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8/20/2019 UMA ERA DE REVOLUÇÕES http://slidepdf.com/reader/full/uma-era-de-revolucoes 1/7 1 UMA ERA DE REVOLUÇÕES No século XVIII, uma série de grandes acontecimentos agitou a sociedade da Europa e das colônias europeias no Novo Mundo. A revolução Industrial e a Revolução Francesa foram alguns desses acontecimentos. Outro foi o iluminismo, que estabeleceu um novo padrão para a compreensão do mundo, da sociedade e da história. Os pensadores iluministas foram porta- vozes dos novos tempos, projetando alguns dos princípios sobre os quais iria se basear a nova sociedade: igualdade de direitos, liberdade de pensamento, Estado constitucional e democrá tico representativo.  A burguesia foi a grande protagonista dessa nova era de transformações. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.  A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um conjunto de transformações econômicas, sociais e tecnológicas que teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas mudanças afetariam outros países da Europa e outros continentes, alterando definitivamente as relações entre as sociedades humanas. Os historiadores acreditam que a Revolução Industrial desempenhou um papel vital no desenvolvimento do capitalismo . Marcada por intensa acumulação de capitais na Inglaterra e por profundas transformações nas formas de produção, na prática a revolução significou o advento do sistema fabril e da produção em massa, bem como na organização do trabalho. 1. O sistem a fabr il:  A Revolução Industrial foi o resultado de um longo processo que teve início na Baixa Idade Média, com o aparecimento das corporações de ofício e o renascimento das cidades e do comércio na Europa ocidental. A partir desse momento, ganham importância cada vez maior às noções de lucro e de produtividade , fundamentais para o desenvolvimento de uma mentalidade voltada para o enriquecimento e para a acumulação: a mentalidade empresarial capitalista. Com as Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, as atividades econômicas se expandiram. Controlando vasto território em quase todo o mundo, os europeus passaram a explorar o comércio em proporções

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UMA ERA DE REVOLUÇÕES

No século XVIII, uma série de grandes acontecimentos agitou a

sociedade da Europa e das colônias europeias no Novo Mundo. A revolução

Industrial e a Revolução Francesa foram alguns desses acontecimentos. Outro

foi o iluminismo, que estabeleceu um novo padrão para a compreensão do

mundo, da sociedade e da história. Os pensadores iluministas foram porta-

vozes dos novos tempos, projetando alguns dos princípios sobre os quais iria

se basear a nova sociedade: igualdade de direi tos, l iberdade de

pensamento, Estado con st i tuc io nal e demo crático representat ivo.  A

burguesia foi a grande protagonista dessa nova era de transformações.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

 A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um

conjunto de transformações econômicas, sociais e tecnológicas que teve início

na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas

mudanças afetariam outros países da Europa e outros continentes, alterando

definitivamente as relações entre as sociedades humanas. Os historiadores

acreditam que a Revolução Industrial desempenhou um papel vital nodesenvolvimento do capital ismo . Marcada por intensa acumulação de capitais

na Inglaterra e por profundas transformações nas formas de produção, na

prática a revolução significou o advento do sistema fabril e da produção em

massa, bem como na organização do trabalho.

1. O sistem a fabr i l :

 A Revolução Industrial foi o resultado de um longo processo que teve

início na Baixa Idade Média, com o aparecimento das corporações de ofício e orenascimento das cidades e do comércio na Europa ocidental. A partir desse

momento, ganham importância cada vez maior às noções de lucro e de

produt iv idade , fundamentais para o desenvolvimento de uma mentalidade

voltada para o enriquecimento e para a acumulação: a mentalidade empresarial

capitalista. Com as Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, as

atividades econômicas se expandiram. Controlando vasto território em quase

todo o mundo, os europeus passaram a explorar o comércio em proporções

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mundiais, levando para o seu continente riquezas que seriam aplicadas na

fabricação de produtos destinados a alimentar um mercado cada vez maior.

