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8/20/2019 UMA ERA DE REVOLUÇÕES
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UMA ERA DE REVOLUÇÕES
No século XVIII, uma série de grandes acontecimentos agitou a
sociedade da Europa e das colônias europeias no Novo Mundo. A revolução
Industrial e a Revolução Francesa foram alguns desses acontecimentos. Outro
foi o iluminismo, que estabeleceu um novo padrão para a compreensão do
mundo, da sociedade e da história. Os pensadores iluministas foram porta-
vozes dos novos tempos, projetando alguns dos princípios sobre os quais iria
se basear a nova sociedade: igualdade de direi tos, l iberdade de
pensamento, Estado con st i tuc io nal e demo crático representat ivo. A
burguesia foi a grande protagonista dessa nova era de transformações.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.
A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um
conjunto de transformações econômicas, sociais e tecnológicas que teve início
na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas
mudanças afetariam outros países da Europa e outros continentes, alterando
definitivamente as relações entre as sociedades humanas. Os historiadores
acreditam que a Revolução Industrial desempenhou um papel vital nodesenvolvimento do capital ismo . Marcada por intensa acumulação de capitais
na Inglaterra e por profundas transformações nas formas de produção, na
prática a revolução significou o advento do sistema fabril e da produção em
massa, bem como na organização do trabalho.
1. O sistem a fabr i l :
A Revolução Industrial foi o resultado de um longo processo que teve
início na Baixa Idade Média, com o aparecimento das corporações de ofício e orenascimento das cidades e do comércio na Europa ocidental. A partir desse
momento, ganham importância cada vez maior às noções de lucro e de
produt iv idade , fundamentais para o desenvolvimento de uma mentalidade
voltada para o enriquecimento e para a acumulação: a mentalidade empresarial
capitalista. Com as Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, as
atividades econômicas se expandiram. Controlando vasto território em quase
todo o mundo, os europeus passaram a explorar o comércio em proporções
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mundiais, levando para o seu continente riquezas que seriam aplicadas na
fabricação de produtos destinados a alimentar um mercado cada vez maior.
As próprias formas de produção de mercadorias na Europa acabaram
por se transformar. Para entender à demanda crescente, surgiram métodos
mais eficientes de produzir. Como isso, as antigas corporações de ofício foram
substituídas pela produção manufatureira, dirigida por um comerciante que
controlava a produção de vários artesãos. Estes trabalhavam por encomenda,
com a matéria-prima e as ferramentas necessárias cedidas pelo comerciante,
e, como forma de pagamento pelo trabalho realizado, recebiam um salario.
A partir de metade do século XVIII, alguns comerciantes perceberam
que podiam aumentar ainda mais a produção e os lucros. E, em vez de
espalhar ferramentas e matérias-primas entre os artesãos contratados,
passaram a reuni-los num mesmo local para desenvolver o trabalho: assim
surgiram as fábricas, ou o sistema fabr i l , com a substituição das ferramentas
artesanais pelas maquinas. As fábricas trouxeram muitas vantagens aos
empresários. Ficou mais fácil controlar a produção, pois era possível reduzir a
perda de matérias-primas, por exemplo, e ao mesmo tempo fiscalizar de perto
a qualidade do produto. A fábrica possibilitou ainda incrementar a
produtividade, ao tornar mais eficaz o controle sobre a velocidade e o ritmo do
trabalhador. Além disso, a produção foi reorganizada. A fabricação de cada
mercadoria passou a ser dividida em varias etapas, num processo conhecido
como produção em série . Concentrado em uma única atividade (linha de
produção) o trabalhador especializava-se e aumentava a produção.
Essas características acabaram influindo no custo final do produto. Com
mercadorias produzidas por meios mais baratos, era possível aumentar a
margem de lucro e ampliar o mercado consumidor. As fábricas são um dossímbolos mais visível da Revolução Industrial. Elas modificaram as sociedades
de forma definitiva: além de introduzir a produção em série de mercadorias –
uma inovação no sistema produtivo – alteraram as relações de trabalho e as
paisagens. Foram as fábricas as principais responsáveis pelo desenvolvimento
das grandes cidades, um novo cenário dominado pelas chaminés e por
multidões de trabalhadores, marcado também por sério desequilíbrio ambiental.
A transformação mais importante no modo de produção, porém, foicausada pelo emprego de maquinas movido a vapor nas unidades fabris, que
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selou a passagem da produção artesanal domiciliar para a produção em
grande escala. Multiplicando o trabalho humano, as maquinas ampliaram ainda
mais a produção de mercadorias. Assim, surgiram as indústrias modernas,
reunindo centenas de trabalhadores.
