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RESUMO O conceito de gestão está relacionado ao conhecimento e à prática que fazem as orga- nizações funcionarem em re- lação a determinados objetivos.A escola é o espaço público escolhido pela socie- dade para, através de suas ações, atingir seus objetivos educacionais. Nas escolas in- seridas ou junto a comunida- des carentes, surge no Brasil, nos anos 80, a figura do ani- mador cultural, que passa a realizar um trabalho de educa- ção popular, mais relacionado, em geral às artes e educação física, por serem, em geral, pro- fissionais dessas áreas. En- quanto em nosso país não há uma formação específica, na Franca, o animador cultural possui formação em curso em nível universitário, chegando a atingir um contingente de cerca de 200.000 profissionais. Pro- pomos nesse trabalho a mudança de eixo da animação cultural em escolas brasileiras, ou seja, que ela se fundamente em uma posição que Uma Competência Emergente na Gestão Escolar: A Animação Cultural Vera Vergara Esteves Wally Chan Pereira Lucia Maria França Siano Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.47, p. 169-180, abr./jun. 2005 Vera Vergara Esteves Doutora em Educação, Facul- dade de Educação da UFRJ Diretora de Pesquisa da Associ- ação Brasileira de Políticas Pú- blicas e Administração da Edu- cação-ANPAE [email protected] Wally Chan Pereira Doutora em Educação, FE/UFRJ Professora do Curso de Mestrado da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ [email protected] Lucia Maria França Siano Mestre em Educação, PUC/RJ Professora Aposentada da Fa- culdade de Educação da UFRJ Assessora Pedagógica da Univer- sidade Castelo Branco -UCB [email protected] ultrapasse a de educação popular dos anos 80 para um conceito habermasiano de desenvolvi- mento da subjetividade para atingir a autono- mia do sujeito, conjugado a uma ação comunicativa nas comunidades próximas e envolvido com um pro- jeto de profissionalização baseado em competências. Palavras-chave: Ges- tão. Animação cultural. Profissionalização. Com- petências. ABSTRACT An emerging competency in school administration: cultural animation The concept of admi- nistration is related to knowledge and practice, which lead the organizations to perform in terms of set objectives. School is the open space cho-

Uma Competência Emergente na Gestão Escolar: A Animação ... ESCOLAR/leitura anexa 4.pdf · centrada nas universidades), a indústria cultural e a cultura popular. A evolução

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RESUMOO conceito de gestão está relacionado ao

conhecimento e à prática que fazem as orga-nizações funcionarem em re-lação a determinadosobjetivos.A escola é o espaçopúblico escolhido pela socie-dade para, através de suasações, atingir seus objetivoseducacionais. Nas escolas in-seridas ou junto a comunida-des carentes, surge no Brasil,nos anos 80, a figura do ani-mador cultural, que passa arealizar um trabalho de educa-ção popular, mais relacionado,em geral às artes e educaçãofísica, por serem, em geral, pro-fissionais dessas áreas. En-quanto em nosso país não háuma formação específica, naFranca, o animador culturalpossui formação em curso emnível universitário, chegando aatingir um contingente de cercade 200.000 profissionais. Pro-pomos nesse trabalho a mudança de eixo daanimação cultural em escolas brasileiras, ou seja,que ela se fundamente em uma posição que

Uma Competência Emergente

na Gestão Escolar:

A Animação Cultural

Vera Vergara Esteves

Wally Chan Pereira

Lucia Maria França Siano

Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.47, p. 169-180, abr./jun. 2005

Vera Vergara Esteves

Doutora em Educação, Facul-dade de Educação da UFRJ

Diretora de Pesquisa da Associ-ação Brasileira de Políticas Pú-blicas e Administração da Edu-

cação-ANPAE

[email protected] Chan Pereira

Doutora em Educação, FE/UFRJProfessora do Curso de Mestradoda Faculdade de Administração e

Ciências Contábeis da UFRJ

[email protected] Maria França Siano

Mestre em Educação, PUC/RJ

Professora Aposentada da Fa-culdade de Educação da UFRJAssessora Pedagógica da Univer-

sidade Castelo Branco -UCB [email protected]

ultrapasse a de educação popular dos anos 80para um conceito habermasiano de desenvolvi-mento da subjetividade para atingir a autono-

mia do sujeito, conjugadoa uma ação comunicativanas comunidades próximase envolvido com um pro-jeto de profissionalizaçãobaseado em competências.Palavras-chave: Ges-tão. Animação cultural.Profissionalização. Com-petências.

