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10 o CONGRESSO NACIONAL DOS SINDICATOS DE ENGENHEIROS FISENGE 27 A 30 DE AGOSTO DE 2014 UM PROJETO DE NAÇÃO PARA O BRASIL

Um projeto de nação para o Brasil

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Confira o documento, que norteou os debates dos encontros regionais/estaduais e o 10º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge)

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10o CONGRESSO NACIONAL DOS SINDICATOS DE ENGENHEIROS

FISENGE

27 A 30DE AGOSTO

DE 2014

UM PROJETODE NAÇÃO

PARA O BRASIL

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SUMáRIOAPRESENTAÇÃO fISENgE .................................... 5

INTRODUÇÃO ...................................................... 7

I. BRASIL: NAÇÃO E PROJETO ............................. 9I.1. As possibilidades abertas pela

democracia – a disputa de um projeto ........................ 12I.2. Os governos populares - um balanço positivo ................ 15I.3. O momento atual e seus macros desafios ................ 16I.4. A promoção da igualdade – uma das bases do projeto .... 18I.5. Os elementos da estratégia ....................................... 19I.6. Uma premissa – sustentabilidade ambiental ................. 20I.7. A importância das instituições e atores sociais .............. 21

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II. ESTADO E DESENvOLvIMENTO .................. 25II.1. Energia e Desenvolvimento .................................... 30

Petróleo e gás ..................................................... 31Energia Elétrica ................................................... 35

II.2. Políticas urbanas: saneamento e habitação ................. 38Saneamento ........................................................ 38Habitação ........................................................... 42

II.3. Infraestrutura de Transporte e Telecomunicações ........ 45Mobilidade Urbana ............................................... 45Transporte .......................................................... 48Telecomunicações ................................................ 56

II.4. Políticas agrária e agrícola sustentáveispara o desenvolvimento ......................................... 60

III. DESENvOLvIMENTO E OPAPEL DO MOvIMENTO SINDIcAL .......... 67III.1. Política sindical e suas interfaces ........................... 70III.2. Projetos de inclusão sindical e formação política ...... 77III.3. Ambiente de negociação: realidade e perspectivas ..... 81III.4. formação Profissional ........................................ 83

BIBLIOgRAfIA ......................................................... 91

SISTEMATIzAÇÃO DAS PROPOSTAS ............... 95

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APRESENTAÇÃOfISENgE

Essa é a maior edição do congresso Nacional de Sindica-tos de Engenheiros (consenge). Além de bater recorde de participação, o evento ampliou o número de jovens e mulheres. Este ano, graças a uma reivindicação dos

sindicatos, retomamos o debate sobre o movimento sindical e seus desafios e priorizamos o debate sobre o papel do Estado no desenvolvimento nacional. Os debates nas regiões e nos esta-dos foram subsidiados por este documento, produzido e siste-matizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Es-tudos Socioeconômicos (Dieese). fruto de extensas entrevistas e depoimentos com formadores de opiniões, engenheiros e es-pecialistas, o documento sinaliza caminhos para avançarmos na contribuição da engenharia para o desenvolvimento do país. Em 20 anos, nunca estivemos em uma conjuntura tão complexa e é nosso dever afirmar um projeto popular para o Brasil e impedir quaisquer retrocessos. "Um projeto de nação para o Brasil" é uma provocação para refletirmos profundamente que país queremos construir.

vamos ao debate! Carlos Roberto BittencourtPresidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

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INTRODUÇÃO

A fisenge e seus Sindicatos de Engenheiros filiados realizarão neste ano o 10º congresso Nacional, mo-mento no qual serão debatidas e deliberadas diretri-zes de ação para o próximo mandato da direção da

federação. como forma de iniciar o processo de construção do congresso, este documento apresenta, para o debate nos esta-dos, alguns desafios da realidade brasileira que devem se trans-formar em base para a elaboração de diretrizes de ação de âmbito nacional e local, bem como em orientações estratégicas para as inúmeras cooperações no âmbito do movimento sindical, dos movimentos sociais e das relações institucionais.

A fisenge e seus Sindicatos são atores sociais de cunho po-lítico sindical, têm papel relevante em promover a qualidade de vida dos engenheiros no trabalho, compartilhar as lutas dos trabalhadores e disputar, em uma frente ampla de organizações e movimentos, o sentido geral do desenvolvimento econômico, social, cultural, ambiental e político brasileiro.

O documento está assim estruturado: além desta apresen-tação, há um primeiro capítulo no qual se discutem, na visão

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da fisenge, as bases gerais de um projeto político de desenvol-vimento para o país. O capítulo seguinte trata do que deve ser, neste projeto, o papel do Estado, em termos gerais e, especifica-mente, em diversos segmentos importantes da atividade econô-mica, em que a presença da engenharia, da engenheira e do en-genheiro é destacada. No terceiro e último capítulo, discute-se o papel que o movimento sindical, particularmente na engenharia, deve cumprir para influenciar decisivamente este processo. Tan-to no segundo capítulo quanto no terceiro, além do texto básico contendo alguns elementos de diagnóstico e de identificação de possíveis desafios, são sugeridas, para cada segmento, diretrizes para a ação, meramente com o intento de estimular o debate e a elaboração de propostas. Este documento subsidiou os debates nos Encontros Estaduais/Locais realizados pelos Sindicatos.

O objetivo deste documento não é elaborar uma análise téc-nica ou acadêmica sobre os temas, mas sim apontar as bases po-líticas para as escolhas estratégicas. Dos debates internos reali-zados, da visão de inúmeros especialistas, da literatura existente, do que é veiculado na grande imprensa e apresentado nos fóruns que tratam dos temas abordados, foram destacados os elementos considerados estratégicos para a atuação da fisenge e de seus Sindicatos. Trata-se de um documento executivo, que busca esti-mular a leitura, a participação e, principalmente, escolhas cons-cientes de desafios prioritários que se transformarão em diretri-zes de ação para os próximos três anos.

Desejamos a todos um bom trabalho!

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I.BRASIL: NAÇÃOE PROJETO

Após 30 anos de desenvolvimento acelerado, no período que sucedeu ao fim da Segunda grande guerra, a economia mundial, com exceção da china e poucos países do Orien-te, vem experimentando baixas taxas de crescimento eco-

nômico, em concomitância com a concentração crescente da riqueza socialmente produzida. A partir do início da década de 90, com a fa-lência dos regimes socialistas nos países do Leste Europeu, o modelo de produção capitalista tornou-se fortemente hegemônico. Essa hege-monia acentuou uma tendência intrínseca desse modelo, que é a de aumentar a velocidade de acumulação de riqueza por parte dos princi-pais grupos investidores, com um agravante: essa acumulação, que se fazia com predominância de investimentos em atividades produtivas, paulatinamente foi transformando-se em acumulação de natureza pri-mordialmente financeira. Dessa forma, aprofundou-se o processo de drenagem de recursos excedentes do trabalho produtivo para a esfera financeira, o que explica em grande parte o empobrecimento de par-

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celas expressivas da população mundial, em contrapartida à formação ou ampliação de poucas fortunas.

Há um grupo de analistas progressistas que entendem ser esta uma condição estrutural, e não conjuntural da nova ordem econômica e política que prevalece neste início do século XXI. Por isso, muitas or-ganizações que representam os interesses da esmagadora maioria dos habitantes do planeta estão convictas da impossibilidade de resolver seus problemas fundamentais nos marcos do sistema capitalista. Não é propósito desse sistema, nem é compatível com seu caráter de acu-mulação de capital, a universalização de padrões de vida dignos para as sociedades, a garantia de acesso a sistemas de saúde, de ensino e segurança social à população mundial, a democratização da cultura e, tampouco, a utilização de recursos naturais em ritmo que não compro-meta sua disponibilidade para as gerações futuras.

Sob o argumento de que a competição entre os agentes econômicos e sociais que dele participam seria o principal motor do desenvolvi-mento, o capitalismo termina por beneficiar apenas os mais fortes. Solidariedade é ideia vista como “piegas” pelos seus líderes. Tratan-do os estados nacionais como empecilhos ao livre fluxo de capitais e mercadorias, as grandes corporações buscam permanentemente enfraquecer os governos e as instituições nacionais, únicas com legi-timidade e vocação para promover ações visando ao atendimento das necessidades dos povos. Porém, as elites do capital que querem um Estado fraco, nas suas funções sociais, não abrem mão de um Estado forte para o capital, "garantidor" das regras que entendem ser neces-sárias ao desenvolvimento de suas atividades – como, por exemplo, o fornecimento de créditos subsidiados, a garantia dos contratos, a proteção aos investimentos e a livre circulação das mercadorias. No limite, demandam um Estado "salvador", quando suas decisões le-vam a fracassos, cujo ônus deveria ser de sua estrita responsabilida-de. Na lógica da acumulação capitalista de riquezas, a democracia, de fato, transforma-se em barreira à "ampla liberdade" de tomada de decisões pelos grandes investidores, sem nenhuma conexão com os anseios da maioria das pessoas. Por fim, mesmo atuando em escala multinacional, as grandes corporações mantêm vínculos com os es-

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tados nacionais desenvolvidos e militarmente bem equipados, par-ticularmente os Estados Unidos, a potência imperial da atualidade. Tais Estados atuam como defensores desses interesses corporativos. Para tanto, exercem constrangimentos de toda ordem contra os de-mais países, inclusive, lançando mão unilateralmente do uso da força política, econômica e militar.

Os sindicatos e movimentos sociais vislumbram ser essencial a cons-trução de uma nova ordem econômica e social. Uma nova ordem orientada por valores como a soberania das nações na busca de seus próprios caminhos, no exercício da solidariedade no âmbito de cada país e, internacionalmente, na busca pelo desenvolvimento com dis-tribuição justa das riquezas produzidas, na luta pela consolidação de democracias que transcendam o exercício, importante, mas limitado, do voto, e pelo compromisso com as gerações futuras ao utilizar os recursos naturais. Mais do que nunca, e em que pesem as enormes dificuldades de enfrentamento dos poucos - mas extremamente for-tes e bem organizados - beneficiários da atual ordem mundial, con-tinuam trabalhando com a convicção de que "OUTRO MUNDO É POSSÍvEL!".

Tais considerações, porém, para não ficarem no campo das boas in-tenções, devem levar em conta a necessidade de trilharmos um longo percurso até alcançarmos a sociedade almejada. A própria construção dessa sociedade se fará caminhando no terreno onde estão assentadas as sociedades dos nossos dias. Por isso, é fundamental trabalharmos na superação das contradições nelas embutidas, na busca de soluções dos problemas das maiorias, ainda nos marcos dessa sociedade imperfeita, que entendemos sem futuro a longo prazo.

com esse espírito, sem abrir mão do compromisso em lutar por uma forma evoluída de organização social, fundada nos valores anterior-mente apresentados, o texto que segue focaliza algumas das grandes contradições do atual modelo de sociedade e de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que aponta para reformas de curto e médio pra-zo, cuja viabilidade de implementação dependerá da capacidade de os sindicatos e movimentos sociais lutarem de forma articulada. certa-

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mente, ao longo dessa marcha, os contornos do "novo mundo" irão se tornando mais claros e viáveis de serem alcançados.

I.1. AS POSSIBILIDADES ABERTAS PELA DEMOcRAcIA – A DISPUTADE UM PROJETO

A fisenge e os Sindicatos de Engenheiros são atores sociais que parti-cipam e querem ampliar sua participação na construção histórica do desenvolvimento do Brasil. Entende-se que este país deve ser resultado daquilo que os brasileiros e as brasileiras são capazes de construir no espaço da democracia real, com seus limites e contradições. Atuar sig-nifica mobilizar a sociedade, promover movimentos sociais diversos, favorecer e fomentar a atividade econômica por meio de empresas, co-operativas, associações, criar e sustentar instituições. Nesta perspecti-va, o Brasil é uma história realizada que é resultante da correlação de força – atores sociais e sujeitos coletivos - que disputam junto à nação, na democracia, diferentes projetos de país e, deste mesmo ponto de vista, o Brasil é uma história futura que está em aberto e sempre em disputa. A história é construída por homens e mulheres nas relações sociais que estabelecem, nas lutas que travam e nas escolhas que fazem. O olhar retrospectivo sobre a história das nações, inclusive a nossa, revela uma trajetória repleta de tragédias econômicas, sociais, ambien-tais, culturais e políticas, o que reforça o pressuposto de que cabe à sociedade a atuação e intervenção para dar o sentido aos caminhos a serem trilhados. Aprender com a história, ganhar força e avançar. As-sim, para onde deve avançar o Brasil na segunda metade desta década?

A sociedade brasileira superou na luta social e política o regime que amordaçou nossa democracia, encerrando a ditadura militar dos anos de 1960 a 1980, nos contornos finais da transição marcada pela cons-tituição cidadã de 1988. Desde estão, luta-se para fortalecer a demo-cracia como regime político no qual a sociedade brasileira faz suas es-colhas, cria suas instituições (eleições, partidos, estado e seus poderes) e sua forma de governo. Nos últimos 25 anos, vivemos o mais longo

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período contínuo de regime democrático no Brasil, o que não é pou-co considerando nosso padrão de ruptura institucional autoritária em nossa história republicana.

A democracia, no caso brasileiro, deixa muito a desejar em diversos e significativos aspectos. Apesar de todos os problemas inerentes a ela, é o melhor regime para uma nação construir seu projeto de país. Ao mesmo tempo, a própria nação é uma construção permanente e es-sencialmente política. Por isso, um desafio constante nessa trajetória recente da nossa história é investir no fortalecimento das instituições, organizações e processos deliberativos que sustentem a democracia como regime no qual a sociedade, pelo voto e demais instituições, faz suas escolhas e governa seu destino. A experiência e o exercício demo-crático recente têm dado evidências de que a sociedade demanda uma agenda de reforma política que modernize e melhore o sistema demo-crático brasileiro, em especial aprimore o sistema partidário, o proces-so eleitoral e a vitalidade das instituições para a constituição de maio-rias. Nesta trajetória, contudo, é preciso muito cuidado com alguns segmentos, que não têm logrado ascender ao poder por intermédio do voto, mas têm desferido ataques crescentes à democracia brasileira, em desrespeito frontal à soberania popular.

Nesse aspecto, uma das dimensões que favorece a qualidade da de-mocracia está relacionada ao direito à informação, à transparência da atividade do Estado e dos governantes, ao debate público das ideias, ao direito de opinião e de divergência e ao respeito aos grupos histo-ricamente oprimidos. Desta forma, as instituições e organizações da mídia são meios essenciais para promover esses direitos e, portanto, considera-se fundamental a implantação de novo marco regulatório da comunicação no Brasil, o que inclui, entre outros, os limites à pro-priedade cruzada dos meios de comunicação, a revisão das concessões públicas na área, ampliando o número e espectro de concessionários, bem como o livre acesso à banda larga.

Nessas últimas três décadas, a democracia brasileira vem sendo (re)construída. Houve o resgate de instituições e da base constitucional para a sustentação das relações sociais, econômica e política; gover-

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nantes foram eleitos e destituídos; a situação estrutural de altas taxas de inflação foi superada; adequou-se a capacidade de atuação do Es-tado brasileiro, com a melhora da situação fiscal, a recuperação da capacidade de investimento e, mais recentemente, de forma inédita, a promoção de um vigoroso processo de políticas distributivas e de inclusão econômica e social, tudo realizado em um campo de mui-tas contradições, dúvidas e incertezas. Ainda assim, há que se avançar muito em diversas frentes, democratizando, de fato, o acesso aos direi-tos relacionados à educação, saúde, justiça, segurança, moradia, entre outros, para que possamos falar em uma democracia substantiva.

Duas décadas de hegemonia do pensamento neoliberal no mundo, e no Brasil, impactaram as escolhas das políticas econômicas, com gra-ves rebatimentos para os trabalhadores em termos de desemprego, in-segurança e precarização do trabalho, queda dos salários, entre tantos outros males que nos afligiram desde meados dos anos 1980. Nesse processo, o papel do Estado sempre esteve em disputa. Inicialmente, prevalecendo uma visão de “Estado mínimo” e, posteriormente, forta-lecendo-se a visão de que cabe ao Estado um papel mais destacado, de induzir o desenvolvimento e promover a redução das desigualdades.

Ao mesmo tempo, como parte desse processo, a sociedade brasileira fez algo incomum na história mundial. Nossa jovem democracia propi-ciou à sociedade brasileira eleger para presidente do país um operário, oriundo das bases do movimento sindical. Eleito, governou durante dois mandatos, encerrando-os com altíssimo índice de aprovação. Das bases do movimento operário brasileiro nasceu um estadista que hoje é uma referência política mundial. Apesar de todas as divergências – e que não são poucas – não é possível esquecer o papel que o movimento sindical dos trabalhadores teve na construção da consciência coleti-va dessa possibilidade, bem como no papel que inúmeros dirigentes ativistas tiveram para a condução do governo do Presidente Lula. Na esteira desse processo, a sociedade brasileira fez de uma mulher sua sucessora, elegendo Dilma a primeira Presidenta do país. Trajetórias feitas na luta.

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I.2. OS gOvERNOS POPULARES - UM BALANÇO POSITIvOO padrão do desenvolvimento brasileiro mudou a partir da segun-da metade dos anos 2000 propiciando, inclusive, a possibilidade de debater o seu rumo, numa superação da conduta dos anos 1990 que afirmava que o desenvolvimento seria resultado do livre fluxo das forças do mercado, ou seja, resultante da vontade e das escolhas do capital. A crise de 2008 revelou, em escala mundial, o que essa lógica é capaz, os males que causa e de que maneira o ônus recai sobre a so-ciedade. Em nosso país, um elemento essencial dessa guinada para outro tipo de desenvolvimento foi a recuperação do papel do Estado na condução do desenvolvimento, especialmente no que se refere às políticas distributivas que ampliaram para a população de baixa renda a possibilidade de inclusão econômica e de participação no amplo mercado de consumo de massa; a ampliação das políticas so-ciais, em especial de educação; a fundamental afirmação da centra-lidade da capacidade de investimento do Estado, em infraestrutura econômica e produtiva – energia, transporte e logística, comunica-ção, entre outros -, bem como em infraestrutura social – educação, saúde, assistência social, emprego, habitação, saneamento, mobili-dade urbana. combinado com uma importante participação no co-mércio exterior, especialmente pela exportação de produtos primá-rios, reequilibrou-se a balança comercial e adequou-se a capacidade fiscal do Estado brasileiro para promover as políticas públicas e o investimento.

A partir da segunda metade dos anos 2000, dobrou-se o tamanho do mercado formal de trabalho. Nos anos 1990, dizia-se que carteira de trabalho assinada era coisa do passado e, no entanto, logrou-se promover forte queda da informalidade; nos anos 1990, o arrocho sa-larial era promovido sob o argumento de que era um mal necessário, mas nos anos recentes os salários cresceram e, na luta e negociação, o movimento sindical foi protagonista da primeira política de longo prazo de valorização do salário mínimo. Adicionalmente, promo-veu-se a retomada do investimento em ciência, pesquisa, tecnologia

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e inovação, a ampliação do crédito para a produção e consumo e o fortalecimento de relações internacionais Sul-Sul, entre outras trans-formações.

I.3. O MOMENTO ATUAL ESEUS MAcROS DESAfIOSO momento presente, contudo, evidencia a necessidade de induzir um novo ciclo econômico para sustentar o desenvolvimento. As baixas ta-xas de crescimento econômico, observadas a partir de 2011; os pífios patamares de investimento, apesar dos incentivos adotados pelo gover-no; as dificuldades da indústria em competir na exportação e com os preços dos produtos importados; os enormes diferenciais tecnológicos da base produtiva; a precária infraestrutura física e a baixa qualidade da educação são parte dos elementos que conformam as dificuldades internas do presente. Ademais, a saída da crise internacional tem le-vado os países centrais a enxugar a expansão monetária realizada nos anos recentes, o que poderá impactar nossas taxas de câmbio e de in-flação.

Se os efeitos da macroeconomia de estímulo ao emprego e das polí-ticas distributivas, promovidas até aqui, geraram um ciclo virtuoso animando a dinâmica produtiva para o mercado interno, o desafio na conjuntura atual requer um novo e ousado passo que aprofunde uma estratégia de crescimento com distribuição de renda que favoreça o próprio crescimento. Há que constituir as bases para um novo ciclo de crescimento, ampliando a capacidade produtiva e a oferta de serviços públicos que sustentem de maneira contínua o processo redistributi-vo em curso. crescer é condição para o desenvolvimento e, para isso, há que se articular as metas de crescimento, inflação, investimento e emprego; fortalecer o investimento na expansão da capacidade produ-tiva instalada das empresas; recuperar as cadeias produtivas orientadas para a agregação de valor com bases predominantemente de conteúdo nacional; animar e coordenar a vigorosa capacidade de investimento

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público em infraestrutura logística, produtiva e social; adotar uma po-lítica monetária que favoreça o crescimento e o investimento, inclusive com a retomada da redução dos juros básicos em direção aos padrões internacionais; investir na capacidade do poder público de elaboração e execução de projetos, com reformas que promovam uma gestão pú-blica orientada para o desenvolvimento.

Em uma sociedade capitalista, na qual se faz a disputa regulatória da taxa de retorno do capital (lucro), dos recursos fiscais e do uso e re-muneração da força de trabalho, uma dimensão essencial, complexa e repleta de contradições é de que maneira se mobilizam os recursos privados, inclusive no que se refere à produção privada de bens e servi-ços públicos, para cumprir as metas do crescimento com distribuição, considerando que a lógica do capital é a acumulação e concentração da renda e riqueza.

Da mesma forma, a estratégia de crescimento requer instituições que aportem crédito de longo prazo, capital de risco para a inovação, capi-tal de giro para as operações.

Requer, também, estar conectado à economia internacional e, simulta-neamente, promover a redução da dependência, afirmando crescente-mente a soberania nacional. Para tanto, é preciso desenvolver capaci-dade de constituir cadeias agregadoras de valor com elevado conteúdo nacional, distribuídas no território e com forte componente inovador, portanto, de incremento da produtividade.

Em linhas gerais, o projeto de desenvolvimento deve estar orientado pelo objetivo estratégico de que “é preciso igualar para crescer e é pre-ciso crescer para igualar”. A sustentação da dinâmica do crescimento deve ter a intencionalidade clara, bem como reconhecer a dificuldade implícita de enfrentar o mais grave problema do país e o maior desa-fio em termos de desenvolvimento: superar as graves desigualdades de todas as ordens que marcam a sociedade brasileira. Somos um país com uma imensa dimensão territorial e uma enorme população; com a unidade cultural de uma única língua; com grande diversidade nos biomas; com um enorme parque aquífero, reservas de petróleo e gás,

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potencial de produção de energia limpa (solar fotovoltaica, dos rios e ventos), com clima tropical, extensa costa marítima, entre inúmeros “recursos disponíveis”; somos uma das dez maiores economias do pla-neta, com diversidade e complexidade na indústria; com um setor de serviço e comércio muito significativo; com crescente demanda para o setor da construção civil e pesada/industrial; com grandes extensões de área agriculturável e para a produção pecuária. Esses ativos, entre tantos outros, podem gerar uma riqueza coletiva maior e melhor dis-tribuída. A história mundial oferece várias evidências dessa possibili-dade e o faz revelando que sempre se trata de uma construção política, uma tarefa para a nação.

I.4. A PROMOÇÃO DA IgUALDADE – UMA DAS BASES DO PROJETOA história também revela que não se caminha “naturalmente” para esse destino. Ao contrário, o capitalismo é uma experiência histórica de maximização da produção de excedente econômico pela exploração da força de trabalho e de concentração de renda e riqueza. Deixado à livre ação do mercado, diga-se, da hegemonia das forças do capital, particularmente dos grandes conglomerados econômicos multinacio-nais e das grandes potências militares, o capitalismo gerou e gera a exuberância da riqueza para poucos e a exacerbação da miséria para os demais, bem como conflitos que destroem economias e países. Em última instância, são sempre escolhas de natureza política e, enquanto não se forja um novo patamar de sociabilidade, só possível nos marcos do socialismo, cabe a nós a responsabilidade institucional – e sindical – de atuar para transformar, desbravando os caminhos do crescimento com justiça social.

É parte da disputa o ato de conceber a função ética da economia como geradora de bem-estar e qualidade de vida para todos, e que em uma economia de mercado isso signifique empregos de qualidade, salários justos, boas condições nos postos de trabalho, políticas públicas ca-

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pazes de redistribuir a riqueza gerada, por meio de educação, saúde, habitação, saneamento, mobilidade, cultura, esporte, vida social, lazer e oportunidades para todos, com qualidade.

O desenvolvimento no capitalismo se dá na disputa regulatória, portan-to, colocando limites para sua atuação. Sob a hegemonia neoliberal, a crença é de que o desenvolvimento se dá automaticamente, em decor-rência da livre atuação das forças de mercado. Ou seja, nega-se o desen-volvimento como fruto da ação política e da regulação do capital.

Por termos experimentado na última década uma maneira diferente de promover o desenvolvimento, reduzindo as desigualdades de maneira exemplar, é possível reafirmar, agora baseados na experiência, que tam-bém no Brasil o caminho do desenvolvimento pode ser trilhado como exigência da nação. O país dispõe de muitos e valiosíssimos ativos, que precisam ser adequadamente politizados no sentido de demandar da so-ciedade e do poder público – Executivo, Legislativo e Judiciário – esco-lhas em nome do interesse coletivo para o bem comum. Há uma força de trabalho fantástica com enorme capacidade de produzir, de criar e, pelo trabalho e pela luta, de transformar o Brasil em um país social, econômi-ca, cultural e ambientalmente desenvolvido.

I.5. OS ELEMENTOS DA ESTRATÉgIAAfirmar uma estratégia para promover esse desenvolvimento requer enfrentar a desigualdade de maneira sistemática pela sustentação do emprego, crescimento dos salários, incremento da produtividade; in-vestimento em ciência, tecnologia e inovação; favorecimento do in-vestimento público e privado na infraestrutura produtiva e social, na ampliação da capacidade produtiva das empresas e organizações; cons-trução de uma sofisticada política de desenvolvimento industrial inte-grada aos setores de serviços, comércio e agricultura, capaz de gerar serviços públicos de cultura, educação, saúde, habitação, saneamento, mobilidade de qualidade, bem como o fortalecimento da coesão social por meio do diálogo e da negociação.

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Isso exige melhorar a capacidade de atuação do Estado, sempre sob o controle e a serviço do conjunto da sociedade, revendo a legislação de licitações que autorizam o investimento e a atividade do Estado; reescrevendo as bases do pacto federativo, na melhor distribuição e equilíbrio das atribuições da União, estados e municípios; reestrutu-rando a lógica de execução orçamentária e os instrumentos de gestão; investindo no fortalecimento e equilíbrio entre o Executivo, o Legisla-tivo e o Judiciário, bem como nas atribuições dos órgãos de controle e fiscalização. Nessa etapa de transição de uma economia capitalista a um sistema socialmente mais desenvolvido, a concepção de moderni-zação do Estado deve ser disputada no sentido de conferir capacidade ao Estado de induzir, fomentar e promover o desenvolvimento do país, coordenando as ações entre os entes públicos e o setor privado, bem como regulando as atividades para que os resultados sejam alcançados e, de maneira justa, distribuídos.

I.6. UMA PREMISSA– SUSTENTABILIDADE AMBIENTALEstá também em disputa como a nação e sua estrutura econômica se relacionam e utilizam a base material e natural de que dispõem. O mundo revela de maneira dramática, por meio dos cientistas e institu-tos nacionais e internacionais de pesquisa, que já foram ultrapassados os limites aceitáveis de desgaste ambiental decorrente da atividade eco-nômica. O planeta “reclama” e já apresenta inúmeros sintomas deste desgaste. Os chefes de Estado reconhecem a dramaticidade dos pro-blemas nas conferências sobre o clima, mas pouco se consegue pactuar em termos de realizar mudanças e ações para mitigar efeitos. O Brasil é um grande ator nesse cenário, pois seus ativos podem fazer diferença na forma de atuar na arena político-institucional dos marcos regulató-rios. O que será feito com as riquezas naturais, com o solo, rios, mar, biomas e ar, deverá, no projeto de desenvolvimento, gravar o atribu-to de desenvolvimento social com equilíbrio ambiental, ou não. Esse é um enorme e ousadíssimo desafio, ainda mais se observado como concomitante à superação da desigualdade social. Dependendo da ma-

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neira como o desenvolvimento econômico e social for promovido no país, a dimensão de equilíbrio ambiental poderá simplesmente ser “es-quecida”. O desafio é justamente mostrar ao mundo, e a nós mesmos, que é possível promover a transformação de uma sociedade desigual com base em um projeto igualitário, com bem-estar e qualidade de vida para todos e com equilíbrio ambiental exemplar. Mas não se trata de tarefa trivial.

