Uma Canção Inesperada - Cap. 18

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    Elizabeth colocou os braos em volta de seu corpo trmulo enquanto os passos de Williamdesapareciam. Sua respirao ficou presa em seu peito e ela cerrou os punhos, batendo o penquanto soltava um grito.

    Lgrimas no derramadas brilhavam em seus olhos. Ela quase tinha chorado antes de elesair, mas tinha se proibido. E eu ainda no vou chorar. Ah, que se dane! Por que eu tenho que

    pensar que talvez ele fosse diferente? Quando vou aprender que abrir meu corao para umhomem um grande erro?

    "Eu amo voc", disse ele. Mentiroso! O que um homem como William Darcy iria querercom uma ningum sem dinheiro como eu? Bem, agora eu sei. Um flerte seguido por uma

    despedida melosa e depois ele volta para sua vida glamourosa. E uma vez que ele tivesse suadiverso, ele teria me abandonado, assim como Michael fez...No. Eu no vou chorar.Ela no conseguia ficar parada, ento comeou a andar sem rumo pelo apartamento. Seu

    caminho logo a levou para a cozinha. A primeira coisa que viu foi o vaso de rosas amarelas sobre amesa. E pensar que eu no podia suportar jog-las fora quando comearam a morrer!

    Ela arrancou as flores de seu vaso, gritando de dor quando um espinho perfurou seupolegar.Assim como William: atraente na superfcie, mas quando voc vai mais fundo... Elaesmagou as flores em suas mos e empurrou-as para a lata de lixo.

    Com a adrenalina pulsando em suas veias, Elizabeth andava pelo apartamento procura deoutros objetos nos quais pudesse extravasar sua frustrao. O estojo do CD de William atingiu a

    parede com um estrondo. O boto de rosa delicado de tera-feira noite, que tinha estado a pontode abrir, logo estava no cho, suas ptalas rasgadas espalhadas pelo tronco. As rosas brancascremosas que tinham estado na mesa da sala de jantar juntaram-se s amarelos no lixo, e o vaso queadornava sua cmoda logo estava vazio, seus antigos ocupantes despejados sem cerimnia na latade lixo do quarto, uma massa de hastes quebradas e perfumadas ptalas de rosa.

    Em seguida, seu olhar se fixou na orqudea em sua mesa de cabeceira, e sua frenticaatividade cessou. Ela embalou o pote com as mos trmulas e estudou as flores bonitas, suarespirao rpida e superficial. Em seguida, ela recolocou a orqudea na mesa e levantou o grossopedao de papel ao lado. Enquanto ela inspecionava a caligrafia precisa de William, gotas de guacaram sobre a pgina, e ela percebeu que eram suas prprias lgrimas. Ela se jogou em cima dacama e enterrou o rosto no travesseiro, soluando, o bilhete de William amassado na mo.

    ____________________________________________________________________________

    William e Allen tinham um arranjo de longa data projetado para sutilmente comunicar osplanos de William para a noite sem embaraar sua companhia. Se William quisesse que Allenesperasse, ele simplesmente dizia isso a ele. Mas nas ocasies em que ele antecipava passar a noiteno apartamento de sua companheira, William saia do carro sem dar a Allen quaisquerinstrues. Esta era a deixa de Allen para esperar 45 minutos no caso de uma mudana de planos,aps o que ele estava livre para partir. Este mtodo funcionara bem no passado, poupando os doishomens da vergonha de discutir a vida sexual de William, mesmo que indiretamente, paracoordenar os horrios.

    Pela primeira vez, o arranjo tinha sado pela culatra, deixando William encalhado na rua em

    frente ao prdio de Elizabeth. Ele enfiou a mo no bolso para pegar seu celular, quando se lembrou

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    de que ele estava em casa. No havia txis vista, no que ele esperasse ver um nesta ruaresidencial tranquila no meio da noite.

