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1 _______________________ ¹ Psicóloga Clínica e Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela FAFIRE Faculdade Frassinetti do Recife Recife-PE. ² Psicóloga Clínica e Especialista em Psicologia do Trânsito pela FAFIRE Faculdade Frassinetti do Recife Recife-PE. Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de hospitalização infantil com base na Abordagem Centrada na Pessoa Ana Tayza Tavares de Figueiredo¹ Helena Karoline Vieira da Silva² Resumo Este artigo objetiva aprofundar o conhecimento sobre a hospitalização infantil e as contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa. O método se caracteriza como pesquisa bibliográfica visando um aprofundamento teórico através das considerações apresentadas que possibilite o reconhecimento da importância do trabalho lúdico frente a hospitalização infantil, garantindo a criança a continuidade do desenvolvimento de suas potencialidades mesmo estando em um ambiente que lhe parece hostil. A hospitalização permeia uma etapa importante da vida da criança, podendo comprometer características básicas, como a interrupção das fases de aprendizagem, socialização e trocas de interações afetivas com familiares e amigos. Tendo como base o questionamento sobre a importância do brincar durante o período de hospitalização infantil pretende-se apresentar como se dá tal processo, identificando ganhos e perdas do mesmo e seus comprometimentos em diferentes áreas, relacionando os benefícios do trabalho lúdico com o tratamento médico, que geralmente visa a patologia e não o sujeito. Conclui-se que o brincar no contexto hospitalar pode contribuir para uma ressignificação do interno e dos familiares sobre o tratamento, e de uma proposta diferente do modelo tradicional de intervenção no cuidado ao paciente infantil no hospital. Palavras-chave: hospitalização infantil; ludoterapia; brincar.

Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

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Page 1: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

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_______________________

sup1 Psicoacuteloga Cliacutenica e Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela FAFIRE ndash

Faculdade Frassinetti do Recife ndash Recife-PE sup2 Psicoacuteloga Cliacutenica e Especialista em Psicologia do

Tracircnsito pela FAFIRE ndash Faculdade Frassinetti do Recife ndash Recife-PE

Um olhar sobre a importacircncia da ludoterapia no processo de hospitalizaccedilatildeo

infantil com base na Abordagem Centrada na Pessoa

Ana Tayza Tavares de Figueiredosup1 Helena Karoline Vieira da Silvasup2

Resumo

Este artigo objetiva aprofundar o conhecimento sobre a hospitalizaccedilatildeo infantil e as

contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de internaccedilatildeo tendo como base a

fenomenologia e os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa O meacutetodo se

caracteriza como pesquisa bibliograacutefica visando um aprofundamento teoacuterico atraveacutes

das consideraccedilotildees apresentadas que possibilite o reconhecimento da importacircncia do

trabalho luacutedico frente a hospitalizaccedilatildeo infantil garantindo a crianccedila a continuidade do

desenvolvimento de suas potencialidades mesmo estando em um ambiente que lhe

parece hostil A hospitalizaccedilatildeo permeia uma etapa importante da vida da crianccedila

podendo comprometer caracteriacutesticas baacutesicas como a interrupccedilatildeo das fases de

aprendizagem socializaccedilatildeo e trocas de interaccedilotildees afetivas com familiares e amigos

Tendo como base o questionamento sobre a importacircncia do brincar durante o periacuteodo

de hospitalizaccedilatildeo infantil pretende-se apresentar como se daacute tal processo

identificando ganhos e perdas do mesmo e seus comprometimentos em diferentes

aacutereas relacionando os benefiacutecios do trabalho luacutedico com o tratamento meacutedico que

geralmente visa a patologia e natildeo o sujeito Conclui-se que o brincar no contexto

hospitalar pode contribuir para uma ressignificaccedilatildeo do interno e dos familiares sobre

o tratamento e de uma proposta diferente do modelo tradicional de intervenccedilatildeo no

cuidado ao paciente infantil no hospital

Palavras-chave hospitalizaccedilatildeo infantil ludoterapia brincar

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Abstract

This article aims to deepen the knowledge about child hospitalization and the

contributions of the treatment during the hospitalization process based on the

phenomenology and the concepts of the Person-Centered Approach The method

characterized as a bibliographical research aiming at a theoretical deepening through

consideration of the considerations which make it possible to recognize the

importance of the work on child hospitalization guaranteeing the child the continuity of

the development of its potential even in an environment that seems hostile

Hospitalization permeates an important stage of the childs life can compromise basic

characteristics such as the interruption of the phases of learning socialization and

exchanges of affective interactions with family and friends Based on the questioning

about the importance of playing during the period of child hospitalization is intended to

present as such process identifying its gains and losses and its commitments in

different relating the benefits of playful work to medical usually aims at the pathology

and not the subject We conclude that playing in the context hospital can contribute to

a re-signification of the internal and treatment and a proposal different from the

traditional model of intervention in the child patient at the hospital

Key words infant hospitalization ludoterapia play

1 Introduccedilatildeo

A maioria das crianccedilas sofre com as intervenccedilotildees meacutedicas e hospitalares e a

aceitaccedilatildeo de tais procedimentos eacute de difiacutecil compreensatildeo para elas Segundo Altamira