Nesse aspecto, que reúne crescimento econômico e equilíbrio am-biental, cabe a ousadia de questionar o princípio de um crescimento permanentemente mobilizado pela ansiedade do consumismo desen-freado, da obsolescência programada dos produtos, da produtividade espúria das extensas jornadas de trabalho ou péssimos salários e con-dições de trabalho, da ganância pela riqueza patrimonial, do dinheiro e pela obtenção de maiores lucros. A riqueza material a ser promovida deve levar todos a viver melhor, trabalhar jornadas menores, possibi-litar a convivência com familiares e amigos, o desenvolvimento cultu-ral, a manutenção do equilíbrio entre trabalho e as demais atividades da vida, de maneira a promover a felicidade de todos e de cada um. Para isso é preciso mudar o atual paradigma de crescimento, corre-lacionando-o de maneira intrínseca à centralidade da relação entre o desenvolvimento, o equilíbrio ambiental, o bem estar e a qualidade de vida. Isto é, outro mundo é possível, uma nova lógica, que requer no-vos fundamentos econômicos, materiais e culturais. O novo ciclo de desenvolvimento proposto deve estar impregnado pela intencionali-dade de enfrentar essas questões.

I.7. A IMPORTâNcIA DAS INSTITUIÇõES E ATORES SOcIAIS considerando-se que o desenvolvimento aborda a regulação e disposi-ção dos recursos em todas as dimensões da atividade econômica, suas inter-relações, os limites existentes e as diferentes opções de caminhos que podem ser trilhados, entende-se que um projeto para o Brasil exi-ge o sujeito da ação, portanto, requer uma nação em projeto, uma na-

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ção que se promove como sujeito coletivo que conduz seu projeto. A própria nação é uma construção, portanto, também um projeto, ou seja, expressa de que maneira o povo brasileiro se coloca como sujei-to da sua história em cada contexto e por meio de quais instituições. Expressa, como sujeito coletivo, sua capacidade de afirmar o que quer, escolher quem governará e como o fará. Portanto, a disputa pelo de-senvolvimento, diga-se, pela regulação das relações sociais e econômi-cas, requer o investimento no desenvolvimento dos sujeitos coletivos capazes de mobilizar e construir nos espaços das instituições os inte-resses coletivos que promovam o bem comum.

O movimento sindical é parte do arranjo institucional que promove e expressa a vontade dos brasileiros como nação. Essa não é uma equa-ção simples, pelo contrário, é complexa e difícil. Basta ver, para refres-car nossa memória, a chamada Primavera vermelha dos países árabes, que resultou em graves crises institucionais, conflitos e mortes de civis e em regimes autoritários e de exceção.

No Brasil, em meados do ano passado, viveu-se um movimento iné-dito em tempos recentes. Mobilizações nacionais, impulsionadas pelo Movimento Passe Livre, evidenciaram uma agenda de inúmeros pro-blemas, de insatisfação com as políticas sociais e urbanas, com os gas-tos públicos, entre outros. Essa mobilização trouxe principalmente a juventude para as ruas e revelou a existência de milhares de organiza-ções de jovens, em especial moradores das periferias das metrópoles. Esses jovens denunciaram com sua indignação os graves problemas das desigualdades e exigiram outra atitude do Estado na construção do serviço e do bem público. O susto das instituições foi em seguida arrefecido e pouco do que se demandou foi encaminhado. A ausên-cia de resposta institucional a este clamor é uma fenda que se abre e que pode ter graves consequências futuras. cabe às instituições, como aos nossos sindicatos e à fisenge, serem agentes de mudança, agentes que sustentem a transformação porque se renovam e exigem que as instituições do país também sejam renovadas para ouvir e viabilizar a satisfação da vontade das maiorias.

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Por isso, parte da tarefa do movimento sindical é fortalecer as institui-ções, em especial nossos sindicatos, nossa federação e nossas centrais sindicais. É urgente que se faça da nossa atual trajetória de desenvolvi-mento uma oportunidade de modernização da vida sindical. Moderni-zação significa sindicatos fortes e representativos, com representação desde o local de trabalho, com respeito à diversidade político-sindical, bem como enorme capacidade de construção de unidade na luta; com grande capacidade de organização e mobilização, projeto de formação de militantes, quadros e dirigentes; indutores de um sistema de rela-ções de trabalho centrado na negociação coletiva, na ágil solução dos conflitos, no direito de greve e na participação nos espaços institucio-nais de representação.

Deve-se dizer em alto e bom som: é preciso abrir espaço para a juven-tude se apropriar das instituições, que devem ser espaços educativos de luta e transformação. Mais ainda, nesse nosso meio predominan-temente masculino, é preciso abrir espaço para a participação das en-genheiras na vida sindical. A desigualdade também está entre nós e devemos encontrar os caminhos para superá-la.

A transformação deve ser pensada como estratégia que conduz o pro-cesso pelo qual se quer promover o desenvolvimento do Brasil. Da si-tuação presente e da visão prospectiva, considerando-se o escopo da atuação dos profissionais de engenharia e das suas organizações sin-dicais, destacam-se dois grandes eixos aglutinadores de desafios: (a) a disputa sobre o papel e o caráter do Estado como indutor do desenvol-vimento e (b) o fortalecimento do movimento sindical como ator so-cial que luta pela transformação na democracia. Esses dois eixos serão tratados nas duas seções seguintes deste documento.

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II.ESTADO EDESENvOLvIMENTOO desenvolvimento é um campo em disputa sobre a regulação das re-lações sociais de produção, da distribuição dos recursos e da riqueza e do papel do Estado como agente econômico. A modernidade na histó-ria humana é caracterizada pelas transformações econômicas promo-vidas pelo surgimento e consolidação do modo capitalista de produ-ção, pelos valores da liberdade e da democracia, fortemente veiculados pelo liberalismo político e econômico, e pela formação dos Estados nacionais. Nesse processo, ganharam força as empresas, hoje enormes conglomerados econômicos que dominam a produção de riqueza no mundo, e o Estado, como força política que controla e coordena as re-gras (leis), exerce a coerção (força de polícia) e atua como agente eco-nômico pela oferta de bens e serviços, como demandante pelo poder de compra e empreendedor por meio de empresas estatais ou públicas. Ao mesmo tempo, a democracia formal consolidou-se como regime predominante nas sociedades desenvolvidas para a escolha dos gover-nos (Executivo) e dos legisladores e, portanto, de diferentes alternati-vas de caminhos e resultados.

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Na sociedade moderna, sem Estado não há mercado, pois é por meio dele que se constituem e se asseguram as regras para seu funciona-mento. Entretanto, ao mesmo tempo os agentes econômicos pro-curam colocar limites para o poder regulador do Estado, visando à máxima liberdade para produzir e acumular riqueza, bem como li-mites na atuação do Estado como agente econômico, seja comprador, provedor de serviços e bens públicos ou empreendedor. Essa lógica que busca limitar a ação do Estado mudou o paradigma de produ-ção material de produtos e serviços forjado no pós Segunda guerra Mundial, especialmente com a privatização de empresas estatais e públicas e de bens e serviços urbanos, com a entrada do setor privado em muitos serviços públicos (saúde, educação, água e saneamento, transporte urbano, entre tantos outros), fazendo crescer ainda mais a capacidade de produzir riqueza e, ao mesmo tempo, aumentando a desigualdade social.

Neste período, sob o estímulo crescente das forças do capital, vem mu-dando, também, a visão das pessoas sobre o que dá sentido à sua pró-pria existência. O padrão de consumo desenfreado e a aspiração à sua elevação sem limites têm ganhado relevância cada vez maior na vida contemporânea. Esse fato tem contribuído para exercer uma gigantes-ca pressão sobre a natureza, colocando um enorme desafio à existência com qualidade de vida das futuras gerações. Por isso, o próprio sentido do que venha a ser desenvolvimento está em disputa e não apenas as vias pelas quais se pode promovê-lo.

considerando que no capitalismo a exploração do trabalho é consti-tuinte do sistema, a luta social daqueles que buscam outro modo de distribuir a riqueza e colocar limites à exploração na esfera da produ-ção é travada, além do enfrentamento direto, por intermédio da dis-puta sobre o papel que se quer atribuir ao Estado. Busca-se ampliar a capacidade do Estado de regular o sistema de produção e distribuição, de exercer o poder de compra do Estado como indutor da coopera-ção e de promoção da igualdade de oportunidades e condições, bem como investir na sua capacidade de agente econômico empreendedor por meio das empresas estatais/públicas e da oferta de bens e servi-ços públicos de qualidade. Regular os limites da exploração do tra-

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balho, ampliar as possibilidades de produção com uma determinada intencionalidade distributiva e inibir as oportunidades de acumulação privada e de produção que ampliem as desigualdades são tarefas per-manentes de uma nação que coloca a promoção da igualdade como função essencial do Estado.

Para os neoliberais, o Estado deve ser mínimo, deixando as forças de mercado atuarem livremente, ocupando o máximo das atividades econômicas. A competição e a capacidade competitiva das empresas e de cada economia definirão a capacidade de produção e a forma de distribuição da riqueza gerada. Sob esta acepção, quanto menos Estado, melhor funciona o mercado. Desta perspectiva da atividade econômica e do empreendimento, cabe ao setor privado e ao Estado tão somente criar as condições favoráveis para tal. As décadas de he-gemonia de tal concepção no Brasil tiveram como resultado, por um lado, muita concentração de renda e riqueza e, por outro, um forte déficit de qualidade nos produtos, custos unitários elevados, perda de capacidade de gestão, de controle, de conhecimento, riscos de per-da da autonomia, riscos à saúde e segurança dos trabalhadores, entre tantos outros problemas.

Antes que formas de organização social fundadas na igualdade pre-valeçam, a perspectiva de uma menor desigualdade como uma pos-sibilidade em uma economia de mercado passa pela imposição de limites ao capital, limites à sua liberdade de explorar o trabalho, e pela promoção de outras formas de distribuir a renda e riqueza ge-radas neste modo de produção. A legislação de proteção trabalhista e o incentivo à negociação coletiva, entre outros, são elementos im-portantes da regulação das relações de trabalho e sua taxa de explo-ração. Por outro lado, a regulação da atividade econômica e a própria atuação do Estado como agente econômico são formas de promo-ver e disputar a regulação da distribuição e acumulação. Para tanto, cabe ao Estado o papel de: (a) regulador geral das relações econômi-cas e sociais; (b) indutor de linhas e estratégias de crescimento; (c) promotor e regulador do uso racional e ambientalmente sustentável dos recursos naturais; (d) animador de relações de cooperação, de concorrência e de aprimoramento da capacidade de produção; (e)

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fomentador da pesquisa, da ciência e da tecnologia; (f) incentivador da inovação; (g) investidor na expansão e manutenção da infraestru-tura produtiva e social; (h) executor de políticas sociais de oferta de bens e serviços públicos; (i) dinamizador de políticas distributivas; (j) promotor e condutor de empresas estatais e de economia mista; (k) articulador de bancos públicos; (l) provedor de crédito, especial-mente de longo prazo, e regulador da taxa de juro; (m) fomentador econômico de empresas nacionais, de qualidade dos produtos e ser-viços privados, especialmente por meio do poder de compra do Esta-do; (n) regulador dos serviços públicos concedidos às empresas, em especial garantidor do equilíbrio entre a remuneração do capital e a modicidade das tarifas e a qualidade dos serviços.

considera-se que, no atual contexto do desenvolvimento econômico brasileiro, ganha destaque o papel do Estado na oferta de infraes-trutura para a atividade produtiva e social. A expansão da atividade econômica e a sustentação do crescimento são fatores essenciais para prosseguir na perspectiva da geração do emprego, do incremento da renda e da redução das desigualdades, inclusive aquelas observadas entre as regiões do país. O aumento da produção pode, também, im-pactar positivamente a qualidade dos bens e serviços oferecidos às pessoas, bem como o nível de preços. E pode permitir, ademais, uma inserção em melhores condições da economia nacional no comércio internacional.

contudo, crescer demandará a ampliação da capacidade produtiva com o incremento da capacidade instalada, bem como dos ganhos sis-têmicos de produtividade, elementos que devem compor uma política de desenvolvimento industrial articulada com os setores de serviço, comércio e agropecuária. Isso exige que a infraestrutura produtiva seja adequada em termos de capacidade de oferta e de qualidade. Adicio-nalmente, esse crescimento dependerá, em grande medida, da oferta de qualidade de infraestrutura social (educação, saúde, mobilidade, habitação, saneamento).

Tal esforço, por um lado, dependerá da capacidade do Estado de ar-recadar os recursos fiscais necessários. Sobre este aspecto, é preciso

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alterar as bases da arrecadação, através de uma redistribuição da car-ga tributária, de modo a torná-la progressiva em relação à capacidade contributiva dos cidadãos e das empresas. Por outro lado, dependerá da capacidade de alavancar recursos para financiar os investimentos. A infraestrutura é demandante de altos investimentos, que têm lon-go prazo de maturação, o que, por vezes, afasta o interesse privado. É da lógica do capital buscar investimentos que tenham baixo risco, alto retorno, no menor prazo possível. Ao mesmo tempo, é esse tipo de investimento, em infraestrutura e com longo prazo de maturação, aliado à tecnologia e à formação da força de trabalho, que permite a obtenção de ganhos expressivos de produtividade. Nestes termos, os investimentos em infraestrutura exigem a presença do Estado, ainda que com a participação privada, seja porque compreende sua função econômica e seu caráter estratégico para a nação; seja por sua função social, garantindo o provimento do serviço e o acesso aos bens nas regiões com menor taxa de retorno ou mais distantes.

cabe ao Estado investir na infraestrutura econômica, que apoia a pro-dução e a circulação, e na infraestrutura social e urbana, que desem-penha importante papel na estruturação dos domicílios e na qualidade de vida das famílias. cabe também ao Estado investir em infraestrutu-ra que permita a integração regional com os países latino-americanos, com todos os aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais que daí derivam. Tais investimentos englobam os segmentos de energia, transporte e logística (portos, rodovias, aeroportos e ferrovias), petró-leo, gás e biocombustíveis, telecomunicações, água e saneamento, ha-bitação, coleta de resíduos, tecnologia da informação e comunicações, e transporte urbano.

Nessa perspectiva destacam-se como desafios gerais:

a. Ampliar a capacidade do Estado como financiador/investidor em infraestrutura econômica/produtiva e social e urbana, especial-mente a atuação do BNDES, do Banco do Brasil, da caixa Econô-mica federal e dos Bancos de Desenvolvimento Regional (BRDE, BASA, BNB etc.).

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b. Rever e aprimorar os marcos regulatórios da relação entre o setor público e a iniciativa privada nas concessões e regulação da atividade empresarial nos serviços ao público.

c. Aperfeiçoar a capacidade institucional do Estado para promover e executar os investimentos, especialmente com a celeridade dos pro-cessos de licenciamento das obras, garantida a segurança ambiental e social do projeto.

d. Rever o pacto federativo redefinindo as atribuições entre os entes federados no que tange ao investimento, à elaboração e à execução de projetos e de licenciamento.

e. fomentar os elos que unem o desenvolvimento da tecnologia à ino-vação empresarial, especialmente no apoio à constituição de empresas nacionais, que dominem e desenvolvam tecnologia.

f. Ampliar a capacidade de elaborar projetos.

Essas diretrizes gerais devem promover a capacidade do Estado de: 1) estruturar a sustentação e ampliação da oferta de energia para a ativi-dade econômica e o consumo social; 2) ampliar, coordenar e integrar a estrutura de comunicação e transporte; 3) promover reformas urbanas capazes de elevar a qualidade de vida nas cidades e 4) incentivar e pro-mover condições adequadas para a produção alimentar. Esses são quatro destaques que propomos priorizar na atuação das nossas entidades para disputar o sentido do desenvolvimento brasileiro.

II.1. ENERgIA E DESENvOLvIMENTOA energia tornou-se fator constituinte da forma de vida e de produção da sociedade moderna. A urbanização do modo de vida – mais de 80% das pessoas já vivem em cidades no Brasil –, a industrialização das atividades econômicas, as tecnologias de informação e comunicação, as complexas redes integradas de diferentes modais de transporte, a tecnologia associada diretamente à vida na medicina e nas inúmeras

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outras dimensões sociais e econômicas colocam a produção de energia como elemento estratégico para o desenvolvimento e a segurança das nações. grande parte das guerras que se propagam no mundo atual-mente ocorre pela disputa sobre a energia, especialmente de origem fóssil.

Recentemente o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2022) foi aprovado pelo Ministério de Minas e Energia. Nele, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1,1 trilhão nas áreas de petróleo, gás natural, energia elétrica e bicombustíveis. O setor de petróleo e gás concentrará R$ 835 bilhões, quase 73% dos investimentos, sendo R$ 625 bilhões para a exploração e produção e R$ 201 bilhões para a área de derivados de petróleo. Isso deve elevar a produção a 5,5 milhões de barris/dia em 2022 e a 189 milhões de metros cúbicos de gás/dia. Para o mesmo período, estima-se investimento de R$ 56 bilhões em biocombustíveis.

PETRóLEO E gáS

O petróleo e o gás foram fontes energéticas indutoras de um padrão de desenvolvimento tecnológico, de materiais e de equipamentos e má-quinas que transformaram a humanidade no último século. Associa-das às outras fontes de energia transformaram-se em fator essencial da atividade econômica. A dependência do combustível fóssil como fonte básica de energia adquire cada vez mais dimensões dramáticas pelo que representou, e continua a representar, nos conflitos bélicos, e pelo que promove de impactos ambientais sobre o clima, a poluição atmosférica e de biomas. A urbanização acelerada aumenta de forma significativa a demanda por energia. cada vez mais, o planejamento energético se torna uma dimensão estratégica na política de desenvol-vimento e um aspecto central na soberania das nações.

No Brasil, a história da indústria nacional de petróleo e gás é, em gran-de medida, a história da Petrobrás, uma decisão de governo, tomada em meados do século XX, que deu ao Estado brasileiro a responsa-bilidade de monopólio no cuidado das reservas e do seu uso. como

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riqueza essencial esteve, e está, no centro das disputas pelos vultosos ganhos que gera. A partir dos anos 1990 enfrentou-se o debate da pri-vatização do segmento e até hoje continuamos a enfrentar no Brasil o debate sobre a interação entre o capital estatal e privado no setor. As descobertas e operação da camada do pré-sal abriram novas alternati-vas para o país, consolidando um patamar expressivo de reservas que permitem, potencialmente, promover muitas realizações. Mas quais?

Trata-se de um recurso finito e mundialmente estratégico. Não há se-gunda safra. Extrair as reservas deve estar associado ao sentido e pers-pectivas estratégicas do seu uso aplicado (usar no que e para quê?), bem como sobre a destinação da riqueza gerada na comercialização. como patrimônio da nação, o sentido deve ser na perspectiva de uso no longo prazo para geração de riqueza com alta densidade de agregação de va-lor e a riqueza gerada deve ser usada para criar e sustentar um padrão de desenvolvimento igualitário, promover educação de qualidade para todos, investir na capacidade de desenvolvimento tecnológico e inova-ção, nas novas fontes de energia e na recuperação e preservação do meio ambiente. Esse recurso deve ser usado para ampliar/conservar velhos e novos recursos naturais, promover o desenvolvimento humano, cultural e tecnológico, e preservar as diferentes formas de vida, considerando-se que essa concepção do uso do recurso é em si um ativo político estraté-gico para a geopolítica e as relações internacionais, inclusive comerciais, que o país realiza. Por isso, é fundamental ter o controle social sobre o recurso, adequando a legislação nesse sentido, submetendo a velocidade de seu uso ao debate público e ao interesse do desenvolvimento nacio-nal. Para tanto, é fundamental considerar, e não se pode subestimar, a capacidade de influência dos grupos de interesses, econômicos e geopo-líticos internacionais, sobre os países produtores.

Outra dimensão estratégica para uma perspectiva de desenvolvimento é a articulação dos investimentos orientados e apoiados para a consti-tuição da capacidade de produção nacional, incluindo principalmente a internalização e o desenvolvimento de tecnologia. Isso deve ser cen-tral na estratégia de conformação da cadeia de fornecedores do siste-ma. Deve-se ter cuidado especial para uma possível maquiagem que as empresas multinacionais fazem para cumprir as metas de conteúdo

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nacional, contidas atualmente na legislação e na regulação. Essas ques-tões devem ser trabalhadas desde a pesquisa, extração, desdobrando-se para toda a cadeia (plataformas, refinarias), setor metalúrgico, na-val, indústria de plásticos, setor da construção, entre outros.

Essa indústria, e aqui se destaca o papel da Petrobrás, tem papel es-truturante na área de pesquisa, tecnologia e inovação de produtos e processos com taxas superiores a quatro vezes a média da indústria brasileira, ainda assim abaixo do padrão internacional do setor.

A Petrobrás, de maneira exemplar nessa perspectiva, já desenvolveu tecnologia, repassando às empresas, criando rede de milhares de em-presas industriais, de serviços e fornecedores, que difundiam inovação para os demais segmentos da economia, com robustos impactos para o desenvolvimento da engenharia nacional. Há que se recuperar essa po-lítica, seguida por todos aqueles países que se desenvolveram, apostan-do na constituição de grandes, médias e pequenas empresas nacionais, articuladas na cadeia produtiva e com apoio para tal. É preciso distin-guir o capital nacional do internacional e dar tratamento diferenciado.

Nos anos 1990, esse modelo foi alterado e a garantia da preferência na-cional foi revisada. Observaram-se mudanças que transformaram as empresas em importadoras de equipamentos produzidos no exterior, enquanto outras foram incorporadas às multinacionais. Os efeitos per-versos são inúmeros e ainda se fazem sentir, apesar das mudanças já implementadas a partir da segunda metade dos anos 2000: perda de ca-pacidade tecnológica, dependência externa, remessa de recursos para o exterior e impactos negativos sobre as contas externas. Ampliar a produ-ção sem uma forte capacidade da indústria de transformação nacional pode significar ampliar a desnacionalização da produção e a dependên-cia tecnológica. É urgente criar capacidade de fiscalizar as empresas que atuam no setor e exigir o pleno cumprimento dessas diretrizes.

Do ponto de vista da agregação de valor e da geração de empregos, cabe investir na capacidade de desenvolver e produzir produtos finais, fazendo dessa atividade uma alavanca para a geração de emprego e renda. São, principalmente, as pontas da extensa cadeia produtiva do

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petróleo e gás que geram a maior quantidade de empregos, como é o caso dos setores naval e metalúrgico, a montante, e da indústria plás-tica, a jusante. Não basta explorar e produzir petróleo e gás, voltando a produção meramente à exportação. Apesar de sua importância na geração de divisas, o que há de estratégico, e pode ser um passaporte para o futuro, é o arco de possibilidades que se abrem para a indústria nacional no fornecimento de máquinas e componentes, bem como na transformação das matérias-primas derivadas dos hidrocarbonetos.

O país carece de bons empregos, com elevada produtividade e que pa-guem bons salários. Esta pode ser uma oportunidade, mas, para tanto, é preciso propagar as melhores práticas em termos de remuneração, duração do vínculo, condições de saúde e segurança no trabalho, den-tre outras dimensões. Neste aspecto, preocupa sobremaneira o atual padrão no setor de petróleo e gás, baseado intensivamente na terceiri-zação das atividades, visando à redução de custos por meio de condi-ções de trabalho precarizadas e remuneração rebaixada nas empresas terceiras.

Diretrizes sugeridas:

a. Ampliar de maneira vigorosa os sistemas de controle pelo Estado brasileiro das reservas e de seu uso.

b. criar mecanismos sociais de controle sobre as reservas de petróleo e seu uso, articulando organizações sociais, inclusive sindicais, para processos e movimento de controle autônomo dessas reservas.

c. conquistar ampla participação no uso e controle do fundo Social para a aplicação dos royalties e demais participações.

d. conquistar participação no conselho Nacional de Política Energética.

e. Ampliar a capacidade de extração e refino, modernizando os par-ques de refino.

f. Avaliar a perspectiva do biodiesel em termos de escala de produção, oferta de matéria prima, crédito, tecnologia, processamento e armaze-namento, e os impactos sobre o preço da terra e a produção alimentar.

g. Promover a racionalização do consumo.

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ENERgIA ELÉTRIcA

considerando a dimensão do território brasileiro, o tamanho popula-cional e a complexidade da economia, colocados sob a perspectiva do desenvolvimento, há forte demanda, o que exige sólida estratégia de geração energética. No Brasil, 87% da geração elétrica é baseada em fontes renováveis. As empresas estatais são responsáveis por 67% da oferta de eletricidade.

O desafio é garantir a oferta de energia para atender à demanda nos padrões correntes, em especial aquela decorrente do crescimento, de sorte a sustentá-lo e incentivá-lo, bem como para atender ao padrão de desenvolvimento desejável – o que diz respeito não apenas à segurança energética, como também ao modelo de matriz energética que se quer.

O Plano de Desenvolvimento Energético estima investimento da or-dem de R$ 260 bilhões até 2022 na geração, distribuição e transmissão de energia elétrica (R$ 200 bilhões somente na geração de energia), atingido 183,053 mil megawatts em 2022, o que representa um au-mento de 53%. Há, ainda, a previsão de investimento de R$ 60 bi na transmissão (aumento de 104 para 158 mil quilômetros de extensão). Estima-se também o crescimento da ordem de 12% a.a. das fontes al-ternativas de geração de energia. Mais de 80% da energia é gerada por hidroelétricas. Estima-se que a participação das hidroelétricas cairá para 76% na matriz, ao passo que as fontes alternativas dobrarão, che-gando a 16% na matriz.

A produção de energia solar fotovoltaica, embora ainda não seja ex-pressiva no país, vem obtendo investimentos que permitem vislumbrar a possibilidade de uma trajetória semelhante àquela percorrida pela energia eólica. Ambas requerem ganhar escala, especialmente com o desenvolvimento em pesquisa, tecnologia e inovação, e podem ser in-dutoras de uma cadeia produtiva nacional. Especificamente na energia eólica, o país vem obtendo importantes avanços, inclusive no provi-mento de equipamentos, e pode se consolidar como a segunda fonte mais importante de geração de energia.

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A fronteira de expansão em curso ocorre na Região Norte, o que coloca relevantes questões ambientais que exigem soluções técnicas, sociais e ambientais adequadas e inovadoras. Assim foi, por exemplo, a escolha das grandes hidroelétricas a fio d’água, que dispensam a construção de grandes reservatórios, mas que, de outro lado, não “reservam” energia e exigem estratégia de complemento. Nesse sentido, as usinas térmicas passam a ter importância renovada e se abre a possibilidade das usinas a gás e nuclear. Desta forma, amplia-se a necessidade de complemen-taridade com outras fontes primárias de energia.

Uma das questões que aparece no debate é a contradição existente entre os baixos custos na geração da energia e as altas tarifas pratica-das no país, uma das mais caras do mundo. É uma constante na fala empresarial o peso do preço da energia na formação dos custos da economia. Observando-se países com alta capacidade de produção energética baseada na hidroeletricidade como, por exemplo, o ca-nadá, o nosso custo é elevado. O Brasil é um dos poucos países que tem capacidade de gerenciar seus níveis de reservas e produção. Des-de a mudança do modelo desencadeada nos anos 1990, baseada na experiência inglesa, as funções de geração, transmissão, distribuição e comercialização foram reorganizadas. Tais mudanças foram decisi-vas na ocorrência do racionamento de energia, em 2001, e levaram a uma série de alterações no marco regulatório a partir de 2003. con-tudo, a despeito das mudanças introduzidas, o preço da energia para o consumidor quase dobrou em termos reais. Ademais, o modelo que regula o setor elétrico brasileiro não reflete suas características físicas: sistema interligado nacionalmente; cerca de 80% de geração hídrica; e operação otimizada segundo situação hidrológica. Procura mimetizar uma situação de mercado, sendo um monopólio natural. coloca-se a necessidade de enfrentamento do debate sobre a revisão do modelo, pois a experiência tem mostrado que o mesmo não é téc-nica e economicamente sustentável.

