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Novo Jornal/RN Páginas: Capa, 03 e 05.
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Ano 1 / N°191 / Natal, DOMINGO, 4 de julho de 2010www.novojornal.jor.br R$ 1,50
DISPENSA DE LICITAÇÃO
PERMITE QUE RN PAGUE POR PROJETO MAIS
DO QUE O DOBRODA MÉDIA
04 RODA VIVA
CIDADES09
ÚLTIMAS02
EMPREENDER14
CULTURA12
UMA MULHER VAI COMANDAR A UFRN
TRE DE PLANTÃO PARA CANDIDATOS
MODA, CULTURA E OUSADIA
CHICO ELION E A SUA “VARIETÉ”
Duas chapas, lideradas por mulheres, vão disputar sucessão do reitor Ivonildo Rêgo.
O TRE faz plantão hoje, das 8h às 13h, para registro de candidaturas. Prazo fi nal é amanhã, dia 5.
Projeto Natal Pensando Moda ensina empresas de confecção como a de Patrícia Vieira a misturar moda e cultura.
Aos 80 anos, o compositor Chico Elion relembra a carreira e o tempo de rádio, no seu “Varieté Transa Bacana”.
Vinte anos depois de ter sido liquidado, em meio a uma acirrada campanha política, o Banco do Estado do Rio Grande do Norte ainda é lembrado pelos segmentos empresariais como um
instrumento importante para promover o desenvolvimento do RN. Embora faça falta, é unânime, entre as lideranças econômicas, que as ingerências políticas foram prejudiciais, a ponto de serem
apontadas como uma das razões que fi zeram com que o banco fosse fechado, deixando atônitos correntistas, aplicadores e funcionários. Processo de liquidação durou dezoito anos.
IVAN CABRAL WWW.IVANCABRAL.COM
MILÊNIOESTÁ ATRASADO NO RN
CIDADES09
/ RUIM / GOVERNO SE COMPROMETEU EM 2000 A CUMPRIR AS OITO METAS DO MILÊNIO PROPOSTAS PELA ONU, MAS ESTÁ MAL EM SETORES COMO EDUCAÇÃO, SANEAMENTO E COMBATE À FOME
CIDADES11
NATAL RECEBE PREZADO AMIGO AFONSINHO
Primeiro jogador a desafi ar a lei do passe, amante declarado da música, Afonsinho curte uma roda de samba em Natal. Aos 62 anos, permanece o constestador de sempre.
AINDA HÁ QUEM SINTA FALTA
ECONOMIA07
Apesar da importância, não é de bom senso mudar tudo só por causa de uma derrota na Copa.
/ TOSTÃO /
ESPORTES, 16
O pecado mortal do Brasil foi deixar de produzir meias armadores.
/ PAULO VINÍCIUS COELHO /
ESPORTES, 15
ARGEMIRO LIMA / NJ
REPR
ODUÇ
ÃO
HUMBERTO SALES / NJ
MAGNUS NASCIMENTO / NJ
2 / NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010
Últimas Editor Marcos Bezerra
Fones84 3201.2443 / 3221.3438
STF CONFIRMA FICHA LIMPA/ JUSTIÇA / DEPOIS DE DUAS SENTENÇAS FAVORÁVEIS, VICE-PRESIDENTE STF NEGA PEDIDOS PARA SUSPENDER PUNIÇÕES
FOLHAPRESS
O VICE-PRESIDENTE DO STF (Su-premo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto, negou na noite de sexta-feira três pedidos de polí-ticos para suspender a lei da Fi-cha Limpa.
As decisões liminares do mi-nistro, que está no exercício da presidência do tribunal, vêm de-
pois de duas sentenças favorá-veis a políticos “fi cha suja” -um do ministro Dias Toff oli e outra do ministro Gilmar Mendes.
Um dos pedidos negados foi do deputado João Alberto Pizzo-latti Júnior (PP-SC). Ele foi con-denado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina por improbi-dade administrativa.
O ministro, que foi um dos
defensores da Ficha Limpa, ne-gou a liminar com o argumen-to de que não poderia suspen-der individualmente uma deci-são tomada por um colegiado de juízes.
“Se não é qualquer condena-ção judicial que torna um cida-dão inelegível, mas unicamente aquela decretada por um “órgão colegiado’, apenas o órgão igual-
mente colegiado do tribunal ad quem [instância superior] é que pode suspender a inelegibilida-de”, afi rma Ayres Britto
Ele disse ainda que o deputa-do não foi condenado pelo exer-cício de seu mandato, mas por ser sócio de uma empresa que teve um contrato com a Prefei-tura de Pomerode (SC) conside-rado irregular pela Justiça.
O segundo pedido foi do ex-prefeito de Montes Claros (MG) Athos Avelino Pereira e do ex-vi-ce-prefeito Sued Kennedy Parre-la Botelho, condenados pela Jus-tiça Eleitoral de Minas. O argu-mento do ministro foi o mesmo.
Já para Juarez Firmino, con-denado pelo TRE-PR, Britto afi r-ma que o STF não pode suspen-der recurso da Justiça Eleitoral.
TRE-RN faz plantão para receber registros
Governo dobra gasto com publicidade
/ ELEIÇÕES /
/ MANOBRA /
O PRAZO FINAL para registro de can-didatura termina amanhã e para receber os registros, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN) esta-rá de plantão hoje, das 8h às 13h. Até o fechamento dessa edição nenhum partido ou coligação po-tiguar havia realizado a inscrição.
Para realizar os registros de candidatura o TRE-RN está de plantão desde ontem, funcionan-do apenas os setores de Protoco-lo, Secretaria Judiciária, Suporte e Sistemas Eleitorais. O prazo fi nal para o registro de candidaturas encerra-se na segunda-feira, 05 de julho, às 19 horas. No último dia o órgão irá funcionar normalmente a partir das 8h.
No próximo dia 8 de julho o TRE irá divulgar a lista dos candi-datos registrados, por meio do di-ário de justiça eletrônico. Segundo o secretário judiciário, Alexandre Albuquerque, o próprio candidato poderá solicitar o seu registro nos casos em que o partido se omitir, desde que tenha sido escolhido em convenção. “Após divulgarmos a lista, aqueles que não estivem in-clusos poderão requerer a inscri-ção com até 48h, ou seja, até o dia 10 de julho”, explica.
Se a convenção não indicou o número máximo de candidatos, os partidos poderão preencher as vagas remanescentes até o dia 4 de agosto.
O governo federal turbi-nou seus gastos publicitá-rios nos meses anteriores à dis-puta presidencial de 2010.A média mensal dos valo-res pagos entre janeiro e ju-nho de 2010 dobrou, em com-paração com a média do mes-mo período de 2009, 2008 e 2007.A curva suscita dúvida sobre de-sobediência à Lei Eleitoral. O texto
legal exige que a despesa com pro-paganda ofi cial no período da pré-campanha, no ano eleitoral, não ultrapasse a “média dos três anos anteriores”.
A redação da lei é dúbia, o que permite ao governo dizer que a média citada é a anual, não a se-mestral. Assim, o governo diz que cumprirá a média anual, ao fi nal de 2010.
A ELIMINAÇÃO DO Brasil da Copa da África do Sul deixou um sal-do de quatro mortos no Haiti. De acordo com informações do site da revista IstoÉ, dois haitia-nos torcedores da seleção brasi-leira cometeram suicídio após a partida, jogando-se na fren-te de carros para serem atrope-lados, enquanto outro torcedor faleceu logo após a partida, víti-ma de um ataque cardíaco ful-minante, em Porto Príncipe. Na
Zona Rural do Haiti, um quar-to torcedor foi apunhalado de-pois de se envolver em uma bri-ga com torcedores da Argentina.
A população haitiana ha-via adotado a seleção brasileira como a favorita durante o mun-dial. Durante a partida de sexta-feira contra a Holanda, a polícia dispersou vários tumultos em Porto Príncipe onde os torcedo-res assistiam ao jogo em telões instalados pela prefeitura.
▶ Brasil conquistou os torcedores haitianos com amistoso em 2004
PAULO JARES / ABR
ELIMINAÇÃO DO BRASIL CAUSA MORTES NO HAITI
/ TORCIDA /
▶ Ministro Ayres Britto
NELSON JUNIOR / TSE
NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 3
Política Editor Viktor Vidal
Fones84 3201.2443 / 3221.3438
UM MILÊNIO EM 4 ANOS/ INDICADORES / MANDATO DO PRÓXIMO GOVERNADOR SERÁ DECISIVO PARA RN SAIR DO ATRASO NO CUMPRIMENTO DAS METAS DO MILÊNIO
OS PRÓXIMOS QUATRO anos do novo go-verno, cujos candidatos disputam a vaga em outubro, serão decisivos para o cum-primento das metas do milênio até 2015 no Rio Grande do Norte. Em 2000, a Or-ganização das Nações Unidas (ONU) instituiu os oito objetivos do milênio: acabar com a fome e a miséria; garantir ensino básico de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher; reduzir a morta-lidade infantil; melhorar a saúde mater-na; combater AIDS, malárias e outras doenças; promover a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente; o trabalho de todos em prol do desenvolvimento.
Os governos e entidades não-gover-namentais se comprometeram a modi-fi car drasticamente os indicadores so-ciais, usando como referência os núme-ros de 1990. Uma década depois de fi r-
mado o acordo, o Movimento Nacional pela Solidariedade e Cidadania anali-sou o cumprimento das metas com da-dos do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE). O Rio Grande do Norte ainda apresenta resultados que preocupam.
O primeiro objetivo é acabar com a fome e a miséria. Nesse ponto, o Rio Grande do Norte é o nono Estado brasi-leiro que mais possui pessoas em condi-ções de indigência. Isso signifi ca que 19% da população potiguar vive com menos de R$ 127 por mês; são um pouco mais de 570 mil pessoas. Afora os miseráveis, ainda há 22,9% de norte-rio-grandenses abaixo da linha da pobreza, ou seja, que vivem com menos de R$ 255 por mês.
