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_______________________
sup1 Psicoacuteloga Cliacutenica e Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela FAFIRE ndash
Faculdade Frassinetti do Recife ndash Recife-PE sup2 Psicoacuteloga Cliacutenica e Especialista em Psicologia do
Tracircnsito pela FAFIRE ndash Faculdade Frassinetti do Recife ndash Recife-PE
Um olhar sobre a importacircncia da ludoterapia no processo de hospitalizaccedilatildeo
infantil com base na Abordagem Centrada na Pessoa
Ana Tayza Tavares de Figueiredosup1 Helena Karoline Vieira da Silvasup2
Resumo
Este artigo objetiva aprofundar o conhecimento sobre a hospitalizaccedilatildeo infantil e as
contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de internaccedilatildeo tendo como base a
fenomenologia e os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa O meacutetodo se
caracteriza como pesquisa bibliograacutefica visando um aprofundamento teoacuterico atraveacutes
das consideraccedilotildees apresentadas que possibilite o reconhecimento da importacircncia do
trabalho luacutedico frente a hospitalizaccedilatildeo infantil garantindo a crianccedila a continuidade do
desenvolvimento de suas potencialidades mesmo estando em um ambiente que lhe
parece hostil A hospitalizaccedilatildeo permeia uma etapa importante da vida da crianccedila
podendo comprometer caracteriacutesticas baacutesicas como a interrupccedilatildeo das fases de
aprendizagem socializaccedilatildeo e trocas de interaccedilotildees afetivas com familiares e amigos
Tendo como base o questionamento sobre a importacircncia do brincar durante o periacuteodo
de hospitalizaccedilatildeo infantil pretende-se apresentar como se daacute tal processo
identificando ganhos e perdas do mesmo e seus comprometimentos em diferentes
aacutereas relacionando os benefiacutecios do trabalho luacutedico com o tratamento meacutedico que
geralmente visa a patologia e natildeo o sujeito Conclui-se que o brincar no contexto
hospitalar pode contribuir para uma ressignificaccedilatildeo do interno e dos familiares sobre
o tratamento e de uma proposta diferente do modelo tradicional de intervenccedilatildeo no
cuidado ao paciente infantil no hospital
Palavras-chave hospitalizaccedilatildeo infantil ludoterapia brincar
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Abstract
This article aims to deepen the knowledge about child hospitalization and the
contributions of the treatment during the hospitalization process based on the
phenomenology and the concepts of the Person-Centered Approach The method
characterized as a bibliographical research aiming at a theoretical deepening through
consideration of the considerations which make it possible to recognize the
importance of the work on child hospitalization guaranteeing the child the continuity of
the development of its potential even in an environment that seems hostile
Hospitalization permeates an important stage of the childs life can compromise basic
characteristics such as the interruption of the phases of learning socialization and
exchanges of affective interactions with family and friends Based on the questioning
about the importance of playing during the period of child hospitalization is intended to
present as such process identifying its gains and losses and its commitments in
different relating the benefits of playful work to medical usually aims at the pathology
and not the subject We conclude that playing in the context hospital can contribute to
a re-signification of the internal and treatment and a proposal different from the
traditional model of intervention in the child patient at the hospital
Key words infant hospitalization ludoterapia play
1 Introduccedilatildeo
A maioria das crianccedilas sofre com as intervenccedilotildees meacutedicas e hospitalares e a
aceitaccedilatildeo de tais procedimentos eacute de difiacutecil compreensatildeo para elas Segundo Altamira
(2010) a crianccedila doente que se encontra em um estado fiacutesico enfraquecido com
dores tende a ter uma aceitaccedilatildeo melhor com relaccedilatildeo a hospitalizaccedilatildeo agrave medida que
suas dores vatildeo sendo aliviadas Jaacute crianccedilas internadas sem afetaccedilotildees fiacutesicas
encaram esse processo de modo hostil elas tecircm mais dificuldade em compreender e
aceitar a doenccedila Ferro (2007 apud MENCcedilA SOUSA 2013) afirma que elas
culpabilizam a famiacutelia e os meacutedicos por suas dores e por se encontrarem naquela
situaccedilatildeo
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A hospitalizaccedilatildeo carrega consigo uma seacuterie de comprometimentos aleacutem dos
fiacutesicos que afetam a vida das pessoas Com crianccedilas as coisas natildeo satildeo diferentes A
vivecircncia de uma crianccedila hospitalizada implica no estabelecimento de uma rotina
hospitalar e no processo de adaptaccedilatildeo a uma nova realidade
A infacircncia eacute um periacuteodo muito importante na vida de qualquer indiviacuteduo Eacute
nessa fase que o mesmo constroacutei sua relaccedilatildeo com o proacuteprio corpo e com o mundo
externo por meio de suas vivecircncias pessoais familiares e sociais Eacute uma fase marcada
pelas atividades fiacutesicas intensas sendo que estas satildeo necessaacuterias para que a crianccedila
possa explorar e conhecer o ambiente a sua volta e assim consequentemente
crescer e aprimorar seu conhecimento sobre o mundo Todavia no decorrer de seu
desenvolvimento as crianccedilas tambeacutem podem vivenciar periacuteodos de doenccedilas o que
muitas vezes pode ocasionar a hospitalizaccedilatildeo (OLIVEIRA apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Para a crianccedila o adoecimento eacute algo inesperado e natildeo desejado seus
costumes proacuteprios da infacircncia se distanciam devido a todas as restriccedilotildees que a
doenccedila e o seu tratamento trazem consigo Tais mudanccedilas causam um grande
impacto na vida da crianccedila e podem mudar o seu comportamento durante o processo
de hospitalizaccedilatildeo com a possibilidade de tais mudanccedilas perdurarem apoacutes a saiacuteda do
hospital (MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Sanchez (2011) a intervenccedilatildeo psicoloacutegica atrelada ao brincar
satildeo estrateacutegias que mobilizam um ambiente preventivo de comportamentos
depressivos ajudando a crianccedila a encarar seus obstaacuteculos Carvalho (2006) pontua
que todas as instituiccedilotildees que lidam com cuidados infantis devem ser reconhecidas
como ambientes de desenvolvimento com a finalidade de garantir uma equipe com
profissionais especializados e cientes das reais necessidades da crianccedila (apud
MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta e Enumo (apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011) para
diminuir as sensaccedilotildees desagradaacuteveis da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila o brinquedo pode
ser utilizado para alegrar e amenizar desta forma se estaraacute realizando um trabalho
mais humanizado no contexto hospitalar pois quando a crianccedila brinca no hospital
altera o ambiente na qual se encontra e acaba se aproximando de sua realidade
cotidiana e a hospitalizaccedilatildeo pode ter um efeito menos negativo
O brincar no contexto hospitalar ganhou mais importacircncia social
principalmente a partir do trabalho do meacutedico Patch Adams (1999) nos Estados
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Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo
da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da
humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o
enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a
utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as
crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo
das experiecircncias
2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees
Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se
faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett
(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal
influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria
Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas
infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo
sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras
tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da
famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da
equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico
historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao
desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo
biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a
atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de
sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem
diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que
natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam
comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um
comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com
todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do
reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de
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sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do
desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes
com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando
profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas
famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute
em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia
Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a
crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a
pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o
hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e
exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no
processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos
verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do
seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado
agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o
hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo
da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado
meacutedico
De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no
hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha
como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se
desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da
desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do
poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma
Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem
como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo
que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a
concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador
principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda
natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da
necessidade de estar em um hospital
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Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos
sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida
plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento
esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-
se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses
fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das
instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da
mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e
vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance
deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela
plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da
sauacutede
Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a
compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)
conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute
a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a
seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA
SOUSA 2013)
A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de
qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute
falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo
especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da
personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar
diferenccedilas na vida adulta
Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de
entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos
meacutedicos utilizados para o tratamento
O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar
resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua
identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser
mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada
doenccedila
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Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
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vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
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3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
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Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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2
Abstract
This article aims to deepen the knowledge about child hospitalization and the
contributions of the treatment during the hospitalization process based on the
phenomenology and the concepts of the Person-Centered Approach The method
characterized as a bibliographical research aiming at a theoretical deepening through
consideration of the considerations which make it possible to recognize the
importance of the work on child hospitalization guaranteeing the child the continuity of
the development of its potential even in an environment that seems hostile
Hospitalization permeates an important stage of the childs life can compromise basic
characteristics such as the interruption of the phases of learning socialization and
exchanges of affective interactions with family and friends Based on the questioning
about the importance of playing during the period of child hospitalization is intended to
present as such process identifying its gains and losses and its commitments in
different relating the benefits of playful work to medical usually aims at the pathology
and not the subject We conclude that playing in the context hospital can contribute to
a re-signification of the internal and treatment and a proposal different from the
traditional model of intervention in the child patient at the hospital
Key words infant hospitalization ludoterapia play
1 Introduccedilatildeo
A maioria das crianccedilas sofre com as intervenccedilotildees meacutedicas e hospitalares e a
aceitaccedilatildeo de tais procedimentos eacute de difiacutecil compreensatildeo para elas Segundo Altamira
(2010) a crianccedila doente que se encontra em um estado fiacutesico enfraquecido com
dores tende a ter uma aceitaccedilatildeo melhor com relaccedilatildeo a hospitalizaccedilatildeo agrave medida que
suas dores vatildeo sendo aliviadas Jaacute crianccedilas internadas sem afetaccedilotildees fiacutesicas
encaram esse processo de modo hostil elas tecircm mais dificuldade em compreender e
aceitar a doenccedila Ferro (2007 apud MENCcedilA SOUSA 2013) afirma que elas
culpabilizam a famiacutelia e os meacutedicos por suas dores e por se encontrarem naquela
situaccedilatildeo
3
A hospitalizaccedilatildeo carrega consigo uma seacuterie de comprometimentos aleacutem dos
fiacutesicos que afetam a vida das pessoas Com crianccedilas as coisas natildeo satildeo diferentes A
vivecircncia de uma crianccedila hospitalizada implica no estabelecimento de uma rotina
hospitalar e no processo de adaptaccedilatildeo a uma nova realidade
A infacircncia eacute um periacuteodo muito importante na vida de qualquer indiviacuteduo Eacute
nessa fase que o mesmo constroacutei sua relaccedilatildeo com o proacuteprio corpo e com o mundo
externo por meio de suas vivecircncias pessoais familiares e sociais Eacute uma fase marcada
pelas atividades fiacutesicas intensas sendo que estas satildeo necessaacuterias para que a crianccedila
possa explorar e conhecer o ambiente a sua volta e assim consequentemente
crescer e aprimorar seu conhecimento sobre o mundo Todavia no decorrer de seu
desenvolvimento as crianccedilas tambeacutem podem vivenciar periacuteodos de doenccedilas o que
muitas vezes pode ocasionar a hospitalizaccedilatildeo (OLIVEIRA apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Para a crianccedila o adoecimento eacute algo inesperado e natildeo desejado seus
costumes proacuteprios da infacircncia se distanciam devido a todas as restriccedilotildees que a
doenccedila e o seu tratamento trazem consigo Tais mudanccedilas causam um grande
impacto na vida da crianccedila e podem mudar o seu comportamento durante o processo
de hospitalizaccedilatildeo com a possibilidade de tais mudanccedilas perdurarem apoacutes a saiacuteda do
hospital (MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Sanchez (2011) a intervenccedilatildeo psicoloacutegica atrelada ao brincar
satildeo estrateacutegias que mobilizam um ambiente preventivo de comportamentos
depressivos ajudando a crianccedila a encarar seus obstaacuteculos Carvalho (2006) pontua
que todas as instituiccedilotildees que lidam com cuidados infantis devem ser reconhecidas
como ambientes de desenvolvimento com a finalidade de garantir uma equipe com
profissionais especializados e cientes das reais necessidades da crianccedila (apud
MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta e Enumo (apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011) para
diminuir as sensaccedilotildees desagradaacuteveis da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila o brinquedo pode
ser utilizado para alegrar e amenizar desta forma se estaraacute realizando um trabalho
mais humanizado no contexto hospitalar pois quando a crianccedila brinca no hospital
altera o ambiente na qual se encontra e acaba se aproximando de sua realidade
cotidiana e a hospitalizaccedilatildeo pode ter um efeito menos negativo
O brincar no contexto hospitalar ganhou mais importacircncia social
principalmente a partir do trabalho do meacutedico Patch Adams (1999) nos Estados
4
Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo
da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da
humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o
enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a
utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as
crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo
das experiecircncias
2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees
Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se
faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett
(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal
influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria
Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas
infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo
sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras
tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da
famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da
equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico
historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao
desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo
biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a
atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de
sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem
diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que
natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam
comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um
comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com
todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do
reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de
5
sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do
desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes
com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando
profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas
famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute
em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia
Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a
crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a
pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o
hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e
exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no
processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos
verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do
seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado
agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o
hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo
da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado
meacutedico
De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no
hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha
como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se
desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da
desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do
poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma
Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem
como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo
que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a
concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador
principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda
natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da
necessidade de estar em um hospital
6
Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos
sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida
plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento
esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-
se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses
fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das
instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da
mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e
vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance
deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela
plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da
sauacutede
Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a
compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)
conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute
a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a
seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA
SOUSA 2013)
A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de
qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute
falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo
especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da
personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar
diferenccedilas na vida adulta
Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de
entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos
meacutedicos utilizados para o tratamento
O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar
resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua
identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser
mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada
doenccedila
7
Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
8
vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
9
3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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httppepsicbvsaludorgscielophppid=S1516-
08582011000100011ampscript=sci_arttext gt Acesso em 01112015
SANTOS A R R Psiconcologia pediaacutetrica em Hospital Escola Em R R Kerbauy
(Org) Sobre comportamento e cogniccedilatildeo Psicologia comportamental e
cognitiva-Cconceitos pesquisa e aplicaccedilatildeo a ecircnfase no ensinar na inovaccedilatildeo e
no questionamento cliacutenico (pp 139- 147) Santo Andreacute Arbytes Editora 2000
SCHNEIDER Carine Marlene MEDEIROS Letiacutecia Galery Crianccedila hospitalizada e
o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154
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httpseditoraunoescedubrindexphpachsarticleviewFile741pdf_216 gt Acesso
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SILVA Ana Noacutebrega da et al Psicologia Hospitalar reflexotildees a partir de uma
experiencia de estagio supervisionado junto ao setor Obsteacutetrico-Pediaacutetrico de
um Hospital Puacuteblico do interior de Rondocircnia Rev SBPH [online] 2012 vol15
n1 pp 41-58 ISSN 1516-0858 Disponiacutevel em lt
httppepsicbvsaludorgscielophppid=S1516-
08582012000100004ampscript=sci_abstract gt Acesso em 05112015
WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975
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A hospitalizaccedilatildeo carrega consigo uma seacuterie de comprometimentos aleacutem dos
fiacutesicos que afetam a vida das pessoas Com crianccedilas as coisas natildeo satildeo diferentes A
vivecircncia de uma crianccedila hospitalizada implica no estabelecimento de uma rotina
hospitalar e no processo de adaptaccedilatildeo a uma nova realidade
A infacircncia eacute um periacuteodo muito importante na vida de qualquer indiviacuteduo Eacute
nessa fase que o mesmo constroacutei sua relaccedilatildeo com o proacuteprio corpo e com o mundo
externo por meio de suas vivecircncias pessoais familiares e sociais Eacute uma fase marcada
pelas atividades fiacutesicas intensas sendo que estas satildeo necessaacuterias para que a crianccedila
possa explorar e conhecer o ambiente a sua volta e assim consequentemente
crescer e aprimorar seu conhecimento sobre o mundo Todavia no decorrer de seu
desenvolvimento as crianccedilas tambeacutem podem vivenciar periacuteodos de doenccedilas o que
muitas vezes pode ocasionar a hospitalizaccedilatildeo (OLIVEIRA apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Para a crianccedila o adoecimento eacute algo inesperado e natildeo desejado seus
costumes proacuteprios da infacircncia se distanciam devido a todas as restriccedilotildees que a
doenccedila e o seu tratamento trazem consigo Tais mudanccedilas causam um grande
impacto na vida da crianccedila e podem mudar o seu comportamento durante o processo
de hospitalizaccedilatildeo com a possibilidade de tais mudanccedilas perdurarem apoacutes a saiacuteda do
hospital (MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Sanchez (2011) a intervenccedilatildeo psicoloacutegica atrelada ao brincar
satildeo estrateacutegias que mobilizam um ambiente preventivo de comportamentos
depressivos ajudando a crianccedila a encarar seus obstaacuteculos Carvalho (2006) pontua
que todas as instituiccedilotildees que lidam com cuidados infantis devem ser reconhecidas
como ambientes de desenvolvimento com a finalidade de garantir uma equipe com
profissionais especializados e cientes das reais necessidades da crianccedila (apud
MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta e Enumo (apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011) para
diminuir as sensaccedilotildees desagradaacuteveis da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila o brinquedo pode
ser utilizado para alegrar e amenizar desta forma se estaraacute realizando um trabalho
mais humanizado no contexto hospitalar pois quando a crianccedila brinca no hospital
altera o ambiente na qual se encontra e acaba se aproximando de sua realidade
cotidiana e a hospitalizaccedilatildeo pode ter um efeito menos negativo
O brincar no contexto hospitalar ganhou mais importacircncia social
principalmente a partir do trabalho do meacutedico Patch Adams (1999) nos Estados
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Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo
da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da
humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o
enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a
utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as
crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo
das experiecircncias
2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees
Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se
faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett
(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal
influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria
Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas
infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo
sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras
tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da
famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da
equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico
historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao
desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo
biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a
atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de
sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem
diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que
natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam
comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um
comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com
todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do
reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de
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sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do
desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes
com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando
profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas
famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute
em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia
Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a
crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a
pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o
hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e
exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no
processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos
verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do
seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado
agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o
hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo
da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado
meacutedico