    Ele suspirou e massageou a testa, tentando banir uma leve dor de cabea. Ele se lembrou dapiada de Elizabeth sobre o metr, e estremeceu com a noo de esperar na plataforma com a variadacoleo de nova-iorquinos que seria levada desta parte decadente da cidade to tarde danoite. Ento, novamente, a p no era mais uma opo atraente. Eram cerca de cinco quilmetros, e,

    a esta hora da noite, ele provavelmente iria ser assaltado.Apesar de seu desejo sincero de evitar enfrentar a ira de Elizabeth novamente, eleconsiderou tocar a campainha e pedir a ela para chamar-lhe um txi. Mas uma ideia sbria desceusobre ele. Se eu voltar, ela vai saber que Allen no estava me esperando, o que vai provar que euesperava passar a noite. Ela provavelmente estaria irritada o suficiente para me assaltar elamesma.

    Era um mistrio como algo to certo tinha dado errado to rapidamente. Em um momentoela tinha estado quente e rendida em seus braos, e no outro ele se viu deitado no cho, submetido auma enxurrada de acusaes insultuosas. A voz irritada de Elizabeth ecoou em sua cabea dolorida:

    "Voc deve pensar que eu sou to completamente sob o feitio do grande William Darcy quetudo o que preciso de algumas mentiras revestidas de acar, e eu vou deixar voc pegar

    qualquer coisa que voc quiser de mim. Bem, desculpe desapont-lo. Isso pode funcionar com amaioria das mulheres, mas eu sou feita de um material mais resistente."

    Seus ombros caram e ele olhou para a calada sem ver. Ele no s nunca tinha mentidosobre estar apaixonado, como tambm nunca tinha dito aquelas palavras para uma mulher ataquela noite. E depois dessa experincia, eu nunca as direi novamente.

    Mas esse no era o seu problema imediato. Ele decidiu caminhar at uma rua maismovimentada em busca de um telefone pblico ou um txi. Ele no estava familiarizado com estaparte da cidade e nunca tinha prestado ateno ao percurso que Allen fazia para chegar at l, o queo deixou com pouca escolha alm de andar em uma direo aleatria e esperar pelo melhor. Meusegundo passeio pela cidade esta noite.

    Uma buzina distncia props-lhe uma estratgia melhor - seus ouvidos poderiam lev-lopara onde ele precisava ir. William escutou atentamente, escolheu uma provvel direo e comeoua andar. Enquanto ele andava, ele se atormentava repetindo sua briga.

    "Uma garota em cada porto, para que voc nunca tenha que dormir sozinho."Para seu desgosto, muitas pessoas acreditavam naquele esteretipo, como se ele fosse um

    msico de rock bad boy. Mas os msicos clssicos no eram estrelas do rock, e em qualquer caso,ele tinha escolhido conduzir-se com bom gosto e discrio. E como recompensa eu sou tratado comdesprezo.

    Ele ouviu sua voz novamente, infligindo-se uma nova tortura:" melhor voc encontrar algum que o satisfaa."Como se ele simplesmente quisesse encher sua cama, e no se importasse com

    quem. William sentiu a blis de raiva amarga subindo em sua garganta, e ele acolheu-o como umaalternativa para o desespero que ameaava domin-lo. Quem ela para me tratar com tantodesdm, para fazer todas essas acusaes infundadas?

    E como no mundo ela podia negar que tinha sido um parceiro disposto no que estvamosfazendo? Nesse caso, por que ela estava gemendo e me tocando e me beijando? Mas ento, derepente, ela agiu como se eu a tivesse imobilizado no sof e a forado.

    Cerca de um quarteiro frente, William podia ver o que parecia ser um cruzamento bemiluminado. Aliviado, ele aumentou o ritmo e logo chegou esquina. Sua cabea latejava, seja deemoo ou do usque, ele estava incerto, e seu estmago estava enjoado. Ele se sentiu instvel emseus ps, e soltou um suspiro irritado. S o que eu preciso. Uma tontura quando eu estou aquisozinho.

    Em seguida, ele o viu - um txi desocupado sair de um lava jato menos da metade de umquarteiro de distncia. Ele entrou em ao, seus males fsicos momentaneamente esquecidos, e

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    correu na direo do txi. No primeiro fiapo de boa sorte que o universo havia concedido a Williamdurante toda a noite, o motorista o viu e parou no meio fio.

    William deu ao motorista o seu endereo e sentou-se, respirando lentamente. Graas aDeus. Agora tudo o que eu tenho que me preocupar marcar uma consulta com o meu mdicoainda hoje, e o fato de que a mulher que eu adoro me detesta com as profundezas de sua alma.____________________________________________________________________________

    "Jane? Voc est a? a Lizzy. Se voc estiver a, por favor, atenda. Eu realmente precisofalar com voc."

    Elizabeth estava na cozinha, o telefone preso ao seu ouvido. De certa forma, ela se sentiutola, ela era uma adulta, e no devia precisar chorar no ombro da sua irm mais velha. Mas ela eJane tinham estado sempre l uma para a outra, compartilhando suas alegrias e tristezas.

    Era estranho que Jane no tivesse atendido o telefone ainda - no era meia-noite em SoFrancisco, e Jane no tinha o hbito de ficar fora at tarde durante a semana. Talvez ela estejadormindo e no ouviu o telefone... Oh, espere, como eu poderia ter esquecido? Jane tinha ligadonaquela manh para ouvir sobre o jantar, e contar a Elizabeth que ela estaria em Sacramento durantea noite em negcios relacionados a um processo judicial.

    Jane tinha um celular, mas havia pouqussima chance de que ele estivesse ligado a esta hora.Elizabeth tentou o nmero de qualquer maneira, mas como ela esperava, Jane no respondeu.

    Uma lgrima escorreu pelo rosto de Elizabeth, quando ela desligou o telefone. Ela chegou aconsiderar chamar Charlotte, mas agora no era o momento. Charlotte iria oferecer conselhos teis,e, eventualmente, Elizabeth seria bem-vinda, mas esta noite ela queria conforto, no uma conversafranca.

    Elizabeth vagou para o quarto e se encolheu na cama, ainda totalmente vestida. Ela olhoupara a orqudea na mesa de cabeceira enquanto seus pensamentos se perdiam no passado.____________________________________________________________________________

    William, vestido de bermudo e um roupo de seda preto, caminhava em sua sala deestar. Ao chegar em casa, ele havia preparado sua cama em silncio, esperando que o sono lhe desseum pouco de descanso de suas agruras fsicas e emocionais. Mas ele tinha achado insuportvel ficarsozinho em sua cama enorme, quase como se a pea de mobilirio estivesse zombando dele. Eleexaminou o quarto, na esperana de encontrar alguma distrao para o vazio dentro de si.

    Pelo menos ele tinha entrado em casa sem ser detectado. A ltima coisa que ele queria erater que inventar desculpas para a sua chegada pouco ortodoxa em um txi s trs da manh. Alleniria querer saber o que tinha acontecido, mas anos de experincia ensinaram a William que adiscrio do motorista pode ser confivel, mesmo em face da curiosidade implacvel da Mrs.Reynolds.

    A raiva que ele havia convocado contra Elizabeth j se apagara, deixando desolao ao invsdisso, e um corrosivo sentimento de culpa. Inicialmente, ao analisar o seu comportamento, ele haviaescolhido se fixar no incentivo que ela tinha lhe dado as carcias suaves e os beijos acalorados, eseus gemidos e suspiros de prazer. Mas desde que chegara em casa, ele comeou a recordar outrossinais, sinais que ele havia desconsiderado porque no serviam aos seus propsitos.

    Embora, no comeo, ela tivesse ansiosamente respondido aos seus beijos, quando eleschegaram ao apartamento dela, ele agora se lembrava do momento em que ela o empurrou, eparecia pronto a pedir-lhe para sair. Na cozinha, ela escapou de seu abrao quando ele tinha puxadoseu corpo em contato com o dele. E durante a sua atividade prazerosa no sof, ele a tinha vistohesitar mais de uma vez, parecendo estar beira de lhe dizer para parar.