Andreia Mendes da Silva, de 21 anos, ilustra a situação desse meio milhão de cidadãos miseráveis. Ela não tem resi-dência, nunca foi à escola e não possui emprego fi xo. “Eu faço programa, não vou mentir”, conta. Segundo ela, os seus
clientes pagam preços módicos e o fatu-ramento “não dá para viver, mas dá para se manter”. Andreia Silva afi rmou ga-nhar menos de R$ 200 por mês e nunca foi benefi ciada por um projeto social dos governos. Os seus pais faleceram e o úni-co parente vivo é sua avó. A jovem fi ca acompanhada de mais alguns morado-res de rua na avenida do Contorno, pró-ximo ao viaduto do baldo, mesma situa-ção de Maria da Conceição Oliveira.
De toda a população do Rio Grande do Norte, 58% das famílias ganham um valor maior que meio salário mínimo. Mas a população estadual é apenas a 17ª colocada nessa lista. Para se ter uma ideia, o Estado de Santa Catarina possui 87% com renda acima de R$ 255, valor que delimita a linha da pobreza.
PROJEÇÃOApesar desses números, o secretário
estadual de Trabalho, Habitação e Assis-tência Social, José Gersino Saraiva, con-
sidera que o Estado evoluiu bem nesses dez anos. “O Rio Grande do Norte está numa situação de projeção além do que deveria”, afi rma. No entanto, reconhece que nas questões relacionadas ao meio ambiente, como o saneamento, o esta-do vai mal.
Ele justifi ca que o governo estadual desenvolve uma política de segurança alimentar que compreende programas assistencialistas como: a rede de res-taurantes populares, a merenda escolar, projeto Cidadão Sem Fome e Programa do Leite. “O índice de carência alimen-tar baixou muito ao longo desses anos”. Atualmente é 14,5%. “Temos problemas, mas onde é que não tem”, diz o secre-tário. Contudo, ele acredita no cumpri-mento dos objetivos antes de 2015. A meta do Rio Grande do Norte é redu-zir a pobreza pela metade. O indicador está em 42% da população e a intenção é chegar a 34%. Em 1990, 69% da popu-lação era pobre.
Embora o Rio Grande do Norte apresente a segunda melhor taxa de frequência no Brasil de alunos entre 7 e 14 anos no ensino funda-mental (1º ao 9º ano), com 96,1% dos estudantes nas salas de aula, atrás apenas de São Paulo, à me-dida em que o nível de ensino au-menta, os índices mostram que os alunos se distanciam da esco-la. Apenas 38% dos estudantes de 15 a 17 anos do ensino fundamen-tal conseguem concluir essa eta-pa dos estudos. Com esse número, o Rio Grande do Norte é o 19º Es-tado brasileiro quando o assunto é conclusão do ensino fundamental.
No que se refere ao ensino médio (1º, 2º e 3º ano), a taxa de frequência também é uma das piores, a 21º do país. Somente 35,5% dos adolescentes entre 15 a 17 anos frequentam uma insti-tuição de ensino.
Para o secretário estadual da Educação, Otávio Tavares, dar acesso quase universal no ensino fundamental é um passo. Outro ponto é a continuidade da vida escolar do aluno. “Uma coisa é a questão do acesso, outra é a per-manência, e outra é o sucesso na trajetória escolar”, diz. E observa também: “temos que analisar es-ses dados em um contexto de um país extremamente desigual”.
De acordo com o secretá-rio, muitos alunos de ensino mé-dio trabalham e estudam. Quan-do não dá para conciliar as duas atividades, o aluno opta pelo em-prego, uma vez que a necessida-de fi nanceira é colocada em pri-
meiro plano. Na visão de Otávio Tavares,
não é possível dar a mesma justifi -cativa para a evasão dos alunos em escolas diferentes. “Não dá para se ter a mesma explicação para to-dos os municípios e todas as regi-ões do Brasil. Também temos que nos lembrar dos fatores internos de cada escola”, comentou.
Pelo menos na Escola Esta-dual Felizardo Moura, no bairro das Quintas, a diretora tem uma explicação. “A falta de professores contribui muito. Eles vão deixan-do de vir e acabam-se evadindo completamente”, analisa a dire-tora Margareth Martins da Mata. Na escola, o turno vespertino dei-xou de funcionar desde 2009 por falta de alunos, tanto no ensino fundamental quanto no médio.
“Nas turmas de 3º e 2º ano
era muito difícil de formar tur-ma para o ensino médio. Às vezes chegava a fi car entre 20 e 22 alu-nos por turma”, disse. De acordo com a diretora, a Secretaria Es-tadual de Educação (SEEC) defi -niu 35 estudantes como o núme-ro mínimo para a formação de uma turma nessa fase da educa-ção formal.
Só no ano passado, oito esco-las da rede estadual foram extin-tas por falta de alunos. Na capi-tal, as escolas Professor Acrísio Freire, Professor Paulo Freire, Ro-tary Club Natal Alecrim e Encon-tro de Irmãos deixaram de existir. Em Mossoró, as escolas estadu-ais Jerônimo Vingt Rosado Maia, Maria Virgínia de Oliveira e Nos-sa Senhora de Fátima. No muni-cípio de Portalegre, a escola Ana Nunes Rêgo deixou de funcionar.
A extinção foi confi rmada por meio de decretos da então gover-nadora Wilma de Faria e o secre-tário de Educação Ruy Pereira, em agosto de 2009.
No que diz respeito à igualda-de entre os sexos, o estudo do Mo-vimento pela Cidadania e Solida-riedade considera a meta alcan-çada. Em 2008, mulheres de 18 a24 anos de idade tinham um ano de estudo a mais que os homens da mesma idade. No entanto, elas perderam ligeiramente campo de trabalho para os homens e os seus salários ainda não são iguaisao dos profi ssionais do sexo mas-culino. Para o Movimento, todosos Estados brasileiros atingiram ameta nesse quesito.
OS OITO OBJETIVOS DO MILÊNIO
▶ 1. Acabar com a fome e a
miséria
▶ 2. Garantir educação básica de
qualidade para todos
▶ 3. Promover a igualdade
entre os sexos e a valorização da
mulher
▶ 4. Reduzir a mortalidade
infantil
▶ 5. Melhorar a saúde materna
▶ 6. Combater a AIDS, malária e
outras doenças
▶ 7. Promover a qualidade
de vida e o respeito ao meio
ambiente
▶ 8. Todos trabalhando pelo
desenvolvimento
MARCELO LIMADO NOVO JORNAL
▶ Andreia Mendes ilustra a situação da miséria no RN, que ocupa a nona posição entre os mais pobres ▶ Maria da Conceição também engrossa o quadro da pobreza no estado
NA EDUCAÇÃO, MAIORIA NÃO CONCLUI ENSINO FUNDAMENTAL
CONTINUANA PÁGINA 5 ▶
▶ Salas vazias: apenas 38% dos estduantes de 15 a 17 anos concluem o Ensino Médio
TIAGO LIMA / NJ
WALLACE ARAÚJO / NJWALLACE ARAÚJO / NJ
POSIÇÃO DO RN NA EDUCAÇÃO E NA POBREZA
Educação
Taxa de frequência no ensino fundamental de alunos dos 7 a 14 anos.
1º São Paulo 96,6%
2º Rio Grande do Norte 96,1%3º Paraíba 96%
4º Espírito Santo 96%
5º Tocantins 95,9%
Taxa de conclusão do ensino fundamental entre jovens de 15 a 17 anos
1º São Paulo 77,4%
2º Santa Catarina 76,4%
3º Paraná 68%
4º Mato Grosso 67%
19º Rio Grande do Norte 35,5%20º Maranhão 38,4
21º Alagoas 38,2
Taxa de frequencia no ensino médio de alunos de 15 a 17 anos
1º São Paulo 69,2%
2º Santa Catarina 59,8%
3º Paraná 57,9%
4º Amapá 57,6%
21º Rio Grande do Norte 35,5%22º Bahia 35,4%
23º Pará 35,1%
FONTE: IBGE – CENSO DEMOGRÁFICO/ PNAD/ MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – INEP.
Pobreza
Pessoas abaixo da linha da miséria (vivem com ¼ do salário mínimo)
1º Alagoas 30,3%
2º Maranhão 26,6%
3º Piauí 25,5%
4º Ceará 23,2%
8º Sergipe 19,5%
9º Rio Grande do Norte 19,2%10º Amazonas 19%
4 / NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010
Opinião Editor Franklin Jorge
Fones84 3201.2443 / 3221.3438
ME-ENGANA-QUE-EU GOSTO
Batizada de Refi naria Clara Ca-marão no ano passado, neste do-mingo, completa 22 anos que era instalado o que a Petrobrás chamou, na época, de “Polo de Produção de Guamaré”, para processar gás na-tural que havia sido descoberto no subsolo potiguar e quando não se dispunha de tecnologia para fazer o transporte de toda a produção.
Desde então aquele polo agre-gou vários equipamento, até rece-ber o apelido de refi naria, na verda-de mini-refi naria, para justifi car a lo-calização das refi narias de verdade no Ceará e em Pernambuco.
ÔNIBUS DA TVA Rede Bandeirantes prepara o
lançamento, nos próximos dias, de um “reality show” montado em cima de um ônibus – on the road, o ‘Bu-são do Brasil”- que vai percorrer o país com 12 candidatos que serão submetidos a várias provas, sonhan-do em ganhar R$ 1 milhão. Uma des-sas etapas, no Rio Grande do Nor-te, tendo como cenário o Lajedo da Soledade, no município de Apo-di. O programa é inspirado no Th e Bus, já exibido na Holanda, Bélgica e Espanha
INSEGURANÇA JURÍDICACaso o Tribunal Superior Eleito-
ral concorde em modifi car a inter-pretação dada ao uso do rádio e te-levisão entre aliados (que tira o pre-sidente Lula da maioria dos palan-ques eletrônicos) vai aumentar o sentimento de insegurança jurídi-ca. Agravado com as brechas que es-tão sendo abertas para garantir can-didaturas de fi chas-sujas. Os gover-nistas prometem reação, votando uma lei acabando a verticalização da propaganda.