 As próprias formas de produção de mercadorias na Europa acabaram

por se transformar. Para entender à demanda crescente, surgiram métodos

mais eficientes de produzir. Como isso, as antigas corporações de ofício foram

substituídas pela  produção manufatureira, dirigida por um comerciante que

controlava a produção de vários artesãos. Estes trabalhavam por encomenda,

com a matéria-prima e as ferramentas necessárias cedidas pelo comerciante,

e, como forma de pagamento pelo trabalho realizado, recebiam um salario.

 A partir de metade do século XVIII, alguns comerciantes perceberam

que podiam aumentar ainda mais a produção e os lucros. E, em vez de

espalhar ferramentas e matérias-primas entre os artesãos contratados,

passaram a reuni-los num mesmo local para desenvolver o trabalho: assim

surgiram as fábricas, ou o sistema fabr i l , com a substituição das ferramentas

artesanais pelas maquinas. As fábricas trouxeram muitas vantagens aos

empresários. Ficou mais fácil controlar a produção, pois era possível reduzir a

perda de matérias-primas, por exemplo, e ao mesmo tempo fiscalizar de perto

a qualidade do produto. A fábrica possibilitou ainda incrementar a

produtividade, ao tornar mais eficaz o controle sobre a velocidade e o ritmo do

trabalhador. Além disso, a produção foi reorganizada. A fabricação de cada

mercadoria passou a ser dividida em varias etapas, num processo conhecido

como produção em série . Concentrado em uma única atividade (linha de

produção) o trabalhador especializava-se e aumentava a produção.

Essas características acabaram influindo no custo final do produto. Com

mercadorias produzidas por meios mais baratos, era possível aumentar a

margem de lucro e ampliar o mercado consumidor. As fábricas são um dossímbolos mais visível da Revolução Industrial. Elas modificaram as sociedades

de forma definitiva: além de introduzir a produção em série de mercadorias  – 

uma inovação no sistema produtivo  – alteraram as relações de trabalho e as

paisagens. Foram as fábricas as principais responsáveis pelo desenvolvimento

das grandes cidades, um novo cenário dominado pelas chaminés e por

multidões de trabalhadores, marcado também por sério desequilíbrio ambiental.

 A transformação mais importante no modo de produção, porém, foicausada pelo emprego de maquinas movido a vapor nas unidades fabris, que

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selou a passagem da produção artesanal domiciliar para a produção em

grande escala. Multiplicando o trabalho humano, as maquinas ampliaram ainda

mais a produção de mercadorias. Assim, surgiram as indústrias modernas,

reunindo centenas de trabalhadores.

Para o trabalhador, esse processo significou a perda gradual do controle

de suas atividades. Na época das corporações de ofício, ele era dono de suas

ferramentas e senhor do seu ritmo de trabalho. Na manufatura, sem suas

ferramentas e matérias-primas, tornou-se dependente do comerciante, mas

ainda exercia o controle sobre seu trabalho. No sistema fabril, esse controle

passou a ser feito por técnicos, sob o comando dos empresários. A atividade

do trabalhador tornou-se apenas uma parcela da produção geral, e ele perdeu

o domínio sobre o produto final de seu trabalho.

2. O pio neir ismo da Inglaterra:

 A Inglaterra foi o primeiro país a reunir condições necessárias para o

desenvolvimento do sistema fabril. Entre os numerosos aspectos que

favoreceram esse processo destaca-se em primeiro lugar, o controle de vasto

mercado consumidor . As Grandes Navegações possibilitaram a criação de um

mercado mundial em constante expansão. Entre os séculos XVII e XVIII, osingleses conquistaram a hegemonia desse mercado á medida que suplantaram

a concorrência com a Espanha, Holanda e a França.

O comércio inglês ampliou-se também no plano interno. Durante o

século XVIII, a população da Inglaterra cresceu muito, tornando maior a oferta

de mão de obra e de mercado consumidor. A ampliação do mercado, por sua

vez, estímulos o aumento da produção, criando condições favoráveis à

invenção e o aperfeiçoamento de novas técnicas capazes de intensificar a

produtividade do trabalho humano. Em segundo lugar, para o pioneirismo

inglês foi importante à acumulação de capital. Entende-se por capital todos os

recursos utilizados com o objetivo de obter lucro. Os países que mais

concentraram capital na Europa, a partir das Grandes Navegações, foram à

Inglaterra, a Holanda e a França, todos ligados ao comércio marítimo, ao tráfico

negreiro e à exploração colonial. A abundância de capital e a perspectiva de

lucros estimularam a produção e a ampliação dos negócios.

