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Uma breve reflexoo A natureza saqueada Em 1999, a Terraultrapassou os 6 bi/hoes de habitant-, tres vezes mais do que os pessimistas acreditam ser prudente para evitar que os recur- sos naturais entrem em colapso. Apesar da cifra impressionante, 0 alarmismo malthusiano esta em baixa. A humanidade tem enfrentado com relativo sucesso 0 desafio de produzir alimento. Sabe-se que 0 problema e distribui-Io para todos - ao menos quando se considera aprodw;ilo "per capita n. Mas nao estao afastadas todas as duvi- das sobre a capacidade de 0 planeta sustentar tanta gente. Nesse contexto, a deteriorafao das reservasde agua superficiaisesubterraneas ocor- re ao mesmo tempo em que naose racionaliza 0 consumo e a populafaoaumenta, trafando um novo quadro preocupante. o texto acima, extraido de urnjornal de grandecir- cula~ao, alerta paraa possibilidade de, mais uma vez, a humanidade ter de enfrentar 0 fantasm a da escassez e do esgotamento. A tecnologia para evitar 0 desastre ja existe, mas a populariza~ao dos resultados desse avan- ~o ainda e urn grande desafio a ser vencido. Com certeza, a manuten~ao do atual modelo de de- senvolvimento capitalista nao esustentavel a longo pra- zoo Em verdade, para satisfazer 0 modo de vida da sociedade de consumo seriam necessarios pelo menos mais quatro ou cinco planetas Terra. Ou seja, nao ha recursos natura is disponiveis para atender a esse consumismo sem limites. Com 0 passar do tempo, 0 sistema capitalista habi- tuou-se a ver a natureza como enorme deposito de re- cursos naturais, istoe, materias-primas e fontes deenergia com grande valor comercial. A falta de alimentos e preocupante, mas atualmente os elementosmais funda- mentais para amanuten~aoda vida na Terra correm 0 risco de desaparecer. Agua,fontes de energia e minerais, usados de forma desenfreada, acabaram entrando em uma tendencia de esgotamento que alarma 0 mundo todo. Sao evidencias desse saque des control ado os dese- quilfbriosambientais, cada vez mais comuns em todas as partes do planeta. Visto do espar;o, 0 planeta Terra e uma bela visao. 0 consumo desenfreado que 0 sistema capitalista estimula, porem, faz dele um simples deposito de materia-prima e constitui uma assustadora amear;a a sua propria existencia. A expansao desenfreada da urbaniza~ao e dasati- vidades industria is tern acarretado urn preocupante au- menta dos indices de polui~ao. Ou seja, estamos criando urn modelo de desenvolvimento insustenta- vel. Por exemplo, uma tfpica cidade industrial dos EUA com aproximadamente 1 milhao de habitantes conso- me diariamente: 568 mil toneladas de agua; 8.600 toneladas de combustivel; 1.800 toneladas de alimentos. Essamesma cidade despeja no ambiente: • 454 mil toneladas de esgoto; • 864 toneladas de polui~ao atmosferica; •8.600 toneladas de lixo. Devemos atentar que esse e 0 padrao estabelecido emurn pais desenvolvido altamente urbanizado. Nos paises pobres as quantidades nao saG as mesmas, uma vez que 0 poder aquisitivo e menor e produz-se menor volume de rejeitos "per capita". Mas a urbaniza~aocao- tica que se desenvolve em alguns paises pobres tam- bem preocupa, pois deixa as mesmas marcas sobre 0 meio ambiente. Vamos estudar agora esses problemas para estruturar melhor nossos conceitos e preparar a busca de solu- ~6es.

