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sorte
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© 2009, Ivo Dias de SousaTodos os direitos reservados
ISBN: 9789892311692
[uma chancela do grupo LeYa]Rua Cidade de Córdova, n.° 22610-038 AlfragideTelef.: (+351) 21 427 2200Fax: (+351) 21 427 2201http://twitter.com//[email protected]
Para a Capitolina
AGRADECIMENTOS 9
INTRODUÇÃO 11
CAPÍTULO 1 > UMA VIDA MAIS OU MENOS 15
CAPÍTULO 2 > DE CAVALO PARA BURRO 25
CAPÍTULO 3 > O DIA SEGUINTE 35
CAPÍTULO 4 > UM NOVO ALENTO 49
CAPÍTULO 5 > UM COELHO BISCATEIRO 57
CAPÍTULO 6 > DE BURRO PARA CAVALO 65
CAPÍTULO 7 > DE VOLTA AO PASSADO? 79
CAPÍTULO 8 > NA ALTA RODA 91
CONCLUSÕES: LIÇÕES DE SORTE PARA COELHOS 103
OS QUATRO PASSOS EM DIRECÇÃO À SORTE SISTEMATIZADOS POR RICHARD WISEMAN 105
FUI DESPEDIDO. E AGORA? 108
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À Cláudia Tomás e ao Luís Neves pelas sugestões que leva-ram à melhoria do texto final. Obrigado.
Ao editor José Prata e ao Pedro Queiroga Carrilho pela mesma razão.
Ao Luís Cruz pelo telemóvel.Ao bar Chocolate pela electricidade.Ao Manuel Freire, em especial, pelo apoio neste e nou-
tros projectos.Ao Bruno Vasconcelos pelas fotografias.Por fim, mas não menos importante, ao meu irmão João
Dias de Sousa pelo incentivo à realização deste livro.
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A sorte é só um acaso? Porque é que alguns coelhos... per-dão... pessoas têm mais sorte, por sistema, do que a maioria das outras? Acredite ou não, existe um conjunto de investiga-ções científicas à volta da questão da sorte – veja, por exem-plo, o livro O Factor Sorte (título original: The Luck Factor), de Richard Wiseman, editado em Portugal pelas Publica-ções Dom Quixote.
O autor é um professor universitário britânico formado em Psicologia. Actualmente dirige uma unidade de inves-tigação no Departamento de Psicologia da Universidade de Hertfordshire. O seu trabalho tem merecido a atenção de revistas científicas internacionais como a Nature, Science e Psychological Bulletin. No seu livro, Wiseman diz-nos que a sorte está longe de ser apenas um acaso. E se é verdade que não é possível adivinhar o número da lotaria (como eu gostaria de ter essa capacidade!), existe um conjunto de pessoas que sistematicamente têm mais sorte do que as outras. Porquê?
À primeira vista, pode parecer que algumas delas nas-ceram com o rabo virado para a lua. Todavia, a explicação para a maioria dos casos é perfeitamente prosaica: a dife-rença reside no facto de as pessoas com sorte pensarem e
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UM COELHO CHEIO DE SORTE
terem comportamentos diferentes daquelas que não são bafejadas pela sorte.
A fábula aqui apresentada anda à volta dos comportamen-tos e pensamentos que nos levam a ter mais sorte. O prota-gonista é um coelho chamado João Sortudo. A sua maneira de pensar e de agir favorece a sorte. E ao longo da história vai perceber que pode ter ainda mais sorte – se fizer por isso.
Vai cultivar os pensamentos e comportamentos que o aju-dam a atrair a sorte, e evitar os pensamentos e comporta-mentos que dão azar. E a vida vai acabar por lhe correr muito melhor. Não sem alguns percalços, claro. Mas sobre a his-tória do João Sortudo não vamos falar mais por enquanto, não vos queremos retirar o prazer da leitura.
Queremos, sim, frisar bem uma ideia: se até um coelho consegue ter mais sorte, porque não conseguirá também o leitor?
:: CAPÍTULO 1 ::
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Era uma vez um coelho muito bem-parecido, com pêlo casta-nho e algumas manchas brancas. Chamava-se João Sortudo e a vida corria-lhe mais ou menos. Não estava muito satis-feito com a sua vida, mas não podia dizer que fosse má.