SEGUNDA GOVERNADORAO Rio Grande do Norte ga-
nha uma segunda governado-ra. É a professora Tereza Neuma de Castro Dantas, Coordenado-ra Executiva do Núcleo Tecnoló-gico Petrobrás/UFRN, que assu-miu a direção do Distrito L 4500, do Rotary Clube.
Contando com 88 clubes e 2.270 associados, nos Estados de Pernambuco Paraíba e Rio Gran-de do Norte, o Distrito do Rotary já tinha tido outra Governadora do Rio Grande do Norte, a Sra. Aldanira Pereira Barreto.
AÇÃO CONJUNTAO 1º Encontro do Ministé-
rio Público Eleitoral será realiza-do nesta segunda-feira, na sede da Procuradoria Geral da Justiça. Os 69 Promotores de Justiça que vão atuar na área eleitoral vão discutir temas como propagan-da eleitoral, fraude e voto cons-ciente, em busca de uma ação comum.
O Subprocurador Geral da República, Edílson França, par-ticipará do encontro, oportuni-dade em que o promotor Augus-to Flávio Azevedo, apresentará a campanha elaborada para esti-mular o voto consciente.
SUPLENTE COM VOTOSO senador Garibaldi Alves fez
uma opção preferencial por su-plentes com voto. O primeiro su-plente, indicado pelo PV, é Paulo Davim, deputado estadual. O se-gundo, indicado pelo PR, é o ex-prefeito de Ipanguassu, João de Deus, com liderança em todo o Vale do Açu.
Nesta segunda-feira será en-caminhado o pedido de registro da chapa completa.
VIDA DE CRAQUECícero Ramalho, o legendá-
rio goleador do Baraúnas, res-ponsável pela desclassifi cação do Vasco da Gama numa Copa Brasil com o gol que marcou no estádio de São Januário, vai ter sua vida transformada em li-vro. O jornalista carioca Mar-celo Migueres é esperado, neste domingo, em Mossoró, para co-lher depoimentos e pesquisar episódios da vida do ex-atleta.
TROCAR DE CANALA eleição de outubro, depois que o time bra-
sileiro foi desclassifi cado na Copa do Mundo,
começa a ganhar as condições para começar a
ocupar os corações e mentes da grande maioria
que estava ligada preferencialmente no Mundial.
Enquanto a jabulani rolava, muito foi feito,
discutido, acordado, decidido e noticiado, embora o interesse da grande
maioria estivesse ligado em outro canal. A campanha eleitoral, na verdade,
ocupava quase todo o interesse de jornalistas, assessores, políticos, candi-
datos e suas famílias.
Vale lembrar que, mesmo assim, a fi la não parou de andar.
E o respeitável público precisa saber que – pelo menos – os times já
estão escalados, mesmo levando-se em conta a nossa insegurança jurídi-
ca, sobretudo, em matéria de Direito Eleitoral.
Num ano de eleição para presidente da República, começando empata-
da – segundo o Datafolha – entre José Serra e Dilma Roussef (com Marina
Silva correndo por fora), a eleição estadual tem tudo para ser o principal
alvo das atenções gerais, também com três principais candidaturas:
1 – Iberê Ferreira de Souza (com uma coligação que tem o PSB-PT-
PPS-PTB como seus principais legendas), que assumiu o governo em abril,
com a renúncia de Wilma de Faria, tendo o ex-secretário Vagner Araújo
como vice. Para o Senado vai de Wilma de Faria e Hugo Manso;
2 – A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-PSDB-PMN) formou uma chapa –
chamada “chapa dos sonhos” - com o deputado Robinson Faria como vice
e para o Senado, José Agripino e Garibaldi Alves, atuais Senadores:
3 – Carlos Eduardo (PDT-PC do B) tem o deputado Álvaro Dias como
vice e o jornalista Sávio Hakcradt para o Senado.
Até 17 de Agosto, quando começa a propaganda gratuita no rádio e na
televisão, todos eles têm o desafi o de provocar o interesse do eleitor. Mes-
mo com propaganda eleitoral liberada, esses próximos 33 dias vão servir,
basicamente, para aquecer os tamborins até a corrida para os 62 dias de
corrida na reta de chegada.
Até lá, não faltarão emoções!
▶ Brasil 3 X 1 Coréia do Sul , na
madrugada deste sábado. - Brasil país
do voleibol. Brasiiiiiil!
▶ No Datafolha, os números do
Nordeste repetem o Ibope: 47 (Dilma) a
30 (Serra). A reação de Serra foi no Sul
(50 a 32).
▶ A prefeita Micarla de Sousa cria o
Cadim Municipal para ter uma lista dos
inadimplentes com o município.
▶ Programa de domingo do senador
José Agripino: Feirinha de Santana, no
bairro de Capim Macio.
▶ Título de anúncio da Volkswagen
(patrocinador da CBF): “A gente nuca
deixa de acreditar na seleção brasileira:
faltam 49 meses para o Hexa”.
▶ Nesta segunda-feira a revista Foco
faz a festa para lançar sua edições com
as empresas mais lembradas – “Top of
mind” – do RN
▶ A TV Senado suspendeu as
retransmissões no período eleitoral.
Agora só bota no ar transmissões ao vivo
das sessões.
▶ Para ser deglutido pelo empresariado,
Lula lançou uma “Carta ao Povo
Brasileiro”; para conquistar a classe D,
Serra prepara uma “Carta Social”.
▶ Eike Batista, o homem mais rico do
Brasil, já atingiu a marca dos 44 mil
seguidores no twitter.
▶ Faz 50 anos neste domingo que o
candidato a presidente da República
Juscelino Kubistchek visitava a cidade
de Mossoró.
ZUM ZUM ZUM
DO DEPUTADO FERNANDO MINEIRO SOBRE A ABERTURA DE INQUÉRITO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, PARA ESCLARECER A DISPENSA DE LICITAÇÃO PARA O
CONTRATO, DE R$ 27 MILHÕES, DO PROJETO DA ARENA DAS DUNAS.
Toda a ação que venha no sentido de dar transparência é bem vinda”
HU
MB
ERTO
SA
LES
/ N
J
CARTÃO VERMELHOA engenharia política que criou a candidatura de Wober Júnior
para deputado federal – criando uma ameaça para Sandra Rosado – pode virar pó. Como a presença do PPS na coligação pode tirar Lula e Dilma (muito mais Lula) da programação da TV, a orientação nacio-nal é expelir as legendas intrusas (o PPS apóia Serra). Nesta segunda-feira termina o prazo das defi nições e pode pintar o cartão vermelho.
No plano local, o problema é que a força maior é o PSB. E foi lá que pariram a candidatura de Wober.
FORA DE HORANem Marinho Chagas gostou da homenagem que a prefeitu-
ra quis lhe prestar na hora do jogo Brasil X Holanda. Uma das coi-sas para esquecer na brilhante carreira de Marinho foi, justamente, a partida que ele disputou contra a Holanda em 1974.
Como esqueceram de combinar com a FIFA, a solenidade na Praia do Meio foi iniciada quando o jogo havia começado. Resulta-do: Marinho terminou sem assistir a partida, pelo menos até o em-pate da Holanda.
* Mesmo boas idéias, executadas de última hora, terminam dan-do efeito negativo na administração pública. O efeito positivo ime-diato termina virando um problema futuro. Como o que a prefeitu-ra está enfrentando com as bandas participantes do Dia do Rock, em junho do ano passado, ainda cobrando seus cachês ao pagos.
2014: tudo é urgente
O craque e o lenitivo
Passada, para nós, a Copa de 2010, que se transformou em fi asco parecido com o de quatro anos antes, tudo agora se vol-ta para a Copa de 2014, desde a escolha da nova comissão téc-nica da seleção brasileira aos preparativos de organização, uma vez que o torneio vai ser promovido no Brasil.
No que nos interessa mais de perto, Natal, escolhida para ser uma das sedes, mantém uma estranha e pouco amistosa convivência entre os responsáveis pelo evento e as entidades com quem deveriam estar mais sintonizados, situação provo-cada, principalmente, pela falta de transparência nas medidas que vêm sendo adotadas.
É o caso das secretarias da Copa e da Infra-estrutura com o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). O governo realizou uma polêmica dispensa de licitação em que pagará R$ 27 milhões a duas empresas, ambas de fora do estado, para fazer, somente, o projeto arquitetônico e o pro-jeto executivo da Arena das Dunas, o estádio que será erguido no lugar do Machadão.
A explicação da Procuradoria Geral do Estado – de que não havia outras empresas capacitadas para elaborar os pro-jetos, no RN ou fora dele – causou tanta estranheza que pro-vocou reações imediatas. Parlamentares oposicionistas co-braram investigação e mesmo os aliados políticos do governo defenderam mais clareza no procedimento.
O Crea garante que é ilegal – e que há outras empresas ca-pazes de realizar os projeto, o que tornaria, portanto, a licita-ção necessária. O Ministério Público decidiu então instaurar um inquérito para apurar a dispensa de licitação.
Essa polêmica é só um viés da Copa de 2014 em Natal – a da necessidade de os gastos públicos serem divulgados, para afastar qualquer suspeita de irregularidade. Vale tanto para a construção do estádio como para as obras de mobilidade ur-bana, que farão da cidade um canteiro de obras.
Há, porém, um outro tipo de atenção para a qual deve se voltar o gestor público: fazer o que já existe funcionar bem. To-me-se o exemplo noticiado ontem por este NOVO JORNAL.
Em dia de jogo do Brasil, com trânsito infernal e com chu-va, em pelo menos quatro cruzamentos o sistema de semá-foros não funcionou, ampliando os riscos de acidentes. Tem sido freqüente. Chuva é sinônimo de sinal queimado. A pre-feitura anuncia providências que precisam, na prática, ser executadas.
Os desafi os são inúmeros, dos maiores, como construção de estádio, aos aparentemente menores, como o funciona-mento correto dos semáforos. Para uma cidade que deve re-ceber milhares de turistas em 2014, tudo passa a ser urgente.
Quem acompanha futebol – e tem o bom gosto de ser tri-color – lembra que o Fluminense campeão brasileiro de 84 ti-nha um meio campo técnico. Os destaques eram Assis e Ro-merito, mas havia um volante de classe chamado Delei, que vem de Wanderley, seu nome de batismo. Hoje é deputado fe-deral pelo PSC do Rio de Janeiro.
Eu que vibrei tanto com ele, o Delei, sou vítima dele nes-sa Copa. Não dele propriamente, mas de um homônimo que é muito chato. Nas ruas, os botecos gritaram gol primeiro. Os vizinhos gritaram gol primeiro que eu. E até os carros buzina-ram festejando o gol antes que eu pudesse soltar o meu grito.
Uma frustração danada. É como chegar à festa com todo mundo já bêbado, te dando tapa nas costas. Ou como correr para chegar à pré-estreia na hora marcada e notar que, apesar do esforço, o fi lme começara antes.
As tevês abertas estão se vingando. À febre dos canais fe-chados, com sua oferta mais variada e sua programação espe-cífi ca e dirigida, está respondendo com mais agilidade.
Delay, o nome do fenômeno, é, no grosso modo, como se chama o tempo em que a imagem parte do local de transmis-são, vai até o satélite e é distribuída para as residências. Nos canais fechados, digitais, acaba gerando uma diferença de tempo em comparação com os canais abertos, ainda “analó-gicos”. Por incrível que pareça, o analógico é mais rápido do que o digital.
Muitos espectadores migraram para os canais fechados porque a maioria deles é temático. Há os que tratam só de es-portes; outros, só de músicas; outros, só de fi lmes; outros, de documentários, de desenhos animados. E por aí vai. É diver-timento, conforto, informação e lazer segmentados e a qual-quer hora do dia.
Essa péssima Copa para o Brasil foi a do Delay. No jogo contra a Coreia, menos. Mas na partida contra a Costa do Marfi m, quando o Brasil inventou de fazer três gols, a dife-rença de tempo foi gritante. Quando Luis Fabiano tocou na bola pela primeira vez já começaram os gritos na vizinhan-ça. Quando deu o segundo lençol e meus olhos ainda arregala-vam a expectativa pelo desfecho da jogada, o mundo (não só a vizinhança) vibrou. Festa com muxoxo. Igual a do terceiro gol, de Elano. Como era possível? Kaká mal chegara à linha de fun-do, e o grito já estava no meio da rua?
Nem Galvão Bueno imaginava vingança tão maligna. A maioria dos meus amigos arrotou, feliz da vida, a solução de-fi nitiva para se livrar do narrador da Globo: a TV fechada. To-dos eles, por causa daquele homônimo amigo meu, o delay, es-tão hoje rendidos. O jeito é mesmo recorrer à Vênus Platinada. Eu lembro da classe do Delei, o outro, e encontro meu lenitivo.
Editorial
PERCENTUAL MAIORSegundo um experiente executivo
da área de contratação de obras
públicas, o percentual médio dos
projetos na formação do custo fi nal
de qualquer obra não passa de
2,5%.
Em casos excepcionais, esse
percentual chega a 5% , sendo
que por casos especiais são
consideradas obras sem similar e
que nem existem nos livros.
A contratação – com dispensa de
licitação – pelo governo do Estado
do projeto do futuro estádio Arena
das Dunas, projetado para custar
R$ 400 milhões, por R$ 27 milhões,
representa mais de 7% do total.
Quase três vezes a média.
Este é um dos pontos ainda não
explicados.
ArtigoCARLOS MAGNO ARAÚJODiretor de Redação ▶ [email protected]
▶ POLÍTICA ◀ NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 5
Última instânciaAs duas decisões do Supremo liberando as candidaturas
do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e de uma deputada es-tadual de Goiás, ambos enrolados com a Lei da Ficha Lim-pa, disseminaram na base governista o discurso de que a re-gra terá aplicação bem mais reduzida do que se imaginava nas eleições. A avaliação é amparada nas palavras do ministro José Antonio Dias Toff oli, segundo quem a lei ‘apresenta ele-mentos jurídicos passíveis de questionamentos’.
Além disso, especula-se que, caso a ministra Cármen Lú-cia dê parecer favorável a uma reclamação do ex-deputado Carlos Gratz (PSL-ES), para quem a lei é inconstitucional, as proibições cairiam em cascata.
BORRACHASe a suspensão dos efei-
tos da Lei da Ficha Limpa no STF tiver sequência, a avalia-ção dos governistas é que po-derá abafar a principal ban-deira do vice de José Serra, o deputado Indio da Costa (DEM-RJ).
RÉGUAA direção do PSDB fará
uma reunião nesta semana com todos os presidentes dos diretórios estaduais para ma-pear confl itos que persistem na aliança com DEM e PPS. Além de eventual ‘enquadra-mento’ nos casos mais com-plexos, o partido cobrará mo-bilização de candidatos a de-putado para as visitas de José Serra.
NA RAIZA coordenação da cam-
panha de Serra usa um dado do último Datafolha para sustentar que a campanha adversária tem mais mobili-zação nas bases: 43% acham que Dilma ganhará a eleição, contra 33% de Serra, apesar do empate técnico.
BOLSOUm dirigente tucano ad-
verte: ‘É bom que fi que cla-ro que se faltar apoio nas ba-ses, como ocorreu em 2006, vai faltar dinheiro para mui-ta gente também’.
SANTINHOSUm governista fez a con-
ta: dado o maior número de partidos na aliança, Dilma terá mais candidatos espa-lhando seu nome nos Esta-dos. A matemática dos petis-tas prevê volume 40% supe-rior ao de Serra.
SEM PANETONEApesar de Serra ter cedi-
do a vaga de vice ao DEM, li-deranças do PT afi rmam que
o partido não pretende ex-plorar o episódio do men-salão de José Roberto Arru-da no Distrito Federal. Moti-vos: os petistas temem que a ideia suscitaria o troco de ‘demos’ e tucanos, lembrando o escândalo de 2005, e implo-diria o discurso de campanha ‘paz e amor’ de Dilma.
ROTEIRO 1Desde que saiu da Casa
Civil para disputar as elei-ções, Dilma não foi nenhu-ma vez ao Paraná e só visitou uma única cidade em San-ta Catarina. Isso deve mudar, numa tentativa dos petistas de quebrar o favoritismo de Serra na região.
ROTEIRO 2Estado em que Dilma
fez a carreira política, o Rio Grande do Sul recebeu qua-tro visitas da petista até ago-ra. A proporção será manti-da para tentar alavancar vo-tos nas ‘origens’ e arrebanhar a militância de Tarso Genro (PT), candidato ao governo gaúcho.
SHOPPING 1Antes de se acertar com
Duda Mendonça, Marta Su-plicy (PT) procurou os servi-ços de João Santana, que fez sua campanha de 2008 à pre-feitura paulistana. O marque-teiro explicou que neste ano fi cará concentrado na candi-datura de Dilma Rousseff à Presidência.
SHOPPING 2A parceria fi rmada entre
Marta, que concorrerá ao Se-nado, e Duda, que fará tam-bém a campanha de um ad-versário de Aloizio Merca-dante ao governo (Paulo Skaf, do PSB), ainda não foi digeri-da por muita gente no PT de São Paulo, mas teve um pa-drinho de peso: José Dirceu.
PainelRENATA LO PRETEDa Folha de São Paulo ▶ [email protected]
Lula está acostumado a entrar em disputas “nadando de braçada’. Agora
quero ver desta vez, em que o jogo está zero a zero.
TIROTEIO
CONTRAPONTO
DO DEPUTADO ACM NETO (DEM-BA), sobre o resultado da
pesquisa Datafolha que mostra Dilma Rousseff (PT) e José Serra
(PSDB) tecnicamente empatados.
MERCADO FUTUROO líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), tele-
fonou na semana passada para Antonio Palocci (PT-SP) para tratar de um projeto de relatoria do petista. Lá pelas tantas, brincou:
_Estou de olho no seu movimento para tentar implemen-tar o parlamentarismo no Brasil!
Palocci, um dos principais colaboradores da campanha de Dilma Rousseff , logo se esquivou:
_ Que história é esta? Eu, imagina...Ao que Bornhausen emendou:_Falo sobre o desejo de virar primeiro-ministro...
FALTAM ESGOTAMENTO SANITÁRIO E FOSSAS
A meta relacionada a Meio ambiente e qualidade de vida envolve ações que possibilitam o acesso a rede de água potável, esgotamento sanitário e cole-ta de lixo. No que se refere a ca-sas com rede de abastecimento de água canalizada, o Rio Grande do Norte conquistou o almejado: somente 15% dos domicílios não têm esse serviço. A coleta de lixo cobre quase 100% das residên-cias no meio urbano.
Porém, o acesso ao sanea-mento básico com coleta adequa-da de resíduos ou fossas sépticas ainda é um dos piores dos Brasil. O Estado ocupa a 6ª posição no país entre os que menos oferecem esgotamento sanitário ou fossas nas zonas urbanas: 45% da popu-lação não têm esse serviço.
Além disso, em abril desse
ano, a Promotoria do Meio Am-biente em parceria com o Ins-tituto de Desenvolvimento de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) cons-tatou que nenhuma das estações de tratamento de esgotos de Na-tal funcionava adequadamen-te. “A população paga para que a Caern faça a coleta, tratamen-to e destinação dos resíduos. Mas na verdade só está havendo a pri-meira etapa”, acrescentou a pro-motora de defesa do Meio Am-biente, Gilka da Mata, à época. Ainda no mês de abril, a Caern fi rmou um acordo com a promo-toria para recuperar as estações de tratamento até setembro de 2011. Algumas obras já estavam em processo de licitação.
Essa meta do milênio tam-bém contempla a avaliação de atividades de impactos no meio ambiente nos municípios brasileiros.
De acordo com relatório divul-gado no fi nal do mês passado, a ONU acredita que o Brasil vai atin-gir os objetivos, mas as desigual-dades regionais e locais continua-rão, uma vez que os números po-dem esconder algumas distorções.
O Movimento Social pela Soli-dariedade e Cidadania, vinculado à Secretaria Geral da Presidência da República, organiza núcleos estaduais para monitorar as me-tas. No Rio Grande do Norte, Jor-ge Alberto Cardoso é o represen-tante da Federação das Indústrias do Estado (Fiern) no núcleo. Se-gundo ele, essas organizações lo-cais têm a missão de incentivar o trabalho de organizações não-go-vernamentais e dos municípios na direção das Metas do Milênio.
“Alguns já foram alcançados em outros estados. Em outros, temos que concentrar os esforços em de-terminados objetivos”, disse.
Na avaliação de Jorge Cardo-so, as metas serão atingidas den-tro do prazo. “É algo que vai ter continuidade independentemen-te de quem venha ocupar o gover-no”, declarou. Ele ressaltou tam-bém que o acordo foi assinado por todos os governos ligados a ONU.
Nessa reta fi nal de cinco anos, o membro do núcleo falou que o mais importante é orientar os re-cursos municipais em prol dos objetivos. “Tem projetos funcio-nando em paralelo para o mes-mo objetivo. O problema é que na maioria das vezes, as prefei-turas têm pouca pólvora [dinhei-ro] para muita coisa”, comentou. A 8ª meta do milênio não envol-ve um número específi co, mas re-úne algumas ideias para o desen-volvimento sustentável.
ESTADO OCUPA
A 6ª POSIÇÃO
NO PAÍS ENTRE
OS QUE MENOS
OFERECEM
ESGOTAMENTO
SANITÁRIO OU
FOSSAS NAS
ZONAS URBANAS
▶ Esgoto é jogado no Rio Jundiaí
CONTINUAÇÃODA PÁGINA 3 ▶
NÚMEROS ESCONDEM DISTORÇÕES
DADOS SOBRE METAS DO MILÊNIO NO RN
Promoção da qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente
Moradores de domicílios urbanos sem acesso a esgoto sanitário ligado a
rede geral ou fossa séptica
1º Mato Grosso do Sul 73%
2º Amapá 65%
3º Goiás 61%
4º Tocantins 59%
5º Alagoas 52%
6º Rio Grande do Norte 45%7º Mato Grosso 39%
Saúde materna
Em cada cem mil partos, 40 mulheres morrem. O objetivo é chegar a 10,8
mortes de mães. Nesses dez anos o avanço em busca da meta foi de
apenas de 9%.
Mortalidade infantil
A intenção do Rio Grande do Norte é atingir os 14,8 bebês mortos, com idade
de até um ano, a cada mil nascidos vivos. O dado mais recente, de 2008,
mostra que no Estado morrem 17 crianças a cada mil com até um ano de
idade. De acordo com Movimento Nacional pela Solidariedade e Cidadania,
que gerencia os objetivos do milênio, cerca de 40% de mortes nessa faixa de
idade não são registradas no RN. O secretário de Assistência Social acredita
que a distribuição gratuita de leite à população carente auxilia na diminuição
da mortalidade.
Combate à AIDS e outras doenças
A meta de todos os Estados brasileiros é atingir uma queda permanente nos
casos de AIDS, malária e dengue. Ao contrário do que se esperava, o Rio
Grande do Norte registrou um dos maiores crescimentos de casos, com 20%
a mais. Outros 20 estados brasileiros também apresentaram acréscimos.
Combate a Aids, malária e outras doenças
1º São Paulo - 9% de decréscimo
2º Minas Gerais e Rio de Janeiro - 5% de decréscimo
3º Distrito federal – 4% de decréscimo
15º Mato Grosso – acréscimo de 14%
16º Rio Grande do Norte - acréscimo de 20,7%17º Amapá – 24% de acréscimo
FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE – DATASUS / OBJETIVOS DO MILÊNIO.
HUMBERTO SALES / ARQUIVO NJ / 27.03.10
▶ OPINIÃO ◀6 / NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010
Fernando FernandesMuito mal contada essa história da dispensa de
licitação para a construção da Arena das Dunas.
O secretário Fernando Fernandes deu uma de
presidente Lula: não sabe de nada.
Difícil acreditar nele, o secretário da Copa. Os
fatos estão aí, para reforçar a duvida sobre
essa ação inteiramente despropositada,
envolvendo milhões de reais! Tem coisa aí e
cabe ao Ministério Público investigar com todo
rigor que requer o caso que pinta como mais
um escândalo numa sucessão de escândalos
que acompanhamos impotentes, à espera
da ação da justiça.O NOVO JORNAL tem
prestado um grande serviço ao RN, trazendo ao
conhecimento dos leitores informações que em
geral não tem despertado o interesse de outras
publicações. Não fosse a sua curiosidade em
investigar os fatos e o Foliaduto ainda estaria
“dormindo” nos escaninhos do esquecimento.
Márcio Tavares,Cidade Jardim
Academia de LetrasLi na internet que está sendo criada na cidade
do Ceará-Mirim uma academia de letras.
Nascida lá, mas residindo há muitos anos
no Canadá, queria sugerir ao NOVO JORNAL
que fi zesse uma reportagem contando tudo
sobre o assunto.O Ceará-Mirim tem uma
grande tradição cultural. Já deu grandes
nomes às letras literárias, históricas e jurídicas
do País. Que me lembre, agora, Rodolfo
Garcia – o primeiro potiguar a fazer parte
da Academia Brasileira de Letras – e diretor
da Biblioteca Nacional é uma referencia na
historiografi a, tendo se especializado na história
administrativa, um gênero que não tem muitos
cultores no nosso Brasil.Muitos outros nomes
enriquecem o Verde Vale: Madalena Antunes,
Edgar Barbosa, Nilo Pereira, Padre Jorge
O´Grady de Paiva, Franklin Jorge, Sanderson
Negreiros, Juvenal Antunes, Benilde Dantas,
Francisco Vilar, Bartolomeu Correia de Melo,
tantos que seria enfadonho enumerar.
Não sei qual é a proposta dessa academia que
está surgindo e se tem algum projeto voltado
para os jovens, mas não seria oportuno dar a
conhecer os seus fundadores e patronos, para
que todos saibam que o Ceará-Mirim tem uma
cultura viva.
Maninha Barreto
Copa na EscolaA Escola Nossa Senhora das Graças, em
Florânia, realizou grande gincana Cultural, onde
os alunos pesquisaram e estudaram sobre os
países que já conquistaram título em Copas do
Mundo e o país sede da Copa 2010.
Divididos em oito países, os alunos trocaram
conhecimentos e curiosidades sobre o Brasil,
Itália, Argentina, Alemanha, França, Inglaterra,
Uruguai e África do Sul. Na abertura, a diretora
da escola, profª Maria do Socorro Tavares,
falou da importância da gincana na busca de
conhecerem os aspectos culturais, sociais e
econômicos dos países pesquisadores. O evento
movimentou a Escola com torcidas organizadas,
faixas, bandeirões e batucadas. A gincana
proporcionou o envolvimento dos alunos em
um aprendizado multicultural, conhecendo a
grande diversidade de costumes e realidades
sociais diferentes.Logo após a gincana, houve
um passeio ciclístico cultural, onde alunos e
professores percorreram as ruas de Florânia,
conduzindo em suas bicicletas as cores do
Brasil.
Josimar Tavares de Medeiros,Florânia
O leitor pode fazer a sua denúncia neste espaço enviando fotografi as
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ÍTALO CALVINO VIU a literatura como a “Terra Prometida” em que a lin-guagem se torna aquilo que na verdade deveria ser — mais que uma superfície –, um campo la-vrado, não de maneira casual e descuidada, porém segundo exi-gências capazes de traduzir as “nuanças do pensamento e da imaginação”.
Ele o diz na terceira das seis conferencias que faria no Mas-sachussets, a convite da Univer-sidade de Harvard, em 1985-86, como escritor visitante daquele ano letivo que foi também o da sua morte.
Como sabemos, Calvino che-gou a escrever cinco das seis con-ferencias previstas, posterior-mente reunidas por sua mulher, Esther Calvino, no livro “Seis Pro-postas Para o Terceiro Milênio” (Cia. Das Letras, São Paulo, 1990). A última, que não chegou a es-crever, versaria sobre a Consis-tencia. As demais abordam os se-guintes temas: 1) Leveza; 2) Rapi-dez; 3) Exatidão; 4) Visibilidade e 5) Multiplicidade. Todas relacio-nadas com o processo da criação literária.
Escritor italiano, nascido em
1923 em Santiago de La Veja, Cuba, morreu em Siena quan-do se preparava para viajar para a América em atendimento ao honroso convite de Harvard.
A exatidão, segundo Calvi-no, prevê pacientes e minucio-sos ajustamentos – à maneira de Borges –, para resultar, no caso do texto literário, no que é: algo cristalino, sóbrio e arejado, sinté-tico e esquemático, que conduz a uma linguagem tão precisa quan-to concreta.
Pertence Ítalo Calvino àquela maçonaria de escritores que con-seguem ser além de criadores li-terários, críticos, autocríticos e metacriticos. Artistas, enfi m, cônscios do que criam. Por isso, pode afi rmar após quarenta anos escrevendo fi cção, que
“(…) logo me dei conta de que entre os fatos da vida, que de-viam ser minha matéria-prima, e meu estilo que eu desejava ágil, impetuoso, cortante, havia uma diferença que eu tinha cada vez mais difi culdade de superar. Tal-vez que só então estivesse desco-brIndo o pesadume, a inércia, a opacidade do mundo – qualida-des que se aderem logo à escri-
ta, quando não encontramos um meio de fugir delas”.
Como explorador e artífi ce que nunca é vago ou aleatório em seus desígnios, Calvino mergulha no universo infi nito da literatu-ra. Apressa-se, pois, lentamente, atormentado, como Baudelaire, pelo demônio da lucidez. Em bus-ca da “escrita breve” expõe seu conceito de literatura total, con-jectural e multíplice, decodifi ca-do nos valores que, segundo afi r-ma ao referir-se a Valéry – tanto admira, sobretudo por seu rigor –, gostaria que fossem transferi-dos para a própria escritura.
Entre esses valores está prin-cipalmente este:
“(…) o de uma literatura que tome para si o gosto da ordem intelectual e da exatidão, a inte-ligência da poesia juntamente com a da ciência e da fi losofi a”.