Uma breve reflexoo · mosfera terrestre quase 24 bilh6es de toneladas desse ... • altera~ao da composi~ao do solo e das aguas, ... um inseticida que protege as planta~oes de tomate

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Uma breve reflexoo

A natureza saqueadaEm 1999, a Terra ultrapassou os 6 bi/hoes de

habitant€ -, tres vezes mais do que os pessimistasacreditam serprudente para evitar que os recur-sos naturais entrem em colapso. Apesar da cifraimpressionante, 0 alarmismo malthusiano estaem baixa. A humanidade tem enfrentado comrelativo sucesso 0 desafio de produzir alimento.Sabe-se que 0problema e distribui-Io para todos- ao menos quando se considera aprodw;ilo "percapita n. Mas nao estao afastadas todas as duvi-das sobre a capacidade de 0 planeta sustentartanta gente. Nesse contexto, a deteriorafao dasreservasde agua superficiais e subterraneas ocor-re ao mesmo tempo em que nao se racionaliza 0

consumo e a populafao aumenta, trafando umnovo quadro preocupante.

o texto acima, extraido de urn jornal de grande cir-cula~ao, alerta para a possibilidade de, mais uma vez, ahumanidade ter de enfrentar 0 fantasm a da escassez edo esgotamento. A tecnologia para evitar 0 desastre jaexiste, mas a populariza~ao dos resultados desse avan-~o ainda e urn grande desafio a ser vencido.

Com certeza, a manuten~ao do atual modelo de de-senvolvimento capitalista nao e sustentavel a longo pra-zoo Em verdade, para satisfazer 0 modo de vida dasociedade de consumo seriam necessarios pelo menosmais quatro ou cinco planetas Terra. Ou seja, nao harecursos natura is disponiveis para atender a esseconsumismo sem limites.

Com 0 passar do tempo, 0 sistema capitalista habi-tuou-se a ver a natureza como enorme deposito de re-cursos naturais, isto e, materias-primas e fontes de energiacom grande valor comercial. A falta de alimentos epreocupante, mas atualmente os elementos mais funda-mentais para a manuten~ao da vida na Terra correm 0

risco de desaparecer. Agua, fontes de energia e minerais,usados de forma desenfreada, acabaram entrando emuma tendencia de esgotamento que alarma 0 mundo todo.

Sao evidencias desse saque des control ado os dese-quilfbrios ambientais, cada vez mais comuns em todasas partes do planeta.

Visto do espar;o, 0planeta Terra e uma bela visao. 0 consumodesenfreado que 0 sistema capitalista estimula, porem, fazdele um simples deposito de materia-prima e constitui umaassustadora amear;a a sua propria existencia.

A expansao desenfreada da urbaniza~ao e das ati-vidades industria is tern acarretado urn preocupante au-menta dos indices de polui~ao. Ou seja, estamoscriando urn modelo de desenvolvimento insustenta-vel. Por exemplo, uma tfpica cidade industrial dos EUAcom aproximadamente 1 milhao de habitantes conso-me diariamente:

• 568 mil toneladas de agua;• 8.600 toneladas de combustivel;• 1.800 toneladas de alimentos.Essa mesma cidade despeja no ambiente:• 454 mil toneladas de esgoto;• 864 toneladas de polui~ao atmosferica;• 8.600 toneladas de lixo.Devemos atentar que esse e 0 padrao estabelecido

em urn pais desenvolvido altamente urbanizado. Nospaises pobres as quantidades nao saG as mesmas, umavez que 0 poder aquisitivo e menor e produz-se menorvolume de rejeitos "per capita". Mas a urbaniza~ao cao-tica que se desenvolve em alguns paises pobres tam-bem preocupa, pois deixa as mesmas marcas sobre 0

meio ambiente.Vamos estudar agora esses problemas para estruturar

melhor nossos conceitos e preparar a busca de solu-~6es.

Problemas atmosfericos

A polui~ao atmosferica• A queima de combustlveis f6sseis, notadamente docatYao mineral e dos derivados de petr6leo, produz gran-des quantidades de di6xido de carbo no (C02), 0 prin-cipal fator da polui~ao do ar.

S6 em 1996, pOl' exemplo, foram lanpdos na at-mosfera terrestre quase 24 bilh6es de toneladas dessegas. Desse total, 5,3 bilhOes (mais de 22%) foram pro-duzidos pelos Estados Unidos.

E esse quadro tende a se tornar ainda mais grave.Em 1950, havia 70 milh6es de vefculos (carros, cami-

nh6es e 6nibus) no mundo. Esse numero era nove vezesmaior em 1994 - 630 milh6es de autom6veis - e naopara de crescer, pois a cada ana 16 milh6es de vefculosnovos vaG para as mas. As proje~6es indicam que 1bi-lhao de vefculos estarao circulando pOl'volta de 2025.

A frota em circula~ao no mundo joga na atmosferamais de 900 milh6es de toneladas de C02 pOl' ano. A

maior parte desse volume e produzida nos palse_ ---senvolvidos, on de 6% dos 6bitos saG causado --polui~ao atmosferica .

Essa verdadeira tragedia aumentou, !'")do 0 ~=.-do, as pesqllisas voltadas para 0 desenvolvimemc ==fontes de energia alternativas, como 0 hidrogenic :::fundamental bus car tecnologias menos poillentes e: -tes de energia que produzam menos rejeitos t6xico: -ado~ao de urn modelo de transporte que privile<.-·ftransporte coletivo ja seria um grande avan~o, po:::transp011e coletivo de boa qualidade retira das =-_milh6es de vefculos.

Esse problema da qualidade do ar e antigo: j' -primeiras fases da Revolu~ao Industrial, na Ingla:-=---ra, muitos trabalhadores denunciavam as pes '-condi~6es do ar que respiravam. Hoje a fiscaliza

o-

das indus trias e mais rlgida, mas mesmo assim mu'-fabricas ainda nao instalaram filtros que controle= _polui~ao.

Na decada de 1940, siderl1rgica ing/esa em Halifax, Yorkshire, /anqa na atmosfera enorme quantidade de fumaqa, basicame -CO" Principal fator de po/uiqao do ar, 0 CO2 e produzido, principa/mente, pe/a queima de carvao mineral e petro/eo.

• Como 0 pr6prio nome revela, as aguas da chuvaacida caracterizam-se por apresentar grande concentra-~ao de acidos dissolvidos, resultantes da contamina~aoda atmosfera por compostos de 6xidos de enxofre e denitrogenio.

Ate a decada de 1990, a chuva acida era comumapenas nos parses de industrializa~ao classica. Mas de-pois passou a ocorrer tambem em inllmeros pafses asi-aticos. Hoje, em conjunto, India, China, Tailandia e Coreiado Sui emitem mais 6xido de nitrogenio (NO) e di6xidode enxofre (SO) do que os Estados Unidos. Essa reali-dade e explicada pelo boom industrial em boa parte doSuI e Sudeste da Asia. Houve demanda maior por ener-gia, a frota de vefculos se expandiu e 0 nllmero determeletricas que utilizam carvao mineral aumentou.

Todavia, as lJltimas pesquisas realizadas apontamaltos nrveis de acidez na neve e na neblina, em escala

mundial. A generaliza~ao desse fen6meno decorre dapresenp de acidez nas massas de ar, que se deslocampara regi6es que nao sao emissoras de gases poluentes.

Dentre as consequencias da chuva acida, destacam-se:• altera~ao da composi~ao do solo e das aguas, tanto

dos rios quanto dos len~6is freaticos;• destlUi~ao da cobertura florestal, fato que p6de

ser observado em trechos das encostas da Serrado Mar nas proximidades de Cubatao, na BaixadaSantista (SP);

• contamina~ao das lavouras;• corrosao de ediflcios, estatuas e monumentos his-

t6ricos.Em verdade, ecossistemas inteiros podem ser altera-

dos pela chuva acida.Estudos do WWF (Fundo Mundial para a Natureza)

apontam que, no hemisferio norte, onde se concentra amaior patte dos parses industrializados, a chuva acida jacomprometeu cerca de 35% dos ecossistemas.

A esquerda, em cima e embaixo, florestas destruidas pela chuva acida, respectivamente nos EUA (Pennsylvania) e naSuecia. A direita, a chuva acida corroeu uma escultura na Catedral de Gloucester; Gra-Bretanha.

o buraco na camadade ozonio

• 0 ozonio e um gas azul palido, muito oxidante ereativo. Encontra-se entre a troposfera e a estratosfe-ra, camada que se localiza aproximadamente entre 15e 20 quilometros acima da superffcie terrestre, ondeage como um filtro que protege 0 planeta da radia~aoultravioleta.

Em meados da decada de 1980 descobriu-se a exis-tencia de uma falha nessa camada protetora. Esse bura-co na camada de ozonio foi causado pela emissao deCFC(clorofluorcarboneto, utilizado pela industria de re-frigera~ao e nos aeross6is), gas que destr6i as molecu-las de ozonio.

o buraco situa-se, principalmente, sobre a Antartida,devido a uma conjuga~ao de fatores que potencializamos efeitos destrutivos do CFC. Dentre os quais desta-cam-se:

• ausencia de circula~ao nas camadas mais altas daatmosfera durante seis meses de inverno;

• incidencia da luz solar em setembro e outubro,antes que a circula~ao atmosferica se restabele~a(a partir de novembro).

Devido a esse buraco na camada de ozonio, au-mentou a incidencia de raios solares ultravioleta, tor-nando dramatica a vida de quem vive no extrema suIdo planeta.

E 0 que se nota entre os 120 mil habitantes da cidadechilena de Punta Arenas, situada pr6xima ao continente

IIhas Malvinas<9

~Americado Sui

Fonte: Fo/ha de S.Pau/o, de 11/10/2000.

Este mapa, feito a partir de imagem obtida por satelite er;;;3/10/1990, mostra nitidamente as dimensoes e alocafizaqao do buraco na camada de ozonio: cobre toda aAntartida e, eventualmente, avanqa na extremidade daAmerica do SuI.

antartico. Quando saem de casa, entre 11 e 15 hopessoas devem, necessariamente, usar roupas de Illi..:-

gas compridas, 6culos escuros, chapeus e protetor z:A solu~ao desse problema esta ligada a redu~ao

emissao do gas CFC, o' que, segundo a ONU, foi re ;:...trado pela primeira vez em 1998. Essa boa notre"fruto de pesquisas que incorporam maior preocupa, -_com as questoes ambientais. Na verdade, essa preex:-.:pa~ao ganhou vulto em 1987, quando 24 parses dese::-volvidos se comprometeram com 0 chamado Protoco._de Montreal (Canada), documento voltado par _erradica~ao gradual da produ~ao do CFC.

Entre 1988 e 1995, 0 consumo do gas caiu 76%:::mundo todo. Entretanto, nem todas as na~oes de E:-volvidas cumprem a meta de substituir 0 CFC por ouagente mais inofensivo a atmosfera. Em meados da de-cada de 1990, por exemplo, 0 mercado negro de neo6-cios com 0 CFCmovimentava entre 20 e 30 mil toneladasanuais.

A camada de ozonio e amea~ada tambem pelos efei-tos da utiliza~ao na agricultura do brometo de metilum inseticida que protege as planta~oes de tomate emorango.

Mesmo assim, as perspectivas quanto ao futuro saamais promissoras. Se forem cumpridos os acordos ' -ternacionais firmados em Montreal, a ONU e muito_especialistas preveem a regenera~ao da camada de ozo-nia a partir de 2050.

o agravamentodo efeito estufa

• 0 efeito estufa e urn fen6meno natural: alguns gases,em particular 0 C02, funcionam como retentores decalor, condi~ao fundamental para manter a existenciade animais e plantas no planeta.

No entanto, des de 0 seculo XVIII, 0 processo deindustrializa~ao do planeta faz com que a atmosferareceba urn enorme volume adicional de gases, que difi-cultam a dissipa~ao do calor.

Muitos pesquisadores apontam essa produ~ao cres-cente de gases como a grande responsavel pela intensi-fica~ao do efeito estufa.

De fato, nos ultimos 150 anos, as temperaturas me-dias da superffcie terrestre subiram 0,6 dc. Respeitadosinstitutos de pesquisa afirmam que a decada de 1990foi a mais quente do milenio!

Segundo esses mesmos institutos, se forem manti-dos os atuais niveis de emissao de poluentes, as tempe-raturas no final do seculo XXIserao em media 3 °C maisaltas (em algumas regioes, ate 5°C) do que aquelasregistradas em 1990.

As consequencias do agravamento do efeito estufapodem ser desastrosas para todo 0 planeta. Dentre elas,podem ser apontadas:

• grandes altera~oes na circula~ao dos ventos, 0 quepode aumentar 0 numero de furac6es;

• redu~ao da quantidade de chuvas, fato que acar-retaria, par sua vez, escassez de alimentos;

• derretimento do gelo continental nas montanhase das calotas polares, 0 que elevaria os niveis dosoceanos, inundando regioes costeiras; consequen-temente, haveria uma migra~ao em grande escala

para regioes mais altas, criando gravissimos pro-blemas sociais.

Uma das formas mais eficazes de medir esse aqueci-mento consiste em monitorar os ambientes marinhos elitoraneos. Por exemplo, estudos ja realizados sobre asbarreiras de corais da Australia e os manguezais do lito-. .ral brasileiro fornecem evidencias para que todos os pai-ses, notadamente os Estados Unidos, se conven~am danecessidade urgente de reduzir a emissao de gases comoo C02, responsaveis pelo agravamento do efeito estufa.

o continuo aquecimento da atmosfera do planeta deve-se,em grande parte, a concentrar;ao de CO", emitido porchamines, queimadas e escapamentos de veiculos. 0 gascarbonico faz com que parte do calor refletido nasuperficie "ricocheteie" rumo ao solo, man tendo aatmosfera aquecida.

Graves problemas atmosfericos urbanos

• Narmalmente, 0 ar que se encontra mais proximo aosolo e mais quente do que aquele situado em maioresaltitudes. Tal fato ocasiona movimentos de convec~ao ea consequente farma~ao de ventos, que dissipam osgases poluentes.

A inversao tennica ocorre quando a atmosfera de umaarea urbana, geralmente uma grande cidade, registra umasitua~ao inversa a essa.

Esse fen6meno costuma ocorrer no inverno, quandoa rapida penetra~ao de ar frio provoca a inversao dascamadas atmosfericas: 0 ar quente permanece acima dacamada de ar frio. Este nao sobe, por ser mais denso, e

A inversao termica ocorre quando, em uma area urbana,geralmente no inverno, uma massa de ar frio penetra sobuma camada de ar quente. Mais den so, 0 ar frio mantem-sejunto ao solo e af retem poeira, fuligem e gases poluentes.

fica abaixo do ar quente. Em conseqLiencia. poeira. fu-ligem e gases poluentes ficam retidos junto ao solo, 0

que acaba contribuindo para uma incidencia maior dedoen~as respiratorias, como asma e bronquite.

Muitas vezes. esse quadro pode se manter durantemuitos dias consecutivos e sua normaliza~ao geralmen-te ocorre apenas quando se formam ventos, que disper-sam os poluentes.

• As ilhas de calor correspondem as areas centrais dasmaiores manchas urbanas. Nesses locais, as tempera-turas SaG mais elevadas devido a uma serie de fatores,tais como:

• a emissao de polui~ao, que retem calor;• 0 fato de que 0 asfalto, 0 concreto e 0 predios

envidra~ados SaG refratarios, isto e, retransmltemcalor para a atmosfera;

• a arquitetura, composta por predios tao altos quealreram a circula~ao de ar;

• a ausencia de areas verdes, que amenizam 0 calor

(Observe 0 esquema abaixo, que repreSel1{a0 calor

concentrado ml1na cidade.

As areas centrais das gran des cidades constituem "i/has decalor", apresentando uma significativa diferem;a termica emrelar;ao a periferia - ate 10 °e, no caso da cidade de SaoPaulo - e maior ainda em relar;ao a zona rural.

Por isso, nos grandes espa~os urbanos e significat-va a diferen~a termica entre a regiao central, mais quenre:e a periferia, que registra menor temperatura. Na a1'-_metropolitana da Grande Sao Paulo, estudos realizad -pela ge6grafa Magda Lombardo, professora da Uni,·C':'-sidade de Sao Paulo, apontam uma diferen~a de tempe-ratura de ate 10 DC entre os bairros centra is e a periferi-

Como alternativas para resolver essa situa~ao, a 0\--recomenda 0 plantio de arvores e a ado~ao de model -de constru~ao e arquitetonicos que privilegiem a cira:-la~ao do ar e a dissipa~ao do calor. Trata-se de um e-safio para as grandes cidades amenizar 0 impacto de_-co

problema.

A questoo do aguo

A polui~ao dosrecursos hfdricos

.0 desenvolvimento das atividades econom.icas tem com-prometido a qualidade das aguas do planeta. Os proces-sos de industrializa~ao e de urbaniza~ao fazem aumentara produ~ao de esgotos domiciliares, lixo e diversos tiposde residuos, que SaGlan~ados em rios e mares. Isso afeta

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tanto as aguas superficiais quanto as dos depositos -terraneos - os aqi.iiferos - em varios pontos do plane'

Urn caso exemplarmente grave ocorre no nortegolfo do Mexico, na costa dos Estados Unidos, or. -produtos quimicos, como fertilizantes, trazidos pelo ::Mississipi, elirninaram 0 oxigenio das aguas. Consequ -temente, a vida marinha foi extinta, gerando uma "20-

morta" de aproximadamente 18 mil km2.

Em grande quantidade, 0 lan~amento de lixo arga-nico nas aguas tambem gera a prolifera~ao de micror-ganismos e de algas.

A mare vermelha, por exemplo, forma-se por meiodo crescimento exagerado de algas marinhas,superalimentadas pe10 material organico que compoe 0lixo domestico e por nutrientes, como 0 nitrato e 0 fos-foro, presentes em fertilizantes. Trata-se de um fenome-no perigoso, ja que impede a passagem da luz e liberasubstancias toxicas, pondo em risco a sobrevivencia dequase todas as especies aquaticas.

Os recursos hfdricos tambem SaGcontaminados pe-las atividades agrkolas praticadas sem programas desustentabilidade ambiental. Nesses casos lanpm-sepesticidas nos plantios de forma descontrolada, e estesSaGlevados aos rios pe1as enxurradas: a agricultura eresponsave1 par 90% dos resfduos toxicos encontradosna agua.

Altas concentra~oes de nitrato foram encontradas,par exemplo, em len~ois freaticos das regioes de Pe-quim, Tianjin e Hebei, cidades localizadas no norte daChina, bem como nas aguas subterraneas do estado dePunjab, na India. Dados apresentados pe10 WorldwatchInstitute, conceituado centro de pesquisas ambientaisnorte-americano, apontam que 60% dos po~os testadosem areas agrkolas dos Estados Unidos, em meados dadecada de 1990, apresentavam resqufcios desse tipo deagrotoxico.

o rio Pinheiros, afluente do Tiete, atravessa parte da cidadede Sao Paulo. Quando ocorrem chuvas muito fortes, aquantidade de detritos carregada pelas enxurradas etamanha que praticamente cobre a superficie do rio.