Até então o João tinha feito tudo o que a sociedade e a sua família esperavam dele. Casara recentemente e já tinha uma ninhada de filhotes. O leitor sabe como são os coelhos: sempre que podem, fazem determinadas actividades. E com grande rapidez.
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UM COELHO CHEIO DE SORTE
A vida de casado agradava ao João – se tinha de casar, era com aquela coelhinha. Já sabem que determinadas activida-des estavam a correr bem ao casal. Porém, aquela coelhi-nha era um achado em muitos outros aspectos. Não só por causa do narizinho rosado e dos lindos dentes brancos que o deixavam louco. Era também uma boa mãe e, sobretudo, uma companhia agradável e inteligente. Os colegas de tra-balho do João contavam-lhe histórias horríveis sobre a forma como as mulheres lhes davam cabo da paciência. O João, ao contrário, sabia que havia uma química muito especial entre ele e a coelhinha Maria.
Na relação com a sua mulher só existia uma questão que provocava algum atrito – afinal, não há coelhinha sem senão. O João conhecia muitos e variados coelhos. Ricos e menos ricos. Coelhos com muita e pouca idade. E a maioria traba-lhava em áreas que não tinham nada que ver com a dele. O João trabalhava na apanha da cenoura, o que o obrigava a constantes deslocações. Havia semanas em que mal tinha tempo de ir à toca.
A coelhinha Maria preferia que o João passasse mais tempo com ela e com os filhotes (que eram muitos, como se sabe). As constantes saídas dele eram o principal motivo de dis-cussão entre os dois. E as discussões só não azedavam mais porque a maioria dos amigos e conhecidos do João eram do sexo masculino. Se o caso fosse diferente, a Maria ficaria ainda mais irritada – ela dizia que não tinha ciúmes, mas não acreditem nela.
Para além das saídas de trabalho, o João adorava encon-trar-se e conversar com a sua rede de amigos e conhecidos. Era um jantar para aqui e um almoço para ali. Não há nada como roer umas cenouras com os amigos, pensava.
Melhor ainda eram as idas semanais às corridas de coe-lhos. O João nunca faltava, eram absolutamente sagradas. Ia ver as corridas com o grupo de sempre, coelhos das mais
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CAPÍTULO 1 :: UMA VIDA MAIS OU MENOS
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diferentes origens e classes sociais, que em comum com ele tinham apenas a paixão pela mesma equipa: o Sporting Clube da Coelhândia.
Por vezes, o João bebia um pouco de mais quando ia às corridas. Naturalmente, a esposa não ficava contente. Quem o atura depois sou eu e não os amigos. Já não tinha paciên-cia para aquelas conversas, o árbitro isto, o árbitro aquilo, a pista estava inclinada. Não há pachorra.
Resmunguices da Maria à parte, a única faceta da sua vida que o João não apreciava muito era a profissional. Sem-pre tinha seguido os conselhos dos seus pais nesta área. De acordo com eles, qualquer coelho que se prezasse tinha de trabalhar na apanha da cenoura – achavam que era o tipo de trabalho mais seguro do mercado. Os coelhos irão sempre comer cenouras, diziam. E, além disso, era bem pago.
A verdade porém é que, findo mais um fim-de-semana, acabadas as corridas e as discussões sobre as corridas, o João voltava para o trabalho. E era confrontado com a mesma triste realidade: não tinha grande interesse pelo mundo das cenou-ras – excepto quando se tratava de comê-las, claro.
O que lhe interessava mesmo era a construção de tocas. Porém, toda a gente dizia que era um negócio perigoso, com muitos altos e baixos. Umas vezes havia muito trabalho e ganhava-se muito bem: noutras alturas, o mercado das tocas vinha por aí abaixo e não havia nada para fazer.
Desta forma, quando entrou para a universidade, o coelho João escolheu um curso sobre cenouras em geral e sobre a apanha em particular – com muita pena sua, deixou de lado os cursos sobre a construção ou arquitectura de tocas. Ape-sar de não se interessar muito pelas disciplinas relaciona-das com cenouras, conseguia ter boas notas – o João sem-pre foi um coelho bastante inteligente.
Obviamente, quando saiu da faculdade, arranjou com faci-lidade um estágio numa conhecida produtora de cenouras.