(2010) a crianccedila doente que se encontra em um estado fiacutesico enfraquecido com

dores tende a ter uma aceitaccedilatildeo melhor com relaccedilatildeo a hospitalizaccedilatildeo agrave medida que

suas dores vatildeo sendo aliviadas Jaacute crianccedilas internadas sem afetaccedilotildees fiacutesicas

encaram esse processo de modo hostil elas tecircm mais dificuldade em compreender e

aceitar a doenccedila Ferro (2007 apud MENCcedilA SOUSA 2013) afirma que elas

culpabilizam a famiacutelia e os meacutedicos por suas dores e por se encontrarem naquela

situaccedilatildeo

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A hospitalizaccedilatildeo carrega consigo uma seacuterie de comprometimentos aleacutem dos

fiacutesicos que afetam a vida das pessoas Com crianccedilas as coisas natildeo satildeo diferentes A

vivecircncia de uma crianccedila hospitalizada implica no estabelecimento de uma rotina

hospitalar e no processo de adaptaccedilatildeo a uma nova realidade

A infacircncia eacute um periacuteodo muito importante na vida de qualquer indiviacuteduo Eacute

nessa fase que o mesmo constroacutei sua relaccedilatildeo com o proacuteprio corpo e com o mundo

externo por meio de suas vivecircncias pessoais familiares e sociais Eacute uma fase marcada

pelas atividades fiacutesicas intensas sendo que estas satildeo necessaacuterias para que a crianccedila

possa explorar e conhecer o ambiente a sua volta e assim consequentemente

crescer e aprimorar seu conhecimento sobre o mundo Todavia no decorrer de seu

desenvolvimento as crianccedilas tambeacutem podem vivenciar periacuteodos de doenccedilas o que

muitas vezes pode ocasionar a hospitalizaccedilatildeo (OLIVEIRA apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Para a crianccedila o adoecimento eacute algo inesperado e natildeo desejado seus

costumes proacuteprios da infacircncia se distanciam devido a todas as restriccedilotildees que a

doenccedila e o seu tratamento trazem consigo Tais mudanccedilas causam um grande

impacto na vida da crianccedila e podem mudar o seu comportamento durante o processo

de hospitalizaccedilatildeo com a possibilidade de tais mudanccedilas perdurarem apoacutes a saiacuteda do

hospital (MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Sanchez (2011) a intervenccedilatildeo psicoloacutegica atrelada ao brincar

satildeo estrateacutegias que mobilizam um ambiente preventivo de comportamentos

depressivos ajudando a crianccedila a encarar seus obstaacuteculos Carvalho (2006) pontua

que todas as instituiccedilotildees que lidam com cuidados infantis devem ser reconhecidas

como ambientes de desenvolvimento com a finalidade de garantir uma equipe com

profissionais especializados e cientes das reais necessidades da crianccedila (apud

MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta e Enumo (apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011) para

diminuir as sensaccedilotildees desagradaacuteveis da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila o brinquedo pode

ser utilizado para alegrar e amenizar desta forma se estaraacute realizando um trabalho

mais humanizado no contexto hospitalar pois quando a crianccedila brinca no hospital

altera o ambiente na qual se encontra e acaba se aproximando de sua realidade

cotidiana e a hospitalizaccedilatildeo pode ter um efeito menos negativo

O brincar no contexto hospitalar ganhou mais importacircncia social

principalmente a partir do trabalho do meacutedico Patch Adams (1999) nos Estados

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Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo

da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da

humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o

enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a

utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as

crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo

das experiecircncias

2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees

Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se

faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett

(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal

influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria

Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas

infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo

sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras

tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da

famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da

equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico

historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao

desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo

biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a

atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de

sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem

diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que

natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam

comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um

comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com

todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do

reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de

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sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do

desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes

com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando

profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas

famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute

em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia

Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a

crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a

pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o

hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e

exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no

processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos

verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do

seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado

agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o

hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo

da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado

meacutedico

De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no

hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha

como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se

desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da

desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do

poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma

Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem

como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo

que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a

concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador

principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda

natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da

necessidade de estar em um hospital

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Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos

sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida

plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento

esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-

se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses

fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das

instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da

mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e

vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance

deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela

plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da

sauacutede

Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a

compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)

conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute

a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na

vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a

seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA

SOUSA 2013)

A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de

qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute

falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo

especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da

personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar

diferenccedilas na vida adulta

Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de

entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos

meacutedicos utilizados para o tratamento

O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar

resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua

identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser

mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada

doenccedila

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Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

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vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

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3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 2: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

2

Abstract

This article aims to deepen the knowledge about child hospitalization and the

contributions of the treatment during the hospitalization process based on the

phenomenology and the concepts of the Person-Centered Approach The method

characterized as a bibliographical research aiming at a theoretical deepening through

consideration of the considerations which make it possible to recognize the

importance of the work on child hospitalization guaranteeing the child the continuity of

the development of its potential even in an environment that seems hostile

Hospitalization permeates an important stage of the childs life can compromise basic

characteristics such as the interruption of the phases of learning socialization and

exchanges of affective interactions with family and friends Based on the questioning

about the importance of playing during the period of child hospitalization is intended to

present as such process identifying its gains and losses and its commitments in

different relating the benefits of playful work to medical usually aims at the pathology

and not the subject We conclude that playing in the context hospital can contribute to

a re-signification of the internal and treatment and a proposal different from the

traditional model of intervention in the child patient at the hospital

Key words infant hospitalization ludoterapia play

1 Introduccedilatildeo

A maioria das crianccedilas sofre com as intervenccedilotildees meacutedicas e hospitalares e a

aceitaccedilatildeo de tais procedimentos eacute de difiacutecil compreensatildeo para elas Segundo Altamira