    E cada vez que eu senti a hesitao dela, eu recuei? Eu perguntei a ela o que estavaerrado? No. Eu aumentei o calor, usando respostas de seu corpo contra ela para torn-lo difcil

    de me recusar. No admira que ela achasse que era a nica coisa que eu queria dela.Voz de Elizabeth, rica em sarcasmo, tocou em seus ouvidos:

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    "Voc vai sentir tanto a minha falta que voc nem sequer se preocupou em aparecer naminha festa de despedida at horas depois de ter comeado."

    William teve que admitir que se suas situaes estivessem invertidas, ele teria se sentidoferido por tal chegada tarde na festa.Mas eu no poderia evitar. Gran me fez ir para a festa dos

    Dalton.William franziu a testa. Aquilo soou como o refro de uma criana chorona. Porque eu no

    disse no para Gran, e depois me mantive firme? O evento Dalton no era to crucial.Ele vagava pela sala como uma pantera enjaulada. Por fora do hbito, ele se sentou aopiano, mas ele no conseguia encontrar a energia para tocar as teclas. A msica que geralmentetocava em sua cabea foi abafada pela voz irritada.

    "Voc no poderia me amar. Voc me disse h apenas algumas semanas atrs que voc noacredita em amor primeira vista."

    William fez uma careta. Ele tinha de fato feito um pronunciamento, arrogante edesinformado durante a sua caminhada em City Hall Park quase um ms atrs. Eu fui toestpido. Eu j estava caindo de amor por ela, ento eu estava apenas tentando me convencer deque isso no estava acontecendo. E em vez disso, eu a convenci.

    Ele foi at seu sistema de udio e distraidamente escaneou sua coleo de CDs em massa. O

    primeiro CD que notou foi seuJazz Encores o mesmo que ele tinha selecionado para tocar noapartamento de Elizabeth. Com um suspiro que soou suspeitamente como um gemido aos seusouvidos, William pegou o CD da sua estante e enfiou na parte de trs de um armrio dearmazenamento na parte inferior de sua estante.

    Sua ao perturbou um grupo de antigos discos de vinil no armrio, fazendo-a tombar emum ngulo. Ele os alcanou e os colocou na posio vertical, e por um capricho removeu um daestante. Era o lbum favorito de sua me: Frank Sinatra. Ela tinha sido uma f devotada, e asmemrias de infncia de William incluam o som da voz de Sinatra rodopiando por aquela sala, quetinha sido dela at sua morte.

    No lbum em sua mo estava uma coleo de baladas sombrias. At mesmo a capa do lbumsugeria solido meia-noite, mostrando um desenho estilizado de um Sinatra pensativo em uma ruavazia, uma fita fina de fumaa direita do cigarro em sua mo.

    William descobriu seu aparelho e colocou a gravao sobre ele. Ele cuidadosamente abaixoua agulha e se acomodou em sua cadeira de couro, apoiando os ps descalos em um pufe. Eleapagou a luz ao lado de sua cadeira, mergulhando o quarto na escurido.

    A voz suave de Sinatra acariciou a cano-ttulo, as palavras dolorosamente apropriadas:

    Nas primeiras horas da madrugada,Enquanto o mundo inteiro est dormindo,

    Voc ficar acordado e pensa sobre a garotaE nunca, nunca pensa em contar carneiros.

    Quando o seu corao solitrio aprendeu sua lio,Voc seria dela se ela o chamasse,Nas primeiras horas da madrugada,

    Esse a hora que voc sente a maior falta dela. *

    William sentou-se em sua cadeira, olhando para a escurido. Elizabeth. Uma nica lgrimaescorreu de seus olhos, umedecendo seu rosto enquanto ele se acomodava para uma noite longa esolitria.____________________________________________________________________________

    William dificilmente reconheceu o homem olhando para ele no espelho do banheiro namanh seguinte. Sombras profundas borravam a rea sob seus olhos ocos, vazios, fazendo-o parecerainda mais plido do que ele era. Ele parecia pior do que se sentia, e aquilo queria dizer algo.

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    Ele tirou o robe e olhou para a pequena cicatriz em seu peito. Como se ele j no tivesseproblemas suficientes, ele tinha que ver a Dra. Rosemont mais tarde naquele dia. Ela iria entregar am notcia que ele tinha temido por semanas. Teria sido um conforto passar a noite com Elizabeth,esta noite, para me perder nela e esquecer os meus problemas por um tempo.

    Mas ela tinha desaparecido de sua vida. Nos mais escuros e desesperadores momentos desua noite, sua fria rejeio tinha ecoado repetidamente em sua mente, ferindo ainda mais o seu

    corao cada vez que ele ouvia. Sua nica esperana, e era uma bem fraca, era de que elareconsideraria e o chamaria. Mas como a noite tinha passado e ele reprisou eventos da noite em suacabea em um loop sem fim, aquela esperana tinha sido extinta. Sua rejeio tinha sido franca,clara e inequvoca e, ele admitia agora, bem merecida. Porque ela iria querer me ver de novo,depois da maneira como me comportei? Eu mereci perd-la, e ela merece um homem melhor.

    William se arrastou para o seu camarim para vestir suas roupas de corrida. Ele deveriaencontrar Richard no parque em meia hora, e cancelar era a fuga de um fraco.____________________________________________________________________________

    Elizabeth no era naturalmente uma pessoa da manh, mas ela estava acostumada a levantarcedoela sempre ensinava classes matinais, e em seus dias de folga do ensino sempre houve muito

    trabalho esperando para ser feito. Esta manh, porm, ela no conseguia se arrastar para fora dacama. Sua cabea doa e sua viso estava turva, provavelmente porque seus olhos estavaminchados.

    Ela tinha finalmente adormecido algum tempo depois das cinco horas, apenas para serdespertada duas horas depois, quando uma ambulncia passou pelo seu prdio. Desde ento, elaestava deitada na cama olhando para a orqudea e tentava se subornar para se levantar.

    Voc no gostaria de ir para a cozinha e fazer um belo pote de caf forte, Lizzy? Ser queno gostaria de um delicioso caf agora? Esta perspectiva finalmente a fez agir, e ela sentou-se eesfregou tmporas palpitantes.

    Ela se arrastou para a cozinha. O pote de caf estava meio cheio de uma lama apetitosa quecheirava a torrada queimada, e seu estmago executou um flip-flop enjoado. Ela havia esquecido dedesligar o aquecedor na noite passada, depois que William tinha ido embora.

    Enquanto o caf fresco estava se formando, ela foi at o banheiro e jogou gua fria em seurosto. Ela parecia a Medusaplida, com olhos vermelhos e inchados, e um emaranhado selvagemde frizz onde seu cabelo deveria estar.

    Ela serviu o caf e voltou para a cama, encolhendo-se sob as cobertas. Se ele tivesseconseguido o que queria, ele estaria aqui agora, deitado ao meu lado. Apesar de sua racionalidade,ela sentiu um arrepio de desejo com o pensamento, mas ela rapidamente o sufocou. Ele mais

    provavelmente estaria muito longe agora. Provavelmente no teria passado a noite. Afinal decontas, uma vez que ele tivesse conseguido o que queria, por que iria passar a noite em um distritode aluguel baixo?

    O pensamento despertou sua raiva de novo, mas morreu rapidamente. Ela tinha razo emrecus-lo, e ela ainda se ressentia de seu jeito manipulador, mas lamentou perder o controle. Euestava gritando como uma megera. Muito vinho, muita adrenalina... eu exagerei.

    O telefone tocou, assustando-a. E se for William? Elizabeth considerou deixar a secretriaeletrnica atender, mas descartou essa opo como covarde. Ela pulou da cama e atendeu o telefonena cmoda.

    "Al?" Sua voz tremeu um pouco."Liz, Char."Elizabeth sentiu uma mistura peculiar de alvio e pesar. "Char! Voc acordou cedo."". Eu tenho que ir at o Palo Alto esta manh, e eu queria ter a certeza de pegar voc em

    casa."

    Elizabeth levou o telefone de volta para a cama felizmente o cabo era longo o suficientepara alcanare voltou para sob as cobertas. "Ento o que ?"

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    "Jane telefonou ontem noite. Ela vai ter que ficar mais um dia em Sacramento, ento eudisse que eu iria busc-la no aeroporto amanh. Ela deve estar de volta pela hora do jantar, e eu evoc podemos sair at l."

    Os olhos de Elizabeth se encheram de lgrimas. Ela no percebeu o quanto ela estavaprecisando ver Jane. Era um atraso de apenas algumas horas, mas ela sentiu como umacalamidade. "Tudo bem, disse ela, com a voz trmula enquanto lutava para conter as lgrimas.

    "Liz, voc est bem? Voc parece terrvel."Elizabeth se sentiu humilhada por encontrar-se chorando. Ela tentou abafar os sons, masCharlotte tinha obviamente ouvido.

    "Liz, qual o problema?"Com uma voz hesitante, Elizabeth contou a Charlotte a histria do partido e do

    rescaldo. Quando ela terminou, Charlotte ficou em silncio por um momento, e ento fez umapergunta.

    "Primeiro, eu preciso ter certeza de que ele no a forou a fazer qualquer coisa. Porque seele fez..."

    Elizabeth exalou lentamente, sentindo-se estranhamente calma agora que tinha contado suahistria. "No", ela disse calmamente. "No, ele parou assim que eu disse para ele parar. Mas ele

    queria muito mais.""Voc pode dizer honestamente que voc no queria mais tambm?""Voc est perdendo o foco. Isto prova que ele como qualquer outro cara, tudo que ele

    quer me levar para a cama, e ele estava disposto a mentir para conseguir isso.""Eu gostaria de estar a agora, ento eu poderia te bater na cabea. Voc queria ele tambm,

    no ?"Elizabeth revirou os olhos. "Eu disse a voc, isso est alm do foco.""No, no est. Responda minha pergunta.""Tudo bem. Quando estou com ele, eu... Eu nunca senti nada como aquilo antes. Quando ele

    me beija ou... me toca, quase impossvel resistir a ele. Fiquei tentando me fazer parar, mas eu malconseguia encontrar fora para faz-lo." Elizabeth lambeu os lbios, lembrando seus beijosrequintados e o calor sufocante em seus olhos.

    "Ok, ento, em outras palavras, ele deixa voc quente e excitada. E voc me disse antes quetinha aprendido a gostar dele. Isso uma coisa boa, Liz, e voc est tratando isso como umatragdia."

    "Mas ainda muito cedo para... bem, para..."" muito cedo para voc, mas, aparentemente, no para ele."Elizabeth estava ficando irritada. "Certo. Porque o principal objetivo dele era me agarrar

    antes de eu sair da cidade."Charlotte suspirou ruidosamente. "Voc enlouquecedora s vezes! O que que este pobre

    homem tem que fazer para te convencer que ele louco por voc?""Eu no sei, mas me jogando no sof com certeza no est nessa lista.""Ok, ento ele se empolgou no calor do momento. E voc tambm. Mas esse no o ponto

    que eu queria chegar."Elizabeth podia sentir uma palestra chegando. "Tudo bem, v em frente", ela resmungou."Deixe a noite passada de lado por um minuto e pense sobre algumas das outras coisas que

    ele fez. Ele engoliu seu orgulho e pediu desculpas a voc. Ele estava enviando-lhe flores todos osdias. Ele te ligou a cada noite enquanto estava fora da cidade na semana passada. Ele a levou parasua casa e lhe apresentou para sua famlia. Voc acha que ele faz isso com todas as mulheres queele conhece?"

    "No, mas...""E no diga que ele s fez aquelas coisas para voc para a cama."

    "Por que no? Provavelmente verdade.""Voc vem dizendo o tempo todo que ele pode ter praticamente qualquer mulher que elequeira, e eu acho que provavelmente voc est certa. Ento, por que ele investiria todo esse esforo

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    em voc, se tudo o que ele queria era sexo? No parece com um desperdcio de tempo, se ele podesimplesmente entrar em qualquer bar em Nova York e conseguir uma companhia feminina?"

    Elizabeth tomou um gole de caf em silncio. Ela odiava admitir, mas Charlotte estavafazendo sentido.

    "Voc no consegue ver que ele est fazendo essas coisas porque voc importante paraele? Voc. Voc toda, e no apenas o seu corpo. E eu no estou dizendo que ele no gosta do seu

    corpo. Obviamente que ele gosta, e o que h de errado com isso? Quero dizer, voc preferiria queele se sentisse repelido quando visse voc?"Claro que no.""E, alm disso, voc gosta do corpo dele, no ? Quero dizer, com certeza voc j percebeu

    que ele muito bem dotado."Elizabeth suspirou alto. Ela odiava quando Charlotte tinha razo. "Sim.""Ento, sim, ele quer lev-la para a cama. Mas voc estava tentada tambm, ento por que

    ele no pode querer voc?"" muito cedo.""Pra voc, e isso justo. Mas ele se sente diferente, e voc no pode esperar que ele leia a

    sua mente. Por que voc apenas no lhe disse como se sentia, em vez de lanar um ataque e chut-lo

    para fora?"Elizabeth se irritou com essa crtica implcita, embora ela tivesse se perguntando a mesma

    pergunta na ltima hora. "Eu estou to cansada de voc e Jane ficarem sempre do lado dele! Vocno estava aqui ontem noite. Voc no sabe o que realmente aconteceu!" Lgrimas caram porsuas bochechas enquanto ela segurava o telefone, tentando recuperar o controle de suas emoes.

    "Liz, estamos do seu lado, e voc sabe disso", disse Charlotte com uma voz tranquila, mascheia de autoridade. "Mas eu acho que William realmente se importa com voc, e parece que vocest comeando a se preocupar com ele. Eu odeio ver voc jogar isso fora."

    "E quanto s flores e toda a ateno no a primeira vez que um cara teve esse monte deproblemas, quando tudo o que ele queria mesmo era me levar para a cama. Michael fez isso. Ele erato encantador, ele fez parecer que eu era a coisa mais importante em seu mundo. Eu acrediteinaquela noite, quando ele disse que me amava. E ento..."

    "Eu sei. Ele acabou por ser um verdadeiro bastardo. Mas voc no deve presumirautomaticamente que William assim."

    "Eu acho que o que piorou tudo a noite passada foi que... bem, voc nunca conheceuMichael, mas ele parece um pouco com William."

    "Srio? H dois homens no mundo lindos daquele jeito, e voc se encontrou com os dois? Avida to injusta."

    Elizabeth no pde deixar de sorrir. "Michael era bonito, mas no como William. Masambos so altos, com cabelos ondulados e olhos castanhos escuros, e suas caractersticas sosemelhantes. provavelmente uma das coisas que me atraiu para Michael em primeiro lugar, eleparecia com o meu dolo."

    "Isso faz sentido.""Ento na noite passada quando William disse 'eu te amo', como Michael fez, alguma coisa

    se partiu em mim e eu comecei a gritar.""Pobrezinha. Pobre William, tambm. Aposto que ele no soube o que o atingiu.""Eu sei, mas ele no deveria ter mentido sobre me amar."Charlotte gemeu de desgosto. "Por que voc se recusa a aceitar que ele pode ter dito a

    verdade? Voc no me ouviu?""Eu estou disposta a admitir que talvez ele goste de mim. Voc est certa, ele provavelmente

    no teria tido todo aquele esforo se no fosse isso. Mas amor? De jeito nenhum. Pense em quemele , e quem eu sou."

