada Habits / Incubadora-Escola: tendo como foco
a inovação tecnológica e social é a primeira incubadora 100% USP, totalmente
regulamentada sob as normas da procuradoria da USP, construída com verba
governamental através de seleção via edital público e com apoio da direção da unidade a
partir do ano de 2009. Importante frisar ainda que ela se tornou modelo por sua vertente
social, onde projetos devem ser sustentáveis, mas que obrigatoriamente devam dar retorno
imediato para a sociedade. Iniciou suas atividades em fevereiro de 2012 e desde então
vem sendo o local de referência para iniciativas sobre empreendedorismo e inovação no
campus. Possui capacidade para abrigar 15 empresas, sendo estas selecionadas através de
edital público. O projeto foi iniciado com 6 empresas piloto, onde 3 delas saíram por não
se enquadraram e 3 permaneceram. Uma delas foi recentemente considerada graduada,
por já atingir o montante acima de 1 milhão de reais e podendo competir no mercado sem
a necessária estrutura de uma incubadora. Atualmente há 10 empresas incubadas.
2. Ateliê de Ideias: ambiente aberto a alunos interessados em empreender e testar suas
ideias. É um ambiente de coworking onde os alunos e potenciais empreendedores podem
se encontrar para amadurecer suas ideias afim de se candidatarem para investimentos ou
mesmo em processo de incubação. Este ateliê funciona dentro da Incubadora e tem grande
rotatividade de alunos e convidados que enriquecem o ambiente. Iniciado em 2013 com
alto índice de utilização. Desde o ano de 2013, a cada quarta-feira da semana, sempre no
final do dia tem-se as chamadas Rodadas de pitch, onde uma ideia de um potencial
empreendedor é exposta ao público presente, no intuito de ajudá-los na validação de
ideias, no próprio desenvolvimento do pitch e lhe auxiliar mostrando caminhos
alternativos em seus negócios, tendo professores, empreendedores e profissionais na área
participando das rodadas.
3. HUbEE: O Hub de Estudantes Empreendedores do Programa Empreendedorismo-Escola
(HubEE) é um grupo de alunos que tem a missão de ajudar, ensinar, aprender e fomentar o
empreendedorismo na USP Leste através de conversas (talks) com empreendedores,
workshops (Hands on!) e brainstorming's. Todas as ações são voltadas para o
desenvolvimento dos negócios dos atuais ou potenciais empreendedores. Nos
denominados Talks, promove-se o intercâmbio entre empreendedores que já estão no
mercado e os que estão no início de seus negócios, inspirando-os com histórias de acertos
e fracassos ou discussões sobre temas específicos. Nos workshops o intuito é fornecer
conhecimentos práticos de ferramentas e metodologias legais para serem aplicadas no
desenvolvimento de novos negócios e gerar inovação. Os brainstorming's são sessões
promovidas com o intuito de discutir temas pré-estabelecidos e desenvolver as ideias dos
empreendedores. É a forma dos alunos engajados com empreendedorismo dar apoio
personalizado de forma colaborativa. Com essas ações aqui citadas, promovem a criação
de um ambiente empreendedor dentro do Campus Leste da Universidade de São Paulo,
sendo coordenados pelo Programa Empreendedorismo-Escola. Desenvolvem suas
atividades na incubadora Habits, dentro do Ateliê de Ideias. Os membros ativos atuais do
HubEE são 3 alunos responsáveis e mais 5 novos membros; outros 3 ex-alunos da EACH
e membros do HubEE foram se concentrar nas suas startups e ajudam no grupo dando
ideias e fazendo ponte com outros empreendedores.
4. LabEE: laboratório rotativo, estilo bancada onde alunos podem se inscrever em busca de
um espaço para desenvolver suas ideias de forma concentrada. Podem utilizar o espaço
conjunto da incubadora e assim poder ter mais proximidade com o dia a dia de um
empresário. Em cada ciclo, há 15 vagas neste projeto de bancada iniciado em 2015.