Para o trabalhador, esse processo significou a perda gradual do controle
de suas atividades. Na época das corporações de ofício, ele era dono de suas
ferramentas e senhor do seu ritmo de trabalho. Na manufatura, sem suas
ferramentas e matérias-primas, tornou-se dependente do comerciante, mas
ainda exercia o controle sobre seu trabalho. No sistema fabril, esse controle
passou a ser feito por técnicos, sob o comando dos empresários. A atividade
do trabalhador tornou-se apenas uma parcela da produção geral, e ele perdeu
o domínio sobre o produto final de seu trabalho.
2. O pio neir ismo da Inglaterra:
A Inglaterra foi o primeiro país a reunir condições necessárias para o
desenvolvimento do sistema fabril. Entre os numerosos aspectos que
favoreceram esse processo destaca-se em primeiro lugar, o controle de vasto
mercado consumidor . As Grandes Navegações possibilitaram a criação de um
mercado mundial em constante expansão. Entre os séculos XVII e XVIII, osingleses conquistaram a hegemonia desse mercado á medida que suplantaram
a concorrência com a Espanha, Holanda e a França.
O comércio inglês ampliou-se também no plano interno. Durante o
século XVIII, a população da Inglaterra cresceu muito, tornando maior a oferta
de mão de obra e de mercado consumidor. A ampliação do mercado, por sua
vez, estímulos o aumento da produção, criando condições favoráveis à
invenção e o aperfeiçoamento de novas técnicas capazes de intensificar a
produtividade do trabalho humano. Em segundo lugar, para o pioneirismo
inglês foi importante à acumulação de capital. Entende-se por capital todos os
recursos utilizados com o objetivo de obter lucro. Os países que mais
concentraram capital na Europa, a partir das Grandes Navegações, foram à
Inglaterra, a Holanda e a França, todos ligados ao comércio marítimo, ao tráfico
negreiro e à exploração colonial. A abundância de capital e a perspectiva de
lucros estimularam a produção e a ampliação dos negócios.
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Naquele momento, porém, de nada adiantava o acúmulo de capital se
não houvesse também disponibilidade de mão de obra. Desde o século XVII,
existia na Inglaterra um grande continente de mão de obra formado
principalmente por camponeses expulsos da terra. O principal motivo para essa
expulsão foi a demanda por lã para abastecer a produção de tecidos,
sobretudo de fabricas localizadas nos Países Baixos. Para atender a essa
demanda, os senhores de terra britânicos começaram a cercar áreas antes
utilizadas na produção agrícola com o objetivo de criar ovelhas.
Novas técnicas agrícolas, além da diversificação das plantações,
também contribuíram para a transformação das atividades no campo na
Inglaterra, elevando a produção e direcionando o excedente para o comercio
exterior. Com a mudança, as relações de trabalho no campo foram também
modificadas e os trabalhadores servis foram substituídos pela mão de obra
assalariada. Essa revolução agrícola reduziu o numero de trabalhadores rurais
e os camponeses, sem terra para trabalhar, tiveram de procurar outras
atividades nos emergentes centros urbanos, tornando-se mão de obra
abundante para as fabricas. Muitos artesãos, não podendo competir com a
produção fabril, transformaram-se também, após muita resistência, em
trabalhadores assalariados. Na segunda metade do século XVIII, a Inglaterra
apresentava ainda outra característica que explicam seu pioneirismo na
revolução Industrial, como um sistema bancário eficiente; disponibilidade de
matérias-primas, como carvão e minério de ferro; um grupo social formado por
empresários empenhados no desenvolvimento econômico (burguesia); uma
ideologia (a calvinista) que valorizava o enriquecimento e o trabalho.
A pleno vapor :
Na Inglaterra, a produção de tecidos, por uma série de razões, foi um
dos primeiros setores a desenvolver o sistema fabril com forte mecanização.
Para começar, a produção de tecidos de algodão não era controlada pelas
corporações de ofício, o que permitiu mudanças mais rápidas na forma de
fabricar o produto. Outro aspecto importante era o preço do tecido de algodão.
Por ser mais barato que a lã ou a seda, seu mercado se expandiu rapidamente.
Apenas em vinte anos, entre 1750 e 1770, as exportações inglesas detecidos de algodão aumentaram dez vezes. Até essa época, o produto
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comercializado pelos britânicos vinha da Índia, e os principais mercados
consumidores eram as colônias, sobretudo as áreas de grande concentração
de escravos. Com o tempo, pequenos produtores de tecidos de algodão
começaram a se estabelecer perto dos portos britânicos ligados ao comercio
colonial. Mas para competir com o produto indiano, mais barato e de melhor
qualidade, precisaram aperfeiçoar os métodos de produção. As primeiras
inovações na fiação surgiram em 1767, quando James Hargreaves criou a
maquina de fiar, que transformava as fibras de algodão em fios. Ainda
pequena, e podendo ser instalada em casa, a máquina multiplicou a
produtividade da indústria têxtil. Em 1768, James Watt aperfeiçoou a máquina
a vapor, inventada por Thomas Newcomen em 1712.