ABSTRACTAn emergingcompetency inschooladministration:culturalanimation

The concept of admi-nistration is related to

knowledge and practice, which lead theorganizations to perform in terms of setobjectives. School is the open space cho-

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sen by society to, through its actions, rea-ch educational targets. The figure of cultu-ral animator arises in Brazil in the 80’s atschools inside or next to needy communiti-es, and who starts to carry out a populareducation process in general more con-nected to arts and physical fitness, as theyare, in general, professionals in these are-as. Whereas in Brazil there is no specificformation for this professional, in France thecultural animator has a university degree,encompassing a range of about 200.000professionals. We propose in this work achange in direction of cultural animationin Brazilian schools, that is, it should bebased on a position transcending populareducation of the 80’s to a “habermasian”concept of subjectivity development to ena-ble individual autonomy, simultaneous toa communication action in near communi-ties and involved with a project of professi-onalisation based on competencies.Keywords: Administration. Cultural anima-tion. Professionalisation. Competencies.

RESUMENUna competenciaemergente en la gestiónescolar: animacióncultural

El concepto de gestión está relaciona-do al conocimiento y a la práctica que ha-cen con que las organizaciones actuen apropósito de determinados objetivos.La es-cuela es el espacio público elegido por lasociedad para, mediante sus acciones, al-canzar sus objetivos educacionales. En lasescuelas insertas o junto a comunidadesnecesitadas, surge en Brasil, en los años80, la figura del animador cultural, que pasaa efectuar un trabajo de educación popu-

lar, más relacionado, en general, a las ar-tes y a la educación física, ya que son, engeneral, profesionales de esos campos deactividad. Mientras en nuestro país no hayuna formación específica, en Francia, elanimador cultural tiene formación en cursoa nivel universitario, llegando a un contin-gente de cerca de 200.000 profesionales.Proponemos en este trabajo el cambio deleje de la animación cultural en las escue-las brasileñas, o sea, que ella se fundamen-te en una posición que sobrepase la de laeducación popular de los años 80 para unconcepto habermasiano de desarrollo dela subjetividad para alcanzar la autonomíadel sujeto, conjugado a una acción comu-nicativa en las comunidades prójimas e in-volucrado con un proyecto de profesionali-zación fundamentado en competencias.Palabras clave: Gestión. Animación cul-tural. Profesionalización. Competencias.

É no cotidiano que se constrói a culturae a história de uma sociedade. As institui-ções criadas para sustentar a sua manu-tenção são, ao mesmo tempo, responsá-veis pelas transformações que ocorrem nes-sa sociedade, uma vez que suas normasobedecem a diretrizes políticas que se cons-troem historicamente.

O conceito de cultura pode ser examina-do por diversas visões teóricas; como; a) siste-ma de significação (GEERTZ, 1978); b) ex-pressão política da inserção social dos dife-rentes grupos que compõem a sociedade (MO-RIN,1979); c) sistema de comparação entrecultura e distância social. (BOURDIEU, 1979).

Segundo Geertz (1978) o homem vê omundo através de sua cultura e pode levá-lo a considerar o seu modo de vida comoo mais correto e mais natural.

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O conceito de cultura é essencialmentesemiótico. Acreditando como Max We-ber, que o homem é um animal amar-rado a teias de significado que elemesmo teceu, assumo a cultura comosendo essas teias e sua análise; por-tanto, não como uma ciência experi-mental em busca de leis, mas comouma ciência interpretativa, à procurado significado. (GEERTZ, 1978, p. 15).