De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no
hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha
como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se
desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da
desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do
poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma
Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem
como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo
que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a
concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador
principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda
natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da
necessidade de estar em um hospital
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Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos
sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida
plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento
esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-
se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses
fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das
instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da
mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e
vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance
deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela
plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da
sauacutede
Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a
compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)
conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute
a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a
seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA
SOUSA 2013)
A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de
qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute
falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo
especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da
personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar
diferenccedilas na vida adulta
Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de
entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos
meacutedicos utilizados para o tratamento
O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar
resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua
identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser
mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada
doenccedila
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Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
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vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
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3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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4
Unidos da Ameacuterica Tal temaacutetica tem conquistado um espaccedilo interessante no estudo
da hospitalizaccedilatildeo infantil trazendo questotildees ligadas agrave sua relevacircncia na questatildeo da
humanizaccedilatildeo hospitalar (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Azevedo (apud MENCcedilA SOUSA 2013) verifica-se que o
enfrentamento das consequecircncias psicoloacutegicas da doenccedila eacute favorecido com a
utilizaccedilatildeo do luacutedico contemplando a abordagem em grupos a fim de integrar as
crianccedilas e seus familiares e proporcionar momentos de satisfaccedilatildeo e de reorganizaccedilatildeo
das experiecircncias
2 O contexto hospitalar e suas implicaccedilotildees
Para que se entenda melhor os fatores envolvidos no contexto em questatildeo se
faz necessaacuteria uma breve reflexatildeo sobre a origem da pediatria De acordo com Calvett
(2008) o estudo da pediatria surgiu na uacuteltima metade dos anos 1800 sob a principal
influecircncia do meacutedico Abraham Jacobi (1830-1819) considerado o Pai da Pediatria
Ele desenvolveu diversas pesquisas na investigaccedilatildeo cientiacutefica e cliacutenica das doenccedilas
infantis e pode oferecer diferentes maneiras de como ajudar a crianccedila no processo
sauacutede-doenccedila Collet Oliveira e Vieira (2002) pontuam que essas diferentes maneiras
tiveram influecircncia direta na visatildeo dos profissionais sobre o ser crianccedila o papel da
famiacutelia a importacircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o modo de se relacionar da
equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Costa Junior Coutinho e Ferreira (2006) o hospital pediaacutetrico
historicamente era tido como um ambiente contraacuterio e limitado no que diz respeito ao
desenvolvimento humano O modo de atendimento hospitalar era baseado no modelo
biomeacutedico de sauacutede apenas o tratamento e a cura da doenccedila eram enfatizados a
atenccedilatildeo integral agraves crianccedilas e adolescentes e a manutenccedilatildeo de comportamentos de
sauacutede eram desconsiderados A crianccedila hospitalizada era vista como um adulto sem
diferenciaccedilatildeo em sua assistecircncia Desse modo o enfrentamento de situaccedilotildees que
natildeo englobavam as necessidades miacutenimas do desenvolvimento infantil provocavam
comportamentos de rejeiccedilatildeo agrave terapecircutica prescrita pelos profissionais aleacutem de um
comportamento mais riacutespido e dificuldades de socializaccedilatildeo com outras crianccedilas e com
todos os membros da equipe de sauacutede (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
Desse modo segundo Castro (2007) a Psicologia Pediaacutetrica surgiu do
reconhecimento sobre a relevacircncia dos aspectos psicoloacutegicos para os problemas de
5
sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do
desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes
com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando
profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas
famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute
em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia
Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a
crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a
pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o
hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e
exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no
processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos
verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do
seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado
agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o
hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo
da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado
meacutedico
De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no
hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha
como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se
desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da
desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do
poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma
Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem
como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo
que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a
concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador
principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda
natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da
necessidade de estar em um hospital
6
Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos
sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida
plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento
esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-
se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses
fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das
instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da
mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e
vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance
deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela
plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da
sauacutede
Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a
compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)
conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute
a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a
seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA
SOUSA 2013)
A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de
qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute
falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo
especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da
personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar
diferenccedilas na vida adulta
Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de
entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos
meacutedicos utilizados para o tratamento
O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar
resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua
identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser
mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada
doenccedila
7
Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
8
vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
9
3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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sauacutede bem como da constataccedilatildeo da necessidade do conhecimento do
desenvolvimento infantil e do interesse em realizar intervenccedilotildees breves e eficientes
com as crianccedilas Em 1968 foi que surgiu o termo Psicologia Pediaacutetrica quando
profissionais interessados no cuidado da sauacutede de crianccedilas adolescentes e suas
famiacutelias passaram a desenvolver uma avaliaccedilatildeo e intervenccedilatildeo de modo diferente Daiacute
em diante a aacuterea cresceu e se ampliou Atualmente a definiccedilatildeo de Psicologia
Pediaacutetrica condiz com a aplicaccedilatildeo dos conhecimentos da Psicologia da Sauacutede para a
crianccedila o adolescente e seus familiares abrangendo o atendimento cliacutenico a
pesquisa e o ensino (apud MENCcedilA SOUSA 2013)
De acordo com Collet Oliveira e Vieira (apud MENCcedilA SOUSA 2013) o
hospital eacute uma instituiccedilatildeo de atendimento agrave sauacutede com uma finalidade especiacutefica e
exige dos profissionais uma atuaccedilatildeo conjunta com os que precisam de assistecircncia no
processo diagnoacutestico-terapecircutico Levando em consideraccedilatildeo aspectos histoacutericos
verifica-se que o hospital foi iniciado como um instrumento terapecircutico no final do
seacuteculo XVIII poreacutem o entendimento de que o hospital era um instrumento destinado
agrave cura apareceu apenas em torno de 1780 (FOUCAULT apud MENCcedilA SOUSA
2013)
Anteriormente a isso Mendonccedila (apud MENCcedilA SOUSA 2013) conta que o
hospital era o local dos doentes moribundos e invaacutelidos No entanto com o avanccedilo
da ciecircncia meacutedica o hospital passou a ser visto como um ambiente de cuidado
meacutedico
De acordo com Silva (2012) a funccedilatildeo meacutedica nesse periacuteodo natildeo aparecia no
hospital A praacutetica meacutedica era focada no atendimento cliacutenico era individualista e tinha
como base apenas a teoria e a medicalizaccedilatildeo A mudanccedila dessa visatildeo do hospital se
desfez desconstruindo seu efeito negativo quando houve uma reorganizaccedilatildeo da
desordem existente com relaccedilatildeo agraves doenccedilas O meacutedico passa a ser o detentor do
poder na instituiccedilatildeo e presenccedila constante na mesma
Hoje com a progressatildeo do tipo de pensamento citado acima o hospital tem
como funccedilatildeo proporcionar a cura tratamentos e prevenccedilotildees de doenccedilas agrave populaccedilatildeo
que precisar de intervenccedilotildees meacutedicas e assistecircncia agrave sauacutede Para muitos eacute forte a
concepccedilatildeo negativa do hospital o qual eacute tido ainda como algo ruim e amedrontador
principalmente para as crianccedilas que estatildeo em fase de desenvolvimento e que ainda
natildeo tem a capacidade em sua totalidade de compreender o real motivo da
necessidade de estar em um hospital
6
Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos
sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida
plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento
esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-
se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses
fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das
instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da
mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e
vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance
deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela
plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da
sauacutede
Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a
compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)
conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute
a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a
seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA
SOUSA 2013)
A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de
qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute
falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo
especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da
personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar
diferenccedilas na vida adulta
Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de
entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos
meacutedicos utilizados para o tratamento
O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar
resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua
identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser
mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada
doenccedila
7
Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
8
vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
9
3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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Segundo Mondardo (1997) o contexto do ambiente hospitalar abriga muitos
sentimentos ambivalentes e paradoxais como vida e morte cura e sofrimento vida
plena e vida limitada tristeza e alegria entre outros Na hospitalizaccedilatildeo e internamento
esses sentimentos satildeo mais evidentes Na maioria das vezes a hospitalizaccedilatildeo centra-
se no diagnoacutestico e tratamento de algum tipo de enfermidade fiacutesica Apesar desses
fatores que geram sofrimento e expectativas natildeo se pode negar o objetivo maior das
instituiccedilotildees de sauacutede alcanccedilar a garantia agrave vida possibilitando a qualidade da
mesma Aqui se mostra um paradoxo lidar com dor e morte promovendo sauacutede e
vida O psicoacutelogo posto neste ambiente de modo interdisciplinar faz parte do alcance
deste objetivo auxiliando com seu conhecimento teoacuterico e praacutetico na busca pela
plenitude fiacutesica e emocional dos pacientes familiares e equipe rumo a promoccedilatildeo da
sauacutede
Para o entendimento do processo sauacutede-doenccedila torna-se indispensaacutevel a
compreensatildeo de sauacutede e qualidade de vida A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS)
conceitua sauacutede como sendo um estado de bem-estar total fiacutesico mental e social Jaacute
a qualidade de vida eacute vista como sendo a percepccedilatildeo do sujeito de sua posiccedilatildeo na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relaccedilatildeo a
seus objetivos expectativas padrotildees e preocupaccedilotildees (CALVETT apud MENCcedilA
SOUSA 2013)
A doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo abalam significativamente o estado emocional de
qualquer indiviacuteduo Nas crianccedilas esse abalo eacute ainda mais delicado Quando se eacute
falado em crianccedila acometida por alguma enfermidade deve-se ter uma atenccedilatildeo
especial pois eacute no desenvolvimento infantil que se estabelece e se constroacutei muito da
personalidade do indiviacuteduo e qualquer alteraccedilatildeo no seu decurso pode acarretar
diferenccedilas na vida adulta
Segundo Silva (2012) a crianccedila quando hospitalizada tem dificuldade de
entender o que se passa com ela de compreender a doenccedila e os procedimentos
meacutedicos utilizados para o tratamento
O impacto da hospitalizaccedilatildeo engloba o imaginaacuterio infantil podendo originar
resultados negativos Como aponta Campos (apud SILVA 2012) o sujeito perde sua
identidade pessoal pois a partir do momento em que eacute internado este passa a ser
mais um nuacutemero de prontuaacuterio ou ateacute mesmo o indiviacuteduo que tem determinada
doenccedila
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Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
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vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
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3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
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Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
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A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
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Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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7
Segundo Silva (2012) em tempos passados quando se detinha o olhar para
a questatildeo da crianccedila que se encontra em sofrimento fiacutesico e consequentemente esta
passa a ser internada se esquece o sofrimento psiacutequico que a crianccedila vivencia
devido ao fato de que a preocupaccedilatildeo maior dos profissionais da sauacutede de modo mais
geral eacute com a doenccedila o tratamento e a cura Os meacutedicos natildeo eram tatildeo preparados
para a escuta dos pacientes em se tratando do contexto infantil essa atenccedilatildeo eacute
fundamental
De acordo com Silva (2012) os profissionais da sauacutede costumam tratar o
doente como objetos de estudos tratando somente a doenccedila e esquecendo-se do
proacuteprio paciente que fica agrave mercecirc de sua proacutepria doenccedila Por isso se faz necessaacuterio
o investimento na humanizaccedilatildeo da sauacutede onde a relaccedilatildeo com o paciente eacute valorizada
assim como sua subjetividade direitos e valores Isso facilita a compreensatildeo da
doenccedila e o seu enfrentamento pode ser melhor vivenciado
A humanizaccedilatildeo do atendimento ao paciente internado supotildee o respeito pela
pessoa doente o reconhecimento de que ele tem uma identidade uma
histoacuteria um lugar no mundo que ele deve ser escutado e atendido nas suas
queixas que natildeo satildeo apenas orgacircnicas (NIGRO apud SILVA 2012)
O avanccedilo no processo de humanizaccedilatildeo jaacute tem proporcionado um ambiente
mais acolhedor e facilitador em muitas instituiccedilotildees Para a crianccedila essa sensibilidade
e esse tipo de cuidado e atenccedilatildeo satildeo muito importantes De acordo com Silva (2012)
para a crianccedila o hospital eacute um lugar desagradaacutevel amedrontador e punitivo por causa
de suas regras e proibiccedilotildees que a mantecircm em situaccedilotildees passivas diante dos
procedimentos hospitalares
O ambiente hospitalar incita receios e tristeza sendo inevitaacutevel encontrar
crianccedilas com sintomas depressivos decorrentes da hospitalizaccedilatildeo A doenccedila e o
processo de internaccedilatildeo interferem na vivecircncia da crianccedila fazendo-se necessaacuterio o
desenvolvimento de intervenccedilotildees proacuteprias para lidar com a fase em questatildeo que
possibilitem a minimizaccedilatildeo das consequecircncias provenientes da doenccedila orgacircnica que
dificultam o tratamento e a aceitaccedilatildeo dos procedimentos para a sua recuperaccedilatildeo
(MENCcedilA SOUSA 2013)
Conforme Motta (1998) Barros (1999 apud DOCA COSTA JUNIOR 2007)
Pinto Ribeiro e Silva (2005) e Milanesi et al (2006) a hospitalizaccedilatildeo que os pais
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vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
9
