Um Olhar Sobre a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia

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    UM OLHAR SOBRE A IGREJA SIRIAN ORTODOXA DE ANTIOQUIA

    Por

    MOR IGNATIUS ZAKKA I IWAS

    Patriarca de Antioquia e Todo Oriente

    Traduzido para lngua portuguesa

    Por

    PABLO NEVES

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    Publicaes Mosteiro de Santo Eprm O Srio Maarat Saydnaya Damasco - Sria

    Ttulo: Um olhar sobre a Igreja Sirian Ortodoxa

    de Antioquia.

    Autor: S.S. Moran Mor Ignatius Zakka I Iwas.

    Tradutor: Pablo Neves.

    Capa: Ecclesia Design.

    Edio: 1 Edio Brasileira / 2014.

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    Dedicao

    De

    S.E. Mor Philoxenus Mattias Nayis

    Assistente Patriarcal

    E da administrao, monges e estudantes do

    Seminrio Teolgico Santo Efrm

    Maarat Saydnaya Damasco - Sria

    Para nosso amado pai espiritual

    S.S. Moran Mor Ignatius Zakka I Iwas

    Patriarca de Antioquia e Todo Oriente

    Em comemorao

    Ao seu Jubileu de Diamante (75 anos de vida)

    Desejando-lhe vida longa e prosperidade

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    PERFIL DE

    SUA SANTIDADE MORAN MOR

    IGNATIUS ZAKKA I IWAS

    Patriarca de Antioquia e Todo Oriente

    Chefe Supremo da Igreja Sirian Ortodoxa Universal

    Sua Santidade nasceu em uma prestigiada famlia

    de Mosul, no Iraque, em 21 de abril de 1933, da qual

    recebeu o nome de Sanharib. filho de Basheer Iwas e

    Haseebeh Atto. Ele tambm possui nacionalidade

    libanesa;

    Recebeu sua educao bsica nas escolas de Al-

    tahzeeb e Mar Touma em Mosul, pertencentes Igreja

    Sirian Ortodoxa de Antioquia;

    Ingressou no Seminrio de Santo Efrm em Mosul,

    no ano letivo de 1946-1947, onde recebeu o nome de

    Zakka. Graduou-se com distino no seminrio, obtendo

    os diplomas de Teologia, Histria da Igreja, Direito

    Cannico e nos idiomas Siraco, rabe e Ingls, no ano

    de 1954;

    Fez seus votos monsticos em 6 de junho de 1954 e

    tornou-se professor de Sagrada Escritura, de idioma

    siraco e rabe no mesmo Seminrio. Depois disso,

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    ingressou na Secretaria na sede Patriarcal em Homs,

    como Segundo Secretrio durante o Patriarcado de Moran

    Mor Efrm Barsoum;

    Foi nomeado como primeiro secretrio Patriarcal,

    quando o saudoso Patriarca Mor Yacoub III foi

    entronizado na S Patriarcal e foi ordenado sacerdote em

    1957. Em 15 de abril de 1958 recebeu a Cruz Peitoral;

    Ingressou na Escola Episcopal de Teologia em

    Nova York no ano letivo de 1961-1962 e mais tarde

    recebeu o doutorado honorrio em Teologia por esta

    escola;

    Foi nomeado observador oficial no Conclio

    Vaticano II em duas de suas sesses em 1962-1963;

    Foi ordenado arcebispo de Mosul e seus arredores

    em 1963, recebendo o nome de Mor Severius Zakka Iwas

    e ficando a frente da diocese entre 1963 e 1969;

    No ano de 1966, foi nomeado Arcebispo em

    exerccio da Arquidiocese do Mosteiro de Mar Mattai,

    paralelamente sua posio como Arcebispo de Mosul;

    Foi eleito Arcebispo da Diocese de Bagd e Basra

    em 1969, alm de ser nomeado Arcebispo em exerccio

    da Europa e Austrlia;

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    Ele foi eleito por unanimidade pelo Santo Snodo

    da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia como Patriarca de

    Antioquia e todo o Oriente e Chefe Supremo da Igreja

    Sirian Ortodoxa Universal em 11 de julho de 1980;

    Foi entronizado como Patriarca com o nome de

    Mor Ignatius Zakka I Iwas, na Catedral de So Jorge em

    Damasco, em 14 de setembro de 1980;

    Foi eleito presidente (um dos quatro presidentes) do

    Conselho das Igrejas do Oriente Mdio em 22 de janeiro

    de 1990;

    Tornou-se Presidente (um dos sete presidentes) do

    Conselho Mundial de Igrejas em 14 de dezembro de

    1998.

    As mais importantes obras

    durante seu patriarcado

    Construo do Mosteiro de Santo Efrm, o Srio

    em Ma'arrat Seydnaya, inaugurado em 14 de

    setembro de 1996;

    Construo do Centro Universal de Educao

    Religiosa Sirian Ortodoxa no Mosteiro de Santo

    Efrm, o Srio, em Ma'arrat Seydnaya, inaugurado

    em 14 de setembro de 1998;

    Construo da Catedral de So Pedro e So

    Paulo, os dois principais Apstolos, no Mosteiro

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    de Santo Efrm, o Srio, em Ma'arrat Seydnaya,

    inaugurada em 14 de setembro de 1999;

    Construo do Salo Patriarcal de Santo Efrm

    do Mosteiro de Santo Efrm, o Srio, em Ma'arrat

    Seydnaya, inaugurado em 14 de setembro de 2000;

    Construo da Casa do Amor para o clero sirian

    ortodoxo idoso em Ma'arrat Seydnaya,

    inaugurada em 14 de setembro de 2003;

    Construo de numerosos mosteiros, igrejas,

    santurios e escolas, alm da criao de

    associaes e instituies em vrias dioceses

    siracas.

    FORMAO

    Sua Santidade possui:

    Diploma do Seminrio de Santo Efrm de Mossul;

    Diploma de Jornalismo por correspondncia do

    Egito;

    Associao do Instituto de Estudos siraco da

    Universidade de Chicago em 1981;

    Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Teologia

    Episcopal em Nova York de 1984.

    Posies detidas

    1972: Vice-Presidente da Academia de

    Lngua Siraca de Bagd;

    1979: Membro Ativo, Chefe do

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    Conselho da Sria, bem como Membro do Conselho

    de Presidentes da Academia iraquiana e Membro

    Associado da Academia rabe na Jordnia;

    1998: Membro Honorrio da Academia

    Iraquiana;

    2000: Membro Correspondente da

    Academia rabe de Damasco.

    Alguns de seus trabalhos publicados

    1 - Al-fi Markat Amal Al-Rai Ruaat Mar Ignatius

    Yacoub III (A Asceno - Obras de Mor Incio Yacoub

    III, o Pastor de pastores). Foi o primeiro livro emitido por

    Sua Santidade em 1958, incluindo um panorama

    histrico da cidade de Bartallehi e uma biografia do

    falecido Patriarca Yacoub III, com uma descrio de suas

    viagens apostlicas Amrica do Sul, as aldeias de

    Homs e Aleppo. (350 pginas);

    2 - Husn Al-shahada wa Al-fi Adaa Sir'rai Al-

    Tajassud wa Al-Fidaa aou Akidat Al-Tajassud Al-

    Ilahi (Perfeio da Testemunha e Aes nos sacramentos

    da Encarnao e da Redeno ou a doutrina da

    Encarnao Divina ). um tratado teolgico, doutrinal e

    histrico sobre o tema da Encarnao e da Redeno.

    Emitido em 1959. (86 pginas);

    3 - Al-fi Mishkat ziyarat Rai Al-ruat Mar Ignatius

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    Yacoub III (A Lmpada - A visita de Mor Incio

    Yacoub III, O Pastor de Pastores). Emitido em 1960. Ele

    inclui uma descrio das viagens apostlicas de seu

    antecessor, o saudoso Patriarca Yacoub III Zahleh ao

    Egito, Jordnia, EUA e Canad. (160 pginas);

    4 - Silsilat Al-Tahtheeb Al-Maseehi (Srie de tica

    Crist). 4 volumes. (220 pginas) Emitido em 1967.

    Mosul;

    5 - Al-Asrar Al-Saba (Os Sete Sacramentos). Um

    tratado teolgico e litrgico emitido em 1970, em

    cooperao com Padre Ishaq Saka (mais tarde arcebispo).

    (200 pginas);

    6 - Sirat Mar Aphram Al-Suryani (Biografia de

    Santo Efrm, o Srio), publicada em 1974,

    principalmente para distribuio entre os participantes do

    Festival Efrm Hunain em Bagd. Publicado pela

    Academia de Lngua siraca de Bagd. 84 pginas);

    7 - Al-Hamama (A pomba). Um resumo do estilo de

    vida austera dos ascetas e as biografias dos anacoretas

    por Bar Hebraeus, Cathlicos do Oriente. Uma

    comparao crtica do manuscrito siraco antigo copiado

    quatro anos aps a morte de Bar Hebraeus com as cpias

    siracas mais antigas. Traduzidos para o rabe com uma

    introduo escrita por Sua Santidade em que ele tange a

    vida de Bar Hebraeus e suas obras. Ele tambm teve

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    citaes concisas da traduo do Ingls escrito pelo

    orientalista holands Winsink, que morreu em 1939, que

    serviu de introduo para o segundo livro. (260 pginas);

    8 - Kanisat Antakia Al-Suriania Al-orthodoxia

    Ibra Al-Ousour (A Igreja Ortodoxa Siraca atravs das

    Eras). Um tratado histrico geral sobre a Igreja. Emitido

    em 1980. 40 pginas e traduzido para o Ingls;

    9 - Qissat Ahl al-Kahf fi almasader al-Suriania (A

    Histria do Povo da Caverna de acordo com referncias

    siracas). Um tratado histrico e teolgico (40 pginas);

    10 - Hassad Al-Mawaez (Coletnea de Homilias) 2

    volumes. Uma coleo de homilias por Sua Santidade na

    Catedral de So Jorge em Damasco, no Natal e na Pscoa

    e em outras ocasies religiosas. Encclicas patriarcais,

    discursos espirituais e biografias de algumas

    personalidades clebres. Primeiro volume emitido em

    1984. (167 pginas) Segundo volume emitido em 1988.

    (200 pginas);

    11 - Masabeeh Ala Al Tareeq (Lanternas na estrada)

    Uma coleo de tratados, incluindo a literatura religiosa,

    Histria Eclesistica, a vida social e as biografias dos

    santos (184pp);

    12 - Nujoom Satea fi Samaa Al-Kanisah (estrelas

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    luminosas na Igreja) inclui biografias de clebres Padres

    srios, Mor Philoxenos de Mabbug 523, Mor Gregrio I,

    Patriarca de Antioquia 790, Mor Tiago de Edessa 708,

    Patriarca Dionsio Al-Talmahri 845, os quais foram

    includos na coleo de tratados teolgicos, histricos e

    espirituais;

    13 - Raihat Al-Maseeh Al-Zakiah (a doce fragrncia

    de Jesus);

    14 - Uma coleo de tratados que tratam de questes

    ecumnicas:

    1. A Igreja e os fundamentos dos Conclios

    Ecumnicos;

    2. A aceitao dos Conclios;

    3. Comunho entre as igrejas locais e a Igreja

    Siraca e a unidade crist;

    4. Exibies de um observador na Conferncia de

    Lambeth.

    15 - Religiosos, literrios e histricos tratados.

    1. Uma pgina ilustre da histria da literatura

    siraca;

    2. Os valores religiosos e o planejamento

    familiar;

    3. A Doutrina da natureza de Cristo na liturgia

    siraca;

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    16 - Nafahat Kadasah (fragrncias da santidade)

    editada pelo Padre Dr. Mitri Haji Athanasiu com

    introduo escrita por ele. Inclui histrias de alguns

    santos, como: So Tom, So Ibrahim Al-Kaidouni,

    Santo Efrm, So Mateus o eremita e o Behnam dois

    mrtires e sua irm Sarah e dos 40 Mrtires.

    17 - So Pedro, o chefe dos Apstolos, na Igreja

    Sirian Ortodoxa de Antioquia;

    18 - A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e os

    Conclios Cannicos;

    19 - Uma seleo de Encclicas patriarcais emitidas

    em 1997. (247 pginas);

    20 - Ilustres pginas da histria da Igreja no

    segundo e terceiro sculos. Volume I, emitido em 1997.

    (144 pginas);

    21 - O Papel da Mulher na Igreja Sirian Ortodoxa

    de Antioquia, emitido em 1998. (31 pginas);

    22 - Homilias religiosas sob o ttulo "Baidar Al-

    Mawaez" (Destrinchar de Homilias). Volume I, emitido

    em 1997 (255pp);

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    23 - Apresentaes histricas, religiosas e

    Literrias. Volume I, emitida em 1998. (240 pginas);

    24 Apresentaes teolgicas, histricas,

    espirituais e doutrinais.Volume II, emitida em 1998.

    (447 pginas);

    25 - Apresentaes histricas, teolgicas e

    espirituais. Volume III, emitido em 2000. (296 pgina);

    26 - Uma seleo de Encclicas patriarcais. Volume

    II, emitida em 2008. (223 pginas);

    27 Manual de manuscritos de Tur Abdin.

    Emitido em 2008. (550 pginas);

    28- Outros trabalhos:

    O Jornal Patriarcal: 27 Volumes (de 1980 em

    diante). Publicado por Sua Santidade sob sua superviso

    pessoal. Sua Santidade tem escrito nele desde a sua

    entronizao em 14 de setembro de 1980.

    Inmeros artigos sobre Doutrina, Espiritualidade,

    Histria e Lingustica tambm foram publicados por Sua

    Santidade no Jornal Patriarcal e algumas obras ainda

    esto em impresso.

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    SOBRE A TRADUO PARA O PORTUGUS

    Fico imensamente honrado em servir a Igreja do

    Brasil com este trabalho, bem como aos fiis de lngua

    portuguesa de outros pases. De fato, nenhuma honra a mim

    devida, pois este maravilhoso livro a obra de Deus pelas

    mos de nosso saudoso pai espiritual Moran Mor Ignatius

    Zakka I Iwas, 122 Patriarca de Antioquia e Todo Oriente,

    que gloriosamente pastoreou a Igreja durante mais de 33

    anos como sucessor de So Pedro em Antioquia.

    A primeira traduo do rabe foi feira por Emmanuel

    H. Bismarji, que grandiosamente trouxe essa obra prima

    para o ingls. Desta traduo em ingls, cuja 2 edio foi

    lanada em 2008, que fizemos o nosso trabalho, podendo

    ser lanado no Brasil in memoriam Sua Santidade Ignatius

    Zakka I Iwas.

    Dediquei muitas horas nesta tarefa, fazendo pequenas

    observaes entre parnteses ou destacando em negrito

    alguns pontos importantes para esta traduo, no buscando

    qualquer tipo de reconhecimento pessoal, mas na certeza de

    que Deus atravs de sua Igreja poder tocar ainda mais os

    coraes daqueles que desejam verdadeiramente conhecer e

    vivenciar as Tradies da Igreja Sirian Ortodoxa.

    Espero que voc possa explorar a fundo este livro,

    fazendo-o no s de objeto de estudo e formao, mas

    sobretudo na contnua afirmao e certeza daquilo que

    cremos e confessamos.

    Pablo Neves

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    INTRODUO

    PELO TRADUTOR EM INGLS

    A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (trad.: nesta

    traduo para o portugus tambm chamada de Igreja

    Ortodoxa Siraca) a mais antiga igreja conhecida, depois

    da Igreja de Jerusalm. O siraco sua lngua oficial e foi a

    lngua dominante em todo o Oriente por um longo perodo

    de tempo. Jesus o falou, j que era a principal lngua

    predominante na poca. O domnio geogrfico da igreja se

    estendeu por toda a Sria, Palestina, Cilcia, Mesopotmia e

    Prsia. Por causa de sua influncia em toda esta rea, seu

    trao ainda evidente nos nomes siracos de vrios lugares e

    aldeias at hoje.

    Apesar das dificuldades, intrigas, perseguies e divises

    que encontrou durante sua longa histria, a Igreja Sirian

    Ortodoxa ainda persiste em todo o mundo. H cerca de

    quatro milhes de fiis Ortodoxos Siracos, cerca de metade

    deles na ndia, e o restante espalhado por todo o mundo.

    Hoje a igreja tem a sorte de ser conduzida por um lder

    espiritual como Sua Santidade Mor Ignatius Zakka I Iwas, o

    Patriarca Sirian Ortodoxo de Antioquia e todo o Oriente e

    Chefe Supremo da Igreja Sirian Ortodoxa Universal, uma

    autoridade em histria da igreja e outros tantos assuntos

    religiosos. Sua Santidade nasceu em Mosul, no Iraque, em

    21 de abril de 1933. Fez seu ensino fundamental nas escolas

    de sua comunidade e deu continuidade aos seus estudos no

    Seminrio Teolgico de Santo Efrm de Mosul. Graduou-se

    em 1954, com honras, e obteve o diploma do referido

    seminrio em teologia, filosofia, histria, direito cannico e

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    em rabe, siraco e ingls. Em junho de 1954, foi ordenado

    monge. Em 1955, ele veio a ser secretrio do Patriarca Mor

    Ignatius Efrm Barsoum e, em seguida, de seu sucessor, o

    saudoso Patriarca Mor Ignatius Yacoub III, que o ordenou

    sacerdote em 17 de novembro de 1957 e concedeu-lhe a

    Cruz Peitoral em 1959 , na apreciao de seus servios

    inestimveis. Ele acompanhou o saudoso Patriarca Yacoub

    III em suas visitas pastorais para Damasco, Lbano, Egito e

    Amricas do Norte e do Sul. Em 1960, ingressou na Escola

    Teolgica da Igreja Episcopal, em Nova York, da

    Universidade de Nova York, nos Estados Unidos da

    Amrica, onde estudou lnguas orientais e teologia pastoral,

    dominando o idioma Ingls dentro de dois anos. Nos anos de

    1962 e 1963 ele foi delegado pelo seu antecessor para

    participar das duas sesses do Conclio Vaticano II, como

    observador. Em 17 de novembro de 1963, foi ordenado

    arcebispo de Mosul, sendo transferido para a diocese de

    Bagd em 1969, onde permaneceu at sua eleio como

    patriarca em 11 de julho de 1980.

    Em 1967, foi nomeado bispo atuando para os dois

    bispados da Europa, alm de sua diocese. Em 1978 e 1980,

    ele foi nomeado bispo atuando para a Austrlia, onde visitou

    as congregaes sirian ortodoxas duas vezes e abriu uma

    igreja em Sydney e outra em Melbourne. Em 14 de setembro

    de 1980, foi entronizado na Santa S de So Pedro. Ele

    autor de vrios livros e membro de vrias instituies

    acadmicas.

    Muitos livros foram escritos sobre a Igreja Sirian

    Ortodoxa, mas nenhum to completo e preciso quanto o

    presente livro. desnecessrio dizer que ningum mais

  • 22

    competente e bem versado para escrever sobre este assunto

    do que Sua Santidade Mor Ignatius Zakka I Iwas.

    Em uma de minhas visitas frequentes a Sua Santidade,

    depois que ele assumiu a S Apostlica de So Pedro, ele

    me perguntou se eu estaria disposto a traduzir este livro do

    rabe para o Ingls. Eu aceitei esta difcil tarefa com

    gratido, pela confiana demonstrada por Sua Santidade em

    mim.

    Vrios fatores me motivaram a aceitar essa tarefa:

    1 - A f em Deus implantada em mim por meus pais

    desde a minha infncia. Em gratido, dedico esta traduo

    em sua memria;

    2 - Meu dever para com a igreja que eu amo servir, pois

    este campo onde eu posso dar o melhor de mim;

    3 - Para responder s perguntas diversas que os meus

    colegas americanos constantemente fazem e a outros amigos

    estrangeiros que me perguntam sobre a Igreja Sirian

    Ortodoxa.

    Pelas razes acima e muitas outras, eu escolhi este livro

    para traduzir. Eu acredito que esta traduo uma das

    poucas a serem feitas nesta parte do mundo. A maior parte

    das tradues de livros do rabe geralmente feita na

    Europa e / ou nos Estados Unidos da Amrica, onde, devido

    s dificuldades de estrutura de linguagem, a ideia original do

    livro muitas vezes perdida no curso de traduo. Ou por

    causa de algum mal entendimento da verdadeira inteno do

  • 23

    autor, e / ou por causa da traduo de palavra por palavra,

    em vez de uma traduo literal de ideias, o resultado uma

    pea sem graa da literatura. Uma vantagem que tive a meu

    favor foi que eu estava perto do autor, que sempre esteve

    mais do que disposto a me receber e discutir certas

    expresses tcnicas e eclesisticas, a fim de manter a ideia

    original do livro. Suas portas e seu corao sempre

    estiveram abertos em todos os momentos para me ajudar

    com o meu trabalho.

    Emmanuel

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    UM OLHAR SOBRE A

    IGREJA SIRIAN ORTODOXA DE ANTIOQUIA

    A Igreja Ortodoxa Siraca (trad.: ou Sirian Ortodoxa) a

    Igreja de Antioquia, cuja fundao remonta aos primrdios

    do cristianismo, quando Antioquia foi a capital da Sria e

    uma das trs capitais do Imprio Romano. O evangelho foi

    levado para Antioquia por alguns dos discpulos de Cristo,

    que fugiram de Jerusalm por causa da perseguio judaica,

    aps o martrio do dicono Estevo por volta de 34 d.C.

    Antioquia foi visitada por Barnab, um dos setenta, e por

    So Paulo Apstolo. Ambos se hospedaram por um ano

    inteiro, pregando o evangelho, a exemplo de So Pedro, que

    l pregou o evangelho e estabeleceu sua S Apostlica por

    volta de 37 d.C.

    Segundo alguns historiadores, a converso da cidade de

    Antioquia para o cristianismo foi realizada por So Pedro

    Apstolo. Tal converso foi feita em duas etapas: a primeira

    foi a converso dos judeus, dentre os quais as fileiras da

    Igreja Crist foram estabelecidas, e a segunda foi a

    converso dos pagos, que incluam srios, gregos e rabes.

    Isso ocorreu aps a resoluo do caso de Cornlio e sua

    aceitao na igreja.

    medida que percorremos os eventos registrados no

    Novo Testamento, vemos que durante a segunda visita de

    So Pedro Antioquia, ele absteve-se do entrosamento com

    os gentios convertidos, mesmo depois de batizados, por

    temer os cristos em Jerusalm, que o questionaram a

    respeito da recepo de Cornlio. No entanto, So Paulo se

  • 25

    opunha a ele (Pedro) publicamente. Alm disso, alguns dos

    judeus convertidos defendiam que os gentios deveriam ser

    obrigatoriamente circuncidados, tornando-se judeus antes de

    serem autorizados a tornarem-se cristos. A fim de resolver

    este problema, um conclio foi realizado em Jerusalm em

    51 d.C., onde foi decidido que no se devem inquietar os

    que dentre os gentios se convertem a Deus. Mas que se lhes

    escreva somente que se abstenham das carnes oferecidas

    aos dolos, da impureza, das carnes sufocadas e do

    sangue. Esta deciso foi enviada a Antioquia atravs de

    So Paulo e de Barnab, acompanhados por Judas Barsabs

    e Silas. Este evento nos d uma ideia da importncia da

    Igreja de Antioquia da Sria no alvorecer do cristianismo.

    O livro de Atos testemunha o zelo ardente que os

    membros da Igreja de Antioquia possuam e sua

    considerao por seus irmos. Eles chegaram a recolher

    esmolas e enviarem-nas atravs de Barnab e Silas, em

    benefcio dos pobres de Jerusalm. O livro de Atos

    tambm atesta que foi em Antioquia que os discpulos de

    Jesus Cristo foram chamados pela primeira vez de

    cristos.

    Quando So Pedro e So Paulo tiveram que deixar

    Antioquia por causa da pregao, foram nomeados dois

    bispos sucessores: Evdio, que foi designado para os

    cristos de origem pag, e Incio, o Iluminador, para aqueles

    de origem judaica. Os dois grupos ficaram espiritualmente

    unidos aps 68 d.C, sob os auspcios de Santo Incio, o

    Iluminador. Foi ele quem chamou a Igreja de Antioquia de

    A Igreja Universal, uma vez que era composta tanto pelo

    grupo dos gentios quanto pelos circuncidados. Incio de

  • 26

    Antioquia foi o primeiro a aplicar o adjetivo catlica

    (universal) para a Igreja crist.

    A LINGUA SIRACA DE ANTIOQUIA

    O idioma Siraco a lngua Aramaica em si, e os

    Arameus so os prprios Srios. Quem quer que tenha feito

    uma distino entre eles errou. Com o passar do tempo e

    com a evoluo, o siraco surge com o aramaico para que as

    pessoas pudessem dialogar com este idioma , portanto,

    uma forma lingustica. Aps a difuso do cristianismo, o

    termo Siraco superou o Aramaico, pois os discpulos, que

    foram os primeiros pregadores do cristianismo, usavam o

    idioma siraco. Nos primeiros sculos, quando foi revelado

    que os discpulos falavam siraco, todos os srios que

    aceitavam seus ensinamentos e tornavam-se cristos

    mudavam seus nomes originais do aramaico para um nome

    siraco. Era ento um orgulho ser um srio e, como resultado,

    o termo Siraco tornou-se um smbolo para a f crist,

    enquanto o Aramaico tornou-se sinnimo de pago, na

    medida em que a traduo siraca simples da Bblia,

    conhecido como Peshitta, usou o termo Aramaico para

    distinguir um pago. O ento termo Aramaico dos cristos

    quase desapareceu na Sria e foi substitudo pelo termo

    Siraco, que se tornou sinnimo de cristianismo no corao e

    na alma dos cristos. Por isso, quando nos referimos

    Igreja siraca, estamos falando da Igreja Crist. O idioma

    siraco , ainda, conhecido como Aramaico. Originalmente,

    era a lngua dos Arameus, que haviam se estabelecido desde

    o sculo 15 a.C nas terras de Aram de Damasco e Sria, da

  • 27

    Mesopotmia.

    Este idioma havia se espalhado pelo mundo antigo, de

    modo que os alfabetos de muitas outras lnguas orientais

    foram desenvolvidos a partir do aramaico. Durante o reinado

    do Rei Nabucodonosor, era a lngua oficial do Tribunal da

    Babilnia, e durante o reinado de Dario, o Grande (521-486

    a.C), foi tambm a lngua oficial entre os vrios distritos do

    Imprio Persa. Foi mantida com o status de uma lngua

    internacional em todo o Oriente, por um longo perodo de

    tempo. Os judeus o haviam aprendido e utilizado desde a

    conquista da Babilnia no sculo V a.C, como uma lngua

    comum, em detrimento da sua prpria lngua hebraica, uma

    vez que no o tinham esquecido. Jesus Cristo e seus

    discpulos falavam siraco.

    Depois disso, manteve-se dominante sobre uma grande

    parte do Oriente, at o final do sculo 7 d.C, quando o rabe

    tornou-se mais popular e o siraco comeou a diminuir

    gradualmente. Alguns de seus dialetos, no entanto, ainda so

    usados em Tur Abdin, na Turquia, em algumas aldeias ao

    redor de Mosul e norte do Iraque e em Maaloula, uma aldeia

    perto de Damasco, na Sria. O trao de sua influncia

    bvio hoje no nome de vrias cidades e aldeias no Oriente

    Mdio e em seus dialetos comuns.

    No alvorecer do cristianismo, o siraco foi a lngua

    materna dos habitantes originais de Antioquia,

    especialmente daqueles que viviam em seus arredores, bem

    como daquelas que viviam dentro da Sria. O siraco foi

    tambm a lngua dos imigrantes judeus em Antioquia,

    enquanto que o grego foi a lngua dos colonos da

    comunidade grega trazida pelos selucidas.

  • 28

    Dr. Philip Hitti afirma que, como uma segunda expresso

    lingustica, o nome sirian em Ingls, refere-se a todas as

    pessoas que falam siraco (aramaico), entre eles os do Ir e

    Iraque. Como uma expresso religiosa, refere-se aos

    seguidores da Antiga Igreja Siraca, alguns dos quais

    espalharam-se pelo sul da ndia. O nome (Syrus), um sirian,

    para um romano, compreendido como referente a qualquer

    pessoa que fala siraco.

    A Igreja de Antioquia comeou a usar a linguagem

    siraca em seus ritos religiosos quando os cristos

    celebravam a missa utilizando a liturgia siraca escrita por

    So Tiago, o irmo de nosso Senhor Jesus Cristo, o primeiro

    arcebispo de Jerusalm. Esta mesma liturgia usada na

    Igreja Ortodoxa Siraca (trad.: ou Sirian Ortodoxa) de todo

    o mundo at os nossos dias. A Divina Liturgia celebrada

    em siraco e tambm nas lnguas locais e nacionais. Muitos

    dos Pais da Igreja escreveram seus livros religiosos e

    cientficos em siraco.

    STATUS ECLESIAL DA

    IGREJA DE ANTIOQUIA

    A Igreja de Antioquia considerada a mais antiga Igreja

    conhecida aps a destruio de Jerusalm em 70 d.C. pelo

    imperador romano Tito. Foi de Antioquia que os discpulos

    partiram para as diversas partes ento conhecidas do mundo,

    espalhando o evangelho e estabelecendo igrejas, mosteiros e

    escolas que produziram muitos ilustres estudiosos, que

    iluminaram o mundo com suas realizaes religiosas e

  • 29

    cientficas. Os pais da Igreja de Antioquia da Sria fizeram

    grandes e memorveis contribuies no estudo das Sagradas

    Escrituras tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

    Foi sua traduo da Bblia Sagrada para a lngua siraca que

    veio a ser conhecida como Peshitta, que significa

    simples. Eles tambm traduziram a Bblia para o rabe,

    persa e Malayalam (um dialeto do Sul da ndia). Seu

    trabalho no limitou-se unicamente a traduo, mas incluiu

    comentrios e exegeses das Sagradas Escrituras. Eles

    deixaram um rico patrimnio que considerado nico. Esta

    igreja desempenhou um grande papel na divulgao do

    evangelho para as diferentes naes do mundo, como

    Saudita, Armnia, ndia e Etipia, e neste processo, sofreu

    com o martrio de milhares de fiis.

    ESTABELECIMENTO DA S DE ANTIOQUIA POR

    SO PEDRO APSTOLO

    Historiadores confiveis, como o estudioso Orgenes

    (+256 d.C.), Eusbio de Cesaria (+340 d.C.), Joo

    Crisstomos (+407 d.C.), Jernimo (+ 420 d.C.) e So

    Severo de Antioquia (+538 d.C.), unanimemente, comentam

    sobre os esforos de So Pedro em Antioquia, onde, como

    mencionado anteriormente, ele havia estabelecido a S

    Apostlica. Foi ento o primeiro de seus patriarcas, de quem

    a linha de sucesso de patriarcas pode ser rastreada. Eusbio

    de Cesaria diz: No quarto ano aps a ascenso de Jesus

    Cristo, So Pedro proclamou a palavra de Deus em

    Antioquia, a grande capital, e tornou-se seu primeiro

    bispo. Ele tambm diz em sua Histria da Igreja: Incio

  • 30

    tornou-se famoso e foi escolhido para ser o bispo de

    Antioquia e sucessor de So Pedro. No calendrio de

    festas, Jernimo fixa o dia 22 de fevereiro como a data de

    estabelecimento da Ctedra de So Pedro em Antioquia. A

    Igreja Catlica Romana celebra esta festa ainda nesta mesma

    data.

    Podemos, portanto, concluir que So Pedro foi o primeiro

    Patriarca da S Apostlica de Antioquia. Ele teve muitos

    sucessores ilustres, incluindo Santo Incio. Esta sucesso

    mantm-se ininterrupta at o atual patriarca, o autor deste

    trabalho. Ele o 122 entre os legtimos patriarcas.

    SEDES DA S DE ANTIOQUIA

    A sede da S de Antioquia manteve-se em Antioquia at

    518 d.C. Por conta das muitas reviravoltas histricas e

    dificuldades consequentes que a Igreja foi forada a

    submeter-se, ela foi transferida para diferentes mosteiros da

    Mesopotmia. No sculo XIII, estabeleceu-se no mosteiro de

    Deir Al-Zaafran, perto de Mardin, na Turquia. Ficou at

    1959, quando foi transferida para Damasco, na Sria, aps

    passar por Homs, tambm na Sria, durante o reinado do

    Patriarca Mor Ignatius Efrm I Barsoum.

    O NOME INCIO TOMADO PELOS

    PATRIARCAS DE ANTIOQUIA

    Nos primeiros sculos, os patriarcas de Antioquia

  • 31

    mantiveram seus nomes originais, mesmo depois de terem

    sido instalados como patriarcas. No entanto, quando o

    Patriarca Yeshou foi entronizado no ano de 878, ele adotou

    o nome de Incio, devido sua venerao pelo grande mrtir

    Santo Incio, o Iluminador, que tinha sido patriarca no

    primeiro sculo. Desde ento os outros patriarcas seguiram

    seu exemplo. Quando o patriarca Yousef, filho de Weheb,

    Bispo de Mardin, foi instalado em 1293 com o nome de

    Incio, este costume foi confirmado e continuou a ser uma

    tradio ininterrupta na Igreja Ortodoxa Siraca at a

    presente data.

    A S DE ANTIOQUIA E SUA

    RELAO COM AS OUTRAS

    SS APOSTLICAS

    Segundo as leis da igreja, que tomaram forma nos

    primeiros sculos, o bispo da cidade principal (Metrpole)

    nomeado Metropolita, ou seja, o bispo da capital ou o

    pedestal do reino. Atravs de vrios conclios regionais e

    ecumnicos, os bispados foram eventualmente ligados s

    grandes arquidioceses apostlicas, ficando estabelecidas

    como Antioquia, Alexandria e Roma. No Conclio de

    Constantinopla (381 d.C.), a S de Constantinopla tambm

    foi adicionada s trs primeiras. Todas estas quatro atingiram

    um grande status, devido importncia poltica dessas quatro

    cidades e suas localizaes estratgicas. Em meados do

    sculo V, o bispo de cada uma dessas cidades foi nomeado

    Patriarca, o que significa que ele a cabea (primaz) do clero.

  • 32

    Cada Patriarca tinha sua prpria jurisdio e todas as igrejas

    dentro dela eram submetidas a sua autoridade religiosa ao

    longo das ss locais (centros dos bispados e arquidioceses).

    Em 325 d.C. o Conclio de Nicia especificou a autoridade de

    cada um deles, afirmando o seguinte: Preservar o antigo

    costume no Egito, Lbia e cinco cidades, uma vez que o bispo

    de Alexandria tinha autoridade sobre todos esses lugares,

    como o Bispo de Roma tambm tinha a mesma autoridade.

    Tambm a dignidade das igrejas em Antioquia e no resto dos

    bispados deve ser mantida totalmente intacta. O Conclio de

    Nicia no criou estes privilgios, apenas os confirmou.

    COMUNHO DE F E AUTORIDADE

    DOS CONCLIOS

    As quatro sedes, de Antioquia, Roma, Alexandria e

    Constantinopla, eram idnticas em f e doutrina, bem como

    sendo iguais em autoridade e privilgios. Era um costume

    para os ocupantes dessas Ss a troca, aps a sua eleio, das

    cpias de seus credos, a fim de receber o direito de

    comunho. O recebimento deste direito de companheirismo,

    no entanto, no era considerado como a instalao do

    patriarca em sua posio, mas apenas um requisito

    necessrio para o exerccio legal de sua autoridade. Os

    acontecimentos histricos atestam o fato de que estas quatro

    grandes Ss no s eram autnomas, mas tambm

    autocfalas, o que significa que nenhuma tinha autoridade

    sobre as outras e ningum poderia interferir nos assuntos da

    outra S. Tambm no caso dos bispos, nenhum poderia

  • 33

    interferir nos assuntos dos outros. Sempre que algum

    problema local ou interno ou disputa ocorria entre os bispos

    de uma arquidiocese, um conclio regional de bispos, sob a

    presidncia do arcebispo da arquidiocese, seria convocado

    para resolver a questo. Os Conclios foram ento

    considerados acima da autoridade dos bispos e at mesmo

    como a maior autoridade em toda a Arquidiocese. Se

    qualquer problema importante relativo f surgisse, um

    conclio geral ou ecumnico era convocado, cuja autoridade

    estava acima de todos os bispos e arcebispos, incluindo os

    Patriarcas das quatro grandes Ss. Desde que todos os bispos

    do mundo inteiro fossem convidados para tal conclio e

    tivessem o direito de tomar parte nele, no devendo estar

    nenhum ausente, salvo por razes genunas, portanto, a

    igreja universal estaria plenamente representada.

    Consequentemente, todos os bispos tinham que aceitar as

    decises desse conclio e aplic-las em toda a igreja.

    Estes Conclios foram considerados como a autoridade

    suprema em toda a Igreja.

    Nenhum dos bispos, mesmo entre os patriarcas das

    quatro grandes Ss, tinham autoridade para agir em qualquer

    grande problema de f individualmente, uma vez que isso

    era da responsabilidade dos conclios. Contradies de

    opinies e diversificao das decises tomadas pelos

    conclios regionais relacionados com questes de f, muitas

    vezes confundiam a igreja universal. Quando esses casos

    eram discutidos no conclio ecumnico, o conclio iria emitir

    sua deciso, o que seria aceito pela Igreja universal, como

    sendo uma deciso divina. Conclios deste tipo foram

    convocados para autenticar a veracidade da verdadeira f e

  • 34

    rejeitar as heresias. As declaraes de f no Credo de Nicia,

    por exemplo, foram includas nos escritos dos padres em

    detalhes e foram aceitas pela Igreja desde a sua aurora. O

    conclio formulava com muita clareza tais declaraes e

    pedia aos fiis que permanecessem fiis aos seus termos,

    caso contrrio, seriam excomungados.

    DIVISO ENTRE AS GRANDES QUATRO SS

    Em 451 d.C., o Conclio de Calcednia foi convocado e

    resultou na diviso das Ss Apostlicas em dois grupos. As

    Sedes de Roma e Constantinopla tornaram-se um grupo,

    enquanto as sedes de Antioquia e de Alexandria tornaram-se

    outro. Estas duas ltimas Ss permanecem unidas na f at

    hoje e cada uma delas possui sua prpria liderana e

    independncia absoluta, assim como no incio. As outras

    duas Ss - Roma e Constantinopla dividiram-se

    igualmente uma da outra no sculo XI, com base em

    disputas relacionadas a clusula de Filioque.

    JURISDIO DA S DE ANTIOQUIA

    O pontfice da S de Antioquia sempre teve uma posio

    de destaque na Igreja. Sua autoridade religiosa se estendia

    do Mar grego no Ocidente at o final da Prsia e da ndia no

    Oriente, e da fronteira da sia Menor at as fronteiras da

    Palestina no sul.

    A Igreja de Antioquia era uma e foi dirigida por apenas

    um patriarca. No houve outro patriarca em todos os pases

  • 35

    orientais e sua jurisdio estendida-se sobre as terras da

    Sria, Palestina, Cilcia, Mesopotmia, partes da sia Menor

    e toda a Prsia. Sua autoridade era dominante sobre todos os

    cristos nesses distritos, independentemente da sua

    nacionalidade, raa ou lngua. As dioceses maiores tinham

    arcebispos e as menores um bispo, com sua administrao

    espiritual na qual todos apresentavam obedincia a ele.

    CATHOLICOSSATO DO ORIENTE

    Os pases que estavam completamente para alm das

    fronteiras orientais do Imprio Romano eram conhecidos

    como o Oriente. Foi, durante o tempo de Jesus Cristo, sob o

    domnio persa, de onde vieram os Magos a Belm e

    adoraram ao Senhor e apresentaram seus presentes a ele.

    Quando eles voltaram para seus pases, eles proclamaram a

    notcia do nascimento de Jesus. Como havia comunidades

    judaicas no Oriente, alguns deles poderiam estar presentes

    em Jerusalm, no dia de Pentecostes. O livro de Atos

    identifica partos, medos, elamitas e os que habitavam a

    Mesopotmia. No h dvidas que alguns deles acreditaram

    em Cristo e transmitiram o evangelho em seus pases.

    A histria da Igreja registra que Addai, um dos setenta

    pregadores, foi enviado por seu irmo, o apstolo Tom,

    para Edessa, capital do Reino de Abgarite e que l tenha

    curado o seu rei Abgar V de lepra, convertendo-o

    juntamente com todos os habitantes da cidade. Addai pregou

    ento em Amed (Diarbekir), no Sul de Arzen, no vale

    oriental do rio Tigre, e em Bazebdi. Ele veio para Hidiab

  • 36

    (Arbil), onde estabeleceu-se com seu amigo Mari na

    pregao. Os historiadores da Sria, Mor Miguel, o Grande,

    Bar Hebraeus e Bar Salibi acrescentam que o apstolo Tom

    passou por esses lugares e pregou aos seus habitantes em seu

    caminho para a ndia. assim que o Cristianismo se

    espalhou desde o primeiro sculo em todo o Oriente, onde as

    igrejas se levantaram e seus bispados foram estabelecidos.

    No sculo III, um nmero de bispados foi gradualmente

    organizado em uma nica liderana, estabelecendo Madaen

    como seu centro, na regio sob a jurisdio eclesistica da

    S Apostlica de Antioquia. Seu bispo foi chamado Bispo

    do Oriente ou Cathlicos do Oriente, e mais tarde foi

    conhecido como o Maphriono do Oriente.

    Os Cathlicos do Oriente tinham autoridade geral sobre

    as igrejas em seu distrito, em colaborao com o Patriarca de

    Antioquia. A situao poltica impedia esta relao, uma vez

    que a sede da S de Antioquia estava dentro do Imprio

    Romano do Oriente, enquanto a outra estava sujeita ao

    domnio persa e a inimizade entre os persas e os romanos era

    grave.

    Em 431 d.C., o Conclio de feso excomungou Nestrio,

    patriarca de Constantinopla. Um nmero de bispos da Sria,

    juntamente com a maioria dos professores e alunos da

    Escola de Edessa, ajuntou-se a ele. Assim, os ensinamentos

    de Nestrio foram espalhados no Oriente, com exceo de

    Tikrit e Armnia. O resultado foi a diviso dos srios, em

    pontos de vista religiosos e doutrinrios, em dois grupos.

    Esta diviso afetou at mesmo a lngua siraca, que veio a

    ser distinguida em seus estilos fonticos e caligrficos,

    chamados agora de estilo ocidental e estilo oriental. O estilo

  • 37

    ocidental na regio de Damasco e o estilo oriental na regio

    da Mesopotmia, Iraque e Azerbaijo. A parte oriental

    cortou suas relaes com a S de Antioquia, exceto os fiis

    ortodoxos no Iraque, que mantiveram-se fiis a S

    Apostlica de Antioquia, suportando grandes dificuldades

    por causa disso. Em 480 d.C., Barsouma, bispo nestoriano

    de Nusaibin, levantou calnias contra os ortodoxos fiis do

    Oriente ao rei persa Fairouz, acusando-os de espionagem aos

    interesses do Imprio Bizantino. Como resultado, o rei

    Fairouz assassinou muitos deles, derramando seu sangue

    inocente. Aps a morte de Barsouma, Christophorus, o

    Cathlicos Armnio, visitou o Oriente e consagrou o Monge

    Garmai como bispo no Mosteiro de So Mateus e deu-lhe

    autoridade para consagrar bispos, como os Cathlicos do

    Oriente. Christophorus tambm consagrou o Monge

    Ahodemeh como bispo em Baerbye.

    Em 559 d.C., Yacoub Baradaeus (trad.: So Tiago

    Baradeu) visitou a igreja no Oriente e consagrou Ahodemeh

    como bispo Geral (Cathlicos), sendo assim considerado o

    primeiro Cathlicos do Oriente, aps os nestorianos terem

    tomado sua S.

    Em 628 d.C., uma reconciliao foi alcanada entre o

    Imprio Persa e o Imprio Romano. O Patriarca Atansio I

    (595-631) mandou seu secretrio Rabban (Monge)

    Youhanna para o Oriente. Ele se encontrou com o bispo

    Christophorus, chefe do Mosteiro de So Mateus e tratou

    com ele sobre a retomada das relaes entre a S de

    Antioquia e a Igreja no Oriente. O bispo convocou um

    snodo, que foi assistido pelo Monge Yauhanna e quatro

    bispos da regio. Eles elegeram trs monges, Marotha,

  • 38

    Ithalaha e Aha, e pediram ao patriarca para consagr-los

    bispos. O patriarca lamentou por no poder faz-lo, mas

    preservou o antigo costume da Igreja do Oriente, onde na

    ausncia do Cathlicos e em caso de extrema necessidade,

    trs bispos juntos podem consagrar um novo bispo (Trad.:

    ordinariamente o Patriarca ou o Cathlicos que consagra

    novos bispos). Em seguida, os bispos orientais, na presena

    de bispos do patriarca, consagraram os monges escolhidos a

    bispos. O patriarca instalou Marotha, um dos trs novos

    bispos, como Bispo (Cathlicos) de Tikrit, e deu-lhe

    autoridade para presidir o Oriente em seu nome. O incidente

    acima mostra que a Igreja no Oriente era autnoma e que

    seu Cathlicos, que foi instalado pelo patriarca, tinha

    autoridade sobre todos os seus bispados. Tambm podemos

    ver na histria da igreja que os patriarcas foram entronizados

    pelos padres da igreja, com a cooperao dos Cathlicos.

    Vrias tentativas foram realizadas para infringir esta

    tradio.

    Mor Marotha de Tikrit (649 d.C.) foi o primeiro a ser

    chamado de Maphriono e com ele o Maphrionato levou sua

    sucesso. Vale ressaltar que os bispados do Oriente

    aumentaram em nmero e prestgio, considerando que estes

    eram em menor nmero diante das dioceses da S de

    Antioquia, durante o tempo de Mor Gregrio Bar Hebraeus,

    que foi o Maphriono do Oriente (1264-1286), como

    declarado por ele mesmo. Bar Hebraeus considerado um

    dos mais famosos Maphrionos acadmicos do Oriente.

    A sede do Maphrionato foi primeiramente em Tikrit e l

    permaneceu at 1089 d.C. Posteriormente, foi transferida

    para Mosul e em seguida, levada de volta para Tikrit, at

  • 39

    1152, quando foi transferida para o Mosteiro de So Mateus.

    Durante um tempo o Maphrionato foi transferido para

    Barttleh, perto de Mosul, e ento a Mosul em si.

    No passado, era costume que o Maphriono mantivesse

    seu nome episcopal, mesmo aps a sua instalao. No

    entanto, a partir do sculo XVI, foi decidido ter o nome

    Baselios adicionado ao seu nome pessoal original. No ano

    de 1860, aps a morte do Maphriono Mor Baselios Bahnam

    IV de Mosul, o Maphrianato foi suspenso por uma deciso

    de um snodo.

    RESTABELECIMENTO DO CARGO

    DE MAPHRIONO

    Em 21 de maio de 1964, o escritrio do Maphrionato foi

    restabelecido de acordo com uma resoluo do snodo

    realizado na cidade de Kottayam, Kerala, sul da ndia. Foi

    presidido por S.S. Mor Incio Yacoub III, Patriarca de

    Antioquia e todo Oriente, contando com a presena de todos

    os bispos da Igreja Siraca na ndia e trs bispos do Oriente

    Mdio, que tinham acompanhado Sua Santidade em sua

    visita apostlica ndia. A propsito, o autor deste livro foi

    um dos trs bispos. Foi decidido que a sede da Maphriono

    deveria ser na ndia, e que a jurisdio do Maphrionato

    limitada ndia e ao leste da ndia apenas.

    Desde 1964, o Maphriono eleito pelo Santo Snodo da

    Igreja Ortodoxa Siraca na ndia e instalado por S.S. o

    Patriarca de Antioquia e todo o Oriente, que o Chefe

  • 40

    Supremo da Igreja Sirian Ortodoxa Universal. Ele representa

    a Igreja Ortodoxa Siraca na ndia no Snodo da Igreja

    Universal, quando convocado para a eleio e entronizao

    de um patriarca. O presente Maphriono Sua Beatitude Mor

    Baselios Thomas I.

    CISMAS NA IGREJA DE ANTIOQUIA

    A Igreja de Antioquia (Igreja Sirian ou Siraca) suportou

    incidentes dolorosos em sua histria, que dividiu seu

    rebanho em diversas ramificaes em diferentes momentos.

    Estes incidentes, alguns dos quais sero brevemente

    discutidos a seguir, muito enfraqueceram a Igreja.

    Em 431 d.C., o Conclio de feso rejeitou os

    ensinamentos de Nestrio, ento patriarca de

    Constantinopla, que alegou que havia duas pessoas e

    naturezas distintas em Cristo. O Patriarca de Antioquia

    Yuhanna o apoiou. Ele foi sucedido por seu sobrinho

    Domnos, que tambm infelizmente aceitou a mesma heresia.

    Ele foi deposto em 449 d.C. pelo Segundo Conclio de feso

    e foi substitudo por Maximus. Os ensinamentos de Nestrio

    foram aceitos por alguns siracos no Imprio Persa, em

    algumas partes da Sria, Palestina e Chipre. Eles formaram

    uma igreja, rompendo com a S de Antioquia em 498 d.C.

    Eles escolheram um lder para si, ao qual chamaram de

    cathlicos. Seu primeiro cathlicos foi Babai, que teve sua

    sede em Selucia, perto de Madaen no Iraque. Ela foi mais

    tarde transferida para Bagd, em 762 d.C. No incio do

    sculo XV foi deslocado para Al-Kosh e em 1561 para

  • 41

    Erumia, tambm no Iraque.

    Como resultado do Conclio de Calcednia em 451 d.C.,

    as quatro grandes Ss foram divididas em dois grupos e a

    confuso dominou sobre a disciplina da igreja. Interferncias

    ilegais ocorreram em diversas dioceses e a pesca em guas

    turvas foi considerada um grande ganho. A S romana foi

    hbil em convencer um bispo nestoriano chamado Timteo,

    Bispo de Chipre. Em 1445 d.C., ele entrou para a Igreja

    Catlica Romana com um grupo de sua igreja. Deve-se

    lembrar que esse grupo era formado por membros da Igreja

    siraca que j haviam abraado as ideias Nestorianas. O papa

    Eugnio IV declarou: , portanto, doravante proibido

    tratar os siracos que deixaram o Nestorianismo e entraram

    para a Igreja Romana como hereges, contudo, eles tm de

    ser distinguidos com o nome particular de caldeus. Cinco

    anos mais tarde, em 1450, eles voltaram para sua Igreja

    nestoriana. Contudo, as disputas logo surgiram na igreja,

    quando o Snodo do Patriarca Shemoun aprovou uma

    resoluo no sentido de que nenhum patriarca deveria ser

    instalado a partir de fora de sua prpria tribo. Quando essa

    deciso foi tomada pelo Snodo de Shemoun, um snodo

    paralelo, que se opunha a Shemoun, foi convocado em

    Mosul e um grande nmero deixou Shemoun e juntou-se a

    S de Roma em 1553. Assim, o Papa Jlio III consagrou

    como seu Patriarca a Yuhanna Sulaka. Tal separao no

    durou muito tempo, pois o Patriarca Yuhanna Sulaka foi

    morto em 1555 d.C. e sua relao com a S romana foi

    cortada.

    At 1827 haviam dois patriarcas para os caldeus, um

    chamado de Patriarca de Amed e outro de Patriarca da

  • 42

    Babilnia. No mesmo ano, a distino entre os dois

    patriarcados de Amed e Babilnia foi abolida pelo Papa

    Leo XII. A partir de 1830, no tempo do Patriarca Yuhanna

    Hermezd, havia apenas um patriarca, ento chamado de

    Patriarca da Babilnia. Yuhanna Hermezd foi o primeiro

    patriarca do Patriarcado unido da Babilnia. Em meados do

    sculo XIX, o Patriarca Yousef Odo que, ao contrrio de

    seus antecessores, era conhecido por gostar da Igreja

    Oriental e de suas tradies antigas, foi instalado como

    Patriarca da Babilnia.

    Voltando-se para a S de Antioquia, veremos que desde o

    tempo de Maximos (449-512 d.C.) ela foi usurpada por

    patriarcas que tinham seguido a formulao do Conclio de

    Calcednia e por outros que balanavam de um lado para o

    outro. Durante este perodo crtico, o famoso Patriarca Pedro

    II, que conhecido como Al-Kassar, foi instalado para a

    Santa S de Antioquia.

    Em 512 d.C., Mor Severo foi entronizado como o

    Patriarca de Antioquia, sucedendo a Phlabianos, que foi

    deposto por causa de sua instabilidade de f. Mor Severo

    governou a Santa S em paz at 518, quando foi enviado

    para o exlio. Quando o imperador ortodoxo Anastas

    morreu, ele foi sucedido por Justinos I, que era um defensor

    do Conclio de Calcednia.

    Ele enviou ao exlio a maioria dos bispos ortodoxos,

    incluindo o Patriarca Mor Severo, que morreu no ano 538,

    durante o exlio no Egito. Mor Serjius sucedeu a Mor Severo

  • 43

    no Santo Trono de Antioquia. Atravs de todas estas grandes

    tempestades a S de Antioquia lutou duro para manter a

    sucesso de seus patriarcas at a presente data.

    Os seguidores do Conclio de Calcednia aproveitaram a

    oportunidade do exlio do Mor Severo para instalar entre si

    patriarcas com o ttulo de Patriarca de Antioquia. O mais

    famoso destes patriarcas foi Efrm de Amed. A partir de

    ento (518 d.C.) iniciou-se uma srie de patriarcas

    bizantinos. A maioria dos Patriarcas bizantinos eram siracos

    e outros eram de colnias gregas. Os patriarcas e os seus

    seguidores foram chamados de Melquitas, que significa os

    seguidores do rei. Eles foram chamados assim porque

    respeitaram a doutrina do Conclio de Calcednia, que foi

    confirmada pelo ento rei. Eles usaram os ritos siracos at

    os sculos X e XI, quando mudaram para os ritos gregos. No

    entanto, por causa de sua ignorncia quanto lngua grega,

    eles usavam a traduo siraca dos ritos gregos. Nos sculos

    posteriores, depois que aprenderam a lngua grega, eles

    comearam a usar os ritos gregos tanto em grego quanto em

    rabe. Eles recolheram os cdices siracos, que foram

    preservados na biblioteca do Mosteiro de Santa Maria (um

    mosteiro siraco que os gregos mais tarde ocuparam), na

    aldeia de Seydnaya, perto de Damasco e queimaram tudo.

    No incio do sculo VII, uma disputa surgiu entre os

    seguidores do Conclio de Calcednia no mbito da

    jurisdio da S de Antioquia, por causa do surgimento de

    um novo dogma de duas vontades em Jesus Cristo. Isso

    resultou em uma diviso com os monges Maronitas do

  • 44

    Lbano, no sentido de criar um patriarcado separado. No

    sculo XII, eles se juntaram a S de Roma e comearam a

    chamar seu patriarcado de Patriarcado de Antioquia.

    Havia ento novas fundaes de Patriarcados de

    Antioquia fora do Patriarcado original de Antioquia. No

    incio do sculo XVII, atravs da influncia de alguns

    monges capuchinhos e com a ajuda do Consulado Francs,

    um grupo em Alepo, na Sria, deixou a Santa S de

    Antioquia. Eles aproximaram-se um bispo Maronita em

    1657, que consagrou para eles um padre armnio, Andraos

    Akhijian, que era originalmente de Mardin, na Turquia,

    como bispo a quem chamaram patriarca. Assim comeou

    ento o Patriarcado srio-catlico. Eles chamam seu

    patriarca de Patriarca de Antioquia.

    No incio do sculo XVIII, teve lugar um cisma entre a

    Igreja Ortodoxa grega, que levou alguns a abandonar seu

    patriarcado e seguir a S Romana. Eles estabeleceram para

    si mesmos um patriarcado separado, que tambm chamaram

    de Patriarcado de Antioquia. Eles so conhecidos como

    greco catlicos melquitas.

    No ltimo trimestre do sculo XVIII, um grupo de fiis

    ortodoxos siracos no Iraque foi obrigado a juntar-se S

    Romana, atravs da conivncia do consulado francs, que

    aconselhou o governador otomano de impor impostos

    pesados sobre o povo ortodoxo siraco. O cnsul incentivou

    os missionrios dominicanos, que j haviam se espalhado no

  • 45

    Iraque, a persuadir as simples pessoas sirian ortodoxas a

    pedir proteo francesa, a fim de se livrar da carga de

    impostos. No entanto, quando se aproximavam das

    autoridades francesas pedindo ajuda, eles eram informados

    de que, a menos que seguissem o Papa de Roma, nenhuma

    ajuda seria fornecida a eles. Isto espalhou o catolicismo

    romano no Iraque. O primeiro grupo a abra-lo foi dos

    habitantes de Karakoush em 1761. Mais tarde, em meados

    do sculo XIX, outros grupos de Barttelle e Mosul o seguiu.

    MOR YACOUB BARADAEUS

    Como resultado da opresso dos lderes da Igreja

    Ortodoxa Siraca pelos imperadores bizantinos, muitos

    santos padres foram martirizados, alguns foram exilados,

    outros severamente perseguidos e outros tantos dispersos.

    Neste estgio, em 544 d.C., por conta do caos e de todas

    estas dificuldades, havia apenas trs bispos vivos deixados

    para a Igreja Ortodoxa Siraca.

    Neste momento crtico, Deus levantou um homem

    chamado Yacoub (Tiago/Jacob) Baradaeus

    (Burdono/Baradeu) para defender a igreja. Ele foi para

    Constantinopla e l foi recebido muito respeitosamente pela

    imperatriz Theodora, filha de um sacerdote siraco de

    Mabbugh, Sria, e esposa do imperador Justiniano. Ela

    estava ajudando os bispos exilados e apoiando-os durante

    seus sofrimentos. Atravs de sua influncia, Mor Yacoub foi

    consagrado bispo ecumnico em 544 d.C., por Mor

  • 46

    Teodsio, Patriarca de Alexandria, que estava exilado em

    Constantinopla. Mor Teodsio foi assistido por trs bispos

    que tambm estavam presos. Aps sua consagrao, Mor

    Yacoub viajou para longe, vigorosamente, visando organizar

    os assuntos da igreja. Ele consagrou 27 bispos e centenas de

    sacerdotes e diconos. Antes de sua morte em 30 de julho de

    578 d.C., Mor Yacoub havia dado foras para a igreja

    sobreviver s catstrofes. Todos os anos, no dia de 30 de

    julho, a Igreja celebra com respeito e gratido a sua festa.

    Assim, a Igreja Ortodoxa Siraca resistiu aos golpes

    pesados de perseguio bizantina e manteve a f apostlica,

    afirmada pelos trs conclios ecumnicos. A Santa S de

    Antioquia permanece unida S de Alexandria, e elas

    mantm comunho com a Igreja Ortodoxa Armnia e a

    Igreja Etope, partilhando a mesma f e doutrina.

    No sculo VIII, os bizantinos, em seu stimo conclio,

    descreveram a Igreja Ortodoxa Siraca como a Igreja

    Jacobita, por conta do nome de Mor Yacoub Baradaeus

    (Trad.: tambm traduzido por Jacob Baradaeus). Sua

    inteno era desgraar e degradar a nobre Igreja Ortodoxa

    Siraca. Embora Mor Yacoub seja de fato um dos pais

    mais famosos e uma das grandes personalidades da

    Igreja, ele no seu fundador. Uma vez que a Igreja

    Ortodoxa Siraca no foi estabelecida por ele e nem teve

    nenhuma nova doutrina inserida em sua f apostlica,

    repudiamos o ttulo de Jacobitas. A Igreja Ortodoxa

    Siraca tambm nega a designao Monofisita que

    Eutiquiana e significa que a natureza humana em Jesus

    Cristo se misturava com a natureza divina, tornando-se

    assim uma mistura, onde seus atributos se confundiam.

  • 47

    Eutiques e seus ensinamentos foram rejeitados pela Igreja

    Ortodoxa Siraca, que segue os ensinamentos de So Cirilo

    de Alexandria, acreditando que Jesus Cristo era

    perfeitamente humano, exceto no pecado, e ao mesmo

    tempo perfeitamente divino, tendo apenas uma natureza de

    duas naturezas unidas, sem qualquer mistura, confuso ou

    transformao.

    A IGREJA ORTODOXA SIRACA HOJE

    O nmero de seguidores da Igreja Ortodoxa Siraca de

    hoje de cerca de quatro milhes de pessoas. A maioria

    deles vivem na ndia e o restante esto espalhados

    principalmente na Sria, Lbano, Iraque, Jordnia, Turquia,

    Egito, Europa, Amrica do Norte e do Sul e Austrlia. Seu

    chefe supremo, atualmente, Mor Incio Zakka I Iwas,

    Patriarca de Antioquia e todo o Oriente, 122 sucessor de

    So Pedro na linha legtima dos Patriarcas de Antioquia. O

    chefe supremo considerado como o pai comum de todos os

    povos sirian ortodoxos onde quer que estejam. Ele

    obedecido pelos Cathlicos, prelados, clrigos e leigos de

    todas as classes na Igreja Ortodoxa Siraca. O nome do

    patriarca deve ser mencionado antes do Cathlicos na ndia

    e dos bispos em suas respectivas dioceses, durante os

    servios eucarsticos, no final das oraes dirias, em festas

    religiosas e durante outras cerimnias espirituais, tais como

    ordenaes , consagraes etc . Seu ttulo Sua Santidade

    Moran Mor Incio, Patriarca de Antioquia e todo o Oriente e

    do Chefe Supremo da Igreja Sirian Ortodoxa Universal.

    Suas prerrogativas religiosas incluem a instalao do

  • 48

    Cathlicos, a consagrao dos bispos legalmente eleitos e a

    consagrao do leo do crisma, desde que pelo menos dois

    bispos estejam presentes com ele para a cerimnia. Ele

    tambm tem o poder de convocar snodos universais e outros

    snodos dos quais ele o presidente. Ele no pode ser

    deposto a menos que introduza alguma heresia na f da

    Igreja Ortodoxa, ratificada pelos trs Conclios Ecumnicos

    de Niceia, Constantinopla e feso e os ensinamentos dos

    Santos Padres, ou desvie-se das leis cannicas, ou sofra de

    transtorno mental ou tiver cometido falta grave.

    O patriarca responsvel pelo Santo Snodo composto

    por todos os bispos da S Apostlica de Antioquia, que

    considerado a autoridade suprema na igreja. O snodo

    investido com a autoridade para a eleio e posse dos

    patriarcas, a aprovao da eleio de bispos, o exame e

    julgamento dos bispos no caso de desvio de doutrina e das

    leis cannicas, sua transferncia a partir de um bispado para

    outro, a aceitao ou a rejeio de seu pedido de demisso e

    sua deposio, se for de todo necessrio. O snodo tambm

    tem autoridade para criao de uma nova diocese ou

    abolio de uma j existente. A reunio do snodo

    considerada legal, se for atendida por pelo menos dois teros

    de seus membros. Decises sinodais, tomadas por maioria,

    entram em vigor aps a sua aprovao pelo patriarca.

    A Igreja Ortodoxa Siraca de hoje composta por 29

    dioceses, fora as da ndia, espalhadas em diferentes partes do

    mundo. Cada diocese tem um bispo que administra seus

    assuntos espirituais, ordena seus sacerdotes, monges e

    diconos, altares, igrejas e consagra o leo sagrado para o

    batismo (e no p miron, o crisma) codificado por leis para o

  • 49

    seu bem-estar. Cada diocese tem um conselho eclesistico e

    um conselho de leigos para ajudar o bispo em sua

    administrao.

    Todas as dioceses devem manter a f ortodoxa da igreja e

    suas antigas tradies apostlicas. Os rituais da igreja so

    realizados em siraco, juntamente com a lngua local (Trad.:

    verncula). No passado, a igreja teve centenas de

    monastrios, alguns dos quais ainda florescem. Os mais

    famosos esto no Oriente Mdio:

    1 - Mosteiro So Mateus, perto de Mosul, Iraque;

    2 - Mosteiro de So Gabriel, em Tur Abdin, na Turquia,

    ambos remontam ao sculo IV;

    3 - Mosteiro de So Hananya, conhecido como Deir A1-

    Zaafran, perto de Mardin, Turquia, criada no sculo VIII.

    Em cada um dos dois ltimos mosteiros citados, h uma

    escola teolgica.

    4 - Mosteiro de So Marcos, em Jerusalm, que merece o

    orgulho do cristianismo, porque inclui o cenculo, onde

    Jesus Cristo tomou a ltima Ceia com seus discpulos. A

    historicidade deste fato foi confirmada pela inscrio

    descoberta em 1940, sob o reboco da igreja do mosteiro. A

    inscrio em siraco e remonta ao sculo VI. Ela diz o

    seguinte: Esta a casa de Maria, me de Joo, chamado

    Marcos.

    A igreja tem dois seminrios teolgicos, um em Ma'arat

  • 50

    Seydnaya em Damasco, Sria e outro na ndia, onde o clero

    educado e formado.

    A Igreja Ortodoxa Siraca est progredindo e crescendo

    ativamente. Na opinio de um historiador Greco-ortodoxo:

    Os siracos so ativos, trabalham duro e economicamente,

    por isso dificilmente voc poder encontrar um mendigo

    entre eles. Apesar de todas as grandes crises que

    enfrentaram, eles ainda esto mantendo seu padro

    econmico, por causa de seu amor ao trabalho de forma

    constante e seu afastamento de imitar os estrangeiros em

    gastar extravagantemente. Outro pesquisador da Igreja

    episcopal, no ltimo sculo, disse o seguinte sobre a Igreja

    Ortodoxa Siraca: Est dentro das possibilidades da

    providncia de Deus que eles possam ainda aprofundar

    razes novas e darem frutos, pois as pessoas que ainda

    apaixonadamente agarram-se sua antiga f foram

    libertadas da dominao e do poder da religio estrangeira,

    onde eles por tanto tempo e to cruelmente foram

    oprimidos. Como , em toda a sua fraqueza presente, eles

    so os representantes da antiga igreja, que floresceu uma

    vez nestas terras do leste e do sul.

    A Igreja Ortodoxa Siraca membro do Conselho

    Mundial de Igrejas, que uniram-se no ano de 1960, atravs

    dos esforos do Patriarca Mor Ignatius Yacoub III.

    tambm membro do Conselho de Igrejas locais e colabora

    com as outras Igrejas crists. Participa ainda de dilogos

    ecumnicos e teolgicos em nveis oficiais e no oficiais.

  • 51

    CONCLUSO

    Esta uma vista panormica da Igreja de Antioquia, a

    verdadeira Igreja do Oriente, comumente conhecida como

    Igreja Ortodoxa Siraca, cuja f, a liturgia e a tradio so

    distintamente Orientais e so ao mesmo tempo um

    testemunho da Igreja indivisa.

    Esta igreja atingida pelos acontecimentos de sua histria

    e rasgada por cismas, ainda a guardi de um grande

    patrimnio. Estou esperanoso de que atravs da orao e do

    dilogo, suas partes dispersas possam ser reunidas

    novamente e seus ferimentos sejam curados. A comunho de

    f poderia ser restaurada entre suas sees diferentes, e

    excomunhes e maldies poderiam ser eliminadas. Ento

    as graas seriam abundantes, levando unidade que estava

    no alvorecer do cristianismo e o imperativo do Evangelho

    que todos sejam um seria cumprido.

    * * *

  • 52

    REFERNCIAS

    1 - A Bblia Sagrada: Novo Testamento;

    2 - Dr. Post George: Dicionrio da Bblia Sagrada, 2

    ed, Beirute: 1971;

    3 - Constituio da Igreja Sirian Ortodoxa de

    Antioquia - Manuscrito - Alterado pelo Snodo de

    Damasco de 1979;

    4 - Al-Hidayat wa Quanin Al-Majame: um

    manuscrito siraco;

    5 - Eusbio de Cesaria: Histria da Igreja;

    6 - Gregorios Yohanna Bar Habraeus: Resumo das

    Naes, Beirute: 1958;

    7 - Breasted: Idade anteriores;

    8 - Adai Ashir: Histria da Kaldo & Athur, Beirute

    1913;

    9 - Lemon os franceses: Moukhtassar Twarikh Al-

    Kanisa: traduzida pelo bispo Youssef Daoud, Mosul

    1873;

    10 - Cardeal Eugene Tisserand: Khoulassa Tarikhyia

    Lilkanisa Al-Kaldania; Traduzido por Bispo Suleiman

    Sayegh, Mosul 1939;

    11 - Mari BN Suleiman: Akhbar Fatarikat Kursi Al-

    Mashreq, do livro Al-Majdal, Roma: 1899;

    12 - Rev. Butros Nassri: Dhakhirat Al-fi Adhan

    Twarikh AlMashariqa wal Maghariba Al-Suryian,

    Mosul: 1905;

    13 - Bispo Gregorios Georges Shahin: Nahjon

  • 53

    Wassim fi Tarikh Al-Umma Al-Suryiania Al-Qawim,

    Homs: 1911;

    14 - Letus Al-Douairi: Mujaz Tarikh Al-Massihia,

    Egito: 1949;

    15 - Chabot: Idioma aramaico e sua literatura;

    traduzido por Antoun Laurence, Jerusalm: 1930;

    16 - Ali Wafi: Feqh Al-Lougha, 2 ed, Cairo: 1944;

    17 - Rev. Ishaq Armaleh: Al-Salasel Al-Tarikhia,

    Beirute: 1910;

    18 - Rev. Issa Assa'd: Al-Turfa AI-Naqia mn Tarikh

    Al-Kanisa Al-Massihia, Homs: 1924;

    19 - Dr. Philip Hitti: Histria da Sria, Lbano e

    Palestina, Beirute;

    20 - Assad Restom: Histria da Cidade de Antioquia,

    Beirute: 1958;

    21 - Dr. Anis Freha; Dicionrio dos nomes de cidades

    libanesas e vilas, em Beirute: 1972;

    22 - O padre jesuta De Friz: Al-Kersi Al-Rasouli

    Wal Patriarkia Al-Sharkia Al-Catholikyia. publicado na

    revista Al Wehda filiman, Lbano: 1971;

    23 - Patriarca Efrm Barsoum:

    A - Al-Manthour AI-Lou'lou 'fi Tarikh Al-Eloum wal

    Adab Al-Suryiania, 3 ed, Bagd: 1976;

    B - Al-Durar Al-fi Nafisa Mukhtassar Tarikh Al-

    Kanisa, Homs: 1940.

    24 - Patriarca Yacoub III:

    A - Tarikh Al-Kanisa Al-Suryiania Al-Antakyia,

    Beirute: 1953,1957;

  • 54

    B - Dafakat Al-Tib fi Tarikh Deir Mar Matta Al-Ajib,

    Zahle: 1961;

    C - Kanisat Antakyia Souryia, Damasco: 1971;

    D - Al-Kanisa Al-Suryiania Al-Antakyia Al-

    Arthodoxia (a palestra), Damasco: 1974;

    E - Homem Hua Batriark Antakyia A1-shar'i,

    publicado na Revista, Al-Mashreq de Mosul, 1 ano;

    F - A1-Mujahed Al-Rassouli Al-Akbar-Mor Yacoub

    Bar daeus, Damasco 1978;

    25 - Patriarca Efrm Rehmani: Al-Mabaheth Al-Jalia

    fi A1 Liturjiat Al-Sharkia Al-Sharfeh: 1924.

    26 - Patriarca Zakka I Iwas:

    A - Al-Hayat Merqat fi Ra'i Al-Rouat, Homs: 1958;

    B - Al-Maskouni Al-Kanisa wa Mouqaoumat Al-

    Majma 'fiha - Damasco Revista Patriarcal, ano 10, n

    96, de 1972;

    C - Qeboul A1-Majame '- Damasco Revista

    Patriarcal, ano 11, n 108;

    D - Akidat A1-A1-Tajsed Ilahi fi Al-Kanisa Al-

    Suryiania Al-orthodoxia, 2 ed, Aleppo: 1980;

    27 - Bispo Youhanna Dolabani: Al-Mithal Al-

    Rabani. Buenos Aires: 1942;

    28 - Arquidicono Ne'matallah Denno: Iqamat Al-

    Dalil ala temrar Al-Esm Al-Assil, Mosul: 1949.

    * * * * * * *

  • 55

    SOBRE O TRADUTOR

    Pablo Neves nasceu em So Luis do

    Maranho em 1985. Graduou-se em

    Design pela Universidade Federal do

    Maranho (UFMA), especializou-se

    em Histria da Arte Sacra pela

    Faculdade do Mosteiro de So Bento

    do Rio de Janeiro e Mestre em

    Design tambm pela UFMA.

    tambm formado em Teologia e

    Filosofia pela FAERPI, onde

    convalidou seus estudos teolgicos e filosficos feitos pela

    Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil.

    professor universitrio, coordenando atualmente o

    laboratrio de Estudos Superiores sobre Arte e Arquitetura

    Sacra do Maranho, alm de trabalhar como designer,

    especialmente em projeto de objetos e espaos religiosos.

    Domina os idiomas ingls e espanhol, nos quais fluente,

    alm da lngua siraca (aramaico) a qual utiliza

    especialmente nos servios religiosos que atende como

    dicono da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, na

    Comunidade Santo Efrm, em So Luis Maranho.

    tambm icongrafo, desenvolvendo trabalhos tanto

    em estilo bizantino quanto em estilo copta, em peas de

    madeira ou paredes de Igrejas e capelas. Possui diversos

    trabalhos acadmicos de temtica religiosa relacionados ao

    design e arte sacra publicados em revistas cientficas de

    teologia e filosofia, alm de entrevistas e artigos para

    revistas e sites especializados.