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Naquele momento, porém, de nada adiantava o acúmulo de capital se

não houvesse também disponibilidade de mão de obra. Desde o século XVII,

existia na Inglaterra um grande continente de mão de obra formado

principalmente por camponeses expulsos da terra. O principal motivo para essa

expulsão foi a demanda por lã para abastecer a produção de tecidos,

sobretudo de fabricas localizadas nos Países Baixos. Para atender a essa

demanda, os senhores de terra britânicos começaram a cercar áreas antes

utilizadas na produção agrícola com o objetivo de criar ovelhas.

Novas técnicas agrícolas, além da diversificação das plantações,

também contribuíram para a transformação das atividades no campo na

Inglaterra, elevando a produção e direcionando o excedente para o comercio

exterior. Com a mudança, as relações de trabalho no campo foram também

modificadas e os trabalhadores servis foram substituídos pela mão de obra

assalariada. Essa revolução agrícola reduziu o numero de trabalhadores rurais

e os camponeses, sem terra para trabalhar, tiveram de procurar outras

atividades nos emergentes centros urbanos, tornando-se mão de obra

abundante para as fabricas. Muitos artesãos, não podendo competir com a

produção fabril, transformaram-se também, após muita resistência, em

trabalhadores assalariados. Na segunda metade do século XVIII, a Inglaterra

apresentava ainda outra característica que explicam seu pioneirismo na

revolução Industrial, como um sistema bancário eficiente; disponibilidade de

matérias-primas, como carvão e minério de ferro; um grupo social formado por

empresários empenhados no desenvolvimento econômico (burguesia); uma

ideologia (a calvinista) que valorizava o enriquecimento e o trabalho.

A pleno vapor :

Na Inglaterra, a produção de tecidos, por uma série de razões, foi um

dos primeiros setores a desenvolver o sistema fabril com forte mecanização.

Para começar, a produção de tecidos de algodão não era controlada pelas

corporações de ofício, o que permitiu mudanças mais rápidas na forma de

fabricar o produto. Outro aspecto importante era o preço do tecido de algodão.

Por ser mais barato que a lã ou a seda, seu mercado se expandiu rapidamente.

 Apenas em vinte anos, entre 1750 e 1770, as exportações inglesas detecidos de algodão aumentaram dez vezes. Até essa época, o produto

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comercializado pelos britânicos vinha da Índia, e os principais mercados

consumidores eram as colônias, sobretudo as áreas de grande concentração

de escravos. Com o tempo, pequenos produtores de tecidos de algodão

começaram a se estabelecer perto dos portos britânicos ligados ao comercio

colonial. Mas para competir com o produto indiano, mais barato e de melhor

qualidade, precisaram aperfeiçoar os métodos de produção. As primeiras

inovações na fiação surgiram em 1767, quando James Hargreaves criou a

maquina de fiar, que transformava as fibras de algodão em fios. Ainda

pequena, e podendo ser instalada em casa, a máquina multiplicou a

produtividade da indústria têxtil. Em 1768, James Watt aperfeiçoou a máquina

a vapor, inventada por Thomas Newcomen em 1712.

No ano seguinte, Richard Arkwright patenteou o tear hidráulico. Também

destinado à fiação, a máquina introduziu varias novidades, como o uso da água

como força motriz. Em 1779, surgiu a máquina de fiar criada por Samuel

Crompton. O novo equipamento produzia um fio de qualidade superior e podia

ser movido a vapor, tipo de energia amplamente empregada nas fábricas da

época. Para complementar o desenvolvimento técnico do setor têxtil, Edmund

Cartwright, em 1785, patenteou o tear mecânico, que transformava os fios em

tecidos. O desenvolvimento da indústria têxtil incentivou outros setores.