(2010) a crianccedila doente que se encontra em um estado fiacutesico enfraquecido com

dores tende a ter uma aceitaccedilatildeo melhor com relaccedilatildeo a hospitalizaccedilatildeo agrave medida que

suas dores vatildeo sendo aliviadas Jaacute crianccedilas internadas sem afetaccedilotildees fiacutesicas

encaram esse processo de modo hostil elas tecircm mais dificuldade em compreender e

aceitar a doenccedila Ferro (2007 apud MENCcedilA SOUSA 2013) afirma que elas

culpabilizam a famiacutelia e os meacutedicos por suas dores e por se encontrarem naquela

situaccedilatildeo

3

A hospitalizaccedilatildeo carrega consigo uma seacuterie de comprometimentos aleacutem dos

fiacutesicos que afetam a vida das pessoas Com crianccedilas as coisas natildeo satildeo diferentes A

vivecircncia de uma crianccedila hospitalizada implica no estabelecimento de uma rotina

hospitalar e no processo de adaptaccedilatildeo a uma nova realidade

A infacircncia eacute um periacuteodo muito importante na vida de qualquer indiviacuteduo Eacute

nessa fase que o mesmo constroacutei sua relaccedilatildeo com o proacuteprio corpo e com o mundo

externo por meio de suas vivecircncias pessoais familiares e sociais Eacute uma fase marcada

pelas atividades fiacutesicas intensas sendo que estas satildeo necessaacuterias para que a crianccedila

possa explorar e conhecer o ambiente a sua volta e assim consequentemente

crescer e aprimorar seu conhecimento sobre o mundo Todavia no decorrer de seu

desenvolvimento as crianccedilas tambeacutem podem vivenciar periacuteodos de doenccedilas o que

muitas vezes pode ocasionar a hospitalizaccedilatildeo (OLIVEIRA apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Para a crianccedila o adoecimento eacute algo inesperado e natildeo desejado seus

costumes proacuteprios da infacircncia se distanciam devido a todas as restriccedilotildees que a

doenccedila e o seu tratamento trazem consigo Tais mudanccedilas causam um grande

impacto na vida da crianccedila e podem mudar o seu comportamento durante o processo

de hospitalizaccedilatildeo com a possibilidade de tais mudanccedilas perdurarem apoacutes a saiacuteda do

hospital (MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Sanchez (2011) a intervenccedilatildeo psicoloacutegica atrelada ao brincar

satildeo estrateacutegias que mobilizam um ambiente preventivo de comportamentos

depressivos ajudando a crianccedila a encarar seus obstaacuteculos Carvalho (2006) pontua

que todas as instituiccedilotildees que lidam com cuidados infantis devem ser reconhecidas

como ambientes de desenvolvimento com a finalidade de garantir uma equipe com

profissionais especializados e cientes das reais necessidades da crianccedila (apud

MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta e Enumo (apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011) para

diminuir as sensaccedilotildees desagradaacuteveis da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila o brinquedo pode

ser utilizado para alegrar e amenizar desta forma se estaraacute realizando um trabalho

mais humanizado no contexto hospitalar pois quando a crianccedila brinca no hospital

altera o ambiente na qual se encontra e acaba se aproximando de sua realidade

cotidiana e a hospitalizaccedilatildeo pode ter um efeito menos negativo

O brincar no contexto hospitalar ganhou mais importacircncia social

principalmente a partir do trabalho do meacutedico Patch Adams (1999) nos Estados

4

Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo

da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da

humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o

enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a

utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as

crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo

das experiecircncias

2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees

Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se

faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett

(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal

influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria

Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas

infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo

sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras

tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da

famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da

equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico

historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao

desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo

biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a

atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de

sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem

diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que

natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam

comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um

comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com

todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do

reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de

5

sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do

desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes

com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando

profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas

famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute

em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia

Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a

crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a

pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o

hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e

exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no

processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos

verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do

seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado

agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o

hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo

da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado

meacutedico

De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no

hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha

como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se

desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da

desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do

poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma

Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem

como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo

que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a

concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador

principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda

natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da

necessidade de estar em um hospital

6

Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos

sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida

plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento

esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-

se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses

fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das

instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da

mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e

vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance

deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela

plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da

sauacutede

Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a

compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)

conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute

a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na

vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a

seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA

SOUSA 2013)

A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de

qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute

falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo

especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da

personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar

diferenccedilas na vida adulta

Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de

entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos

meacutedicos utilizados para o tratamento

O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar

resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua

identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser

mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada

doenccedila

7

Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 3: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

3

A hospitalizaccedilatildeo carrega consigo uma seacuterie de comprometimentos aleacutem dos

fiacutesicos que afetam a vida das pessoas Com crianccedilas as coisas natildeo satildeo diferentes A

vivecircncia de uma crianccedila hospitalizada implica no estabelecimento de uma rotina

hospitalar e no processo de adaptaccedilatildeo a uma nova realidade

A infacircncia eacute um periacuteodo muito importante na vida de qualquer indiviacuteduo Eacute

nessa fase que o mesmo constroacutei sua relaccedilatildeo com o proacuteprio corpo e com o mundo

externo por meio de suas vivecircncias pessoais familiares e sociais Eacute uma fase marcada

pelas atividades fiacutesicas intensas sendo que estas satildeo necessaacuterias para que a crianccedila

possa explorar e conhecer o ambiente a sua volta e assim consequentemente

crescer e aprimorar seu conhecimento sobre o mundo Todavia no decorrer de seu

desenvolvimento as crianccedilas tambeacutem podem vivenciar periacuteodos de doenccedilas o que

muitas vezes pode ocasionar a hospitalizaccedilatildeo (OLIVEIRA apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Para a crianccedila o adoecimento eacute algo inesperado e natildeo desejado seus

costumes proacuteprios da infacircncia se distanciam devido a todas as restriccedilotildees que a

doenccedila e o seu tratamento trazem consigo Tais mudanccedilas causam um grande

impacto na vida da crianccedila e podem mudar o seu comportamento durante o processo

de hospitalizaccedilatildeo com a possibilidade de tais mudanccedilas perdurarem apoacutes a saiacuteda do

hospital (MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Sanchez (2011) a intervenccedilatildeo psicoloacutegica atrelada ao brincar

satildeo estrateacutegias que mobilizam um ambiente preventivo de comportamentos

depressivos ajudando a crianccedila a encarar seus obstaacuteculos Carvalho (2006) pontua

que todas as instituiccedilotildees que lidam com cuidados infantis devem ser reconhecidas

como ambientes de desenvolvimento com a finalidade de garantir uma equipe com

profissionais especializados e cientes das reais necessidades da crianccedila (apud

MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta e Enumo (apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011) para

diminuir as sensaccedilotildees desagradaacuteveis da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila o brinquedo pode

ser utilizado para alegrar e amenizar desta forma se estaraacute realizando um trabalho

mais humanizado no contexto hospitalar pois quando a crianccedila brinca no hospital

altera o ambiente na qual se encontra e acaba se aproximando de sua realidade

cotidiana e a hospitalizaccedilatildeo pode ter um efeito menos negativo

O brincar no contexto hospitalar ganhou mais importacircncia social

principalmente a partir do trabalho do meacutedico Patch Adams (1999) nos Estados

4

Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo

da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da

humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o

enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a

utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as

crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo

das experiecircncias

2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees

Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se

faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett

(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal

influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria

Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas

infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo

sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras

tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da

famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da

equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico

historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao

desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo

biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a

atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de

sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem

diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que

natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam

comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um

comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com

todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do

reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de

5

sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do

desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes

com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando

profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas

famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute

em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia

Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a

crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a

pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o

hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e

exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no

processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos

verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do

seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado

agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o

hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo

da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado

meacutedico

De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no

hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha

como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se

desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da

desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do

poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma

Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem

como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo

que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a

concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador

principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda

natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da

necessidade de estar em um hospital

6

Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos

sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida

plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento

esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-

se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses

fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das

instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da

mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e

vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance

deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela

plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da

sauacutede

Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a

compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)

conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute

a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na

vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a

seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA

SOUSA 2013)

A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de

qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute

falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo

especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da

personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar

diferenccedilas na vida adulta

Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de

entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos

meacutedicos utilizados para o tratamento

O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar

resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua

identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser

mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada

doenccedila

7

Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 4: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

4

Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo

da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da

humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o

enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a

utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as

crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo

das experiecircncias

2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees

Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se

faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett

(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal

influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria

Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas

infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo

sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras

tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da

famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da

equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico

historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao

desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo

biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a

atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de

sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem

diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que

natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam

comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um

comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com

todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do

reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de

5

sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do

desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes

com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando

profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas

famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute

em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia

Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a

crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a

pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o

hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e

exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no

processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos

verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do

seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado

agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o

hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo

da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado

meacutedico

De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no

hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha

como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se

desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da

desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do

poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma

Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem

como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo

que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a

concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador

principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda

natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da

necessidade de estar em um hospital

6

Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos

sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida

plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento

esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-

se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses

fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das

instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da

mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e

vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance

deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela

plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da

sauacutede

Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a

compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)

conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute

a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na

vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a

seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA

SOUSA 2013)

A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de

qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute

falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo

especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da

personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar

diferenccedilas na vida adulta

Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de

entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos

meacutedicos utilizados para o tratamento

O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar

resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua

identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser

mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada

doenccedila

7

Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 5: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

5

sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do

desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes

com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando

profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas

famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute

em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia

Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a

crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a

pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)

De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o

hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e

exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no

processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos

verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do

seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado

agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA

2013)

Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o

hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo

da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado

meacutedico

De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no

hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha

como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se

desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da

desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do

poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma

Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem

como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo

que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a

concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador

principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda

natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da

necessidade de estar em um hospital

6

Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos

sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida

plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento

esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-

se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses

fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das

instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da

mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e

vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance

deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela

plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da

sauacutede

Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a

compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)

conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute

a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na

vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a

seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA

SOUSA 2013)

A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de

qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute

falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo

especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da

personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar

diferenccedilas na vida adulta

Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de

entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos

meacutedicos utilizados para o tratamento

O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar

resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua

identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser

mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada

doenccedila

7

Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 6: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

6

Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos

sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida

plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento

esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-

se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses

fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das

instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da

mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e

vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance

deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela

plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da

sauacutede

Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a

compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)

conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute

a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na

vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a

seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA

SOUSA 2013)

A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de

qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute

falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo

especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da

personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar

diferenccedilas na vida adulta

Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de

entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos

meacutedicos utilizados para o tratamento

O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar

resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua

identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser

mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada

doenccedila

7

Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 7: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

7

Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para

a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta

passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia

devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais

geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados

para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute

fundamental

De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o

doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do

proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio

o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada

assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da

doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado

A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela

pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma

histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas

queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)

O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente

mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade

e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)

para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa

de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos

procedimentos hospitalares

O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar

crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o

processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o

desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que

possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que

dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo

(MENCcedilA SOUSA 2013)

Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)

Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 8: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

8

vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o

ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos

acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e

sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser

ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que

precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud

SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando

diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de

repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees

neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as

expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha

para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila

expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos

casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade

(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)

A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas

questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de

variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees

faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma

natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de

expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o

direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento

infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto

para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe

do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir

a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia

A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que

possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos

medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual

condiccedilatildeo

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975

Page 9: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

9

3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada

O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que

Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser

caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo

Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de

autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE

1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as

facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento

psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida

A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os

instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da

escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia

mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta

Para Garcia (2002)

a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e

da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se

valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)

Jaacute para Axline (1982)

a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a

psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo

facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior

possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores

alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato

de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma

oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas

atraveacutes do brincar (p 9)

Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no

mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)

eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o

crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos

grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Page 10: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

10

Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras

atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais

avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA

1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo

costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas

de brincar

Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem

brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a

inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos

aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes

Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis

contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de

atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros

Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila

a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos

aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo

de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui

muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a

imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante

aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de

internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo

impossibilitadas de brincar

A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos

brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca

e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)

Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da

realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir

que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem

uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos

jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com

adultos

De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza

tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades

na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade

11

A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

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Internaccedilatildeo infantil e sintomas depressivos intervenccedilatildeo psicoloacutegica Rev SBPH

Rio de Janeiro v14 n1 jun 2011 Disponiacutevel em lt

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WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975

Page 11: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

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A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado

para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao

terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer

No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um

contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila

e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de

crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de

uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se

refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico

4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo

A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo

geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas

hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas

Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em

hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas

e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado

pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o

brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar

dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem

proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo

da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai

encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo

esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel

O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite

que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode

deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se

uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute

somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos

A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem

percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a

projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo

12

Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154

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WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975

Page 12: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

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Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e

mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e

com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do

leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na

interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud

Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento

de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase

terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute

incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que

trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma

grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas

que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo

desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia

recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos

profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser

levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)

Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre

em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade

de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da

Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca

junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que

com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de

hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de

desenvolvimento

Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que

segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade

latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente

alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o

eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que

permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET

apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da

equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a

realidade da hospitalizaccedilatildeo

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A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

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remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABERASTURY Arminda A crianccedila e seus jogos Porto Alegre Artes Meacutedicas 1982 ALTAMIRA Lorena L A crianccedila hospitalizada um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

Psicoacutelogo Hospitalar Monografia apresentada ao curso de Psicologia da Pontifiacutecia

Universidade Catoacutelica de Minas Gerais ArcosMG 2010 Publicado em 07012011

Disponiacutevel em lt httpwwwwebartigoscomarticles563481A-crianca-

hospitalizada-um-estudo-sobre-a-atuacao--do-psicologo-hospitalarpagina1htm gt

Acesso em 12112015

ANGERAMI Valdemar Augusto et al E a Psicologia Entrou no Hospital Satildeo Paulo

Pioneira Thomson Learning 2003

AURELIANO Daniella Maria Mangueira A crianccedila hospitalizada e a ludoterapia

como fator beneacutefico para o tratamento Disponiacutevel em lt

16

httpspsicologadocombratuacaopsicologia-hospitalara-crianca-hospitalizada-e-a-

ludoterapia-como-fator-benefico-para-o-tratamento gt Acesso em 03112015

AXLINE Virgiacutenia Mae Ludoterapia Belo Horizonte Internacional 1972

CARVALHO A M amp BEGNIS J G Brincar em unidades de atendimento

pediaacutetrico aplicaccedilotildees e perspectivas Psicologia em Estudo Maringaacute V11 n1

p109-117 janabr 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrpdfpev11n1v11n1a13gt Acesso em 05112015

CASTRO Elisa Kern Psicologia pediaacutetrica a atenccedilatildeo agrave crianccedila e ao adolescente

com problemas de sauacutede Brasiacutelia V 27 n 3 Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo Set

2007 Disponiacutevel em lt

httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

98932007000300003 gt Acesso em 03112015

CHIATTONEHeloiacutesa Benevides de Carvalho A crianccedila e a morte In ANGERAMI-

CALMON Valdemar Augusto (org) et al E a psicologia entrou no hospital Satildeo

Paulo Pioneira Thomson Leaning 2003

COLLET Neusa OLIVEIRA Beatriz Rosana G de VIEIRA Claudia S Manual de

enfermagem em pediatria Goiacircnia AB 2012

Costa Junior A L Coutinho S M G amp Ferreira R S (2006) Recreaccedilatildeo planejada

em sala de espera de uma unidade pediaacutetrica efeitos comportamentais Paideacuteia

(Ribeiratildeo Preto) 16 111-118

DOCA Fernanda Nascimento Pereira COSTA JUNIOR Aacutederson Luiz Preparaccedilatildeo

psicoloacutegica para admissatildeo hospitalar de crianccedilas uma breve revisatildeo Paideacuteia

Ribeiratildeo Preto v17 n37 maioago 2007 Disponiacutevel em gt

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-863X2007000200002 gt

Acesso em 01112015

FIGUEIREDO L CM Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das

praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

GARCIA Shirley dos Santos Diretrizes da ludoterapia na Abordagem Centrada na

Pessoa InGOBBI Sergio Leonardo et al Vocabulaacuterio e noccedilotildees baacutesicas da

Abordagem Centrada na Pessoa 2ordf ed Satildeo Paulo Vetor 2002

KISHIMOTO Tizuko Morchida (Org) Jogo brinquedo brincadeira e a educaccedilatildeo

Satildeo Paulo Cortez Editora 2003

LESHAN Lawrence Brigando Pela vida Aspectos emocionais do cacircncer Satildeo Paulo Summus 1994

17

LINDQUISTIvonny A crianccedila no hospital terapia pelo brinquedo Traduccedilatildeo de Raquel Zumbano Altman Satildeo Paulo Paacutegina Aberta 1993 MENDONCcedilA Vitor Silva Sofrendo entre quatro paredes relatos de matildees

acompanhantes dos filhos hospitalizados Ver Eleacutectron Psicol poliacutet (Enliacutenea)

San Luis v 7 n 19 abr2009 Disponiacutevel em lt

httpwwwpsicopolunsleduarmarzo09_nota2pdf gt Acesso em 29102015

MENCcedilA V B SOUSA S S P S A crianccedila e o processo de hospitalizaccedilatildeo Os

desafios promovidos pela situaccedilatildeo da doenccedila lt

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MILANESI Karina et al Sofrimento psiacutequico da famiacutelia de crianccedilas

hospitalizadas Revista Brasileira de Enfermagem Brasiacutelia DF v59 n6 novdez

2006 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-

71672006000600009amplng=ptampnrm=isoamptlng=pt gt Acesso em 04112015

MONDARDO Anelise Hauschild O papel do psicoacutelogo no atendimento a crianccedilas

hospitalizadas Psico (Porto Alegre) 28(2) 35-46 juldez 1997 Disponiacutevel em lt

httppesquisabvsbrbrasilresourceespsi-2923 gt Acesso em 10112015

MOTTA Alessandra Bruonoro ENUMO Regina Fiorim Brincar no hospital

estrateacutegia de enfrentamento da hospitalizaccedilatildeo infantil Psicologia em Estudo

Maringaacute v9 n1 janabr 2004 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielobrpdfpev9n1v9n1a04 gt Acesso em 04112015

MOTTA Maria da Graccedila Corso da O Ser Doente no Triacuteplice Mundo da Crianccedila

Famiacutelia e Hospital uma Descriccedilatildeo Fenomenoloacutegica das Mudanccedilas Existenciais

Florianoacutepolis [sn] 1998

OLIVEIRA M K Vygotsky Aprendizado e desenvolvimento um processo

soacuteciohistoacuterico Satildeo Paulo SP Scipione 1993

PARCIANELLO Andreacuteia Taschetto FELIN Rodrigo Brito E agora doutor onde vou

brincar Consideraccedilotildees sobre a hospitalizaccedilatildeo infantil Revista do Departamento

de Ciecircncias Humanas Santa Cruz do Sul N 28 Janjun 2008 Disponiacutevel em lt

httpsonlineuniscbrseerindexphpbarbaroiarticleview356584 gt Acesso em

10112015

PINTO Juacutelia Peres RIBEIRO Circeacutea Amaacutelia SILVA Conceiccedilatildeo Vieira da Procurar

manter o equiliacutebrio para atender suas demandas e cuidar da crianccedila

hospitalizada a experiecircncia da famiacutelia Revista Latino-Americana de

Enfermagem Ribeiratildeo Preto v13 n6 novdez 2005 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-11692005000600009

gt Acesso em 03112015

18

SANCHEZ Marisa Leonetti Marantes EBELING Vanessa de Lourdes Nunes

Internaccedilatildeo infantil e sintomas depressivos intervenccedilatildeo psicoloacutegica Rev SBPH

Rio de Janeiro v14 n1 jun 2011 Disponiacutevel em lt

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08582011000100011ampscript=sci_arttext gt Acesso em 01112015

SANTOS A R R Psiconcologia pediaacutetrica em Hospital Escola Em R R Kerbauy

(Org) Sobre comportamento e cogniccedilatildeo Psicologia comportamental e

cognitiva-Cconceitos pesquisa e aplicaccedilatildeo a ecircnfase no ensinar na inovaccedilatildeo e

no questionamento cliacutenico (pp 139- 147) Santo Andreacute Arbytes Editora 2000

SCHNEIDER Carine Marlene MEDEIROS Letiacutecia Galery Crianccedila hospitalizada e

o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154

Disponiacutevel em lt

httpseditoraunoescedubrindexphpachsarticleviewFile741pdf_216 gt Acesso

em 03112015

SILVA Ana Noacutebrega da et al Psicologia Hospitalar reflexotildees a partir de uma

experiencia de estagio supervisionado junto ao setor Obsteacutetrico-Pediaacutetrico de

um Hospital Puacuteblico do interior de Rondocircnia Rev SBPH [online] 2012 vol15

n1 pp 41-58 ISSN 1516-0858 Disponiacutevel em lt

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08582012000100004ampscript=sci_abstract gt Acesso em 05112015

WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975

Page 13: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

13

A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute

atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da

intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada

pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud

FIGUEIREDO 2009)