Segundo o autor essa interpretação seconcretiza numa descrição densa, feita pelaetnografia que é uma hierarquia estratificadade estruturas significantes. Para se conheceras dimensões significantes dessas estruturas énecessário que se mergulhe no meio delas;“não são as nossas questões as mais profun-das, mas as respostas que outros deram”.

A cultura encarnada e socializada temum papel cada vez mais central a desem-penhar na construção de um futuro paraas nações pobres.

No Brasil, a produção cultural, não de-pende apenas de tecnologias sofisticadas,pode ser criada por uma população muitasvezes iletrada, sem necessidade de técnicascientíficas, mais próxima ao senso comum,com grande riqueza de inventividade.

Segundo Bosi (1992, p. 309)[...] poderíamos falar em uma culturaerudita brasileira, centralizada no siste-ma educacional (e principalmente nasuniversidades), e uma cultura popular,basicamente iletrada, que correspon-de aos mores materiais e simbólicos dohomem rústico, sertanejo ou interiora-no, e do homem pobre suburbano ain-da não de todo assimilado pelas estru-turas simbólicas da cidade moderna.

A cultura está, também, estreitamenterelacionada às respostas dadas aos gran-des desafios contemporâneos, como a ace-leração da construção européia, a mundi-alização, a sociedade da informação, oemprego e a coesão social.

Encontramos três conjuntos culturaisbem diferenciados: a cultura erudita (con-centrada nas universidades), a indústriacultural e a cultura popular.

A evolução tecnológica, produzida poruma cultura erudita se desenvolve pela pes-quisa científica universitária e se transmite apartir de um processo de escolarização àsdemais gerações e membros da sociedade.

A cultura de massa, ou indústria cultu-ral, atinge todos os estratos da sociedade,crescendo mais significativamente no inte-rior das classes médias.

A cultura popular pertence, tradicional-mente, aos estratos mais pobres, o que nãoimpede o seu aproveitamento pela culturade massa e pela cultura erudita,

Recentemente, Yúdice (2005) analisa,a partir de suas pesquisas no continenteamericano, dos Estados Unidos ao Brasil,como a cultura tem sido tratada e assimila-da nos últimos anos em fóruns internacio-nais, sendo objeto de negociações em tra-tados de livre-comércio e de políticas deinclusão social.

Yúdice (2005) defende a idéia de que acultura, cada vez mais, a partir, principal-mente, dos últimos vinte anos, deve serpercebida e valorizada da mesma formaque os recursos naturais: assim como a águaou as florestas. Com as novas tecnologias

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da informação e da comunicação o capi-tal mais importante é o capital do conheci-mento: as idéias, a informação. Para ele, éa desmaterialização dos recursos.

A cultura, em sua opinião, deve sergerenciada, a fim de garantir o equilíbriode interesses entre os formadores, cria-dores, empresas e sociedade, ou seja,como recurso para fortalecer o tecido so-cial. Não se pode pensar em cultura, sempensar em economia e bem-estar social.Isso não significa que essa responsabili-dade esteja somente nas mãos do gover-no, mas nas articulações entre instituiçõesdo governo e organizações da sociedadecivil, entre elas, a escola.

A escola tanto como organização ouinstituição da sociedade surgiu na socie-dade pela necessidade de conservação ede desenvolvimento cultural. A ação trans-formadora do processo educativo ocorre,segundo Saviani (1991), quando se pre-tende que o saber espontâneo, natural sejasuperado pelo saber metódico e sistemáti-co da cultura erudita. Tal superação se dá,quando o saber objetivo da ciência se con-verte em saber escolar, não apenas em ní-vel de assimilação, mas quando o sujeitoconsegue ele próprio apreender a construire produzir seu conhecimento.

É através da direção tomada pelo pro-cesso educativo na escola que podere-mos considerá-la como instituição capazde transmitir, através da sua práxis, tantoos conhecimentos e os valores conside-rados válidos, como o processo de cons-trução e produção cultural. Para tanto énecessário identificar as condições queviabilizam o alcance desse objetivo nainstituição escolar.

Quem orienta a direção do processoeducativo na escola?

Krawczyk (1999) refere-se à gestão daescola, relacionando-a às relações de po-der no interior do sistema educativo e dainstituição escolar, assim como ao caráterregulador do Estado e da sociedade noâmbito educacional. Destaca o papel arti-culador da gestão entre metas, definiçõespolíticas e as práticas escolares, ou seja,define gestão como um espaço de “encon-tro entre o Estado e a sociedade civil naescola”. Logo, a gestão escolar não se es-gota no âmbito da escola, mas encontra-se inserida na gestão do sistema educati-vo, incluindo o espaço sociocultural. Ouseja, a gestão da escola deve ter a preocu-pação em construir uma identidade institu-cional, comunitária e cultural.

Mudanças naGestão Escolar

A influência dos pressupostos das teori-as clássicas, enfatizando a eficiência eco-nômica e a racionalidade técnica do mode-lo burocrático, retiraram da administraçãoescolar a ênfase nas atividades-fim, isto é,no que se refere à educação propriamentedita, dando relevo especial às atividades-meio, restringindo-se, quase sempre, à qua-lidade formal do processo pedagógico.

Nos anos 60 e 70 a administração es-colar funcionou com ênfase na divisão so-cial do trabalho – administração, supervi-são escolar e orientação educacional, exer-cendo um poder coercitivo sobre o corpodocente e discente.

Nos anos 80, inicia-se na escola umanova estratégia, em nível sociocultural, su-

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blinhando a participação da comunidade.É um novo paradigma organizacional quese propõe a mobilizar a comunidade inter-na e externa próximas, através de mais in-formação, mais inclusão social e cultural,compromisso coletivo, delegação de res-ponsabilidade e descentralização nas de-cisões, em contraposição aos modelos decentralização técnico-burocrática e culturaerudita da década anterior.

A expressão gestão escolar cunha-se,nesse momento, para designar a amplia-ção dos conteúdos da área de administra-ção, abrangendo, além da organização dotrabalho escolar, a área pedagógica e ademocratização do papel do gestor, que seestende para toda a comunidade.

Esse conceito de gestão escolar come-ça a ser experimentado por algumas insti-tuições, a partir da democratização da so-ciedade brasileira, principalmente ao finalda década de 80, quando se constatou umamudança da unipessoalidade da autorida-de do diretor da escola e da linha hierár-quica vertical, com nítida separação entrea concepção e a execução das atividadesadministrativas e educacionais, para o iní-cio de direção colegiada compartilhada.

É através dos valores que orientam asações da escola que poderemos chegar aconstruir uma ética profissional capaz deaceitar a pluralidade sem, no entanto, ha-ver uma ruptura em nível de objetivos. É,portanto, tarefa da gestão, através da açãoadministrativa participativa, buscar atravésdessa ação, o estabelecimento dos princípi-os básicos e dos valores que irão subsidiara práxis escolar, propiciando o surgimentode uma filosofia e uma cultura organizacio-nal que acolha tanto as diferenças comuni-

tárias como individuais, na construção doprojeto pedagógico da escola.

Na educação institucionalizada, é ne-cessária uma cultura organizacional queleve em consideração a transformação devalores, costumes e crenças sociais no uni-verso sociocultural da realidade escolar,deixando de considerar, como diz Geertz(1978) o seu modus faciendi como o maiscorreto e mais natural, acolhendo as mu-danças da realidade escolar, na medida emque esse acolhimento busque atingir um agircomunicativo entre escola - comunidade.

A Organização Escolare seu Contexto

No âmbito em que a escola está situa-da, Erny (1981, grifo do autor) mostra que,aos fatores que dependem do contexto so-cial, é preciso acrescentar aqueles que seprendem mais diretamente à ordem da cul-tura e se relacionam às maneiras de viver ede pensar, em outras palavras, à história eaos conteúdos da vida social próprios acada população e que se apresentam,igualmente, como objetos de aprendizagem.

Deve-se pensar, segundo Erny (1981,p. 126), pragmaticamente nos seguintespontos:

• suas bases geográficas, ecológicas,econômicas e demográficas;

• sua tecnologia (ferramental, habita-ção, alimentação, vestimenta, técni-cas corporais );

• seus sistemas de comunicação: lín-gua, mímicas, gestos, outros sistemasde signos convencionais, tais comoos semáforos e os sinais de trânsito;

• as estruturas sociais e os sistemas de qua-lificação e de atitudes que delas derivam;

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• seus sistemas de representações;• seus sistemas de valores;• seu ethos, sua sensibilidade, sua

maneira particular de sentir as coisase reagir afetivamente;

• seu patrimônio, o que ela transmitede geração a geração sob forma deum saber codificado, de produçõesartísticas, de construções, de meios decomunicação, de literatura;

• seu estilo de pensamento, de vida, derelação, de expressão;

• a dinâmica que a anima.

Como podemos inferir, a gestão es-colar não é tarefa que se realiza apenasno âmbito restrito da organização esco-lar, no que ela tem de particular, mas exi-ge conhecimento e diálogo com a comu-nidade, em função de uma estratégia quese concretiza no projeto do estabelecimen-to, expressão de uma proposta coletiva,permanentemente (re)elaborado pela co-munidade escolar. Sua utilização permitea criação de processos instituintes e en-dógenos, de produção de inovações nasescolas, que se contrapõem às estratégi-as puramente burocráticas e administra-tivas, a partir de diretrizes traçadas pelosistema escolar central, que, praticamen-te, não reconhecem a autonomia e a in-dividualidade da escola e do contexto so-ciocultural em que se situam.

Compreendendo a escola como ins-tituição marcada por sua natureza edu-cativa, como espaço auto-organizado deconservação e de transformação cultu-ral, observamos que muitas das compe-tências administrativas tradicionais,como o planejamento, a organização, acoordenação e a avaliação, permane-cerão, por força das necessidades ad-

ministrativas e pedagógicas, como pro-jeto concebido a partir de seu interior ea gestão escolar como a ponte entre opolítico, o administrativo e o pedagógi-co, emergem novas competências cog-nitivas, comunicativas e socioculturais,como a própria gestão, a informática ea animação cultural.

Por esse novo paradigma, a gestão es-colar busca a auto-regulamentação e a au-tonomia dos atores sociais, pelo exercícioda participação, aliada ao profundo conhe-cimento de sua missão e de sua cultura.

Por intermédio da Escola. no Brasil, comapoio governamental e não-governamental,das ONGs e das associações comunitárias,tem ocorrido mudança de valores e de hábi-tos sociais como o cuidado com a preserva-ção de florestas, a diminuição da pesca pre-datória e do trabalho infantil, entre outros.

Nessas comunidades tem havido um tra-balho constante, persistente que exigiu umprojeto pedagógico com grande conheci-mento da comunidade, suas associações elíderes locais. É um processo longo, muitasvezes lento de negociação entre a Escola, oEstado e a Comunidade para obter a con-cretização de um processo coletivo, que ge-ralmente é reformulado, lentamente, por pro-blemas que vão surgindo no cotidiano.

Esse processo é, às vezes, mais facil-mente desenvolvido em comunidades me-nores; ao passo que, no complexo urbano,a mudança de valores e de hábitos sociaisé um processo mais difícil, pois a escolasofre influências tanto da mídia, como desegmentos sociais marginais que pressio-nam e, às vezes, condicionam tanto o com-portamento das famílias como dos alunos.

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Esses projetos influenciam na Escola oscurrículos, as atividades multiculturais dosconteúdos programáticos, de acordo coma realidade próxima, assim como, esta éinfluenciada pela educação de base ad-quirida na escola e levada, pelos alunos,às suas famílias.

Diante do exposto, julga-se que a ani-mação cultural poderá se constituir em va-lioso instrumento para a escola. No entan-to, no Brasil, para se implantar a anima-ção cultural, a sociedade necessita identifi-cá-la como uma transformação política esocial com objetivos bem definidos, pararealizar como um dos produtos culturais aautonomia do sujeito, através da sua qua-lificação profissional.

No Brasil, essa temática ainda não temmerecido por parte dos pesquisadores umtratamento especial, como ocorre em ou-tros países, como a França, onde já se cri-aram cursos superiores específicos nessaárea de conhecimento.

Neste trabalho vamos focalizar a ani-mação cultural, como produto da gestãoescolar.

Teoria daAnimação Cultural

A animação cultural tem sido praticadacomo um campo de luta pela afirmaçãoda cidadania, como valorização do sociale do fortalecimento da democracia, na quala participação é obrigatória.

Pretende atingir o mundo objetivo dequem fala - o mundo social - e o mundopróprio, subjetivo do sujeito. Por intermé-dio do diálogo e da ação comunicativa,

possibilita que o sujeito analise, no seucontexto, suas experiências em relação àsua circunstância e ao outro, viabilizandoainda a tomada de consciência de seu des-tino histórico e o (res)surgimento da soli-dariedade pelo engajamento coletivo.

A linguagem da Animação Culturaldeve preencher as três funções da co-municação ci tadas por Habermas(1989): a reprodução cultural, a inte-gração social e a socialização da inter-pretação cultural das necessidades.Logo, a animação tem uma ação edu-cativa face uma sociedade minada porprivilégios e pela manipulação; tentadesenvolver o diálogo, a ação comuni-cativa e a solidariedade. É um métododialético de transformação social.

A animação cultural poderá partici-par da fundação de novos modos de pen-samento, novas racionalizações, novasperspectivas de utopia e de contribuiçãopara a renovação de princípios organi-zacionais das sociedades. A animaçãoexiste como uma práxis, uma interaçãoda reflexão e da prática.

Observa-se uma evolução no conceitode animação. Conforme Gillet, (2003, p. 1)

a primeira fase, de caráter ideológi-co, caracteriza a animação como umaação pedagógica para o indivíduotomar consciência da liberdade a serconquistada. Tal concepção apresen-ta três orientações essenciais:a) próxima à tradição da educaçãopopular, é herdeira do iluminismo edas idéias republicanas. Visa desen-volver cidadãos esclarecidos pelaposse de grandes linguagens racio-nais, estéticas e econômicas para

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participarem da vida democrática edas transformações necessárias;b) segue a linha de Durkheim e temcomo função desbloquear as comu-nicações sociais e desenvolver aadaptação às novas formas de vida.Foi uma orientação predominantenos anos 50 e 60, nas ações comu-nitárias dos bairros;c)e a visão próxima do marxismotem a perspectiva de alargamentoda consciência política visando à li-berdade total.

O campo da animação é o da ciênciana prática, tendo seguido dois modelosbásicos:

1. consumista - É a animação reduzidaa seu valor de uso; o modelo privilegia aação, o agente, o programa, o instituído,a socialização, o consumo e a prática. O

papel é passivo: pessoas e grupos sociaistêm produtos para consumir.

2. animação abstrata – tem, sobretudovalor de troca. É lugar de criação, trans-formação de valores simbólicos, um vetorabstrato em torno de questões que afetamtoda a sociedade. O modelo privilegia aação, o ator, o projeto, o instituínte, a soci-abilidade, o conflito, a práxis.

Pelo exame das categorias dos dois mo-delos, no quadro abaixo, podemos situá-los, o primeiro na sociologia do consenso eo segundo na sociologia do conflito. Nestaa lógica do ator se coloca como prioritáriaà lógica do sistema para analisar o contextosocial, através da autonomia do sujeito e deuma ação comunicativa nas comunidades,envolvendo um projeto que encontra, naanimação cultural, o eixo condutor da trans-formação sociocultural.

Categorias Básicas da Animação CulturalModelo Consumista Modelo de animação abstrata

Ação Ação

Agente Ator

Programa Projeto

Instituído Instituínte

Socialização Sociabilidade

Consumo Conflito

Prática Práxis

Animação Culturale seus Atores

No Brasil, nos anos 80, nas escolas jun-to a comunidades carentes, surge a figurado animador cultural, que passa a realizarum trabalho de educação popular, mais re-lacionado, às artes e educação física, por

serem, em geral, profissionais dessas áreas.

As crises sociais mobilizaram o pensa-mento sociológico e psicológico em direçãoa uma práxis, sendo construídos três para-digmas de animação cultural que visavam:

1) à articulação de uma teoria da ani-mação com uma teoria dos atores-anima-

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dores, mobilizados pela paixão e curiosi-dade, permeadas pela dúvida para mini-mizar a subjetividade;

2) a lógica do ator prioritária à lógicado sistema para analisar o contexto social;

3) o apoio da psicologia e da sociolo-gia ao estudo do animador e de seu ambi-ente sociocultural.

Atualmente, nos países europeus, os ato-res da animação cultural estão vivenciandouma fase onde dispõem de mais de um mo-delo de intervenção na sua bagagem profis-sional, que lhes permitem negociar o tempoe o espaço de cada uma de suas estratégias,o que supõe uma nova estruturação, umarecomposição do campo de atuação.

A ação desses atores exige um trabalhodotado de um sistema de representações so-bre seu valor social, seu saber sobre as rela-ções sociais que sustentam em um projeto edu-cacional. Sua concepção de trabalho, umaprática profissional de intervenção com estra-tégias autônomas, levando em conta a reali-dade social, econômica e cultural, o papel doEstado e de outros atores comunitários, semperder de vista o plano político, os ideais e osvalores fundamentais da animação.

As competências do animador cultural po-derão, assim, evoluir, utilizando as idéias dedesenvolvimento da subjetividade de Habermas(1989) – a ação comunicativa – para atingir aautonomia do sujeito, garantir a inclusão bus-cada pelos grupos da população desejosos deterem consciência do que ocorre em seus terri-tórios para fazer valer seus direitos.

O objetivo da animação consiste em criar ascondições máximas para que o sujeito se torne oque ele é, isto é, abandonar as imagens de ex-cluído como portador de conhecimentos de base,

com possibilidades intelectuais limitadas e mes-mo de caráter instável e substituí-las por um pos-tulado de potencialidade do sujeito. Visa colocartodos os cidadãos em posição de gerar seus pró-prios negócios, de participar da cooperação so-cial com base no respeito às condições de igual-dade e inserido, portanto, em uma concepçãohumanista da animação cultural.

Logo, os atores da animação cultural sãotodos os membros da comunidade educati-va, quando visam à transformação, quandoparticipam da elaboração de regras de açãodemocrática, quando atuam, na comunida-de, contra a exclusão, as interdições, as tur-bulências e desordens que contribuem paraminimizar o bem estar da comunidade.

O Locus da AnimaçãoCultural e as Competênciasdo Gestor Escolar

A animação cultural exerce, além das fun-ções de socialização e de inovação, funçõeslúdicas, criativas, educativas e culturais. Es-sas funções são também ações próprias àorganização escolar; o que leva a conside-rá-la como espaço de animação cultural e,por isso, o gestor como um de seus atores.

A gestão escolar estaria localizada nomodelo de animação abstrata por seu ca-ráter pró-ativo, marcado por uma práxis detransformação, em que a ação dos atoresestá intimamente relacionada ao projetopedagógico da escola, que não pode ig-norar na sua implementação o conflito quepode surgir no embate das opiniões dacomunidade, apesar da sociabilidade la-tente que direciona a ação de seus inte-grantes, em função dos objetivos comunsde educação, que são perseguidos pelaorganização escolar.

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Por exemplo, numa comunidade em queo palmito é praticamente a principal fontede alimentação, em que os grupos sociaisfazem uma utilização predatória dessa fontenutricional com perigo de extinção da mes-ma, é função da escola, por intermédio doseu projeto pedagógico, oferecer orientação,com risco inicial, até de conflitos com al-guns predadores, para que haja modifica-ção de hábitos, replantando, preservando erespeitando os ciclos de vida da natureza;assim como a formação de profissionais paraexercerem atividades que contribuam parao do equilíbrio ecológico na região.