Para fabricar as máquinas, por exemplo, foi preciso melhorar a

metalurgia do ferro. Ao mesmo tempo, era possível associar a máquina a vapor

a uma locomotiva colocada sobre trilhos, fazendo-a puxar diversos vagões, ou

adaptá-la a uma embarcação, dando origem ao navio a vapor. Portanto, a

mecanização iniciada no setor de fiação e tecelagem do algodão provocou uma

reação em cadeia, afetando outros setores (transporte, energia, metalurgia,

mineração, etc.) em meio a um processo global de invenções eaperfeiçoamentos – inovações tecnológicas.

3. Con sequênc ias da Revol ução Indu st ria l:

Durante o século XVIII, a Revolução Industrial consistiu num fenômeno

inteiramente inglês. Mas, a partir do século seguinte, começou a se expandir

para vários países, provocando grandes transformações na vida das pessoas e

na estrutura e conjuntura das sociedades. Do ponto de vista da produção, o

sistema fabril acabou consolidando. Com máquinas cada vez mais sofisticadas,

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a fábrica tornou-se o local adequado para a produção, favorecendo a divisão

do trabalho, a imposição de horário e da disciplina ao trabalhador, além do

aumento da produtividade. No âmbito social, surgiu o proletariado, classe social

formada pelos trabalhadores fabris e de transportes.

Devido aos baixos salários, mulheres e crianças também eram

obrigadas a trabalhar, recebendo remunerações ainda menores que as dos

homens. A Revolução Industrial causou graves consequências na vida dos

trabalhadores, pois não havia regras ou milites para o exercício do trabalho. Os

donos das fabricas impunham salários miseráveis e longas jornadas, que

chegavam a dezoito horas diárias. Contra essa condição sub-humana, os

trabalhadores lutaram de diversas maneiras, resistindo, por exemplo, à

mecanização crescente da produção, considerada responsável pelo emprego.

Um dos episódios que retrata bem a situação desesperadora dessa

época foi a constante destruição de máquinas pelos trabalhadores,

principalmente entre 1811 e 1812, forma de protesto que ficou conhecida com

o l ud ismo . Ao longo do século XIX, os trabalhadores acabariam se

organizando e usando a força de sua classe profissional para reivindicar

melhores condições de trabalho e defender seus direitos.

Movimento ludi ta :

 As de protesto contra as máquinas inventadas para economizar não de

obra (inicialmente na Grã-Bretanha). Em 1811 explodiu uma forma mais radical

de protesto, o movimento ludita deriva de Ned Ludd, que teria sido um dos

lideres. Os luditas invadiam as fabricas e destruíam a maquinaria, que não só

tirava o trabalho dos artesãos como impunham aos operários condiçõesdesumana de trabalho. Os integrantes do movimento sofreram dura repressão

e foram condenados à prisão, à deportação e até á forca. Alguns anos depois,

os operários britânicos adotaram métodos mais eficazes de luta.

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PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1 

1. A Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar. Explique a

importância do acúmulo de capital e da disponibilidade de mão de obra

para o pioneirismo inglês?

2. Explica o fato de as primeiras máquinas empregadas na produção

industrial terem sido máquinas de fiar e que estas tenham sido criadas na

Inglaterra?

3. A revolução industrial alterou radicalmente a vida do trabalhador.

Explique estas transformações sócio-política.

4. Comente e descreva o movimento denominado de ludismo:

5. Por que o trabalho dos menores e das mulheres era tão requisitado naindústria têxtil durante a Revolução Industrial?

6. A pesar das leis de proteção às crianças existente em nossos dias,

ainda é possível encontrar caso de exploração do trabalho infantil.

Pesquise e descreva qual a situação do trabalho infantil atualmente no

Brasil:

1 Material elaborado pelo prof. Elicio Lima para sistematizar situações de aprendizagem na sala de aula,

a intertextualidade desse trabalho são entre as obras: História: Volume único: Divalte Garcia Figueiredo.

1. ed. São Paulo: Ática, 2005. História global volume único: Gilberto Cotrim. 8. ed. São Paulo: Saraiva,1995. (Feitas algumas adaptações e grifos para facilidade o processo didático ensino aprendizagem -2015). Sequencia didática - Segundo ano do ensino médio. 

A REVOLUÇÃO INDUSTRIALSituação de aprendizagem 11 – História - Prof. Elicio Lima

Nº Série Data

NOME: