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Um estudo exploratório sobre a rentabilidade de empresas do ramo têxtil e sua relação com a produtividade de pessoal a partir da DVA apresentada. Palavras-chave: Demonstração de Valor Adicionado. Produtividade. Rentabilidade. Setor têxtil. AUTORES: Frederico Mendes [email protected] Felipe de Sousa Rocha [email protected] ÁREA TEMÁTICA: Outros Temas Interligados com a Contabilidade e Auditoria METODOLOGIA: Empirical Archival

Um estudo exploratório sobre a rentabilidade de empresas ... · e o bem-estar de todas as pessoas não giram mais em torno do lucro que remete sempre à ideia de um bolo que primeiramente

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Um estudo exploratório sobre a rentabilidade de empresas do ramo têxtil e sua relação

com a produtividade de pessoal a partir da DVA apresentada.

Palavras-chave: Demonstração de Valor Adicionado. Produtividade. Rentabilidade. Setor

têxtil.

AUTORES:

Frederico Mendes

[email protected]

Felipe de Sousa Rocha

[email protected]

ÁREA TEMÁTICA: Outros Temas Interligados com a Contabilidade e Auditoria

METODOLOGIA: Empirical Archival

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Um estudo exploratório sobre a rentabilidade de empresas do ramo têxtil e sua relação

com a produtividade de pessoal a partir da DVA apresentada.

Resumo

Este trabalho visa a analisar se há existência de influência de produtividade nos índices de

rentabilidade das empresas do setor têxtil entre os anos de 2010 à 2012. Os dados foram

obtidos por meio de pesquisa no software Economática®, além do site da BM&FBovespa,

sendo analisados de forma para observar relação entre ambos. Como resultado, concluiu-se

que a produtividade apurada por meio da DVA é uma variável relevante para estimação da

rentabilidade de empresas do setor têxtil. Adicionalmente, com a desoneração da folha de

pagamento vigente a partir de dezembro de 2011, as empresas melhoraram sua produtividade

e conseqüentemente sua rentabilidade.

Palavras-chave: Demonstração de Valor Adicionado. Produtividade. Rentabilidade. Setor

têxtil.

1. Introdução

O mundo vivencia uma época de grandes transformações, um momento cujo progresso

e o bem-estar de todas as pessoas não giram mais em torno do lucro que remete sempre à

ideia de um bolo que primeiramente deverá desenvolver-se para posteriormente ser dividido.

Tal maneira de pensar está ficando em desuso e, a cada dia que se passa uma nova

forma de se pensar o papel desempenhado pelas empresas na sociedade e no mundo dos

negócios ganha destaque. (CUNHA, 2005)

As empresas deixaram de serem vistas somente como meio de obtenção de lucros aos

acionistas, e passaram a ser encaradas sob um novo enfoque, no caso, o da importância social

das mesmas, isto é, o quanto de valor que uma determinada pessoa jurídica agrega à

comunidade em que está inserida. (RIBEIRO, 2010)

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Essa revolução na interpretação do papel das empresas na sociedade foi para além da

própria coletividade, atingindo também, as ciências que estudam e cuidam do

desenvolvimento das pessoas jurídicas, dentre elas, a Contabilidade.

Segundo Santos (2007, p.11), “um dos principais objetivos da Contabilidade é o de

oferecer informações a respeito da vida das empresas. Originalmente, não há qualquer

restrição de utilização da Contabilidade por qualquer que seja o tipo de entidade”.

Como uma ciência social aplicada, a Contabilidade acabou por satisfazer aos anseios

dos seus usuários que não se contentavam mais em somente enxergar as empresas apenas

como meios de obtenção de lucros, negando assim, o seu peso sociológico, mas como entes

possuidores de influencia social, e para isso criou-se a Demonstração do Valor Adicionado

(DVA).

A DVA é um elemento novo comparado às demais demonstrações apresentadas pelas

empresas no Brasil, que em 28 de dezembro de 2007 mediante aprovação pela Lei 11.638,

tornou a DVA como obrigatória para as empresas de capital aberto, provando assim a grande

importância dada à prestação de contas das atividades das entidades nos campos ambiental e

social.

De acordo com a Lei 11.638/07 que promoveu alterações na Lei das Sociedades por

Ações, que adicionaram a DVA:

[ ] Art.176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar,

com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes

demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a

situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no

exercício:

[ ] V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

(Incluído pela Lei nº 11.638 de 2007).

Assim a Demonstração do Valor Adicionado é um conjunto de informações de

natureza econômica. É um relatório de natureza contábil que visa demonstrar o valor da

riqueza gerada pela empresa e a distribuição para cada elemento que contribuiu diretamente

para sua geração. (LUCA, 1998)

Com essa demonstração passando a ter obrigatoriedade, os profissionais contábeis

necessitam estar atualizados e preparados para que não existam dificuldades, além de

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transmissão de informações incorretas, no desenvolvimento desse demonstrativo financeiro na

vida das empresas.

Portanto, a DVA pode dar recursos para uma nova visão, tanto no lado financeiro

como também no social, e a partir desse demonstrativo podem surgir novos dados, os quais

contribuem para o crescimento da economia do país.

Conforme Cunha (2005, p.9):

Trata-se, pois, de um relatório contábil, que demonstra tanto os

benefícios que as organizações oferecem para a sociedade, por meio,

por exemplo, da absorção da mão de obra da comunidade em que

estão inseridas, quanto a sua capacidade de gerar riqueza para a

economia, ou seja, contribuir para o desenvolvimento econômico.

Ribeiro (2010) reconhece que a DVA representa um grande avanço, justificando

porque os indicadores e as informações de natureza social que ela pode oferecer abrangem um

universo maior e mais diversificado de usuários ao evidenciar a riqueza gerada pela empresa.

Devida a grande diversidade das empresas brasileiras no mercado, com algumas

modernas e extremamente competitivas até outras absolutamente ultrapassadas e com falta de

mão de obra qualificada (Costa e Rocha, 2009), um dos indicadores que pode ser obtido da

DVA é a produtividade.

