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XXXV SIMP ´ OSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAC ¸ ˜ OES E PROCESSAMENTO DE SINAIS - SBrT2017, 3-6 DE SETEMBRO DE 2017, S ˜ AO PEDRO, SP Um estudo sobre separac ¸˜ ao n˜ ao supervisionada de misturas convolutivas Renan D. B. Brotto Jo˜ ao M. T. Romano Resumo— Este trabalho apresenta os resultados de um estudo de separac ¸˜ ao de misturas convolutivas via descorrelac ¸˜ ao, tanto linear quanto n˜ ao linear. Estas duas estrat´ egias tamb´ em foram empregadas para a desconvoluc ¸˜ ao, de modo a explorar a duali- dade entre estes dois problemas. Palavras-Chave— Processamento n˜ ao supervisionado de sinais, Misturas convolutivas, Desconvoluc ¸˜ ao. Abstract— This paper presents the results of a study in sepa- ration of convolutive mixtures by means of linear and nonlinear decorrelation. These techniques have also been applied to the problem of channel deconvolution, exploring the duality between these two fields. Keywords— Unsupervised signal processing, Convolutive mix- tures, Deconvolution. I. I NTRODUC ¸˜ AO O problema da separac ¸˜ ao de fontes consiste em recuperar sinais distintos, que foram combinados atrav´ es de um sistema, a partir de amostras dessas misturas [1], [2]. O problema pode ser ent˜ ao formulado modelando-se o sistema misturador como um sistema com m´ ultiplas entradas e m´ ultiplas sa´ ıdas (MIMO): Fig. 1. Sistema misturador. onde s i [n], com i =1, 2, ..., N denotam as fontes e x j [n], com j =1, 2, ..., M , s˜ ao as misturas obtidas na sa´ ıda do sistema. A separac ¸˜ ao consiste, portanto, em obter um segundo sis- tema MIMO, denominado separador, que tem como entradas as misturas observadas e que produz em suas sa´ ıdas estima- dores para as fontes: Fig. 2. Sistema separador. Para o cen´ ario de misturas convolutivas, os estimadores obtidos, y i (n) para i =1, 2, ..., N , consistem em vers˜ oes Renan D. B. Brotto¸ Departamento de Engenharia de Comunicac ¸˜ oes. Jo˜ ao M.T. Romano, Departamento de Engenharia de Comunicac ¸˜ oes. Fa- culdade de Engenharia El´ etrica e de Computac ¸˜ ao, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, Brasil, E-mails: [email protected], [email protected]. Este trabalho de iniciac ¸˜ ao cient´ ıfica foi fi- nanciado pela FAPESP (2015/19234-7). filtradas das fontes originais, dando origem, portanto, a um segundo problema: a desconvoluc ¸˜ ao n˜ ao-supervisionada [1], como ´ e ilustrado na Figura 3: Fig. 3. Diagrama simplificado do problema de desconvoluc ¸˜ ao ao- supervisionada. onde h[n] representa o canal respons´ avel pela distorc ¸˜ ao sobre o sinal s[n] e w[n] ´ e o filtro que realizar´ a a desconvoluc ¸˜ ao. De maneira simples, a separac ¸˜ ao de fontes busca eliminar a interferˆ encia entre dois (ou mais) sinais, enquanto que a desconvoluc ¸˜ ao busca suprimir o efeito de uma amostra sobre outra de um mesmo sinal. ` A vista deste fato, existe uma dualidade entre os dois problemas, de modo que soluc ¸˜ oes para um deles podem ser empregadas na resoluc ¸˜ ao do outro, tal como explorado neste trabalho. II. METODOLOGIA A. Separac ¸˜ ao Para a separac ¸˜ ao de misturas convolutivas, foram usadas duas sen´ oides de fase aleat´ oria para as fontes e dois casos de sistemas misturadores: 1) misturador composto por sub- sistemas de fase m´ ınima (e, portanto, a descorrelac ¸˜ ao linear ´ e um crit´ erio suficiente para a separac ¸˜ ao das fontes [3]); 2) misturador composto por subsistemas de fase n˜ ao m´ ınima. Em ambos os casos, o sistema misturador ´ e composto por subsistemas FIR (filtros de resposta finita ao impulso, do inglˆ es, Finite Impulse Response), com 10 coeficientes aleat´ orios, enquanto que o sistema separador ´ e formado por dois filtros FIR com 15 coeficientes e que s˜ ao a soluc ¸˜ ao do seguinte problema de otimizac ¸˜ ao: w * 1 , w * 2 =arg min w1,w2 X i X j E[f (y 1 [i]).g(y 2 [j ])] 2 sujeito a: y 1 [n] y 2 [n] (1) com y 1 [n]= x 1 [n] - w 1 [n] x 2 [n], y 2 [n]= x 2 [n] - w 2 [n] x 1 [n], sendo a notac ¸˜ ao para a convoluc ¸˜ ao discreta [1] e f (.) e g(.) escolhidas de maneira conveniente. Para o caso em que f (x) = g(x) = x, a soluc ¸˜ ao de (2) conduz ` a descorrelac ¸˜ ao linear entre os estimadores y i [n], i =1, 2; para o cen´ ario de descorrelac ¸˜ ao n˜ ao linear foi adotado f (x)= g(x)= 1 1+e -x . O uso de func ¸˜ oes n˜ ao lineares busca capturar estat´ ısticas de ordem superior dos sinais, sendo, portanto, um crit´ erio relacionado ` a independˆ encia das fontes. Al´ em disso, 9

Um estudo sobre separação não supervisionada de misturas ... … · XXXV SIMPOSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAC¸´ OES E PROCESSAMENTO DE SINAIS - SBrT2017, 3-6 DE SETEMBRO DE 2017,

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XXXV SIMPOSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICACOES E PROCESSAMENTO DE SINAIS - SBrT2017, 3-6 DE SETEMBRO DE 2017, SAO PEDRO, SP

Um estudo sobre separacao nao supervisionadade misturas convolutivas

Renan D. B. Brotto Joao M. T. Romano

Resumo— Este trabalho apresenta os resultados de um estudode separacao de misturas convolutivas via descorrelacao, tantolinear quanto nao linear. Estas duas estrategias tambem foramempregadas para a desconvolucao, de modo a explorar a duali-dade entre estes dois problemas.

Palavras-Chave— Processamento nao supervisionado de sinais,Misturas convolutivas, Desconvolucao.

Abstract— This paper presents the results of a study in sepa-ration of convolutive mixtures by means of linear and nonlineardecorrelation. These techniques have also been applied to theproblem of channel deconvolution, exploring the duality betweenthese two fields.

Keywords— Unsupervised signal processing, Convolutive mix-tures, Deconvolution.

I. INTRODUCAO

O problema da separacao de fontes consiste em recuperarsinais distintos, que foram combinados atraves de um sistema,a partir de amostras dessas misturas [1], [2]. O problemapode ser entao formulado modelando-se o sistema misturadorcomo um sistema com multiplas entradas e multiplas saıdas(MIMO):

Fig. 1. Sistema misturador.

onde si[n], com i = 1, 2, ..., N denotam as fontes e xj [n], comj = 1, 2, ...,M , sao as misturas obtidas na saıda do sistema.

A separacao consiste, portanto, em obter um segundo sis-tema MIMO, denominado separador, que tem como entradasas misturas observadas e que produz em suas saıdas estima-dores para as fontes:

Fig. 2. Sistema separador.

Para o cenario de misturas convolutivas, os estimadoresobtidos, yi(n) para i = 1, 2, ..., N , consistem em versoes

Renan D. B. Brotto¸ Departamento de Engenharia de Comunicacoes.Joao M.T. Romano, Departamento de Engenharia de Comunicacoes. Fa-culdade de Engenharia Eletrica e de Computacao, Universidade Estadualde Campinas, Campinas-SP, Brasil, E-mails: [email protected],[email protected]. Este trabalho de iniciacao cientıfica foi fi-nanciado pela FAPESP (2015/19234-7).

filtradas das fontes originais, dando origem, portanto, a umsegundo problema: a desconvolucao nao-supervisionada [1],como e ilustrado na Figura 3:

Fig. 3. Diagrama simplificado do problema de desconvolucao nao-supervisionada.

onde h[n] representa o canal responsavel pela distorcao sobreo sinal s[n] e w[n] e o filtro que realizara a desconvolucao.

De maneira simples, a separacao de fontes busca eliminara interferencia entre dois (ou mais) sinais, enquanto que adesconvolucao busca suprimir o efeito de uma amostra sobreoutra de um mesmo sinal. A vista deste fato, existe umadualidade entre os dois problemas, de modo que solucoes paraum deles podem ser empregadas na resolucao do outro, talcomo explorado neste trabalho.

II. METODOLOGIA

A. Separacao

Para a separacao de misturas convolutivas, foram usadasduas senoides de fase aleatoria para as fontes e dois casosde sistemas misturadores: 1) misturador composto por sub-sistemas de fase mınima (e, portanto, a descorrelacao lineare um criterio suficiente para a separacao das fontes [3]); 2)misturador composto por subsistemas de fase nao mınima.

Em ambos os casos, o sistema misturador e compostopor subsistemas FIR (filtros de resposta finita ao impulso,do ingles, Finite Impulse Response), com 10 coeficientesaleatorios, enquanto que o sistema separador e formado pordois filtros FIR com 15 coeficientes e que sao a solucao doseguinte problema de otimizacao:

w∗1,w

∗2 =arg min

w1,w2

∑i

∑j

E[f(y1[i]).g(y2[j])]2

sujeito a: y1[n] ⊥ y2[n]

(1)

com y1[n] = x1[n] − w1[n] • x2[n], y2[n] = x2[n] − w2[n] •x1[n], sendo • a notacao para a convolucao discreta [1] ef(.) e g(.) escolhidas de maneira conveniente. Para o casoem que f(x) = g(x) = x, a solucao de (2) conduz adescorrelacao linear entre os estimadores yi[n], i = 1, 2; parao cenario de descorrelacao nao linear foi adotado f(x) =g(x) = 1

1+e−x . O uso de funcoes nao lineares busca capturarestatısticas de ordem superior dos sinais, sendo, portanto, umcriterio relacionado a independencia das fontes. Alem disso,

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XXXV SIMPOSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICACOES E PROCESSAMENTO DE SINAIS - SBrT2017, 3-6 DE SETEMBRO DE 2017, SAO PEDRO, SP

as funcoes nao lineares devem ser ımpares, evitando, assim,anular as estatısticas pares dos estimadores (como e o caso davariancia, por exemplo).

B. Desconvolucao

Para a desconvolucao, o sinal s[n], a tempo discreto, cor-responde a um sinal com amostras independentes e com umadistribuicao uniforme, assumindo valores no intervalo de -1 a1. Novamente, dois cenarios foram considerados: 1) canal defase mınima (no qual a descorrelacao linear entre as amostrase suficiente para a desconvolucao): h[n] = [1;−0, 5]; 2) canalde fase mista: h[n] = [1; 0.6;−0.55] (zeros em 0.5 e -1.1).

A sıntese do filtro para a desconvolucao, w[n], passa pelasolucao do seguinte problema de otimizacao:

w∗ =arg minP∑i=1

(E[f(y[n]).g(y[n− i])])2

s.a w1 = 1.

(2)

com y[n] = w[n]•x[n] e f(.) e g(.) escolhidas pelos mesmoscriterios dados em (1). Para o caso da desconvolucao naolinear, foi adotado f(x) = g(x) = tanh(x).

Por se tratar de um problema de otimizacao nao linear,foi empregada a meta-heurıstica populacional de evolucaodiferencial [4] na solucao de (2).

III. RESULTADOS

A. Separacao

As figuras 4 e 5 ilustram duas realizacoes das fontes para ocaso de fase mınima; as figuras 6 e 7, por sua vez, apresentamas misturas obtidas e as figuras 8 e 9 os estimadores obtidos.

Fig. 4. s1[n]. Fig. 5. s2[n].

Fig. 6. x1[n]. Fig. 7. x2[n].

Fig. 8. y1[n]. Fig. 9. y2[n].

Resultados similares foram obtidos para o cenario de fasenao mınima, como apresentado nas figuras 10, 11 (misturas),12 e 13 (estimadores obtidos):

Fig. 10. x1[n]. Fig. 11. x2[n].

Fig. 12. y1[n]. Fig. 13. y2[n].

Em vista de tais resultados, a descorrelacao linear se mos-trou uma tecnica capaz de lidar com a separacao de fontesem canais de fase mınima e enquanto que a descorrelacao naolinear foi eficaz para o cenario de fase nao mınima, uma vezque os estimadores obtidos sao versoes filtradas das fontesoriginais.

B. Desconvolucao

A Tabela I apresenta a media do MSE para cinco realizacoesda evolucao diferencial para os casos de descorrelacao lineare nao linear:

TABELA IERROS QUADRATICOS MEDIOS PARA DESCORRELACAO LINEAR E NAO

LINEAR.

Linear Nao LinearMedia 0.0022 0.0186

Desv. Pad. 6.04.10−4 0.0022

Analisando a Tabela I, a descorrelacao se mostrou adequadaem ambos os cenarios, com a descorrelacao linear sendo apli-cada ao canal de fase mınima, enquanto que a descorrelacaonao linear foi aplicada ao canal de fase nao mınima, de modoque os pequenos erros observados se devem a ordem limitadado filtro empregado e ao numero limitado de amostras nocalculo das esperancas.

IV. CONCLUSAO

Diante dos resultados apresentados, as tecnicas dedescorrelacao linear e nao linear se mostraram adequadastanto para o problema de separacao de misturas convolutivasquanto para o problema de desconvolucao, sendo, portanto,uma maneira de explorar a dualidade entre os dois problemas,propriedade esta que pode ser investigada em trabalhos futuros.

REFERENCIAS

[1] Joao M. T. Romano, Romis R. de F. Attux, Charles C. Cavalcante,Ricardo Suyama - Unsupervised Signal Processing - Channel Equali-zation and Source Separation, 1st ed., CRC PRESS, 2011.

[2] Pierre Comon, Christian Jutten - Handbook of Blind Source Separation,1sted., Academic Press Digital, 2010.

[3] C. Simon, G. d’Urso, C. Vignat, Ph. Loubaton, C. Jutten - On theConvolutive Mixture Source Separation by the Decorrelation Approach,1998.

[4] K. Price, R. M. Storn, J. A. Lampinen, Differential Evolution: APractical Approach to Global Optimization, Natural Computing Series,Springer, 2005.

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