3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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vivenciam com relaccedilatildeo a doenccedila do filho em grande parte eacute desesperadora pois o
ambiente hospitalar com sua dinacircmica de procedimentos tratamentos e imprevistos
acabam causando sofrimento dor e problemas de cunho psicoloacutegico para a crianccedila e
sua famiacutelia De acordo com Chiattone (apud ANGERAMI 2003) ambos precisam ser
ajudados considerando que a chegada ao hospital eacute um momento crucial e que
precisa ser olhado em sua totalidade com bastante atenccedilatildeo e cuidado (apud
SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo pode mudar o desenvolvimento da crianccedila gerando
diferenccedilas fiacutesicas e mentais No hospital predominam os comportamentos de
repressatildeo de sentimentos na crianccedila onde ela natildeo pode expressar suas emoccedilotildees
neste local eacute comum encontrar nos meacutedicos enfermeiros pais e acompanhantes as
expressotildees lsquovocecirc eacute corajosarsquo lsquomenino natildeo chorarsquo lsquovamos tomar injeccedilatildeo bem quietinha
para ir logo para casarsquo lsquoele eacute forte natildeo chorarsquo lsquoela eacute boazinharsquo Muitas vezes a crianccedila
expressa sua raiva com lsquonomes feiosrsquo comportamentos agressivos e na maioria dos
casos pessoas que ali estatildeo natildeo validam esta expressatildeo ignorando esta necessidade
(SOUZA CAMARGO BULGAVOV apud SCHNEIDER MEDEIROS 2011)
A hospitalizaccedilatildeo infantil eacute um fenocircmeno muito complexo com profundas
questotildees que deve ser visto de modo total jaacute que compreende uma gama de
variaacuteveis a serem levadas em consideraccedilatildeo Com o reconhecimento destas questotildees
faz-se necessaacuterio considerar a plenitude da assistecircncia agrave crianccedila para que a mesma
natildeo seja vista como portadora de uma doenccedila e sim como um ser provido de
expectativas e sentimentos O envolvimento da famiacutelia nos cuidados agrave crianccedila e o
direito que a mesma tem da presenccedila de um acompanhante durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo eacute uma grande conquista em termos da humanizaccedilatildeo do atendimento
infantil A famiacutelia neste momento representa grande fonte de seguranccedila e conforto
para a crianccedila Eacute tambeacutem fundamental que exista interaccedilatildeo entre a famiacutelia e a equipe
do hospital para que a internaccedilatildeo resulte em uma mobilizaccedilatildeo conjunta para garantir
a vida da crianccedila superando dificuldades do dia a dia
A intervenccedilatildeo psicoloacutegica junto com o aparato luacutedico satildeo estrateacutegias que
possibilitam um ambiente que pode diminuir aspectos depressivos e efeitos
medicamentosos auxiliando a crianccedila no enfrentamento da doenccedila e da sua atual
condiccedilatildeo
9
3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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9
3 A importacircncia do luacutedico na recuperaccedilatildeo da crianccedila hospitalizada
O ser humano tem uma forccedila que busca constantemente a autorrealizaccedilatildeo que
Rogers denomina tendecircncia realizadora Segundo Axline (1972) essa forccedila pode ser
caracterizada como uma corrida para a maturidade independecircncia e auto-direccedilatildeo
Logo se a pessoa se depara com uma barreira que dificulta esse processo de
autorrealizaccedilatildeo () eacute formada uma aacuterea de resistecircncia atrito e tensatildeo (AXLINE
1972) Se por exemplo uma crianccedila natildeo tem a oportunidade de crescer com as
facilitaccedilotildees necessaacuterias tem mais condiccedilotildees de adoecer E eacute no adoecimento
psiacutequico natildeo soacute de crianccedilas e adolescentes que a ludoterapia pode ser inserida
A ludoterapia eacute usada como auxiacutelio no desenvolvimento da crianccedila Os
instrumentos utilizados nesse trabalho satildeo jogos brinquedos e brincadeiras aleacutem da
escuta terapecircutica Os jogos e brincadeiras estatildeo na vida do sujeito desde a infacircncia
mas natildeo satildeo necessariamente excluiacutedos na fase adulta
Para Garcia (2002)
a ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e
da intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se
valorizada pelo que ela estaacute sendo neste momento de crescimento (p 186)
Jaacute para Axline (1982)
a ludoterapia trata-se do tratamento psicoteraacutepico voltado agrave crianccedila Eacute a
psicoterapia realizada atraveacutes do luacutedico do brincar e tem como objetivo
facilitar a expressatildeo da crianccedila Eacute atraveacutes do brincar que a crianccedila tem maior
possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores
alternativas para lidar com essas demandas A ludoterapia eacute baseada no fato
de que o jogo eacute o meio natural de autoexpressatildeo da crianccedila Eacute uma
oportunidade dada agrave crianccedila de se libertar de seus sentimentos e problemas
atraveacutes do brincar (p 9)
Eacute durante as brincadeiras que a crianccedila consegue desenvolver seu agir no
mundo sua autonomia e sua criatividade Para WINNICOTT (1975)
eacute a brincadeira que eacute universal e que eacute a proacutepria sauacutede o brincar facilita o
crescimento e portanto a sauacutede o brincar conduz aos relacionamentos
grupais o brincar pode ser uma forma de comunicaccedilatildeo na psicoterapia (p 63)
10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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10
Segundo Vygotsky a brincadeira tambeacutem eacute uma atividade onde as regras
atuam e dessa forma fazem com que as crianccedilas demonstrem comportamentos mais
avanccedilados dos que satildeo esperados em sua idade (VYGOTSKY apud OLIVEIRA
1993) As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de internaccedilatildeo
costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo impossibilitadas
de brincar
Para Kostelnik e colaboradores apud Kishimoto (2003) crianccedilas preferem
brincadeiras de super-heroacuteis pois algumas caracteriacutesticas principais satildeo a forccedila a
inteligecircncia e a bondade a capacidade de resolver problemas e vencer obstaacuteculos
aleacutem de poderem voar e serem bastante resistentes
Levinson apud Kishimoto (2003) afirma ainda que a brincadeira desuper-heroacuteis
contribui para o desenvolvimento da autoconfianccedila auxiliando na realizaccedilatildeo de
atividades corriqueiras como vestir-se fazer amigos entre outros
Natildeo soacute a brincadeira de ser super-heroacuteis mas o proacuteprio brincar ajuda a crianccedila
a desenvolver sua autoestima aleacutem de aprender mais sobre o mundo dos adultos
aprender como se comunicar ampliar sua rede de relacionamentos e realizar o desejo
de poder ser o que quiser bastando usar apenas sua imaginaccedilatildeo E isso contribui
muito tambeacutem para a melhora da crianccedila que estaacute hospitalizada pois com a
imaginaccedilatildeo ela consegue lidar melhor com as dores e intervenccedilotildees que passa durante
aquele periacuteodo As crianccedilas que tem a oportunidade de brincar durante o periacuteodo de
internaccedilatildeo costumam apresentar uma melhora mais raacutepida do que as que satildeo
impossibilitadas de brincar
A palavra luacutedico significa brincar Nesse brincar estatildeo incluiacutedos os jogos
brinquedos e brincadeiras e eacute relativo tambeacutem agrave conduta daquele que joga que brinca
e que se diverte (SANTOS 2000 p 57)
Crianccedilas gostam de brincar A brincadeira muitas vezes tira a crianccedila da
realidade No contexto hospitalar a brincadeira auxilia no aliacutevio da dor e pode permitir
que a crianccedila consiga esquecer ou lidar melhor com sua situaccedilatildeo A ludoterapia tem
uma proposta voltada para uma forma de expressatildeo dos sentimentos atraveacutes dos
jogos e brinquedos e isso pode ser utilizado com crianccedilas adolescentes e ateacute com
adultos
De acordo com Aberastury (1982 p 48) o jogo natildeo suprime mas canaliza
tendecircncias Por isso a crianccedila que brinca reprime menos que a que tem dificuldades
na simbolizaccedilatildeo e dramatizaccedilatildeo dos conflitos atraveacutes desta atividade
11
A ludoterapia pode ser compreendida como um momento privilegiado
para a crianccedila onde atraveacutes dos brinquedos e brincadeiras ela consegue mostrar ao
terapeuta como ela eacute as situaccedilotildees que a amedrontam e a fazem sofrer
No ambiente hospitalar embora se tenha um espaccedilo mais restrito e um
contexto que exige mais adaptaccedilotildees existem vaacuterios modos de intervir com a crianccedila
e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
crianccedilas acometidas por vaacuterias enfermidades oportuniza a mesma de entender de
uma maneira melhor o que ela estaacute passando Garantindo uma melhora no que se
refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
4 Possibilidades de intervenccedilatildeo do psicoacutelogo
A internaccedilatildeo hospitalar na infacircncia pode ser considerada uma situaccedilatildeo
geradora de estresse Buscando melhorar o estado de humor de crianccedilas
hospitalizadas muitas intervenccedilotildees tecircm se utilizado de atividades luacutedicas
Segundo Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) o psicoacutelogo que atua em
hospitais principalmente com crianccedilas deve procurar incentivar atividades produtivas
e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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e sua famiacutelia A ludicidade aleacutem de possibilitar uma leveza maior ao tratamento de
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refere ao seu estado emocional que acaba afetando tambeacutem o seu estado fiacutesico
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e expressivas e entre as possiacuteveis atividades encontra-se o brincar recurso usado
pelas crianccedilas para lidarem melhor com as adversidades O psicoacutelogo ao permitir o
brincar permite que a crianccedila se expresse crie e interaja A existecircncia do brincar
dentro do hospital serve como ligaccedilatildeo entre a crianccedila e a equipe e tambeacutem