A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece

natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um

momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam

com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela

se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos

De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia

estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o

lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no

contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma

equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto

a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de

informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe

o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o

psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no

paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo

preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo

deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina

hospitalar

A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares

e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem

como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de

comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos

e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento

para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do

adoecimento

Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do

serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente

estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABERASTURY Arminda A crianccedila e seus jogos Porto Alegre Artes Meacutedicas 1982 ALTAMIRA Lorena L A crianccedila hospitalizada um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

Psicoacutelogo Hospitalar Monografia apresentada ao curso de Psicologia da Pontifiacutecia

Universidade Catoacutelica de Minas Gerais ArcosMG 2010 Publicado em 07012011

Disponiacutevel em lt httpwwwwebartigoscomarticles563481A-crianca-

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Acesso em 12112015

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Pioneira Thomson Learning 2003

AURELIANO Daniella Maria Mangueira A crianccedila hospitalizada e a ludoterapia

como fator beneacutefico para o tratamento Disponiacutevel em lt

16

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ludoterapia-como-fator-benefico-para-o-tratamento gt Acesso em 03112015

AXLINE Virgiacutenia Mae Ludoterapia Belo Horizonte Internacional 1972

CARVALHO A M amp BEGNIS J G Brincar em unidades de atendimento

pediaacutetrico aplicaccedilotildees e perspectivas Psicologia em Estudo Maringaacute V11 n1

p109-117 janabr 2006 Disponiacutevel em

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CASTRO Elisa Kern Psicologia pediaacutetrica a atenccedilatildeo agrave crianccedila e ao adolescente

com problemas de sauacutede Brasiacutelia V 27 n 3 Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo Set

2007 Disponiacutevel em lt

httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

98932007000300003 gt Acesso em 03112015

CHIATTONEHeloiacutesa Benevides de Carvalho A crianccedila e a morte In ANGERAMI-

CALMON Valdemar Augusto (org) et al E a psicologia entrou no hospital Satildeo

Paulo Pioneira Thomson Leaning 2003

COLLET Neusa OLIVEIRA Beatriz Rosana G de VIEIRA Claudia S Manual de

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Costa Junior A L Coutinho S M G amp Ferreira R S (2006) Recreaccedilatildeo planejada

em sala de espera de uma unidade pediaacutetrica efeitos comportamentais Paideacuteia

(Ribeiratildeo Preto) 16 111-118

DOCA Fernanda Nascimento Pereira COSTA JUNIOR Aacutederson Luiz Preparaccedilatildeo

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Ribeiratildeo Preto v17 n37 maioago 2007 Disponiacutevel em gt

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praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Pessoa InGOBBI Sergio Leonardo et al Vocabulaacuterio e noccedilotildees baacutesicas da

Abordagem Centrada na Pessoa 2ordf ed Satildeo Paulo Vetor 2002

KISHIMOTO Tizuko Morchida (Org) Jogo brinquedo brincadeira e a educaccedilatildeo

Satildeo Paulo Cortez Editora 2003

LESHAN Lawrence Brigando Pela vida Aspectos emocionais do cacircncer Satildeo Paulo Summus 1994

17

LINDQUISTIvonny A crianccedila no hospital terapia pelo brinquedo Traduccedilatildeo de Raquel Zumbano Altman Satildeo Paulo Paacutegina Aberta 1993 MENDONCcedilA Vitor Silva Sofrendo entre quatro paredes relatos de matildees

acompanhantes dos filhos hospitalizados Ver Eleacutectron Psicol poliacutet (Enliacutenea)

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MENCcedilA V B SOUSA S S P S A crianccedila e o processo de hospitalizaccedilatildeo Os

desafios promovidos pela situaccedilatildeo da doenccedila lt

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1pdf gt Acesso em 29102015

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hospitalizadas Revista Brasileira de Enfermagem Brasiacutelia DF v59 n6 novdez

2006 Disponiacutevel em lt httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-

71672006000600009amplng=ptampnrm=isoamptlng=pt gt Acesso em 04112015

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hospitalizadas Psico (Porto Alegre) 28(2) 35-46 juldez 1997 Disponiacutevel em lt

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MOTTA Alessandra Bruonoro ENUMO Regina Fiorim Brincar no hospital

estrateacutegia de enfrentamento da hospitalizaccedilatildeo infantil Psicologia em Estudo

Maringaacute v9 n1 janabr 2004 Disponiacutevel em lt

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MOTTA Maria da Graccedila Corso da O Ser Doente no Triacuteplice Mundo da Crianccedila

Famiacutelia e Hospital uma Descriccedilatildeo Fenomenoloacutegica das Mudanccedilas Existenciais

Florianoacutepolis [sn] 1998

OLIVEIRA M K Vygotsky Aprendizado e desenvolvimento um processo

soacuteciohistoacuterico Satildeo Paulo SP Scipione 1993

PARCIANELLO Andreacuteia Taschetto FELIN Rodrigo Brito E agora doutor onde vou

brincar Consideraccedilotildees sobre a hospitalizaccedilatildeo infantil Revista do Departamento

de Ciecircncias Humanas Santa Cruz do Sul N 28 Janjun 2008 Disponiacutevel em lt

httpsonlineuniscbrseerindexphpbarbaroiarticleview356584 gt Acesso em

10112015

PINTO Juacutelia Peres RIBEIRO Circeacutea Amaacutelia SILVA Conceiccedilatildeo Vieira da Procurar

manter o equiliacutebrio para atender suas demandas e cuidar da crianccedila

hospitalizada a experiecircncia da famiacutelia Revista Latino-Americana de

Enfermagem Ribeiratildeo Preto v13 n6 novdez 2005 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-11692005000600009

gt Acesso em 03112015

18

SANCHEZ Marisa Leonetti Marantes EBELING Vanessa de Lourdes Nunes

Internaccedilatildeo infantil e sintomas depressivos intervenccedilatildeo psicoloacutegica Rev SBPH

Rio de Janeiro v14 n1 jun 2011 Disponiacutevel em lt

httppepsicbvsaludorgscielophppid=S1516-

08582011000100011ampscript=sci_arttext gt Acesso em 01112015

SANTOS A R R Psiconcologia pediaacutetrica em Hospital Escola Em R R Kerbauy

(Org) Sobre comportamento e cogniccedilatildeo Psicologia comportamental e

cognitiva-Cconceitos pesquisa e aplicaccedilatildeo a ecircnfase no ensinar na inovaccedilatildeo e

no questionamento cliacutenico (pp 139- 147) Santo Andreacute Arbytes Editora 2000

SCHNEIDER Carine Marlene MEDEIROS Letiacutecia Galery Crianccedila hospitalizada e

o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154

Disponiacutevel em lt

httpseditoraunoescedubrindexphpachsarticleviewFile741pdf_216 gt Acesso

em 03112015

SILVA Ana Noacutebrega da et al Psicologia Hospitalar reflexotildees a partir de uma

experiencia de estagio supervisionado junto ao setor Obsteacutetrico-Pediaacutetrico de

um Hospital Puacuteblico do interior de Rondocircnia Rev SBPH [online] 2012 vol15

n1 pp 41-58 ISSN 1516-0858 Disponiacutevel em lt

httppepsicbvsaludorgscielophppid=S1516-

08582012000100004ampscript=sci_abstract gt Acesso em 05112015

WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975

Page 14: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

14

remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara

a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar

O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina

estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar

um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o

profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um

profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das

outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades

Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem

resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir

sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute

transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade

maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado

humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer

pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes

de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que

estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar

conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua

sua famiacutelia

O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo

paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e

sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma

ser a da crianccedila

De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o

processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando

suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas

5 Consideraccedilotildees finais

Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem

respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da

ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada

bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem

precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas

ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de

hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABERASTURY Arminda A crianccedila e seus jogos Porto Alegre Artes Meacutedicas 1982 ALTAMIRA Lorena L A crianccedila hospitalizada um estudo sobre a atuaccedilatildeo do

Psicoacutelogo Hospitalar Monografia apresentada ao curso de Psicologia da Pontifiacutecia

Universidade Catoacutelica de Minas Gerais ArcosMG 2010 Publicado em 07012011

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Pioneira Thomson Learning 2003

AURELIANO Daniella Maria Mangueira A crianccedila hospitalizada e a ludoterapia

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16

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CASTRO Elisa Kern Psicologia pediaacutetrica a atenccedilatildeo agrave crianccedila e ao adolescente

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CHIATTONEHeloiacutesa Benevides de Carvalho A crianccedila e a morte In ANGERAMI-

CALMON Valdemar Augusto (org) et al E a psicologia entrou no hospital Satildeo

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COLLET Neusa OLIVEIRA Beatriz Rosana G de VIEIRA Claudia S Manual de

enfermagem em pediatria Goiacircnia AB 2012

Costa Junior A L Coutinho S M G amp Ferreira R S (2006) Recreaccedilatildeo planejada

em sala de espera de uma unidade pediaacutetrica efeitos comportamentais Paideacuteia

(Ribeiratildeo Preto) 16 111-118

DOCA Fernanda Nascimento Pereira COSTA JUNIOR Aacutederson Luiz Preparaccedilatildeo

psicoloacutegica para admissatildeo hospitalar de crianccedilas uma breve revisatildeo Paideacuteia

Ribeiratildeo Preto v17 n37 maioago 2007 Disponiacutevel em gt

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17

LINDQUISTIvonny A crianccedila no hospital terapia pelo brinquedo Traduccedilatildeo de Raquel Zumbano Altman Satildeo Paulo Paacutegina Aberta 1993 MENDONCcedilA Vitor Silva Sofrendo entre quatro paredes relatos de matildees

acompanhantes dos filhos hospitalizados Ver Eleacutectron Psicol poliacutet (Enliacutenea)

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OLIVEIRA M K Vygotsky Aprendizado e desenvolvimento um processo

soacuteciohistoacuterico Satildeo Paulo SP Scipione 1993

PARCIANELLO Andreacuteia Taschetto FELIN Rodrigo Brito E agora doutor onde vou

brincar Consideraccedilotildees sobre a hospitalizaccedilatildeo infantil Revista do Departamento

de Ciecircncias Humanas Santa Cruz do Sul N 28 Janjun 2008 Disponiacutevel em lt

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hospitalizada a experiecircncia da famiacutelia Revista Latino-Americana de

Enfermagem Ribeiratildeo Preto v13 n6 novdez 2005 Disponiacutevel em lt

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Internaccedilatildeo infantil e sintomas depressivos intervenccedilatildeo psicoloacutegica Rev SBPH

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Page 15: Um olhar sobre a importância da ludoterapia no processo de … · contribuições da ludoterapia durante o processo de internação, tendo como base a fenomenologia e os conceitos

15

Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as

possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a

importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por

vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram

familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de

sofrimento e dor

Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que

brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o

seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande

importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no

enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de

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ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e

a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar

fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de

trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos

profissionais da equipe de sauacutede

Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem

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16

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17

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OLIVEIRA M K Vygotsky Aprendizado e desenvolvimento um processo

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