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O paranormal Carlinhos ficou conhecido em todo o país por ter pre- visto a tragédia envolvendo o time da Chapecoense. Os anos pas- saram e o nome do vidente continua sendo um dos mais relevantes desse tipo de área. O vidente falou sobre o presidente eleito, Jair Bolsonaro. A previ- são é de certa forma terrível, já que envolve o nosso futuro. Segun- do Carlinhos, mesmo tendo prometido fazer o melhor para o Brasil, a gestão de Bolsonaro não será fácil. Em suas previsões, ele vê um problema em seu caminho e diz que Jair Bolsonaro poderá ter uma dificuldade em seus quatro anos de mandatos. Ele não saber se é saúde, mas “o vice vai tentar atrapa- lhar nessa situação”. E já é Ano Novo, outra vez Quando chega, é sempre pleno de esperanças. Espera-se o Ano Novo para começar vida nova, para estabelecer novas metas de vida, propósitos renovados para tantas coisas... É comum as pessoas elaborarem suas listas de bons propósitos para o novo ano. Página 2 2018 PARA 2019 Pensar em 2019 e ter consciência que é possível fazer diferente do que foi feito em 2018 e trocar o modelo negativo pelo positivo para recomeçar, com prazer, sem a exaustão do ano que passou com novos objetivos e repetir o que deu certo, quantas vezes precisar, com convicção de novas possibilidades, Página 3 Ano XI - Edição 134 - Janeiro 2019 Distribuição Gratuita CULTURAonline BRASIL Boa música Brasileira Palestras: - Cultura - Educação - Meio Ambiente - Cidadania Baixe o aplicativo Google Play no site www.culturaonlinebrasil.net CARTA ABERTA A UM AMIGO QUE ODEIA CUBA Tantos anos se passaram desde a nossa infância, desde as nossas férias de verão , quando brincáva- mos juntos no mar ainda verde esmeralda de Uba- tuba, onde nossos pais tinham a casa de praia e onde vivemos grande par- te da magia daqueles a- nos. Página 16 Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar Um estadista de verdade Neste século XXI, o mundo já não está divido entre os antagônicos blocos liderados pelos Estados Unidos e União Soviética. A União Soviética já não existe mais. Mas os países oci- dentais ainda se incomodam com a posição russa na geopolítica. Por que a Rússia é tão in- cômoda ao Ocidente? Página 12 Viabilidade Já faz tempo que o MERCOSUL e a União Europeia tentam fazer um acordo comercial. É um acordo para abrir o MERCOSUL para os europeus e abrir a UE para os membros do MERCOSUL. Mas, a quem no Brasil, um acordo com a União Europeia vai realmente beneficiar? O Mercado Europeu vai fazer a indústria brasileira ser mais competitiva? Uma vez que o Mercado Europeu é muito exigente? Página 14 O incêndio do Museu Nacional e o epistemicídio como projeto político de Esquecimento. Página 15

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O paranormal Carlinhos ficou conhecido em todo o país por ter pre-visto a tragédia envolvendo o time da Chapecoense. Os anos pas-saram e o nome do vidente continua sendo um dos mais relevantes desse tipo de área.

O vidente falou sobre o presidente eleito, Jair Bolsonaro. A previ-são é de certa forma terrível, já que envolve o nosso futuro. Segun-do Carlinhos, mesmo tendo prometido fazer o melhor para o Brasil, a gestão de Bolsonaro não será fácil.

Em suas previsões, ele vê um problema em seu caminho e diz que Jair Bolsonaro poderá ter uma dificuldade em seus quatro anos de mandatos. Ele não saber se é saúde, mas “o vice vai tentar atrapa-lhar nessa situação”.

E já é Ano Novo, outra vez Quando chega, é sempre pleno de esperanças. Espera-se o Ano Novo para começar vida nova, para estabelecer novas metas de vida, propósitos renovados para tantas coisas...

É comum as pessoas elaborarem suas listas de bons propósitos para o novo ano.

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2018 PARA 2019

Pensar em 2019 e ter consciência que é possível fazer diferente do que foi feito em 2018 e trocar o modelo negativo pelo positivo para recomeçar, com prazer, sem a exaustão do ano que passou com novos objetivos e repetir o que deu certo, quantas vezes precisar, com convicção de novas possibilidades,

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Ano XI - Edição 134 - Janeiro 2019 Distribuição Gratuita

CULTURAonline BRASIL

Boa música Brasileira

Palestras:

- Cultura

- Educação

- Meio Ambiente

- Cidadania

Baixe o aplicativo Google Play no site

www.culturaonlinebrasil.net

CARTA ABERTA A UM AMIGO QUE ODEIA CUBA

Tantos anos se passaram desde a nossa infância, desde as nossas férias de verão , quando brincáva-mos juntos no mar ainda verde esmeralda de Uba-tuba, onde nossos pais tinham a casa de praia e onde vivemos grande par-te da magia daqueles a-nos.

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Um estadista de verdade Neste século XXI, o mundo já não está divido entre os antagônicos blocos liderados pelos Estados Unidos e União Soviética. A União Soviética já não existe mais. Mas os países oci-dentais ainda se incomodam com a posição russa na geopolítica. Por que a Rússia é tão in-cômoda ao Ocidente?

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Viabilidade Já faz tempo que o MERCOSUL e a União Europeia tentam fazer um acordo comercial. É um acordo para abrir o MERCOSUL para os europeus e abrir a UE para os membros do MERCOSUL. Mas, a quem no Brasil, um acordo com a União Europeia vai realmente beneficiar?

O Mercado Europeu vai fazer a indústria brasileira ser mais competitiva? Uma vez que o Mercado Europeu é muito exigente?

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O incêndio do Museu Nacional e o epistemicídio como projeto político de

Esquecimento.

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ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS (+ Datas? Visite nosso site)

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01 - Ano-Novo 06 - Dia da Gratidão 07 - Dia do Leitor 09 - Dia do Fico 20 - Dia de São Sebastião 24 - Dia da Previdência Social 25 - Aniversário de São Paulo 27 - Dia Internacional Vítimas do Holocausto 30 - Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos

E já é Ano Novo, outra vez

Quando chega, é sempre pleno de esperanças. Espera-se o Ano Novo para co-meçar vida nova, para estabelecer novas metas de vida, propósitos renovados para tantas coisas...

É comum as pessoas elaborarem suas listas de bons propósitos para o novo a-no.

Mesmo sabendo que o tempo somente existe em função dos movimentos esta-belecidos pelo planeta em que nos encontramos, é interessante essa movimen-tação individual, toda vez que o novo período convencional de um ano reinicia.

Mas, falando de lista de bons propósitos, já se deu conta que, quase sempre, es-quecemos o que listamos?

Alguns até esquecemos onde guardamos a tal lista, o que atesta da pouca dis-posição em perseguir os itens elencados.

Ano Novo deve ter um significado especial.

Embora o tempo seja sempre o mesmo, essa convenção se reveste de importân-cia na medida em que, nos condicionando ao início de uma etapa diferente, re-novada, sintamo-nos emulados a uma renovação.

Renovação de hábitos, de atitudes, como estar mais com a família, reorganizan-do as horas do trabalho profissional.

Importar-se mais com os filhos, lembrando-se de não somente indagar se já fize-ram a lição, mas participar, olhando, lendo as observações feitas pelos professo-res nos cadernos, interessando-se pelos conteúdos disciplinares.

Sair mais com as crianças. não somente para passeios como a praia, a viagem de férias.

Mas, no dia a dia, um momento para um lanche e uma conversa, uma saída para deliciar-se com um sorvete.

Outros, para só ficar olhando a carinha lambuzada de chocolate, literalmente a-fundando-se na taça de sorvete.

Outros, mais longos, para acompanhar o passo vacilante de quem está apren-dendo a andar.

Uma tarde para um papo com os que já estão preparando a mochila para se reti-rar do cenário desta vida, quem sabe, nos próximos meses?

Isto é viver Ano Novo. Sair com amigos, abraçar amigos, sorrir pelo simples pra-zer de sorrir.

Trocar e-mails afetuosos, não somente os corriqueiros que envolvam decisões e finanças. Usar o telefone para dar um olá, desejar boa viagem, feliz aniversário!

Bom, você também pode fazer propósitos de comer menos doces ou diminuir os carboidratos da sua dieta, visando melhor condição de vida ou simplesmente a-dequar seu peso.

Também pode pensar em mudar o visual. Quem sabe modificar o corte de cabe-lo, tentar pentear para outro lado, fazer uma visita ao dentista.

E é claro, um bom check-up. Porque cuidar da saúde é essencial.

Bom mesmo é não esquecer de formular propósitos para sua alma.

Assim, acrescente na lista: estudar mais, ler mais, entender mais o outro, devotar-se a um trabalho voluntário, servir a alguém com alegria e bom ânimo.

Com certeza, cada um terá outros muitos itens a serem acrescentados à lista.

Até mesmo coisas simples como alterar os roteiros de idas e vindas do trabalho-lar-escola.

Ou coisas mais complicadas, como se dispor a pensar um pouco no outro e não exclusivamente em si, no relacionamento a dois.

Imprescindível, no entanto, é que você coloque a lista à vista, para olhar muitas vezes, durante todo o novo ano.

Importante que se lembre de lê-la, para ir acompanhando o que já conseguiu e onde ou em que ainda precisa investir mais, insistindo, até a vitória.

Seja este Ano Novo o ano de concretas realizações na sua vida!

São os votos de toda a equipe do Jornal.

A felicidade não é, portanto, um momento mas

sim a consequência de nossa forma de viver ou

de enfrentar a vida

No final de um ciclo geralmente fazemos um

"fechamento de contas", um "balanço", daquilo que

nos havíamos proposto e não conseguimos, o que

queríamos e não alcançamos, o que tínhamos e per-

demos - inclusive entes queridos. Então, devido a

diversos motivos, nesta época também existe uma

cobrança excessiva, acompanhada de frustração e

sensação de fracasso. Há muitos que se sentem so-

litários, angustiados, deprimidos e com uma falsa

sensação de que todos demais estão felizes. Além

disso, este "clima artificial" de alegria exagerada no

final do ano pode ser extremamente enganoso e é

em grande parte criado pela sociedade de consumo.

Comemorações, festas nas empresas, festas com

amigos, festa com parentes, presentes e presentes,

viagens, gastos... Deixar-se levar por este clima de

alegria artificial não é saudável.

Permita-se ser feliz, independente

da época do ano

É muito comum que as pessoas se façam perguntas

ao refletir sobre o ano que passou. Acredito que não

é possível montar um roteiro de como deve ser esse

questionamento interior, pois esta é uma questão

muito pessoal. Mas creio ser importante que ela per-

gunte para si mesma se conseguiu ser feliz.

Um caminho para uma reflexão honesta de fim de

ano, assim como os planos para o próximo período,

é procurar ser feliz não só nesta época de fim de a-

no, mas sempre. Não se lamente, trabalhe as perdas

e dificuldades, transformando-as em lições e cresci-

mento pessoal.

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 2

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2018 PARA 2019

Pensar em 2019 e ter consciência que é possível fazer diferente do que foi feito em 2018 e trocar o modelo negativo pelo positivo para recomeçar, com prazer, sem a exaustão do ano que passou com novos objetivos e repetir o que deu certo, quantas vezes precisar, com convicção de novas possibilidades, (o jogo só acaba quando se para de jogar).

Sair da zona de conforto é como saltar de paraquedas, sem medo das consequências, sem ninguém pra te auxiliar; saltar de algo que não faz bem para despertar e cair numa realidade que pode ser bem melhor. A queda faz recomeçar, cura.

Vale pagar o preço do medo que impede de enxergar para ver melhor a vida e não se escravizar por algo ou alguém que não valha à pena e parar de aceitar o que não quer mais.

Pode ser que nem seja necessário descartar pessoas, mas, apenas mudar o caminho, pois o pior de tudo pode não ser o inimigo e sim manter-se ao lado dele. Ser confiante, mesmo que ande no escuro e acreditar que o melhor pode acontecer. Tomar posse da vida para que ninguém decida em seu lugar, construir seu próprio elo para que na turbu-lência os laços estejam firmes e não tenha dúvidas em confiar.

Tirar o peso do ego também faz o caminho ter mais luz, protagonizar melhor a vida e o poder pessoal e, quando sentir um “friozinho na barriga”, não se esforçar para combater esse medo, apenas reconhecer o que tem de bom e deixar que seu lado flua seguindo com responsabilidade e, mesmo que cometer erros, permita-se ser imperfeito desde que tente fazer o melhor, seja seu próprio melhor amigo para sentir-se forte e orgulhoso.

Todos têm problemas a serem superados como a ansiedade, medo, tristeza, porém, não meça esforços para não manter esse momento entediante e recuperar-se com determi-nação, sucesso e boas energias. O inesperado acontece, mas pode haver controle para lidar com uma coisa de cada vez e fazer com que tudo que desejar dê certo.

É importante o relacionamento consigo ser saudável, pois é aí que tudo passa a ser bom ou ruim e se permitir acionar o gatilho da felicidade sem se comparar a outros. A trajetó-ria é única, nunca se deve entregar os pontos.

Há pessoas que consegue sucesso rapidamente ou mais facilmente, outras não, bem como alguns se ferem facilmente e outros se mantém inabalados por anos a fio. A verda-de é que todos têm lugar e tempo certo, cada biografia é diferente mas de igual impor-tância, cada qual com sua dose e medida de dificuldades e coragem.

Os maus dias são experiências, os bons tornam a pessoa mais doce e a queda a torna mais humilde para quando alcançar o êxito saber manter o brilho.

Caminhar a “duras penas” criam raízes fortes para quando estiver no topo saber não ter uma queda brusca e reconhecer que a insignificância está em não saber conduzir o voo seguramente. Enquanto respirar, o coração bater e tiver os pés no chão, está tudo bem, desde que não dramatize qualquer situação.

O importante é não perder o poder da contemplação e a capacidade de lidar com o tédio para pensar melhor ao ficar consigo mesmo, pois os atropelos fazem perder a equilíbrio.

Em 2019 decrete o que quer na vida e mesmo que tenha de enfrentar adversidades, mantenha-se firme nos seus objetivos. Não faça o bem em troca de benefícios para que isso não se torne hábito e nem parte de você.

Genha Auga Jornalista MTB:15.320

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana

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A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Genha Auga Mariene Hildebrando Loryel Rocha Sandro Ari Andrade de Miranda Pedro Augusto Pinho Almir Felitte Geraldo Eustáquio de Souza Lucia Helena Issa Johan Rockström Eduardo de Paula Barreto Fernanda Lima da Silva João Paulo E. Barros Leonardo Sakamoto Denis Churilov Callendar

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsa-bilidade dos colaboradores que assinam as

matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

PRECISA-SE de voluntário revisor de textos - Contato: [email protected]

Cora Coralina: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Cami-nhando e semeando, no fim terás o que co-

lher”. * * *

Einstein: “Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os mila-

gres não existissem. A segunda é vivê-la co-mo se tudo fosse milagre”.

* * * Dalai Lama: “Só existem dois dias do ano que nada pode ser feito. Um se chama on-

tem e outro se chama amanhã. Portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e

principalmente viver”. * * *

Provérbio chinês: “Jamais se desespere em meio às sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e

fecunda”. * * *

Camilo Castelo Branco: “Não pense em jazigos! Coma e beba; a vida é um pagode, uma asneira alegre que se vai numa garga-

lhada”. * * *

Boris Pasternak: “O homem nasceu para viver e não para se preparar para viver”.

* * * Fernando Sabino: “Viver faz mal à saúde,

envelhece, cria rugas, dá reumatismo, ataca os rins, o fígado e o coração”.

* * * Georges Bernard Shaw: “Enquanto tiveres um desejo, terás uma razão para viver. A sa-

tisfação é a morte”. * * *

Marilyn Monroe: “Não ligo de viver no mun-do de um homem, desde que eu possa ser

uma mulher nele”.

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E a intolerância e ignorância continuam

Incrível perceber que em pleno século XXI, existem pessoas que propa-gam o ódio, o antissemitismo, o racismo, a homofobia, o preconceito e a intolerância, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. E esta-mos falando aqui também de jovens, pessoas que nasceram nesse sé-culo e deviam ter aprendido algo com a história, mas não, continuam a-gindo como pessoas ignorantes , com ideias retrógradas, atrasadas, pre-conceituosas. Construir um mundo sem preconceitos é uma utopia, não acredito ser possível, minha fé no ser humano está um pouco abalada, são tantas situações terríveis que chegam aos nossos ouvidos que me parece difícil acreditar que o ser humano possa um dia aceitar as diferen-ças sem ofender e sem discriminar.

Não há dúvida que a diversidade nos faz progredir. A palavra chave que define Tolerância é respeito, e o que nos faz sair da ignorância é a edu-cação.

Temos muita facilidade de comunicação, informações do mundo inteiro chegam até nós e podemos perceber como as pessoas vivem como são, mas isso não diminuiu a intolerância. Conseguimos perceber grupos ten-tando afirmar sua identidade frente a toda essa globalização, e, isso aca-ba formando movimentos que tentam afirmar o que é aceitável ou não. O fato de alguém não se adequar a esses padrões gera a exclusão. Dizer que não temos preconceito nenhum seria muita pretensão? Provavelmen-te sim. Não gostar de algo, é uma coisa. Mas quando o que eu digo ou faço causa dor, humilhação, e, fere a dignidade de alguém, então eu te-nho responsabilidade sobre isso. Se eu nego oportunidades a alguém por conta do que eu falo eu estou cometendo um crime. Eu não sou obrigado a gostar, mas não posso ofender.

Diz a declaração dos Direitos do Homem que todos os homens nascem iguais, sim, mas por pertencerem a grupos diferentes essa igualdade não é uma realidade. Nascem iguais em direitos apenas.

As pessoas mais frágeis necessitam de um suporte, por isso as leis são necessárias, para que aja esse amparo.

Intolerância e ignorância andam juntas. No dicionário Priberam da Língua Portuguesa, ignorância é “ o estado de quem ignora, é a falta de ciência

ou saber e é a incompetência”.

Ao ignorante falta compreensão e entendimento, o que por sua vez o leva a ser intolerante com aquilo que desconhece, acaba gerando preconceito

e discriminação. Há quem não consiga entender que tudo muda o tempo todo, falta amadurecimento para entender que não podemos manter pos-turas rígidas, que as diferenças existem e que as pessoas são diferentes, pensam diferente, e que não preciso gostar disso, mas não preciso agir com desrespeito em relação ao outro. Para sobreviver é preciso aceitar as mudanças. Para continuarmos a evoluir como seres humanos inseri-dos em uma sociedade que ainda deixa a desejar quanto aos direitos bá-sicos do homem, temos que continuar insistindo e lutando por um mundo mais justo, com mais dignidade e igualdade de oportunidade para todos.

Como diz a carta de princípios sobre tolerância, “a tolerância não é con-cessão, condescendência, indulgência” Não é privilégio de alguns, mas sim, faz parte da vida das pessoas, da sociedade como um todo.

Quem sai perdendo com tanta ignorância e intolerância somos todos nós. É a sociedade. Graves desrespeitos aos Direitos Humanos, guerras de todos os tipos, a intolerância religiosa, motivo de tantos conflitos pelo mundo, a intolerância política, étnica, racial, territorial, cultural e outras tantas que existem.

A intolerância nos leva a crueldade, a prova disso está na história, está no noticiário, no nosso dia-a-dia. Temos o nazismo na Alemanha, que pregava o antissemitismo e a eugenia, e infelizmente ainda tem muitos discípulos espalhados pelo mundo, o integralismo no Brasil, que era con-siderado um movimento fascista, associado à moral religiosa, racista, o apartheid na África do Sul, a segregação racial e o racismo nos Estados Unidos. A intolerância religiosa no mundo que motiva guerras e ódio entre nações e pessoas desde há muitos séculos. Não tenho receio de afirmar que quanto ao preconceito não podemos ser tolerantes, não podemos compactuar com isso. A intolerância parece que virou moda, tem aumen-tado em vez de diminuir, falta às pessoas se colocarem mais no lugar do outro e pararem de achar que podem julgar tudo e todos.

Existem Brigas que não valem a pena a gente entrar, mas existem polê-micas e temas que vale a pena discutirmos e lutarmos contra. Quem sa-be assim a gente consiga mudar algo, pelo menos tentar, quem sabe al-gumas cabeças que pensam pequeno consigam se abrir para outras vi-sões de mundo, onde a intolerância não seja parte dele.

Mariene Hildebrando Professora e especialista em Direitos Humanos E-mail: [email protected]

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 4

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A MORTE DA VERDADE

Achille Mbembe, historiador e cientista político camaronês, decretou, em artigo no jornal britânico The Guardian em dezembro de 2016, a “morte do humanismo”. Naquela épo-ca afirmou de forma peremp-tória: “Não há sinais de que 2017 seja muito diferente de 2016. Sob a ocupação israe-lense por décadas, Gaza con-tinuará a ser a maior prisão a

céu aberto do mundo”. Mais adiante aborda a violência do racismo polici-al estadunidense, a guerra de terror imposta pela destruição do planeta, a orgia da fome espalhada pelo capitalismo financeiro, a emergência do ódio como última fronteira do humano.

Tomar Israel como ponto de partida é uma medida lapidar. Criado pela Assembleia das Nações Unidas de 29 de novembro de 1947, como um possível refúgio para as vítimas apátridas do nazismo, o país invadiu a Palestina tornando a região em verdadeiro campo de concentração, tal qual Auschiwtz-Birkenaw ou Dachau, verdadeiras máquinas de produção de cadáveres em escalas. A violência de Israel contra os Palestinos e os bombardeios cegos contínuos contra Gaza, são a prova absoluta de que a cultura da violência só produz mais violência.

O que mais pretendemos matar? O Planeta? Este vem sendo envenena-

do sistematicamente pela poluição e pela ganância. A sua morte encontra-se em contagem regressiva dadas as aceleradas mudanças climáticas. A Democracia? Também foi fulminada pelo crescimento da xenofobia e de governos neoliberais que trocaram a vida por números. Os EUA, em 2016, e o Brasil, em 2018, já deram provas de que o povo é capaz de co-meter suicídio quando se apega ao medo, ao preconceito e à mentira. Isto já havia acontecido com a Alemanha na década de 1930. Logo, não temos surpresas. O Direito, então? Este morre com a democracia, tentou renascer várias vezes como Fênix, mas a sua morte é um processo contí-nuo de repetições. E Deus, a resposta para os limites dos seres huma-nos? Bom, este, pelo menos no Ocidente, morreu quando controlado pe-los “vendilhões do templo”. O comércio da fé é o pior símbolo de destrui-ção da dignidade humana, pois afeta o sagrado, aquilo que guardamos de mais íntimo, por isto é uma morte violenta. Já matamos Deuses e Deusas diversas vezes com os genocídios colonialistas, desta forma, a nossa espécie já possui experiência.

Não é nenhum exagero afirmar que em cada uma destas mortes o ser humano, como espécie, mata a si mesmo. Nada consegue sobreviver ao cataclismo de destruição que estamos colocando em prática. Embora o visionário Giordano Bruno acreditasse em reencarnações, ele mesmo foi queimado em Roma, no ano de 1600. E aqui talvez possamos encontrar a última morte decretada, a da “verdade”. Ela insiste em resistir, se es-condendo em cada canto que encontra. Fugiu do gueto, quando necessá-rio, do campo de concentração, dos Tribunais do Santo Ofício, tornou-se expert em camuflagem. Mas não tem jeito, os seres humanos descobri-ram a tecnologia perfeita para matá-la…

Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado

Vivemos tempos de intolerância no Brasil e no mundo. E a intolerância, seja qual for, por princípio jurídico universal fere o artigo 7º da Declaração Universal dos Direitos Humanos e se caracteriza pela falta de informação e vontade em se conhecer e respeitar as diferen-ças em crenças, opções sexuais e opiniões. A sociedade parece estar se esquecendo do quanto é importante, para a convivência soci-

al, aceitar, suportar, ser indulgente e clemente com os outros, as definições da palavra tolerar.

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Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 5

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Feliz Ano Velho

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Adeus dois mil e dezoito Despeço-me com melancolia Do ano em que tive o desgosto De testemunhar a Democracia Sendo vítima de uma cilada Feita pela mesma gente fardada Que retirou da parede o retrato Do Presidente João Goulart Só que desta vez sem usar As armas de sessenta e quatro. . Quando der meia-noite De trinta e um de dezembro Os rojões saudarão ferozes A nova bomba do Riocentro E seus ecos calarão o som De quem faz da canção Uma forma de protesto E os jornais que têm lisura Serão vítimas da censura Até virarem jornalecos. . Os escritores e poetas Cujas letras ninguém cala Verão as suas canetas Virarem paus de arara De onde pensamentos diversos Fluirão como textos ou versos Escorrendo diante dos olhares Daqueles que se regozijam Ao verem os que agonizam Nos calabouços militares. . E quem ousar bater panela Em busca do bem coletivo Será jogado numa cela Acusado de terrorismo E o Ministro da Justiça Como membro de uma milícia Usará o seu poder absoluto Para fazer da corrupção Uma peça de ficção Ao proteger os corruptos. . Dois mil e dezenove Será um ano decisivo E quem é de direita hoje Dirá ser indeciso E quando a sociedade Começar a sentir saudade Do que era viver livremente Todos chegaremos à conclusão De que a melhor direção É sempre para a frente.

Eduardo de Paula Barreto

O Fim do Estado de Direito? A Constituição da República Federativa do Brasil defi-ne, ainda no seu preâmbulo, que o país é um “Estado Democrático de Direito”. Tal definição tem implicações ainda maiores do que o conceito tradicional construído

pelas Revoluções Liberais dos séculos XVII e XVIII. Se o Estado de Direito é aquele que salvaguarda as leis, os direitos e as liberdades civis de primeira geração, com respeito ao ordenamento formal, o “Estado Democrático” vai além, promovendo a construção de uma sociedade com justiça social e igualdade material. Aliás, tais va-lores estão expressos ainda nos primeiros artigos da nossa Lei Maior.

Outra característica do “Estado de Direito” é a sua oposição ao “Estado Policial”, ou seja, aos regimes autoritários e totalitários onde direitos e liberdades são apenas disposições de pedaço de papel. Portanto, o que observamos nas ditaduras latino-americanas das décadas de 1960 à 1980, jamais foram estados de direito no senti-do conceituado pelos revolucionários iluministas, pois não basta haver separação formal de poderes, nem normas aprovadas dentro de um sistema formal. Antes de tudo é necessário a salvaguarda de direitos e liberdades e das suas garantias, o que inclui, inclusive, o direito de se opor ao arbítrio (vejam o direito de resistência consagrado pela Declaração de Direitos de Virgínia, de 1776).

No Estado de Direito, tais valores fundantes se sobrepõem à decisão momentânea de dirigentes políticos, mesmo que eleitos em processo direto e às vontades indivi-duais de juízes. É exatamente por isto que a nossa Constituição elenca uma série de “Cláusulas Pétreas”, as quais não podem ser modificadas pelos governantes de ocasião, por Emenda Constitucional ou pela doutrina e jurisprudência dos Tribunais. O “devido processo legal”, por exemplo, é uma garantia inscrita no art. 5º, LIV, CF-/88. Logo, não pode ser derrubado em nenhuma hipótese. Da mesma forma, direi-tos e garantias decorrentes de documentos como a Convenção de San José da Costa Rica e da Declaração de Direitos Humanos das Nações Unidas de 1948, em consonância com a regra do § 2º, do art. 5º, da Norma Fundamental, também são protegidos.

Outra cláusula pétrea é aquela que impede a prisão política, sendo vedada a exis-tência de “juízo ou tribunal de exceção” (art. 5º, XXXVII). O mesmo vale para o direi-to à vida, à igualdade, à liberdade de ir vir, de opinião, de reunião, de expressão, dentre tantas outras. Ainda assim, não é isto que observamos no Brasil atual. A vio-lação de direitos humanos é uma constante, inclusive com convalidação ou decisão do judiciário. Possuímos, pelo menos, um preso político notório, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado em processo sem provas e sem tipificação, submetido à execução provisória de uma pena sem esgotamento das instâncias ju-diciais de recurso, sem trânsito em julgado da sentença e em desacordo com o de-vido processo legal.

Obviamente, o que atinge Lula também pode resultar em efeito cascata para todas os cidadãos e cidadãs, tornando a regra do devido processo legal “letra morta” na Carta Constitucional. Mais grave de tudo, a decisão da execução provisória não es-tá embasada em nenhum risco processual, nem na possibilidade de fuga do réu. Não é uma execução cautelar, mas definitiva. Lula se negou a buscar asilo em em-baixadas, mesmo com oferta, e optou por defender a sua inocência em território brasileiro. Portanto, a única sustentação da sua prisão é arbítrio judicial, inconstitu-cional, contrário aos fundamentos da nossa Constituição que resguardam a dignida-de humana.

Mas o desmonte do Estado de Direito ainda vai mais longe. O país está ameaçado pela extinção de normas que consagram a nossa reserva civilizatória, como o Esta-tuto da Criança e do Adolescente, a Legislação Ambiental, de Defesa dos Consumi-dores, de proteção do trabalho, liberdade de ensino, de opinião, de manifestação e reunião, dentre outras. Todas sob duas falácias básicas: segurança e atividade eco-nômica. O futuro Ministro da Justiça, Sérgio Moro, defende o fim do sigilo das con-versas entre o acusado e seu advogado, o que é a essência do princípio da ampla e plena defesa.

Na prática, estamos acompanhando a implementação daquilo que chamamos de “lei em movimento”, de uma jurisprudência móvel, da aplicação da Lei conforme o interesse de quem gerencia o processo e a sua relação com as partes, com exces-so de discricionariedade e sem nenhuma reserva de princípios, tal qual faziam os tribunais nazistas. A isto chamamos de Estado Policial, Ditatorial, o que é a antítese do Estado de Direito.

Sandro Ari Andrade de Miranda Advogado, mestre em ciências sociais

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Vamos ignorar o elefante na sala?

Os tempos já não são como antes, e a oposição também não deve ser. Me perdoem o desespero, mas há um elefante na sala e uma grande parte do país está simplesmente fingindo que não o vê

A tragédia anunciada aconteceu. Anos de esgarçamento da nossa Democracia não poderiam ter outro fim que não fosse o próprio fim da Democracia. Mas, mesmo nesse momento, ainda há quem pense que estejamos vivendo na plenitude do jogo e das regras democráticas. Pior de tudo, ainda há quem continue apostando toda sua luta nessas mesmas regras, mortas há pelo menos 3 anos.

É triste ver a ingenuidade de quem diz que será oposição e deseja boa sorte ao mais novo mandatário do País. Ora, nem parece que o Brasil vive sob um Golpe desde 2016. Nem parece que as eleições deste fim de semana foram mais um fruto desse Golpe.

Em 2014, Dilma foi eleita e, já no dia seguinte à eleição, ouvira do opositor derrotado as ameaças de que não conseguiria governar o país. E não conseguiu. Foi já em 2014 que o Golpe, que se concretizou em 2016, começou a ser orquestrado. Em meio a sabotagens no Congresso, correu um processo de “impeachment” que, desde o seu início, não respeitou em nada as leis brasileiras. Sob o olhar de um STF cúmplice, rasgou-se a Constituição para colocar no poder o grupo político que hoje aí está.

Fomos às ruas para impedir o Golpe, mas, reconheçamos, nos faltou energia. Havia quem já pensasse em 2018. Triste ingenuidade…

E então 2018 chegou, não sem, antes, o grupo político que havia tomado o poder passar um trator de austeridade no país. Não sem, antes, esse mesmo grupo triturar direitos trabalhistas do povo brasileiro. Não sem, antes, a turma de Temer ter invocado perigosamente a turma dos militares para resolverem conflitos políticos que o Governo não resolvia.

Mas tudo bem, 2018 chegava junto com a nossa salvação. Era a volta de Lula, o País feliz de novo. Era mais um engano de quem insistiu em acreditar que “as instituições brasileiras estavam funcionando normalmente”.

Lula, ao qual cabem muitas críticas, mas não nesse artigo, disparava nas pesquisas eleitorais. A dúvida era se a vitória viria no 1º ou no 2º turno. Ao menos na cabeça dos que ainda acreditavam nas instituições. Porque, na cabeça de quem não via lógica em um grupo que deu o Golpe em 2016 perder o poder dois anos depois em eleições democráticas, a real dúvida era quando sabotariam as eleições.

Foi então que, sob a chancela do STF (mais uma vez), o rasgador oficial da Constituição acovardado por ameaças militares, Moro encarcerou o jogo democrático em uma cela em Curitiba.

Esse é o fio desenrolado que nos trouxe até aqui. Em resumo: um Golpe em uma Presidenta legítima e a prisão política do principal candidato da oposição num espaço de 2 anos. Já seria o suficiente para que o povo brasileiro não reconhecesse a legitimidade do resultado eleitoral deste fim de semana. Mas tem mais, muito mais…

Isso porque o resultado eleitoral deu a vitória a Jair Bolsonaro. Um entusiasta da Ditadura que, por quase 30 anos, covardemente escondido atrás de sua imunidade parlamentar, usou seu mandato de deputado federal para pregar a tortura e a violência política no Congresso.

Até pouco tempo atrás, imaginar que aquele ser abjeto poderia ser nosso Presidente era motivo de piada. Mesmo que já fosse chocante o suficiente que ele se candidatasse ao cargo, porém, houve quem, mais uma vez, se rendesse à ingenuidade para acreditar que, ao menos em campanha, ele diminuiria o tom. Não baixou…

Bolsonaro fez sua campanha presidencial do mesmo modo como sempre se comportou no Congresso: defendendo a Ditadura e a perseguição a seus opositores. Sua turba, é claro, regozijou-se. Mas, do outro lado, houve quem tivesse esperança de que, no 2º turno, ele seria obrigado a baixar o tom. Mais uma vez, não baixou…

E tampouco apresentou propostas para o País. Seguiu fazendo sua campanha centrada mais em seus “inimigos” do que em um projeto de país, mesmo que alguns desses inimigos nem existissem de verdade. Afinal, foi no 2º turno que se descobriu que, via WhatsApp, Jair Bolsonaro criava seus próprios moinhos de vento para vender a uma população desinformada a imagem de que ele era o próprio Dom Quixote.

Num esquema fraudulento que envolvia Caixa 2, doações ilícitas de empresas e disparos ilegais de mensagens, Bolsonaro já havia destruído a imagem de seus opositores com mentiras que beiravam o ridículo. Aliás, Bolsonaro já havia destruído as próprias eleições. Tudo com o aval da Justiça Eleitoral, que ao invés de combater as redes de “Fake News”, achou mais plausível combater Roger Waters.

Ao perceber o que acontecia por debaixo dos panos, foi bonita a reação da esquerda brasileira. Bonita, mas também melancólica. Já era tarde demais para virar o jogo. A bem da verdade, desde 2016 já era tarde demais para apostar nas instituições.

Um “impeachment” sem base legal, a prisão política do maior candidato da oposição e favorito nas eleições e a vitória de um candidato que, visivelmente, se utilizou de uma série de métodos ilegais para vencer a eleição. E ainda há quem diga que devemos, simplesmente, aceitar o resultado e torcer pelo melhor, como se nada tivesse acontecido?

Como se não bastasse, não é como se esse processo tivesse alçado só mais um Presidente ruim ao poder. Não estamos falando de um democrata.

Bolsonaro é um entusiasta do período da Ditadura Militar brasileira e, nos últimos 30 anos, não faltam promessas do mesmo de que, se um dia chegasse ao poder, ele gostaria de repetir os mesmos métodos. Essa foi, inclusive, a sua plataforma de campanha, oras!

Há pouco mais de uma semana, Bolsonaro prometeu a seus seguidores, em uma Avenida Paulista lotada, que varreria seus opositores, os “marginais vermelhos” do país. Depois de eleito, pra quem acreditava que ele diminuiria o tom, fez questão de deixar claro, no Jornal Nacional, que os tais “marginais” eram os seus opositores do PT e do PSOL. Também esclareceu, como sempre prometeu, que enquadrará o MST, o MTST e outros movimentos como organizações terroristas.

Tudo isso tendo como pano de fundo um plano liberal de austeridade, na figura de Paulo Guedes, que já massacra o povo há mais de 3 anos no Brasil. Tal plano, porém, sequer foi discutido pela população, ocupada demais debatendo os “moinhos de vento” criados por Bolsonaro, como o “kit gay”.

Porém, de forma desesperadora, vemos, agora, a grande mídia e até mesmo setores teoricamente progressistas tentando, forçadamente, encarar com normalidade toda essa situação. Encarar com normalidade o candidato que recebeu apoio da Ku Klux Klan e que, nos jornais do mundo todo, é chamado sem meias palavras de fascista.

Será que parte de nós já esqueceu que, durante toda a campanha eleitoral, dizíamos estar combatendo o fascismo. É aceitável que a democracia eleja um fascista? É possível torcer pelo melhor de um Governo fascista? Devemos aceitar uma chapa que já falou abertamente em “auto-golpe”? Vamos mesmo pagar pra ver?

Os tempos já não são como antes, e a oposição também não deve ser. Me perdoem o desespero, mas há um elefante na sala e uma grande parte do país está simplesmente fingindo que não o vê. Esse elefante veste farda e tem nome: fascismo.

Almir Felitte Graduado pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 6

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PAPO PRA DEPOIS! Voltei ao normal. Ufa! - Finalmente livre daque-la roupa quente e ver-melha, aquele algodão na cara fazendo de conta ser barba e bigo-de, soltei as renas, re-plantei a árvore...

Ano que vem o bom velhinho será mais real, uma panela na cabeça igual o “menino maluquinho”, calça de moletom confortável, chinelos, uma cartola de mágico, entrar pela porta da frente com dignidade, enviar um “zap” avisando que estou chegando...

A árvore de Natal será um passe de mágica para as crianças que não a tem; sairá da cartola um biscoito enorme em forma de árvore enfeitada com guloseimas e muito chocolate (abaixo as bolinhas e frutinhas), criança gosta de “besteira”, se come bem durante o ano isso não lhe fará mal algum e, se não come, a diferença não será o que comer nesse dia...

Nada de renas e sim cães (um pouco de enfeite natalino neles não fará mal ne-nhum), que me ajudarão a carregar os pacotes e a brincar com a criançada.

E depois que acabar o Natal, sobrará a árvore para ser devorada, os presentes serão decodificados magicamente perante os pais, de acordo com o que partilha-ram com os filhos durante o ano... Será que vai ser bom? He he he... Para alguns sim, mas, para outros uma boa oportunidade para rever sua história de ano e en-tender que criança de hoje não quer só brinquedo de Natal mas, melhores pais e serem crianças felizes, seguras e com boa educação.

O cachorro pode até ser adotado depois e Papai Noel agradece, pois a verba do ano não é suficiente para comprar ração e pagar veterinário e os mimos do pet shop, animais hoje em dia competem com filhos e são melhores ensinados.

Em casa, sem o disfarce, conversando com minha árvore que achou ótima ideia para os próximos anos, não arrancá-la do chão para enfeitar por uns poucos dias as casas, as renas não virem de tão longe numa jornada cansativa mesmo que pelos ares, pois nossos cães são prestativos e adoram correr pra lá e pra cá e visi-tar os amigos e reconhecer onde estão os inimigos...

Fim dos tempos? Não, tempos novos, tecnologia, sociologia, praticidade, mais ver-dade e menos fantasias. Sem precisar deixar o romantismo, a proposta é mostrar que o Natal pode ser todos os dias, mas, já que a data é marcada e certa, vamos comemorar “de boa”, no jeitinho brasileiro e no linguajar do jovem que já não crê no que não vê, eles sabem decodificar até nossos pensamentos, imagine pensar em Papai Noel descendo pela chaminé trazendo tantos presentes e para crianças que precisam entender que presente custa e pra ganhar, tem que trabalhar e mui-to.

Fim de papo de Natal e fica para o próximo ano a nova versão aqui proposta.

Ou não?

Genha Auga Jornalista MTB: 15.320

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 7

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MÃE NATUREZA!

Genha Auga

Vem a natureza e se rebela.

Trouxe aos homens o mais belo da vida,

Foi destratada e lhes devolve com ira,

Responde ao homem de qualidade vil,

Irá desaparecer para que aprenda a viver.

Vem a chuva, desmorona, arrasta,

O calor intenso, incendeia, alastra, mata,

O frio, penetra nos ossos, adoece, enrijece,

O outono, perdeu o romance e a poesia entristeceu

Deixando os homens, sujeitos a morte.

Ano novo e desafios a serem enfrentados

Ano novo na busca de soluções,

Ano novo com saudade de anos velhos,

Ano novo, mais tecnologia, menos amor.

Promessas! O que se se salvou...

Que seja então essa a cruz do homem!

Que pague o preço do descaso,

Que a falta de respeito, mãe natureza não perdoe.

Que seja essa uma lição para a humanidade,

Como resposta pela sua vaidade!

Existe apenas uma idade para sermos felizes, ape-nas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficien-te para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos.

Uma só idade para nos encantarmos com a vida para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa própria imagem e se-melhança, vestirmo-nos de todas as cores, experi-mentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo e de novo quan-tas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na nos-sa vida chama-se presente e tem a duração do ins-tante que passa..

Geraldo Eustáquio de Souza

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O MERCADO PRECISA EXPLICAR

O Mercado chegou ao Brasil com as carave-las de Pedro Álvares Cabral.

E tratou logo de trocar o pau-brasil, a nossa ibirapiranga, por espelhinhos e outras bugi-gangas com os índios. Estes, encantados com a novidade, foram alegremente destruir as florestas para abastecer as caravelas. Chamou-se, depois, na nossa história, de ciclo do pau-brasil.

Em seguida, o mercado foi à África e arreba-nhou diversas etnias – nagôs, jejês, fanti, fulas, mandingas e, principalmente, malês e bantus – e os colocou para morrer em cana-viais, por fome, doença ou torturas, para que o mercado levasse açúcar para Europa.

Ainda no ciclo do açúcar, chegaram asiáti-cos, com suas famílias, escravizados por dívida, para trabalhar no sudeste. A tecnolo-gia exigida pela transformação do ciclo do açúcar no ciclo do café levou à farsa da li-bertação dos escravos para a escravidão permanente pelas dívidas e salários de fo-me.

Todas as tentativas de industrialização do Brasil foram obstaculizadas, combatidas, desfiguradas pelo mercado. Por isso, jamais tivemos o ciclo industrial. Apenas, aqui ou ali, um sopro, uma tentativa, logo assassina-da por campanha de demérito do brasileiro, do convencimento que não tínhamos nem teríamos condição de ser um País industria-lizado.

É emblemática a frase de Eugênio Gudin, para Edmundo Macedo Soares, a respeito da criação da Companhia Siderúrgica Nacio-nal: siderurgia é para brancos, não é coisa para nós.

Retomemos, brevemente, o vergonhoso pe-ríodo de 400 anos de escravidão oficial,

sempre com o patrocínio e aproveitamento do mercado.

No Volume VI, da História Geral da África, editada pela UNESCO, temos a informação que o Brasil recebeu 38% de todos os afri-canos que vieram para as Américas. E já descontados os cerca de 15%, que diversos historiadores apontam como mortos na tra-vessia África-América.

O mercado precisa explicar isso; ou, lavajati-anamente, não tem importância?

Sem o ciclo industrial, nem se poderia pen-sar no ciclo científico-tecnológico que faz a diferença no século atual.

A tentativa de emergir, colocar a cabeça aci-ma do nível da água, foi tentada no Governo Geisel. Veja que entre março de 1974 a 1979, foram criadas a Cobra (julho/1974), desenvolvimento da informática, a Nuclebrás (dezembro/1974), desenvolvimento da tec-nologia nuclear, o Programa do Proálcool (1975), desenvolvimento de tecnologia da energia, e ampliação da Embraer (criada em 1969), tecnologia aeroespacial, hoje todas encerradas, privatizadas ou adormecidas, sem recursos orçamentários.

No século XXI, o mercado se resumiu às fi-nanças. É o sistema financeiro internacional, que denomino, abreviadamente, banca.

E a banca transformou tudo que se fatura, por salário, por lucro, por aluguel, em juros, em dívida à banca. E deste modo foi se a-possando de todos os bens.

O mercado criou empresas de investimento, poderosos fundos de aplicação, coletando desde fortunas de famílias, lucro de trafican-tes, subornos de dirigentes privados e públi-cos, salários de magistrados e barnabés, e, se for possível, as esmolas caridosamente

dadas, para estes trilionários, em dólares, fundos de investimentos.

Deste modo, as empresas, antes competin-do pelos clientes, tem hoje os mesmos do-nos, denominados BlackRock, State Street Global Advisors, Allianz Global Investors, Vanguard Group, Fidelity Investments etc. Eles são os donos da Unilever e da Colgate-Palmolive, da Ford e da General Motors, da Exxon e da Shell, das empresas de comuni-cação e de entretenimento. O mercado pre-cisa, então, explicar o que é competitivida-de; ou isto também não tem importância?

Sendo dono das empresas, como bom admi-nistrador, o mercado não vai ter custo admi-nistrativo e logístico dobrado ou triplicado, nem oferecer vantagem para conquistar um bom operário. Por isso vemos, também, os salários diminuindo e o número de empre-gos sendo reduzido. O mercado deve expli-car isso; ou ainda não tem importância?

A escola, o hospital, o ônibus ou o trem, de algum modo estão nas mãos do mercado. E, por isso, que rareiam ou somem, onde não dão lucros compensadores ao mercado. Afi-nal, para economia do mercado não é o a-tendimento, bom ou péssimo, que interessa, mas o lucro que se pode obter.

Será que o mercado não nos deve uma ex-plicação pela falta destes serviços funda-mentais para a vida e dignidade humana? Ou também nossa vida não tem importân-cia?

Com meu agradecimento ao culto e percuci-ente analista Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães que, em palestra, em 01/-11/2018, iluminou-me para escrever este ar-tigo.

Pedro Augusto Pinho Avô, administrador aposentado

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 8

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T erra daqui a 200 milhões de anos: cientistas mostram 'supercontinente' do futuro.

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Dentro de 200-250 mi-lhões de anos, nosso pla-neta terá um aspecto total-mente distinto do que ve-mos hoje, ao juntar todos os continentes atuais em um novo supercontinente,

descobriram os investigadores Mattias Green (da Universidade de Bangor, Reino Unido), Hannah Sophia Davies e João C. Duarte (da Universidade de Lisboa, Portugal).

No artigo, publicado no portal The Conversation, os cientistas expli-cam que as placas tectônicas que formam a crosta terrestre estão em movimento constante, deslocando-se a uma velocidade de pou-cos centímetros por ano. Em termos geológicos, isso faz com que, de vez em quando, os continentes se juntem em um supercontinen-te que se mantém unido durante centenas de milhões de anos an-tes de se dividir novamente.

O último supercontinente Pangeia, que existiu entre 200 a 540 mi-lhões de anos atrás, durante a era Paleozoica, começou a se sepa-rar há aproximadamente 180 milhões de anos. Espera-se que o próximo seja formado em cerca de 200 a 250 milhões de anos. A ruptura de Pangeia levou a formação do oceano Atlântico que ain-da está se ampliando, enquanto o oceano Pacífico está se estrei-tando.

Segundo os autores do estudo, há quatro cenários fundamentais para a formação do próximo supercontinente: Novopangea, Pangei-a Última, Aurica e Amasia.

Se mantiverem as condições atuais — com o Atlântico a se ampliar e o Pacífico a diminuir — o novo supercontinente se formaria na parte oposta à antiga Pangeia, indicam especialistas. As Américas se colidiriam com a Antártida, que continuaria se movendo ao norte e, em seguida, com a África e Eurásia já unidas, para criar a cha-mada Novopangea.

Se a expansão do Atlântico começar a se interromper, seus dois pequenos arcos de subducção poderiam se estender ao longo da costa oriental das Américas, o que levaria a uma recreação de Pan-geia. Os continentes voltariam a se unir em um supercontinente chamado Pangeia Última, que estaria rodeado por um superoceano Pacífico.

Aurica

No caso de aparecerem novas zonas de subducção no Atlântico, ambos os oceanos poderiam se fechar e criar uma bacia oceânica. Neste cenário, a rachadura pan-asiática, que atualmente atravessa a Ásia, iria se abrir para formar um novo oceano. O resultado disso seria a formação do supercontinente Aurica, em cujo centro estaria a Austrália.

Amasia

O quarto cenário supõe um "destino completamente diferente para a Terra futura", segundo os pesquisadores. É destacado que várias placas tectônicas, inclusive a África e Ásia, estão se movendo atu-almente ao norte. É possível que todos os continentes, exceto a Antártida, continuem avançando ao norte até se unir ao redor des-se Polo em um supercontinente, nomeado de Amasia.

De acordo com as avaliações dos cientistas, o cenário da Novopan-gea é o mais provável, sendo uma progressão lógica das tendên-cias atuais, enquanto os outros três precisam da intervenção de processos adicionais.

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DESIGUALDADE DE RIQUEZA E DESEQUILÍBRIO DE PODER:

UMA CRISE GLOBAL. A desigualdade de riqueza vem se tornando cada vez mais atual ao longo dos anos. Apesar do fato de a mídia corpo-rativa ter publicado centenas de artigos sobre o assunto, muito poucas tentativas foram feitas para entrar na mecâni-ca real desse fenômeno e tentar explicar a teoria por trás dele. Tentamos preencher humildemente as lacunas e for-necer um contexto mais amplo para o problema.

Há uma velha piada dizendo que, em vez de ajudar os po-bres, socialistas e comunistas sempre lutaram contra os ricos. Essas piadas podem ser engraçadas, mas há tam-bém uma realidade que gera a teoria das formas: você não pode ter pobres se não tiver riqueza. E vice versa.

“Rico” e “pobre” são os termos usados para comparar as pessoas umas às outras em termos de riqueza. Se todos são ricos em qualquer sociedade, ninguém é.

Quando a diferença de riqueza entre as pessoas cresce significativamente, ela se transforma em poder. Se um mili-onário, por exemplo, não quiser limpar seus banheiros, ele pode contratar pessoas com menor status socioeconômico para fazer isso por ele. Ele pode exercer o poder de sua riqueza sobre as pessoas mais pobres e fazê-las fazer o que ele quer. No entanto, se esse milionário viver em uma cidade hipotética, onde todos são milionários, ele não po-derá contratar ninguém para fazer tal trabalho, porque to-dos teriam a mesma quantidade de energia, então ele teria que limpar seus próprios banheiros. ou trazer pessoas de regiões mais pobres e pagá-las para fazê-lo.

À medida que a diferença na riqueza aumenta, o mesmo acontece com o poder dos ricos sobre os pobres. Um bilio-nário que vive num país relativamente pobre pode dobrar toda a sociedade subornando / fazendo pressão a políticos e legisladores, mudando o sistema legislativo e introduzin-do leis e regulamentos que beneficiariam os seus negócios e a si próprio à custa das pessoas comuns. O mesmo prin-cípio se aplica a corporações grandes e ricas. Entidades excessivamente ricas que estão situadas em sociedades relativamente pobres podem facilmente acabar com qual-quer crime, pois têm a capacidade de subornar as autorida-des e comprar todo o aparato legislativo.

Circulam rumores de que David Rockefeller, que morreu no ano passado, teve 7 transplantes de coração em vida, e que ele recebeu seu último quando ele já tinha mais de 100 anos de idade (ele morreu aos 101 anos de idade). Se es-ses rumores são verdadeiros, é realmente perturbador, considerando que os lares (e órgãos humanos em geral) são um recurso extremamente limitado e valioso, sendo o processo de seleção dos candidatos ao transplante estrita-mente regulado (por exemplo, transplantes de coração não são dados àqueles que são mais de 70 anos e para aque-les que têm outros problemas de saúde significativos, por-que suas chances de sobrevivência são muito baixas, inde-pendentemente da condição cardíaca). Todo transplante de coração dado a David Rockefeller é uma vida humana que poderia ter sido salva legitimamente. Além disso, con-siderando que David Rockefeller já estava muito velho quando supostamente estava recebendo esses transplan-tes, os corações deveriam ter sido especificamente selecio-nados para serem altamente compatíveis com seu sistema (caso contrário, os tecidos poderiam ter sido rejeitados por seu corpo), o que nos leva a algumas especulações pertur-badoras de que a extração de órgãos negros estava envol-vida no processo, o que, mais uma vez, demonstraria o excesso ao qual indivíduos super-ricos podem abusar de seu poder.

A diferença de riqueza, obviamente, cria a segregação social, que, com o tempo, os cimentos na cultura e até mesmo na biologia (os ricos normalmente querem se casar e ter filhos com outras pessoas ricas). Veja a Índia como um excelente exemplo, onde pessoas foram separadas em diferentes castas por milênios. Essa segregação social resultou em diferenças étnicas / genéticas entre diferentes

segmentos da mesma sociedade, com brâmanes e dalits (os “excluídos”, ou “intocáveis”) tendo, entre outras coisas, diferentes cores de pele. E, embora esse tipo de hierarquia social fosse adequado para o seu tempo, permitindo que os indianos criassem uma das civilizações mais avançadas do mundo no primeiro milênio aC, esse sistema perdeu quase toda a sua potência no final da Idade Média, deixan-do a região indefesa contra mais poderes capitalistas / co-loniais imperiais avançados que lutavam pela hegemonia mundial.

Pesquisas vêm mostrando há décadas que países com grandes diferenças entre ricos e pobres são muito propen-sos à corrupção e têm níveis mais altos de tensão social, o que, obviamente, não contribui bem para a estabilidade social. Os países onde os muito ricos dominam muito mal experimentam problemas enormes (e muitas vezes fatais).

Desnecessário será dizer que a excessiva segregação socioeconómica prejudica a concorrência leal. Há uma chance muito pequena de que o filho de um motorista de ônibus possa competir de maneira justa contra uma criança cujos pais são bilionários, devido a diferenças de escolari-dade, tutoria, disponibilidade de recursos de informação e até mesmo qualidade da comida, que tem seus efeitos sobre o desenvolvimento do cérebro (muitos desses fato-res explicam uma parte significativa da correlação entre genética e QI que observamos empiricamente – pessoas ricas são mais propensas a fornecer ambiente seguro, ali-mentos nutritivos e alta qualidade, enriquecendo a educa-ção para seus filhos). O conceito de mercado livre não fun-ciona realmente se aqueles que competem têm diferentes condições iniciais.

Falando de mercado livre e do próprio capitalismo, o con-ceito foi um grande passo do sistema feudal, na época. A competição foi encorajada (muitos pensadores de Moderni-dade, incluindo Adam Smith, viram humanos se esforçarem para competir uns contra os outros como uma fonte de energia que pode ser colhida e usada para mover Civiliza-ção para frente, como vapor de alta pressão de água fer-vente que fornece energia cinética para maquinário pesa-do). E foi, de fato, trabalhando na época. Mas, infelizmente, essas coisas só funcionam corretamente nos estágios inici-ais do capitalismo. À medida que o sistema avança, aque-les que acumulam enorme riqueza tornam-se tão podero-sos que podem mudar as regras do jogo a seu favor. Vi-mos como os Estados que atuam contra os interesses das instituições transatlânticas têm uma guerra econômica con-tra eles, com outros poderes forçados a introduzir ilegal-mente sanções contra seus próprios interesses econômi-cos; mesmo os regulamentos convencionais da ONU e da OMC não ajudam – os países são forçados a combater guerras de sanções sem benefícios econômicos previsí-veis, tudo porque a tomada de decisão é influenciada pelas figuras que jogam em seus interesses pessoais, sem consi-deração pelos interesses dos todos os outros.

Se não for controlado por muito tempo, o mercado livre tende a distribuir riqueza de uma maneira que cria entida-des financeiras / industriais supermassivas que agem aci-ma do sistema, entidades que alteram o sistema da manei-ra que bem entenderem, criando monopólios e abusando do poder. Assim, temos todas essas famílias e entidades industriais / financeiras, como os Rockefellers, Rothschilds, Morgans, o complexo industrial militar dos EUA e todos os outros atores que tentam manter seu poder e enriquecer às custas de todos os outros (por exemplo, começar guerras para vender mais armas e obter mais dinheiro de investi-mentos, destruindo países e regiões inteiras para eliminar concorrentes e criar mão-de-obra humana barata, e tal, sem absolutamente nenhuma consideração pelo direito internacional ou por princípios morais convencionais). É apenas a triste mecânica do capitalismo que começa a se manifestar depois que o sistema progride além de um está-gio ideal.

Altamente desigual e, mais importante, a distribuição injus-ta da riqueza é uma questão sistêmica profunda nos dias de hoje, em praticamente todos os domínios da nossa soci-

edade. O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, por exem-plo, tem um valor equivalente aos salários anuais de cente-nas de milhares de programadores de alto nível / engenhei-ros de software. Faça uma pergunta a você mesmo: quem é mais importante para o Facebook e para o progresso da Humanidade em geral: centenas de milhares de programa-dores altamente qualificados ou um Zuckerberg? É impro-vável que a resposta seja a favor de Zuckerburg, especial-mente considerando que pessoas e entidades como ele normalmente usam seus ativos financeiros para ganhar ainda mais poder à custa de todos os outros.

O mais perturbador é que a desigualdade econômica vem aumentando em todo o mundo nos últimos anos. Nos Esta-dos Unidos, por exemplo, as pessoas cujos salários estão nos 5% mais altos do país estão vendo seus salários su-bindo quase quatro vezes mais rápido do que os salários dos trabalhadores americanos regulares. A Rússia viu re-centemente um aumento acentuado no número de pessoas excessivamente ricas, mostrando um aumento de 19,7% no número de milionários em 2017, com o número total de bilionários aumentando também, enquanto a população russa em geral tem experimentado um declínio constante na riqueza, com poder de compra médio diminuindo 11% desde que as elites ocidentais lançaram a guerra de san-ções contra o país em 2014. Na Austrália, os salários mé-dios têm crescido significativamente mais lento que a taxa de inflação, significando que, apesar do crescimento técni-co nos lucros, trabalhadores australianos na verdade estão perdendo seu poder de compra, enquanto os CEOs e ou-tros altos executivos estão desfrutando das maiores taxas de aumento salarial em anos. Outros países mostram dinâ-micas semelhantes.

Além disso, os números oficiais dizem que, em janeiro de 2017, os 8 homens mais ricos do mundo tinham tanta riqueza quanto a metade mais pobre da popula-ção global! Apenas alguns anos atrás, o número era de 62 contra 3,6 bilhões. Hoje são oito! E esses são apenas os números oficiais (podemos apenas especu-lar o quanto as famílias super-ricas e os conglomera-dos realmente possuem).

Sistemas sociais com enormes lacunas de riqueza são instáveis. Por isso, temos visto toda essa instabili-dade no mundo nos últimos anos.

Claro, é impossível tornar a riqueza de todos igual. Eu pessoalmente não sou um grande fã das ideias es-querdistas radicais (algumas delas estão totalmente fora de sintonia com a realidade, na minha opinião). Algumas pessoas sempre serão mais talentosas, mais astutas e mais trabalhadoras do que as outras, natu-ralmente (e merecidamente!) Obtendo mais recursos do que seus pares (é desnecessário dizer que a desi-gualdade de poder não surge apenas da diferença de riqueza material). Ninguém pode cancelar a distribui-ção estatística normal observada na natureza, afinal. Além disso, um pouco de competição saudável é ne-cessário para a sobrevivência da Humanidade. Mas ainda é necessário tentar regular os processos que levam a grandes lacunas de riqueza. Lacunas de ri-queza grandes e desajustadas levam a abusos de poder sistêmicos, que, dada a globalização da capital e o estado atual de nosso sistema capitalista, podem levar a um colapso total, que seria seguido por desas-tres de proporções bíblicas.

Eu recomendaria tentar cultivar o conhecimento e a compreensão do mundo em que vivemos, e tentar desenvolver o recurso mais precioso que a Humanida-de tem – a capacidade intelectual. Todos nós precisa-ríamos lidar com os desafios que teríamos que enfren-tar em breve.

Denis Churilov

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 9

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TRANSFORMAÇÃO GLOBAL CINCO POLÍTICAS PARA UM

MUNDO PRÓSPERO E SUSTENTÁVEL

Em 2015, vimos dois avanços fantásticos, que encheram a humanidade de esperança. Primeiro, a adoção dos Objeti-vos de Desenvolvimento Sustentável, o plano coletivo, uni-versal para a humanidade para erradicar a fome, promover um bom desenvolvimento econômico e boa saúde, dentro das metas ambientais globais. Segundo, após 21 anos de negociações, adotamos o legalmente irrevogável Acordo de Paris, todas as nações mantendo o aquecimento global abaixo de 2 graus centígrados, com foco em 1,5 graus cen-tígrados. Hoje, após três anos, ainda estamos só nas apa-rências.

Agora, acho que é hora de voltar um passo atrás e reco-nhecer que eu duvido se os líderes mundiais realmente sabem o que assinaram na Assembleia Geral há três anos. Estas são metas universais, ambiciosas e de transforma-ção para uma humanidade próspera e inclusiva em um sistema terrestre estável. Mas existem problemas estrutu-rais. Temos contradições inerentes entre esses objetivos, nas quais há o risco de perseguir uma meta preferida em detrimento de outras. Veja por exemplo o Objetivo 8, traba-lho digno e crescimento econômico. Se continuarmos a fazer isso explorando recursos naturais e queimando com-bustíveis fósseis, será impossível alcançar o Objetivo 13. Após três anos, precisamos simplesmente admitir que esta-mos vendo ações limitadas em relação a de fato mesmo focar isso como um pacote universal coletivo e inclusivo.

O consumismo insustentável é uma das maiores ameaças à sobrevivência da humanidade na face do planeta Terra.

Então, isso faz com que a gente tenha que dar um passo pra trás. Acho que temos que nos fazer algumas perguntas difíceis: temos mesmo chance de atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030? Há mesmo com-pensações inatas que não sejam compatíveis com o nosso paradigma atual de desenvolvimento? Mas, existem talvez, sinergias onde podemos realmente acelerar a mudança? E isso é mesmo uma meta entre pessoas e planeta, que leva de fato a sério os objetivos econômicos e sociais ambicio-sos dentro dos sistemas de suporte à vida na Terra?

Cidadãos por todo o mundo começam a reconhecer que estamos enfrentando um aumento mundial nos riscos am-bientais; de fato, um planeta estável é um pré-requisito para termos um bom bem-estar humano na Terra. Deve-mos definir um espaço operacional seguro em um sistema terrestre estável, e a estrutura de fronteiras planetárias foi apresentada pela comunidade científica em 2009 para fa-zer exatamente isso. Ela tem sido amplamente adotada ao redor do mundo em normas, negócios e comunidades co-mo uma estrutura para o desenvolvimento sustentável no Antropoceno.

Este slide mostra a estrutura com os nove processos ambi-entais que regulam a estabilidade do sistema terrestre, provendo um espaço operacional seguro onde teremos uma grande chance de ter um bom bem-estar humano e prosperidade e equidade. Se formos para a área amarela, entramos numa perigosa cena de incerteza; e na área ver-melha, temos uma alta probabilidade de momentos críticos que poderia irreversivelmente nos levar longe da habilidade

do sistema terreno de prover bem-estar social e econômico para a humanidade.

Nós podemos hoje, cientificamente, quantificar essas fron-teiras nos fornecendo um sistema terreno estável para a humanidade. Mas temos que ir além disso e reconhecer que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, se real-mente quisermos alcançá-los, agora devem ocorrer dentro deste sistema seguro de operação. Temos que alcançar os ODSs dentro das FPs.

Mas, meus amigos, nem mesmo isso é suficiente. Temos que reconhecer que os Objetivos de Desenvolvimento Sus-tentável estão a 12 anos daqui. É somente uma etapa. Pre-cisamos atravessar o alvo e nos ampliar em direção a transformações para que possamos ter um bom futuro para todos os concidadãos na Terra, mais de 9 bilhões, dentro de um sistema terreno estável em 2050 e além.

Isso é uma busca, e para realmente explorarmos isso e não apenas termos opiniões, juntamos a comunidade cien-tífica, os melhores pensadores e modeladores e começa-mos a desenvolver modelo dinâmico todo novo de sistemas complexos, o modelo Earth-3, construindo sobre modelos que estão por aí pelos últimos 50 anos. E aqui está. Este é um trabalho fantástico. Ele tem um modelo de clima, uma biosfera, um modelo econômico global; ele tem algoritmos, tem todo um espaço de conquistas fantásticas. Isso é o que excita a nós cientistas.

Não é mesmo um lindo trabalho? E eu adoraria passar a noite toda falando com vocês sobre isso, mas vou ter que desapontá-los. Não posso fazer isso. Na verdade, a única coisa que posso fazer é garantir a vocês que é a primeira vez que isso é feito. Ninguém jamais tentou realmente combinar analiticamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com as fronteiras planetárias. E conseguimos encontrar padrões e tendências realmente convergentes que nos dão muita segurança em nossa habilidade de ago-ra projetar desenvolvimento econômico, uso de recursos da água, alimentos e energia, crescimento populacional, rendi-mento per capita, ainda em conjunto com estes caminhos sistêmicos e consistentes. Então, é a primeira vez que te-mos uma robusta oportunidade de realmente explorar os futuros da habilidade de obter os ODSs pelas FPs.

Então, como fazer isso? Bem, veja só. Aqui temos os da-dos vindos do mundo real, calibrados de 1970 a 2015: 100 mil pontos de entradas de dados por todo o mundo, basea-dos na habilidade de sete regiões de realmente atingir es-tes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Um exem-plo de como calibramos isso, aqui temos dados para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na erradicação da pobreza, saúde, educação e alimentação. E aqui temos nos balões as sete regiões do mundo, como elas se mo-vem até 2015 em nossas observações empíricas em rela-ção ao PIB per capita, dadas estas tendências universais convergentes que nos permitiram criar regressões que nos permitiram realizar simulações sobre o futuro, até o ano de 2050, mostrando a habilidade junto às linhas aqui para obter os ODSs.

Então, isso nos deu a oportunidade de construir diferentes cenários testando diferentes futuros possíveis: negócios, como sempre, transformações globais, esquemas de inves-timento em negócios, diferentes opções de governança, normas, finanças… de verdade, para explorar como o futu-ro pode ser em nossa habilidade em obter os ODSs com as FPs. E os resultados, posso dizer a vocês, realmente nos surpreendeu. E esta será a primeira vez que é mostrado. Na verdade nem mesmo deverá ser mencionado fora desta sala.

Então, é na verdade apresentado ao longo de dois eixos. O eixo “y” mostra nossa habilidade de ficar dentro das frontei-ras planetárias. Quanto mais alto, mais perto do espaço operacional seguro. No eixo” x” estão os Objetivos de De-senvolvimento Sustentável Quanto mais para a direita, mais ODSs atingimos. Nós todos queremos estar no canto superior direito, o mundo seguro e justo para o futuro. O

ponto que vemos aqui é 1980. Era uma situação em que de fato estávamos em um espaço seguro de operação mas sem atingir muitos dos ODSs. Aqui está a tendência até 2015. Então este é o mundo convencional, que de fato está entregando um crescente número de ODSs, tirando mi-lhões de pessoas da pobreza, mas às custas do espaço operacional seguro na Terra. Aqui, este é o cenário de ne-gócios como sempre, no futuro.

Se apenas continuarmos como hoje, seremos capazes de entregar alguns dos ODSs, mas faremos isso às custas da estabilidade do sistema terrestre. Mas, se formos mais rápi-do no crescimento econômico, e realmente nos aliarmos a 1% de aumento da receita por ano e até mesmo triplicar a economia mundial até 2050? Isso nos daria a seguinte tra-jetória Nós conseguiríamos sim ir um pouco mais além nas conquistas dos ODSs, mas ainda às custas do risco de desestabilização do planeta. Mas e se fôssemos realmente além? E se aumentássemos nossa habilidade de entregar o que prometemos em 30% por todos os setores na socie-dade, desde o clima até nossos acordos de negócios? Um cenário mais difícil nos levaria a um ponto um pouco me-lhor, ainda assim, estaríamos falhando nos ODSs, e não estaríamos conquistando um espaço operacional seguro para a humanidade. Então, isto nos levou a uma conclusão um tanto frustrante, a de que vamos, na verdade, mesmo em futuros convencionais, falhar nos ODSs e transgredir as fronteiras planetárias. Nós precisamos de um pensamento radical. Precisamos ir para um futuro transformativo, turbu-lento, no qual começamos a pensar fora da caixa. A de-monstração, o engajamento e o diálogo nos permitem iden-tificar cinco transformações que poderiam potencialmente nos levar lá. A primeira seria cortar emissões pela metade a cada década ao longo do caminho científico para Paris, dobrando os investimentos em energia renovável, criando uma democracia de energia global, o que nos permitiria atingir vários dos ODSs. A segunda seria rapidamente mu-dar para sistemas de alimentação sustentáveis, investindo 1% ao ano em intensificação sustentável e realmente nos voltando à implementação e investimento em soluções que já temos disponíveis hoje em dia. A terceira é realmente mudar nosso paradigma de desenvolvimento e aprender com muitos dos países desenvolvidos que mudaram muito rapidamente. E se pudéssemos ter um crescimento econô-mico como a China, estando dentro dos parâmetros ambi-entais de uma civilização ecológica? Quarta, uma redistri-buição da riqueza.

E se concordássemos que os 10% mais ricos não se per-mitiriam acumular mais que 40%, ao máximo, das receitas nacionais. Uma redistribuição drástica da rique-za, reformulando a habilidade de equidade pelas regi-ões? E finalmente, quinta, um aumento radical em mais educação, saúde, acesso a trabalho, contracep-ção, investindo amplamente em mulheres por todo o mun-do, nos permitindo entregar os ODSs na desigualdade de gêneros, desenvolvimento urbano e econômico. Então, se nos esforçarmos nestes cinco itens, nós testamos e isso nos daria uma caminhada impressionante em direção a um sistema operacional seguro e justo na Terra. Isso nos mos-tra que mesmo com um modelo conservador, baseado em dados empíricos ou com sistema de dinâmica comple-xa, estamos em um estado onde podemos realmente pen-sar em transformações pelos próximos 12 anos e além que podem nos levar ao espaço operacional seguro e entregar os ambiciosos objetivos sociais e econômicos. Isso é bem encorajador, apesar de não estarmos nos movendo por essa trajetória.

linha e concluir que não estamos entregando nossas pro-messas, e não apenas isso, estamos correndo os riscos de que futuras gerações possam ter uma habilidade mais ain-da prejudicada, devido ao risco de forçar o sistema terreno além dos pontos cruciais.

Johan Rockström Cientista Tradução: Renata Oliveira

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 10

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Por que alimentamos covarde-

mente o ódio religioso? Por que

não chamamos o que aconte-

ceu em Campinas de atentado

terrorista? Uma visão medieval do cristianismo e do mundo. Um conservadorismo doenti-o e um profundo ódio ao Estado.

As anotações encontradas no quarto de Euler Fernando Grandol-pho, o autor do atentado na Catedral de Campinas , citam clara-mente a intenção de cometer o ato e de chamar a atenção do Esta-do.

Segundo a polícia, os bilhetes mostram que o homem se referia com frequência ao dia 11 , alimentava um profundo ressentimento contra o Estado e contra pessoas próximas a ele e possuía uma pistola 9 mm há pelo menos um ano.

Os bilhetes revelam que Euler queria eliminar o que chamava de "interferência" do Estado, dos familiares e de quem o "perseguia".

No dia 29 de agosto deste ano, Euler escreveu que o Estado e a família negaram ajuda profissional a ele e citou um massacre como um possível "solução".

Sim, Euler Grandolpho cometeu um atentado terrorista ao entrar naquela tarde na Catedral de Campinas portando duas armas le-tais, ao atirar mais de 20 vezes contra os fiéis que ali estavam , ma-tar cinco humanos. e tirar a própria vida no altar.

Um atentado terrorista.

Um ato que me entristece profundamente como humana e como ativista anti- armamentista .

Mas enquanto uma parte da mídia tenta omitir as semelhanças en-tre atentados terroristas cometidos por muçulmanos e o atentado terrorista cometido pelo brasileiro , chamando-o por eufemismos como " atirador", "homem solitário" , etc, os fatos insistem em trazer a verdade à tona.

O que aconteceu em Campinas foi um atentado TERRORISTA e não foi o primeiro cometido por um homem nascido em uma família cristã tradicional , como a minha ou a sua família, um homem que estudou em ótimos colégios católicos, morava em um condomínio de classe média alta , vinha de uma família com prestígio em sua comunidade , assim como eu e talvez você.

Por que nos recusamos a usar a palavra terrorista e alimentamos todos os dias , das mais diferentes formas, o ódio religioso contra os muçulmanos? Por que uma parte significativa da imprensa tem doutrinado as pessoas a odiar os nossos irmãos muçulmanos no Brasil?

Por que caminhamos cada vez mais em direção ao abismo da hipo-crisia , do ódio religioso , do obscurantismo e da completa ignorân-cia sobre outras religiões que não sejam a nossa?

Você se lembra do norueguês que protagonizou o maior atentado da história do país , matando mais de 77 jovens do Partido Traba-lhista norueguês, jovens que ajudavam os refugiados e faziam tra-balho voluntário em uma ilha da Noruega?

Sim, Andrés Breibick se dizia um novo " cruzado " e era um fanático cristão . Um terrorista cristão.

Você se lembra do atentado de Oaklahoma City, um dos maiores da história dos EUA ? Foi praticado por um homem americano cha-mado Thimonty Mcveigh, um cristão evangélico norte- americano. Mas antes que a polícia americana elucidasse o caso e descobrisse a história de Mcveigh, o cristão autor atentado nos EUA até então, centenas de jornais do país levaram as pessoas a acreditar que se tratava de um atentado muçulmano.

Você se lembra de Jim Jones, um fanático cristão que levou mais de 900 pessoas à morte nas Guianas? Jim Jones era um pastor e-vangélico.

Você se lembra de um atentado recente em Londres quando um homem britânico se dirigiu à saída de uma mesquita em atropelou dezenas de muçulmanos, deixando pelo menos dez pessoas feri-das e uma vítima fatal? Ele era um fundamentalista cristão.

Precisamos falar o ódio que estamos alimentando e sobre o funda-mentalismo cristão.

Precisamos promover a empatia , a tolerância e o respeito por to-das as formas de manifestação religiosa.

Não podemos mais alimentar o ódio religioso de forma tão covarde.

Não podemos mais dar um outro nome aos mesmos crimes e à mesma dor, apenas porque o autor do atentado não era Um muçul-mano. Um brasileiro que mata cinco pessoas e fere oito dentro de uma igreja é um terrorista e minha ética profissional e meu respeito a todos os grupos religiosos me conduzem a escrever a verdade.

Não sejamos hipócritas e covardes. . Não alimentemos o ódio a um único grupo religioso.

Não alimentemos, através de eufemismos, o fanatismo religioso que assola o Brasil hoje. Aumentemos o conhecimento, o respeito e a tolerância a todos os grupos religiosos. Chega de ódio!

Lucia helena Issa

Jornalista, escritora e ativista pela paz. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro "Quando amanhece na Sicí-lia". Pós- graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma e embaixadora da Paz por uma organização internacional. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio.

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 11

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Resgato um teste com espírito natalino que havia postado aqui. Você consegue identificar qual dos dois personagens históricos disse isso? Assinale a alternativa correta: 1) Não pensem que vim trazer paz. Vim trazer a espada. Vim cau-sar a divisão entre filho e pai, filha e mãe, nora e sogra. Criar ini-migos dentro da própria casa ( ) Jesus de Nazaré ( ) Karl Marx 2) No final das contas, será muito difícil salvar um rico. ( ) Jesus de Nazaré ( ) Karl Marx 3) Venda tudo o que tem e dê aos pobres. ( ) Jesus de Nazaré ( ) Karl Marx 4) Não importa o quanto você tem. Importa quem você é. ( ) Jesus de Nazaré ( ) Karl Marx Respostas: 1) Jesus (Mateus 10: 34-39); 2) Jesus (Lucas 18:18-

30); 3) Jesus (Mateus 19:21); 4) Jesus (Mateus 6: 19-21) Resultados: Bem-aventurados os que conseguem rir de si mesmos, pois a Terra lhes será mais leve.

Leonardo Sakamoto

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Um estadista de verdade

Neste século XXI, o mundo já não está divido entre os antagônicos blocos liderados pelos Estados Uni-dos e União Soviética. A União So-viética já não existe mais. Mas os países ocidentais ainda se incomo-dam com a posição russa na geopo-lítica. Por que a Rússia é tão incô-moda ao Ocidente?

Porque a nação russa tem orgulho de sua identidade, tem respeito próprio, e o Presidente Vladimir Putin personifica o respei-to próprio que o povo russo tem a si mesmo. Diferente do Boris Yeltsin, que fez da Rússia nos anos 90 um país fraco e submisso ao Ocidente, Vladimir Putin faz a Rússia ser forte e soberana. Putin é um Estadista com E maiúsculo, que está restaurando a Rússia como protagonista geopolítica. Vladimir Putin apoiou os Estados Unidos de Bush na guerra ao terror, no começo deste século, mas os atritos começaram em 2014, durante a crise política da Ucrânia.

Vladimir Putin não é um ser humano desprovido de defeitos humanos. É um político autoritário, repressor, tem posturas conser-vadoras, não é alguém que valoriza direitos humanos e nem princí-pios democráticos. É um governante que faz ferrenha repressão aos seus opositores políticos. Contudo, Putin é alguém de persona-lidade forte e capaz de governar com firmeza, o que inspira a segu-rança e confiança em muitos cidadãos russos. Sim, é um Estadista que tem lá as suas características desagradáveis.

Os Estados Unidos da América já estão entrando em deca-dência enquanto superpotência mundial, o poder geopolítico de Washington D.C. declina diante de uma China ascendente, e as oligarquias dos EUA estão histéricas, não estão conseguindo lidar com isso em paz. Impérios ascendem e caem, os Estados Unidos são mais um deles. Os Estados Unidos não ficaram satisfeitos em ter a América Latina como o seu quintal, o Oriente Médio ainda tem alguns ditadores ou déspotas pró-Ocidente vassalos de Washing-ton, a Europa e o Japão lhes são subservientes, mas a Casa Bran-ca e o Capitólio querem mandar no planeta inteiro através da sua Nova Ordem Mundial que é a globalização neoliberal.

Mas há povos que não se sentem parte integrante de uma comunidade mundial, não querem participar dessa ordem mundial defendida pelo Ocidente liderado pelos Estados Unidos, ou pela União Europeia liderada pela Alemanha, os russos não veem a si mesmos nem como cultura europeia e nem como cultura asiática, mas como um tipo de civilização singular distinta.

O fato de um brasileiro gostar de elementos de culturas es-trangeiras não cancela a sua identidade brasileira. Por exemplo, uma determinada pessoa nasceu e cresceu no Brasil, fala a varian-te brasileira do português, mas pode gostar dos filmes de Hollywo-od, pode gostar de comer cachorro-quente, x-burguer, pode gostar de assistir o Super Bowl e basebol americanos, aprender inglês, nada disso vai lhe fazer deixar de ser brasileiro e lhe transformar

em norte-americano. Pode gostar de comer yakisoba com hashi, de comer sushi, aprender japonês e ler mangá, ouvir K-Pop, nada dis-so vai lhe fazer deixar de ser brasileiro e lhe transformar em japo-nês ou sul-coreano. Isso tudo só significa que se trata um indivíduo flexível ao multiculturalismo, tolerante aos costumes de outros po-vos, mas nem todos os seres humanos são assim. Há pessoas neste planeta que prezam muito a sua identidade cultural nacional, suas tradições ancestrais, e tais valores lhes são caros.

Sobre os ideais liberais do Ocidente, ou as oligarquias oci-dentais ou realmente não percebem que na prática se comportam de forma autoritária e impositiva (o que é improvável) ou percebem e caem no erro de achar que ninguém vai notar que estão se com-portando de forma autoritária e hipócrita. Por mais imoral que seja recusar a democracia liberal proposta pelo Ocidente, o que é um fato desagradável, mas é fato, é que nem todas as culturas da Ter-ra estão preparadas para lidar com o Estado democrático de Direi-to. Nem todos os povos tem maturidade para lidar com a democra-cia. E nem todos os povos lidam com o modo de produção capita-lista da mesma exata forma. Nem tudo que se aplica nos Estados Unidos ou na Europa pode ser aplicado ao restante do mundo. A Rússia prefere o nacionalismo econômico e não está errada. Os russos não são obrigados a sacrificar a si mesmos para satisfazer as vontades do Ocidente.

Na Segunda Revolução Industrial, o Ocidente, principalmen-te a Europa, promoveu uma expansão imperialista sobre a África, Ásia e Oceania, recorrendo a argumentos etnocêntricos como justi-ficativa, e os EUA também com a sua doutrina Monroe de “A Améri-ca para os americanos” e o Big Stick, e hoje o Ocidente é falso mo-ralista, arrogante, se acha guardião dos direitos humanos e dos princípios democráticos, se acha modelo a ser seguido pelo restan-te do mundo. E os Estados Unidos da América se acham a polícia do mundo com o seu intervencionismo maníaco em outras regiões do mundo. Os cidadãos comuns dos Estados Unidos também são vítimas do sistema, pois boa parte daquela sociedade é alienada, sofre lavagem cerebral da mídia. E a parte daquela sociedade que tem consciência está de “mãos atadas” pois não têm condições de vencer os poderosos lobbies que agem na política daquele país. Não é questão de ser socialista e nem de ser contra o capitalismo. É questão de se ter bom senso, de ser honesto quanto às inten-ções. O compromisso de Vladimir Putin é com a Rússia, não está interessado em agradar poderes estrangeiros. Ninguém que tenha a consciência desperta vai atentar contra os seus próprios interes-ses para agradar interesses de outros, e nem vai aceitar que gente de fora exerça autoridade dentro do seu espaço. Só quem tem complexo de vira-lata é que acha louvável gente de fora ter autori-dade dentro da sua própria casa, gente que não tem vergonha na cara e nem respeito próprio.

O Vladimir Putin está coberto de razão quanto a optar pelo nacionalismo econômico para a Rússia. Ele é um estadista de ver-dade neste século XXI.

João Paulo E. Barros

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 12

Brasil de todas as culturas. A cultura do Brasil é uma síntese da influência dos vários povos e etnias que formaram o povo brasileiro. Não existe uma cultura brasileira perfeitamente homogênea, e sim um mosaico de diferen-tes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil. Natu-ralmente, após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é, majoritariamente, de raiz lusitana.

É justamente essa herança cultural lusa que compõe a unidade do Brasil: apesar do povo brasileiro ser um mosaico étnico, quase to-dos falam a mesma língua (o Português Brasileiro, além de muitas outras, principalmente indígenas) e a maioria é cristã, com largo predomínio de católicos. Esta igualdade linguística e religiosa é um fato raro para um país de grande tamanho como o Brasil, especial-mente em comparação com os países do Velho Mundo.

As influências indígenas e africanas deixaram marcas no âmbito da música, da culinária, do folclore, do artesanato, dos caracteres emocionais e das festas populares do Brasil, assim como centenas de empréstimos à língua portuguesa (antes da chegada dos portu-gueses aqui era falado tupi-guarani). É evidente que algumas regi-ões receberam maior contribuição desses povos: os estados do Norte têm forte influência das culturas indígenas, enquanto algu-mas regiões do Nordeste têm uma cultura bastante africanizada, sendo que, em outras, principalmente no sertão, há uma intensa e antiga mescla de caracteres lusitanos e indígenas, com menor par-ticipação africana.

No Sul do país, as influências de imigrantes italianos e alemães são evidentes, seja na língua, culinária, música e outros aspectos.

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Indícios históricos apontam que as comemorações para a chegada do novo ano começaram em uma época anterior ao cristianismo, mais precisamente atribuída ao povo Mesopotâmico, por volta do ano 2.000 a.C. O ano-novo do calendário gregoriano começa em 1º de janeiro (“dia de ano-novo”), assim como era no calendário romano. ... A comemoração ocidental tem origem num decreto do líder romano Júlio César, que fixou o 1º de janeiro como o "dia do ano-novo" em 46 a.C. Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos por-tões. Foi só há pouco tempo que o dia 1º de janeiro voltou a ser o primei-ro dia do ano na cultura ocidental. Até o ano de 1751, na Inglaterra e no País de Gales, o ano-novo começava em 25 de março. No Brasil as comemorações do Ano Novo foram incorporadas ao calendário festivo brasileiro a partir de inspiração nos demais paí-ses de cultura ocidental, que tomam o 1º de janeiro como data cor-reta. Isso só é possível porque o país também é regido pelo calen-dário romano, adotado no ano de 743 a.C., este, por sua vez, foi preservado pela Igreja Católica, baseado no calendário gregoriano do século XVI. A corte de dom Pedro II, sediada no Rio de Janeiro, foi a grande responsável pela popularização das comemorações do Ano Novo no país. A partir de então, a festa também foi copiada pelas elites paulistas.

O dia da gratidão é comemorado anualmente em 6 de janeiro. Esse é um dia dedicado ao agradecimento, dia de expressar grati-dão por tudo o que somos e temos, por tudo de bom que nos acon-tece e pelos desafios com os quais nos deparamos. Agradecer é um exercício que nos traz muitos benefícios, pois des-perta em cada um de nós uma atitude positiva com relação à vida e que nos fortalece para os momentos de dificuldades.

O Dia do Leitor foi criado em homenagem à fundação do jornal cea-rense “O Povo”, criado em 7 de janeiro de 1928, pelo poeta e jorna-lista Demócrito Rocha. Neste jornal, que ficou conhecido por combater a corrupção e divul-gar fatos políticos, existia um suplemento chamado “Maracajá” que se tornou um espaço de divulgação do movimento modernista lite-rário cearense na época. As obras de Demócrito Rocha são de grande importância para a cultural regional. O autor pertenceu à Academia Cearense de Le-tras, enquanto era vivo. Esta é uma data dedicada às pessoas que são apaixonadas pela literatura, ou seja, que amam livros! Ninguém nasce sendo um leitor. O interesse pela literatura é algo que se desenvolve no ser humano através dos anos, a partir de in-fluências positivas relacionadas ao ato de ler. O hábito da leitura é importante para exercitar as capacidades de comunicação, interpretação e de cognição das pessoas.

“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico” Dia do Fico refere-se, na história do Brasil, ao dia 9 de janeiro de 1822. Neste dia, o então príncipe regente D. Pedro de Alcântara declarou que não cumpriria as ordens das Cortes portuguesas, que exigiam sua volta a Lisboa, ficando no Brasil. História: Com a chegada da família real ao Brasil, fugindo de uma possível invasão francesa, em 1808, o país deixou de ser uma sim-ples colônia portuguesa e passou a ser o centro do Império Portu-

guês, tendo sido o Brasil elevado à reinoem 1815. Em 1821 eclode a Revolução do Porto, as elites políticas metropolitanas instalaram as cortes para confecção de uma Constituição e o rei João VI voltou para o reino, deixando seu filho, Pedro de Alcântara, na condição de príncipe-regente. Ao longo de 1821 as discussões no âmbito das cortes caminhavam na direção de retornar o Brasil ao status de colônia, os liberais radi-cais se uniram ao Partido Brasileiro, visando evitar retrocessos. As Cortes expediram ordens ao príncipe regente D. Pedro de Al-cântara, sendo que uma delas era a exigência de seu retorno ime-diato a Portugal, nomeando uma junta governativa para o Brasil.[2] Os liberais radicais, em resposta, organizaram uma movimentação para reunir assinaturas a favor da permanência do príncipe. Assim, pressionariam D. Pedro a ficar, juntando 8 mil assinaturas. Foi en-tão que, contrariando as ordens emanadas por Portugal para seu retorno à Europa, quando então declarou a celebre frase.declarou a celebre frase.

Existem algumas divergências sobre o local de nascimento de São Sebastião, no entanto a teoria mais aceita diz ter sido em Milão, na Itália. São Sebastião defendeu os cristãos e a sua fé do imperador romano Diocleciano, sendo condenado à morte por desobedecer os seus comandos. Sebastião foi amarrado em uma árvore e alve-jado com muitas flechas. Porém, não morreu, pois foi salvo por u-ma viúva chamada Irene que ajudou a curar todos os seus ferimen-tos. Depois de recuperado, Sebastião voltou a enfrentar o impera-dor Diocleciano. Desta vez, foi condenado a ser açoitado até à mor-te. São Sebastião morreu em 20 de janeiro de 288 d.C, sendo a da-ta de sua morte escolhida pela igreja católica para homenagear o mártir pelas suas ações de coragem e fidelidade ao Cristianismo.

O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi cria-do por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), atra-vés de uma Assembleia Geral, pelaresolução 60/7, de 1 de dezem-bro de 2005. O 27 de Janeiro foi escolhido por ter sido o dia, em 1945, que acon-teceu a libertação do campo de concentração de Auschwitz, consi-derado o principal do regime nazista. Quando será que teremos o ‘Dia Internacional pelas vítimas de Hi-roshima e Nagazaki’ vitimas dos Imperialistas Norte Americanos? Somente em Nagazaki mais de 40 mil morreram e até hoje continu-a morrendo gente pelo câncer herdado.

Também conhecidas como HQ's, as histórias em quadrinho são um modelo de leitura que mistura elementos textuais e visuais, criando a sensação de sequenciamento das cenas. Esta data visa homenagear este gênero literário, um grande res-ponsável por apresentar e incentivar as crianças ao mundo da lite-ratura. No Brasil, as histórias em quadrinho surgiram em meados do sécu-lo XIX, mas apenas se popularizou com o lançamento de clássicos como “A Turma da Mônica”, “O Menino Maluquinho”, “A Turma do Pererê” e o “Tico-Tico”, que é considerada a primeira revista em quadrinho lançada no Brasil, em 11 de outubro de 1905. Origem do Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos A explicação para a escolha desta data está no fato de ter sido em 30 de janeiro de 1869 que foi publicada a primeira história de quadrinho brasileira: “As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte”, autoria do cartunista Angelo Agostini. A partir de 1984, ficou instituído, através da “Associação dos Qua-drinistas e Cartunistas do Estado de São Paulo” (AQC-ESP), que todo o dia 30 de janeiro se comemoraria o Dia do Quadrinho Nacio-nal, em homenagem ao trabalho de Agostini.

Fonte: callendar

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 13

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ALGUMASDATAS COMEMORATIVAS

09 - Dia do Fico

06 - Dia da Gratidão

20 - Dia de São Sebastião

07 - Dia do Leitor

27 - Dia Internacional Vítimas do Holocausto

30 - Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos

01 - Ano-Novo

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Viabilidade

Já faz tempo que o MERCOSUL e a União Eu-ropeia tentam fazer um acordo comercial. É um acordo para abrir o MERCOSUL para os europeus e abrir a UE para os membros do MERCOSUL. Mas, a quem no Brasil, um acor-do com a União Europeia vai realmente benefi-ciar?

O Mercado Europeu vai fazer a indústria brasi-leira ser mais competitiva? Uma vez que o Mercado Europeu é muito exigente? Ou a in-dústria brasileira vai ser massacrada pela in-dústria europeia? Não está sendo defendido aqui que o governo brasileiro proteja uma in-dústria que não é competitiva, mas se o mer-cado brasileiro vai passar a ser praticamente regulado pela União Europeia ou não e, se a desindustrialização nacional brasileira vai dis-parar desemprego massivo nesse setor da e-conomia brasileira. O Mercado Europeu é um mercado de mais ou menos 500 milhões de pessoas com uma renda de mais de US$30 mil, muito rigoroso quanto aos requisitos de qualidade. É um mercado gigante! A indústria brasileira não tem as mínimas condições de competir num mercado como da Europa Uni-da.

Tudo indica que, quem vai ser o grande benefi-ciado por esse acordo entre mercados é o a-gronegócio brasileiro, que é o lobby por trás da Bancada Ruralista no Congresso Nacional em Brasília. O mesmo lobby que é um dos que não deixam o Brasil se desenvolver, desres-peita direitos dos povos indígenas, despreza o direito dos consumidores a terem sua saúde preservada com os agrotóxicos, destroem bio-mas, desmata florestas, faz o Brasil parecer estar na Idade Média. Sim, existem os peque-nos e médios produtores rurais que respon-dem por grande parte dos alimentos dispostos no mercado interno, que põem comida na me-sa dos brasileiros mas, tem também os gran-des latifundiários que têm como alvo os merca-dos estrangeiros como exportar soja para a China, e beneficiam só a si mesmos, não se interessam em investir no mercado brasileiro para tentar ajudar a sociedade brasileira a me-lhorar, não contribuem para a prosperidade interna da nação, tratam o Brasil como sua propriedade particular e são esses latifundiá-rios o lobby por trás da Bancada Ruralista no

Congresso. Esse pessoal não ajuda na educa-ção do povo, nas pesquisas científicas e tec-nológicas, fazem do Brasil um país atrasado e uma gigante fazenda diante do mundo lá fora.

Não há problema nenhum em ser rico! Como disse o ex-presidente chinês Deng Xiaoping, enriquecer é glorioso. Mas ser egoísta é sim, problema! Egoísmo capitalizado de quem quer desmatar florestas e enfiar “de goela abaixo” soja e gado para aumentar o seu lucro. Nos anos 70, o governo brasileiro criou a EMBRA-PA, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária, para ajudar o agronegócio brasileiro. Só que o governo brasileiro devia ter feito uma Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial e Tecnológica, para que o Brasil hoje tivesse u-ma indústria nacional tão forte quanto é o a-gronegócio brasileiro hoje em dia. Não é prefe-rível o governo do Brasil investir no aprimora-mento da indústria nacional brasileira, de capi-tal nacional? Mesmo que seja capital privado, mas que seja brasileiro. Não devia ser priorida-de no Brasil? Por exemplo, ter uma indústria genuinamente brasileira de automotores? De eletrônicos?

Deixando de lado o espectro ideológico direita, esquerda e centro, qual é o caminho que os atuais países capitalistas de primeiro mundo percorreram? Como eles procederam para es-tar como estão hoje? Por exemplo, o que a Finlândia, a Suécia e a Noruega fizeram? O que a Suíça fez? O que a Coreia do Sul e Tai-wan fizeram? O que o Canadá fez? O que es-sas culturas distintas têm em comum ou fize-ram de semelhante para hoje serem países desenvolvidos? É só o Brasil, com o seu jeitão tropical, sua própria identidade sociocultural genuinamente brasileira, seguir os passos que as nações desenvolvidas seguiram. O Japão pós Segunda Guerra Mundial comprou produ-tos industrializados dos Estados Unidos e fez engenharia reversa desmontando peça por pe-ça, parafuso por parafuso para passar a fabri-car um modelo alternativo genuinamente nipô-nico. “Espiar o quintal” dos países ricos é mais rápido e barato do que tentar “reinventar a ro-da”. É só o Brasil investir pesado em conheci-mento científico e de aprimoramento tecnológi-co, buscar soberania tecnológica. Outros já fizeram antes e não perderam suas identida-des étnicas. O Brasil também não vai perder.

Um acordo de livre-comércio com a União Eu-ropeia vai contribuir para a indústria brasileira se aprimorar e se tornar mais competitiva no mercado mundial? O profissional brasileiro vai passar a ser mais qualificado e mais competiti-vo? A tecnologia brasileira vai se tornar mais avançada? Quem realmente no Brasil vai ser beneficiado com um acordo comercial entre o MERCOSUL e a União Europeia? Qual é a vi-abilidade de um acordo assim?

João Paulo E. Barros

Janeiro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 14

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Para pensar!

Roquette Pinto: “Os escravos sempre serviram para carregar, entre outros

fardos, a culpa dos senhores”.

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O povo (nome de um bloco de carna-val do Rio): “Simpatia é quase amor”.

* * *

Charlie Chaplin: “A vida é uma tragé-dia quando vista de perto, mas uma

comédia quando vista de longe”.

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Carmem Mayrink Veiga: “Há duas coisas que nunca pretendo fazer: es-

portes e trabalhar”.

* * *

Vinícius de Moraes: “O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro

engarrafado”.

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Galeão Coutinho: “O charuto é a cha-miné da prosperidade”.

* * *

Voltaire: “É perigoso estar certo quan-do o governo está errado”.

* * *

Luís Fernando Veríssimo: “Às vezes, a única verdade em um jornal é a

data”.

* * *

Gondin da Fonseca: “Judas era um cidadão respeitável comparado a cer-

tos entreguistas do Brasil”.

* * *

Mário Quintana (sobre seus críticos): “Todos esses que aí estão atravan-

cando meu caminho, eles passarão… eu passarinho”.

* * *

Chico Xavier: “Ambiente limpo não é o que mais se limpa. É o que menos

se suja”.

* * *

Marquês de Maricá: “O roubo de mi-lhões enobrece os ladrões”.

* * *

Walther Waeny: “O homem é um ani-mal racional. Racional, às vezes; ani-

mal, quase sempre”.

* * *

Graciliano Ramos: “Tanto faz morrer assim como assado. Tudo é morrer.

Crucificado ou de prisão de ventre, em combate glorioso ou forca, o resultado

é o mesmo”.

Politicamente falando: É mais recomendável estimular a diplomacia de um rinoceronte em uma loja de cristais, que tomar decisões com a esperança de agradar a todos.

di matioli

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O incêndio do Museu Nacional e o epistemicídio como projeto político de

esquecimento

No último domingo, dois de setembro, um incêndio de grandes pro-porções atingiu o Museu Nacional. Das 19h30 até cerca de 3h da manhã do dia seguinte, quando o incêndio foi contido, um acervo estimado em 20 milhões de itens era consumido rapidamente pelas chamas.

Os bombeiros, enquanto isso, enfrentavam problemas na captação de água, dada a falta de carga nos hidrantes. O palácio onde fun-cionava o Museu não tinha sistema de prevenção de incêndio e as instalações eram antigas e precárias.

O diretor no Museu, Alexander Kellner, explicou em entrevista vei-culada por alguns jornais, que há anos o espaço sofre com a falta de verbas. Exposições fechadas, prédio em más condições e, cer-tamente, problemas de manutenção e restauração de peças. 300 milhões de reais, investidos ao longo de um década, seriam neces-sários para executar seu Plano Diretor, ainda segundo Kellner. A verba anual, de R$ 520 mil, que custeava a sua manutenção, tam-bém não era repassada integralmente desde 2014.

Há uma frase genérica que pode ser ouvida de muitas bocas, em muitas ocasiões. Uma frase sobre um país Brasil que não conhece a si mesmo e à sua história. O arquivo do Museu Nacional, perdido para sempre, reunia fósseis, objetos etnográficos e arqueológicos, documentos antigos e raros. Todo esse material carregava consigo uma dimensão de vida, na possibilidade que encerrava de trans-missão e produção constantes de conhecimento. As pesquisas so-bre esse acervo nos deixam órfãs/ãos, porque certamente diriam respeito a quem somos.

Os valores que poderiam ter impedido o assassinato de nosso mai-or museu, um museu de 200 anos de história, são de todo modes-tos. R$ 520 mil anuais: soma próxima, não raro inferior, àquela gas-ta com boa parte de nossas aristocráticas carreiras jurídicas e car-gos políticos. Mas a história, como nos ensina o governo através, por exemplo, da reforma da educação, é apenas um penduricalho que podemos dispensar, no ensino básico, nas pesquisas das uni-versidades, em nossa vida, enfim.

Aliás, o atual governo vai além: nos empurra, através da emenda constitucional 95, um congelamento de gastos sociais de 20 anos, como se congelar o tempo e a sucessão dos acontecimentos fosse possível. No entanto, ninguém, do lado de cá ou do lado de lá, a-credita nisso. Tanto é assim que somas vultuosas – um orçamento total de R$ 1,2 bilhão, segundo dados constantes do próprio Portal da Transparência – têm sido despendidas na guerra que o Brasil hoje trava com parte de seu povo no Rio de Janeiro sob interven-ção militar, como lembra minha amiga Laura Gonçalves.

Nossa política de memória é um imenso espaço em branco. O Mu-seu Nacional é o maior e mais trágico exemplo do desprezo pela memória, mas não é o único. Tive a oportunidade de conhecer pes-soalmente a situação do Arquivo Público Estadual Jordão Emeren-ciano (APEJE), de Pernambuco – cujo acervo, friso, é infinitamente menor do que aquele perdido na noite do domingo. Alojado num galpão sem acondicionamento adequado, o acervo do APEJE so-brevive driblando calor, umidade, pragas e falta de manutenção. Sobrevive, certamente, nas mesmas condições que os demais ar-quivos do país.

Museu Nacional sofria com corte orçamentário desde 2014

O Museu Nacional era maior acervo de cultura ameríndia e afrodes-cendente do País

O desprezo pela memória pode, com toda adequação, ser chama-do epistemicídio. Sabemos, por exemplo, que Luzia, o fóssil huma-no mais antigo das Américas, foi perdido. Também foi perdida ex-tensa documentação sobre línguas indígenas, objetos de diferentes povos e culturas. Com isso, perdemos inúmeras oportunidades de rediscussão e releitura sobre história e passado. E as maiores víti-mas, para variar, são negras/os e indígenas. Quem, afinal, foi mais empurrado para a não-existência, não-pertença, não-história que esses grupos?

A história é uma arma política poderosa. No período de tráfico a-tlântico de africanas/os escravizadas/os, o Porto de Ouidá, onde hoje se ergue o Portal do Não Retorno, era a última visão de África para muitas mulheres e homens levadas/os aos tumbeiros. Conta-se que, no trajeto do mercado da cidade até o porto, havia uma ár-vore mágica, a Árvore do Esquecimento. Em torno dela, os coloni-zadores obrigavam as/os aprisionadas/os a dar voltas. O cativeiro deveria ser, ele mesmo, uma política de não retorno, não retorno sobretudo a quem se era. Séculos depois, descendentes das/os cativas/os lutavam pela inclusão de sua história no currículo escolar do Brasil, o mesmo currículo desmontado pela reforma da educa-ção.

Agora se fala em repasse de verbas para a restauração do Museu Nacional. É preciso, nesse jogo de memória, não esquecer o que nos trouxe até aqui, nem desprezar os múltiplos significados do in-cêndio do último domingo. De minha parte, espero que alguns no-mes fiquem marcados, de modo impiedoso, nos rumores e escritos da posteridade. Sei que, em qualquer caso, seguiremos vivas/os e ativas/os, escrevendo, fiando e desfiando cotidianamente a história.

Fernanda Lima da Silva Mestranda em Direito, Estado e Constituição pela UnB

Janeiro de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 15

Patrimônio histórico: uma questão de cidadania

“Uma página apagada de nossa história”. É assim que Maria Bea-triz Kother, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), define a importância da preservação do patrimônio histórico. “Perdemos muito cada vez que nosso patrimônio é demo-lido, descaracterizado ou mutilado. É como se apagassem uma pá-gina de nossa história. São danos irreversíveis”, afirma.

Mesmo reconhecendo a importância do patrimônio histórico, as au-toridades responsáveis pela questão no Brasil não conseguem res-ponder adequadamente, preservando, mantendo ou recuperando os prédios, monumentos ou antigos conjuntos industriais. Ações da sociedade civil têm conseguido ao menos alertar sobre o significa-

do do patrimônio histórico que, além de um valor material e estéti-co, conserva em si elementos da história do lugar e de sua popula-ção.

Para Flávio Carsalade, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a destruição do patrimônio histórico significa não apenas perda de qualidade de vida, mas de cidadania e de senso de per-tencimento aos locais e aos grupos comunitários.

“O patrimônio é responsável pela continuidade histórica de um po-vo, de sua identidade cultural. Além disso, cria personalidades úni-cas para cada cidade e favorece a orientação e a apreensão do es-paço urbano”, explica.

Um povo sem história é um povo sem futuro.

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CARTA ABERTA A UM AMIGO QUE ODEIA CUBA

Tantos anos se passaram desde a

nossa infância, desde as nossas férias de verão , quando brincávamos juntos no mar ainda verde esmeralda de Uba-tuba, onde nossos pais tinham a casa de praia e onde vivemos grande parte da magia daqueles anos.

Você sempre sonhou em ser médico. Desde aquela tarde de janeiro em que levei 6 pontos na mão, depois de um tombo de bicicleta, e você cuidou do meu ferimento e, antes de chamar mi-nha mãe, amarrou sua camiseta no ferimento para estancar o sangue.

Eu tinha apenas 9 anos e já sonhava em ser jornalista e contar his-tórias de guerras e de amor. Você tinha 12 anos e sonhava em ser médico..

Aquela menina ainda vive em mim e se tornou de fato com uma es-critora e correspondente internacional. Você também realizou o so-nho de se tornar um médico , mas quando nos reencontramos, há dois anos, uma tristeza imensa colonizou meu coração.

Quando foi que aquele menino repleto de sonhos e de vontade de salvar vidas deu lugar a um um médico que não reconheço? Lem-bro que quando eu voltei de Havana, onde morei por alguns meses quando estava terminando a faculdade de Jornalismo, e para es-crever o meu TCC sobre como era de fato viver em Cuba, você ain-da não havia sido sequestrado pelo ódio.Conversamos por horas sobre nossas vidas e nossos sonhos.

O que aconteceu com você e com tantos amigos que um dia eu ad-mirei?

Por que tanto tanto ódio por Cuba e pelos cubanos?

Desde que tudo aconteceu, desde que Bolsonaro agiu de forma imoral e provocou a saída de mais de 8000 médicos cubanos que atendiam nossos irmãos nas regiões mais mais pobres do Pais, te-nho visto o ódio e a crueldade, caminhando rapidamente pelas re-des sociais, ao lado de seus pais, a ignorância e o medo.

Por que tanto ódio por uma pequena ilha mudou a história do mun-do , sofre com um bloqueio ameticano há decadas e que tem envia-do médicos para salvar vidas em 66 países do planeta?

Você conhece um pouco da história de Cuba?

Você conhece um pouco da história de Che Guevara e de Fidel?

Você sabia que Fidel nasceu em uma família bastante rica de Cuba e descobriu, ao crescer, que mais de 60 por cento das crianças da ilha estavam morrendo de desnutrição e que muitos médicos havi-am fugido da ilha depois da Revolução e ele poderia contar apenas com 14 deles?

Você sabia que Che Guevara , médico como você, pediu a Fidel, logo depois da Revolução, que criassem, juntos, uma nova Cuba, com muitas faculdades de medicina e milhares de médicos de famí-lia, para que pudessem de fato salvar as crianças que estavam morrendo na ilha?

Você sabia que os cursos de medicina existem em todas as micror-regiões do país e que cada uma dessas faculdades chega a formar 100 médicos por ano, totalizando quase 2000 médicos por ano na ilha? Sim, só a famosa ELAM, a Escola Latino Americana de Medi-cina, onde estive 3 vezes, recebe milhares de estudantes, inclusive muitos estrangeiros e já chegou a receber 1.000 estudantes de me-dicina por ano.

Você sabia que , segundo a ONU, antes da Revolução, a maior parte das terras da ilha estava em poder dos americanos, que pa-gavam 50 centavos de peso por 12 horas de trabalho de um cuba-no? E que 1, 5% das terras pertencia aos escravagistas e violentos senhores de terras cubanos?

Você sabia que, um ano antes de a Revolução triunfar em Cuba, 60% dos cubanos viviam em bohios, uma favela ainda mais pobre e triste do que qualquer favela que você tenha visto?

Você sabia que, antes da Revolução de Che e Fidel, 43% dos adul-tos eram analfabetos, e 47 % das crianças não ia a escola, e hoje o analfabetismo não existe na ilha?

Você sabia que 30 % da capital, Havana, antes do triunfo de Che e Fidel , não recebia eletricidade, pois eram os americanos que deci-dam quem merecia ter eletricidade e quem não merecia? Você sa-bia que a soma das apostas nos cassinos cubanos diariamente era de 266,000 dólares, mas nada desse dinheiro ia para escolas ou hospitais mas apenas para um grupo de mafiosos cubanos?

Você sabia que o ditador Batista afirmava que o jogo era ilegal na ilha, porque assim uma parte do dinheiro, 32.000 dólares , que em 1958 era uma quantia infinitamente maior que hoje, iam para seus policiais corruptos e para ele mesmo, enquanto ele dizia para o mundo que o jogo era ilegal em Cuba?

Cuba teve, depois de Che Guevara, índices tão baixos de mortali-dade infantil quanto os da Suíça. Você sabia que, mesmo com o embargo comercial criminoso dos EUA contra Cuba, a ilha teve du-rante décadas o melhor sistema de Saúde do continente, conse-guindo erradicar muitas doenças , atendendo gratuitamente a 100"% dos cubanos e ainda atendendo milhares de pacientes italia-nos e brasileiros, que ainda vão para a ilha para tentar curar doen-ças de pele, fazer um transplante de rim ou fazer um tratamento que na Europa custaria milhares de euros ?

Você sabia que nos meses em que morei em Havana, jamais vi u-ma criança de rua? Sim, existem muitos outros problemas em Cu-ba, mas não existem crianças morrendo de fome ou morando nas ruas como no Brasil.

Fidel cometeu muitos erros, mas você já se perguntou por que, há dois anos, o NEW YORK TIMES chamou Fidel de “ o revolucionário que desafiou os EUA”?

Você já se perguntou por que tantos jornais italianos homenagea-ram Fidel há dois anos , no dia de sua morte?

Você já se perguntou por que o Papa Francisco, assim como eu, falou de sua imensa tristeza naquele dia e lamentou a morte de Fi-del? Ou por que Mandela era seu amigo pessoal? Tente buscar respostas, não seja refém do ódio, pergunte ao menino que você foi um dia o que ele faria em seu lugar.

Deixo aqui meu afeto pelo menino que queria ser médico e salvar o mundo, assim como eu queria lutar pela paz e escrever sobre a crueldade das guerras e hoje faço isso na Palestina e na Síria e te-nho recebido reconhecimentos que me emocionam muito. Deixo também minha imensa tristeza pelo momento que vivemos, pelo ódio aos cubanos, pelas guerras alimentadas pelos EUA, pelos mi-lhões de refugiados. A menina que vive em mim ainda tem espe-ranças de reencontrar o menino que você foi, e ainda sonha em vi-ver em um Brasil menos desigual , um Brasil cujo símbolo máximo não sejam dedos rígidos apontados para o outro, formando uma arma letal.

Lucia Helena Issa

Jornalista pela Universidade de Taubaté (SP), com pós-graduação em Estudos Literários pelas Faculdades Integradas Tereza D’Ávila (Fatea), de Lorena (SP), e especialização em Linguagem e Semiótica pela Libe-ra Università de Roma, na Itália

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