Dada a dependência da energia para o modo de vida presente e prospectado para o futuro, torna-se estratégico, ainda, a formação da consciência do consumidor, informado sobre as fontes de energia renováveis, custos e possibilidades, bem como no uso responsável.

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Diretrizes sugeridas:

a. Repensar estrategicamente a matriz energética brasileira, conside-rando, também, os aspectos relacionados à qualidade e não somente aos preços.

b. Sustentar os investimentos na ampliação da capacidade com predo-minância nas fontes renováveis.

c. Investir em projetos que articulem as dimensões de engenharia, fi-nanceira, jurídica, ambiental e regulatória, para dar mais segurança política e social, bem como mais celeridade e probidade às obras.

d. Investir na formulação de projetos voltados a melhorar a eficiência do sistema, inclusive no que se refere à sua interligação.

e. favorecer o desenvolvimento de tecnologia e inovação em energia solar fotovoltaica, eólica, de biomassa e gás natural, estimulando o surgimento de empresas nacionais que desenvolvam e internalizem tecnologia.

f. Apoiar o desenvolvimento tecnológico para buscar a eficiência de máquinas e equipamentos e de toda estrutura produtiva em todos os setores econômicos da produção e para o consumidor final.

g. Elaborar estudos aprofundados sobre o atual modelo regulatório do sistema elétrico brasileiro.

h. Elaborar proposta de novo modelo que reflita as reais características físicas do sistema e permita a apropriação dos seus benefícios poten-ciais pela sociedade brasileira.

i. Realizar uma análise criteriosa das medidas que visaram à redução da tarifa e seus impactos em cada situação específica e concreta.

j. Acompanhar e atuar criticamente nos processos de relicitação das usinas devolvidas.

k. Ampliar a oferta de energia nuclear.

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II.2. POLÍTIcAS URBANAS: SANEAMENTO E HABITAÇÃO

SANEAMENTO

No saneamento, a presença do Estado é fundamental. A oferta de água tem função social e é um monopólio; não deve ser tratada como uma mercadoria, pois é um bem essencial à vida e de cará-ter público. Além disso, é fundamental a participação do Estado, porque tal setor combina complexas atividades, da coleta, trans-porte, tratamento à destinação final do esgoto e resíduos sólidos, passando pelo abastecimento de água tratada e drenagem urbana, com forte impacto sobre a qualidade dos recursos naturais do país, especialmente dos recursos hídricos.

O Brasil convive com 38%, em média, de perdas no sistema de distri-buição de água e metade das cidades não faz controle da qualidade da água. Atualmente, 105 milhões de brasileiros não têm acesso a sistema de esgoto tratado; 48% têm coleta de esgoto, mas somente 38% do es-goto é tratado e 85 milhões de habitantes não dispõem de nenhuma coleta. De acordo com o Atlas da Agência Nacional de águas, 55% dos municípios podem sofrer desabastecimento de água nos próximos quatro anos se não forem investidos R$ 70 bilhões na ampliação e ade-quação dos sistemas de tratamento de água, uso de novos mananciais e tratamento de esgoto para evitar contaminação de mananciais já em uso. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de cada R$ 1 investido em saneamento há um retorno de R$ 4 em saúde.

Embora o quadro atual seja ainda desolador, o setor de saneamento vem passando nos últimos anos por importante processo de transfor-mação, principalmente em razão do Plansab e da Lei de consórcios Públicos, que possibilita a gestão associada do saneamento em razão dos investimentos do Programa de Aceleração do crescimento (PAc ). Para que as metas contidas no Plansab sejam cumpridas, por exemplo,

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em 20 anos 93% das áreas urbanas terem esgotos coletados e tratados, é preciso um sistema amplo de cooperação entre os entes federados (União, estados e municípios) e a iniciativa privada (atualmente 75% da população é atendida por empresas estatais, 20% pelas prefeituras e 10% pela iniciativa privada).

Apesar de nos últimos anos ter ocorrido aumento expressivo dos re-cursos disponíveis para o investimento no setor, os mesmos não se convertem em obras por ausência ou baixa qualidade dos projetos, morosidade no planejamento, falta de pessoal capacitado e déficit na gestão das empresas. Muitos investimentos estão paralisados por erros nos projetos, problemas no licenciamento ambiental e na regulariza-ção fundiária. Há recurso, mas há necessidade de bons projetos, pois 45% do dinheiro disponível ficou parado nos cofres públicos, uma vez que os municípios não conseguem apresentar projetos de saneamento. Há total carência nos municípios de especialistas nessa área.

O Plansab estima em R$ 500 bilhões o investimento necessário para universalizar o atendimento de saneamento básico no país até 2033. Há metas em termos de melhora da qualidade e eficiência da perda de água (em determinadas regiões a perda é de 60%). De outro lado, é necessário ampliar a capacidade de restringir os desperdícios nas ativi-dades produtivas, inclusive na produção agrícola.

Diretrizes sugeridas:

a. garantir o atendimento das metas de universalização.

b. Incentivar acordos de cooperação para a transferência de tecnologia entre as empresas públicas.

c. Investir no apoio à elaboração de planos municipais de saneamento e projetos nos pequenos municípios.

d. Incentivar a cooperação entre os municípios (consórcios).

e. Ampliar o conhecimento em novas tecnologias para o segmento.

f. Atuar no fórum Mundial da água em 2018.

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g. Implementar políticas de conscientização sobre o uso racional da água e sobre sistemas de esgotamento sanitário e resíduos sólidos.

h. Desenvolver incentivos às empresas para serem eficientes no uso dos recursos hídricos.

i. Incentivar a participação crescente da sociedade civil para o exercí-cio do devido controle social sobre este processo.

Mais de 80 % da população brasileira vive nas cidades, concentração que se acentuou nas últimas três décadas do século passado. As cida-des se formaram e cresceram com a expansão da economia capitalista e todas suas contradições. Produzem e reproduzem a pobreza, concen-trando-a no espaço urbano, e difundem as desigualdades na medida em que incrementam de maneira extraordinária a produção da rique-za. As cidades são constructos que expõem o cerne contraditório do sistema, os extremos da desigualdade e, ao mesmo tempo, evidenciam que é possível outro caminho e novos sentidos para a vida humana. O encontro que a cidade promove permite pensar novas possibilidades para laços de cooperação e solidariedade.

As cidades se constituem em um complexo desafio, na medida em que favorecem a concentração de renda e de poder, a degradação do meio ambiente, a privatização do espaço e dos serviços públicos, a geração da exclusão, pobreza, segregação social e espacial. Ao mesmo tempo, em princípio, a cidade é essencial para um desenvolvimento igualitá-rio ao oferecer, potencialmente, condições para a igualdade ou, dito de outra maneira, igualdade de condições de acesso. Mas, ao privar a maioria da população da possibilidade de atender suas necessidades básicas, aqui entendidas como direitos à moradia, à mobilidade, à edu-cação, à saúde, à cultura e ao trabalho, entre outros, as cidades brasi-leiras não oferecem condições e oportunidades minimante equitativas.

Na democracia e no Estado de direito e liberdade, essas contradições favorecem o surgimento de lutas sociais urbanas como aquelas que acompanhamos há décadas nas associações de moradores, nos movi-mentos pelo transporte, pela creche, pelo posto de saúde, pela moradia

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e pelo saneamento. No ano passado, eclodiu um amplo movimento de massa nas ruas das cidades brasileiras. Esse movimento talvez tenha evidenciado, especialmente pela ampla participação da juventude, a indignação com a desigualdade que as cidades brasileiras promovem, seja pelas carências, seja pela baixa qualidade dos serviços. O espaço urbano reúne e segrega. Desenvolver o Brasil é transformar os espaços urbanos.

Desde o fórum Social Mundial, realizado em 2001, os movimentos sociais no Brasil e no mundo colocam o desafio de construir um mo-delo sustentável de sociedade e vida urbana, baseado nos princípios da solidariedade, da liberdade, da igualdade, da dignidade e da justiça social, com respeito às diferenças culturais, com o equilíbrio entre o urbano e o rural e com o cumprimento da função social da cidade e da propriedade.

como expressa a carta Mundial pelo Direito à cidade:

i. “... o direito à cidade democrática, justa, equitativa e sustentável pressupõe o exercício pleno e universal de todos os direitos econô-micos, sociais, culturais, civis e políticos previstos em Pactos e con-vênios internacionais de Direitos Humanos, por todos os habitantes tais como: o direito ao trabalho e às condições dignas de trabalho; o direito de constituir sindicatos; o direito a uma vida em família; o di-reito à previdência; o direito a um padrão de vida adequado; o direito à alimentação e vestuário; o direito a uma habitação adequada; o di-reito à saúde; o direito à água; o direito à educação; o direito à cultu-ra; o direito à participação política; o direito à associação, reunião e manifestação; o direito à segurança pública; o direito à convivência pacífica, entre outros.

ii. Entretanto, além de garantir os direitos humanos às pessoas, o terri-tório das cidades, seja urbano ou rural, é espaço e lugar de exercício e cumprimento dos direitos coletivos como forma de assegurar a distri-buição e uso equitativo, universal, justo, democrático e sustentável dos recursos, riquezas, serviços, bens e oportunidades das cidades. Dessa forma, é relevante ressaltar os direitos coletivos a que estão sujeitos os habitantes das cidades: o direito ao meio ambiente; o direito à partici-

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pação no planejamento e na gestão das cidades; o direito ao transporte e mobilidade pública; o direito à justiça”.

Destacaremos três dimensões que consideramos urgentes e que devem ser objeto de atuação articulada da fisenge: mobilidade urbana, habi-tação e saneamento.

HABITAÇÃO

A cidade foi privatizada, no sentido em que sua lógica de organização e funcionamento e a própria ocupação do espaço urbano foram captura-dos pelos interesses privados e do capital. Este fato acarreta em graves consequências para a vida em sociedade, dada a quase total predomi-nância do espaço urbano como locus de convivência e de produção de bens e serviços. A disputa sobre o papel do Estado nas funções de pro-vedor de bens e serviços públicos, ou de regulador da atividade privada que presta esses serviços, está no centro da vida política da moderni-dade. Nas últimas décadas do século passado, ganhou predominância a visão neoliberal de que cabia ao Estado delegar ao setor privado a realização desses serviços e prover os bens, regulando e fiscalizando. No espaço urbano se observa, de maneira dramática, as contradições entre as dimensões públicas e a ação privada no provimento de servi-ços e no acesso aos bens.

A terra e a habitação fizeram parte desse processo. Prover moradia passou a ser atribuição do mercado fortalecido pela lógica de que a propriedade privada é a melhor alternativa para todos. Partindo-se desse princípio, as políticas públicas subsidiaram essa lógica. Entre-tanto, isso pressupõe capacidade econômica para acessar o direito – o direito será comprado – com a capacidade econômica decorrente do emprego ou da ocupação e das ofertas de crédito colocadas pelo Esta-do e pelo mercado. Na esteira dessa lógica emergiram as políticas de habitação de interesse social público, hoje vistas pela sociedade, predo-minantemente, como a moradia para os pobres, aqueles que não têm capacidade de adquirir seu direito no mercado.

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A terra urbana no Brasil foi toda privatizada e criou um setor econô-mico que promove o grande negócio do setor imobiliário urbano. O espaço físico para existir e viver precisa ser comprado, ser propriedade privada.

Essa lógica também transformou em grande negócio a produção das habitações de interesse social, bem como as regras dos inquilinos se constituíram para possibilitar o acesso ao espaço/bem do outro. Aque-les que estão totalmente à margem do núcleo dos proprietários, po-bres, miseráveis ou sem renda, ocupam terrenos e, muitas vezes, são despejados, constroem moradias precárias, ocupam e adensam corti-ços e outras inúmeras formas de existir no espaço urbano.

O Estado tributa as propriedades, financia a construção e a compra de terreno e moradia. E abre-se o campo de disputa sobre a posse, a propriedade, os critérios de acesso – juros e prazos de financiamento – bem como qual a estrutura tributária arrecadará impostos para finan-ciar as atividades públicas. Tudo está em disputa, inclusive a qualidade dos serviços e bens públicos.

A posse dos imóveis é “valorizada” pelo conjunto de benfeitorias urba-nas que, de forma geral, cabem ao poder público prover: acesso à água, saneamento e energia, vias públicas e transporte coletivo, iluminação pública, coleta de resíduos, oferta de creche, saúde, escola, segurança pública, espaços de lazer, esporte e cultura, entre outros.

A história da política habitacional no Brasil estruturou-se nos moldes que temos hoje a partir da década de 40, desde os Institutos de Apo-sentadorias e Pensões (IAPs) e, no regime militar, com a primeira polí-tica nacional de habitação, com o Banco Nacional de Habitação (BNH - 1964 a 1986), que financiou 25% das moradias construídas no país, o que representava 4,3 milhões de novas moradias, das quais quase 60% financiadas pelo fgTS. Nesse período, o Brasil se urbanizou, saindo de 11 milhões de pessoas vivendo em cidades (1950) para mais de 125 milhões (2000).

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A luta pela moradia ganha base social e os movimentos populares que emergem na década de 70 trazem a centralidade da luta pela moradia, associada à luta por transporte público, creche e escola, posto de saúde, posto policial, saneamento e acesso à água, além da regularização de loteamentos. A participação social na formulação das políticas públi-cas ganhou nova envergadura com a constituição do conselho Nacio-nal das cidades e da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, bem como das conferências das cidades. criou-se o crédito Solidário (2004), o PAc Urbanização de favelas (2007) e o Programa Minha casa Minha vida (2009), entre outras medidas.

O IPEA estimou para 2012 um déficit habitacional de 8,5%, o que re-presenta 5,2 milhões de residências (em 2007 estimava-se um déficit de 10%), sendo 85% desse déficit localizado em espaço urbano.

As atribuições entre os entes federados colocam diversos problemas e desafios para executar políticas nesse campo, o que, muitas vezes, agrava as desigualdades no acesso aos recursos para promover essas políticas. São os municípios mais pobres que enfrentam graves dificuldades para acessar os programas. Por outro lado, são as regiões metropolitanas que concentram os maiores problemas em termos quantitativos – espaço e pessoas – e que exigem aporte de recursos expressivos – financeiros e de poder de regulação – para enfrentar o problema.

Diretrizes sugeridas:

a. garantir condições equitativas para o acesso à moradia com todos os subsídios para tal - esta é uma política redistributiva essencial.

b. garantir equidade no acesso e qualidade de todos os bens e serviços públicos relacionados ao espaço urbano da moradia e da vida social.

c. Regular o espaço urbano por meio de planos diretores e política tri-butária urbana que enfrentem o problema da especulação.

d. Apoiar políticas de autoconstrução condizentes com o acesso digno ao direito à moradia.

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e. Promover participação social de qualidade em todos os fóruns e conselhos para disputar a regulação e os recursos destinados à política habitacional.

f. Assegurar a implementação da lei de assistência técnica gratuita na produção habitacional

II.3. INfRAESTRUTURA DE TRANSPORTE, MOBILIDADE URBANA E TELEcOMUNIcAÇõESO investimento em infraestrutura de logística e transporte, em todos os modais, repercute diretamente sobre a produtividade e a formação dos custos de produtos e serviços, pela capacidade de escoamento da produção, pela possibilidade de realização dos serviços e pelo deslo-camento da população. Na área de comunicação, além das inúmeras possibilidades de colocar pessoas, governos e empresas em contato, o investimento é fundamental para possibilitar a difusão dos produtos e serviços, bem como favorecer a comercialização e propiciar a difusão de tecnologia, a gestão e os processos educacionais e culturais, além de ser fundamental à segurança nacional. Essas duas dimensões são de grande importância para a obtenção de incrementos na produtividade e redução nos custos de produtos e serviços, assim como na difusão tecnológica.

MOBILIDADE URBANA

É urgente, porque é dramática, a situação de colapso das condições de deslocamento das pessoas e dos produtos nas cidades brasileiras. com o incremento da renda e do emprego, o problema aumentou pois, sem sistema público de transporte coletivo decente, a alternativa do transporte individual faz, cada dia mais, as cidades travarem. A cidade espraiada, que concentra emprego, o provimento de serviços essenciais

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e as opções de lazer no centro e mantém a moradia na periferia, entrou em colapso. Urge a concepção de planos que reorientem os investi-mentos no espaço urbano, favorecendo a heterogeneidade na ocupa-ção do espaço.

Após 17 anos, finalmente, entrou em vigor a Lei de Mobilidade Urba-na, que dá prioridade ao transporte coletivo (por exemplo, estabele-cendo a ocupação das vias proporcional à demanda), atribui maiores responsabilidades às Prefeituras e exige planos a serem elaborados em três anos. Trata-se de um enorme desafio, considerando o estado atual dos executivos municipais e sua capacidade para elaborar ou mesmo contratar a elaboração de tais planos junto a consultorias es-pecializadas.

No Programa de Aceleração do crescimento (PAc), há vários investi-mentos previstos e em andamento para a construção de corredores de ônibus, monotrilhos e metrô, inclusive com recursos ampliados depois das manifestações de junho de 2013. Há obras de expansão de aveni-das, ligações viárias, sistemas de ônibus rápido (BRT) e veículos leves sobre trilhos (vLTs). É preciso apostar em planos que desenvolvam uma rede integrada de transporte público com os diferentes modais disponíveis. O paradigma precisa mudar para uma concepção de es-truturação do sistema de transporte em rede, que integre a mobilidade às dimensões da moradia, do trabalho, da escola e do lazer. Além disso, é preciso alterar a lógica mercadista atual que preside a oferta do trans-porte coletivo imputando aos usuários, em geral pessoas de mais baixa renda, o ônus maior de seu financiamento. Trata-se de um serviço es-sencial e como tal deve ser encarado.

A oferta de sistema de transporte coletivo exigirá medidas polêmicas, como a restrição para uso e acesso a áreas com o automóvel, limite de garagens, menos vagas nas ruas, por exemplo. De outro lado, favorecer os modos não motorizados de transporte, como o uso de bicicletas, com ciclovias e proteção ao ciclista; como os deslocamentos a pé, com a disponibilidade de calçadas em boas condições de uso e com acessi-bilidade. Por sua vez, o uso de hidrovia nos rios urbanos soma-se aos exemplos da capacidade de imaginar transformações na mobilidade.

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Esses investimentos exigem continuidade com perspectiva de longo prazo para transformar a situação presente do transporte público. vale destacar o papel que esses investimentos têm sobre a indústria, em es-pecial se estiverem acoplados ao programa de conteúdo nacional, seja para o emprego, seja para o domínio e desenvolvimento de tecnologia para uma questão estrutural da vida moderna. O (des)arranjo atual em torno do transporte individual motorizado, com todos os interesses que envolve, precisa ser alterado.

A questão da mobilidade está associada a outros problemas e desafios: a questão do tempo diário gasto (desperdiçado) no deslocamento mo-radia/trabalho/escola/moradia; os efeitos sobre a poluição atmosférica (de 70% a 90% dos poluentes do ar são produzidos por veículos) e so-bre o clima; a poluição sonora; as vítimas da violência no trânsito; to-dos os elementos que impactam a saúde, como doenças respiratórias, problemas cardíacos, aumento da pressão arterial, depressão e proble-mas reprodutivos, além das lesões e mortes causadas por acidentes.

Há que se processar uma mudança de cultura que desprivatize o espaço urbano, seja reocupando o centro, seja descentralizando as atividades econômicas, investindo em espaços e transporte públicos e incentivan-do as caminhadas e o uso da bicicleta. Estas são algumas maneiras de incentivar as pessoas a se movimentarem mais, recuperando as ruas como um espaço público e prazeroso.

Infelizmente, a experiência das obras urbanas de mobilidade associa-das à realização da copa do Mundo tem evidenciado vários exemplos de descaso e falta de compromissos efetivos com essa política de mo-bilidade urbana. Ao final, com atrasos e cancelamentos, vários dos projetos efetivados irão beneficiar o transporte individual. Esta é mais uma questão para a qual faltou controle social efetivo e compromisso dos gestores públicos com as metas e políticas públicas que transfor-mariam a realidade atual. De toda sorte, as enormes pressões sociais para a melhora da mobilidade urbana colocam a oportunidade para o enfrentamento efetivo desse desafio.

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Diretrizes sugeridas:

a. Priorizar, efetivamente, o transporte coletivo.

b. Assegurar a transparência e os espaços de participação necessários ao exercício do controle social.

c. cobrar das Prefeituras os Planos de Mobilidade Urbana, conforme prevê a Lei de Mobilidade Urbana.

d. cobrar das Prefeituras a elaboração ou atualização do Plano Diretor comprometido com a desprivatização do espaço urbano.

e. Promover o debate sobre as alternativas de mobilidade urbana e as novas concepções de planejamento urbano associado ao objetivo de recuperar o espaço, e sobre serviço público que integre e favoreça a cooperação e a solidariedade.

f. Investir na capacidade interna das empresas de produzir tecnologia para o desenvolvimento de diferentes modais de transporte.

g. Rever as atribuições dos entes federados com a questão do transpor-te urbano.

h. criar novos mecanismos de financiamento aos investimentos e ma-nutenção dos sistemas. Pode-se considerar que parte dos recursos de-veria provir de quem ocupa o espaço (via) público - proprietários de automóveis, por exemplo.

TRANSPORTE

O tamanho do território brasileiro impõe o grande desafio de integrá-lo, por meio de uma malha de transporte que permita deslocar pessoas e levar mercadorias. Observada a partir da perspectiva do enfrentamento das desigualdades, a dimensão do transporte deve propiciar condições de acesso às diversas regiões, interligando as pessoas e propiciando o escoamento e circulação da produção em todo o país. Além disso, por razões econômicas e geopolíticas, entre outras, impõe-se o desafio adi-cional de acelerar a construção da infraestrutura necessária à integração física aos demais países do continente sul-americano.

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Durante décadas, privilegiou-se o modal de transporte rodoviário, ge-rando uma situação de desfuncionalidade e irracionalidade econômica não mais sustentável. Doravante, o planejamento estratégico do sistema de transporte deve considerar a complementaridade dos modais aéreo, ferroviário, rodoviário, aquaviário e navegação de cabotagem, desenvol-vendo, segundo as disponibilidades da natureza e de seus obstáculos, cada modal segundo suas vantagens específicas.

AÉREO

O tamanho do território define esse modal como essencial para a in-tegração nacional, integrando por pontos, vencendo obstáculos, com velocidade. com essas características, trata-se de um fator essencial de segurança com repercussões importantes de ordem geopolítica.

Segundo a Agência Nacional de Aviação civil (Anac), em 2013, o transporte aéreo nacional – empresas nacionais – foi responsável pelo deslocamento doméstico de mais de 90 milhões de pessoas, 500 mil em voos internacionais, e transportou 360 mil toneladas no mercado interno e 179 mil toneladas no mercado internacional.

A mobilidade social, decorrente do incremento da renda e do empre-go, fez crescer o uso desse meio de transporte pela população. Em um país como o Brasil, com a dimensão territorial e com o incremento das atividades econômicas nas suas diversas regiões, o aumento da capa-cidade de transporte por aeronave e o aumento da produtividade do trabalho, inclusive com uso intensivo das Tecnologias da Informação e comunicação (TIcs), são fatores que colaboraram para o crescimento acentuado desse segmento de transporte.

A visão prospectiva indica um aumento vigoroso do uso desse tipo de transporte que já vem crescendo de forma acentuada nos últimos 40 anos. O crescimento da demanda, em si, associado ao crescimento do tamanho das aeronaves, requer o ajuste de toda a infraestrutura, dos sistemas de controle de tráfego aéreo, dos segmentos industriais e de

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serviços fornecedores deste setor. Não se deve esquecer que a própria renovação da frota é uma oportunidade estratégica para nossa indús-tria aeronáutica.

No Brasil, há mais de 4.200 aeroportos e aeródromos, o que o coloca como a segunda maior rede do mundo (EUA tem quase 14.500). A Infraero opera quase 70 aeroportos, alguns com concessão para gestão da iniciativa privada, 80 unidades de apoio à navegação e mais de 30 terminais de carga.

Há um conjunto de desafios relacionados às questões da aviação regio-nal. O governo vem anunciando investimentos para recuperar a malha dos aeroportos regionais, indicando projetos para investir em 270 ae-roportos públicos, injetando mais de R$ 7,3 bilhões. O PAc 2 mantém a perspectiva de expansão da capacidade aeroportuária no Brasil, por meio da ampliação ou construção de novos terminais de passageiros e cargas, reforma e construção de pistas, pátios para aeronaves, torres de controle e modernização tecnológica de sistemas operacionais – trans-porte de bagagens e pontes de embarque, entre outros. Isso representa 106 obras em andamento ou realizadas.

Há, contudo, inúmeros desafios para serem enfrentados no setor: a mo-dernização e recuperação da infraestrutura, passando pelas estratégias de apoio ao setor, considerando as necessidades estratégicas de cober-tura em todo território em termos de acessibilidade; as decorrentes questões de rentabilidade das empresas; a formação dos preços e custos, especialmente para renovação e manutenção da frota; a modernização tecnológica; custos dos combustíveis e impactos cambiais; as questões tributárias; a pressão pela abertura do mercado interno para empresas internacionais e as questões relacionadas ao transporte de carga.

De outro lado, a perspectiva de um desenvolvimento que enfrente as desigualdades requer, pelas características desse modal de transporte, o investimento público no setor. As recentes medidas que transferem a operação dos serviços aeroportuários para a iniciativa privada nos grandes aeroportos brasileiros marcam uma nova etapa da gestão des-se serviço, complexa e polêmica.

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Diretrizes sugeridas:

a. Investir na ampliação, melhoria e manutenção da estrutura de transporte aéreo regional.

b. fortalecer a Infraero para coordenar a estrutura regional e nacional de transporte aéreo.

c. Debater as diretrizes que devem orientar a política pública de incentivo ao transporte aéreo, especialmente o regional.

d. Incentivar e apoiar o desenvolvimento da indústria e do se-tor de serviços nacionais para o fornecimento de bens e serviços para o setor aéreo.

RODOvIáRIO

Segundo a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), esse modal responde por quase 90% do transporte de cargas no Brasil (excluído transporte de minério de ferro e combustível transportados por fer-rovias e dutos). considerando o tamanho do território e a história da política de transporte no país, que destruiu a estrutura ferroviária e aquaviária e de navegação de cabotagem em favor do transporte ro-doviário, criando excessiva dependência para o transporte de carga, há um grande desafio para transformar essa realidade. Hoje, dentre os mais de 170 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, mais de 60 mil quilômetros são de rodovias federais.

A opção pela pavimentação asfáltica tem custo menor que a de concre-to. Entretanto, esta chega a representar um custo de manutenção cerca de 80% inferior àquela, oferece mais segurança e reduz o consumo de combustível. Para uma malha com grandes problemas de manuten-ção, abandonada nos anos 1990, há um enorme esforço para recuperar e manter, bem como melhorar a estrutura já existente e ampliá-la. O IPEA estimou em mais de R$ 180 bilhões os investimentos necessá-rios para sanar as deficiências no sistema rodoviário, 80% em obras de recuperação. A confederação Nacional de Transporte (cNT) acom-

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panha as condições das estradas e avalia que quase 20% estão em esta-do ruim, 9% péssimo, 33% regular e 37% encontram-se em condições satisfatórias. Indica que o custo operacional dos caminhões aumenta 41% quando as condições das estradas são regulares, 65% quando são ruins e 91% quando são péssimas.

Sabe-se dos impactos que o sistema de transporte tem sobre a pro-dutividade geral da economia, sobre a rentabilidade das empresas e as taxas de retorno do setor agrícola, este dependente do transporte rodoviário. O grande desafio é reconstruir uma malha de modais inte-grados de transporte.

Em 1995, teve início o Programa Nacional de concessões e, hoje, já são mais de 11 mil quilômetros concedidos pelo governo federal à iniciativa privada. O equivalente foi realizado nas rodovias estaduais.

Ainda segundo a EBP, a frota de caminhões é composta por 2,7 mi-lhões de veículos com idade média de 18 anos (nos EUA a idade média é de sete anos). A idade média da frota das empresas transportadoras é de nove anos e a dos caminhoneiros autônomos é de 22 anos. Muita carga é transportada acima do peso permitido e os motoristas fazem jornadas diárias acima de 12 horas. cabe destacar o papel relevante que têm programas como o Moderfrota, que apoia a substituição dos veículos, especialmente para o autônomo. Isso se aplica também à mo-dernização das frotas de ônibus, inclusive de transporte escolar rural e de máquinas e equipamentos agrícolas.

Diretrizes sugeridas:

a. Manter e ampliar os investimentos no setor.

b. Rever o sistema de contratos de concessão e melhorar a ges-tão dos atuais.

c. Aperfeiçoar os investimentos públicos para ampliar a capa-cidade para atender à demanda, inclusive nas rodovias com concessão, integrando os mais amplos investimentos na multi-modalidade.

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fERROvIáRIO

O Brasil conta com mais de 28 mil quilômetros de ferrovias, mas me-nos de 23 mil quilômetros estão em operação (os EUA têm 225 mil quilômetros em ferrovias). Segundo estimativas da Associação Nacio-nal dos Transportes ferroviários, o Brasil precisaria chegar a 52 mil quilômetros para atender à demanda atual. A defasagem entre a estru-tura atual e a demanda existente, que requer a duplicação da malha fer-roviária, é um dos principais problemas desse segmento de transporte. Apenas 19% do transporte de carga é feito por ferrovias, sendo 74% deste ocupado por minério de ferro. No caso do aumento da utilização do modal ferroviário, haveria alívio da sobrecarga no modal rodoviá-rio, redução dos custos, diminuição dos efeitos sobre o meio ambiente e aumento da conservação das estradas. São apontados pelo empresa-riado como fatores para a não utilização deste modal: a indisponibi-lidade de rotas, a baixa flexibilidade das operações, baixa velocidade, os custos ainda elevados e a indisponibilidade de vagões. No entanto, estudos indicam que os modais aquaviário e ferroviário são os mais eficientes para distâncias maiores e com maior volume de carga.

Em 2012 o governo federal lançou o Programa de Investimentos em Logística (PIL) visando ao desenvolvimento de sinergias entre os mo-dais rodoviário, ferroviário, aquaviário e navegação de cabotagem e ae-roviário. No setor ferroviário, prevê investimentos de R$ 99,6 bilhões em construção e/ou melhoramentos de 11 mil quilômetros de linhas férreas e visa à disponibilização de uma ampla e moderna rede de in-fraestrutura, à obtenção de uma cadeia logística eficiente e competitiva e à modicidade tarifária.

A operação do sistema prevê que a valec comprará a capacidade in-tegral de transporte da ferrovia e fará a oferta pública, assegurando o direito de passagem dos trens em todas as malhas e buscando a modi-cidade tarifária.

Novamente, os investimentos nesse modal dependem do Estado e, conforme diretrizes da política em curso, de mobilizar, com regras

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específicas, os recursos privados. Os impactos sobre a indústria são substantivos. Segundo a Associação Brasileira de Indústria ferroviária (Abifer), o país tem capacidade para produzir 12 mil vagões de carga por ano, com índice de nacionalização de quase 100%, mil carros de passageiros e 250 locomotivas anuais, ou seja, uma capacidade instala-da muito superior à atual demanda. Novamente, vemos a possibilidade de conjugar como estratégico o enfretamento de um gargalo da infra-estrutura com a geração de demanda que ativa a produção industrial e o setor da construção, gerando emprego e ampliando a capacidade de reduzir custos, incrementando a produtividade geral da economia, entre tantos outros efeitos positivos.

Diretrizes sugeridas:

a. Incentivar o desenvolvimento de uma indústria de trilhos, vagões e locomotivas de última geração.

b. formar profissionais de engenharia voltados a esta indústria, nos moldes da indústria aeronáutica brasileira.

c. Interligar as grandes metrópoles por intermédio do trem rápido para o transporte de passageiros, aproveitando a malha existente.

AqUAvIáRIO / cABOTAgEM / PORTOS

O amplo território brasileiro, com uma costa navegável de 8,5 mil qui-lômetros, dos quais 7 mil com potencial para transporte, e cerca de 40 mil quilômetros de rios navegáveis, bem como a forte concentração populacional ao longo da costa, coloca o desafio de desenvolver o mo-dal de transporte aquaviário e de cabotagem como parte de um sistema integrado de mobilidade de carga e de passageiros. Atualmente, o setor portuário movimenta mais de 700 milhões de toneladas em mercado-rias, sendo responsável pelo escoamento de 90% das exportações.

Trata-se de um modal que possui baixo custo, que conta atualmente com 37 portos públicos, 34 marítimos e três fluviais. Segundo a Secre-

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taria Especial dos Portos (SEP), 14 encontram-se delegados, concedi-dos ou têm sua operação autorizada aos governos estaduais e muni-cipais. Os outros 23 marítimos são administrados diretamente pelas companhias Docas, sociedades de economia mista, que têm como acionista majoritário o governo federal e, portanto, estão diretamente vinculadas à Secretaria dos Portos. Os portos fluviais e lacustres são de competência do Ministério dos Transportes.

Segundo a SEP, há um novo marco regulatório dos portos que entrou em vigor em 2013 (Lei nº 12.815) e que dispõe sobre a exploração di-reta e indireta, pela União, de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos operadores portuários. A explora-ção indireta dos portos organizados e instalações portuárias será feita por meio de concessões (cessão onerosa do porto) e arrendamentos (cessão onerosa de área dentro do porto). Para áreas localizadas fora dos portos organizados, a exploração privada ocorrerá por meio de autorização (outorga de direito à exploração formalizada por contrato de adesão) à pessoa jurídica que demonstre capacidade para seu de-sempenho, por sua conta e risco.

Os desafios apresentados pelo setor para aumentar a competitividade são: 1) adequar o calado para navios de grande porte; 2) capacidade e especialização para movimentar cargas; 3) mecanização e automação; 4) controles e sistema de informação. Diretamente associados estão o sistema integrado de cargas (caminhões e ferrovia) e os conhecidos congestionamentos; os limites da operação da Receita federal; a lo-gística de carga, elementos que repercutem no tempo médio de espera para atracação nos portos.

Se agregarmos às demandas industriais do setor aquelas decorrentes, por exemplo, dos investimentos da Petrobrás no pré-sal, deduz-se que a demanda certa induz a um incremento considerável da produção in-dustrial para o setor, para a qual políticas de componentes nacionais e fortalecimento de empresas nacional, como estaleiros, fazem parte de uma estratégia de desenvolvimento econômico com incremento da capacidade tecnológica e da geração de emprego e renda.

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Diretrizes sugeridas:

a. Desenvolver a cabotagem e sistema de hidrovias.

b. Atuar na fiscalização tarifária praticada pelos operadores portuários.

c. fortalecer as Agências Reguladoras.

d. fortalecer a participação e controle social.

e. Profissionalizar a gestão das empresas.

f. Promover a adaptação e reestruturação interna do setor por-tuário em relação à nova Lei dos Portos.

TELEcOMUNIcAÇõES

As transformações tecnológicas nesse setor são enormes, ampliando o seu escopo ao deixar de ser somente relacionado aos serviços de tele-fonia, passando a ser um setor denominado de Tecnologia de Informa-ção e comunicação (TIcs), e de conteúdo de informação, ampliando ainda mais seu impacto sobre o desenvolvimento econômico e social.

Principalmente com a expansão da informática e da internet, tais mu-danças tecnológicas têm levado à convergência dos serviços de comu-nicação de imagem, som, dados e dos equipamentos associados. Os serviços em rede ampliaram de maneira inimaginável as potenciali-dades dos serviços de comunicação voltados às empresas e às pessoas. O Brasil tem, hoje, mais de 350 milhões de pontos de acesso à rede nacional e estima-se perto de 50 milhões de acessos à banda larga nos próximos anos.

A privatização do sistema de telecomunicações trouxe inúmeras em-presas estrangeiras para operar no setor e está em curso um processo de reconcentração do mercado. O sistema integra para o consumi-dor final, empresas, governos, organizações e pessoas, os provedores

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de equipamentos, hardware e software para computadores e equipa-mentos eletrônicos em geral, as operadoras das redes e os provedores de plataformas, conteúdos e aplicações. Há um campo relativamente novo em processo de profundas e rápidas transformações, com impac-tos inclusive na geopolítica.

As TIcs propiciam também expressivas mudanças nas atividades eco-nômicas e no processo de trabalho. como um vultoso e rentável negócio em si, são inúmeros os impactos sobre todos os demais segmentos do sistema produtivo, a governança do Estado e a vida das pessoas. Acele-rou-se o ritmo das mudanças dos processos produtivos, ampliaram-se as possibilidades de customização de produtos e serviços, aumentou-se a velocidade, reduziram-se os custos de transações, expandiram-se as possibilidades de desenvolver conhecimento e de compartilhá-lo, de in-tensificação do uso do capital e, de maneira complementar, de controle e de uso intensivo da força de trabalho.

No que se refere à infraestrutura e aos investimentos, as TIcs têm al-tíssimo impacto sobre todas as dimensões da infraestrutura econô-mica e social, bem como pode ser um recurso inestimável para atuar favoravelmente na dimensão da sustentabilidade ambiental, criando oportunidades para tal. De outro lado, pode favorecer a ampliação da degradação, pela extrapolação do consumismo e do esgotamento dos recursos naturais. Tudo depende de como a sociedade fará uso desse conhecimento.

A tendência para o setor reúne requisitos de mobilidade, capacida-de, custo, qualidade, segurança, interatividade, tudo orientado pela demanda de ubiquidade, o que significa que tudo pode ser usufruído em qualquer lugar e a qualquer momento. Isso coloca como elemento estratégico a existência no território e capacidade para fazer escoar o fluxo de informação, o que significa a necessidade de redes e do acesso à banda larga em todas as áreas do país.

Nesse aspecto, é essencial o papel do Estado no investimento e no financiamento, visando à promoção do acesso dos cidadãos e empre-sas aos serviços de banda larga, por meio da ampliação das redes e

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da redução dos custos. Dadas as características pós-privatização do sistema, é papel do Estado atuar de maneira firme na regulação do sistema como o proposto nas recomendações e deliberações da con-ferência Nacional de comunicação, especialmente proibindo a pro-priedade cruzada dos meios de comunicação, e investindo na expan-são da rede e regulação geral do sistema. Diferentemente do passado, quando chegamos a possuir e a operar quatro satélites, hoje, no Bra-sil, todos os satélites são controlados por empresas estrangeiras, situ-ação que o fragiliza sob vários aspectos, inclusive na segurança na-cional. Atualmente, o país contrata serviços de satélites estrangeiros, como é o caso do norte-americano Landsat, para receber imagens de sensoriamento remoto. A necessidade de desenvolver um programa espacial brasileiro autônomo faz-se presente por várias razões: o si-gilo e a maior velocidade das comunicações estratégicas dentro do território nacional; o monitoramento das fronteiras; o acesso à tec-nologia espacial e a melhoria do Plano Nacional de Banda Larga do Brasil (PNBL). Existe a estimativa - que deve ser acompanhada pelos sindicatos e movimentos sociais - de que o governo brasileiro lançará o seu primeiro Satélite geoestacionário de Defesa e comunicações Estratégicas (SgDc) em 2016, com o objetivo de levar a banda larga a regiões isoladas e carentes, bem como de proteger as informações estratégicas do país.

considerando-se o papel estratégico que as comunicações têm no en-frentamento das desigualdades regionais e sociais, é fundamental a atenção e promoção do marco regulatório do setor, que promova o acesso em massa ao sistema, com qualidade e baixo custo, na cidade e no campo.

As TIcs são demandantes de energia e aceleram as possibilidades de consumo e, por isso, têm um impacto ambiental negativo. Entretan-to, as possibilidades que geram em termos de redução de gastos com transporte, bem como as inúmeras possibilidades de troca de conheci-mento e controle sobre o ambiente e sua degradação, são fatores que, de outro modo, concorrem para um impacto positivo das TIcs sobre o meio ambiente, favorecendo mudanças no escopo produtivo para uma economia sustentável.

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O papel do Estado nesse campo exigirá, além de acompanhar a evolu-ção tecnológica no setor, observar e prospectar a evolução da demanda e os tipos de serviços requeridos, regular o ambiente de competição do setor, observando a perspectiva almejada de massificação do serviço. considera-se fundamental, ainda, que o Estado recupere a capacidade de atuação no setor por meio de empresa pública que, dominando a tecnologia e atuando para desenvolvê-la, permita ao país não depen-der de capital estrangeiro e proteger a nação dos controles externos, bem como garantir o acesso à banda larga a todas as áreas do país.

As políticas públicas devem orientar e incentivar os investimentos, inclusive com apoio fiscal; dar prioridade na área educacional para a formação básica (ciências e matemática) e técnica voltada para o se-tor; investir em ciência e tecnologia voltadas para a inovação; apoio às empresas nacionais e a produção com e de conteúdo nacional com internalização de domínio tecnológico.

Especial atenção deve ser dada à convergência entre as políticas das TIcs e a política de desenvolvimento industrial pelos efeitos retroali-mentadores que se observa. Uma das questões está associada ao ciclo de vida dos produtos e à reciclagem e à indústria reversa dos equipa-mentos.

Outra dimensão fundamental está associada ao uso da TIcs na go-vernança do Estado, especialmente no que se chama de governo ele-trônico, integrando informações e aumentando os controles, fazendo revoluções na gestão pública que promovam qualidade aos serviços. Ao mesmo tempo, promovendo a massificação do acesso que permita a inclusão digital, especialmente daqueles que mais têm dificuldade para tal. Para isso é fundamental o acesso à banda larga, conforme as diretrizes do Plano Nacional de Banda Larga, bem como os cuidados de incentivar a diversidade de iniciativas na produção de conteúdo, na rede de suporte e manutenção. cabe ainda ao Estado promover o ambiente de competição no setor, atentando para as questões da quali-dade, do preço, acesso e inovação.

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É necessário que se faça a revisão das regras para o uso do fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (fUST) para que atue, de fato, nos objetivos propostos e seja um instrumento poderoso de combate às desigualdades.

Diretrizes sugeridas:

a. Implantar as deliberações da conferência Nacional de comuni-cação, com destaque para o Marco Regulatório revisado do setor.

b. Proibir a propriedade cruzada dos meios de comunicação.

c. Apoiar a diversidade de organizações provedoras de conteúdo, em especial aquelas voltadas para educação e cultura.

d. Investir na estrutura de acesso à banda larga e na disponibili-zação a baixo custo.

e. fortalecer empresas nacionais e públicas no setor.

f. Investir sistematicamente no desenvolvimento do governo ele-trônico como meio de melhorar a gestão pública, a qualidade dos serviços, os controles e a fiscalização.

II.4. POLÍTIcAS AgRáRIA E AgRÍcOLA SUSTENTávEIS PARA O DESENvOLvIMENTOA qualidade e extensão do território em clima tropical coloca o Brasil na posição de um dos principais produtores agrícolas do mundo. A estimativa para 2014 é de nova safra recorde, de 195 milhões de tone-ladas de grãos. Atualmente menos de 15% da população vive no cam-po. O incremento da produção e, em especial, da produtividade na produção de grãos, é resultado da expansão da grande propriedade monocultora voltada à exportação, do uso da tecnologia, do acesso à energia elétrica e do acesso a serviços urbanos, pesquisa e inovação,

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crédito, estocagem, comercialização, entre outros. De outro lado, há a importante presença da produção alimentar assentada na agricultura familiar.

A produção agrícola enfrenta desafios associados à questão ambiental pelos efeitos da destruição do solo, da poluição dos rios e do ar, com decorrências deletérias para a questão climática. Há, ainda, a questão da qualidade dos produtos e dos efeitos nocivos para a saúde humana (dos trabalhadores no campo e dos consumidores) dos agrotóxicos lar-gamente utilizados na agricultura ou dos hormônios na pecuária, para citar somente dois exemplos.

No campo também convivem extremos da riqueza e da pobreza na condição de vida e uma diversidade expressiva de sistemas de produ-ção. A produção agrícola no Brasil resulta da coexistência de formas modernas de assalariamento combinada com utilização de tecnologias modernas de produção em grandes extensões de terra de um lado e, de outro, complexos sistemas de manejo dos ecossistemas desenvol-vidos por comunidades que associam a agricultura com o extrativis-mo. Entre esses dois polos existem inúmeras combinações na grande produção e na agricultura familiar, inclusive a incidência de trabalho degradante ou análogo ao escravo.

O modelo de desenvolvimento rural brasileiro, sob a égide do agrone-gócio empresarial, é resultado de uma complexa articulação entre o ca-pital financeiro, o capital industrial, especialmente o multinacional, e a grande propriedade territorial, com forte apoio estatal. Neste modelo, há o uso combinado e intensivo de insumos modernos, como máqui-nas e tratores, fertilizantes químicos e corretivos, controle químico de pragas e doenças, irrigação, sementes geneticamente modificadas, ra-ções e suplementos alimentares, mudanças organizacionais e de pro-cesso de produção, com fortíssimos impactos sobre o incremento da produtividade. Esse modelo faz do Brasil um grande fornecedor de produtos agrícolas e pecuários para o mercado interno e para o mun-do, contribuindo para o saldo comercial na pauta exportadora. O país está entre os maiores exportadores mundiais de soja, milho, açúcar, café, álcool, carne de frango e carne bovina.

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Deve ser dado destaque para o papel do crédito no fomento da ativi-dade e compra de maquinários, dos mecanismos de garantias e seguro agrícolas, de preços mínimos, de capacidade de estocagem, bem como o papel da pesquisa e inovação promovidas pela Embrapa, associadas à extensão rural. Produz-se muito, porque o Estado sustenta e incentiva a atividade econômica.

Mas, a tentativa de predominância deste modelo de agricultura como único e viável é de alto risco, uma vez que provoca enormes impactos sociais e ambientais, é altamente dependente de insumos externos, de energia fóssil, onde a produção de alimentos passa a depender dos in-teresses e da dinâmica do capital, comprometendo em consequência a soberania e segurança alimentar de nossa nação.

Essa dinâmica só fez aumentar a já elevada concentração de terra no Brasil: em 2010, 85,9% dos imóveis rurais eram minifúndios com até 100 ha e representavam 21,4% da área ocupada, enquanto os latifún-dios (com área superior a 1.000 ha) somavam apenas 1,0% dos imóveis rurais, mas representavam 44% de toda a área.

Na longa história de luta pelo acesso à terra, a reforma agrária sempre foi interditada no Brasil. Atualmente, considerando-se o papel central nacional e mundial que o Brasil desempenha na segurança alimentar, como provedor estratégico de alimentos em nível mundial, pela quali-dade e extensão do solo, pelo avanço da produtividade, esse setor co-loca-se no centro da disputa capitalista, objeto de interesse e cobiça de grandes empresas multinacionais e investidores, oferecendo enormes ganhos na produção e na especulação financeira nos mercados futuros e nas bolsas de valor. Por isso, a questão de reforma agrária popular ganha contornos ainda mais complexos.

Do outro lado desse modelo está a agricultura familiar, organizada na pequena propriedade rural, em sistemas de manejo agroextrativistas, que garante o fornecimento de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e é responsável por ocupar mais de dois terços da força de trabalho no campo. A agricultura familiar é responsável pela produção de 87% da mandioca e de 70% do feijão, por exemplo, ou mais de 1/3 do

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valor da produção agropecuária. Ademais, a agricultura familiar pode desempenhar um papel central na promoção de uma alimentação mais saudável, menos impregnada de agrotóxicos.

Os desafios da agricultura familiar são muitos e começam pelo reconhe-cimento da existência de uma diversidade de sistemas agrícolas que exi-gem respostas diferenciadas, pela secular demanda de acesso à terra, por resistir à pressão do grande latifúndio para a venda; também perpassam pela estruturação de mecanismos de organização e gestão que favore-çam a cooperação e solidariedade na produção, visando a obtenção de ganhos de escala e produtividade; pelo incremento no desenvolvimento e uso de tecnologias de manejo dos ecossistemas, de desenvolvimento ou aperfeiçoamento dos processos de beneficiamento e de acesso aos mercados que resultam nos produtos típicos da agricultura familiar; pelo aumento da qualidade do produto (por exemplo, com a produção orgânica); e pela industrialização dos produtos, agregando valor, como parte articulada da produção familiar. Há, no entanto, necessidade de desenvolver sistemas próprios de tributação e de normas sanitárias, de apoio em termos de pesquisa e inovação, de pesquisa e extensão rural que reconheçam os conhecimentos tradicionais, de acesso ao crédito, de apoio ao escoamento da produção, entre outras.

Há, também, a dívida para com milhares de agricultores sem terra que lutam pelo acesso à terra combinado a uma política agrícola que apoie efetivamente a atividade produtiva sustentável. Os avanços do Progra-ma Nacional de fortalecimento da Agricultura familiar (Pronaf) cons-tituído, além do crédito, pelo Seguro da Agricultura familiar (Seaf), o Programa de garantia de Preços da Agricultura familiar (PgPAf), o garantia-Safra, têm sido fundamentais. Entretanto, há que fortalecer a estratégia de apoio do Estado à agricultura familiar, seja por meio das políticas diretamente associadas à produção, como já enunciado, como também nas questões relativas ao transporte, à estocagem, ao beneficiamento dos produtos in natura permitindo agregação de valor, às estratégicas de comercialização, bem como, ainda, às políticas que levam para o campo o acesso à energia, água e saneamento, escola, saúde, bens e serviços culturais, como a proteção social durante e após a vida laboral.

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Mesmo tendo havido avanços substantivos para a agricultura fa-miliar, a disputa com o agronegócio é permanente. Só para ci-tar um exemplo, tome-se o caso do crédito rural: no período de 2003/2004 a 2013/2014, os recursos disponibilizados para a agri-cultura empresarial saltaram de R$ 27,2 bilhões para R$ 136 bi-lhões (cerca de 400%), enquanto para a agricultura familiar os re-cursos evoluíram de R$ 5,4 bilhões para R$ 21 bilhões no período (crescimento de 289%), sendo que 25% destes recursos não foram utilizados.

continua em curso o processo de redução da população que vive e trabalha no campo: atualmente 14% da população vive no campo e projeções indicam, para 2050, redução a 8%. Esse fenômeno é acompanhado pelo “envelhecimento” decorrente de transforma-ções da composição etária da população rural - entre 2004 e 2012 diminuiu em 1,1 milhão o número de jovens entre 15 e 24 anos e, de outro lado, a população com mais de 50 anos cresceu 1,3 milhão. Isso decorre, dentre outros fatores, da migração para as cidades, da queda na taxa de fecundidade e do aumento na espe-rança de vida.

Por fim, mas não menos relevante, há que destacar o fato de a produ-ção agropecuária no país ser feita com base no assalariamento predo-minantemente sem carteira de trabalho assinada. As altas taxas de in-formalidade e carência de proteção social associam-se a um expressivo contingente de população pobre.

Diretrizes sugeridas:

a. Promover a reforma agrária com a garantia de acesso à terra aos agricultores familiares, e demarcação e titulação da terra dos povos e comunidades tradicionais.

b. Investir no desenvolvimento tecnológico voltado para a sus-tentabilidade ambiental, social e econômica em todos os senti-dos e adequado à produção dos produtos típicos da agricultura familiar.

c. Integrar a industrialização da produção da agricultura familiar

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como parte da cadeia de agregação de valor e de geração de renda.

d. fortalecer as políticas públicas para a agricultura familiar (PAA, PNAE).

e. Ampliar a proteção social aos trabalhadores do campo.

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III.DESENvOLvIMENTO E O PAPELDO MOvIMENTOSINDIcALA sociedade se transforma em nação pela sua capacidade de consti-tuir sujeitos coletivos capazes de expressar interesses de grupos sociais, mediá-los nos espaços de negociação, conceber processos de escolha com a participação de toda a sociedade, tudo operado sob as regras bá-sicas definidas na constituição do Estado. A democracia é um regime que, potencialmente, favorece o governo por meio do debate, incentiva a participação e a escolha com a participação de todos, e a governança orientada pela justiça e por instituições que a operam. A força desses fatores está assentada na legitimidade das instituições, na igualdade de todos diante das leis, nas oportunidades e condições que se oferecem.

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Entretanto, na sociedade capitalista, a vertiginosa capacidade de pro-duzir riqueza é acompanhada pela ilimitada propensão a gerar desi-gualdades. Submeter essa dinâmica à democracia é um desafio cen-tral, constituindo o campo de disputa para o sentido da produção e da distribuição, bem como formar os sujeitos coletivos que irão realizar a disputa. O desenvolvimento é processo e resultado de sujeitos cole-tivos, capazes de constituírem maiorias que escolhem caminhos que favorecem a geração do bem-estar, da qualidade de vida e do equilíbrio ambiental. Nada é dado ou alcançado de forma natural, tudo é cons-truído e é, essencialmente, político.

Desta perspectiva, a democracia brasileira, construída a partir da constituição de 1988, recuperou a liberdade de organização partidá-ria, sindical, de expressão e indicou a igualdade de oportunidades e de condições de vida como elemento estruturante das bases do Estado Democrático de Direito. Há muito que se fazer para que isso se torne efetivo e predominante.

O papel do movimento sindical brasileiro é representar os trabalhado-res, inseridos na economia como força de trabalho, nas relações sociais de produção concretas, nos diferentes setores da economia. O sindica-to e sua respectiva estrutura têm a tarefa de regular as relações de tra-balho nos contextos concretos de produção, aperfeiçoando e amplian-do os marcos já definidos pela constituição e pelas normas inscritas na consolidação das Leis do Trabalho. Ao mesmo tempo, nos espaços institucionais existentes no âmbito do Estado, o movimento sindical representa os interesses dos trabalhadores em fóruns e conselhos que fazem a gestão de políticas e de recursos públicos, bem como norma-tizam procedimentos, definem diretrizes de ação para o Estado e para a iniciativa privada.

A força do movimento sindical para materializar esse papel institu-cional no espaço do regime democrático está diretamente associada à sua capacidade de evidenciar a vontade coletiva dos trabalhadores, que se expressa na capacidade de mobilização e de organização da base, de articulação sindical entre as categorias e correntes presen-tes no seio do movimento e de atuação nos espaços institucionais.

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A resposta a estes desafios se faz por meio da formação de quadros, ativistas, militantes e dirigentes, para que exerçam com competência essas atribuições, assim como com a vitalidade organizativa enraiza-da na base de representação e com capacidade de interação em dife-rentes níveis. Trata-se, de um lado, de levar o sindicato para o local de trabalho e, de outro, animar a participação dos trabalhadores nos espaços de atuação sindical.

Mas quem são os engenheiros no Brasil? Segundo dados referentes a 2012, da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego:

a. No Brasil havia 256.537 ocupações da engenharia no mercado for-mal de trabalho, o que representava 0,54% do total das ocupações.

b. No período entre 2004 e 2012, observou-se um crescimento de 74% dos empregos formais dos profissionais da engenharia. O cresci-mento do mercado formal da engenharia foi maior que o do mercado de trabalho formal geral, que expandiu o número de vagas ocupadas em 51%.

c. No Brasil, as especialidades que se destacavam no mercado formal da engenharia eram a dos engenheiros civis, seguidos dos engenheiros de produção e dos engenheiros eletricistas. A engenharia de produção é uma especialidade que vem aumentando a sua participação dentre as ocupações da categoria no período entre 2004 e 2012.

d. A categoria dos profissionais de engenharia é majoritariamente masculina. Em 2012, no Brasil, apenas 18% das vagas eram ocupadas por mulheres. contudo, no período 2004-2012, houve um crescimento importante na participação de postos de trabalho ocupados por mu-lheres no mercado formal da área.

e. A faixa etária entre 30 e 39 anos é a que concentrava a maior parcela (35%) dos empregos da engenharia no mercado formal de trabalho em 2012.

f. Os dados de faixa etária e sexo apontam que, dentre as faixas etárias mais jovens, as ocupações femininas eram, em 2012, proporcional-mente maiores que as masculinas, indicando que um possível processo

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de aumento da participação feminina na categoria estaria associado à entrada de jovens mulheres para o mercado de trabalho.

g. quanto à atividade econômica, os empregos da engenharia se en-contravam distribuídos, majoritariamente, no setor de serviços e na indústria de transformação, cada um com cerca de 28% do total.

h. Os dados mostram que, em 2012, os setores de Serviços (22%) e Administração Pública (25%) eram aqueles em que havia maior parti-cipação proporcional de engenheiras.

i. A maior parte dos vínculos da engenharia no mercado de trabalho formal (41%) estava em estabelecimentos de médio porte, ou seja, en-tre 100 e 999 vínculos ativos.

j. No que se refere à natureza jurídica desses estabelecimentos, é possí-vel notar, também, uma grande concentração das ocupações em enti-dades empresariais (estatais ou privadas): 85% dos vínculos encontra-vam-se nesses tipos de estabelecimentos.

Isto posto, cabe declarar que nossa visão normativa e estratégica da atividade sindical para os engenheiros, no contexto brasileiro, se ex-pressa em quatro grandes desafios para os próximos anos: 1) fortalecer a política sindical nas atividades de representação; 2) incrementar a negociação da regulação das relações laborais; 3) investir na formação política e de inclusão dos trabalhadores na vida sindical; e 4) influen-ciar na formação profissional.

III.1. POLÍTIcA SINDIcAL E SUAS INTERfAcESNa democracia, a luta pela transformação social que promova bem-es-tar, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental exige sujeitos co-letivos capazes de influenciar a governança por meio do debate e da participação nas escolhas. Os trabalhadores desenvolveram seus mo-vimentos e constituíram os sindicatos como instrumento de luta, por meio dos quais tiveram, ao longo da história, papel central em mui-

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tas mudanças promovidas em nosso país e mundo afora, disputando ideias e formulando projetos.

Os trabalhadores se constituem em sujeitos coletivos ao longo da his-tória por meio dos movimentos que desencadearam em cada contex-to concreto. Lograram promover, homens e mulheres colocados sob a condição de trabalhadores para outro – produzem riqueza e ficam com pequena parte do que produzem –, sujeitos políticos capazes de representar o interesse coletivo como classe e com capacidade de pro-vocar e participar do debate local ou público, realizar lutas e construir processos efetivos para melhorar as condições de trabalho e de vida. Ao mesmo tempo, no bojo desses processos, este sujeito coletivo em movimento constrói seus instrumentos de luta, os sindicatos, a estru-tura sindical e as outras formas de organização, com seu aparato orga-nizativo e institucional que deve estar a serviço do fortalecimento das lutas dos movimentos dos trabalhadores.

Da perspectiva da relação entre a estrutura sindical e o movimento dos trabalhadores e da sua permanente renovação, um grande desafio é promover e fortalecer a organização dos trabalhadores desde o local do trabalho, criando as formas organizativas capazes de reunir e unir os trabalhadores em torno das questões do dia a dia nas relações de trabalho, legitimando-os a atuarem para promover as lutas e reivindi-cações locais, realizando as negociações e definindo as regras das re-lações de trabalho na empresa ou organização. A organização sindical no local de trabalho é uma maneira concreta de disputar e promover a democracia, e compreender muitas das dificuldades existentes para efetivá-la, desde o chão da empresa ou da organização. É nesse exer-cício concreto de organizar, articular e mobilizar os trabalhadores que todos se defrontam com os desafios e, na busca de enfrentar, superar e resolver problemas, desenvolvem a consciência da complexidade das relações sociais, e também do papel do movimento e da organização sindical dos trabalhadores para enfrentar e superar problemas e con-duzir lutas específicas e gerais de transformação.

No local de trabalho, há diferentes maneiras de promover e buscar a organização. Há aquelas previstas em lei, como as comissões de Pre-

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venção de Acidentes, que podem ser ampliadas para tratar das ques-tões gerais e específicas da saúde do trabalhador, incluindo os aspec-tos da segurança. Nos grandes investimentos em infraestrutura, por exemplo, conforme já acordado no compromisso Nacional de Promo-ção das condições de Trabalho no Setor da construção, deve-se atuar para constituir comissão única ou formas de articular as comissões em torno de um único plano de saúde e segurança para todo o canteiro da obra, independentemente da empresa contratante e das contratadas. O mesmo pode e deve ser feito no âmbito das empresas. Há, de outro lado, o direito de representante previsto na constituição, ainda não es-pecificado em lei ordinária, ou as várias experiências de comissões de fábrica, comissão sindical no local de trabalho, representante sindical, entre outros. Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das mais ousadas formas de promover a representatividade sindical e a renovação dos quadros militantes e dirigentes. Por isso, cabe uma ação permanente para colocar nos Acordos e convenções coletivas o direito de organi-zação sindical dos trabalhadores desde o local de trabalho, bem como participar dos esforços para uma regulação geral em Lei desse direito.

Uma das maneiras de incentivar, articular e fortalecer essas organiza-ções é criar nas empresas nacionais e multinacionais, que tenham mais de uma unidade no território brasileiro, o trabalho em rede por em-presa. Dessa maneira, busca-se a articulação de uma agenda comum de trabalho, a partir da identificação dos problemas e desafios enfren-tados pelos trabalhadores na empresa, a construção de acordos que promovam a padronização de normas, direitos e condutas da empresa em diferentes unidades no país e no exterior, bem como incentivando, entre os trabalhadores, o exercício da representação, do pensamento estratégico e de laços de solidariedade nacional e internacional, a par-tir e para além do local de trabalho.

Outra dimensão relevante da política sindical é promover processos que incentivem a participação dos trabalhadores nas diferentes dimen-sões da ação sindical cotidiana. De um lado, a organização no local de trabalho é um instrumento poderoso nesse sentido, de outro, a organi-zação do sindicato e o trabalho do dia a dia devem ter como diretriz es-tratégica promover a participação dos trabalhadores em todas as ações.

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Isso pode ocorrer por meio de eventos que mobilizem os trabalhadores e que promovam a sua interação; por meio de comissões ou grupos de trabalho criados para desenvolver uma ação ou luta; por meio das próprias lutas, das campanhas na época da renovação das convenções ou acordos coletivos; ou mesmo por meio de diferentes maneiras de organizar o sindicato, a diretoria, e desenvolver os trabalhos. Há que colocar intencionalidade participativa nos processos organizativos, vi-sando atrair os trabalhadores para a vida sindical.

A própria estrutura sindical e as práticas de gestão e transparência po-dem favorecer a participação, distribuindo a responsabilidade de sus-tentar e dirigir a organização sindical como instrumento de apoio ao movimento e às lutas dos trabalhadores.

A política de formação sindical é outro elemento essencial para que os trabalhadores conheçam a história das lutas já realizadas, adquiram consciência da complexidade da sociedade e dos desafios para pro-mover o bem estar para todos. Desenvolver o sentido da justiça, da igualdade, da liberdade como valores que precisam ser concretizados em processos sociais, nas leis, nas relações de produção, entre outros, é papel da formação sindical orientada para formar quadros dirigentes, ativistas e militantes que atuam na mobilização, organização e condu-ção das lutas dos trabalhadores.

As mobilizações, inclusive as greves, além de serem instrumentos es-senciais para a qualidade e os resultados das lutas dos trabalhadores, são espaços e momentos essenciais de formação sindical e política. Há que promover o planejamento estratégico no desenvolvimento e condução das mobilizações, favorecendo inclusive, e principalmente, a possibilidade de atuação intercategoria e intersindical, de maneira que o sentido de classe se desenvolva entre os trabalhadores.

A força dos trabalhadores está diretamente relacionada à capacidade de construir sua unidade como classe, como grupo social que, na dife-rença, constrói unidade de ação em torno de projetos e é capaz de criar e desenvolver estratégias para promovê-los. Elemento essencial para a construção das estratégias de unidade pode ser desempenhado pela es-

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trutura sindical vertical materializada nas federações e confederações e, especialmente, pelas centrais Sindicais, instrumentos que devem fa-vorecer a luta articulada dos trabalhadores, mobilizar a participação, o enfretamento unitário das grandes questões, promover e participar de negociações complexas e promover macro acordos sindicais e sociais. Os sindicatos são, na estrutura sindical brasileira, peças-chave para de-senvolver todas as dimensões acima e toda política sindical deve orien-tar-se para fortalecer seu papel.

Nestes termos, cabe uma atuação que ultrapasse as questões meramen-te corporativas e imediatas, que certamente não podem ser descuida-das, mas que não podem, por outro lado, ser o único eixo orientador da ação, se o objetivo maior é a própria transformação social. Ade-mais, também como requisito para uma atuação mais abrangente, é importante promover a articulação junto aos movimentos sociais que estejam igualmente comprometidos com a construção de uma nova sociedade, mais justa e fraterna.

Uma reflexão estratégica deve ser promovida para orientar proces-sos de mudança que coloquem a estrutura sindical coetânea com as transformações no mundo do trabalho e de uma economia que am-plia o setor de serviços, integra cada vez mais as atividades econômi-cas, que expande as tecnologias que substituem a força de trabalho, que cria novos modos de gestão dos processos produtivos, entre tan-tos outros aspectos.

Do mesmo modo é importante enfrentar com ousadia as inúmeras mazelas existentes no seio sindical, tais como a fragmentação da repre-sentação, a baixa representatividade, a burocratização, a desarticulação das ações e processos, entre outras. Atenção especial deve ser dada às formas autônomas e permanentes de financiamento da estrutura sin-dical diante das inúmeras ações do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho, além daquelas realizadas por empresários, diretores de empresas e governos, que questionam e impedem a sus-tentação financeira das atividades e estrutura sindical, muitas vezes a inviabilizando, atitude essa que pode ser caracterizada muitas vezes como prática antissindical.

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Há que se pensar estrategicamente em projetos que renovem a es-trutura sindical e em processos de transição que adequem mudan-ças que favoreçam a ampliação da representatividade, o direito de organização desde o local de trabalho, as formas de financiamento, entre outros aspectos. Também é preciso trabalhar para promover esse pensamento estratégico no seio do próprio movimento, favore-cendo inclusive a possibilidade de autorregulação de inúmeros as-pectos que, hoje, incentivam a disputa, a divisão e o fracionamento da capacidade de luta entre os próprios trabalhadores. As diferentes visões sindicais devem ser mediadas pela possibilidade da constru-ção do interesse geral dos trabalhadores e pelo exercício radical da democracia na base do movimento.

O movimento sindical dos engenheiros enfrenta esses desafios, porque é parte de um mesmo movimento e processo histórico. Por isso, deve-se ter atenção na maneira como se organiza o modo de interagir com toda a estrutura sindical, na relação que se estabelece com as entidades de representação majoritária dos trabalhadores, buscando-se maneiras de dar tratamento às questões específicas e favorecendo as ações con-juntas no seio da classe trabalhadora.

É necessário construir meios de identificar a presença do profissional da área de engenharia no interior das empresas e organizações, enfren-tando e superando as dificuldades existentes, porque as empresas re-gistram os engenheiros de diferentes maneiras e em diferentes cargos, criando obstáculos para sua representação por meio das suas organi-zações sindicais. Por isso, mais uma vez, destaca-se a necessidade de buscar meios e regras que permitam interações no âmbito sindical, que favoreçam o conjunto dos trabalhadores, sem descuidar dos interesses e aspectos específicos das categorias.

A política sindical deve estar articulada em torno de desafios que fa-voreçam a unidade dos trabalhadores para atuar na transformação da realidade com o propósito de promover o bem-estar social, a qualida-de de vida e a sustentabilidade ambiental. Há que se investir em uma agenda orientada para:

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a. Disputar o sentido do desenvolvimento como resultado de um cres-cimento econômico que distribui a renda e a riqueza gerada, promovi-do pela atuação do Estado e pela capacidade de a sociedade regular as relações sociais e de distribuir os ganhos de produtividade.

b. Promover a centralidade do trabalho para a produção do desenvol-vimento com condições dignas de trabalho, seja por meio de institui-ções e instrumentos que favoreçam a justa distribuição da renda e da riqueza produzida, seja por meio de políticas sociais universais de qua-lidade (educação, saúde, habitação, saneamento, etc.).

c. Enfrentar as várias manifestações de desigualdade.

d. Disputar na sociedade a concepção sobre a função social das empresas.

e. Enfrentar aspectos essenciais das relações de trabalho, tais como: conceber os fundamentos e instrumentos de uma lógica de promoção e proteção ao emprego; enfrentar a terceirização, atuando para restrin-gir e regular o seu uso; reduzir a rotatividade; inibir a dispensa imo-tivada e as formas precárias de contrato de trabalho; superar a infor-malidade criando e promovendo a proteção social universal de todos os trabalhadores, assalariados e outras formas de ocupação; reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Diretrizes sugeridas:

a. Promover a organização dos trabalhadores desde o local de trabalho, garantindo esse direito nos acordos, nas convenções ou na Lei.

b. Incentivar e participar da articulação das organizações sindicais de base em rede por empresa (nacional e internacional).

c. Trabalhar permanentemente o desenvolvimento de formas de parti-cipação dos trabalhadores nos processos e lutas sindicais.

d. Realizar programas permanentes de formação sindical.

e. Articular e participar de mobilizações locais e nacionais.f. criar formas de relação entre as entidades sindicais que favoreçam a unidade dos trabalhadores.

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III.2. PROJETOS DE INcLUSÃO SINDIcAL E fORMAÇÃO POLÍTIcAHá muitas transformações em curso, algumas pelas quais os traba-lhadores lutaram e lutam por décadas, ou séculos, que transformam o mundo do trabalho e as relações sociais, ora no sentido que se pro-pugna no meio sindical, ora em sentido oposto. Há amplos processos sociais e tecnológicos que estão transformando as formas de comuni-cação, convivência e interação entre as pessoas, bem como possibili-tando realizações que no passado eram inimagináveis. A política sin-dical exige compreender essas questões e processos para incorporá-los ao cotidiano sindical, recepcionando-os no contexto presente e futuro e atualizando as práticas de maneira a tornar a estrutura sindical com-patível com os novos tempos e desafios.

Uma das grandes e relevantes mudanças ocorridas na segunda me-tade do século passado foi o direito de igualdade conquistado pelas mulheres. Por incrível que pareça, essa desigualdade fundou e ain-da sustenta, em inúmeras situações e contextos, a subordinação ou exclusão das mulheres em termos de direito, condições e oportuni-dades. Superar essa iniquidade é ainda um enorme desafio presente na sociedade brasileira, inclusive no seio dos profissionais de enge-nharia. Observando a crescente presença das mulheres nos cursos de engenharia e nos postos de trabalho, é evidente que há um longo caminho a percorrer para que essa profissão e seu exercício deixem de ser predominantemente masculinos. Da mesma maneira, há que se criarem condições que favoreçam a participação das mulheres nas diferentes atividades sindicais, na composição das diretorias, das co-missões e grupos de trabalho. Essa prática é fundamental para que as questões das mulheres na vida profissional sejam contempladas nas lutas e negociações das condições de trabalho.

Há que se desenvolver a reflexão da abordagem da vida profissional e vida familiar de maneira a ampliar a visão sobre o compartilhamento das responsabilidades nos cuidados com os filhos, com os idosos e com as demais tarefas que estão culturalmente associadas às tarefas

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das mulheres e que são, de maneira geral, menosprezadas em relação à valoração das responsabilidades profissionais. Trazer as mulheres para a vida sindical significa também debater com os homens um novo modo de compartilhar e valorar as importantes atribuições re-lacionadas aos cuidados familiares. É importante ressaltar que a de-sigualdade entre homens e mulheres não brota a partir de escolhas individuais. A perpetuação da desigualdade de gênero é determinada por práticas sistemáticas definidas pelo Estado, pelos meios de co-municação, pelas empresas e outras organizações sociais. Portanto, a luta das mulheres trabalhadoras transcende as questões profissionais, sendo parte de um processo mais amplo de luta pelo fim do machis-mo em toda a sociedade.

As transformações contemporâneas na comunicação, a ampliação da cultura da democracia em todos os espaços, o acesso ampliado à in-formação e ao conhecimento, o enfretamento e superação de precon-ceitos, entre tantos outros aspectos, têm levado a novos padrões de relação entre homens e mulheres, e entre gerações. Da mesma forma, ainda que num sentido contrário, também têm contribuído para o au-mento da velocidade das mudanças culturais e comportamentais das novas gerações a exacerbação do consumismo, do individualismo, da busca do imediato, do presente instantâneo promovido pelas conexões mediadas pelas mídias e pela internet.

É preciso cuidado. As conquistas obtidas ao longo da história, que são fruto de muitas lutas, sacrifícios e de milhares de mortes, hoje podem aparecer como “dádivas”, como uma situação natural, e não como ten-do sido batalhadas. Perder o sentido histórico do passado no presente pode levar a que essas conquistas também sejam perdidas no futuro, em decorrência da inobservância do papel das lutas para sua preser-vação e ampliação, bem como da condição processual das disputas (continuidade no tempo de longos processos de luta). Nada está dado, tudo precisa ser permanentemente renovado, principalmente aqui-lo que é objeto da disputa que materializa um determinado padrão de distribuição da riqueza e da renda. A história dá mostras de que a desigualdade e a concentração de renda e riqueza são fenômenos e processos que são da natureza da sociedade capitalista. combatê-los

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está na base da luta social e política daqueles que buscam erigir uma sociedade justa e igualitária. Essa concepção não está dada, precisa ser permanentemente (re)construída.

Por isso, há que se criar um ambiente favorável para a interação entre as gerações de maneira que cada um, ao seu modo, tome consciência da história e dos desafios que a cada momento se têm pela frente, para fazer avançar o padrão civilizatório em termos de bem estar social, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental.

Por isso, é fundamental uma concepção sindical aberta à participação da juventude e que esta ocupe seu espaço ao seu modo. Nesse sentido, cabe à organização sindical renovar-se por meio da própria juventude, tornando a estrutura sindical permeável à nova cultura e às práticas sociais que a juventude inventa e propaga. Se a juventude afirma-se por meio da negação do velho e do estabelecido, é nessa tensão e relação que vai assumindo suas novas responsabilidades, inovando e renovan-do as instituições, as regras e o modo de vida.

A política sindical deve estar atenta para deixar as portas abertas à participação dos jovens - sejam eles profissionais recém-formados ou estudantes. E, mais, deve intencionalmente colocar toda a estrutura sindical atenta ao desafio de trazê-los para a vida sindical, enfrentando de maneira inteligente a ideologia dominante que desqualifica as insti-tuições, a política e a atividade sindical.

Buscar de maneira permanente e ousada a abertura ao novo é desafio estratégico e urgente da política sindical, visando à promoção da par-ticipação dos jovens e das mulheres. É fundamental investir na forma-ção sindical e cidadã. Por um lado, oferecendo aos jovens o acesso ao conhecimento socialmente acumulado, a história das lutas, o papel da política na organização da vida em sociedade e as transformações que ocorrem cada vez em velocidade mais acelerada no mundo do traba-lho. Aqui, o desafio é formar os novos militantes e ativistas que desen-volverão o conteúdo das novas práticas sindicais no futuro próximo. Da mesma maneira, é preciso investir na capacidade crítica dos atuais dirigentes e ativistas para que se preparem para abrir espaço para a

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juventude e para as mulheres, com todas as contradições existentes, diante dos paradoxos que se apresentam frente aos paradigmas que instruíram e sustentaram nossas escolhas. Nas próximas décadas serão eles que conduzirão as lutas e a qualidade delas dependerá também da maneira e do espaço que encontrarão nas instituições.

A formação tem sempre um desafio instrumental para a luta. Mas, essencialmente, a formação adquire um sentido geral de formação política, fornecendo as bases que favoreçam os valores da solidarie-dade entre os trabalhadores e as trabalhadoras, a cooperação como base para as relações de produção, a liberdade e a fraternidade como valores que presidem as relações sociais e a igualdade como projeto de sociedade.

A formação deve estar sempre vinculada à ação, às lutas dos sindicatos para alterar a realidade. Portanto, um programa de formação voltado à construção de um projeto de nação para o Brasil deve voltar-se à com-preensão da realidade brasileira, retomando reflexões sobre os proble-mas estruturais do Brasil: formação histórica, social, cultural e econô-mica do seu povo. Nesse sentido, é importante resgatar pensadores que contribuíram com reflexões sobre o Brasil, como florestan fernandes, Darcy Ribeiro, caio Prado Júnior, celso furtado, entre outros.

Diretrizes sugeridas:

a. Promover intencionalmente a participação das mulheres na vida sindical.

b. Realizar ações visando abrir espaço para a participação dos jovens e futuros profissionais na vida sindical.

c. vincular a formação sindical a uma formação política mais abran-gente, voltada para uma compreensão histórica da realidade brasileira e o enfrentamento de seus problemas estruturais para a construção de um projeto de nação democrático e popular para o Brasil.

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III.3. AMBIENTE DE NEgOcIAÇÃO: REALIDADE E PERSPEcTIvASUma das finalidades dos sindicatos como forma de organização do movimento dos trabalhadores é disputar a regulação das relações e condições de trabalho. No sistema de relações de trabalho brasileiro isso ocorre por meio das negociações coletivas que podem celebrar convenções e acordos coletivos de trabalho, que têm força legal im-positiva e abrangem de forma universal todos os trabalhadores da base sindical da categoria. Esse direito vale para todo o setor privado e para as empresas estatais, de economia mista, públicas, bem como para autarquias (excetuando-se os órgãos da administração pública direta).

Entretanto, há milhões de servidores públicos, trabalhadores de ór-gãos públicos nos municípios, estados e da União que, desde a cons-tituição de 1988, adquiriram o direito de organização sindical, mas que ainda não tiveram o direito de negociação regulado em lei. Regu-lamentar o direito de negociação no espaço do direito administrativo que rege as funções e atividades do Estado é um desafio presente em nossa realidade.

O movimento dos trabalhadores nos processos negociais tem na gre-ve seu principal instrumento para o estabelecimento da correlação de força visando à construção das bases e conteúdos para o acordo. A divergência e a disputa sobre a alocação dos recursos entre o em-pregador e os trabalhadores podem resultar em impasse e extrapolar para conflitos que levem os trabalhadores a promoverem a interrup-ção do trabalho. Esse direito está consagrado nas normas internacio-nais e deve ser garantido a todos os trabalhadores. Há, no Brasil, a necessidade de regular o direito de greve para os servidores públicos, bem como garantir o direito de organização dos trabalhadores nos seus movimentos, em especial acabar com o instrumento do interdi-to proibitório que impede a ação autônoma dos trabalhadores e das entidades sindicais.

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Em uma sociedade democrática os conflitos inerentes às relações de tra-balho exigem mecanismos ágeis de solução que sejam capazes de me-diar interesses divergentes, estabelecendo procedimentos e normas que atuem para a regulação das relações de trabalho.

No âmbito das negociações coletivas que envolvem os engenheiros, o desafio é desenvolver organização e articulação sindical que permitam e promovam a representação desse segmento de trabalhadores no seio das relações de trabalho e negociação em cada empresa e no conjunto delas. Há que se enfrentar os conflitos existentes com as entidades sin-dicais majoritárias e construir um tipo de solidariedade sindical que amplie a representatividade do movimento e sua capacidade de con-quistar direitos e melhorias.

No aspecto específico das negociações cabe o investimento para tornar essa atividade mais profissionalizada, seja com assessorias específicas, seja com planejamento e integração dos trabalhos, articulando as cam-panhas e investindo na formação dos negociadores que compõem as comissões. Uma diretriz é ampliar o investimento na coordenação das negociações em nível nacional, para a qual a federação pode apoiar a elaboração e unificação das pautas mínimas dos engenheiros.

Os resultados das negociações indicam que o movimento sindical vem conseguindo recuperar as perdas salariais e conquistar aumentos sala-riais em 95% dos processos, segundo pesquisa do Dieese. A pesquisa também revela que as negociações abordam as diferentes formas de compor os salários de maneira direta (o piso salarial, a PLR, adicio-nais, entre outros), ou indireta (auxílio-saúde, escola e creche, trans-porte, entre outros), bem como avançando em aspectos relacionados às condições de trabalho. Há pouco avanço relacionado à organização sindical no local de trabalho.

São aspectos do conteúdo e objetos da negociação que precisam estar no centro das prioridades para o enfrentamento e superação: terceiri-zação e todas as consequências sobre a organização e representação, bem como os efeitos sobre as condições de trabalho e a precarização; formas de remuneração, com destaque para o piso profissional e as

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regras para a distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR); condições de saúde e segurança nos locais de trabalho, em es-pecial nas empresas terceirizadas.

Diretrizes sugeridas:

a. Atuar para a regulamentação do direito de negociação e de greve dos trabalhadores do setor público.

b. Apoiar as iniciativas do movimento sindical para favorecer o surgi-mento de organização sindical de base nos locais de trabalho.

c. favorecer, por meio de articulações com o movimento sindical, a participação dos Sindicatos de Engenheiros e da fisenge nas negocia-ções nacionais, regionais e setoriais.

d. Atuar para ampliar a observância/efetividade da legislação do salá-rio mínimo profissional.

III.4. fORMAÇÃO PROfISSIONALNa última década reverteu-se a tendência acentuada, observada nos anos 1980 e 1990, de desvalorização da área de engenharia. contribu-íram para isso diversos fatores, entre eles, a retomada do crescimento econômico e a perspectiva do desenvolvimento assentada no inves-timento público em infraestrutura econômica e social, no fortaleci-mento do setor de petróleo e gás, energia e transporte, bem como em decorrência dos investimentos privados. A desvalorização profissional e a falta de oportunidades, contra a qual se lutou nos anos 1980 e 1990, teve como consequência a queda na procura pelos jovens dos cursos da área de engenharia, falta de investimento na atualização dos cursos e na criação de novos, entre outros. No momento presente, o problema é a carência de profissionais na área de engenharia na faixa etária entre 35 e 49 anos, muitas vezes apontada na grande mídia como um fenô-meno generalizado de apagão de mão de obra. Alguns estudos (IPEA, IEA-USP) indicam que há carência tópica de profissionais “maduros” capazes de assumir responsabilidades de gerência, liderança e direção,

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o que é corroborado pelas manifestações das empresas e organizações, todos indicando que não há uma carência estrutural de engenheiros no país e que a perspectiva quantitativa de formação de novos profis-sionais deve responder à demanda. Observa-se demanda mais acen-tuada e carência de engenheiros especializados no setor de petróleo e gás, minério e naval. Há também descompasso na distribuição no território, não havendo um balanceamento adequado entre a demanda e a oferta, movimento de ajuste que leva tempo para ocorrer e depende das condições ofertadas em termos de condições de trabalho, salário e qualidade de vida na comunidade.

vinte anos de destruição de um campo de conhecimento essencial para sustentar estratégias de crescimento e desenvolvimento não fica-riam incólumes. Recuperar os desinvestimentos exige continuidade e tempo, bem como a atenção para a qualidade da formação oferecida, especialmente nas escolas privadas.

Mas tudo começa na educação infantil e na educação básica. Para a área de engenharia, com os jovens obtendo uma sólida formação em mate-máticas e em ciências. Nesse campo avançou-se no Brasil nos últimos anos. Segundo o censo Escolar da Educação Básica 2013, a amplia-ção dos investimentos em educação apresenta mostras quantitativas relevantes. São, hoje, mais de 50 milhões de matrículas em educação básica, podendo-se afirmar que foi superado o desafio de universalizar o acesso – ainda que existam desafios para populações remotas e em condições de extrema pobreza. Desse universo, 46% estão matricula-das na rede municipal e 36% nas redes estaduais. Observa-se um cres-cimento de 7,5% nas matrículas em creches (2,73 milhões de crianças) para o qual o Programa Proinfância prevê a entrega de seis mil escolas até o final do ano para essa faixa etária. Há destaque para a criação em um ano de mais de um milhão de novas vagas, atingindo 3,17 milhões alunos em tempo integral, sendo 97% deles em escolas públicas. No ensino médio há 8,3 milhões de matrículas, sendo 1,44 milhão no en-sino profissionalizante.

Se houve de fato a expansão da oferta para a universalização (educa-ção básica) ou encontra-se em expansão a oferta (educação infantil e

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escola em tempo integral), há o deslocamento para o problema da qua-lidade da educação fundamental, fato evidenciado por especialistas e profissionais da área.

O problema da qualidade é observado especialmente quando do in-gresso no ensino médio profissionalizante nas boas escolas. Há déficits estruturais de habilidades na língua portuguesa, em matemática e ci-ências, déficits que impedem os jovens de acessar os cursos ou de neles permanecer, o que é indicado de forma contínua nos exames interna-cionais dos quais o Brasil participa (PISA). No que se refere à educação técnica de nível médio, houve também uma mudança importante na estratégica do MEc, criando o PRONATEc, que centraliza e amplia a oferta federal de educação técnica, ampliando a rede dos cEfETS, realizando cooperação com os estados, o Sistema S, bem como organi-zando a oferta de educação profissional inicial e continuada.

O mesmo problema se observa no acesso aos cursos das engenharias, nos quais os índices de abandono estão acima de 50%, em muitos dos casos por dificuldades de acompanhá-los pelas carências de conheci-mento básico em matemática e ciências. Há, portanto, problemas rela-cionados à não inclusão no nível superior, mas, também, à evasão e à retenção, em grande medida relacionados à baixa qualidade do ensino fundamental e médio no país.

Investir na formação de um contingente de jovens no campo de co-nhecimento das engenharias significa coordenar as trajetórias/prefe-rências individuais com a estratégia de desenvolvimento do país. Este é um desafio complexo. Primeiro, porque envolve múltiplas dimen-sões dos indivíduos, suas relações familiares, situação de inserção socioeconômica e sua distribuição no território. Segundo, porque a oferta de educação inclui inúmeros aspectos, como a distribuição no território, a capacidade cognitiva disponível nos conteúdos a ensinar, a qualidade da educação, a quantidade ofertada. Em terceiro lugar, porque há a relação de todos esses aspectos com a trajetória recente das oportunidades de emprego influenciando as decisões de forma-ção profissional.

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contudo, esse conjunto de fatores mencionados, que dizem respei-to à oferta e à demanda por formação profissional na engenharia, pode estar desconectado das apostas que os agentes econômicos, privados e públicos, fazem no presente e farão no futuro, para sua decisão de investir. É preciso tentar coordenar processos educa-tivos e trajetórias educacionais, as transições e as escolhas que se fazem e as mediações com o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, de maneira integrada, com todos os aspectos da gestão das escolas de formação profissional, em muitos níveis, desde o local até o nacional.

No mundo economicamente globalizado, a divisão internacional do trabalho e do conhecimento coloca enormes desafios à engenharia nacional como componente estratégico para as transformações no sentido do desenvolvimento. A promoção do desenvolvimento exige mobilizar a juventude para que invista no campo de conhecimento das engenharias e dele faça um campo de atuação capaz de produzir a competência técnica que transforma nossa realidade. Para que as traje-tórias individuais se cruzem com os interesses do país, é fundamental despertar essas competências, desde a educação básica, com o gosto pela matemática e pelas ciências, com método de ensino-aprendiza-gem que oriente o árduo trabalho de estudar.

Desse ponto de vista, é essencial que a ciência e a pesquisa para a ino-vação tecnológica estejam no centro de toda a formação da área de en-genharia, sendo esta a frente aplicada de parte significativa de muitos campos de conhecimento, desde o nível macro, das grandes obras de engenharia, ao micro, da nanotecnologia.

Há também o desafio de formar o novo profissional que trabalha em equipe e em rede. Há que se desenvolver um ensino orientado por projetos, capaz de reunir todas as disciplinas envolvidas e trabalhar de forma integrada. Será preciso reestruturar as escolas e capacitar os professores. Há o desafio da relação entre universidade, os centros de desenvolvimento tecnológico voltados para a inovação e a estrutura produtiva. Sem descuidar dos riscos de uma possível subordinação, deve-se procurar favorecer a formação dual no espaço das escolas/

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universidades e nos locais de produção. O estágio deve ser melhor estruturado, inclusive prevendo maior interação dos professores com o setor produtivo.

Existe um enorme descompasso de qualidade entre as escolas públicas e as escolas privadas, estas sem a prática da engenharia, sem laborató-rios, baseadas somente em livros, em textos. Por isso, é preciso ampliar fundamentalmente a oferta de vagas nas escolas públicas de qualidade. A qualidade dos formandos, segundo o Enade, indica que não mais de 30% são oriundos das melhores escolas.

Outro problema é a quantidade de especialidades nos cursos de en-genharia. A tendência na produção do conhecimento é exatamente a oposta à especialização direta, na qual a integração cada vez maior entre as áreas e uma interdisciplinaridade crescente são as bases de uma formação sólida e aberta ao vasto campo de conhecimento da engenharia. Deve-se voltar à experiência passada quando a primei-ra parte do curso era comum e a escolha da especialização era feita posteriormente.

Há, também, uma inadequação entre os métodos tradicionais de ensino ao perfil dos jovens estudantes de engenharia. Esses jovens podem ter acesso a praticamente toda informação produzida sobre os mais diversos assuntos. Podem ter acesso às tecnologias de ponta desenvolvidas em qualquer parte do mundo globalizado. São bom-bardeados simultânea e ininterruptamente por uma enorme gama de estímulos (distrações) informacionais. Estão habituados a colo-car em operação os novos equipamentos (“gadgets”) antes mesmo de procurar saber como fazê-lo. como motivá-los, conseguir sua atenção, a dose necessária de disciplina para o aprendizado? Por exemplo, a combinação entre as disciplinas teóricas e as práticas tam-bém poderia mudar. Atualmente, nos dois primeiros anos, o curso é basicamente teórico (cálculo, física, química, etc.). Há experiências em alguns países (Alemanha, por exemplo) de distribuir o conheci-mento aplicado e prático ao longo dos cinco anos sem a separação como é feito hoje entre o curso básico (teórico e prático) e o profis-sionalizante, o que aumenta o interesse e ajuda a reduzir a evasão.

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Nosso grande desafio para contribuir como profissionais para um projeto de nação é formar o engenheiro transformador (uma bela experiência nesse sentido, desenvolvida na frança, desde 1999, é a dos ISf – Engenheiros sem fronteira http://www.isf-france.org/). O engenheiro não deveria formar-se para ser apenas um burocrata, tec-nicista, que adere acriticamente aos processos produtivos e regras já existentes nas organizações empregadoras. O espírito crítico deve ser a base dessa nova formação, na qual o engenheiro deve ser formado para transformar a sociedade.

Diretrizes sugeridas:

a. Assegurar e investir os recursos necessários à ampliação da oferta do ensino médio e na melhoria da qualidade do ensino básico e médio, especialmente nas disciplinas de matemática e ciências.

b. Investir num sistema de projeções ocupacionais ligado à área de en-genharias, de sorte a orientar a oferta e demanda por formação profis-sional de engenheiros, a partir da evolução e perspectivas do mercado de trabalho.

c. Reestruturar os cursos de engenharia de forma a torná-los mais atra-entes aos alunos e compatíveis com o estado científico e tecnológico do atual mundo globalizado.

d. Introduzir dentre os componentes centrais na estruturação dos cur-sos de engenharia:

i. Interdisciplinaridade;ii. integração à pesquisa e à inovação tecnológica;iii. utilização da tecnologia como instrumento relevante no ensino

-aprendizagem;iv. trabalho em grupo, em rede, por projetos;v. formação de profissionais com perfil transformador da realidade

socioeconômica do país.

e. Promover, dentre os professores na área da engenharia, a importân-cia de uma formação mais integrada, voltada à inovação tecnológica e ao papel transformador da engenharia.

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f. Estimular uma maior integração entre a universidade, centros de pesquisa e o setor produtivo nacional.

g. Ampliar a quantidade de vagas nas escolas públicas de engenharia e desenvolver programas voltados à melhoria e à fiscalização da qualida-de das escolas privadas.

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BIBLIOgRAfIA BASSUL, José Roberto. “Reforma Urbana e Estatuto da cidade”. Artigo.

cARTA MUNDIAL PELO DIREITO À cIDADE:

• Fórum Social das Américas. Quito, julho 2004.

• Fórum Mundial Urbano. Barcelona, setembro 2004.

• V Fórum Social Mundial. Porto Alegre, janeiro 2005.

cDES – conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Moção: “Sustentabilidade e Eficiência Energética”, in www.cdes.gov.br

________ Moção: “Acordo para o Desenvolvimento Sustentável – contribuições para a conferência das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável – Rio + 20”, in www.cdes.gov.br

cUT – central Única dos Trabalhadores. Documentos apresentados nas Oficinas Nacionais do ciclo de Debates:

• “Política Energética, Industrial, Agrícola e Agrária, Segurança, Políti-ca Urbana e Meio Ambiente“, setembro de 2009.

• “Panorama do setor energético brasileiro”. Contribuição da Federa-ção Nacional dos Urbanitários fNU/cUT, setembro de 2009.

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• “Panorama do Setor de Saneamento Brasileiro”. Contribuição da Fe-deração Nacional dos Urbanitários - fNU/cUT, setembro de 2009.

DIEESE. “A Situação do Trabalho no Brasil na Primeira Década dos anos 2000”. DIEESE, São Paulo, 2012, 404 pp.

________ Subseção na cONTAg. “Eficiência e sustentabilidade no Brasil rural: desafios para o movimento sindical”, apresentação em PPT, fevereiro de 2014.

________ Subseção no SENgE RJ & SENgE RJ. “O Mercado de Tra-balho formal da Engenharia no Estado do Rio de Janeiro”, SENgE RJ, 2011.

DOWBOR, Ladislaw. “crise financeira: riscos e oportunidades”, in www.dowbor.org.br

gUSSO, Divonzir Arthur & NAScIMENTO, Paulo A. Meyer M. “Evo-lução da formação de Engenheiros e Profissionais Técnico-científicos no Brasil entre 2000 E 20121”, IPEA

IPEA. “Brasil em Desenvolvimento 2013: Estado, Planejamento e Polí-ticas Públicas”, volumes I, II e III. Brasília, IPEA, 2013.

______ “Infraestrutura Econômica no Brasil: diagnósticos e perspecti-vas para 2025”, Livro 6, volume 1, Brasília, IPEA, 2010.

______ “Infraestrutura Social e Urbana no Brasil: subsídios para uma agenda de pesquisa e formulação de políticas públicas”, Livro 6, volu-me 2, Brasília, IPEA, 2010.

MAcIENTE, Aguinaldo Nogueira & NAScIMENTO, Paulo A. Meyer M. ”A demanda por engenheiros e profissionais afins no mercado de trabalho formal”, IPEA, Boletim Radar numero 12, fe-vereiro de 2011.

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SALERNO, Mário Sérgio & LINS, Leonardo Melo & PINO, Bruno cesar. “Uma proposta de sistematização do debate sobre falta de en-genheiros no Brasil”. Trabalho realizado no âmbito do acordo de coo-peração técnica Ipea - Observatório da Inovação e competitividade da USP. Setembro de 2013.

JORNAIS E REvISTAS

JORNAL fOLHA DE SÃO PAULO. “Mobilidade Urbana”. caderno especial, 12/10/13.

JORNAL vALOR EcONÔMIcO

• AZEVEDO, Newton L. “É preciso dar uma chance para o saneamen-to”. A12. 20/11/13.

• LOPES, Wilson & CARLOS, Édison. “Uma chance para a água”. A10. 24/01/14.

• KUPFER, David. “Rigidez Estrutural”. A11. 10/02/14.

• ROCHA, Gerôncio Albuquerque & HIRATA, Ricardo César Aoki & ScHEIBE, Luiz fernando, “É preciso ir com muita calma com o gás de xisto”. A10. 04/02/14.

• “Especial Energia”. F1. 26/04/12.

• “Especial Saneamento”. F1. 14/10/13.

• “Especial Água”. F1. 22/03/13.

• “Especial Economia Verde”. F1. 12/08/11.

• “Especial Inovação”. F1. 17/05/13.

• “Especial Portos”. F1. 30/05/12.

• Encarte Setorial. “Infraestrutura”. Maio de 2102.

• Encarte Setorial. “Logística”. Março de 2013.

• Encarte Setorial. “Infraestrutura”. Junho de 2013.

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REvISTA cARTA cAPITAL, “Saneamento – relatórios especiais”. 20/3/13.

REvISTA cAROS AMIgOS. MERgARDO, Bárbara. “Rio + 20 e a Hi-pocrisia Ambiental: estudos indicam que países não cumpriram as de-cisões da Rio + 20 sobre desenvolvimento sustentável”. Revista caros Amigos, número 18, 2012.

SITES cONSULTADOS

Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica - www.aneelgov.br

Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações - www.anatel.gov.br

Ministério das cidades - www.cidades.gov.br

Ministério das comunicações - www.mc.gov.br

Ministério da Educação - www.mec.gov.br

Ministério da fazenda - www.fazenda.gov.br

Ministério do Planejamento e Orçamento - www.planejamento.gov.br

Ministério da Previdência Social - www.mpas.gov.br

Ministério do Trabalho e Emprego - www.mte.gov.br

Ministério dos Transportes - www.transportes.gov.br

Secretaria de Portos - www.portosdobrasil.gov.br

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SISTEMATIzAÇÃO DAS PROPOSTAS

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SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 1O PAPEL DO ESTADO BRASILEIRONO DESENVOLVIMENTO NACIONAL

SUBTEMA 1ENERGIA E DESENVOLVIMENTO

SINDICATOSESPÍRITO SANTO, PERNAMBUCOE RIO DE JANEIRO

CONTRIBUIÇÕES: Paraná, Santa Catarina e Sergipe

PROPOSTAS ORIGINAIS

PETRÓLEO E GÁS

1. Defesa da Petrobras como operado-ra exclusiva na extração do petróleo do Pré-sal, garantindo que todo o seu resultado econômico e de desenvolvi-mento tecnológico seja integralmente utilizado para o desenvolvimento so-cial, com justiça e equidade (PARANÁ).

A Fisenge deve participar dos movi-mentos em defesa de uma política industrial nacional que garanta empre-sas com tecnologia e capital genuina-mente brasileiros para o desenvolvi-mento da exploração do Pré-sal (RIO E JANEIRO).

2. Que os recursos provenientes da exploração do Pré-Sal sejam aplica-dos, obrigatoriamente, em implanta-ção de projetos/execução de geração

TEXTO SUGERIDO

Defender a Petrobras como operado-ra exclusiva na extração do petróleo do Pré-sal, garantindo que todo o seu resultado econômico e de desenvolvi-mento tecnológico seja integralmente utilizado para o desenvolvimento so-cial, com justiça e equidade.

Participar dos movimentos em defesa de uma política industrial nacional que garanta empresas com tecnologia e capital genuinamente brasileiros para o desenvolvimento da exploração do Pré-sal.

Defender que os recursos provenien-tes da exploração do Pré-Sal sejam aplicados, obrigatoriamente, em im-plantação de projetos/execução de

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de energias renováveis, precedidos de estudos ambientais e de viabili-dade econômica, e na criação de um programa nacional de projetos socio-ambientais, que considere a leitura da realidade local (ESPÍRITO SANTO).

3. Intensificar o controle do Estado sobre toda a reserva de petróleo do país, aumentando a participação acio-nária da União na Petrobras, tornando-a 100% estatal (PARANÁ).

4. Sugerir à ANP e ao Congresso Na-cional a adoção de um sistema de tri-butação que permita o recolhimento do ISS das atividades off shore no mu-nicípio onde as mesmas estão localiza-das (ESPÍRITO SANTO).

ENERGIA

1. Estabelecer como prioridade a luta por uma política que considere o setor energético como estratégico para a soberania nacional e a geopolítica do país (RIO DE JANEIRO).

ENERGIA ELÉTRICA

Realizar um debate profundo para re-visão geral do modelo e das políticas do setor, invertendo a lógica da mer-cadoria pela lógica do serviço público com tarifas compatíveis com o custo de produção e que permitam a expan-são do setor (PARANÁ).

A Fisenge deve estudar e propor um novo modelo de comercialização e regulação de energia elétrica no país

geração de energias renováveis, pre-cedidos de estudos ambientais e de viabilidade econômica, e na criação de um programa nacional de projetos so-cioambientais, que considere a leitura da realidade local.

Propor a intensificação do controle do Estado sobre toda a reserva de petró-leo do país, aumentando a participa-ção acionária da União na Petrobras, tornando-a 100% estatal.

Sugerir à ANP e ao Congresso Nacio-nal a adoção de um sistema de tribu-tação que permita o recolhimento do ISS das atividades off shore no municí-pio onde as mesmas estão localizadas

ENERGIA

1. Estabelecer como prioridade a luta por uma política que reconheça o se-tor energético como estratégico para a soberania nacional e a geopolítica do país.

2. Estudar e realizar um debate pro-fundo sobre o setor elétrico com vis-tas a propor uma revisão geral do mo-delo e das políticas do setor elétrico e articular sua implantação, com base nos seguintes elementos:

a) inversão da lógica da mercadoria pela lógica do serviço público com tarifas compatíveis com o custo de produção e que permitam a expansão do setor.

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e articular sua implantação (RIO DE JANEIRO).

Restaurar estrategicamente o setor elétrico visando à estabilidade, quali-dade e modicidade tarifária (buscando equilibrar o valor das tarifas), com in-centivo às reduções das desigualdades regionais (PERNAMBUCO).

Restringir a participação do acionista privado, particularmente o internacio-nal, no que se refere às remessas dos lucros para suas matrizes nos países de origem (PARANÁ).

Desenvolver mecanismo de controle social sobre setor, em particular sobre a ANEEL (PARANÁ).

TARIFAS

2. Renovar as concessões das estatais com compromisso de que as centrais elétricas já amortizadas pelo povo bra-sileiro tenham tarifas de fato reduzidas e compatíveis com o seu custo de pro-dução (PARANÁ).

EMPRESAS ESTATAIS

3. Propor mecanismos para o fortale-cimento da Eletrobrás como empresa pública voltada para a promoção do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade brasileira (RIO DE JANEIRO).

4. Restabelecer o planejamento de-terminativo do setor energético, prio-rizando o potencial brasileiro de fontes renováveis, tendo a devida preocupa-ção com o meio ambiente e com as

b) Adoção de um novo modelo de co-mercialização e regulação de energia.

c) A recuperação do caráter estratégi-co do setor elétrico visando à estabili-dade, qualidade e modicidade tarifária (buscando equilibrar o valor das tari-fas), com incentivo às reduções das desigualdades regionais.

d) A restrição à participação do acio-nista privado, particularmente o inter-nacional, no que se refere às remessas dos lucros para suas matrizes nos paí-ses de origem.

e) O desenvolvimento de mecanismo de controle social sobre o setor, em particular sobre a ANEEL.

Propor que na renovação das conces-sões das usinas hidrelétricas já amor-tizadas e pertencentes às empresas estatais, as tarifas sejam de fato redu-zidas e compatíveis com seus custos de produção.

Propor mecanismos para o fortaleci-mento da Eletrobrás como empresa pública voltada para a promoção do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade brasileira.

Defender o restabelecimento do pla-nejamento determinativo do setor energético, que priorize o potencial brasileiro de fontes renováveis, ten-do a devida preocupação com o meio

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populações atingidas pelos empreen-dimentos (RIO DE JANEIRO).

Defender que as empresas geradoras de energia estatais sejam mantidas com poder de autonomia e plane-jamento, não sendo, simplesmente, empresas de operação e manutenção (PERNAMBUCO).

5. A Fisenge deve defender que a ma-triz energética nacional considere o potencial brasileiro nas suas diversas fontes (hidráulica, nuclear, solar, eóli-ca, biomassa e outras) de forma a ga-rantir a soberania nacional e o desen-volvimento tecnológico, econômico e social da sociedade brasileira (RIO DE JANEIRO).

Favorecer o desenvolvimento de tec-nologia e inovação em energia solar, fotovoltaica, eólica, de biomassa e gás natural, estimulando o surgimento de empresas nacionais que desenvolvam e internalizem tecnologia (SANTA CA-TARINA).

Incentivar a implantação de projetos de energia alternativa e o monitora-mento do uso e sua eficiência, visando seu melhoramento e possível imple-mentação em outras comunidades (ESPÍRITO SANTO).

Reduzir os custos com energia solar. Fomentar, incentivar e promover sim-pósios, oficinas e mesas de estudos vi-sando mecanismos que possibilitem a redução dos custos. Implantação nos Programas Minha Casa, Minha Vida e outros planos de habitação popular. A

ambiente e com as populações atingi-das pelos empreendimentos.

Defender que as empresas geradoras de energia estatais sejam mantidas com poder de autonomia e planeja-mento, não sendo, simplesmente, em-presas de operação e manutenção.

Defender que o redesenho da matriz energética nacional:

a) Considere o potencial brasileiro nas suas diversas fontes (hidráulica, foto-voltaica, nuclear, solar, eólica, biomas-sa e gás natural, e outras);

b) Promova o desenvolvimento de tecnologia e inovação, de forma a ga-rantir a soberania nacional e o desen-volvimento tecnológico, econômico e social da sociedade brasileira;

c) Estimule o surgimento de empresas nacionais que desenvolvam e interna-lizem tecnologia;

d) Incentive a implantação de projetos de energia alternativa e o monitora-mento do uso e sua eficiência, visando seu melhoramento e possível imple-mentação em outras comunidades;

e) Promova o desenvolvimento de mecanismos visando à redução dos custos com instalação e manutenção de equipamentos voltados para a uti-lização de energia solar (implantação no Programa Minha Casa Minha Vida e outros planos de habitação popular);

MATRIZ, FONTES ALTERNATIVAS E TECNOLOGIA

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situação atual - Instalação e manuten-ção de equipamentos voltados para a utilização de energia solar com custos inacessíveis à população. (SERGIPE).

Sugerir ao Ministério de Minas e Ener-gia e ao Ministério do Meio Ambiente a realização de diagnóstico:

• Do potencial da energia alternativa mais eficiente de energias renováveis.

• Do desenvolvimento e adaptação de usinas geradoras.

• Da demanda da comunidade local em termos de geração de energia renová-vel (ESPÍRITO SANTO)

6. A Fisenge deve propor à EPE que se contraponha à prática de projetar hidrelétricas sem a previsão mínima de reservação para compensação dos períodos de estiagem (PER-NAMBUCO).

7. Sugerir ao Ministério de Minas e Energia e ao Ministério do Planeja-mento tarifa zero para implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e para consumidores residen-ciais que implantarem sistemas de energias alternativas renováveis (ES-PÍRITO SANTO).

Demandar junto ao Ministério de Mi-nas e Energia e ao Ministério do Meio Ambiente a realização de diagnóstico:

a) Do potencial da energia alternativa mais eficiente dentre as energias re-nováveis.

b) Do desenvolvimento e adaptação de usinas geradoras.

c) Da demanda da comunidade local em termos de geração de energia re-novável.

Propor à EPE que se contraponha à prática de se projetar hidrelétricas sem a previsão mínima de reservação para compensação dos períodos de estiagem.

Sugerir ao Ministério de Minas e Ener-gia e ao Ministério do Planejamento tarifa zero para implantação de Pe-quenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e para consumidores residenciais que implantarem sistemas de energias al-ternativas renováveis.

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SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 1 O PAPEL DO ESTADO BRASILEIRONO DESENVOLVIMENTO NACIONAL

SUBTEMA 2POLÍTICAS URBANAS (HABITAÇÃO E SANEAMENTO)

SINDICATOSPARAÍBA, RONDÔNIA E SERGIPE

CONTRIBUIÇÕES: Espírito Santo, Paraná, Bahia,Minas Gerais, Rio de Janeiro

PROPOSTAS ORIGINAIS

HABITAÇÃO

POLÍTICA HABITACIONAL

1. Adoção nos planos habitacionais de infraestrutura urbana que considere elementos de desenho de acessibilida-de universal (BAHIA).

Mudar os critérios financeiros para aquisição da moradia própria, tendo em vista que a maioria da população é de baixa renda, impossibilitando o seu acesso ao financiamento da casa pró-pria (RONDÔNIA).

Defender a estruturação e a consolida-ção de um sistema nacional de habita-ção de interesse social urbano e rural que fomente os empreendimentos auto construtivos comunitários promo-vidos por COHABs estaduais e munici-pais, realizados em parceria com mu-nicípios e organizações comunitárias e sociais (como forma de reduzir a es-

TEXTO SUGERIDO

A FISENGE deve lutar por uma política habitacional que:

a) Estruture e consolide um sistema nacional de habitação de interesse social urbano e rural, que fomente os empreendimentos auto construtivos comunitários promovidos por COHA-Bs estaduais e municipais, realizados em parceria com municípios e orga-nizações comunitárias e sociais, dire-cionando os subsídios recebidos pelas construtoras e empresas que operam nesse sistema, efetivamente, para as famílias de baixa renda.

b) Altere os critérios financeiros para aquisição da moradia própria, tendo em vista que a maioria da população é de baixa renda.

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peculação imobiliária e a periferização resultante de programas habitacionais, como o Programa Minha Casa Minha vida) direcionando os subsídios recebi-dos pelas construtoras e empresas que operam nesse sistema, efetivamente, para as famílias de baixa renda, (com ganhos reais para quem mais precisa e com possibilidade de construções mais adequadas e com qualidade, o que não tem se observado nos programas atuais, nos quais os números de pro-dutividade e quantidade não refletem a solução dos graves problemas e des-perdícios de recursos públicos sem en-frentar o déficit habitacional das cate-gorias de mais baixa renda) (PARANÁ).

Implementar fortes políticas federais e estaduais de controle urbano, em apoio aos municípios, para evitar ocupações irregulares em locais não edificáveis, em paralelo ao programa habitacional (RONDÔNIA).

PLANEJAMENTO E CONTROLE SOCIAL

2. Sensibilizar o poder público e a po-pulação para pensar no presente e no futuro o que queremos para nossas cidades e planejar cada passo, desen-volvendo projetos de desenvolvimento urbano e valorizando o patrimônio am-biental e histórico (PARAÍBA).

Participar ativamente de entidades de classe e de organizações não gover-namentais, formulando propostas e al-ternativas, estimulando o processo de transformação das cidades (PARAÍBA).

c) Implemente fortes políticas fede-rais e estaduais de controle urbano, em apoio aos municípios, para evitar ocupações irregulares em locais não edificáveis.

d) Considere elementos de desenho de acessibilidade universal nos planos habitacionais de infraestrutura urbana.

Sensibilizar o poder público e a popu-lação para pensar, no presente e no futuro, o que queremos para nossas cidades, planejando cada passo, ela-borando projetos de desenvolvimen-to urbano e valorizando o patrimônio ambiental e histórico.

Participar ativamente de entidades de classe e de organizações não gover-namentais, formulando propostas e alternativas, estimulando o processo de transformação das cidades.

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ENGENHARIA PÚBLICA

3. Mobilizar as entidades de classe da engenharia para a implantação da En-genharia Pública da União (EPU), para tornar possível, entre outras atribui-ções, a assistência técnica gratuita na produção habitacional para fins sociais (RONDÔNIA).

Elaboração de convênio entre entida-des de classe para execução de ações integradas nas comunidades mais ca-rentes, tipo mutirão, onde os mora-dores receberiam orientações sobre construção, projetos arquitetônicos complementares, destinação de esgo-tos, construção de prédios coletivos e limpeza urbana (SERGIPE).

Implantação de projeto de Engenharia Pública, onde entidades e instituições de ensino se unam para promover as-sistência técnica gratuita aos mais ca-rentes, oferendo trabalhos técnicos adaptados à realidade local e às ne-cessidades das comunidades atendidas nas mais diversas áreas de engenharia (SERGIPE).

A inserção de curso de extensão na universidade pública de engenharia sustentável, destinado a comunidades carentes, baseado no tripé dos cursos universitários (ensino, pesquisa e ex-tensão), apoiado pelo MEC, sindicatos e conselhos regionais (SERGIPE).

Mobilizar as entidades de classe da engenharia para diligenciar junto ao governo federal a implantação da En-genharia Pública da União (EPU), para tornar possível, entre outras atribui-ções, a assistência técnica gratuita na produção habitacional para fins sociais.

Elaboração de convênio entre en-tidades de classe para execução de ações integradas nas comunidades mais carentes, tipo mutirão, onde os moradores receberiam orientações sobre construção, projetos arquite-tônicos complementares, destinação de esgotos, construção de prédios coletivos e limpeza urbana.

Implantação de projeto de Engenha-ria Pública, onde entidades e institui-ções de ensino se unam para promo-ver assistência técnica gratuita aos mais carentes, oferecendo trabalhos técnicos adaptados à realidade local e às necessidades das comunidades atendidas nas mais diversas áreas de engenharia.

A inserção de curso de extensão na universidade pública de engenharia sustentável, destinado a comunida-des carentes, baseado no tripé dos cursos universitários (ensino, pesqui-sa e extensão), apoiado pelo MEC, sindicatos e conselhos regionais

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1. Priorizar a melhoria das condições de vida das populações dos municípios no que diz respeito ao saneamento (trata-mento de esgoto, agua potável, drena-gem e resíduos sólidos), conscientizan-do a população sobre os impactos das obras durante a sua execução (RON-DÔNIA).

Ampliar os mecanismos de conscienti-zação ambiental, visando disseminar a cultura da importância do saneamento básico com o objetivo de participação social qualificada nos Fóruns, Conse-lhos e demais instâncias de regulação e polícia ambiental (ESPÍRITO SANTO).

Exigir das autoridades a universalização dos serviços de abastecimento de água e saneamento com controle social, considerando os seguintes aspectos:

a) qualidade dos serviços e produtos;

b) transferência e o domínio da tecno-logia;

c) desenvolvimento de cadeias de pro-dução nacional de equipamentos para atender a indústria da água;

d) estímulo à utilização de processos produtivos que maximizem o uso de água;

e) elaboração de acordos de coopera-ção técnica entre municípios;

f) qualificação de profissionais habilita-dos (engenheiros/as);

g) elaboração de planos e projetos de saneamento (abastecimento, contro-

Demandar a universalização dos ser-viços de abastecimento de água e sa-neamento básico, com controle social, considerando os seguintes aspectos:

a) qualidade dos serviços e produtos;

b) transferência e o domínio da tecno-logia;

c) desenvolvimento de cadeias de pro-dução nacional de materiais e equipa-mentos para atender a indústria da água;

d) estímulo à utilização de processos produtivos que racionalizem o uso de água;

e) incentivar a elaboração de acordos de cooperação técnica entre municí-pios;

f) qualificação de profissionais habili-tados (engenheiros/as) para a

g) elaboração de planos e projetos de saneamento (abastecimento, controle da qualidade da água, esgotamento sanitário - coleta e tratamento - e co-leta e tratamento de resíduos sólidos);

h) ampliação de mecanismos de cons-cientização ambiental, visando dis-seminar a cultura da importância do saneamento básico com o objetivo de participação social qualificada nos Fó-runs, Conselhos e demais instâncias de regulação e política ambiental;

i) adequada informação à população sobre os impactos das obras durante a sua execução.

SANEAMENTO POLÍTICA DE SANEAMENTO

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le da qualidade da água, esgotamento sanitário (coleta e tratamento) e coleta e tratamento de resíduos sólidos) (PA-RANÁ).

2. Contribuir nas políticas e estrutural-mente para a luta pela implementação da coleta seletiva nas cidades, pela es-truturação das cooperativas e usinas de reciclagem (SERGIPE).

3. Promover a divulgação da Lei 11.445/07 (que dispõem sobre a políti-ca federal de saneamento básico) (PA-RAÍBA).

4. Levar ao conhecimento da categoria a importância da participação do pro-fissional da engenharia na elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico, como instrumento de Plane-jamento da Administração Municipal (PARAÍBA).

Promover a composição de equipes técnicas especializadas, coordena-das pelo Ministério das Cidades e em parceria com instituições de ensino de engenharia, entidades de classe e conselhos profissionais, para fazer o acompanhamento do desenvolvimento e implantação de planos municipais de saneamento em pequenos municípios (PARANÁ).

Participação efetiva dos Senges/Fisen-ge na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (SERGIPE).

Contribuir nas políticas e estrutural-mente para a luta pela implementação da coleta seletiva nas cidades, pela es-truturação das cooperativas e usinas de reciclagem.

Promover a divulgação da Lei 11.445/07 (que dispõem sobre a políti-ca federal de saneamento básico).

Sensibilizar a categoria para a impor-tância da participação do profissional da engenharia na elaboração dos Pla-nos Municipais de Saneamento Básico, como instrumento de Planejamento da Administração Municipal.

Propor a composição de equipes téc-nicas especializadas, coordenadas pelo Ministério das Cidades e em par-ceria com instituições de ensino de engenharia, entidades de classe e con-selhos profissionais, para acompanhar o desenvolvimento e implantação de planos municipais de saneamento em pequenos municípios.

Promover a participação efetiva dos Senges/Fisenge na elaboração do Pla-no Municipal de Saneamento Básico.

PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DA ENGENHARIA

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Reestruturação da engenharia no setor público e elaboração do quali/quantita-tivo nas instituições municipais, estadu-ais e federais (RONDÔNIA).

FINANCIAMENTO

5. Propor a criação de um Fundo Esta-dual de Saneamento para recepcionar esses recursos e direcioná-los para as obras de saneamento, tendo em vista que se encontra em construção a de-soneração do setor de saneamento no que se refere ao PIS e Confins (RON-DÔNIA).

6. Implantação de usinas de reciclagem de resíduos da construção civil, funda-mentais para a correta destinação de entulhos e outros materiais. Implanta-ção de políticas internas de reaprovei-tamento (SERGIPE).

7. Criação de escritórios de projetos na área de Mecanismo de Desenvol-vimento Limpo (MDL). Abrir frente de trabalhados em três áreas: agricultura e pecuária; energia, petróleo e gás; e turismo sustentável. (SERGIPE).

Propor aos governos federal, estadu-ais e municipais a reestruturação do quadro de engenheiros do setor públi-co nos aspectos qualitativo e quanti-tativo.

Tendo em vista que se encontra em construção a desoneração do setor de saneamento no que se refere ao PIS e Confins, propomos a criação de um Fundo Estadual de Saneamento para recepcionar recursos e direcioná-los para as obras de saneamento.

Demandar a implantação de usinas de reciclagem de resíduos da construção civil e implantação de políticas inter-nas de reaproveitamento

Propor a criação de escritórios de pro-jetos na área de Mecanismo de Desen-volvimento Limpo (MDL). Abrir frente de trabalhados em três áreas: agricul-tura e pecuária; energia, petróleo e gás; e turismo sustentável.

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SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 1O PAPEL DO ESTADO BRASILEIRO NO DESENVOLVIMENTO NACIONAL

SUBTEMA 3INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE, MOBILIDADE URBANA E TELECOMUNICAÇÕES

SINDICATOSBAHIA, MINAS GERAIS E VOLTA REDONDA

CONTRIBUIÇÕES: Paraná e Sergipe

PROPOSTAS ORIGINAIS

INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE

1. Defender o controle estatal da ges-tão e da produção da infraestrutura dos sistemas de transporte rodoviário, fer-roviário, aéreo, marítimo, aquaviário e de cabotagem visando o interesse pú-blico, o desenvolvimento do país, a re-dução das desigualdades regionais e a justiça social. Subsidiariamente, nos ca-sos em que houver concessão à inicia-tiva privada, exigir sistemas de gestão que estabeleçam mecanismos claros de controle social das obrigações das concessionárias e do equilíbrio econô-mico dos contratos (PARANÁ).

2. A matriz de transporte deve inter-ligar o Brasil e a América Latina, com sinergia entre os eixos rodoviário, fer-roviário, aquaviário e de cabotagem, reduzindo assim, os custos do trans-porte de carga. Isso facilitará o escoa-

TEXTO SUGERIDO

PAPEL DO ESTADODefender o controle estatal da gestão e da produção da infraestrutura dos sistemas de transporte rodoviário, fer-roviário, aéreo, marítimo, aquaviário e de cabotagem.

Subsidiariamente, nos casos em que houver concessão à iniciativa priva-da, propor sistemas de gestão que estabeleçam mecanismos claros de controle social das obrigações das concessionárias e do equilíbrio econô-mico dos contratos.

MATRIZ DE TRANSPORTES

Propor que a matriz de transporte interligue o Brasil e a América Latina, com sinergia entre os eixos rodoviá-rio, ferroviário, aquaviário e de cabo-

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mento de insumos, produtos agrícolas e industriais, reduzindo o custo final (RIO DE JANEIRO).

As principais capitais do país devem estar interligadas por uma malha fer-roviária destinada ao transporte de pessoas, equilibrando, assim, a den-sidade populacional entre as diversas regiões do país (RIO DE JANEIRO).

3. A política pública de infraestrutura de transporte e logística do país deve ser pensada por equipes multidiscipli-nares (RIO DE JANEIRO).

1. Propor que a administração pública retome e estruture os setores de pla-nejamento, gestão e políticas públicas, promovendo o debate sobre as alter-nativas de mobilidade urbana, as novas concepções de planejamento urbano associado ao objetivo de recuperar o espaço e o serviço público e favoreça a cooperação e a solidariedade (PA-RANÁ).

Exigir do executivo municipal a cria-ção de núcleo, órgão ou secretaria de transporte para a atuação da en-genharia de maneira permanente na gestão do crescimento dos vetores de desenvolvimento urbano e suas im-plicações sobre o transporte urbano (MINAS GERAIS).

2. A FISENGE deverá recomendar aos governos Estadual e Federal a criação de regras nas quais os recursos dos programas de desenvolvimento ur-

tagem, reduzindo assim, os custos do transporte de carga.

Propor que as principais capitais do país sejam interligadas por uma malha ferroviária destinada ao transporte de pessoas, equilibrando, assim, a densi-dade populacional entre as diversas regiões do país.

Defender que a política pública de in-fraestrutura de transporte e logística do país seja pensada por equipes mul-tidisciplinares.

Propor que a administração pública retome e estruture os setores de pla-nejamento, gestão e políticas públi-cas, promovendo o debate sobre as alternativas de mobilidade urbana e as novas concepções de planejamento urbano, buscando recuperar o espaço e o serviço público, favorecendo a co-operação e a solidariedade.

Propor a criação de núcleo, órgão ou secretaria municipal de transporte para a atuação permanente da engenharia na gestão do crescimento dos vetores de desenvolvimento urbano e suas im-plicações sobre o transporte urbano.

Recomendar aos governos Estadual e Federal a criação de regras para que os recursos dos programas de de-senvolvimento urbano só possam ser

MOBILIDADE URBANA PLANEJAMENTO E GESTÃO

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bano só possam ser acessados pelos municípios com a comprovação da existência de equipe técnica que par-ticipe da elaboração e fiscalização dos Planos Diretores, Plano de Saneamen-to Ambiental/ Básico (BAHIA).

3. Fomentar ações de conscientização das boas práticas de mobilidade urba-na e transporte público através de:

a) políticas de incentivo ao uso do transporte público;

b) criação de núcleos dentro dos SENGES e da FISENGE para apoio e capacitação dos profissionais da en-genharia para auxiliar os municípios na implantação dos planos de mobilidade urbana; (VER ITEM 4)

c) campanhas de divulgação (revistas, cartilhas, palestras, jornal, rádio e te-levisão);

d) incentivar ações para transporte al-ternativo;

e) política de redução do número de veículos em circulação a partir de co-branças de pedágios, rodízios, dentre outros (MINAS GERAIS).

f) Implantar campanhas de uso de transportes de massa, utilizando tec-nologia adequada à demanda e à situa-ção urbana local (VOLTA REDONDA).

g) A FISENGE deverá recomendar a adoção de horários diferenciados para funcionamento de órgãos públicos e

acessados por municípios que com-provem a existência de equipe técnica que participe da elaboração e fiscali-zação do Plano Diretor e do Plano de Saneamento Ambiental/ Básico.

Fomentar e divulgar boas práticas de mobilidade urbana e transporte públi-co através de:

a) adoção de políticas de incentivo ao uso do transporte público;

b) realização de campanhas de divul-gação (revistas, cartilhas, palestras, jornal, rádio e televisão);

c) incentivo à utilização do transporte não motorizado;

d) adoção de política de redução do número de veículos em circulação a partir de cobranças de pedágios, rodí-zios, dentre outros; e) defesa de um modelo de mobilida-de urbana com uso de transporte de massa, utilizando tecnologia adequada à demanda e à situação local;

f) recomendação à adoção de horá-rios diferenciados para funcionamen-to de órgãos públicos e entidades pri-vadas com a finalidade de melhorias na fluidez do tráfego.

PRÁTICAS PARA A MELHORIA DA MOBILIDADE

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entidades privadas com a finalidade de melhorias na fluidez do tráfego (BAHIA).

PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA

4. Incentivar a formação de profissio-nais em mobilidade urbana e políticas públicas (VOLTA REDONDA).

Fomentar a participação dos enge-nheiros através de seus sindicatos, em conselhos de mobilidade urbana, municipais, estaduais e federais, bem como propor a implementação do sistema nacional do desenvolvimento urbano (VOLTA REDONDA).

b) criação de núcleos dentro dos SENGES e da FISENGE para apoio e capacitação dos profissionais da en-genharia para auxiliar os municípios na implantação dos planos de mobilidade urbana;

Tornar obrigatória a presença de pro-fissionais de engenharia no quadro funcional dos municípios - na área de infraestrutura de transporte e mobili-dade urbana - seja na elaboração, na execução e/ou na fiscalização de pro-jetos (MINAS GERAIS).

5. A FISENGE deverá recomendar aos governos a revisão das normas técni-cas relativas à capacidade de passagei-ros em pé nos ônibus (NBR – 15570) e verificação das dimensões dos ônibus existentes (BAHIA).

Fomentar a formação dos engenhei-ros em mobilidade urbana e políticas públicas, bem como sua participação, através de seus sindicatos, em conse-lhos de mobilidade urbana, municipais, estaduais e federais.

Criar núcleos nos SENGES e na FI-SENGE para apoio e capacitação dos profissionais da engenharia para im-plantação dos planos de mobilidade urbana nos municípios.

Defender a obrigatoriedade da pre-sença de profissionais de engenharia no quadro funcional dos municípios - na área de infraestrutura de trans-porte e mobilidade urbana - seja na elaboração, na execução e/ou na fis-calização de projetos.

Propor a implementação do sistema nacional do desenvolvimento urbano.

Recomendar aos governos a revisão das normas técnicas relativas à capa-cidade de passageiros em pé nos ôni-bus (NBR – 15570) e verificação das dimensões dos ônibus existentes.

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6. Recomendar a criação de ouvidoria específica de mobilidade urbana para que o poder público dê respostas mais consequentes aos questionamentos e anseios da população (VOLTA RE-DONDA).

TELECOMUNICAÇÕES

1. Fazer uma auditoria da infraestru-tura do patrimônio que pertencia ao Estado brasileiro, pelas operadoras es-taduais de economia mista de teleco-municações, hoje sob o controle das empresas de telefonia privada, visando reativar o Sistema Telebrás como em-presa pública e nacional, dedicando-se exclusivamente à implantação, amplia-ção e manutenção de um SISTEMA NACIONAL DE TELECOMUNICA-ÇÕES, atuando como empresa de en-genharia com o objetivo de oferecer serviços básicos de telefonia e banda larga para todos os cidadãos brasilei-ros, com qualidade, confiabilidade e modicidade (PARANÁ).

2. Atualizar e finalizar o sistema de fi-bra ótica instalado no Brasil de modo a universalizar o acesso de maneira eficaz, principalmente da banda larga (MINAS GERAIS).

3. A FISENGE deve liderar uma mo-bilização para a implantação de uma indústria nacional de circuitos integra-dos para que o país crie independência tecnológica na área (MINAS GERAIS).

4. A ineficiência na prestação dos ser-viços de telecomunicações deve ser

Recomendar aos governos municipais a criação de ouvidoria específica de mobilidade urbana para que o poder público dê respostas mais consequen-tes aos questionamentos e anseios da população.

Propor a realização de uma auditoria do patrimônio das empresas estadu-ais operadoras de telecomunicação, outrora pertencentes ao Estado brasi-leiro e hoje sob controle das empresas privadas. Essa ação tem o objetivo de reativar o sistema Telebrás para ofe-recer serviços básicos de telefonia e banda larga aos cidadãos brasileiros, com qualidade, confiabilidade e mo-dicidade.

Propor a atualização e finalização do sistema de fibra ótica instalado no Brasil de modo a universalizar o aces-so de maneira eficaz, principalmente à banda larga.

Realizar uma campanha de mobiliza-ção para a implantação de indústria nacional de circuitos integrados de forma a tornar o país tecnologicamen-te independente nesta área.

Propor o enfrentamento da ineficiên-cia na prestação dos serviços de tele-

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enfrentada a partir da: provisão de recursos para a criação de fiscalização mais eficiente; revisão dos indicativos de eficiência presentes na legislação vigente e atualização da mesma (MI-NAS GERAIS).

5. Erradicação de redes celular rurais em ambientes urbanos. Proibir o uso de faixas de frequência UHF para fins de comunicação celular em ambientes urbanos (SERGIPE).

6. Incentivar o desenvolvimento, o uso e a implantação ou ampliação das re-des metropolitanas (SERGIPE).

comunicações através da: provisão de recursos para uma fiscalização mais eficiente; e revisão / atualização da legislação vigente e dos indicativos de eficiência nela previstos.

Propor a erradicação de redes celular rurais em ambientes urbanos e a proi-bição do uso de faixas de frequência UHF para fins de comunicação celular em ambientes urbanos.

Incentivar o desenvolvimento, o uso e a implantação / ampliação das redes metropolitanas.

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PROPOSTAS ORIGINAIS

POLÍTICA AGRÍCOLA

MODELO AGRÍCOLA E AGRÁRIO

1. Propomos uma mudança radical no modelo agrícola e agrário do país, com prioridade para a produção de alimentos estratégicos para seguran-ça alimentar e nutricional da nação, por meio do desenvolvimento de uma política agrícola que contemple a to-talidade do setor:

a) pesquisa e tecnologia, assistência técnica e extensão rural efetiva;

b) formação qualificada (priorizando o modelo das casas familiares rurais);

c) associativismo e cooperativismo;

d) crédito rural,

e) infraestrutura de transporte e ar-mazenagem;

TEXTO SUGERIDO

Propor uma mudança radical no mo-delo agrícola e agrário do país a partir das seguintes diretrizes:

a) priorização da produção de alimen-tos estratégicos para segurança ali-mentar e nutricional da nação;

b) formação qualificada (priorizando o modelo das casas familiares rurais);

c) apoio e incentivo ao associativismo e cooperativismo;

d) incentivo ao crédito rural;

e) incentivo à ampliação da infraestru-tura de transporte e armazenagem;

f) promoção da sustentabilidade so-cioambiental e energética para as/os

SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 1O PAPEL DO ESTADO BRASILEIRO NO DESENVOLVIMENTO NACIONAL

SUBTEMA 4POLÍTICA AGRÍCOLA E AGRÁRIA SUSTENTÁVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO

SINDICATOSPARANÁ, RIO GRANDE DO NORTE E SANTA CATARINA

CONTRIBUIÇÕES: Sergipe

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f) sustentabilidade socioambiental e energética, para as/os agricultoras/es familiares e suas organizações sob a gestão do Estado (PARANÁ).

Ampliação da política nacional de extensão rural integrando a política nacional de ATER (ANATER) com as empresas de pesquisa agropecuária (EMBRAPA, Empresas Estaduais de Pesquisa e universidades) como fator fundamental de desenvolvimento sus-tentável do meio rural e por conse-quência da sociedade brasileira (RIO GRANDE DO NORTE).

Instituição de políticas que garantam para as instituições estaduais oficiais de pesquisa agropecuária, extensão rural e defesa agropecuária, recursos para custeio e investimento visando o desenvolvimento de seus projetos, desde que estas garantam serviços de pesquisa e assistência técnica e exten-são rural gratuito à agricultura familiar para garantir a segurança alimentar (SANTA CATARINA).

Incentivo à cooperação agrícola fami-liar para agricultura sustentável e de-senvolvimento rural (SERGIPE).

2. Ampliar a representatividade políti-ca da agricultura familiar para fortale-cer as políticas públicas para o setor (a exemplo dos mercados institucionais, PRONAF entre outros) e proteção so-cial aos trabalhadores do campo (PA-RANÁ).

agricultoras/es familiares e suas orga-nizações sob a gestão do Estado;

g) ampliação / efetivação da política de pesquisa e tecnologia, assistência técnica, extensão rural e defesa sani-tária agropecuária:

h. integrando a política nacional de ATER (ANATER) com as empresas de pesquisa agropecuária (EMBRAPA, Empresas Estaduais de Pesquisa e uni-versidades); e

i. garantindo às instituições estadu-ais oficiais os recursos para custeio e investimento visando o desenvol-vimento de seus projetos, desde que prestem serviços de defesa sanitária agropecuária, pesquisa, assistência técnica e extensão rural gratuito à agricultura familiar;

Apoiar a ampliação da representati-vidade política da agricultura familiar visando fortalecer as políticas públicas para o setor (a exemplo dos mercados institucionais, PRONAF entre outros) e a proteção social aos trabalhadores do campo.

AGRICULTURA FAMILIAR E INSTITUCIONALIDADE

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3. Aperfeiçoar as legislações atuais, diferenciar a agroindústria familiar da agroindústria empresarial; integrar a industrialização da produção da agri-cultura familiar como parte da cadeia de agregação de valor e de geração de renda com apoio tecnológico e linhas de crédito, tanto individual como as associações e cooperativas (PARANÁ)

Fazer campanha para aprovação de marco regulatório para os sistemas de integração agropecuária das cadeias produtivas em que a mão-de-obra seja predominantemente familiar por legis-lação específica, bem como, revisar a legislação previdenciária do produtor rural contribuinte, instituindo equiva-lência ao valor das remunerações de acordo com as contribuições descon-tadas visando proteção social aos agri-cultores (SANTA CATARINA).

MORADIA RURAL

4. Melhorar/ampliar política pública de moradia rural com inserção de maior abrangência para todos os agriculto-res nos moldes do Programa Minha Casa Minha Vida, bem como, facilitar as condições de acesso ao crédito fundiário e rural aos jovens. Por exem-plo: indica-se a aprovação do proje-to de Lei 6459/13 com os textos das emendas indicados e sugeridos pelas instituições representativas dos mes-mos que se encontram em tramite na Câmara Federal no corrente ano e para ficar mais claro que nesse siste-ma onde o produtor familiar além de disponibilizar a sua propriedade, inves-timentos, regularidade de entrega de produtos, exclusividade e mão de obra sem encargos sociais tenha a condi-

Aperfeiçoar as legislações atuais, di-ferenciar a agroindústria familiar da agroindústria empresarial; integrar a industrialização da produção da agri-cultura familiar como parte da cadeia de agregação de valor e de geração de renda com apoio tecnológico e linhas de crédito, tanto individual como as associações e cooperativas

Fazer campanha para a aprovação do marco regulatório para os sistemas de integração agropecuária das cadeias produtivas em que a mão-de-obra seja, predominantemente, familiar.

Propor a melhoria/ampliação da polí-tica pública de moradia rural, nos mol-des do Programa Minha Casa Minha Vida, visando abranger todos os agri-cultores.

Demandar a melhoria / facilitação das condições de acesso ao crédito fundi-ário e rural por parte dos jovens.

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ção de garantia de preço mínimo ao qual denominação de custo de produ-ção (SANTA CATARINA).

TRIBUTAÇÃO

5. Reforma tributária sobre a produ-ção agrícola e a destinação de percen-tual dos tributos para financiar a pes-quisa e extensão rural (RIO GRANDE DO NORTE).

POLÍTICA AGRÁRIA

1. Revisão do marco legal e reforma do sistema judiciário para fazer a reforma agrária avançar (PARANÁ).

2. Estabelecimento de políticas que contribuam para promover a sucessão da agricultura familiar (PARANÁ).

3. Revisão dos índices e critérios de produtividade para fins de ampliar as áreas com a finalidade de desapropria-ção (PARANÁ).

Ampliar a reformar agrária atualizando os índices produtividade das proprie-dades agrícolas em função das novas tecnologias adotadas na agricultura (RIO GRANDE DO NORTE).

4. Criar política pública para aquisição de terras específicas para os profissio-nais de ciências agrárias (RIO GRAN-DE DO NORTE).

Fazer campanha a favor de reforma tributária sobre a produção agrícola e da destinação de percentual dos tribu-tos para financiar a pesquisa e exten-são rural.

Fazer campanha para a revisão do marco legal e pela reforma do sistema judiciário visando o avanço da reforma agrária.

Fazer campanha para a adoção de políticas públicas que promovam a su-cessão da agricultura familiar.

Propor a revisão dos índices e crité-rios de produtividade das proprieda-des agrícolas, considerando as novas tecnologias adotadas na agricultura, visando ampliar as áreas com a finali-dade de desapropriação para a refor-ma agrária.

Fazer campanha para a implementa-ção de política pública para aquisição de terras específicas para os profissio-nais de ciências agrárias.

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PROPOSTAS ORIGINAIS

1. Levantar o debate sobre o salário mínimo profissional (PERNAMBUCO).

2. Elaborar, aprovar e registrar no CREA as tabelas de honorários míni-mos profissionais de custos de servi-ços de engenharia (RONDÔNIA).

3. Estudar e discutir propostas para sustentação financeira do sindicato sem imposto sindical (PERNAMBU-CO).

4. Participação da campanha do Ple-biscito Nacional pela Convocação de assembleia constituinte exclusiva so-bre a Reforma Política. (BAHIA)

5. Reestruturação do Ministério do Trabalho e Emprego com a realização

TEXTO SUGERIDO

Promover o debate sobre o salário mí-nimo profissional.

Elaborar, aprovar e registrar no CREA as tabelas de honorários mínimos pro-fissionais de custos de serviços de en-genharia.

Estudar e debater propostas para sustentação financeira dos sindicatos para eliminar a dependência do impos-to sindical.

Participar na campanha do Plebiscito Nacional pela Convocação de Assem-bleia Constituinte exclusiva sobre a Reforma Política.

Demandar junto ao Governo Federal a recomposição dos quadros do Minis-

SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 2O PAPEL DO MOVIMENTO SINDICAL FRENTE ÀS MOBILIZAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO

SUBTEMA 1POLÍTICA SINDICAL E SUAS INTERFACES

SINDICATOSPARAÍBA (não fez nenhuma proposta), PERNAMBUCO E RONDÔNIA

CONTRIBUIÇÕES: Rio Grande do Norte, Bahia, Paraná, Sergipe

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de concursos públicos para pessoal administrativo e auditores ficais para recompor os quadros que necessita mais de 5 mil auditores com a desti-nação de vagas especificas para en-genheiros de segurança do trabalho e na área de medicina do trabalho (RIO GRANDE DO NORTE).

6. Exigir que em órgãos públicos e em-presas privadas tenham equipes técni-cas de engenharia responsáveis pelas respectivas áreas (RONDÔNIA).

7. Debater, recomendar, fomentar e incentivar no âmbito dos sindicatos da FISENGE, a criação de ferramentas semelhantes à experiência da Plata-forma Operária de Energia e Petróleo, promovendo uma relação de modo mais orgânico entre o campo sindical e os movimentos sociais, com dois ei-xos centrais, o debate e as ações nas questões de setores estratégicos na-cional, com outro eixo na integração América Latina, a unidade dos povos, dos trabalhadores e trabalhadoras da América do sul, América Central, Cari-be e México, semelhante à experiência do Foro Latino Americano y Caribeño de Energia, Petroleo e Mineria, do qual a FISENGE já faz parte (PARANÁ).

8. Pleitear junto ao MTE assento da FISENGE na Comissão da NR- 12. NR-12, reeditada em dezembro de 2010, criou exigências de confecção de manuais e manutenção de máquinas e equipamentos, o que somente é pos-sível pela engenharia mecânica, indus-trial e de segurança do trabalho. Que

tério do Trabalho e Emprego (pesso-al administrativo e auditores fiscais), através da realização de concursos públicos.

Fazer gestões para assegurar que as atividades próprias da engenharia, no setor público ou no setor privado, te-nham como responsáveis equipes téc-nicas de engenharia.

Debater, recomendar e incentivar, no âmbito dos Sindicatos da FISENGE, a criação de ferramentas semelhantes à da Plataforma Operária de Energia e Petróleo, promovendo uma relação mais orgânica entre o campo sindical e os demais movimentos sociais.

Pleitear junto ao Ministério do Tra-balho e Emprego participação da FI-SENGE na Comissão da NR- 12 (que criou exigências de confecção de manuais e manutenção de máquinas e equipamentos pela engenharia me-cânica, industrial e de segurança do trabalho).

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a FISENGE envide esforços para com-por a CTPP da NR 12 como integrante da Confederação de Trabalhadores. Enviar requerimento ao MTE e através de audiência com o Ministro, a fim de garantir a participação da FISENGE na CTPP da NR 12. Situação atual - A adequação de máquinas e equipamen-tos está sendo feita por trabalhadores qualificados com a participação da engenharia na orientação, supervisão e autorização de funcionamento, com registro de grande número de aciden-tes que aumentam de maneira leve, grave e fatal (SERGIPE).

9. Promover linhas de crédito para aquisição de tecnologia e capital de giro para incentivar a prestação de serviços por engenheiros autônomos (RONDÔNIA).

10. Projeto Pensar o Brasil (apresentar na plenária final para encaminhar aos candidatos) (SERGIPE).

Propor ao Governo Federal a abertu-ra de linhas de crédito para aquisição de tecnologia e para capital de giro de forma a incentivar a prestação de serviços por engenheiros autônomos.

Encaminhar o Projeto Pensar o Brasil aos candidatos a Presidente.

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PROPOSTAS ORIGINAIS

1. Estimular ambiente favorável, espe-cialmente à inclusão de jovens, mulhe-res, raças, etnias e imigrantes na vida sindical, tendo como princípios:

a) formação consistente e progressi-va, que através da práxis em diversas áreas (comunicação, liderança, gestão de projetos, organização) promova a formação política e cidadã (PARANÁ);

b) metodologia participativa que esti-mule a intervenção e integração entre gerações e gêneros, modificando a dinâmica das atividades sindicais (pa-lestras, eventos, cursos, reuniões) de modo a aproveitar e envolver ao má-ximo a contribuição dos participantes (PARANÁ);

d) atuação aproximada das entidades estudantis, de bairros, de movimentos sociais, a fim de promover melhor in-tercâmbio sindical com a comunidade (PARANÁ).

TEXTO SUGERIDO

Estimular ambiente favorável, espe-cialmente à inclusão de jovens, mu-lheres, raças, etnias e imigrantes na vida sindical, tendo como princípios: a) formação consistente e progressiva, que através da práxis em diversas áre-as (comunicação, liderança, gestão de projetos, organização) promova a for-mação política e cidadã; b) metodolo-gia participativa que estimule a inter-venção e integração entre gerações e gêneros; e c) atuação aproximada das entidades estudantis, de bairros, de movimentos sociais, a fim de promo-ver melhor intercâmbio sindical com a comunidade.

SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 2O PAPEL DO MOVIMENTO SINDICAL FRENTE ÀS MOBILIZAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO

SUBTEMA 2PROJETOS DE INCLUSÃO SINDICAL E FORMAÇÃO POLÍTICA

SINDICATOSPARANÁ, RIO DE JANEIRO E SERGIPE (não fez proposta)

CONTRIBUIÇÕES: Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina

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2. Implementar uma política perma-nente (de debates) sobre temas re-levantes para a sociedade (debates, seminários, oficinas, filmes, campa-nhas, etc.) com métodos adequados de comunicação (meio e forma), en-volvendo movimentos sociais e outros setores da sociedade, em especial os representativos das minorias. Uma forma de implantar essa política seria a criação de material didático orienta-tivo com Projetos de inclusão sindical e formação política distribuídos pelo Brasil para os cursos de engenharia (PARANÁ).

Fomentar um processo de formação em todo país com a instituição de uma Escola de Formação patrocinada pela FISENGE/SENGE, objetivando mudar o paradigma e criar consciência (PA-RANÁ).

A FISENGE, em parceria com seus sindicatos filiados, deve criar um pro-grama de formação política e sindical permanente - realidade brasileira, his-tória dos movimentos de trabalhado-res e sindicatos, história, geografia e políticas públicas - para os sindicatos, com vistas a formar novos dirigentes, publicando o material produzido com o objetivo de ampliar a sua difusão (RIO DE JANEIRO).

Promover cursos de formação que visem analisar a conjuntura do mun-do do trabalho e suas transformações (RIO DE JANEIRO).

A FISENGE e seus sindicatos devem estimular a criação de uma política de capacitação continuada de formação sindical destinada a dirigentes e, princi-palmente, à base (SANTA CATARINA).

Criar, em parceria com seus sindicatos filiados, um programa de formação política e sindical permanente com vistas a formar novos dirigentes. Tal programa deve:

- abranger temas relevantes para so-ciedade brasileira, como história dos movimentos de trabalhadores e sin-dicatos, história, geografia, políticas públicas, conjuntura do mundo do tra-balho e suas transformações;

- utilizar métodos adequados de co-municação (meio e forma);

- produzir e distribuir / divulgar mate-rial didático e orientativo;

- envolver, além dos dirigentes sindi-cais, os trabalhadores da base, os es-tudantes de engenharia e movimentos sociais.

Instituir uma Escola de Formação pa-trocinada pela FISENGE/SENGES.

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Organizar uma agenda de contato com entidades de alunos, professores e profissionais nas universidades com o objetivo de discutir a política sindi-cal; projetos de inclusão sindical e for-mação política (RIO DE JANEIRO).

Fomentar uma política de renovação dos quadros dos sindicatos, apoiando a formação política dos estudantes de engenharia através de suas entidades estudantis, a exemplo da OAB com as entidades de base de direito (VOLTA REDONDA).

3. Institucionalização e apoio à inclu-são sindical, através do reconheci-mento e fortalecimento dos Coletivos de Mulheres e da criação do Coletivo da Juventude, inserindo desde a par-ticipação destes atores no dia a dia de reuniões e instâncias deliberativas, como nos estatutos e regimentos dos sindicatos (PARANÁ); *

A FISENGE deverá incentivar a cria-ção de Coletivos de Mulheres e SEN-GE Jovem nos sindicatos filiados e o fortalecimento das já existentes (ES-PIRITO SANTO) *.

Realizar ações visando à participação e formação dos futuros(as) engenhei-ros(as) na vida sindical, dando ênfase a participação efetiva das mulheres e a criação de uma diretoria nacional de estudantes. Apoio a criação do SEN-GE ESTUDANTE (BAHIA).

Apoiar a criação e fortalecimento dos Coletivos de Mulheres e da Juventude, promovendo a participação efetiva destes segmentos nas instâncias deli-berativas bem como sua inserção nos estatutos e regimentos dos sindicatos.

Criar uma diretoria nacional de estu-dantes.

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4. Realizar ações visando abrir espaço para participação efetiva dos jovens e futuros profissionais na vida sindical dos Senges e Fisenge. Criar Senges Jovens em todos os sindicatos e na Fi-senge. (SERGIPE)

5. A Fisenge colocaria no calendário anual dos sindicatos filiados a obriga-toriedade da realização anual de con-gressos de formação sindical e forma-ção (SERGIPE)

6. Renomear o Coletivo de Mulheres para Coletivo de Formação Política e Sindical, mantendo neste primeiro ano o orçamento e número de eventos previstos para 2014. Os integrantes do coletivo passariam a não ter restrição de raça, de credo ou de opção sexual. O Coletivo continuaria subordinado à Diretoria da Mulher (SERGIPE) *

9. A sobrevivência do sindicato está na criação das escolas de formação sindi-cal, para formação de novas lideranças (PERNAMBUCO).

FISENGE e seus sindicatos devem es-timular a criação de uma política de capacitação continuada de formação sindical destinada a dirigentes e, princi-palmente, à base (SANTA CATARINA).

Capacitação dos diretores/delegados sindicais do SENGE/FISENGE com formação sindical vinculados a uma formação política mais abrangente (BAHIA).

Realizar ações visando abrir espaço para participação efetiva dos jovens e futuros profissionais na vida sindical dos Senges e Fisenge. Criar Senges Jovens em todos os sindicatos e na Fi-senge. (SERGIPE)

A Fisenge deve inserir em seu calen-dário anual dos sindicatos filiados a obrigatoriedade da realização anual de seminários/encontros de formação sindical e formação (SERGIPE)

Renomear o Coletivo de Mulheres para Coletivo de Formação Política e Sindical, mantendo neste primeiro ano o orçamento e número de eventos previstos para 2014. Os integrantes do coletivo passariam a não ter restrição de raça, de credo ou de opção sexual. O Coletivo continuaria subordinado à Diretoria da Mulher (SERGIPE) *

Desenvolver, em parceria com os Sin-dicatos, uma política de capacitação continuada destinada a dirigentes e, principalmente, à base, proporcionan-do uma formação política mais abran-gente.

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PROPOSTAS ORIGINAIS

1. A FISENGE deve promover e incen-tivar cursos de formação de negocia-ção coletiva, bem como ajudar a criar, estruturar e profissionalizar os depar-tamentos de negociação da FISENGE e dos sindicatos (MINAS GERAIS).

Criar um Coletivo de Negociação da FISENGE, com a participação da sua Diretoria de Negociação e de repre-sentantes de cada SENGE filiado, com a função de organizar toda a base de negociações que envolve, nacional-mente, a Federação e, regionalmente, seus Sindicatos, com os seguinte obje-tivo: catalogação de todos os proces-sos negociais nos quais cada entidade toma parte. (PARANÁ).

2. Favorecer por meio das articulações com o movimento sindical, a partici-pação dos sindicatos de engenheiros e da FISENGE, nas negociações nacio-nais, regionais e setoriais, observando

TEXTO SUGERIDO

Contribuir na criação, estruturação e profissionalização de um Coletivo de Negociação (Departamento de Ne-gociação) com a participação da Dire-toria de Negociação da FISENGE e de representantes de cada SENGE filia-do, com a função de organizar a base de negociações, catalogando todos os processos negociais nos quais cada entidade participa.

Formação: Promover e incentivar a realização de cursos de formação em negociação coletiva.

Favorecer, por meio de articulações com o movimento sindical, a partici-pação dos sindicatos de engenheiros e da FISENGE nas negociações na-cionais, regionais e setoriais, buscan-

SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 2O PAPEL DO MOVIMENTO SINDICAL FRENTE ÀS MOBILIZAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO

SUBTEMA 3AMBIENTE DE NEGOCIAÇÃO: REALIDADE E PERSPECTIVAS

SINDICATOSMINAS GERAIS E VOLTA REDONDA

CONTRIBUIÇÕES: Bahia, Paraná, Santa Catarina

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a obrigatoriedade do salário profissio-nal e de clausulas de gênero e assédio moral nos acordos coletivos (BAHIA).

Busca pelo reconhecimento formal da FISENGE e dos SENGEs como nego-ciadores em todos os setores em que estejamos inseridos e, consequente-mente, a atuação nessas negociações (PARANÁ).

3. Atuar para a regulamentação do direito de negociação e de greve dos trabalhadores do setor público e apri-morar a regulamentação do direito de negociação e de greve dos traba-lhadores do setor e privado (SANTA CATARINA).

Lutar pelo direito à data base no setor público (MINAS GERAIS).

4. Regulamentar e fiscalizar a obri-gatoriedade do uso da formação do profissional independente do cargo ocupado, por exemplo: analista de sis-tema – engenheiro eletrônico (VOLTA REDONDA).

5. Criar uma linha direta para a denún-cia de assédio moral nas empresas e local de trabalho (preconceito, uso e abuso indevido de poder, etc.) (VOLTA REDONDA).

6. A FISENGE e seus sindicatos filiados devem ter sempre a valorização pro-fissional como elemento de orienta-ção na elaboração de suas propostas de pauta de negociação com o setor patronal (MINAS GERAIS).

do seu reconhecimento formal como negociadores, observando a obriga-toriedade do salário profissional e de clausulas de gênero e assédio moral nos acordos coletivos.

Atuar para a regulamentação do di-reito de negociação e de greve dos trabalhadores do setor público e para aprimorar a regulamentação do direito de negociação e de greve dos traba-lhadores do setor privado.

Cobrar às autoridades competentes a regulamentação e a fiscalização da obri-gatoriedade da contratação e registro do profissional como engenheiro, inde-pendentemente do cargo ou da nomen-clatura utilizada pelo empregador.

Estimular nos sindicatos a criação de um serviço de recebimento de denún-cias de assédio moral nos locais de trabalho (preconceito, abuso de poder etc).

A FISENGE e seus sindicatos filiados devem ter sempre a valorização pro-fissional como elemento de orienta-ção na elaboração de suas propostas de pauta de negociação com o setor patronal.

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7. Incentivar a participação dos estu-dantes dentro do ambiente profis-sional. Incentivar o convênio entre a escola de engenharia e empresas. (SERGIPE)

Incentivar a participação dos estudan-tes dentro do ambiente profissional. Estimular o convênio entre a escola de engenharia e empresas.

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MINORIAS E PRINCÍPIOS PARA A POLÍTICA EDUCACIONAL

PROPOSTAS ORIGINAIS

1. Assegurar e investir os recursos ne-cessários, oriundos de fundos especí-ficos para a educação, visando à am-pliação da oferta do ensino médio e na melhoria da qualidade do ensino básico e médio, especificamente nas discipli-nas de matemática, ciências (física, quí-mica e tecnologia) e língua portuguesa (ESPÍRITO SANTO).

Investir no ensino fundamental e médio, reforçando as disciplinas de matemática e ciências. A preocupação não deve ser só o vestibular, mas sim fazer aflorar a questão vocacional. Buscar formas de incentivar os estudantes para os cursos de engenharia (SANTA CATARINA)

2. Tolerância no ambiente profissional de Engenharia: políticas educacionais para combate às intolerâncias étnicas,

TEXTO SUGERIDO

EDUCAÇÃO BÁSICADemandar que seja realizado o inves-timento dos recursos necessários, oriundos de fundos específicos para a educação, visando à ampliação da oferta e a melhoria da qualidade do ensino fundamental e médio, especifi-camente nas disciplinas de matemáti-ca, ciências (física, química e tecnolo-gia) e língua portuguesa.

Buscar formas de incentivar os estu-dantes a optarem pelos cursos de en-genharia.

Demandar a implantação de políticas educacionais que busquem o respeito às diferenças e o combate às intole-

SISTEMATIZAÇÃO DAS PROPOSTASTEMA 2O PAPEL DO MOVIMENTO SINDICAL FRENTE ÀS MOBILIZAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO

SUBTEMA 4FORMAÇÃO PROFISSIONAL

SINDICATOSBAHIA, ESPÍRITO SANTO E SANTA CATARINA

CONTRIBUIÇÕES: Minas Gerais, Paraná,Rio Grande do Norte e Sergipe

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de gênero, religiosa, orientação sexual e capacidade física. Ação coordenada para ampliação da tolerância no ensi-no e formação profissional através da ampliação do respeito às diferenças e redução das opressões.

a) Instituição de cotas de 50% para mulheres no acesso aos cursos supe-riores da área de ciência e tecnologia.

b) Implantação de núcleo de apoio às minorias oprimidas nas escolas e fa-culdades de engenharia: negros, indí-genas, LGBT, PNE.

c) Moção do CONSENGE e campanha da FISENGE para que os cursos de En-genharia cumpram com a legislações e regulamentações que tratam do ensi-no das relações étnico-sociais, história da cultura afro-brasileira e indígena, do ensino de libras e lei de acessibili-dade (BAHIA).

CURSOS DE ENGENHARIA

3. Introduzir os itens abaixo dentre os componentes centrais na estrutura-ção dos cursos de engenharia, visando estimular uma maior integração entre a universidade, centros de pesquisa e o setor produtivo nacional:

a) Interdisciplinaridade (filosofia, so-ciologia, psicologia, recursos humanos entre outros);

b) Integração à pesquisa e a inovação tecnológica;

c) Utilização da tecnologia como ins-trumento relevante no ensino apren-dizagem.

râncias étnicas, de gênero, religiosa, de orientação sexual e capacidade fí-sica através de:

a) Instituição de cotas de 50% para acesso de mulheres aos cursos supe-riores da área de ciência e tecnologia.

b) Implantação de núcleo de apoio às minorias oprimidas nas escolas e fa-culdades de engenharia: negros, indí-genas, LGBT, PNE.

c) Moção do CONSENGE e campa-nha da FISENGE para que os cursos de Engenharia cumpram com a legis-lações e regulamentações que tratam do ensino das relações étnico-sociais, história da cultura afro-brasileira e indígena, do ensino de libras e lei de acessibilidade.

Propor a reestruturação dos cursos de engenharia através da construção/adoção de um padrão nacional básico de projeto pedagógico e de estrutu-ra curricular com vistas a torná-los compatíveis com o estudo científico e tecnológico atualmente praticado no mundo globalizado e a estimular uma maior integração entre a universidade, centros de pesquisa e o setor produti-vo nacional. Para tanto, o projeto deve incorporar os seguintes elementos:

a) Interdisciplinaridade (filosofia, so-ciologia, psicologia, recursos humanos entre outros);

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d) Trabalho em grupos e em rede, por projetos de formação de profissionais com perfil transformador da realidade socioeconômica do país (ESPÍRITO SANTO).

A FISENGE deve lutar pela ampliação do investimento na qualificação do en-sino superior público nas engenharias, formando e valorizando docentes, pesquisadores e servidores técnicos, qualificando os recursos tecnológicos e a infraestrutura de ensino e revendo as estruturas curriculares e os projetos pedagógicos de modo a incorporar:

a) a ampliação da carga horária mínima dos cursos de engenharia;

b) a orientação dos conteúdos de hu-manidades para a compreensão do pa-pel do engenheiro e da engenharia na sociedade, no mundo do trabalho e na organização social e sindical;

c) a promoção da extensão universi-tária;

d) a integração à pesquisa e à inovação tecnológica (PARANÁ).

Reestruturar os cursos de engenharia visando um padrão nacional de grade curricular a fim de torná-los compa-tíveis com o estudo científico e tec-nológico do atual mundo globalizado (ESPÍRITO SANTO).

Formação por ciclos: Ciclo básico (ba-charelado tecnológico) + Ciclo pro-fissionalizante (Engenharias) + Ciclo de Especialização (Especialização nas áreas de conhecimento das engenha-rias).Cada ciclo será terminativo ou

b) Integração à pesquisa e a inovação tecnológica;

c) Utilização da tecnologia como ins-trumento relevante no ensino apren-dizagem.

d) Trabalho em grupos e em rede, por projetos de formação de profissionais com perfil transformador da realidade socioeconômica do país.

e) Orientação dos conteúdos de hu-manidades para a compreensão do papel transformador do engenheiro e da engenharia na sociedade, no mun-do do trabalho e na organização social e sindical.

f) Ampliação da carga horária mínima dos cursos de engenharia;

g) Formação por ciclos: Ciclo básico (bacharelado tecnológico) + Ciclo pro-fissionalizante (Engenharias) + Ciclo de Especialização (Especialização nas áreas de conhecimento das engenha-rias). Ao término de cada ciclo o aluno receberá um certificado que permite continuar – ou não - a formação.

h) Promoção da extensão universitária;

Lutar pela ampliação do investimen-to na qualificação do ensino superior público nas engenharias, formando e valorizando docentes, pesquisadores e servidores técnicos e qualificando os recursos tecnológicos e a infraes-trutura de ensino.

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seja o aluno terá um certificado de conclusão que permite continuar a formação ou encerrar (BAHIA).

4. Definir melhor a distribuição de recursos e cursos tecnológicos e su-periores das engenharias no território nacional.

O problema não é a falta de recursos, mas há necessidade de definir melhor as diretrizes de distribuição destes re-cursos, pois a maior parte é destinada ao ensino superior, e é preciso investir mais no ensino fundamental e médio – formação básica. As escolas públicas de ensino fundamental são as piores, as universidades púbicas são as me-lhores - há, neste caso, uma grande discrepância.

O problema não é a falta de vagas, mas há necessidade de uma melhor distribuição espacial dos cursos de en-genharia no país, tanto os tecnológi-cos, quanto os de nível superior.

Seria interessante mudar as regras de escolha dos cursos no ENEM de forma distribuir mais e melhor os alunos pe-las universidades públicas do país - o candidato deveria escolher antecipa-damente o curso e a universidade. A data dos vestibulares deveria ser unifi-cada a nível federal. (PARANÁ)

5. Fiscalizar a qualidade do ensino pú-blico e privado das engenharias (tec-nológico e superior). No currículo dos cursos de engenharia - na graduação – não há disciplinas específicas, por exemplo, de defesa agropecuária. O

Fazer gestões para o aperfeiçoamen-to da distribuição espacial dos cursos tecnológicos e superiores de enge-nharia no território nacional

Demandar a fiscalização da qualidade do ensino público e privado das enge-nharias (tecnológico e superior).

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mesmo pode ocorrer em outros seto-res aplicados (SANTA CATARINA).

6. Adequar o ensino de ciências agrá-rias em todos os níveis com base na realidade da convivência sustentável de cada bioma (RIO GRANDE DO NORTE).

7. Criação, implementação e operacio-nalização de cursos na área de robó-tica subaquática. O Sistema Confea/Creas se articula com o MEC para via-bilizar tais cursos (SERGIPE).

8. Articular junto ao MEC a inclusão de “História do movimento sindical”, nas disciplinas de “Introdução à Engenha-ria” e intensificar debate na universi-dade (SERGIPE).

9. Realizar estudos sobre a demanda e implantação de cursos tecnológicos e superiores de engenharia, em parceria com a CONFEA/CREA. (PARANÁ)

10. Que nos concursos para professo-res de Engenharia sejam consideradas as obras e os serviços realizados pelo profissional comprovado através de Certidão de Acervo Técnico expedida pelo Conselho Regional de Engenha-ria e Agronomia (BAHIA).

11. Suspender toda e qualquer iniciativa de registrar profissionais egressos de EAD, enquanto não houver uma defi-nição homogênea sobre o assunto, a

Propor a adequação do ensino de ci-ências agrárias em todos os níveis com base na realidade da convivência sus-tentável de cada bioma.

Propor ao MEC a criação implementa-ção e operacionalização de cursos na área de robótica subaquática.

Articular junto ao MEC a inclusão de “História do movimento sindical” nas disciplinas de “Introdução à Engenha-ria”.

Realizar estudos sobre a demanda e implantação de cursos tecnológicos e superiores de engenharia, em parceria com a CONFEA/CREA.

Propor que nos concursos para pro-fessores dos cursos de Engenharia sejam consideradas as obras e os serviços realizados pelo profissional comprovadas através de Certidão de Acervo Técnico, expedida pelo CREA.

Afirmar no 10º Consenge a posição da Fisenge contrária ao Ensino à Distân-cia (EAD) para os cursos de graduação de engenharia.

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fim de garantir o necessário equilíbrio entre cursos regulares presenciais e os cursos à distância da engenharia. Estabelecer, no âmbito do Confea, aproveitando o assento da Fisenge no Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), em combinação com a Co-ordenadoria de Câmaras Especiali-zadas de Engenharia Civil (CEEC) e a Comissão de Educação do Sistema (CES), procedimentos para discussão deste tema em nível nacional com participação da academia. Exigir que o Sistema Confea/Creas seja respei-tado pelas instituições formadoras de cursos EAD, que insistem em não ouvir as entidades que emitem atribuições, através da alteração do artigo 23 do decreto nº5.622/2005, incluindo o Confea como representante dos inte-resses da Engenharia e da Agronomia. Incluir na pauta de discussão de todos os Senges, sob coordenação da Fisen-ge, o tema EAD na Engenharia. Extrair do 10º Consenge um posicionamen-to único, que norteie a formação de atuação dos sindicatos filiados, para que não pairem dúvidas em relação ao tema. Levar a proposta final ao Con-fea, para que o mesmo coordene a discussão nacional para a suspensão do registro dos egressos do EAD em Engenharia, até que se defina, na Co-missão - nos termos do artigo 23 do decreto 5.622/2005, que não haverá discriminação para os formandos em cursos estritamente presenciais, em detrimento da qualidade dos cursos EAD. Apresentar e lutar pela aprova-ção de proposta junto ao Legislativo Nacional, de alteração do Decreto nº5.622/2005, para que no artigo 23 seja incluído o Confea (SERGIPE)

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12. Carência na formação prática: im-plantação da residência técnica (tal como na medicina) na formação estu-dantil (BAHIA).

Formação Prática Profissional: Implan-tação de um sistema de estágio orga-nizado de forma que dê ao residente conhecimento prático técnico contem-plando carga horária e área de atuação, com acompanhamento do profissional da empresa e da universidade (BAHIA).

Há necessidade de maior interação entre meio acadêmico e profissionais que atuam na área. Importância de relacionar teoria e prática e ampliar o debate do marco regulatório visan-do sua revisão e atualização (estágios, convênios, etc.) (SANTA CATARINA).

Carência na formação prática: implan-tação da residência técnica (tal como na medicina) na formação estudantil

Formação Prática Profissional: Im-plantação de um sistema de estágio organizado de forma que dê ao resi-dente conhecimento prático técnico contemplando carga horária e área de atuação, com acompanhamento do profissional da empresa e da universi-dade

A Fisenge deve propor políticas de interação entre o meio acadêmico e profissional, com o objetivo de rela-cionar teoria e prática, ampliar o de-bate do marco regulatório visando a sua revisão e atualização, bem como o incentivo de convênios e estágios en-tre escolas de engenharia e empresas.

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PresidenteCarlos roberto bittenCourt (Pr)

Vice-presidenteraul otáVio da silVa Pereira (MG)

diretor Financeiroeduardo Medeiros Piazera (sC)

diretor Financeiro adjuntoroberto luiz de CarValhoFreire (Pe)

secretário GeralCloVis FranCisCo nasCiMento Filho (rJ)

diretor de relações sindicaisFernando elias Vieira JoGaib (Volta redonda/rJ)

diretoria da MulhersiMone baía Pereira (es)

diretora executivaGiuCelia araúJo de FiGueiredo (Pb)

diretor executivoJosé ezequiel raMos (ro)

diretora executivasilVana Marília Ventura PalMeira (ba)

DIRETORIA ExECUTIVA SUPLENTE

diretor executivo suplenteaGaMenon rodriGues euFrásiode oliVeira (rJ)

diretora executiva suplenteanildes loPes eVanGelista (MG)

FISENGE | DIRETORIA ExECUTIVA (2011 / 2014)

Page 135: Um projeto de nação para o Brasil

diretor executivo suplenteauGusto duarte Moreira (se)

diretor executivo suplenteClayton Ferraz de PaiVa (Pe)

diretor executivo suplenteGeraldo sena neto (ro)

diretor executivo suplenteJorGe dotti Cesa (sC)

diretor executivo suplentenilton saMPaio Freire de Mello (ba)

diretor executivo suplenteValter Fanini (Pr)

CONSELHO FISCAL

diretor do Conselho Fiscaladelar CastiGlioni Cazaroto (es)

diretor do Conselho FiscalrolF GustaVo Meyer (Pr)

diretor do Conselho FiscaltiGernaque PerGentino de sant’ana (se)

CONSELHO FISCAL SUPLENTE

diretor suplente do Conselho FiscalFranCisCo de assis araúJo neto (Pb)

diretor suplente do Conselho Fiscalnelson benedito FranCo (MG)

diretor do Conselho FiscalroGério do nasCiMento raMos (es)

Page 136: Um projeto de nação para o Brasil
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AGRADECIMENTOS

Na elaboração do texto, a FISENGE contou com a contribuição de especialis-tas nos diversos temas abordados. Tal contribuição se deu por intermédio da realização de uma série de entrevistas, presenciais ou por escrito, que aporta-ram valorosos subsídios à reflexão e à confecção deste documento base do 10º Congresso. Cabe à FISENGE, contudo, a responsabilidade por qualquer erro ou omissão. Assim, seguem os nossos agradecimentos especiais a Agamenon Ro-drigues E. Oliveira (SENGE-RJ e UFRJ), Denise Consonni (UFABC), Fernando Jogaib (SENGE-VR), Fernando Siqueira (AEPET), Gunter de Moura Angelkor-te (SENGE-RJ), João Antônio de Moraes (FUP), José Carlos Xavier – Grafite (ex-secretário de transporte e mobilidade urbana do Ministério das Cidades), Léo Heller (UFMG), Membros da equipe técnica do DIEESE, Nazareno Stanislau Affonso (Instituto da Mobilidade Sustentável – Rua Viva), Nivalde J. de Castro (GESEL/UFRJ), Paulo Granja (SENGE-RJ), Paulo Augusto Vivacqua (Academia Nacional de Engenharia), Roberto D´Araújo (Ilumina), Rômulo Orrico (COPPE/UFRJ), Sérgio Almeida (Engenheiro, Especialista em Políticas Públicas e de Go-verno), Ulisses Kaniak (SENGE-PR).

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FEDERAÇÃO INTERESTADUALDE SINDICATOS DE ENGENHEIROS(FISENGE)

Av. Rio Branco, 277, 17º andarCinelândia, Rio de Janeiro (RJ)

(21) 2533-0836

[email protected]

www.fisenge.org.br EdiçãoCamila Marins (MTB.: 47.474/SP)

RevisãoSheila Jacob

Projeto gráficoEvlen Lauer

EstagiárioBennio Augusto

Tiragem350 exemplares

Conselho EditorialCarlos Roberto BittencourtRaul OtávioClovis NascimentoSilvana PalmeiraSimone Baía