Além da demasiada diferença perante as empresas, o ramo têxtil foi alvo também de

medidas impactantes em suas atividades quando a Lei n° 12.546/11 propôs para esse setor a

opção de desoneração da folha de pagamento.

Essas mudanças ocasionadas na base de contribuição foram inicialmente para somente

alguns ramos de empresas:

Tecnologia de Informação (TI);

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC);

Confecções;

Couro;

Calçados.

Posteriormente, outros ramos e empresas passaram a se tornar alvo da Lei nº

12.546/11 e utilizar da desoneração da folha de pagamento em suas contribuições.

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O problema de pesquisa é: os índices de produtividade do pessoal, das empresas do

ramo têxtil, têm influência na rentabilidade?

Assim, o objetivo principal é avaliar a relação entre a produtividade e a rentabilidade

das empresas do setor têxtil.

Para a realização da pesquisa, coletou-se dos dados por meio do software

Economática® e no site da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br), sendo utilizado

também planilhas no software Microsoft Excel®.

Este artigo será apresentado em 06 seções. Após a introdução do assunto, será seguida

da apresentação de explanação sobre os Índices de Situação Econômico-Financeira, DVA e

seus Quocientes, além do setor têxtil. Já na terceira seção será apresentada a pesquisa

empírica de modo geral e na quarta, os resultados obtidos após a análise de correlação. Ao

fim, a quinta seção apresentando as considerações finais seguida pela bibliografia utilizada na

realização deste trabalho.

Segundo Vergara (2000), quanto a sua finalidade esta pesquisa se classifica como

descritiva, pois tenta estabelecer relações entre variáveis. Pode ser classificada também como

exploratória, pois é realizada em uma área com pouco conhecimento disponível.

Já aos meios de investigação é classificada como pesquisa bibliográfica, porque será

desenvolvida com base em materiais já publicados, como livros e artigos, além de material

coletado através da internet.

2. Revisão de literatura

2.1. Demonstração do Valor Adicionado

O termo valor adicionado pode ser visto de formas distintas, tanto na área econômica

ou na área contábil, tento manifestações a partir de autores e especialistas das áreas citadas.

“Denomina-se valor adicionado em determinada etapa de produção, à diferença entre o valor

bruto da produção e os consumos intermediários nessa etapa”. (SIMONSEN, 1975, p.83)

A Demonstração do Valor Adicionado é um demonstrativo novo comparado aos

demais apresentados pelas empresas no Brasil, que em 28 de dezembro de 2007 mediante

aprovação pela Lei 11.638, tornou a DVA como um demonstrativo obrigatório para as

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empresas de capital aberto, provando assim a grande importância dada à prestação de contas

das atividades das entidades nos campos ambiental e social.

Visto na Lei 11.638/07 que promoveu alterações na Lei das Sociedades por Ações,

que adicionaram a DVA:

[...] Art.176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar,

com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes

demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a

situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no

exercício:

[...] V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

(Incluído pela Lei nº 11.638 de 2007).

A Demonstração do Valor Adicionado é um conjunto de informações de natureza

econômica. Assim, passa a ser um relatório contábil que visa a real demonstração do valor de

riqueza produzida pela empresa e a distribuição para os elementos que contribuíram

diretamente para sua geração. (Luca, 1998)

A DVA passa a ter grande caráter informativo para aqueles que recorrem a suas

informações, conforme Santos (2007) afirma:

Entende-se que a Demonstração de Valor Adicionado representa

excelente ferramenta de análise e poderá ser utilizada por todos os que

pretendam entender um pouco melhor as relações da sociedade. [...]

utilização da DVA, no conjunto de informações produzidas pelas

empresas, poderá dar condições de comparação entre grandezas

econômicas que, antes, apenas com base nas demonstrações contábeis

tradicionais, não eram possíveis.

Esse demonstrativo contábil foi inventado na Europa por influência da Grã-Bretanha,

França e Alemanha, porém vários países vêm adotando a DVA por recomendação expressa da

Organização das Nações Unidas (ONU).

No quadro 1, modelo sugerido onde as empresas podem se basear para fazer a

apresentação da DVA:

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Quadro 1 – Modelo DVA

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

EMPRESA: Em milhares de reais

DESCRIÇÃO Pela legislação

societária

Em moeda

constante

1 RECEITAS

1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços

1.2 Provisão para devedores duvidosos -

Reversão/(Constituição)

1.3 Não operacionais

2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

(inclui os valores dos impostos – ICMS e IPI)

2.1 Matérias-primas consumidas

2.2Custos das mercadorias e serviços vendidos

2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e

outros

2.4 Perda/Recuperação de valores ativos

3 VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 RETENÇÕES

4.1 Depreciação, amortização e exaustão

5 VALOR ADICIONADO LÍQUIDO

PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM

TRANSFERÊNCIA

6.1 Resultado de equivalência patrimonial

6.2 Receitas financeiras

7 VALOR ADICIONAL TOTAL A

DISTRIBUIR (5+6)

8 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR

ADICIONADO

8.1 Pessoal e encargos

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8.2 Impostos, taxas e contribuições

8.3 Juros e aluguéis

8.4 Juros sobre capital próprio e dividendos

8.5 Lucros retidos/(prejuízo do exercício)

Fonte: Santos (2007, p.41)

A partir das Demonstrações Contábeis apresentadas pelas empresas, são possíveis

formulações de diversos tipos de análises, econômicas e financeiras, que facilitaram e

propiciaram mais conforto ao tomador de decisão na escolha de seu próximo passo.

Não há dúvidas que este demonstrativo apresenta um grande avanço nas Ciências

Contábeis, com suporte também para outras áreas, e possui uma grande riqueza de

informações, porém deve-se evitar sempre preterir a DVA aos demais demonstrativos que,

mesmo sendo mais velhos, continuam de bastante utilidade para as empresas.

2.2. Quocientes de DVA

A Demonstração de Valor Acionado surge como grande suporte para os analistas

financeiros com informações que possam auxiliá-los na hora de tomada de decisões

importantes. Em vista as empresas do ramo têxtil, alguns fatores são importantes para o

sucesso em seu ramo, como exemplo a produtividade apresentada pela mão de obra das

mesmas.

A produtividade deve ser compreendida como a relação existente entre o volume de

produção e todo capital utilizado, seja humano ou material, para a obtenção da produção em

destaque. (Santos, 2007)

Com a DVA e produtividade definidos conceitualmente, a fórmula apresentada é

sugerida pelo próprio autor como uma análise possível de avaliação:

Produtividade = Gastos com Pessoal / Valor Adicionado

Resumindo, esse quociente destaca qual porcentagem do Valor Adicionado foi

distribuído com seus empregados e é de extrema importância porque o trabalho é um fator de

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enorme relevância para os cálculos de indicadores e para a produção de análises financeiras e

econômicas.

Porém, se houver aumento no valor adicionado e a parcela destinada com pessoal

continua intacta, pode-se haver duas interpretações distintas:

1. Queda da participação dos empregados no valor adicionado, assim outro componente

dos fatores de produção está aumentando sua influência na participação do resultado

ou;

2. Houve acréscimo da produtividade da mão de obra da empresa.

Toda análise produzida requer atenção e cuidado em sua elaboração para que não haja

conclusões precipitadas, conforme citado por Santos (2007, p.223):

Como todo e qualquer quociente, a análise com base no valor

encontrado deve ser feita de forma a não produzir conclusões

incorretas, [...] a comparação de empresas ou setores que tenham

estruturas diferenciadas deve ser precedida de uma avaliação que leve

em conta a estrutura de capitais dessas empresas ou setores. [...] Por

exemplo, uma empresa que presta serviços de limpeza ou vigilância

jamais poderá ser comparada a uma indústria de papel e celulose.

A utilização de quocientes tem como objeto a comparação de informações da amostra

com um padrão estabelecido, além de observar fatos passados para a previsão de eventos que

venham a acontecer futuramente, além de oferecer uma boa indicação da eficiência ou

tendência da empresa em questão.

2.3. Índices de Situação Econômico-Financeira

As Demonstrações Contábeis apresentadas pelas empresas, como Balanço Patrimonial

e Demonstração de Resultado de Exercício (DRE), por si só, não conseguem transcrever com

clareza e objetividade a situação a qual a mesma se encontra.

Porém, a partir das próprias demonstrações é possível o fornecimento de dados para a

análise de verificação do próprio desempenho das organizações, consistindo nos índices de

desempenho.

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Segundo Matarazzo (2010) os índices representam a relação entre contas ou um grupo

de contas das Demonstrações. Para Assaf Neto (2010) os indicadores econômico-financeiros

procuram relacionar elementos afins, de forma a melhor extrair informações úteis.

Matarazzo (2010) apresenta os índices divididos em dois grupos: de situação

Financeira, índices de estrutura e liquidez; e de situação Econômica, índices de rentabilidade

da empresa.

Já Marion (2005), para se conhecer melhor a situação financeira a qual a empresa está

passando, é essencial o uso de três índices de análise: Liquidez (Situação Financeira),

Rentabilidade (Situação Econômica) e Endividamento (Estrutura de Capital).

Contanto, para avaliação do desempenho das empresas, os índices mais efetivos são os

índices de rentabilidade, pois mostram o quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o

grau de êxito econômico da empresa. (Matarazzo, 2010)

O quadro 2 apresenta a maneira de como são calculados cada um dos indicadores de

rentabilidade da empresa:

Quadro 2: Quadro dos índices de rentabilidade.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Índice Fórmula Significado

Giro de Ativo Vendas líquidas

Ativo

Indica quanto a empresa

vendeu para cada $1 investido

em ativos.

Margem Líquida Lucro Líquido x 100

Vendas líquidas

Indica quanto a empresa

obteve de Lucro Líquido para

cada $100 de Vendas

Líquidas.

Rentabilidade do Ativo

(ROA)

Lucro Líquido x 100

Ativo

Indica quanto a empresa

obteve de Lucro Líquido para

cada R$ 100 de investimento

(ativos totais).

Rentabilidade sobre

Patrimônio Líquido

(ROE)

Lucro Líquido x

100

Patrimônio Líquido

Indica quanto a empresa

obteve de Lucro Líquido para

cada $100 de Capital Próprio

investido.

Fonte: Adaptado Matarrazo (2010)

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Os índices de rentabilidade são indicadores que quanto maior seu valor, melhor será o

desempenho da empresa. Exemplificando, caso uma empresa apresente 1,48 de indicador de

Giro de Ativo, quer dizer que para cada $1 investido, a empresa vendeu $1,48; agora se

apresentar 5,56% de Margem Líquida, significa que para cada $100 vendidos, a empresa teve

5,56 de lucro. Tendo 8,20% de ROA, para cada $100 de investimento, a empresa obteve 8,20

de lucro; e se tiver 50% de ROE, entende-se que para cada $100 de capital próprio investido,

a empresa obteve 50 de lucro.

É sempre importante tirar o máximo de informações na hora de tomada de decisões.

Análises de demonstrações financeiras por meio de indicadores visam à estimativa da

performance das empresas alvo com o intuito de descobrir se as determinações emitidas

obtiveram sucesso e também para futuras decisões na vida das empresas.

2.4. Setor têxtil e a desoneração da folha

Devida a grande diversidade das empresas brasileiras no mercado, com algumas

modernas e extremamente competitivas até outras absolutamente ultrapassadas e com falta de

mão de obra qualificada (Costa e Rocha, 2009), este trabalho tem por objetivo analisar a

rentabilidade e produtividade das empresas do ramo têxtil.

Além da demasiada diferença perante as empresas, o ramo têxtil foi alvo também de

medidas impactantes em suas atividades. Em 14 de Dezembro de 2011, mediante a Lei n°

12.546, foi imposto para esse setor a desoneração da folha de pagamento na hora de

contribuição.

A desoneração se resume na substituição da base de contribuição da folha de

pagamento para a base do faturamento da empresa. Anteriormente, a contribuição era de 20%

sobre a folha de pagamento. Com a mudança, as empresas do setor têxtil que produzem

produtos determinados na tabela TIPI passam a contribuir com alíquota de 1,5% sobre a

receita bruta, excluindo as vendas canceladas e os descontos incondicionais ocorridos.

Porém a partir de 01 de agosto de 2012, o percentual da contribuição será reduzido de

1,5% para 1,0% para as empresas produtoras de elementos têxteis.

2.5. Regressão Linear

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A regressão linear mede a equação que descreve o relacionamento em termos

matemáticos entre duas ou mais variáveis, segundo Stevenson (1981).

A precisão de uma estimativa feita por meio de uma equação apurada em regressão

linear é mensurada por meio do indicador r-quadrado (r2). De acordo com Stevenson (1981,

p. 360):

O valor de r2 pode variar de 0 a 1. Quando a variação não explicada constitui uma

grande percentagem da variação total (isto é, a variação explicada é uma percentagem

pequena), r-quadrado será pequeno. Inversamente, quanto à dispersão em torno da reta de

regressão é pequena em relação à variação total dos valores de y em torno de sua média, isto

significa que a variação explicada responde por uma grande percentagem da variação total, e

r2 estará muito próximo de 1,00.

Além disso, o teste da equação como um todo é apurado no F de significação. Adota-

se a hipótese nula de que as amostras não provêm de populações com médias iguais. A

interpretação do F de significação explicada por Lapponi (1997, p. 372):

Portanto, a partir da definição do nível de significância a decisão de aceitar ou não a

regressão pode ser realizada comparando o valor F de significação com o nível de

significância adotado=0,05. Quando o valor de F de significância é menor que o valor do

nível de significância escolhida. Deve-se aceitar a regressão.

O nível de significância é apurado no valor-P, pelo qual se observa se os valores

médios dos meios são estaticamente equivalentes.

É usado por muitos pesquisadores um valor-P menor que 0,05 como ponto de corte.

Assim, quando dizemos que p foi menor ou igual a 0,05 significa que existe uma

probabilidade menor ou igual a 5% ou de 1 em 20 de que o resultado encontrado no estudo

tenha ocorrido por chance.

A expressão matemática criada através da Regressão Linear nos permite analisar a

variância ou ANOVA. Essa expressão se baseia numa amostra extraída de cada população e

procura verificar se as médias amostrais constatadas na base possuem diferenças efetivas ou

diferenças decorrentes de uma eventual variação amostral.

Também por meio da expressão estabelecida pela Regressão Linear, é possível abstrair

outra análise, o R2 Essa análise procura medir até que ponto os valores de Y estão

relacionados com X. O estudo em questão pode variar de 0 até 1, sendo que, quanto mais

próximo o resultado for de 1, as variáveis se encontram mais relacionadas.

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Quanto ao tamanho da amostra, Stevenson (1981, p. 181) utiliza a abordagem do

teorema do limite central, cuja proposição é “A capacidade de usar amostras para fazer

inferências sobre parâmetros populacionais depende do conhecimento da distribuição

amostral. Há uma tendência para as distribuições de média e de proporções se apresentarem

aproximadamente normais”.

No caso das médias amostras, pode-se demonstrar matematicamente que, se uma

população tem distribuição normal, a distribuição das médias amostras extraídas da população

também tem distribuição normal, para qualquer tamanho de amostra.

Além disso, mesmo no caso de uma distribuição não normal, a distribuição das médias

amostras será aproximadamente normal, desde que a amostra seja grande. Este é um resultado

notável na verdade, pois nos diz que é necessário conhecer a distribuição de uma população

para podermos fazer inferências sobre ela a partir de dados amostrais. A única restrição é que

o tamanho da amostra seja grande. Uma regra prática muito usada é que a amostra deve

constituir de 30 ou mais observações

.

3. Metodologia de Pesquisa

3.1. Classificação da pesquisa

Segundo Vergara (2000), quanto a sua finalidade esta pesquisa se classifica como

descritiva, pois tenta estabelecer relações entre variáveis. Pode ser classificada também como

exploratória, pois é realizada em uma área com pouco conhecimento disponível.

Já aos meios de investigação é classificada como pesquisa bibliográfica, porque será

baseada em materiais já publicados, além de material coletado através da internet.

3.2. Protocolo de Pesquisa

Foram seguidas para o desenvolvimento do trabalho, o total de 03 (três) etapas:

Definição, Coleta e Análise de Dados e Resultados. A figura 1 ilustra as etapas a serem

praticadas:

Figura 1: Protocolo de Pesquisa

Fonte: Elaborada pelo autor.

Definição

Proposta do tema

Escolha do ramo

Seleção das empresas

Coleta e análise de dados

Recolhimento das informações

Índices de rentabilidade

Produtividade de mão de obra

Resultados

Análise dos resultados

Conclusão

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A primeira etapa (definição) consiste na revisão de literatura; com a escolha e proposta

da pesquisa, além de definir qual o ramo empresarial e quais empresas iram possuir

informações necessárias para serem objetos de análise do estudo.

A segunda etapa (coleta) consiste na busca das informações necessárias da amostra

selecionada, coletando-as de maneira a ser possível calcular os índices que serão objetos de

análise.

Na terceira e última etapa (resultados), após os cálculos efetuados, todos os dados

encontrados nas etapas anteriores serão analisados com o objetivo de responder a questão

proposta no início da pesquisa e também avaliar se a hipótese inicial se mostrou verdadeira.

3.3. Procedimento de análise

Este trabalho tem como um de seus objetivos o cálculo de indicadores de rentabilidade

e produtividade de mão de obra de empresas do ramo têxtil, e para análise de resultados é

requerida grande cautela e observação para evitar transmitir informações incorretas.

A análise será feita para verificar se existe algum grau de relação entre as variáveis

observadas – índices de rentabilidade x produtividade de mão de obra.

Com o intuito de se alcançar os objetivos desta pesquisa, serão realizadas 03 (três)

fases, conforme a figura 2:

Figura 2 – Procedimento de análise

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na primeira etapa (variáveis), serão calculados os quocientes a partir das fórmulas de

índices de rentabilidade e produtividade de mão de obra, apresentadas anteriormente neste

trabalho.

Na segunda etapa (classificação de empresas), todas as empresas utilizadas como

amostra terão seus resultados analisados de forma individual. Após essa parte, serão

analisadas em grupo para verificar qual grau de correlação entre as variáveis em questão.

Variáveis

Cálculo de índices de

rentabilidade

Cálculo da

produtividade de mão de

obra.

Classificação de Empresas

Após cálculo das variáveis,

procurar correlação.

Ranquear as empresas conforme

resultados.

Conclusão

Verificação se há relação

entre as duas variáveis

estudadas.

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Na terceira parte (conclusão), após as etapas anteriores devidamente realizadas,

responderá a questão principal desta pesquisa, onde evidenciará se há relação entre as duas

variáveis estudadas (produtividade x rentabilidade).

3.4. População e Amostra

A população da pesquisa consiste nas 25 empresas de capital aberto, do ramo têxtil,

listadas entre os anos de 2010 e 2012 pela Bolsa de Valores de São Paulo (BM&Bovespa). O

quadro 3 apresenta as empresas e quais do subsetor estão inseridas, conforme:

Quadro 3: Empresas do setor têxtil

Razão Social Nome de pregão Subsetor

Alpargatas S.A. ALPARGATAS Calçados

Buettner S.A. Industria e comercio BUETTNER Fios e tecidos

Cambuci S.A. CAMBUCI Calçados

Cia Fiacao Tecidos Cedro Cachoeira CEDRO Fios e tecidos

Cia Hering CIA HERING Vestuário

Cia Industrial Cataguases IND CATAGUAS Fios e tecidos

Cia Industrial Schlosser S.A. SCHLOSSER Fios e tecidos

Cia Tecidos Norte de Minas

Coteminas

COTEMINAS Fios e tecidos

Cia Tecidos Santanense SANTANENSE Fios e tecidos

Dohler S.A. DOHLER Fios e tecidos

Empresa Nac Com Redito Part S.A.

Encopar

ENCORPAR Fios e tecidos

Fábrica Tecidos Carlos Reanux S.A. FAB C RENAUX Fios e tecidos

Fiacao Tec Sao Jose S.A. TECEL S JOSE Fios e tecidos

Grendene S.A. GRENDENE Calçados

Karsten S.A. KARSTEN Fios e tecidos

Mundial S.A. – Produtos de

consumo

MUNDIAL Acessórios

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Pettenati S.A. Industria Textil PETTENATI Fios e tecidos

Springs Global Participacoes S.A. SPRINGS Fios e tecidos

Tecblu Tecelagem Blumenau S.A. TEC BLUMENAU Fios e tecidos

Technos S.A. TECHNOS Acessórios

Teka-Tecelagem Kuehnrich S.A. TEKA Fios e tecidos

Textil Renauxview S.A. TEX RENAULT Fios e tecidos

Vicunha Textil S.A. VICUNHA TEXT Fios e tecidos

Vulcabras/Azaleia S.A. VULCABRAS Calçados

Wembley Sociedade Anonima WEMBLEY Fios e tecidos

Fonte: Adaptado do site da BM&Bovespa – www.bmfbovespa.com.br

Para amostra foram selecionadas as companhias abertas que possuíram os dados

disponíveis para os cálculos de índices de rentabilidade; além de valor adicionado positivo,

para cálculo de quociente. Conforme figura 3:

Figura 3: amostra do estudo

25 25 25

22 21 18

0

5

10

15

20

25

30

2010 2011 2012

População

Amostra

Fonte: Elaborada pelo autor.

No ano de 2010, somente 22 das 25 empresas estiveram aptas para o estudo. Em 2011,

21 das 25 empresas e em 2012, onde obteve-se a menor quantia disponível, somente 18 das 25

apresentaram os dados necessários para este estudo.

3.5. Coleta de dados

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17

A tabela 1 apresenta os indicadores e os valores encontrados nos determinados

períodos.

Tabela 1: Indicadores

Ano GIRO M.L. ROA ROE QUOCIENTE

BUETTNER 2010 0,35 -55,00% -11,00% -83,00% 95,99%

2011 0,23 -231,00% -47,00% 269,00% 7522,94%

2012 0,28 -27,89% -7,69% 30,14% 92,98%

CEDRO 2010 0,82 3,00% 5,00% 5,00% 51,45%

2011 0,82 2,00% 7,00% 4,00% 47,50%

2012 0,80 3,25% 2,61% 5,11% 46,40%

COTEMINAS 2010 0,79 0,00% 2,00% 0,00% 53,06%

2011 0,52 -15,00% -5,00% -15,00% 73,17%

2012 0,66 -6,66% -4,38% -8,25% 53,49%

DOHLER 2010 0,49 5,00% 3,00% 3,00% 56,33%

2011 0,58 8,00% 6,00% 6,00% 52,87%

2012 0,57 6,70% 3,80% 5,10% 55,84%

ENCOPAR 2010 0,02 180,00% 4,00% 5,00% 16,38%

2011 0,02 1372,00% 21,00% 25,00% 4,39%

FAB C RENAUX 2010 0,28 -44,00% -1,00% 28,00% 101,37%

2011 0,27 -93,00% -9,00% 29,00% 95,28%

CATAGUASES 2010 0,73 8,00% 10,00% 11,00% 46,69%

2011 0,78 7,00% 12,00% 10,00% 43,99%

2012 0,71 2,42% 1,72% 3,27% 49,07%

KARSTEN 2010 0,89 5,00% 10,00% 16,00% 44,93%

2011 0,97 -20,00% -9,00% -179,00% 65,02%

2012 0,82 -0,71% -0,59% -6,79% 45,88%

PETTENATI 2010 0,44 -2,00% 1,00% -2,00% 57,15%

2011 0,42 -1,00% 2,00% -1,00% 53,93%

SANTANENSE 2010 1,02 7,00% 9,00% 11,00% 44,70%

2011 1,08 7,00% 9,00% 11,00% 49,20%

2012 1,14 8,62% 9,86% 13,07% 41,64%

SCHLOSSER 2010 0,35 -55,00% -11,00% -83,00% 141,48%

TEKA 2010 0,59 -42,00% -9,00% 20,00% 64,01%

2011 0,52 -74,00% -16,00% 22,00% 88,27%

2012 0,22 54,58% 12,14% -13,44% 20,51%

TEX RENAULT 2010 0,49 -17,00% 1,00% 17,00% 49,70%

2011 0,56 -11,00% 6,00% 13,00% 39,36%

2012 0,38 -56,06% -21,22% 23,45% 40,43%

SRINGS 2010 0,9 -1,00% -1,00% -1,00% 53,95%

2011 0,5 -29,00% -15,00% -25,00% 80,17%

2012 0,68 -8,57% -5,84% -11,84% 53,57%

VICUNHA TEXT 2010 0,64 7,00% -1,00% 8,00% 38,09%

2011 0,58 7,00% -1,00% 9,00% 33,07%

2012 0,58 10,84% 6,33% 12,87% 40,43%

WEMBLEY 2010 0,76 0,00% 2,00% 0,00% 52,67%

2011 0,49 -3,00% 1,00% -3,00% 68,20%

2012 0,36 10,84% 3,89% 7,15% 54,20%

CIA HERING 2010 1,14 21,00% 26,00% 40,00% 25,48%

2011 1,22 22,00% 29,00% 42,00% 22,85%

2012 1,26 20,86% 26,31% 39,67% 22,28%

ALPARGATAS 2010 1,00 14,00% 15,00% 23,00% 37,59%

2011 1,05 12,00% 15,00% 21,00% 37,93%

2012 1,1 9,33% 10,24% 16,89% 40,05%

CAMBUCI 2010 1,39 4,00% 13,00% 27,00% 19,64%

2011 1,19 2,00% 10,00% 16,00% 36,76%

2012 1,05 -4,49% -4,72% -41,66% 42,08%

GRENDENE 2010 0,8 19,00% 18,00% 19,00% 39,13%

2011 0,72 21,00% 17,00% 17,00% 36,99%

2012 0,82 22,84% 18,76% 22,01% 35,49%

VULCABRAS 2010 1,21 6,00% 12,00% 23,00% 52,57%

2011 0,99 -21,00% -14,00% -148,00% 83,67%

2012 1,08 -20,76% -22,39% -5451,53% 79,18%

MUNDIAL 2010 0,42 3,00% 8,00% 12,00% 29,80%

2011 0,41 -11,00% 3,00% -101,00% 35,88%

2012 0,62 20,39% 12,62% 15,64% 31,18%

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Os dados para a realização deste trabalho foram recolhidos das demonstrações

financeiras consolidadas de Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício

(DRE) e Demonstração do Valor Adicionado (DVA), estas adquiridas por meio de base de

dados do software Economática® e na base de dados disponível no site da BM&FBovespa.

4. Resultados

Após o recolhimento das informações necessárias e o cálculo dos índices previstos

neste estudo, as empresas foram devidamente ranqueadas a partir do desempenho apresentado

nos determinados períodos, conforme as tabelas 2, 3 e 4:

Tabela 2: Desempenho das empresas em 2010

SCHLOSSER 141,18% CAMBUCI 1,39 ENCOPAR 180,00% CIA HERING 26,00% CIA HERING 40,00%

FAB C RENAUX 101,37% VULCABRAS 1,21 CIA HERING 21,00% GRENDENE 18,00% FAB C RENAUX 28,00%

BUETTNER 95,99% CIA HERING 1,14 GRENDENE 19,00% ALPARGATAS 15,00% CAMBUCI 27,00%

TEKA 64,01% SANTANENSE 1,02 ALPARGATAS 14,00% CAMBUCI 13,00% ALPARGATAS 23,00%

PETTENATI 57,15% ALPARGATAS 1,00 IND CATAGUAS 8,00% VULCABRAS 12,00% VULCABRAS 23,00%

DOHLER 56,33% SRINGS 0,90 SANTANENSE 7,00% IND CATAGUAS 10,00% TEKA 20,00%

SRINGS 53,95% KARSTEN 0,89 VICUNHA TEXT 7,00% KARSTEN 10,00% GRENDENE 19,00%

COTEMINAS 53,06% CEDRO 0,82 VULCABRAS 6,00% SANTANENSE 9,00% TEX RENAULT 17,00%

WEMBLEY 52,67% GRENDENE 0,80 KARSTEN 5,00% MUNDIAL 8,00% KARSTEN 16,00%

VULCABRAS 52,57% COTEMINAS 0,79 DOHLER 5,00% CEDRO 5,00% MUNDIAL 12,00%

CEDRO 51,45% WEMBLEY 0,76 CAMBUCI 4,00% ENCOPAR 4,00% IND CATAGUAS 11,00%

TEX RENAULT 49,70% IND CATAGUAS 0,73 CEDRO 3,00% DOHLER 3,00% SANTANENSE 11,00%

IND CATAGUAS 46,69% VICUNHA TEXT 0,64 MUNDIAL 3,00% COTEMINAS 2,00% VICUNHA TEXT 8,00%

KARSTEN 44,93% TEKA 0,59 COTEMINAS 0,00% WEMBLEY 2,00% CEDRO 5,00%

SANTANENSE 44,70% DOHLER 0,49 WEMBLEY 0,00% PETTENATI 1,00% ENCOPAR 5,00%

GRENDENE 39,13% TEX RENAULT 0,49 SRINGS -1,00% TEX RENAULT 1,00% DOHLER 3,00%

VICUNHA TEXT 38,09% PETTENATI 0,44 PETTENATI -2,00% VICUNHA TEXT -1,00% COTEMINAS 0,00%

ALPARGATAS 37,59% MUNDIAL 0,42 TEX RENAULT -17,00% SRINGS -1,00% WEMBLEY 0,00%

MUNDIAL 29,80% SCHLOSSER 0,35 TEKA -42,00% FAB C RENAUX -1,00% SRINGS -1,00%

CIA HERING 25,48% BUETTNER 0,35 FAB C RENAUX -44,00% TEKA -9,00% PETTENATI -2,00%

CAMBUCI 19,64% FAB C RENAUX 0,28 SCHLOSSER -55,00% SCHLOSSER -11,00% SCHLOSSER -83,00%

ENCOPAR 16,38% ENCOPAR 0,02 BUETTNER -55,00% BUETTNER -11,00% BUETTNER -83,00%

PRODUTIVIDADE ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Giro Margem Líquida R.O.A. R.O.E.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se que a empresa Schlosser apresentou maior valor no índice de

produtividade, porém, esteve entre os quatro piores índices de rentabilidade das empresas do

setor no ano de 2010.

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Tabela 3 – Desempenho das empresas em 2011

BUETTNER 7522,94% CIA HERING 1,22 ENCOPAR 1372,00% CIA HERING 29,00% BUETTNER 269,00%

FAB C RENAUX 95,28% CAMBUCI 1,19 CIA HERING 22,00% ENCOPAR 21,00% CIA HERING 42,00%

TEKA 88,27% SANTANENSE 1,08 GRENDENE 21,00% GRENDENE 17,00% FAB C RENAUX 29,00%

VULCABRAS 83,67% ALPARGATAS 1,05 ALPARGATAS 12,00% ALPARGATAS 15,00% ENCOPAR 25,00%

SRINGS 80,17% VULCABRAS 0,99 DOHLER 8,00% IND CATAGUAS 12,00% TEKA 22,00%

COTEMINAS 73,17% KARSTEN 0,97 SANTANENSE 7,00% CAMBUCI 10,00% ALPARGATAS 21,00%

WEMBLEY 68,20% CEDRO 0,82 IND CATAGUAS 7,00% SANTANENSE 9,00% GRENDENE 17,00%

KARSTEN 65,02% IND CATAGUAS 0,78 VICUNHA TEXT 7,00% CEDRO 7,00% CAMBUCI 16,00%

PETTENATI 53,93% GRENDENE 0,72 CAMBUCI 2,00% DOHLER 6,00% TEX RENAULT 13,00%

DOHLER 52,87% DOHLER 0,58 CEDRO 2,00% TEX RENAULT 6,00% SANTANENSE 11,00%

SANTANENSE 49,20% VICUNHA TEXT 0,58 PETTENATI -1,00% MUNDIAL 3,00% IND CATAGUAS 10,00%

CEDRO 47,50% TEX RENAULT 0,56 WEMBLEY -3,00% PETTENATI 2,00% VICUNHA TEXT 9,00%

IND CATAGUAS 43,99% TEKA 0,52 TEX RENAULT -11,00% WEMBLEY 1,00% DOHLER 6,00%

TEX RENAULT 39,36% COTEMINAS 0,52 MUNDIAL -11,00% VICUNHA TEXT -1,00% CEDRO 4,00%

ALPARGATAS 37,93% SRINGS 0,50 COTEMINAS -15,00% COTEMINAS -5,00% PETTENATI -1,00%

GRENDENE 36,99% WEMBLEY 0,49 KARSTEN -20,00% KARSTEN -9,00% WEMBLEY -3,00%

CAMBUCI 36,76% PETTENATI 0,42 VULCABRAS -21,00% FAB C RENAUX -9,00% COTEMINAS -15,00%

MUNDIAL 35,88% MUNDIAL 0,41 SRINGS -29,00% VULCABRAS -14,00% SRINGS -25,00%

VICUNHA TEXT 33,07% FAB C RENAUX 0,27 TEKA -74,00% SRINGS -15,00% MUNDIAL -101,00%

CIA HERING 22,85% BUETTNER 0,23 FAB C RENAUX -93,00% TEKA -16,00% VULCABRAS -148,00%

ENCOPAR 4,39% ENCOPAR 0,02 BUETTNER -231,00% BUETTNER -47,00% KARSTEN -179,00%

PRODUTIVIDADE ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Giro Margem Líquida R.O.A. R.O.E.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 4 – Desempenho das empresas em 2012

PRODUTIVIDADE

Giro Margem Líquida R.O.A. R.O.E.

BUETTNER 92,98% CIA HERING 1,26 TEKA 54,58% CIA HERING 26,31% CIA HERING 39,67%

VULCABRAS 79,18% SANTANENSE 1,14 GRENDENE 22,84% GRENDENE 18,76% BUETTNER 30,14%

DOHLER 55,84% ALPARGATAS 1,1 CIA HERING 20,86% MUNDIAL 12,62% TEX RENAULT 23,45%

WEMBLEY 54,20% VULCABRAS 1,08 MUNDIAL 20,39% TEKA 12,14% GRENDENE 22,01%

SRINGS GLOBAL 53,57% CAMBUCI 1,05 VICUNHA TEXT 10,84% ALPARGATAS 10,24% ALPARGATAS 16,89%

COTEMINAS 53,49% KARSTEN 0,82 WEMBLEY 10,84% SANTANENSE 9,86% MUNDIAL 15,64%

CATAGUASES 49,07% GRENDENE 0,82 ALPARGATAS 9,33% VICUNHA TEXT 6,33% SANTANENSE 13,07%

CEDRO 46,40% CEDRO 0,80 SANTANENSE 8,62% WEMBLEY 3,89% VICUNHA TEXT 12,87%

KARSTEN 45,88% CATAGUASES 0,71 DOHLER 6,70% DOHLER 3,80% WEMBLEY 7,15%

CAMBUCI 42,08% SRINGS GLOBAL 0,68 CEDRO 3,25% CEDRO 2,61% CEDRO 5,11%

SANTANENSE 41,64% COTEMINAS 0,66 CATAGUASES 2,42% CATAGUASES 1,72% DOHLER 5,10%

TEX RENAULT 40,43% MUNDIAL 0,62 KARSTEN -0,71% KARSTEN -0,59% CATAGUASES 3,27%

VICUNHA TEXT 40,43% VICUNHA TEXT 0,58 CAMBUCI -4,49% COTEMINAS -4,38% KARSTEN -6,79%

ALPARGATAS 40,05% DOHLER 0,57 COTEMINAS -6,66% CAMBUCI -4,72% COTEMINAS -8,25%

GRENDENE 35,49% TEX RENAULT 0,38 SRINGS GLOBAL -8,57% SRINGS GLOBAL -5,84% SRINGS GLOBAL -11,84%

MUNDIAL 31,18% WEMBLEY 0,36 VULCABRAS -20,76% BUETTNER -7,69% TEKA -13,44%

CIA HERING 22,28% BUETTNER 0,28 BUETTNER -27,89% TEX RENAULT -21,22% CAMBUCI -41,66%

TEKA 20,51% TEKA 0,22 TEX RENAULT -56,06% VULCABRAS -22,39% VULCABRAS -5451,53%

ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.

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20

Depois de observados, as tabelas de desempenho das empresas podem mostrar que na

maioria dos casos as empresas que apresentaram maior valor no indicador de produtividade,

apresentaram os menores valores nos índices de rentabilidade.

Por exemplo, a empresa Buettner apresentou um dos maiores índices de produtividade

nos três anos e esteve entre os menores índices de rentabilidade. Já a Cia Hearing apresentou

nos três anos menores valores de produtividade, e esteve sempre entre os três maiores dos

quatro índices de rentabilidade do setor têxtil.

Destaque também a ser enfatizado de que, após a prática de desoneração da folha de

pagamento, grande parte do setor têxtil apresentou uma significante melhora nos índices de

rentabilidade.

Após analisados de modo individual, os valores encontrados foram agrupados para o

cálculo da regressão linear em que a rentabilidade é a variável dependente e a produtividade é

a variável independente, conforme a tabela 5:

Tabela 5 – Resumo dos resultados

RESUMO DOS RESULTADOS

Estatística de regressão

R múltiplo 0,518205

R-Quadrado 0,268536

R-quadrado ajustado 0,256545

Erro padrão 0,108777

Observações 63

ANOVA

gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 0,264979 0,264979 22,39444 0,00%

Resíduo 61 0,721774 0,011832

Total 62 0,986754

CoeficientesErro padrão Stat t valor-P 95% inferiores95% superioresInferior 95,0%Superior 95,0%

Interseção 0,0384 0,013924 2,757963 0,007664 0,01056 0,066247 0,01056 0,066247

pessoal/dva 0,0069- 0,001467 -4,73228 1,36E-05 -0,00987 -0,00401 -0,00987 -0,00401

Fonte: Elaborado pelo autor.

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21

Os dados foram apurados em modelo de regressão linear em que a variável dependente

é o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) e a variável independente é o indicador de

produtividade.

O R-Quadrado encontrado foi de 26,8% e o F de significação foi de 0,0014%.

A equação é: ROE = 0,0069. Produtividade + 0,0384.

O Valor-P da variável independente é de 0,0076664, que indica que a produtividade é

significativa para a previsão da rentabilidade.

5. Considerações finais

O objetivo geral deste trabalho foi alcançado uma vez que foi possível concluir que a

produtividade apurada por meio da DVA é uma variável relevante para estimação da

rentabilidade de empresas do setor têxtil.

De forma geral, a pesquisa apresenta uma contribuição ao uso da DVA no processo de

analise das demonstrações financeiras. Vale destacar que a sociedade se encontra em processo

de aprendizagem de analise da DVA, por ser uma demonstração cuja obrigatoriedade de

publicação é relativamente recente.

Adicionalmente, com relação a desoneração da folha ocorrida em dezembro de 2011,

os indicadores de rentabilidade apresentaram, em 2012, ligeira melhora em relação a 2011.

Das 18 empresas estudadas, 10 melhoraram o indicador de giro dos ativos, 13 melhoraram a

margem, 10 melhoraram o retorno sobre o patrimônio liquido e 10 melhoraram o retorno

sobre os ativos.

Como sugestão de futuras pesquisas, propõe-se estender a pesquisa para outros setores

da economia. Espera-se que a relação entre produtividade e rentabilidade tenham magnitudes

diferentes nos setores. Além disso, o estudo dos impactos da desoneração da folha pode ser

ampliado para outros setores e, inclusive, com técnicas estatísticas.

6. Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-

financeiro: comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 9ª. Ed. São Paulo,

SP: Atlas, 2010.

Page 22: Um estudo exploratório sobre a rentabilidade de empresas ... · e o bem-estar de todas as pessoas não giram mais em torno do lucro que remete sempre à ideia de um bolo que primeiramente

22

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Quorum Books, 1998.

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BRASIL. Decreto-Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em 20

Nov. 2012.

BRASIL. Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12546.htm>. Acesso em 22

Abr. 2013.

COSTA, Ana Cristina Rodrigues da; ROCHA, Érico Rial Pinto da. Panorama da Cadeia

Produtiva Têxtil e de Confecções e a Questão da Inovação. Disponível em:

<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhe

cimconh/bnset/Set2905.pdf>. Acesso em: 22 Abr. 2013.

CUNHA, Jacqueline Veneroso Alves da. O papel da demonstração do valor adicionado na

avaliação da responsabilidade social das empresas. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n37/v16n37a01.pdf>. Acesso em: 09 Abr. 2013.

GUJARATI, Damodar. N. Econometria Básica. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000.

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