Já, uma orientação com maior nível decomplexidade, é aquela referente às rela-ções da escola e comunidade com vistas àcondenação de articulações com o narco-tráfico, uma vez que, o desemprego, emgrupos em que os valores básicos de cida-dania são tênues, às vezes, justifica qual-quer ganho para satisfazer necessidadesbásicas. Nesse caso, o trabalho da escolae da animação cultural tem que se realizarem um sentido preventivo de educação,incluindo a qualificação, e fortalecimentodas manifestações culturais da comunida-de, junto às crianças e aos adolescentes,para evitar, mais tarde, sua cooptação, porfalta de opção de vida.

O gestor educacional, na implementa-ção dessa práxis transformadora, necessitaagir como ser competente na área das re-lações políticas, técnicas e humanas. Comogestor-ator cultural, desenvolve uma açãopolítica com a comunidade escolar, em fun-ção dos objetivos do projeto pedagógicode sua escola; necessitando também ser umtécnico em sua área de atuação – a edu-cação – para que, como o gestor-ator daanimação cultural, consiga realizar, no

âmbito das relações humanas, um proces-so de comunicação que possibilite a inter-venção necessária de estímulo à afirmaçãoda identidade cultural e conseqüente de-senvolvimento do Eu social, por intermédioda ação comunicativa, através do diálo-go, buscando, entre os sujeitos, formas re-cíprocas cada vez mais altas de reflexão,que contribua para o aperfeiçoamento daconscientização.

A ação política, a competência técnica e ade comunicação são categorias comuns àsduas competências do gestor escolar - a edu-cacional e a da animação cultural, que se fun-dem na sua atuação como ator mediador eintegrador, no âmbito da sua instituição.

Para que a função de socialização daanimação cultural seja desenvolvida, ogestor educacional precisa conhecer o con-texto sociocultural de sua instituição, isto é,das bases histórico-geográficas, ecológicas,econômicas e demográficas, no sentido detornarem conhecidas tanto suas problemá-ticas quanto para minimizá-las e utilizar seupotencial, através de práticas inovadoras,em benefício da comunidade.

Para que a função lúdica da animaçãocultural se desenvolva, é necessário que ogestor efetive uma comunicação com apopulação alvo que deve ser empreendidapor meio de um sistema que pressupõe com-petente domínio da linguagem e todos osoutros sistemas de manifestações culturais,visuais e simbólicas em uso na região.

No que diz respeito à função criativa, ogestor educacional deve conhecer profun-damente os sistemas de representação dacomunidade para, a partir deles, fomentara inovação na comunidade, a fim de que

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as peculiaridades locais sejam ressaltadase valorizadas, talvez até, além de fronteirasnacionais, tornando-se além de capital cul-tural, capital financeiro.

É através da competência inovadora daanimação cultural que se dará o alarga-mento da consciência política, pelo conhe-cimento real das estruturas sociais e dossistemas de qualificação e de atitudes quedelas derivam, no sentido de começar aempreender as mudanças que se mostra-rem necessárias.

Nas grandes cidades, o gestor educa-cional precisa ser competente no sentidode incentivar, em toda equipe, o conheci-mento das circunstâncias inerentes ao con-texto sociocultural em que a comunidade

está situada e as influências exercidas pe-los processos desenvolvidos pelas agênci-as encarregadas de difundirem os valoresrelativos à mundialização da cultura.

A mudança de eixo da animação cul-tural se fundamenta em uma posição queultrapasse aquela já descrita nos anos 80,(apenas voltada para a educação popularrelacionada às artes e educação física),para um conceito habermasiano mais am-plo de desenvolvimento da subjetividadepara atingir a autonomia do sujeito, con-jugado a uma ação comunicativa consci-entizadora nas comunidades, acerca dasnecessidades de religação e de solidarie-dade, integrado a um projeto de formaçãodo gestor escolar, baseado em competên-cias tradicionais e emergentes.

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Recebido em: 17/09/2004Aceito para publicação em: 08/11/2004