Uma literatura, em resu-mo, tão precisa quanto concreta constitui o seu legado para o Mi-lênio. Uma literatura, como di-ria Calvino, que tomou a escri-ta como modelo de todo proces-so do real e mesmo como toda realidade cognoscível; ou, ainda, como a única realidade possível.
FRANKLIN JORGEJornalista ▶ [email protected]
Franklin Jorge escreve nesta coluna aos domingos
Ítalo Calvinoe a literatura
Borges, amante dos paradoxos, preconizou a morte do romance e a so-brevivência do conto, por sua antigui-dade, porém creio que se equivocou. Já o conto que ele cria imortal anda mer-gulhado numa zona de sombras e os-tracismo, apesar de sua natureza sinté-tica que corrobora e exprime o espírito da época em que vivemos.
Ao absorver e deglutir todos os gêneros literários, inclusive o poéti-co, o romance afi rma-se como a ex-pressão máxima da pós-modernida-de. Sua contradição reside num sim-ples detalhe: não comporta invenções formais como as que foram propos-tas, por exemplo, pelo Nouveau Ro-man que começou e se fi nou com os seus propositores sensacionalistas, entre os quais Robbe-Grillet e Natha-lie Serraute.
Ainda hoje, romances como os que foram produzidos por Sterne e Joyce constituem menos criações romanes-cas do que curiosidades literárias em grande parte impalatáveis e indigerí-veis para a maioria dos leitores – exce-tuando-se aí os pedantes e ditos “van-guardistas” –, embora contenham o gérmen difuso duma novidade artifi -cial e fi ctícia, erroneamente chamada de vanguarda.
Tais experimentos que fogem a uma fórmula que, por seu perfeccio-nismo não comporta invenções açoda-das, especialmente aquelas de caráter desconstrutivistas, podem incitar a cri-tica e estimular a produção de textos acadêmicos pontuais, sem conquistar, no entanto, os leitores mais exigentes, formados no gosto da leitura.
Desses inventores se pode dizer o que disse Borges do “Ulisses” de Joyce que teria sido escrito porque esta-va previsto — segundo as leis univer-
sais –, assim como estava previsto obeijo de Judas, sem o qual a divinda-de de Jesus não teria sido revelada aos homens…
Ora, o romance é uma construção clássica; sua forma, como a do con-to, já foi sufi cientemente burilada e um autor verdadeiramente hábil sabe por intuição que deve movimentar-se dentro de certos limites que não ex-cluem propriamente a invenção, como faz entre nós a fi ccionista Heloisa Ma-ranhão, autora que explora e reinven-ta o universo feminino segundo umaperspectiva que foge completamen-te do convencional e engloba todasas épocas e os mais diversos sistemas sociais.
Para Ítalo Calvino, um mestre dogênero – embora eu o prefi ra como en-saísta e critico –, seria o romance uma‘’obra aberta” ou multíplice, cujo pro-cesso substitui “a unicidade de um eu pensante pela multiplicidade de su-jeitos, vozes, olhares sobre o mundo,segundo aquele modelo que Mikhail Bakhtin chamou de ‘dialógico’, ‘polifo-nico’ ou ‘carnavalesco’, rastreando seusantecedentes desde Platão a Rabelais e Dostoiévski (…)”.
Uma espécie de obra que, por sua natureza enciclopédica e antropofági-ca, anseia conter todo o possível, não dando a si mesma uma forma nem de-senhando seus contornos, “permane-cendo inconclusa por vocação cons-titucional, como vimos em Musil eGadda”.
O romance, relativamente recen-te como gênero, antecipa e condensao espirito fragmentário e cosmopoli-ta do nosso tempo composto de “uma rede crescente e vertiginosa de tem-pos divergentes, convergentes e parale-los”, enunciados em Borges, um autor da predileção de Calvino, fundador de uma tradição literária.
Duas campanhasEm 1978, numa campanha sem chance de vitória, denuncia-
mos o “acordo” da oposição local com a ditadura. O poder político e militar do regime começava a fazer água, mas ainda havia mui-ta grana fácil para manipular resultados eleitorais. A prova dis-so foi o arranjo fi nanceiro de uma multinacional, (Dow Chemi-cal), via Golbery do Couto e Silva e Tarcisio Maia, para salvar uma empresa nacional, (UEB), em estado falimentar, que tinha na fa-chada o Gen. Albuquerque Lima e o ex-governador Aluízio Alves.
Campanha inglória, mas bonita. O pouco que sobrou da re-sistência oposicionista, não cooptada pelo aluizismo, foi para as ruas e denunciou à exaustão o acordo espúrio. Até então, Aluí-zio Alves era o líder perseguido e eleitoralmente imbatível. Agora, por motivos não políticos e mal explicados até hoje, ele se rendia aos tradicionais inimigos e perseguidores contumazes. Seu dis-curso perdeu o rumo. E boa parte dos antigos aliados, que ele le-vou consigo para o outro lado, não vieram com ele quando refl uiu e rompeu com os novos amigos.
Mas a sua participação no “acerto” garantiu a vitória eleitoral do regime. A oposição autêntica ganhou em Natal, porém perdeu tão feio no interior que anulou a vitória da Capital. O líder imba-tível que ajudou a derrotar o próprio partido pagou com a derro-ta pessoal na eleição seguinte.
Em 1982, estávamos nós de novo noutra campanha desigual e fadada ao insucesso. Aluízio Alves não conseguiu o apoio dos novos aliados para voltar ao poder. Ainda lhe ofereceram o Se-nado. Ele apostou na fama de “invicto”, rompeu e saiu candidato. Onde foi buscar apoio? No mesmo lugar onde havia abandonado os aliados de outrora. Os que ele levou aos montes, trouxe de con-tar nos dedos. E se tínhamos feito uma campanha, em 78, espina-frando sua imagem; agora tentávamos em vão recuperar a ima-gem trincada irremediavelmente.
De volta ao ninho do MDB, Aluízio encontrou guarida nas lideranças de Odilon Ribeiro Coutinho e Roberto Furtado. Dois grandes quadros humanos. Pequenos líderes eleitorais.
O acordo espúrio de 78 e a armação casuística do voto vin-culado levaram Aluízio Alves para sua primeira derrota eleitoral. Uma traulitada de cem mil votos. Dois imbatíveis do Nordeste derrotados. Aluízio Alves aqui e Marcos Freire em Pernambuco. O curioso é que Marcos Freire também vinha de um acordo im-popular com Cid Sampaio, nas eleições anteriores para o Senado, em Pernambuco.
Dois acordos sombrios, inexplicados, e uma tramóia jurídica armada pela cabeça do “democrata” Marco Maciel consolidaram a velha prática da politicagem nordestina.
O que poderia ter sido uma mudança de hábitos políticos ser-viu de escola para manter a vocação de sesmaria hereditária des-te belo e pequenino elefante. Té mais.
François Silvestre escreve nesta coluna aos domingos
PluralFRANÇOIS SILVESTREEscritor ▶ [email protected]
DO ROMANCE
▶ Fernando Fernandes na berlinda
TIAGO LIMA / NJ
NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL / 7
Economia Editor Carlos Prado
Fones84 3201.2443 / 3221.3438
HEVERTON DE FREITASDO NOVO JORNAL
ERA UMA MANHÃ ensolarada co-mum na primavera natalen-se e com o céu ainda mais azul numa cidade onde os arranha céus podiam ser contados nos dedos, quando uma notícia vin-da de Brasília causou um enor-me rebuliço. O Banco Central havia decretado intervenção no Banco do Estado do Rio Grande do Norte, o Bandern.
Nesse cenário, há 20 anos, mais precisamente no dia 20 de setembro de 1990, a notícia foi recebida como uma bomba em meio a uma campanha política acirrada para o Governo do Es-tado que levou ao enfrentamen-to dois primos, aliados até en-tão, mas que naquele ano esta-vam em campos opostos.
De um lado, o senador La-voisier Maia candidato apoia-do pelo então governador Ge-raldo Melo, de outro José Agripi-no Maia, na época oposição ao PMDB do governador e candida-to apoiado pelo governo federal do presidente Fernando Collor, eleito no ano anterior primeiro Presidente da República depois de 29 anos sem os brasileiros poderem escolher diretamen-te quem comandaria o país. Era, portanto, um presidente for-te politicamente embora já des-gastado pelas medidas do Plano Collor que, entre tantas sandi-ces, confi scou a poupança cau-sando revolta em quem tinha al-gum dinheiro guardado no ban-co e viu da noite para o dia suas reservas bloqueadas pelo gover-no federal.
Foi nesse contexto que a no-tícia do fechamento do Bandern deixou ainda mais apreensivos milhares de correntistas, aplica-dores e funcionários que se vi-ram envoltos na incerteza sobre o que iria acontecer a partir dali.
Apesar de bombástica, a no-tícia não era assim tão inespera-da. O governo do Estado e boa parte dos políticos com trânsito em Brasília já sabiam que ela po-deria ser tomada a qualquer mo-mento. O banco já vinha enfren-tando uma fi scalização do Ban-co Central. O que não se espera-va era a decisão em meio a uma campanha política, mas o gover-no federal precisava de recursos do Fundo Monetário Interna-cional e tinha que seguir a car-tilha da instituição que previa a privatização de estatais e o sa-neamento do sistema fi nancei-ro (veja box). Como não pode-ria agir sobre os grandes bancos estaduais, a exemplo do Banes-pa, pelo efeito que poderia ter na economia como um todo, a so-lução foi demonstrar que estava agindo decretando a interven-ção em bancos de Estados pe-quenos. Nessa leva foram junto com o Bandern, o Banco da Pa-raíba, do Piauí e a Caixa de De-pósitos de Goiás.
Como não poderia deixar de ser o tema foi parar diretamen-
te na campanha política. De um lado, o marketing do candidato governista agiu para tentar evi-tar que a responsabilidade ca-ísse no colo do Governador Ge-raldo Melo, aliado de Lavoisier, que também já tinha sido gover-nador, ao mesmo tempo em que tentava responsabilizar o candi-dato do PFL, senador José Agri-pino, por ser aliado do governo federal, sob a justifi cativa de que havia saídas técnicas para o ban-co sobreviver.
Na oposição, Agripino partiu para o ataque acusando o des-calabro com as fi nanças do ban-co por parte do governo Geral-do Melo como causadora da in-tervenção promovida pelo Ban-co Central, inclusive levantando suspeitas de que recursos do banco estariam sendo usados na campanha governista.
Como nas guerras e nas cam-panhas políticas a primeira víti-ma é sempre a verdade, prevale-ceu durante o restante da cam-panha o debate sobre o banco, cada qual apontando suas ar-mas para o adversário. Essa rea-lidade ainda predominou duran-te praticamente todo o gover-no José Agripino, fi nalmente vi-torioso nas eleições de 1990. Ele, durante a campanha, disse que tinha a chave para reabrir o ban-co e foi cobrado por isso durante praticamente todo o seu manda-to por uma oposição forte exis-tente na Assembleia Legislativa e que fazia reverberar seus dis-cursos nos veículos de comuni-cação fundados por Aluízio Al-ves, em especial a TV Cabugi, ainda usada abertamente pelo PMDB.
LIQUIDAÇÃOIndependente da guerra polí-
tica, o banco passou 18 anos sob intervenção e só foi efetivamen-te liquidado em 2008. Dele so-brou o desespero para algumas famílias de funcionários que se viram de uma hora para outra em difi culdades fi nanceiras e o prejuízo assumido pelo Estado.
Uma resolução aprovada pelo Senado em 1998 e assina-da pelo presidente em exercício da Casa, justamente o senador Geraldo Melo, autorizava o go-verno do Estado a contratar um empréstimo de quase R$ 100 mi-lhões para comprar a carteira de crédito imobiliário do Bandern, para pagar dívidas do BDRN ( fe-chado posteriormente) junto ao BNDES e para capitalizar a Agência de Fomento.
Esse valor, no entanto, foi uma gota perto do prejuízo dei-xado pelos bancos estaduais. As 27 instituições públicas fechadas nessas duas décadas deixaram um prejuízo de R$ 90 bilhões, quatro vezes o que foi gasto com o Proer, o programa de socor-ro aos bancos privados, criado no governo Fernando Henrique para evitar uma quebradeira ge-neralizada no sistema fi nanceiro do Brasil.
Grande parte desses R$ 90
bilhões foi gasto em obras públi-cas. O problema é que o dinheiro saia dos bancos, mas quase nun-ca retornava. Sem falar no uso dos bancos pelos governado-res para fi nanciar os caixas es-taduais. Na época, os principais credores dos bancos estaduais eram os próprios governos, que tomaram empréstimos diretos ou venderam suas letras. No Pro-es, programa criado pelo gover-no federal para socorrer os ban-cos estaduais, eram concedidos
fi nanciamentos com juros sub-sidiados para os governos sane-arem seus bancos.
Investigações do Banco Cen-tral apontaram que, além de fi -nanciar os Estados, boa par-te dos empréstimos concedidos pelos bancos estaduais era para benefi ciar políticos e empresá-rios amigos do governador de plantão, sem muitas vezes levar em conta as efetivas condições dos tomadores do dinheiro para honrar esses empréstimos.
Aqui a realidade não era di-ferente e até mesmo quem de-fende o Bandern como uma ins-tituição que ajudou a economia do Estado reconhece que hou-ve desvirtuamentos ao longo de vários governos que levaram o banco a enfrentar uma situação fi nanceira delicada.
Por 34 anos trabalhando no Bandern, onde entrou aos 17 anos de idade, passando por di-versos cargos e gerências de agências, até chegar a diretor de Operações, o bancário apo-sentado Ismael Benévolo Xavier não tem dúvidas: “o que fechou o banco foi a bagunça administra-
tiva e a infl uência política”. Para ele, o Bandern prestou
importantes serviços para o Es-tado como o fi nanciamento do projeto Cura, em que era res-ponsável pelo repasse dos re-cursos do BNH para a constru-ção de habitações, atuou forte-mente no crédito rural e ajudou muito o comércio com a cobran-ça de juros menores para o paga-mento de ICMS e outros tributos e o desconto de duplicatas, mas foi usado para atender pedidos de políticos sem levar em con-ta os aspectos gerenciais e fi nan-ceiros. “O banco tinha lucro e ti-nha liquidez quando sofreu a in-tervenção, mas muitas vezes se abria agências defi citárias no in-terior para atender a pedidos de deputados e o Governo do Esta-do que era o principal acionista não fazia o aporte de capital que deveria para cobrir esse défi cit”.
Ismael Xavier conta que muitas vezes o Estado pegava os dividendos e usava o próprio di-nheiro do Estado, que já estava depositado no banco, para fazer esse aporte. Ou seja, não havia entrada de recursos novos para capitalizar o banco e cobrir o dé-fi cit. “Muitas vezes saiam em-préstimos por recomendação política que depois não volta-vam mais e havia interferência na nomeação de gerentes que eram indicados politicamente”, admite.
Ismael Xavier não cita no-mes, mas as histórias vão des-de a concessão de empréstimos sem observância mínima das garantias por indicação de um deputado estadual, pagamen-to de duplicatas a fornecedores de uma grande indústria liga-da a um político sem os fundos necessários para o seu resga-te, até a compra de um veículo pelo banco usado por um gover-nador durante uma campanha política.
20 ANOS/ LIQUIDAÇÃO / BANCO FECHADO EM 1990 FAZ FALTA, SEGUNDO LIDERANÇAS EMPRESARIAIS. TODOS SÃO UNÂNIMES, ENTRETANTO, AO LEMBRAR QUE INGERÊNCIAS POLÍTICAS DECRETARAM A EXTINÇÃO DA INSTITUIÇÃO
▶ Ismael Benévolo Xavier
▶ Publicidade do cartão Bandern
ARGEMIRO LIMA / NJ REPRODUÇÃO / ARGEMIRO LIMA / NJ
O QUE FECHOU
O BANCO FOI
A BAGUNÇA
ADMINISTRATIVA
E A INFLUÊNCIA
POLÍTICA”
Ismael Benévolo XavierEx-Diretor do Bandern
MUITAS
VEZES SAIAM
EMPRÉSTIMOS POR
RECOMENDAÇÃO
POLÍTICA QUE
DEPOIS NÃO
VOLTAVAM
MAIS E HAVIA
INTERFERÊNCIA
NA NOMEAÇÃO DE
GERENTES QUE
ERAM INDICADOS
POLITICAMENTE”
Ismael Benévolo XavierEx-Diretor do Bandern
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▶ Agência “drive in” do Bandern foi a primeira do gênero instalada no RN
REPRODUÇÃO
INDICADORES
DÓLAR EURO IBOVESPA TAXA SELIC IPCA (IBGE)
COMERCIAL 1,778TURISMO 1,890PARALELO 2,000
0,32%61.429,79
0,43%2,227 10,25%
SEM BANDERN
▶ ECONOMIA ◀8 / NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 4 DE JULHO DE 2010
Embora tenha servido de muita munição para campanhas políticas, de bate-boca entre go-vernistas e oposicionistas da épo-ca, e resultado numa enxurrada de ações judiciais dos que foram prejudicados pela medida entre correntistas, investidores e fun-cionários, o fechamento do Ban-dern teve como causa e ao mes-mo tempo foi conseqüência da política macroeconômica do país a partir da adoção de medidas chamadas à época de neoliberais pelos que se opunham a elas.
Desde a década de 80, os ban-cos estaduais passaram de ins-trumentos auxiliares de promo-ção do desenvolvimento regio-nal, através da intermediação de recursos direcionados para in-vestimentos, para o papel de fi -nanciadores dos tesouros esta-duais. Ou seja, os bancos esta-duais foram na prática utilizados para socorrer o caixa estadual.
Nos Estados maiores, os ban-cos estaduais tornaram-se os principais credores das empre-sas estatais ao honrar operações externas não pagas por essas em-presas, das quais eram avalistas.
Em sua tese de pós-gradua-ção apresentada na faculdade de economia da Universidade Fede-ral Fluminense, Claudio Tito Gu-tiérrez, constata que no caso do Banespa, o total de operações de
crédito com o setor público, que havia atingido 26% do ativo do banco em 1980 passou para 57% em 1988.
A realidade dos bancos esta-duais era similar em todo o Bra-sil. Alguns tinham uma situação pior, outros melhor, mas em ge-ral todos apresentavam uma ex-posição em operações de risco que levaram esses bancos a re-correr à captação de recursos de curto prazo com altas taxas com o Banco Central, por meio dos chamados empréstimos de re-desconto, operações nas quais o Banco Central atua como uma espécie de “banco dos bancos”, emprestando recursos aos ban-cos que não conseguem outra forma de obter dinheiro junto ao público ou aos seus acionis-tas. Para realizar a operação de redesconto é necessário entregar garantias ao BC, que serão utili-zadas caso esses empréstimos não sejam honrados.
Essa situação levou o gover-no federal a lançar o Programa de Recuperação Econômica e Fi-nanceira dos Bancos Estaduais – Proref - que estabelecia uma li-nha de crédito para os Bancos Estaduais. O programa atendeu 15 instituições estaduais, entre elas o Bandern.
Esse programa, no entan-to, teve um efeito temporário
porque a causa do desequilíbrio continuava o mesmo: os gover-nos estaduais usavam os bancos como apêndices do tesouro.
Outra razão da crise dos ban-cos estaduais foi a redução da in-fl ação e a consequente perda de receitas que eram obtidas com o fl oat bancário (utilização de re-cursos em trânsito na aplicação em títulos públicos).
Diante do tamanho da crise dos bancos estaduais, o Banco Central interveio em oito bancos comerciais estaduais utilizando o Regime de Administração Es-pecial e Temporário, através do qual os estados perdem tempo-rariamente o controle de suas instituições, administradas a
partir de então pelo Banco Cen-tral, que passou a tomar medi-das de ajuste com fechamento de agências defi citárias, demis-sões, venda de ativos, entre ou-tras, para recuperar fi nanceira-mente as empresas.
Em 1988, o governo federal lançou um bóia de salvação para os Estados, que tiveram suas dí-vidas com os bancos estaduais renegociadas através de uma li-nha de crédito e de recursos do orçamento federal, com prazo de 15 anos para pagamento. Mais uma vez os Estados não cumpri-ram o pagamento das parcelas acertadas e ainda continuaram usando as instituições fi nancei-ras estaduais para fazer as cha-
madas operações de Antecipa-ção de Receita Orçamentária, os famosos ARO.
Com o Plano Collor, todo o sistema fi nanceiro passou a apresentar difi culdades fi nan-ceiras, com o bloqueio dos ati-vos fi nanceiros. Da noite para o dia os brasileiros que tinham di-nheiro depositado nos bancos vi-ram seu dinheiro retido. É isso o que os economistas chamam de aperto de liquidez.
O cenário macro-econômi-co levou os bancos estaduais a captarem recursos de curto pra-zo com custo mais elevado para conseguir o equilíbrio de uma carteira de longo prazo, aumen-tando seu risco fi nanceiro. Para se ter uma idéia, 79% da dívi-da dos Estados estava nas mãos dos bancos estaduais através dos fundos da dívida pública e 70% desses títulos eram fi nanciados por terceiros, principalmente pelo Banco do Brasil, através do overnight (operações de curtíssi-mo prazo).
Em setembro de 1990, o Ban-co do Brasil deixou de fi nanciar a compra dos títulos da dívida mobiliária estadual, o que levou os bancos estaduais a buscarem o Banco Central para se mante-rem. Foi ai que o governo federal resolveu promover a troca dos títulos estaduais por Letras do
Banco Central (LBC). Foi nessecontexto que o Banco Central de-cretou a liquidação extrajudicial dos bancos da Paraíba, Rio Gran-de do Norte, Piauí e Caixa Econô-mica de Goiás, em setembro de 1990, e em março do ano seguin-te também do MinasCaixa.
Com a queda de Collor, assu-me a presidência Itamar Franco que deu continuidade à estraté-gia federal de restringir a liber-dade dos estados em utilizar osseus bancos, proibindo o socorrofi nanceiro do Banco Central aosbancos estaduais.
O objetivo do governo federalera evitar que os bancos estadu-ais continuassem a exercer pres-são sobre a política monetária,dentro do ideário de obtenção de superávits fi scais e de contenção da base monetária.
Os bancos estaduais con-tinuaram sobrevivendo atra-vés de socorros sistemáticos até que fosse realizada a renegocia-ção total das dívidas estaduais e o ajuste do sistema fi nanceiro estadual dentro da estratégia de estabilização do Plano Real, com a privatização de estatais, entre elas os bancos públicos de gran-de porte. Não havia mais espa-ço para um banco estadual numestado pequeno e de economia ainda muito dependente do Po-der Público.
LÍDERES LAMENTAM FECHAMENTO
A primeira tentativa de se criar um banco que pudesse atu-ar no Rio Grande do Norte foi do governador Alberto Maranhão que em 1902 autorizou a criação do banco Natalense, mas por fal-ta de interessados o empreendi-mento não saiu do papel. Só em 1905 é que o governador Augus-to Tavares de Lyra aprovou na Assembleia Legislativa a lei que autorizava o Tesouro Estadual a subscrever cincoenta contos de réis do capital do banco que viesse a se instalar. Essa lei se concretizou em janeiro do ano seguinte com a aprovação da ata de Constituição da Sociedade Anônima Banco do Natal, tendo como primeiro presidente o co-ronel Olímpio Tavares, parente do governador.
Um fato que chama a aten-ção e mostra como a mistu-ra de interesses privados com o dinheiro público pelas famí-
lias que tradicionalmente man-dam na política do Rio Grande do Norte vem de longe é que en-tre os 113 acionistas iniciais do banco, a maioria era das famí-lias Albuquerque Maranhão (17 acionistas) e Lyra (5 acionistas), cujos membros ainda eram pa-rentes entre si por relações de casamento e representavam en-tão a oligarquia política domi-nante no Estado. Quase todos os acionistas eram membros do Partido Republicano Federal no Rio Grande do Norte.
O nome Banco do Natal pre-valeceu até 1930 no governo de Juvenal Lamartine quando foi mudado para Banco do Rio Grande do Norte. O nome defi ni-tivo de Bandern veio já nos anos 70 quando o governador Cortez Pereira acrescentou a palavra Es-tado ao nome então existente.
Segundo o livro Bandern – Origem e Evolução, escrito pelo
pesquisador Itamar de Souza em 1985, o banco que sempre foi usado como moeda política em diferentes governos e por dife-rentes partidos, já estava à bei-ra da falência quando o gover-nador Juvenal Lamartine tomou posse e ainda se chamava Banco do Natal.
Já naquela época, em 1928, o próprio Juvenal Lamartine rela-tou em livro a situação que en-controu. Uma auditoria contra-tada por ele para verifi car a situ-ação do banco, segundo relata o governador, encontrou a escrita do banco dois anos atrasada, a existência no cofre do banco de letras descontadas sem avalis-tas, outras vencidas e não pro-testadas, algumas já prescritas e vales de funcionários e compro-vantes de retiradas de dinheiro do banco.
E o que fez o governador para cobrir o rombo encontrado? A
receita clássica: aumentou im-postos. Foi criada uma taxa por volume exportado cujo produto era recolhido ao banco para ser convertido em ações. Com um pouco mais de folga comprou um prédio na esquina das aveni-
das Tavares de Lyra com Duque de Caxias, construído e projeta-do pelo engenheiro Gentil Ferrei-ra, tio do atual governado Iberê Ferreira.
Só na década de 60, é que o banco começou uma política
de expansão com a abertura de agências no interior do Estado.O escritor Itamar de Souza fazum relato no seu livro da criação das novas agências e constata uma outra realidade que levou à liquidação dos bancos esta-duais: a descontinuidade admi-nistrativa, que levava uma dire-toria a autorizar a abertura deagências que já tinham sido au-torizadas por diretorias anterio-res, muitas vezes como forma de atender a pedidos de deputados.Só no governo Lavoisier Maia fo-ram instaladas 25 agências.
E assim foi até a sua liquida-ção, uma mistura de interessespolíticos e econômicos que pordiversas vezes levou o Tesou-ro Estadual a socorrer o banco até sua liquidação com o Esta-do assumindo seu passivo e seusfuncionários, vários deles aindahoje lotados em repartições pú-blicas estaduais.
Toda essa situação só pode-ria resultar no fi m do banco que ainda hoje os líderes empresa-riais apontam como um impor-tante indutor do desenvolvimen-to no Estado, pelo menos en-quanto funcionou com menor interferência.
O presidente da Federação das Indústrias, Flávio Azeve-do, por exemplo, considera que o Bandern foi fundamental para todo o setor produtivo enquan-to funcionava. Ele lembra que o banco tinha um perfi l completo que ia do crédito imobiliário, até o crédito rural e o fi nanciamen-to para a instalação de novos em-preendimentos atuando junto com o BDRN. “O Bandern ofere-cia aos empresários um cardápio completo de opções e seu fecha-mento foi um baque para a eco-nomia”, afi rma.
Para ele ainda hoje seria im-portante o Estado ter um sistema fi nanceiro próprio por considerar que esse é um vetor para o desen-volvimento oferecendo crédito
em melhores condições, o que a Agência de Fomento se propõe a fazer hoje em dia, mas com uma capacidade muito inferior a que o Bandern tinha. “Ter um banco estadual é muito importante des-de que seja administrado visando impulsionar o desenvolvimento e também o lucro”.
Para o presidente da Fiern, os bancos públicos, especialmen-te o Banco do Brasil, estão atu-
ando na faixa deixada pelo Ban-dern, mas dependem muito de Brasília e há uma difi culdade de acesso do empresário local pelas normas muito rígidas que obede-ce. “Claro que um banco tem que ter segurança na hora que faz um empréstimo, mas são tantas as exigências que o empresário que consegue atender a todas prati-camente não precisa de banco”.
A opinião de Flávio Azevedo
é compartilhada pelo presiden-te da Associação Norte-rio-gran-dense de Criadores, Marcos Tei-xeira, para quem a existência de um banco local facilitava o aces-
so e o empresário tinha condi-ções de negociar de acordo com a realidade local. “Com o Banco do Brasil muita coisa depende de entendimentos na direção geral, a burocracia é muito grande”.
Marcos Teixeira também concorda que o Bandern faz fal-ta à economia local. Ele lembra que o banco estava presente em todas as exposições de animais realizadas no Estado oferecendo crédito para a compra de repro-dutores, de vacas leiteiras, ovinos e caprinos e ajudando a melhorar o rebanho estadual, mas admite que nos últimos tempos o Ban-dern não vinha mais atenden-do a sua função. “O Bandern foi muito importante para a agrope-cuária, mas com o tempo a inter-ferência política e o desmantelo administrativo foram tamanhos que na época da intervenção efe-tivamente o banco não estava mais cumprindo seus objetivos”.
Quem também faz essa aná-lise é o presidente da Federa-ção do Comércio, Marcelo Quei-
roz. “A perda do Bandern - quedeveria ter sido, durante toda a sua existência, um banco de fo-mento à atividade econômica ecapaz de cumprir um papel so-cial de suporte às classes menos favorecidas da população - foi ruim para o Estado. Infelizmen-te, ao ser fechado, o banco haviatido suas principais funções des-virtuadas. Até por isso, terminou liquidado”.
▶ Flávio Azevedo
NEY DOUGLAS / NJ
▶ Marcelo Queiroz
D’LUCA / NJ
O BANDERN
OFERECIA AOS
EMPRESÁRIOS
UM CARDÁPIO
COMPLETO DE
OPÇÕES E SEU
FECHAMENTO FOI
UM BAQUE PARA A
ECONOMIA”
Flávio AzevedoPresidente da Fiern
FECHAMENTO TEM BASE NA POLÍTICA MACRO-ECONÔMICA
▶ Edifício na Av. Tavares de Lyra foi projetado por Gentil Ferreira
▶ Sede do Banco de Natal. Juvenal Lamartine mudou para Banco do RN
REPRODUÇÃO
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BANCO SURGIU NA POLÍTICA
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