    "Ah, estamos fazendo o nmero eu no sou digna de novo?""Qual , Char. Eu no estou me colocando para baixo, estou apenas sendo realista. Ele charmoso, inteligente, extremamente talentoso, bonito, rico e famoso. Ele poderia namorar estrelas

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    de cinema, modelos, o que ele quiser. E ele vai se contentar com uma professora de msicacomum?"

    "Voc no comum. Voc disse que ele inteligente, talvez ele seja inteligente o suficientepara ver como voc especial. Alm disso, ele no me parece o tipo superficial que estejaprocurando um mimo desmiolado para decorar seu brao."

    "Alm disso, h outra questo, a coisa de f."

    "A coisa de f?""Lembra quando voc costumava idolatrar Chris Isaak, o que voc teria feito se ele ligasse ete chamasse para sair?"

    "Eu diria sim, e ele acabaria de costas na minha cama ou na dele, no teria importncia,antes do final do primeiro encontro. Prxima pergunta."

    Elizabeth sorriu apesar de sua opinio. "Verdade. Voc no um bom exemplo.""Mas eu acho que sei o que voc est dizendo. Voc no tem certeza se voc realmente quer

    ter filhos de William Darcy ou se voc est apenas intimidada pelo status dele.""Isso um pouco exagerado, mas, sim.""E voc no quer mergulhar de cabea at saber com certeza. Isso razovel. Ento por que

    no fala com ele? Diga-lhe que voc est interessada, mas que pretende levar o relacionamento

    lentamente.""Jane disse a mesma coisa ontem de manh.""Bem, evidente que voc precisa para comear a nos ouvir. Somos mais velhas e mais

    sbias, voc sabe."Elizabeth riu. "Voc no nem dois meses mais velha do que eu.""Eu estou falando de experincia, no de anos civis. E com base nisso, eu sou velha o

    suficiente para ser sua av.""Ok, av. No se esquea de sua bengala, quando voc sair hoje."Charlotte riu. "Falando em sair, me desculpe, mas eu tenho que correr. Estou apresentando

    um trabalho na Universidade de Stanford esta manh, e o trfego vai ser um pesadelo. Eu poderia teligar de volta uma vez que estiver no carro, se voc quiser."

    "No, est tudo bem. Estou me sentindo muito melhor agora. Obrigada por escutar, e pelobom conselho."

    "Agradea-me ligando pra William," Charlotte atirou de volta."Eu vou pensar sobre isso. E eu vou v-la amanh no aeroporto. Voc tem o meu nmero de

    voo e horrio de chegada?""Sim, estou pronta." Charlotte parou por um momento e depois continuou. "S mais uma

    coisa, Liz, e ento eu realmente tenho que ir. Seu passado deixe que seja s isso, passado. Vocno acha que hora de comear a viver no presente?"

    "Char...""William no o Michael. Mas voc est punindo William pelos pecados de Michael. Isso

    no justo com ele. Alm disso, voc est fazendo a si mesma miservel."Os olhos de Elizabeth ardiam com lgrimas repentinas, e ela no respondeu."Basta pensar nisso, ok?" Charlotte disse."Tudo bem. Eu vou," Elizabeth respondeu com uma voz que no passava de um

    sussurro. "Tchau."Ela desligou o telefone e enxugou os olhos com um leno de papel, sua mente uma confuso

    de pensamentos contraditrios. Ela olhou para o telefone em silncio por alguns segundos, masdepois balanou a cabea.No, eu preciso pensar sobre as coisas antes de ligar pra ele.

    Era hora de se mexer, isso era certo. Elizabeth tinha um dia agitado a frente e ela tinha seescondido sob as cobertas fungando por tempo suficiente. Ela respirou fundo, olhou para a orqudeamais uma vez, e foi para o banheiro para tomar seu banho.

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    ------* - "Nas primeiras horas da madrugada," (D. Mann / B. Hilliard). Cantada por Frank Sinatra em "Namadrugada", Capitol Records, de 1998, originalmente lanado 1955.

    Texto Original:http://darcymania.com/aus/chr/18.htm

    Traduo: Lizzie Rodrigues

    http://lizzierodrigues.blogspot.com.br/

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