Maiores detalhes deste projeto, alvo do estudo deste artigo, será exposto no item 3.2., a
seguir.
De uma forma geral, além dos 775 alunos formados através da disciplina e apoio às 11
empresas incubadas, o Programa Empreendedorismo-Escola já desenvolveu e deu apoio à
mais 70 edições de eventos, palestras, workshops, e ainda, dentro deste cenário de inovação
foram mais de 15 negócios que surgiram ou passaram por esse ambiente, sendo que 10
negócios já ganharam prêmios nacionais e internacionais e participaram de processos de
aceleração ou incubação. Só em 2015, foram 5 edições em pouco mais de um mês, desde que
retornamos às atividades na Incubadora, com participação de mais de 80 alunos e
empreendedores. Já impactamos mais de 2000 pessoas com as histórias dos empreendedores
dos mais variados mercados. Para que todo este ambiente em torno do Programa
Empreendedorismo-Escola ocorra há o envolvimento de 2 bolsistas de mestrado (1 do
mestrado acadêmico e outro do mestrado profissional em empreendedorismo); 5 bolsistas
fomentados através da aprovação de projetos de iniciação científica; 1 funcionário cedido pela
direção da unidade e vários alunos voluntários, sendo 8 do HubEE.
Com relação às empresas juniores (EJs), a unidade leste da Universidade de São Paulo
possui hoje 7 empresas juniores. Como forma de organização interna foi constituído o Núcleo
de Empresas Juniores da EACH (Núcleo EACH Jr.) capaz de ser o canal de comunicação
junto a Comissão de Cultura e Extensão (CCEx). Dentre elas apenas 1 delas está efetivamente
vinculada ao Núcleo de Empresas Juniores geral da USP. Frente a nova regulamentação da
Pró-reitoria de Cultura e Extensão as EJs estão num processo de enquadramento e buscando
docentes que sejam interlocutores das mesmas em seus respectivos cursos. O Núcleo
idealizou e realizou em 2010 o TED (Technology, Enterteinment and Design) na USP Leste
denominado de TEDxUSPLeste. Conferência inter e multidisciplinar nos moldes
internacionais das conferências TEDx, um programa destinado à difusão do conhecimento de
ponta gratuitamente voltado para o empreendedorismo, principalmente de cunho social, é o
grande mote dos eventos TEDx. Foi o primeiro evento do TEDx na USP.
Outro fato importante a ser relatado no que tange ao interesse do campus na área de
empreendedorismo e inovação é a realização da Feira de Inovação Social e Tecnológica 2012
no campus leste/capital da Universidade de São Paulo em parceria com a Agência USP de
Inovação, Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da USP. Tal parceria permanece ativa até o
presente momento, em virtude principalmente, pelo fato de que a vice-coordenadora deste
órgão desde 2013 é docente da unidade.
Através do exposto torna-se possível demonstrar que as atividades para formar e
fomentar o empreendedorismo e estimular a inovação estão presentes na USP Leste e que há
canais de relacionamento estabelecidos sendo, portanto, base estruturante para os resultados
alcançados pelo Laboratório Empreendedorismo-Escola (LabEE), tema deste artigo.
3.2. O Laboratório Empreendedorismo-Escola (LabEE)
O projeto LabEE nasceu com o propósito de auxiliar empreendedores que possuem
apenas uma ideia, sem estruturação suficiente para arcar com os custos de aluguel que uma
incubadora necessita. O fomento do empreendedorismo se faz presente na integração de
atividades acadêmicas e com a ampliação da oportunidade de acesso ao espaço físico da
Habits, uma vez que, LabEE oferece um espaço de trabalho compartilhado dentro da
incubadora com trocas de experiências orgânicas, em um espaço de coworking estruturado em
três pilares: acompanhamento, treinamento e compartilhamento.
Em outras palavras, o LabEE foi criado com o objetivo de atingir e fomentar o
empreendedorismo entre os alunos do campus com foco nos esforços de atração de candidatos
deste perfil. O público-alvo a ser comunicado são alunos da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades (EACH) de graduação e pós-graduação da referida unidade, de todos os cursos
e semestres, que possuem uma ideia de negócio ou um negócio em estágio inicial e precisam
de espaço físico e ajuda para desenvolvê-lo e/ou alunos que desejam participar de futuros
editais de incubação e/ou aceleração, mas que ainda não estão prontos para o processo de
seleção.
Apesar de ter sido projetado inicialmente com o objetivo de ser um espaço de trabalho
colaborativo - uma preocupação da incubadora - o LabEE tomou formas exatas de pré-
incubação, focando em oferecimento de recursos intelectuais presentes em consultoria,
treinamentos, atividades e mentoria direta.
Um dos diferenciais do projeto está em sua metodologia: um modelo de pré-incubação
de três meses, resultante da revisão bibliográfica de estudos já realizados nessa área, como
artigos científicos e livros e também do empirismo, que reúnem três metodologias de
formação rápida de negócios (Design Thinking criado pela IDEO, Business Model Canvas
(BMC) e Lean Startup sugerido por Eric Ries,), com a missão de tornar uma ideia abstrata em
um primeiro produto mínimo viável. Ou seja, o LabEE possui como pilares sustentadores
apresentados anteriormente pela literatura – acompanhamento, treinamento e
compartilhamento – e que foram desencadeados ao longo do projeto com base nestes três
métodos principais citados. O modelo apresentado pelo LabEE possui um período de duração
de 3 meses, sem variação de tempo. Esta questão de duração também se torna um diferencial
para este programa de pré-incubação, pois no Brasil e no mundo, de uma maneira geral, a pré-
incubação costuma ter uma duração que varia de 6 a 12 meses. Sua metodologia de 3 meses,
possui acompanhamento direto de docente e alunos bolsistas de iniciação científica e
mestrado, compartilhamento orgânico e desenvolvimento a partir de treinamentos e
workshops.
Em termos de infraestrutura, o projeto conta com uma sala específica composta por
computadores que foram doados para este ambiente, sendo possível ainda utilizar todos os
espaços compartilhados da incubadora para os treinamentos e atividades-afins caso
necessário.
Dentro do LabEE, a comunicação é feita tanto pela página da rede social Facebook do
Programa Empreendedorismo-Escola, como também por meio de banners físicos espalhados
pelo campus. O processo de seleção é realizado a partir da submissão de planos detalhado da
ideia e é julgado com base na viabilidade da ideia.
4. O LabEE: análise e recomendações
A metodologia desenvolvida para o LabEE tem um cronograma composto por três
meses e tem como foco o método lean startup (RIES, 2011) para desenvolvimento rápido de
negócios e na construção de MVP baseado no design thinking, utilizando-se ainda do Canvas
para construir seu modelo de negócios. Desde sua criação em 2015, é válido ressaltar que o
LabEE construiu dois ciclos de três meses, com cerca de 30 pré-incubações, que são descritos
a seguir.
O LabEE é um dos programas oferecidos pela Habits Incubadora-Escola da
Universidade de São Paulo. Sua relação com a instituição se dá não só por meio da utilização
do espaço e de todos os insumos necessários para as atividades, mas também, através do
oferecimento dos mentores do laboratório.
4.1. O Primeiro Ciclo
O LabEE iniciou suas atividades em setembro de 2015 com um total de 15 ideias
selecionadas, todas de caráter social e tecnológico pertencentes a alunos da Universidade de
São Paulo.
4.1.1 Ideias selecionadas
- Um aplicativo gameficado com o objetivo de conectar voluntários a
organizações que necessitam de auxílio, mostrando ao potencial voluntário
organizações que se encontram em um raio próximo de sua localização.
- Um aplicativo que objetiva trocar quilômetros percorridos com meios de
transporte não motorizados em doações para instituições carentes.
- Um aplicativo que visa transformar a quantidade de CO2 emitida pelo usuário
em pontos e doações para instituições carentes.
- Uma pulseira inteligente destinada à dependentes químicos que identifica
recaídas e conecta-se com um aplicativo para prevenção.
- Serviço de bartender inovador com foco em mídias sociais.
- Um aplicativo para conectar vendedores ambulantes de comida e potenciais
clientes, dentro da faculdade.
- Um conjunto de materiais voltados ao ensino de Libras com foco no modelo de
pensamento da língua e do deficiente que a utiliza.
- Um aplicativo dedicado a planejamento de viagens com foco no contexto
histórico dos lugares e nos comércios ao redor.
- Um aplicativo que pretende conectar consultórios médicos a pacientes com
possibilidade de agendamento e recomendações.
- Aplicativo que visa vender materiais utilizados em consultórios de odontologia
para alunos de universidades.
- Um aplicativo que recomende produtos eletrônicos acessíveis para pessoas que
não possuem conhecimento em tecnologia.
- Um aplicativo que auxilie na gestão do tempo e produtividade para o público
entre 12-17 anos.
- Aplicativo para reunir festas e baladas na região de São Paulo.
- A criação de um método de ensino que seja diferente das escolas tradicionais.
- A criação de cursos com o objetivo de prestar serviços educacionais a
professores.
4.1.2 O Projeto
O projeto foi dividido em cinco etapas que continham, além de uma atividade a ser
realizada com base em um dos três métodos citados na literatura, também continham um
treinamento do mesmo método, como forma de correção e aprendizagem. As etapas estão
descritas a seguir:
Etapa 1 (22/09 - 30/09)
A atividade consistiu na construção do modelo Canvas e criação de uma lista de
concorrentes com o objetivo de atentar os participantes para a viabilidade da ideia e de como
trabalhar para que ela se transforme, de fato, em um negócio. A utilização do Business Model
Canvas promoveu uma visão panorâmica da empresa, demonstrando melhor qual é a proposta
de valor feita e foi afirmado a partir de um treinamento promovido por um especialista no
método.
Etapa 2 (01/10 - 17/10)
A atividade promoveu a desconstrução da ideia a partir do pensamento de novas
soluções para problemas existentes por meio de entrevistas. As pesquisas de cunho
exploratório (cinco para cada participante) tiveram como objetivo vivenciar e entender o real
problema do usuário, com foco na metodologia de design thinking. Um workshop do método
também foi oferecido para que os participantes se familiarizassem com a cultura de estruturar
primeiro o problema e depois, uma possível solução.
Etapa 3 (18/10 - 31/10)
A etapa três marcou o meio do ciclo, promovendo a correção das etapas anteriores e o
início da busca por potenciais clientes dentro da segmentação de público alvo escolhida.
Nesta etapa, não houve treinamento, mas a apresentação das ideias em uma rodada pitch
(apresentação curta de até 5 minutos) para acompanhamento.
Etapa 4 (01/11 - 14/11)
A quarta etapa ofereceu todos os instrumentos para a primeira prototipação das ideias,
com atividades não só de construção de protótipo, mas de teste de mercado e metrificação.
Nesta etapa houve uma segunda apresentação das ideias, desta vez, focada em vendas e
investidores e um treinamento de metrificação.
Etapa 5 (15/11 - 21/11)
A última etapa do ciclo aconteceu com o objetivo de promover a pivotação, o teste e a
busca por investidores. Nesta etapa houve uma mentoria direta, ao invés de um treinamento
específico, onde houve a construção de uma ponte entre cada participante e uma pessoa de
referência na área abordada por ele.
Resultados
O primeiro ciclo finalizado no final de 2015 resultou em uma incubação instantânea na
incubadora Habits, outra foi selecionada para apresentação no Campus Party e participou do
processo de seleção da incubadora SEED em Minas Gerais, e outra se tornou um projeto
dentro de uma startup recém-criada.
4.2. O Segundo Ciclo
O segundo ciclo se iniciou em março de 2016 sendo dividido, desta vez, em oito
etapas. As barreiras encontradas no primeiro ciclo foram revistas e reconsideradas para o
desenvolvimento do segundo ciclo.
4.2.1 Ideias selecionadas
- Trubby: plataforma que gerencia estoque e contabilidade de food trucks e
pequenos quiosques gastronômicos. O sistema alerta o usuário para a escassez
de itens em estoque e entrega relatórios de vendas em tempo real para apoiar
decisões rápidas de negócio.
- Pólis: uma iniciativa voltada para promover uma melhor qualidade no ensino
brasileiro. Trabalhando tanto com professores, quanto com alunos novas
abordagens de ensino que permitam desenvolver autonomia e resolução de
problemas, para que em conjunto eles possam repensar a forma como se faz
não só a sala de aula, mas também a escola.
- Alpha55: a ideia é proporcionar conforto para as pessoas dentro das empresas e
mostrar como a produtividade e a retenção de talentos está alidada a isso.
- O projeto consiste em desenvolver um ambiente lúdico através da utilização de
recursos tecnológicos, como por exemplo o uso de jogos eletrônicos, para
complementar o tratamento de pessoas com transtornos de ansiedade social.
Pois muitas pessoas, que antes tinham medo de interagir com os outros,
conseguem se libertar desse "invólucro" por meio de uma experiência positiva
que lhes permitem perceber a necessidade e o prazer em se relacionar com os
outros.
- Cara, cadê meu médico? O projeto consiste em uma plataforma que pacientes
podem marcar consultas com um médico, tudo através da internet. Através da
plataforma, o processo de marcar uma consulta com um médico seria
facilitado, sendo benéfico para ambos os lados.
- Piggy Bank: uma forma colaborativa de captação de recursos para fins
humanitários, focando principalmente em saúde e alimentação, critérios
básicos para existência de qualidade de vida. A solução se dá através do
repasse dos centavos que não são dados de troco por parte das empresas. Com
valores pequenos, no final do mês as empresas juntam uma grande quantidade
de dinheiro, que pode ser transferido para ONG’s que necessitam.
- Perifações: o Jardim Keralux, comunidade vizinha ao campus da USP Leste, é
reflexo dos constantes conflitos sociais, econômicos e políticos da cidade de
São Paulo. O projeto ainda sem um rumo definido tem a proposta de tentar
mudar a realidade da comunidade. Um dos problemas que eles visam atacar é a
falta de união da comunidade.
- Phantasos: a ideia consiste em criar uma forma de visualizar e interagir, no
mundo real, com uma plataforma virtual: equipamentos nos vértices de uma
sala criam a versão virtual e 3D dela, através da distância entre si. Os arquivos
são convertidos de forma que podem ser vistos e colocados dentro desse
"modelo 3D" (uma imagem, vira um quadro). O usuário vê (através de uma
tela, ou um óculos) no ambiente real todo o conteúdo que foi colocado naquela
sala virtual (de mesmas dimensões que a real). Através de sensores nas mãos o
usuário interage com o conteúdo da sala.
- A ideia é repensar a forma como se faz a locomoção na cidade de Jacareí.
Implementando uma forma colaborativa de aluguel de bicicletas, fazendo com
que as pessoas que queriam alugar suas bicicletas, ganhem dinheiro e as que
não as tem, as aluguem por um preço acessível.
- Coletivo Urbano Rural de Reforma Alimentar: visa trabalhar uma reforma
alimentar através de práticas que aproximem os consumidores da cidade aos
produtores rurais. Empoderando os produtores, mostrando possibilidades de
comércio e alternativas de produção. Empoderando também os consumidores,
sobre o seu poder de escolha e as consequências que isso gera na cadeia
produtiva do alimento que chega na sua mesa.
Etapa 1 (02/03 - 07/03)
A primeira etapa iniciou-se com uma rodada de entrevistas, onde cada participante
tinha o objetivo de encontrar, com seu público alvo, problemas de interesse da área e soluções
recomendadas pelos usuários para esses problemas. A primeira semana foi marcada pelo
conhecimento das ideias e dos participantes em reunião de apresentação.
Etapa 2 (07/03 - 20/03)
A segunda etapa ofereceu aos participantes a construção e a aplicação do Business
Model Canvas, com um workshop do método para o auxílio na modelagem de seus negócios.
Nesta mesma etapa, todos os participantes construíram uma lista de concorrentes diretos e
indiretos, apresentando seus diferencias em relação a eles.
Etapa 3 (21/03 - 03/04)
A etapa três promoveu a ideação e o início da prototipação dos projetos selecionados a
partir do Design Thinking, onde cada participante precisou desconstruir a ideia e reconstruir
com o pensamento diante do usuário.
Etapa 4 (04/04 - 10/04)
A quarta etapa os induziu a procurar potenciais usuários de suas ideias, além de contar
com a primeira apresentação das ideias depois do início do laboratório. Todas as ideias foram
apresentadas em pitch voltados à investidores como treinamento.
Etapa 5 (11/04 - 17/04)
Esta etapa foi voltada à criação da identidade visual das empresas, ponto requisitado
no ciclo anterior, tendo como objetivo desenvolver promover mais seriedade ao apresentar a
ideia às pessoas.
Etapa 6 (17/04 - 01/05)
A sexta etapa ofereceu todos os instrumentos para a primeira prototipação das ideias,
com atividades não só de construção de protótipo, mas de teste de mercado e metrificação.
Nesta etapa houve uma segunda apresentação de ideias, desta vez, focada em vendas e
investidores e um treinamento de metrificação.
Etapa 7 (09/05 - 22/05)
A última etapa do ciclo aconteceu com o objetivo de promover a pivotação, o teste e a
busca por investidores. Nesta etapa houve uma mentoria direta, ao invés de um treinamento
específico, onde houve a construção de uma ponte entre cada participante e uma pessoa de
referência na área abordada por ele.
Resultados
Dentre os resultados alcançados neste segundo ciclo tem-se como destaque um dos
projetos está no segundo processo de prototipação, outro projeto está iniciando aplicações
teste e outro projeto está em fase de construção do primeiro protótipo. Importante frisar que
todos estão se preparando para a abertura do próximo edital da incubadora Habits.
4.3. Análise geral do LabEE
De uma forma geral, visando analisar a estrutura e a metodologia utilizada na pré-
incubação do LabEE em seus dois ciclos até o presente momento, utiliza-se metodologia de
USINE (2005, p.70-88) citado anteriormente. Em tal metodologia as sete questões que devem
ser consideradas para analisar o desenvolvimento das atividades de pré-incubação estão a
seguir relacionadas, sendo contextualizadas para o estudo de caso em questão – LabEE:
1. Arquitetura da pré-incubadora: a estratégia da pré-incubadora LabEE leva
em consideração as potencialidades dos projetos dos empreendedores inscritos
no programa, sendo todos alunos da Universidade de São Paulo, assim como
atenta-se para o foco dos projetos apresentados traçando um paralelo com as
necessidades da Zona Leste da cidade de São Paulo, local onde se situa, tendo
objetivos e missão claros. Importante considerar que sendo a Zona Leste
considerada uma região dormitório (seus respectivos habitantes residem
moram, mas não trabalham na região) demonstrando a carência de
desenvolvimento local, somado ao fato de abrigar cerca de 7 milhões de
habitantes, a escolha das ideias a serem desenvolvidas no LabEE devem levar
em consideração tal contexto e suas necessidades locais.
2. Educação empreendedora como caminho para a pré-incubadora: neste
quesito, considera-se o LabEE uma atividade de pré-incubadora que acresce ao
que é oferecido pela instituição de ensino superior. O processo de aplicação da
metodologia utilizada em seus dois ciclos apresentou resultados bastante
satisfatórios. Por sua característica que aborda o ensino do empreendedorismo
através de treinamentos e acompanhamento dos projetos semanalmente por
parte de docente e apoio de alunos bolsistas, além da validação da metodologia
em questão, o LabEE também conseguiu gerar impactos em ideias
selecionados.
3. Grupo-alvo e seleção dos participantes: segundo o autor, esta pré-incubação
deve não somente beneficiar, mas também contemplar os alunos,
pesquisadores e funcionários da instituição; fato este que o LabEE cumpre
envolvendo alunos, docentes/pesquisadores da área e funcionário. Com relação
a seleção, para uma boa avaliação da pré-incubação, devem ser definidos os
critérios de seleção e quem escolherá os participantes, o que no projeto LabEE
é feito através de chamada pública local, sendo um processo aberto e
transparente, assim como possui conta com docentes do Comitê de
Acompanhamento para atuar no processo de seleção das ideias. Sendo assim,
com relação a esta questão o LabEE atende plenamente seus objetivos.
4. Serviços personalizados: segundo a teoria, treinamentos e mentoria podem ser
oferecidos pelos membros da instituição de ensino ou por profissionais
especializados. Com relação aos serviços prestados, aqui está o destaque do
LabEE, pois possui acompanhamento a evolução das ideias de forma semanal,
via grupos em aplicativos, como por exemplo no WhatsApps, rede social como
o facebook, espaço físico e ainda pelo menos um encontro semanal presencial
com todos os projetos, bolsistas alocados para apoiar os projetos e docentes do
Comitê de Acompanhamento da incubadora Habits. Nestes encontros semanais
são aplicados treinamentos específicos e palestras com empresários sob temas
específicos de acordo com as demandas dos projetos.
5. Recursos: com relação aos recursos a pré-incubadora LabEE proporciona os
recursos intelectuais através de bolsistas e docentes que compõem o Comitê de
Acompanhamento da incubadora, assim como 1 vez ao mês participam de uma
dinâmica onde os empresários incubados na Habits são os mentores das ideias
do LabEE por uma tarde. No quesito de recursos físico destina sala específica
para alocar os 15 projetos, com computadores doados para este fim, além de
poderem utilizar toda a infraestrutura da incubadora Habits. Com relação ao
quesito econômico, a pré-incubação oferece apoio através de bolsistas que os
docentes fomentados através da submissão específica junto a comissão de
pesquisa, ensino e/ou cultura e extensão da USP, além de oferecer caminhos
para conquistas de prêmios e outros subsídios através de orientações,
divulgações e mentorias.
6. A utilização eficaz e extensiva de redes: cm relação às redes de contatos a
pré-incubadora LabEE fomenta redes de contato e promover o mesmo ao
participante indo desde o contato com os empresários da incubadora Habits,
como também dos mais diversos eventos e palestrantes convidados para
ministrar no ambiente da Incubadora. O projeto está, portanto, abrigado dentro
do Programa Empreendedorismo-Escola já citado anteriormente e faz parte de
um ecossistema local dentro da Universidade de São Paulo em conexão com
empresários das mais diversas áreas e portes de empresas.
7. Boas conexões com a incubadora de empresas: segundo este autor, para que
a pré-incubação funcione e se desenvolva de forma adequada, tal ambiente
deve compartilhar o mesmo espaço físico com incubadoras de empresas o que
resultaria numa interação entre essas empresas, podendo gerar relacionamentos
e troca mútua de conhecimento. O LabEE está imerso no mesmo espaço físico
da Incubadora Habits e mantem com seus respectivos incubados uma forte
proximidade que traz benefícios relevantes para ambo os lados.
Importante frisar que todas estas questões atendidas para se ter uma pré-incubação
com potencial de desenvolvimento segundo a literatura citada, somada ao fato de que, durante
os meses de pré-incubação, seus dois ciclos tiveram foco no desenvolvimento e na
estruturação do negócio, traz ao LabEE um potencial para fazer a diferença em termos de
empreendedorismo no contexto regional onde está inserido.
Outro ponto a ser considerado é com relação ao seu impacto social do Laboratório
Empreendedorismo-Escola. Seus resultados demonstram que as soluções inovadoras vêm
trazendo impactos positivos, não somente para os alunos da Universidade de São Paulo
envolvidos no projeto, como também para a sociedade em geral que usufrui de tais inovações.
Todas as ideias presentes no laboratório possuem caráter social e/ou tecnológico,
demonstrando os esforços da atual geração empreendedora em resolver problemas, fazer a
diferença e transformar a realidade do país.
5. Conclusões e contribuições tecnológicas e sociais
O fruto deste trabalho foi uma análise dos dois primeiros ciclos de implementação de
um modelo de pré-incubação aplicado na incubadora tecnológica e social Habits, sediada no
campus leste da Universidade de São Paulo, campus capital. O projeto aconteceu nos anos de
2015 e 2016 em dois ciclos de três meses, onde o estudante ingressa com uma ideia de
negócio e pôde transformá-la em um negócio viável e com possibilidade de participar de um
processo de incubação e/ou aceleração, propriamente dito.
Com relação aos impactos e reflexões para estímulos na criação de novos ambientes
semelhantes a pré-incubação denominada LabEE, o projeto não necessita de muitos recursos,
caso seja idealizado e aplicado em um ambiente propício. O espaço de uma incubadora é o
ideal, com salas, projetores e recursos humanos para que o projeto aconteça. Sendo assim,
além da apresentação desta metodologia de pré-incubação, também se demonstra lições
aprendidas em seus dois ciclos de aplicação em 2015 que poderão servir de base para novas
iniciativas de mesmo cunho ao redor do Brasil, além de incentivar estudos científicos na área.
Como resultado, espera-se que esse trabalho possa contribuir em termos acadêmicos
como um estudo de caso sob um modelo inovador de pré-incubação como instrumento de
incentivo da produção de conhecimento e inovação com benefícios sociais, inserido no
contexto de uma universidade pública brasileira.
Tendo em vista todas as contribuições que este trabalho promove, há a ciência de que
este estudo não realizou uma mensuração exata de resultados do processo de pré-incubação,
bem como um panorama dos impactos causados pela pré-incubadora sob a visão dos
participantes e usuários do projeto, assim que eles deixaram o Laboratório
(DEUTSCHMANN, 2007). Não houve ainda, a verificação do papel da pré incubação na
educação, como meio de transferir conhecimento da academia para a prática (RAJANIEMI,
NIINIKOSKI e KOKKO, 2005). Sendo assim, recomenda-se que haja novos estudos de caso
comparativos, observando os pontos de metodologias, bem como sugerindo melhorias no
processo de pré-incubação. Entretanto, frente ao estudo realizado afirma-se que o desempenho
de uma pré-incubadora estará relacionado ao próprio desempenho das ideias selecionadas e o
resultado do processo de desenvolvimento. Neste sentido, torna-se importante o
acompanhamento e rastreamento futuro dessas ideias para avaliar medidas de sucesso.
Entretanto, mesmo com as limitações da pesquisa, considera-se que essa iniciativa
vem contribuir com o desenvolvimento de modelos de pré-incubação no Brasil e incentivar a
formação de pesquisas nessa área, inclusive para aprimorar o modelo apresentado, sendo,
portanto, o LabEE um caminho para empreender.
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