proporciona uma melhor relaccedilatildeo da equipe com familiares dos pacientes O psicoacutelogo
da Abordagem Centrada na Pessoa atua de forma natildeo diretiva portanto ele vai
encontrando juntamente com a famiacutelia e a crianccedilas as possibilidades de enfrentar todo
esse processo da forma menos dolorosa possiacutevel
O brincar eacute muito importante para a crianccedila pois como jaacute foi dito ele permite
que a crianccedila se desligue um pouco de tudo que lhe estaacute acontecendo e isso pode
deixaacute-la ateacute mais feliz e tranquila De acordo com Lindquist (apud Aureliano 2015) se
uma crianccedila se sente descontraiacuteda e feliz sua permanecircncia no hospital natildeo seraacute
somente muito mais faacutecil mas tambeacutem seu desenvolvimento e cura seratildeo favorecidos
A partir do brincar o psicoacutelogo pode tambeacutem observar como a crianccedila tem
percebido e vivenciado todo processo que estaacute passando pois a crianccedila tende a
projetar na brincadeira aquilo que ela estaacute sentindo
12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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12
Para as crianccedilas que podem sair do leito o processo pode ateacute ser mais faacutecil e
mais raacutepido inclusive a aceitaccedilatildeo da mesma de entrar em contato com o psicoacutelogo e
com a equipe Jaacute para a crianccedila que estaacute impossibilitada por algum motivo de sair do
leito e ir agrave brinquedoteca a dor pode ser maior e ela tende a se fechar mais na
interaccedilatildeo com os outros e a ficar mais estressada De acordo com Lindquist (apud
Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas que natildeo podem ir ateacute o departamento
de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo desde a crianccedila se encontrar na fase
terminal eou ter se submetido a uma cirurgia recentemente eou seu corpo estaacute
incapacitado de sair do leito esta deve receber a visita dos profissionais que
trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser levado ateacute ela uma
grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
De acordo com Lindquist (apud Parcianello Felin 2008) no caso de crianccedilas
que natildeo podem ir ateacute o departamento de ludoterapia por motivos diversos que vatildeo
desde a crianccedila se encontrar na fase terminal eou ter se submetido a uma cirurgia
recentemente eou estar incapacitada de sair do leito esta deve receber a visita dos
profissionais que trabalham no departamento no leito todos os dias devendo ser
levado ateacute ela uma grande seleccedilatildeo de brinquedos (PARCIANELLO FELIN 2008)
Chiattone (apud Parcianello Felin 2008) propotildee a atividade do brinquedo livre
em que satildeo usados os mais diversos brinquedos e as crianccedilas tecircm a oportunidade
de brincar de maneira livre e satildeo observadas pelos psicoacutelogos O psicoacutelogo da
Abordagem Centrada na Pessoa atua como um coparticipante portanto ele brinca
junto Ele observa e participa fazendo as intervenccedilotildees necessaacuterias A proposta eacute que
com o auxiacutelio da ludoterapia a crianccedila vivencie de modo diferente o momento de
hospitalizaccedilatildeo buscando em si recursos para continuar seu processo de
desenvolvimento
Voltando para os conceitos da Abordagem Centrada na Pessoa vimos que
segundo Rogers e Kinget (apud Figueiredo 2009) todo indiviacuteduo tem a capacidade
latente ou manifesta de se compreender e resolver seus problemas de modo suficiente
alcanccedilando um funcionamento oacutetimo Este funcionamento diz de um acordo entre o
eu e a experiecircncia e isso ocorre quando a estrutura do eu eacute de um modo tal qual que
permite a integraccedilatildeo simboacutelica da totalidade da experiecircncia (ROGERS KINGET
apud FIGUEIREDO 2009) O que sustenta a importacircncia da mudanccedila de atitude da
equipe que trabalha com a ideia de que essas crianccedilas natildeo conseguiratildeo lidar com a
realidade da hospitalizaccedilatildeo
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A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
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remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
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AURELIANO Daniella Maria Mangueira A crianccedila hospitalizada e a ludoterapia
como fator beneacutefico para o tratamento Disponiacutevel em lt
16
httpspsicologadocombratuacaopsicologia-hospitalara-crianca-hospitalizada-e-a-
ludoterapia-como-fator-benefico-para-o-tratamento gt Acesso em 03112015
AXLINE Virgiacutenia Mae Ludoterapia Belo Horizonte Internacional 1972
CARVALHO A M amp BEGNIS J G Brincar em unidades de atendimento
pediaacutetrico aplicaccedilotildees e perspectivas Psicologia em Estudo Maringaacute V11 n1
p109-117 janabr 2006 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrpdfpev11n1v11n1a13gt Acesso em 05112015
CASTRO Elisa Kern Psicologia pediaacutetrica a atenccedilatildeo agrave crianccedila e ao adolescente
com problemas de sauacutede Brasiacutelia V 27 n 3 Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo Set
2007 Disponiacutevel em lt
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-
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CHIATTONEHeloiacutesa Benevides de Carvalho A crianccedila e a morte In ANGERAMI-
CALMON Valdemar Augusto (org) et al E a psicologia entrou no hospital Satildeo
Paulo Pioneira Thomson Leaning 2003
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Costa Junior A L Coutinho S M G amp Ferreira R S (2006) Recreaccedilatildeo planejada
em sala de espera de uma unidade pediaacutetrica efeitos comportamentais Paideacuteia
(Ribeiratildeo Preto) 16 111-118
DOCA Fernanda Nascimento Pereira COSTA JUNIOR Aacutederson Luiz Preparaccedilatildeo
psicoloacutegica para admissatildeo hospitalar de crianccedilas uma breve revisatildeo Paideacuteia
Ribeiratildeo Preto v17 n37 maioago 2007 Disponiacutevel em gt
httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-863X2007000200002 gt
Acesso em 01112015
FIGUEIREDO L CM Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das
praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009
GARCIA Shirley dos Santos Diretrizes da ludoterapia na Abordagem Centrada na
Pessoa InGOBBI Sergio Leonardo et al Vocabulaacuterio e noccedilotildees baacutesicas da
Abordagem Centrada na Pessoa 2ordf ed Satildeo Paulo Vetor 2002
KISHIMOTO Tizuko Morchida (Org) Jogo brinquedo brincadeira e a educaccedilatildeo
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17
LINDQUISTIvonny A crianccedila no hospital terapia pelo brinquedo Traduccedilatildeo de Raquel Zumbano Altman Satildeo Paulo Paacutegina Aberta 1993 MENDONCcedilA Vitor Silva Sofrendo entre quatro paredes relatos de matildees
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San Luis v 7 n 19 abr2009 Disponiacutevel em lt
httpwwwpsicopolunsleduarmarzo09_nota2pdf gt Acesso em 29102015
MENCcedilA V B SOUSA S S P S A crianccedila e o processo de hospitalizaccedilatildeo Os
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MOTTA Alessandra Bruonoro ENUMO Regina Fiorim Brincar no hospital
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MOTTA Maria da Graccedila Corso da O Ser Doente no Triacuteplice Mundo da Crianccedila
Famiacutelia e Hospital uma Descriccedilatildeo Fenomenoloacutegica das Mudanccedilas Existenciais
Florianoacutepolis [sn] 1998
OLIVEIRA M K Vygotsky Aprendizado e desenvolvimento um processo
soacuteciohistoacuterico Satildeo Paulo SP Scipione 1993
PARCIANELLO Andreacuteia Taschetto FELIN Rodrigo Brito E agora doutor onde vou
brincar Consideraccedilotildees sobre a hospitalizaccedilatildeo infantil Revista do Departamento
de Ciecircncias Humanas Santa Cruz do Sul N 28 Janjun 2008 Disponiacutevel em lt
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10112015
PINTO Juacutelia Peres RIBEIRO Circeacutea Amaacutelia SILVA Conceiccedilatildeo Vieira da Procurar
manter o equiliacutebrio para atender suas demandas e cuidar da crianccedila
hospitalizada a experiecircncia da famiacutelia Revista Latino-Americana de
Enfermagem Ribeiratildeo Preto v13 n6 novdez 2005 Disponiacutevel em lt
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SANCHEZ Marisa Leonetti Marantes EBELING Vanessa de Lourdes Nunes
Internaccedilatildeo infantil e sintomas depressivos intervenccedilatildeo psicoloacutegica Rev SBPH
Rio de Janeiro v14 n1 jun 2011 Disponiacutevel em lt
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SCHNEIDER Carine Marlene MEDEIROS Letiacutecia Galery Crianccedila hospitalizada e
o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154
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SILVA Ana Noacutebrega da et al Psicologia Hospitalar reflexotildees a partir de uma
experiencia de estagio supervisionado junto ao setor Obsteacutetrico-Pediaacutetrico de
um Hospital Puacuteblico do interior de Rondocircnia Rev SBPH [online] 2012 vol15
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WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975
13
A ludoterapia na Abordagem Centrada na Pessoa eacute um processo que se daacute
atraveacutes da relaccedilatildeo humana que se desenvolve entre o terapeuta e a crianccedila e da
intersubjetividade que se faz presente Nesta relaccedilatildeo a crianccedila sente-se valorizada
pelo que ela estaacute sendo nesse momento de crescimento (GARCIA apud
FIGUEIREDO 2009)
A crianccedila que brinca segundo Mitre e Gomes (apud Figueiredo 2009) parece
natildeo estar enferma pois o luacutedico possibilita ganhar ou construir algo de novo em um
momento de muitas perdas Eacute papel do psicoacutelogo e de todos os profissionais que lidam
com a crianccedila permitir que sua comunicaccedilatildeo seja livre e sem preconceitos assim ela
se sentiraacute cada vez mais autoconfiante e natildeo precisaraacute falsear seus sentimentos
De acordo com Moretto (apud Simonetti citado por Pinto 2005) a psicologia
estaacute interessada mesmo em dar voz agrave subjetividade do paciente restituindo-lhe o
lugar de sujeito que a medicina lhe afasta o trabalho multi e interdisciplinar no
contexto hospitalar o psicoacutelogo nunca trabalha sozinho Ele atuaraacute dentro de uma
equipe multidisciplinar Como integrante desta equipe o psicoacutelogo deveraacute estar apto
a desenvolver um trabalho interdisciplinar objetivando a interaccedilatildeo e a troca de
informaccedilotildees e conhecimentos entre os diversos profissionais que integram a equipe
o setting o hospital natildeo eacute o local ideal para um atendimento psicoloacutegico mas para o
psicoacutelogo hospitalar eacute o seu ambiente de trabalho Seja no leito nos corredores ou no
paacutetio do hospital sujeito a interrupccedilotildees da equipe sem privacidade sem um tempo
preacute-estabelecido ou seja em meio a toda imprevisibilidade do hospital o psicoacutelogo
deveraacute atender de forma criativa e flexiacutevel tentando adequar suas atividades a rotina
hospitalar
A aacuterea hospitalar oferece uma diversidade de serviccedilos com caracteriacutesticas particulares
e que exigem um planejamento especiacutefico O trabalho do psicoacutelogo com a crianccedila tem
como objetivo principal atraveacutes das atividades luacutedicas e das mais variadas formas de
comunicaccedilatildeo fazer com que o paciente expresse suas emoccedilotildees fale de seus medos
e anguacutestias coloque-se como indiviacuteduo participante do seu processo de adoecimento
para atraveacutes disto simbolizar da melhor forma possiacutevel a experiecircncia do
adoecimento
Para realizaccedilatildeo dos atendimentos o psicoacutelogo deveraacute respeitar a rotina do
serviccedilo e as condiccedilotildees fiacutesicas do paciente Nem sempre atendimentos previamente
estabelecidos poderatildeo ser realizados pois em alguns momentos eles deveratildeo ser
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
a necessidade da flexibilidade e da criatividade do psicoacutelogo no contexto hospitalar
O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
paciente-famiacutelia-equipe que possam gerar uma dificuldade de relacionamento e
sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
processo de sauacutede e doenccedila da crianccedila juntamente com os seus familiares dando
suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
respeito a internaccedilatildeo infantil fica ainda mais evidente a relevacircncia da utilizaccedilatildeo da
ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABERASTURY Arminda A crianccedila e seus jogos Porto Alegre Artes Meacutedicas 1982 ALTAMIRA Lorena L A crianccedila hospitalizada um estudo sobre a atuaccedilatildeo do
Psicoacutelogo Hospitalar Monografia apresentada ao curso de Psicologia da Pontifiacutecia
Universidade Catoacutelica de Minas Gerais ArcosMG 2010 Publicado em 07012011
Disponiacutevel em lt httpwwwwebartigoscomarticles563481A-crianca-
hospitalizada-um-estudo-sobre-a-atuacao--do-psicologo-hospitalarpagina1htm gt
Acesso em 12112015
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cognitiva-Cconceitos pesquisa e aplicaccedilatildeo a ecircnfase no ensinar na inovaccedilatildeo e
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o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154
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n1 pp 41-58 ISSN 1516-0858 Disponiacutevel em lt
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WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975
14
remanejados vai depender dos procedimentos e situaccedilatildeo da crianccedila Assim fica clara
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O psicoacutelogo como parte da equipe de sauacutede tambeacutem estaacute sujeito a uma rotina
estressante e eacute obrigado a lidar com a finitude do outro Eacute importante para realizar
um bom trabalho e poder dar suporte aos pacientes famiacutelia e equipe que o
profissional reveja sua posiccedilatildeo diante da morte e sofrimento Antes de ser um
profissional o psicoacutelogo deve ser um humano sensiacutevel agraves questotildees da vida e das
outras pessoas e empaacutetico na realizaccedilatildeo de suas atividades
Segundo Leshan (1994) quando os sentimentos do terapeuta natildeo estatildeo bem
resolvidos por ele estar trabalhando com algueacutem em fase terminal ele pode se sentir
sem esperanccedila e pensar que seus esforccedilos satildeo inuacuteteis e de alguma maneira isso eacute
transmitido ao paciente Sendo assim ao inveacutes de uma posiccedilatildeo de neutralidade
maacutexima de onipotecircncia ou ateacute mesmo de apatia o psicoacutelogo deve manter seu lado
humano e empaacutetico caso contraacuterio natildeo conseguiraacute compreender lidar e favorecer
pessoas em situaccedilotildees tatildeo difiacuteceis como as que satildeo encontradas em hospitais Antes
de qualquer intervenccedilatildeo com a crianccedila o psicoacutelogo deveraacute estar consciente que
estaraacute lidando com crianccedilas doentes e natildeo com a doenccedila e que natildeo seraacute possiacutevel dar
conta de nenhuma intervenccedilatildeo terapecircutica direcionada a uma crianccedila que natildeo inclua
sua famiacutelia
O psicoacutelogo tambeacutem deve estar atento a possiacuteveis falhas na comunicaccedilatildeo
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sempre intervir quando necessaacuterio nessas ocasiotildees a parte mais prejudica costuma
ser a da crianccedila
De um modo geral o papel do psicoacutelogo dentro do hospital eacute de facilitar o
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suporte e criando condiccedilotildees favoraacuteveis a este momento de incertezas
5 Consideraccedilotildees finais
Diante do exposto sobre o ambiente hospitalar e das questotildees que dizem
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ludoterapia como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da crianccedila hospitalizada
bem como na diferenccedila que ela pode proporcionar aos familiares que tambeacutem
precisam de apoio frente a tal situaccedilatildeo
15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
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importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
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sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABERASTURY Arminda A crianccedila e seus jogos Porto Alegre Artes Meacutedicas 1982 ALTAMIRA Lorena L A crianccedila hospitalizada um estudo sobre a atuaccedilatildeo do
Psicoacutelogo Hospitalar Monografia apresentada ao curso de Psicologia da Pontifiacutecia
Universidade Catoacutelica de Minas Gerais ArcosMG 2010 Publicado em 07012011
Disponiacutevel em lt httpwwwwebartigoscomarticles563481A-crianca-
hospitalizada-um-estudo-sobre-a-atuacao--do-psicologo-hospitalarpagina1htm gt
Acesso em 12112015
ANGERAMI Valdemar Augusto et al E a Psicologia Entrou no Hospital Satildeo Paulo
Pioneira Thomson Learning 2003
AURELIANO Daniella Maria Mangueira A crianccedila hospitalizada e a ludoterapia
como fator beneacutefico para o tratamento Disponiacutevel em lt
16
httpspsicologadocombratuacaopsicologia-hospitalara-crianca-hospitalizada-e-a-
ludoterapia-como-fator-benefico-para-o-tratamento gt Acesso em 03112015
AXLINE Virgiacutenia Mae Ludoterapia Belo Horizonte Internacional 1972
CARVALHO A M amp BEGNIS J G Brincar em unidades de atendimento
pediaacutetrico aplicaccedilotildees e perspectivas Psicologia em Estudo Maringaacute V11 n1
p109-117 janabr 2006 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrpdfpev11n1v11n1a13gt Acesso em 05112015
CASTRO Elisa Kern Psicologia pediaacutetrica a atenccedilatildeo agrave crianccedila e ao adolescente
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15
Ao abordar a relaccedilatildeo do brincar no contexto hospitalar trazendo as
possibilidades de melhora diante de tratamento intensos e invasivos nota-se a
importacircncia de tal intervenccedilatildeo que favorece o desenvolvimento das crianccedilas que por
vezes precisam deixar suas escolas casas e ambientes as quais jaacute eram
familiarizadas por um lugar caracterizado na maioria das vezes como ruim de
sofrimento e dor
Durante a pesquisa foi possiacutevel evidenciar como eacute beneficiada a crianccedila que
brinca possibilitando a mesma uma maneira melhor de se relacionar com a equipe o
seu processo de adoecimento e seus familiares Sendo o psicoacutelogo de grande
importacircncia nesse contexto pois ele atua como facilitador junto com a crianccedila no
enfrentamento e conhecimento de suas potencialidades Satildeo inuacutemeros os meios de
intervenccedilatildeo do psicoacutelogo no hospital Ele pode trabalhar no leito com as crianccedilas
ajudando-as com todas as informaccedilotildees novas que lhe satildeo impostas com a doenccedila e
a hospitalizaccedilatildeo Ele pode atuar tambeacutem no apoio a famiacutelia que tende a ficar
fragilizada diante desses acontecimentos Poderaacute ainda conscientizar a equipe de
trabalho sobre a importacircncia de um olhar mais sensiacutevel e humanizado por parte dos
profissionais da equipe de sauacutede
Por fim podemos verificar tendo em vista os conceitos da Abordagem
Centrada na Pessoa as contribuiccedilotildees da ludoterapia durante o processo de
hospitalizaccedilatildeo infantil ressaltando os ganhos adquiridos com o uso de tal modalidade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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(Org) Sobre comportamento e cogniccedilatildeo Psicologia comportamental e
cognitiva-Cconceitos pesquisa e aplicaccedilatildeo a ecircnfase no ensinar na inovaccedilatildeo e
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SCHNEIDER Carine Marlene MEDEIROS Letiacutecia Galery Crianccedila hospitalizada e
o impacto emocional gerado nos pais Unoesc Ciecircncias 2011 2 (2) 140-154
Disponiacutevel em lt
httpseditoraunoescedubrindexphpachsarticleviewFile741pdf_216 gt Acesso
em 03112015
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n1 pp 41-58 ISSN 1516-0858 Disponiacutevel em lt
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WINNICOTT Donald Woods O brincar amp a realidade Rio de Janeiro Imago 1975
18
SANCHEZ Marisa Leonetti Marantes EBELING Vanessa de Lourdes Nunes
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