No ano seguinte, Richard Arkwright patenteou o tear hidráulico. Também
destinado à fiação, a máquina introduziu varias novidades, como o uso da água
como força motriz. Em 1779, surgiu a máquina de fiar criada por Samuel
Crompton. O novo equipamento produzia um fio de qualidade superior e podia
ser movido a vapor, tipo de energia amplamente empregada nas fábricas da
época. Para complementar o desenvolvimento técnico do setor têxtil, Edmund
Cartwright, em 1785, patenteou o tear mecânico, que transformava os fios em
tecidos. O desenvolvimento da indústria têxtil incentivou outros setores.
Para fabricar as máquinas, por exemplo, foi preciso melhorar a
metalurgia do ferro. Ao mesmo tempo, era possível associar a máquina a vapor
a uma locomotiva colocada sobre trilhos, fazendo-a puxar diversos vagões, ou
adaptá-la a uma embarcação, dando origem ao navio a vapor. Portanto, a
mecanização iniciada no setor de fiação e tecelagem do algodão provocou uma
reação em cadeia, afetando outros setores (transporte, energia, metalurgia,
mineração, etc.) em meio a um processo global de invenções eaperfeiçoamentos – inovações tecnológicas.
3. Con sequênc ias da Revol ução Indu st ria l:
Durante o século XVIII, a Revolução Industrial consistiu num fenômeno
inteiramente inglês. Mas, a partir do século seguinte, começou a se expandir
para vários países, provocando grandes transformações na vida das pessoas e
na estrutura e conjuntura das sociedades. Do ponto de vista da produção, o
sistema fabril acabou consolidando. Com máquinas cada vez mais sofisticadas,
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a fábrica tornou-se o local adequado para a produção, favorecendo a divisão
do trabalho, a imposição de horário e da disciplina ao trabalhador, além do
aumento da produtividade. No âmbito social, surgiu o proletariado, classe social
formada pelos trabalhadores fabris e de transportes.
Devido aos baixos salários, mulheres e crianças também eram
obrigadas a trabalhar, recebendo remunerações ainda menores que as dos
homens. A Revolução Industrial causou graves consequências na vida dos
trabalhadores, pois não havia regras ou milites para o exercício do trabalho. Os
donos das fabricas impunham salários miseráveis e longas jornadas, que
chegavam a dezoito horas diárias. Contra essa condição sub-humana, os
trabalhadores lutaram de diversas maneiras, resistindo, por exemplo, à
mecanização crescente da produção, considerada responsável pelo emprego.
Um dos episódios que retrata bem a situação desesperadora dessa
época foi a constante destruição de máquinas pelos trabalhadores,
principalmente entre 1811 e 1812, forma de protesto que ficou conhecida com
o l ud ismo . Ao longo do século XIX, os trabalhadores acabariam se
organizando e usando a força de sua classe profissional para reivindicar
melhores condições de trabalho e defender seus direitos.
Movimento ludi ta :
As de protesto contra as máquinas inventadas para economizar não de
obra (inicialmente na Grã-Bretanha). Em 1811 explodiu uma forma mais radical
de protesto, o movimento ludita deriva de Ned Ludd, que teria sido um dos
lideres. Os luditas invadiam as fabricas e destruíam a maquinaria, que não só
tirava o trabalho dos artesãos como impunham aos operários condiçõesdesumana de trabalho. Os integrantes do movimento sofreram dura repressão
e foram condenados à prisão, à deportação e até á forca. Alguns anos depois,
os operários britânicos adotaram métodos mais eficazes de luta.
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PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1
1. A Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar. Explique a
importância do acúmulo de capital e da disponibilidade de mão de obra
para o pioneirismo inglês?
2. Explica o fato de as primeiras máquinas empregadas na produção
industrial terem sido máquinas de fiar e que estas tenham sido criadas na
Inglaterra?
3. A revolução industrial alterou radicalmente a vida do trabalhador.
Explique estas transformações sócio-política.
4. Comente e descreva o movimento denominado de ludismo:
5. Por que o trabalho dos menores e das mulheres era tão requisitado naindústria têxtil durante a Revolução Industrial?
6. A pesar das leis de proteção às crianças existente em nossos dias,
ainda é possível encontrar caso de exploração do trabalho infantil.
Pesquise e descreva qual a situação do trabalho infantil atualmente no
Brasil:
1 Material elaborado pelo prof. Elicio Lima para sistematizar situações de aprendizagem na sala de aula,
a intertextualidade desse trabalho são entre as obras: História: Volume único: Divalte Garcia Figueiredo.
1. ed. São Paulo: Ática, 2005. História global volume único: Gilberto Cotrim. 8. ed. São Paulo: Saraiva,1995. (Feitas algumas adaptações e grifos para facilidade o processo didático ensino aprendizagem -2015). Sequencia didática - Segundo ano do ensino médio.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIALSituação de aprendizagem 11 – História - Prof. Elicio Lima
Nº Série Data
NOME: