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UMA FLORESTA DE OPORTUNIDADES um novo olhar sobre a Mata Atlântica do Nordeste

Uma floresta de oportunidades - um novo olhar sobre a Mata

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  • UMA FLORESTA DE OPORTUNIDADESum novo olhar sobre a Mata Atlntica do Nordeste

  • Coordenao da publicaoMarcele Bastos (CI-Brasil)

    Coordenao do contedo, texto e edioClaudia Costa

    Texto e pesquisasClaudia Costa Rosangela Guerra

    Reviso ortogrficaRenata Gomide

    Reviso de contedoCarlos Alberto Mesquita (CI-Brasil)Luiz Paulo Pinto (CI-Brasil)Marcele Bastos (CI-Brasil)Maria das Dores Melo (Amane)Severino Rodrigo Pinto (Cepan)

    Execuo do Programa Produzir e Conservar na Mata Atlntica do Nordeste

    Associao para Proteo da Mata Atlntica do Nordeste AMANEMaria das Dores Melo Centro de Proteo do Nordeste CEPANSeverino Rodrigo Pinto

    ParceriaConservao Internacional CI-BrasilMonsanto

    Ficha catalogrfica elaborada pela Bibliotecria Ana Cristina de Vasconcellos CRB6/505

    Costa, Cludia. C837f Uma floresta de oportunidades : um novo olhar sobre a Mata

    Atlntica do Nordeste / Cludia Costa e Rosangela Guerra ; [coordenao da publicao Marcele Bastos]. Belo Horizonte :

    .2102 ,lanoicanretnI oavresnoC 56 p. : il. color. ; fots. color. ; mapa color ; 15 cm.

    ISBN: 978-85-98830-22-3

    1. Mata Atlntica Brasil, Nordeste. 2. Diversidade biolgica Brasil, Nordeste. 3. Conservao da natureza. 4. Florestas Conservao. 5. Poltica ambiental. 6. Gesto ambiental. I. Guerra, Rosangela. II. Bastos, Marcele. III. Ttulo.

    57.205 : UDC

    Foto capaHaroldo Palo Junior

    FotosAdriano GambariniHaroldo Palo JuniorSrgio Zacchi

    MapaTiago Pinheiro (CI-Brasil)

    Projeto grficoAdaequatio Estdio de Criao

  • APRESENTAOProduzir alimentos e garantir o bem-estar humano,

    ao mesmo tempo em que se protege a biodiversidade e se mantm os servios essenciais que os ecossistemas naturais aportam para a sociedade, talvez seja o maior desafio da nossa era.

    Com inovao e ousadia, o Programa Produzir & Conservar se prope a somar esforos para o enfrentamento desse desafio. Seu objetivo central conservar a biodiversidade e os recursos naturais em paisagens agropecurias, especificamente na Mata Atlntica do Nordeste e no Cerrado, contribuindo para a diminuio da extino de espcies e do desmatamento ilegal, e ajudando a assegurar o cumprimento da legislao ambiental brasileira.

    O Programa Produzir & Conservar inova porque aposta no que h de mais avanado no conhecimento sobre a ecologia e a dinmica dos ecossistemas naturais, associando esse conhecimento s experincias e saberes locais relacionados agricultura para construir alternativas concretas e sustentveis. Ousa porque fruto da aliana, at pouco tempo improvvel, de uma das maiores empresas mundiais de solues

    Estao Ecolgica Murici, Alagoas. Foto: Haroldo Palo Junior

  • tecnolgicas para a agricultura, a Monsanto, com uma das mais respeitadas organizaes de conservao e desenvolvimento sustentvel, com atuao global, a Conservao Internacional.

    A poro da Mata Atlntica ao norte do Rio So Francisco, objeto desta publicao, foi palco dos primeiros empreendimentos do agronegcio brasileiro, ainda nos tempos da colnia, com a implantao de canaviais e engenhos para produo de acar, a nossa primeira commoditie de exportao, aps o ciclo extrativista do pau-brasil. Embora com muitas mudanas no perfil fundirio e produtivo, ainda hoje a segunda regio mais importante do Pas no setor sucroalcooleiro.

    Essa regio abriga uma surpreendente diversidade de espcies da fauna e da flora, sobretudo ao considerarmos que restam apenas 12% da rea ocupada originalmente pelos ecossistemas naturais. Entretanto, a riqueza que s existe nessas matas est ameaada de extino! importante ressaltar que os fragmentos da Mata Atlntica do Nordeste representam tambm a base do capital natural, responsvel pela oferta de servios ecossistmicos que sustentam o bem-estar e o

    desenvolvimento econmico, entre os quais destacamos a gua, essencial para a vida e para a produo agrcola.

    O desafio que agora se coloca para essa regio do Nordeste brasileiro, em especial aquela atrelada indstria sucroalcooleira, desenvolver mais a economia, preservar mais as florestas e o capital natural, e gerar e distribuir mais renda para as pessoas. E tudo isso precisa ser feito de forma concomitante. Essa enorme tarefa s poder ser efetivada com a integrao de todas as foras e agentes da sociedade. E para tal, essa valiosa floresta, Patrimnio Nacional de nosso Pas, precisa ser mais conhecida e reconhecida.

    Apresentamos esta publicao na certeza de que seus leitores se tornaro cientes e conscientes de que imperativo e urgente Produzir & Conservar.

    Gabriela BurianDiretora de Agricultura Sustentvel e EcossistemasMonsanto

    Andr GuimaresDiretor ExecutivoConservao Internacional

  • Parque Estadual Dois Irmos, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    1 Mata Atlntica, patrimnio biolgico nacionalA Mata Atlntica conhecida em todo o mundo

    como umas das regies mais ricas em espcies da Terra. Cobria, originalmente, uma faixa contnua costa brasileira ao longo de 17 estados e tambm em parte do Paraguai e da Argentina, numa extenso de cerca de 1,5 milhes de km2, 87% dos quais localizados no Brasil.

    Distribudo do Piau ao Rio Grande do Sul, o bioma Mata Atlntica composto por diferentes formaes vegetais. A elevada biodiversidade da Mata Atlntica deve-se sua enorme extenso no sentido norte-sul, grande variao na quantidade de chuva e no relevo, j que as matas se estendem do nvel do mar a uma altitude de mais de 2.000 metros. Alm disso, as matas avanam para o interior, onde diferem consideravelmente das matas do litoral, em especial, devido ao regime de chuvas a que esto submetidas. Esses fatores proporcionam condies para uma diversidade de formaes vegetais e uma maior variedade de hbitats e nichos que do suporte a uma impressionante diversidade de plantas e animais. Essas caractersticas contribuem para que o Brasil tenha

    Parque Estadual Dois Irmos, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    o ttulo de Pas da megadiversidade e integre um pequeno grupo de pases onde esto mais da metade das espcies da fauna e flora do planeta.

    A biodiversidade no est distribuda de forma aleatria na Mata Atlntica. Algumas regies so reconhecidas pela maior diversidade biolgica e por concentrarem espcies que so exclusivas desses lugares, chamadas de espcies endmicas. Esse o caso da Mata Atlntica encontrada ao norte do rio So Francisco. Outras regies com essas caractersticas na Mata Atlntica so a Serra do Mar, o sul da Bahia, a bacia do rio Doce, a Chapada Diamantina e os Brejos de Altitude.

    Para se ter uma ideia da sua riqueza, a Mata Atlntica detm uma das mais altas diversidades de plantas lenhosas (angiospermas) por hectare do mundo: foram registradas 454 espcies em um nico hectare no sul da Bahia. Essa riqueza s superada por uma rea na floresta amaznica da Colmbia. O quadro a seguir mostra a importncia da Mata Atlntica em termos da diversidade biolgica.

    Diante da alta riqueza da fauna e da flora e das constantes ameaas a esse patrimnio, a Mata Atlntica considerada uma das prioridades mundiais para a conservao da biodiversidade, sendo includa entre os 34 pontos quentes (hotspots) para a conservao no mundo.

    Grupo Total de espcies na Mata Atlntica

    Total de espcies endmicas ao bioma

    Plantas Vasculares 14.552 6.933

    Peixes 350 133

    Anfbios 475 286

    Rpteis 306 94

    Aves 936 148

    Mamferos 263 71

    O domnio da Mata Atlntica composto por um con-junto de formaes florestais e ecossistemas associados, com caractersticas diferentes de acordo com a sua posi-o geogrfica, clima, umidade e relevo: Floresta Ombr-fila Densa; Floresta Ombrfila Aberta; Floresta Ombrfila Mista, tambm denominada de Floresta com Araucria; Floresta Estacional Semidecidual; Floresta Estacional Deci-dual; Campos de Altitude; Brejos de Altitude; Manguezais; Restingas; e Dunas.

    Ambiente para a diversidade

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    A histria de ocupao e explorao desordenada dos recursos naturais modificou muito a paisagem da Mata Atlntica. Desde a colonizao, no sculo XVI, a Mata Atlntica passou por vrios ciclos de explorao. A crescente urbanizao e a instalao de ncleos industriais na regio mais densamente ocupada do Pas fizeram com que os ambientes naturais fossem reduzidos drasticamente. Estima-se que restam menos de 16% da cobertura florestal original do bioma. Alm disso, a floresta remanescente encontra-se altamente fragmentada, dispersa em pequenas manchas de vegetao. Com isso, muitas espcies perderam seu hbitat e 60% dos animais que esto ameaados de extino no Brasil so da Mata Atlntica.

    Apesar de todas essas modificaes, a Mata Atlntica tem grande importncia para a vida dos brasileiros. A

    floresta contribui para o abastecimento de gua para mais de 100 milhes de pessoas que vivem na rea de abrangncia desse bioma. Parte significativa de seus remanescentes est atualmente localizada em encostas de grande declividade e no topo das grandes serras. Sua proteo a maior garantia para a estabilidade e segurana dessas reas, evitando, assim, que ocorram novas catstrofes, como as que j ocorreram onde a floresta foi suprimida, com consequncias humanas, econmicas e sociais extremamente graves. Alm disso, os remanescentes da floresta desempenham um papel importantssimo na regulao climtica das cidades, amenizando as elevadas temperaturas provenientes da urbanizao intensiva. Essa regio abriga ainda belssimas paisagens, cuja proteo essencial ao bem-estar das pessoas e ao desenvolvimento do turismo, uma das atividades econmicas que mais crescem no mundo. Por esse motivo, sua conservao necessria e urgente, o que depende de aes integradas e coletivas, alm de exigir a mobilizao geral da sociedade.

    reas mais ricas em biodiversidade e mais ameaadas do mundo, pelo fato de j terem perdido mais de 75% de sua vegetao original e possurem um elevado nmero de espcies endmicas. So, portanto, reas prioritrias para aes de conservao.

    Hotspots

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    Encraves da Mata Atlntica, localizados em elevadas altitudes, formando ilhas deoresta que crescem nas encostas midas dos planaltos, em meio Caatinga.

    Floresta de interior, com uma estao seca mais longa do que a estao chuvosa. Grande parte das rvores perdem as folhas para diminuir o risco de desidratao

    Floresta de interior, com um regime climtico marcado por uma estao com chuvas intensas de vero, seguidas por um perodo de estiagem. Algumas das rvores perdem as folhas na seca.

    Ocorre em regies acima de 1200 metros de altitude, acima do limite de ocorrncia das orestas. Apresenta vegetao herbcea e arbustiva, com predomnio de gramneas.

    Floresta onde a umidade um pouco menor, em relao Floresta Ombrla Densa, com um perodo de mais de 60 dias sem chuvas por ano. A vegetao um pouco mais aberta, com arvores mais esparsadas.

    FLORESTA OMBRFILAABERTA

    Floresta com predomnio de espcies como a Araucaria e o pinheiro Podocarpus, espcies tpicas desse ambiente.

    FLORESTA OMBRFILAMISTA

    CAMPOS DE ALTITUDEFLORESTA ESTACIONALSEMIDECIDUAL

    FLORESTA DECIDUALBREJO DE ALTITUDE

    Floresta com vegetao diversicada e abundante, devido constante umidade vinda do oceano. Inclui as matas da plancie costeira e as matas de encosta com alta umidade. Grande concentrao de cips e bromlias.

    FLORESTA OMBRFILADENSA

    As Dunas e Restingas ocorrem em ambientes costeiros, cuja cobertura vegetal est limitada pelas condies do solo arenoso de origem marinha ou vio-marinha. Inclui a vegetao rasteira sobre as Dunas ate rvores presentes na Restinga Arbrea.

    O Manguezal tambm um ecossistema costeiro que ocorre em esturios e foz de rios, lagunas e reentrncias costeiras, em reas sujeitas ao regime das mars. Muitas espcies dependem do Manguezal para se alimentar e reproduzir.

    DUNAS, RESTINGASE MANGUEZAIS

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    Encraves da Mata Atlntica, localizados em elevadas altitudes, formando ilhas deoresta que crescem nas encostas midas dos planaltos, em meio Caatinga.

    Floresta de interior, com uma estao seca mais longa do que a estao chuvosa. Grande parte das rvores perdem as folhas para diminuir o risco de desidratao

    Floresta de interior, com um regime climtico marcado por uma estao com chuvas intensas de vero, seguidas por um perodo de estiagem. Algumas das rvores perdem as folhas na seca.

    Ocorre em regies acima de 1200 metros de altitude, acima do limite de ocorrncia das orestas. Apresenta vegetao herbcea e arbustiva, com predomnio de gramneas.

    Floresta onde a umidade um pouco menor, em relao Floresta Ombrla Densa, com um perodo de mais de 60 dias sem chuvas por ano. A vegetao um pouco mais aberta, com arvores mais esparsadas.

    FLORESTA OMBRFILAABERTA

    Floresta com predomnio de espcies como a Araucaria e o pinheiro Podocarpus, espcies tpicas desse ambiente.

    FLORESTA OMBRFILAMISTA

    CAMPOS DE ALTITUDEFLORESTA ESTACIONALSEMIDECIDUAL

    FLORESTA DECIDUALBREJO DE ALTITUDE

    Floresta com vegetao diversicada e abundante, devido constante umidade vinda do oceano. Inclui as matas da plancie costeira e as matas de encosta com alta umidade. Grande concentrao de cips e bromlias.

    FLORESTA OMBRFILADENSA

    As Dunas e Restingas ocorrem em ambientes costeiros, cuja cobertura vegetal est limitada pelas condies do solo arenoso de origem marinha ou vio-marinha. Inclui a vegetao rasteira sobre as Dunas ate rvores presentes na Restinga Arbrea.

    O Manguezal tambm um ecossistema costeiro que ocorre em esturios e foz de rios, lagunas e reentrncias costeiras, em reas sujeitas ao regime das mars. Muitas espcies dependem do Manguezal para se alimentar e reproduzir.

    DUNAS, RESTINGASE MANGUEZAIS

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    Macaco-prego-galego (Cebus flavius). Foto: Adriano Gambarini

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    2 Mata Atlntica do Nordeste A Mata Atlntica do Nordeste se estendia pela costa

    dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraba e Rio Grande do Norte, com incluses para o interior desses estados, e no Cear e Piau, como nos Brejos de Altitude, localizados na face leste do Planalto da Borborema.

    As chuvas, abundantes na regio em virtude dos ventos carregados de umidade que vm do litoral, e as barreiras naturais do relevo ao longo da costa, so responsveis pela exuberncia da Mata Atlntica do Nordeste. Com tipos vegetacionais de caractersticas distintas, que oferecem uma diversidade de ambientes para as mais variadas espcies, a Mata Atlntica do Nordeste composta pelas seguintes formaes vegetais: Floresta Ombrfila Densa; Floresta Ombrfila Aberta; Floresta Estacional Semidecidual; Floresta Estacional Decidual; Manguezais; Restingas e Brejos de Altitude.

    A importncia biolgica e o alto grau de ameaa das espcies presentes na Mata Atlntica do Nordeste fazem com que essa poro da floresta brasileira seja

    Macaco-prego-galego (Cebus flavius). Foto: Adriano Gambarini

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    considerada uma das regies do Planeta onde os esforos de conservao so mais urgentes. O elevado nmero de espcies endmicas presentes entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte tornou essa regio um reconhecido Centro de Endemismo, ou seja, uma regio que possui um grande grupo de espcies, sendo vrias delas exclusivas e no documentadas em qualquer outra parte do Planeta. Essa uma das regies mais ricas em espcies de toda a Mata Atlntica, e tambm a que mais sofreu alteraes. Por isso, os maiores esforos para conservao esto voltados para as florestas a localizadas.

    Esta publicao trata especificamente dessa regio, que cobria uma rea de 56.000 km, correspondendo a 4,3% do territrio da Mata Atlntica brasileira. Hoje, restam pouco menos de 12% da floresta original local, com remanescentes fortemente fragmentados e ameaados.

    Devido drstica reduo da cobertura florestal nos ltimos 200 anos, mais de 50 espcies e subespcies de aves ameaadas ou com ocorrncia restrita a essa regio podero desaparecer, caso no sejam implantadas medidas de proteo dos seus ambientes naturais.

    Legenda

    Unidades de Conservao

    Remanescentes Florestais

    Corredor do Nordeste

    Estados

    Mata Atlntica do Nordeste com a delimitao do Corredor de Biodiversidade do Nordeste. Mapa: Tiago Pinheiro

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    Algumas dessas espcies apresentam populaes pequenas e ocorrem em reas muito restritas, como o caso da limpa-folha-do-nordeste (Phylidor novaesi), da choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi), do zided-do-nordeste (Terenura sicki) e do cara-pintada (Phylloscartes ceciliae), espcies de aves extremamente ameaadas na regio, com ocorrncias registradas somente em Murici (AL) e Serra do Urubu (PE). Outras espcies, como o redescoberto macaco-prego-galego (Cebus flavius), precisam de reas extensas para sua sobrevivncia, estando cada vez mais ameaados pela fragmentao da floresta. O macaco-prego-galego foi categorizado como uma das espcies de primatas mais ameaadas do mundo. Se medidas eficientes no forem tomadas, essas espcies tero o mesmo destino do mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), que s ocorria nessas florestas e hoje considerado extinto na natureza, restando apenas poucos animais em cativeiro.

    Os Brejos de Altitude tambm so de extrema importncia. Englobam os encraves florestais que ocorrem em meio Caatinga, na face leste do Planalto da Borborema, nos estados do Cear, Paraba e Pernambuco, numa zona de transio entre a Mata

    Legenda: forsan et haec olim meminisse iuvabitSaira-militar ou verdelim (Tangara cyanocephala corallina). Foto: Adriano Gambarini

  • 16

    Atlntica e a Caatinga. Ocupavam uma rea de cerca de 12.500 km2, dos quais restam apenas 16% da cobertura original. Apesar do nome, esses brejos no so reas alagadas, mas encraves de florestas midas que ocorrem entre 700 e 1200 metros de altitude, mantidos graas s massas de ar carregadas de umidade vindas do oceano.

    Nessas reas, cobertas por Floresta Ombrfila Aberta e Estacional Semidecidual de Terras Altas, tambm ocorrem espcies de aves endmicas, como o cara-pintada (Phylloscartes ceciliae) e a choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi). A choca-da-mata-de-baturiti (Thamnophilus caerulensis cearensis) e o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni) so endmicos e ocorrem nas ilhas de Floresta Semidecidual que compem os Brejos de Altitude.

    Guariba-de-mos-ruivas (Alouatta belzebul ). Foto: Haroldo Palo Junior

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    3 Nordeste brasileiro, terra de contrastes Vivem no Nordeste brasileiro cerca de 49

    milhes de habitantes, sendo que 60% da populao est concentrada na faixa litornea e nas principais capitais. Desde o incio da dcada de 1980 observa-se em toda a regio um crescimento da populao urbana, o que indica a ocorrncia de intensa migrao no sentido campo-cidade. Na regio de Mata Atlntica, entre Alagoas e Rio Grande do Norte, estima-se uma populao de mais de 10 milhes de pessoas, envolvendo 174 municpios.

    Grandes desigualdades sociais ainda fazem parte da realidade nordestina. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita o menor do Pas. No entanto, mudanas ocorridas na ltima dcada trouxeram melhorias significativas qualidade de vida da populao. Hoje, o Nordeste a terceira maior economia do Brasil. A regio da Mata Atlntica a mais urbanizada, industrializada e economicamente desenvolvida do Nordeste.

    A ocupao do Nordeste comeou a gerar grandes transformaes na paisagem da regio j no sculo XVI,

    Legenda: forsan et haec olim meminisse iuvabitUsina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

  • 18

    inicialmente pela explorao do pau-brasil, depois, pela cultura da cana-de-acar e a instalao de engenhos. Onde as condies de clima e solo no permitiram o cultivo da cana-de-acar como nos tabuleiros litorneos do norte de Olinda at o Rio Grande do Norte os proprietrios de terra construram currais. A criao de gado abastecia a rea aucareira litornea com carne e animais de trao.

    Os rios desempenharam importante papel no povoamento da regio. Forneciam gua para o consumo, irrigavam os canaviais nas margens e moviam os engenhos. Os portos atraam a populao e as atividades de comrcio, dando origem a muitas cidades. A mata fornecia a caa, a lenha para a fornalha e para os foges, e a madeira para as construes e para a confeco das caixas de acar. Os servios ambientais oferecidos gratuitamente pela natureza deram suporte a toda essa cadeia de produo.

    Ainda hoje, o forte na economia do Nordeste a produo de cana, acar e lcool. A agroindstria sucroalcooleira a principal atividade agrcola, tanto em termos de rea ocupada, como de absoro de mo de obra e gerao de renda. A instalao do

    Complexo Industrial Porturio de Suape, localizado em Pernambuco, vem mudando essa realidade, especialmente na ltima dcada. O Complexo de Suape um polo para a localizao de negcios industriais e porturios da regio Nordeste, e um dos maiores portos do Brasil, dispondo de infraestrutura para atender s necessidades de dezenas de empreendimentos. Suape tem atrado um nmero cada vez maior de empresas interessadas em colocar seus produtos no mercado regional, ou export-los para outros pases. So mais de 100 empresas instaladas e outras em fase de implantao, gerando novas oportunidades de emprego e atividades econmicas na regio.

    Mesmo com os avanos econmicos nos ltimos anos e os investimentos para a reduo da pobreza na regio, a floresta continua sofrendo grande presso, pondo em risco a manuteno da biodiversidade e a prestao de servios ambientais (gua limpa, solos estveis, clima ameno etc.) to necessrios para o bem-estar da sociedade local.

  • 19

    Porto de Suape, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

  • 20

    Zona rural de Murici, Alagoas. Foto: Haroldo Palo Junior

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    4 A Floresta em perigoA Mata Atlntica do Nordeste considerada a

    poro da Floresta Atlntica brasileira mais degradada. A situao ainda mais complexa pelo nvel de fragmentao da floresta remanescente, distribuda em pequenas ilhas de mata, em geral, menores do que 50 hectares.

    Com a modificao do uso do solo, os ambientes naturais disponveis para as espcies ficam menores a cada dia, e a maior parte deles encontra-se isolada, sem conexo ecolgica, devido ao processo de fragmentao florestal.

    Processo em que ecossistemas naturais contnuos foram divididos pelo desmatamento em pequenos blocos ou manchas de mata, chamados de fragmentos florestais. Esses fragmentos ficaram isolados uns dos outros e cir-cundados por outras formas de uso da terra, constituindo uma matriz diferente da original, causando impactos para a sobrevivncia e reproduo das espcies a presentes.

    Fragmentao Florestal

    Zona rural de Murici, Alagoas. Foto: Haroldo Palo Junior

  • 22

    Reduo de predadores e parasitas

    Aumento da populao de espcies mais resistentes

    Desequilbrio ecolgico

    Uso do solo no entorno desfavorvel conservao

    das bordas do fragmento

    Mudana no microclima da

    as espcies mais sensveis

    Isolamento das populaes

    Ruptura das interaes biolgicas entre plantas e animais (polinizao, disperso de sementes

    Extino local de grupos mais vulnerveis

    DESMATAMENTO AGROTXICOS CO

    RTE SELETIVO CAA FOGO INVASO

    DE ES

    PCI

    ES E

    XTI

    CAS

    A

    VAN

    O D

    A FR

    ONTE

    IRA AG

    RCOLA

    EFEITOS DA FRAGMENTAO

    proliferao e dominncia de

    plantas pioneiras

    reduo da riqueza de

    espcies

    presena deespciesinvasoras

    colapso da biomassa

    perda de espcies e

    do controle biolgico

    ambiente mais

    empobrecido

    servios ecossistmicoscomprometidos

    perda da biodiversidade oresta, afetando

  • 23

    Reduo de predadores e parasitas

    Aumento da populao de espcies mais resistentes

    Desequilbrio ecolgico

    Uso do solo no entorno desfavorvel conservao

    das bordas do fragmento

    Mudana no microclima da

    as espcies mais sensveis

    Isolamento das populaes

    Ruptura das interaes biolgicas entre plantas e animais (polinizao, disperso de sementes

    Extino local de grupos mais vulnerveis

    DESMATAMENTO AGROTXICOS CO

    RTE SELETIVO CAA FOGO INVASO

    DE ES

    PCI

    ES E

    XTI

    CAS

    A

    VAN

    O D

    A FR

    ONTE

    IRA AG

    RCOLA

    EFEITOS DA FRAGMENTAO

    proliferao e dominncia de

    plantas pioneiras

    reduo da riqueza de

    espcies

    presena deespciesinvasoras

    colapso da biomassa

    perda de espcies e

    do controle biolgico

    ambiente mais

    empobrecido

    servios ecossistmicoscomprometidos

    perda da biodiversidade oresta, afetando

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    Alm de estarem sujeitos a um maior nmero de impactos (ventos, fogo, invaso por espcies exticas etc.), os ambientes fragmentados limitam o deslocamento de indivduos de muitas espcies, e as interaes entre as diferentes populaes da fauna e flora. Esses fatores combinados reduzem a biodiversidade e so as principais causas da extino de espcies e do comprometimento dos servios ambientais prestados por essas florestas, como gua de qualidade, solo frtil e clima ameno.

    Apesar das florestas tropicais se regenerarem aps atividades humanas, a fragmentao florestal e a criao de bordas (reas mais externas do fragmento florestal, muito alteradas devido ao contato direto com as reas modificadas pelo homem) transformam a floresta primria em uma capoeira permanente, pobre em diversidade de espcies. Os ambientes empobrecidos no conseguem reter espcies da fauna e flora caractersticas de reas de florestas no perturbadas. Em consequncia, estas tambm acabam por desaparecer, comprometendo funes ecolgicas importantes, como a polinizao, a disperso de sementes e o controle biolgico.

    Entorno da reserva da Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

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    borda dofragmento

    regenerao da floresta com espcies oportunistas

    avano da borda do fragmento

    Alm de isolados, os fragmentos florestais sofrem ameaas conhecidas como efeito de borda. Mudanas na quantidade de vento, umidade, temperatura, entrada de espcies invasoras, fogo, entre outros, avanam para o interior da floresta, a partir das bordas.

    Os fragmentos so colonizados por espcies oportunistas e espcies invasoras, hbeis em ocupar reas degradadas. A competio acaba por excluir espcies nativas dos remanescentes florestais. A nova estrutura da vegetao dificulta a rebrota das espcies nativas, que acabam por desaparecer com a morte dos indivduos adultos.

    A floresta passa a ser dominada por plantas com funes ecolgicas semelhantes entre si. Os efeitos de borda podem ser sentidos at 400 metros para o interior da floresta, e podem levar os fragmentos ao colapso pela perda de processos ecossistmicos que permitiriam sua manuteno no longo prazo.

    Entorno da reserva da Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini Infogrfico baseado em modelo de Gascon e colaboradores (2000).

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    Estudos conduzidos nos ltimos 10 anos pelo Laboratrio de Ecologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco mostram que a Mata Atlntica do Nordeste est cada vez mais degradada. A interrupo do processo de disperso de sementes j ameaa um tero das rvores da floresta dessa regio, especialmente aquelas que possuem sementes com tamanho maior que 1,5 cm, e que dependem de dispersores de maior porte. Algumas dessas reas apresentam reduo de at 50% na riqueza de espcies de plantas. Se a degradao continuar no ritmo atual, a floresta pode vir a ser dominada por plantas mais comuns e com funes ecolgicas semelhantes entre si, mudando completamente a sua estrutura e funcionamento e, principalmente, reduzindo a diversidade de espcies e comprometendo a prestao de servios ambientais, como a polinizao, disperso de sementes, fertilizao do solo etc.

    Grande parte do que sobrou da floresta e de sua biodiversidade no est oficialmente protegida por unidades de conservao. Essas reas so fundamentais para manter pores dos ambientes naturais e seus processos, dos quais todos dependem para sobrevivncia

    e qualidade de vida. Atualmente, existem 55 unidades de conservao de proteo integral na Mata Atlntica entre Alagoas e Rio Grande do Norte. Dentre estas, destacam-se a Estao Ecolgica de Murici, em Alagoas, a Reserva Biolgica Guaribas, na Paraba, o Parque Estadual Dois Irmos, em Pernambuco, e o Parque das Dunas, no Rio Grande do Norte.

    A maior parte das unidades de conservao da Mata Atlntica do Nordeste pequena (com rea menor do que 100 hectares), com formatos irregulares, e est

    Unidades de conservao (UC) so reas institudas pelo Poder Pblico para a proteo da fauna, flora, microorga-nismos, corpos dgua, solo, clima, paisagens e todos os processos ecolgicos pertinentes aos ecossistemas na-turais. Podem ser pblicas ou particulares e de diferentes tipos. As unidades de conservao de proteo integral so aquelas que apresentam maior restrio de uso da rea, como os parques, reservas e estaes ecolgicas. As UCs que permitem uma maior interveno humana constituem o grupo de uso sustentvel, como as reas de proteo ambiental, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentvel.

    Unidades de Conservao

  • 27

    inserida em uma paisagem dominada por outros usos da terra, quase sempre pouco favorveis fauna e flora nativas. Essa conformao exige manejo e proteo adequados e especializados para que essas unidades cumpram os objetivos para os quais foram criadas. As unidades de conservao dessa regio protegem apenas 0,3% dos remanescentes de floresta e grande parte delas no est adequadamente implementada. A maior parte no possui sequer o plano de manejo, que o documento norteador para a boa gesto da unidade. Alm disso, as unidades de conservao no contam com estrutura e pessoal suficientes, comprometendo a proteo da biodiversidade existente nessas reas.

    RPPN Frei Caneca, Pernambuco. Foto: Adriano Gambarini

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    RPPN Pedra DAnta, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    5 Incentivos econmicos para a conservao

    O Brasil ocupa hoje uma posio privilegiada entre as grandes potncias econmicas mundiais. Em grande parte, isso se tornou possvel devido riqueza de recursos naturais do Pas, como terras frteis, gua em abundncia, clima ameno e a biodiversidade. Essas caractersticas e atributos naturais produzem o que chamamos de servios ambientais ou servios ecossistmicos.

    Por se tratar de servios disponveis para todos, seu valor no percebido pelos usurios que, em geral, no pagam pelo seu uso. Para que as florestas no virem apenas madeira e carvo necessrio que os bens naturais sejam reconhecidos e mensurados economicamente, passando a ser includos nos custos de produo. Para alguns itens, j existem metodologias e um mercado sendo estabelecido, como o pagamento pelo uso da gua, crditos de carbono e o repasse de parte do ICMS1 a municpios que assumem compromissos com a proteo ambiental.

    1 ICMS: Imposto sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao.

    RPPN Pedra DAnta, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    Mas grande parte dos servios ambientais no foi incorporada balana comercial e no reconhecida como commodities2. A grande riqueza de produtos da natureza continua pouco conhecida pela cincia, sub-utilizada pelos brasileiros e explorada sem critrios de conservao e viso de longo prazo.

    O reconhecimento da dependncia desses servios j est explcito em aes prticas que vm ocorrendo na Mata Atlntica do Nordeste, como o abastecimento de gua. A fragmentao e perda da cobertura florestal, o recolhimento dirio de lenha e outros produtos da floresta, as queimadas e outras perturbaes nos ambientes naturais podem comprometer bastante esses servios proporcionados pelas florestas da regio.

    preciso destacar, no entanto, que iniciativas de recuperao de matas ciliares tambm esto sendo feitas em muitas reas da Mata Atlntica do Nordeste. Sem as matas ciliares, os cursos dgua ficaro cada vez mais assoreados, inviabilizando a agricultura e o abastecimento de gua para a produo.

    2 Commodities so mercadorias em estado bruto (matrias-primas) ou com pequeno grau de industrializao, como minrios e gneros agrcolas, que so produzidos em larga escala e comercializados em nvel mundial.

    As discusses sobre a proteo da biodiversidade passam pela nossa dependncia dos bens e servios ambientais que mantm a vida na Terra. Esses servios foram agrupa-dos pela UNESCO em quatro categorias:

    1 Servios de sustentao da vida: incluem a formao de solos, formao de hbitats, ciclagem de nutrien-tes, produo de oxignio, produo primria (fotos-sntese), polinizao e disperso de sementes.

    2 Servios de regulao: incluem as funes de purifica-o do ar, regulao do clima, purificao das guas, regulao das guas, controle de enchentes, controle de eroso, tratamento de resduos, desintoxicao e controle de pragas e doenas.

    3 Servios de provisionamento de bens: incluem o fornecimento de alimentos (frutos, razes, pescados, caa, mel), energia (lenha, carvo, resduos, leos), fi-bras (madeiras, cordas, txteis), frmacos, cosmticos, recursos genticos e bioqumicos, plantas ornamen-tais e gua potvel.

    4 Servios culturais: incluem aqueles que contribuem para a identidade cultural e territorial dos povos, valo-res espirituais e religiosos, conhecimentos tradicionais, valores estticos, simbolismos, lazer e ecoturismo.

    Os bens e servios ambientais

  • 31

    Muitos produtores rurais reconhecem a importncia das florestas na manuteno do regime hdrico e esto trabalhando para proteger os cursos dgua, alm de investirem no uso eficiente desse recurso.

    Vale mencionar tambm a importncia da implantao de outros mecanismos econmicos para a proteo da biodiversidade, como o repasse para os municpios de parte do ICMS arrecadado pelos estados. Alguns estados incorporam na regulamentao de distribuio desses recursos aos municpios critrios que servem como compensao e estmulo conservao ambiental. Esses mecanismos, que premiam os municpios que adotam prticas de proteo e sustentabilidade, so conhecidos como ICMS Verde ou ICMS Ecolgico. Dessa forma, os estados que aprovaram leis especficas de repasse desse tributo remuneram, de maneira diferenciada, os municpios mais comprometidos com a proteo ambiental. Esse mecanismo destinado a valorizar iniciativas nas reas de meio ambiente, sade e educao j uma realidade nos estados de Pernambuco, Paraba e Cear. O Piau tambm desenvolveu legislao prpria e, em Sergipe, o processo est em andamento.

    Murici, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

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    O turismo, uma das atividades econmicas que mais crescem na Mata Atlntica do Nordeste, tambm tem na natureza seu principal ativo. Os estados e municpios j se conscientizaram dessa relao e esto desenvolvendo planos especficos, especialmente para o ecoturismo. Para manter essa atividade, que sustenta tantas famlias, preciso garantir a beleza das praias e das florestas que impulsionam a indstria do turismo. Por melhor que sejam os hotis e por mais atrativos histricos e culturais que existam em uma regio, pesquisas j demonstraram que turistas preferem destinos com paisagens naturais protegidas, praias e rios limpos e oportunidades de lazer em contato direto com a natureza.

    Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

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    6 Desafios e estratgias para conservao: Programa Produzir & ConservarFruto da parceria entre a Conservao Internacional

    (CI-Brasil) e a Monsanto, o Programa Produzir & Conservar foi iniciado em 2008 com o objetivo de conservar a biodiversidade da Mata Atlntica do Nordeste. O Programa tem como parceiros na regio o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN) e a Associao para a Proteo da Mata Atlntica do Nordeste (AMANE).

    O foco do Programa contribuir para a conservao dos biomas Cerrado e Mata Atlntica. A rea de abrangncia do Produzir & Conservar no componente Mata Atlntica o Corredor de Biodiversidade do Nordeste, que abrange parte dos estados de Alagoas, Paraiba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os pilares do Produzir & Conservar so:a) diminuio da extino de espcies;b) desmatamento ilegal zero;c) cumprimento da legislao ambiental na cadeia

    agropecuria;d) fortalecimento da poltica de sustentabilidade da

    Monsanto.

    Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

  • 34Em trs anos, o Programa alcanou resultados

    importantes nos diversos focos de atuao: promoveu avanos na discusso dos Sistemas Estaduais de Unidades de Conservao (SEUC), apoiando a elaborao e a regulamentao da Lei n 13.787/2009, que criou o sistema em Pernambuco, e grupos de trabalho para a elaborao dos sistemas estaduais em Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraba.

    Foram ainda alcanados resultados na criao de Reservas Particulares do Patrimnio Natural (RPPN) - categoria de unidade de conservao privada - com

    Corredores de Biodiversidade so regies extensas, de grande importncia biolgica, consideradas estratgicas para a conservao. So compostas por um conjunto de reas protegidas, entremeadas por reas com diferentes tipos de ocupao e uso da terra. Os corredores devem ser manejados de forma integrada para garantir a sobrevivn-cia das espcies, a manuteno dos processos ecolgicos e o desenvolvimento de uma economia regional forte, baseada no uso sustentvel dos recursos naturais. Saiba o que est sendo feito no Corredor de Biodiversidade do Nordeste na pagina 41.

    Corredor de Biodiversidade

    Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

  • 35

    duas oficializadas e oito protocoladas nos rgos ambientais nesse perodo. Em relao s unidades de conservao pblicas, apoiou-se a criao da rea de Proteo Ambiental Aldeia Beberibe, na Regio Metropolitana de Recife, PE, e o desenvolvimento do plano de manejo da Estao Ecolgica de Murici (ESEC Murici), AL. A publicao do guia prtico Como criar unidades de conservao trouxe um importante subsdio para o planejamento das unidades na regio.

    O apoio criao da Rede de Gestores de Unidades de Conservao do Corredor do Nordeste, com quatro redes virtuais, proporcionou oportunidades de capacitao e troca de experincias. Essa Rede conta com a participao de cerca de 500 profissionais e tem sido essencial para a integrao entre os gestores e para a ampliao das discusses sobre a implementao de reas protegidas e a soluo de problemas ambientais na regio.

    Aes para minimizar o impacto causado floresta pela extrao de lenha para uso domstico tambm fazem parte do Programa. Entre estas, tem-se o desenvolvimento de estratgias para fornecimento de energia, como a construo de foges ecolgicos e o uso

    Fogo Ecolgico. Foto: Sergio Zacchi

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    de outras fontes alternativas, importantes para diminuir a presso sobre os remanescentes florestais, alm de evitar problemas de sade de crianas e mulheres que utilizam os foges lenha tradicionais.

    Com os Centros de Educao para a Conservao da Mata Atlntica, localizados em Murici (AL) e na Serra do Urubu (PE), foi possvel envolver cerca de 600 pessoas em diversas atividades. Foram realizadas aes de mobilizao, capacitao e oficinas sobre sistemas agroflorestais, biodiversidade regional e restaurao florestal.

    O estabelecimento de parcerias com o Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA) e com as associaes de moradores de assentamentos vizinhos s unidades de conservao tem possibilitado a difuso e adoo de prticas conservacionistas. o que est acontecendo no entorno da Estao Ecolgica de Murici (AL) e das RPPN Frei Caneca e Pedra dAnta, que formam o ncleo de proteo do Complexo Florestal da Serra do Urubu, no sul de Pernambuco. Nesses locais, busca-se a construo participativa de um plano agrcola ecologicamente sustentvel para a agricultura familiar. O incentivo ao desenvolvimento

    Centro de Educao para Conservao da Biodiversidade - CEC Lagoa dos Gatos, PE. Foto: Haroldo Palo Junior

  • 37

    de prticas agroecolgicas e de sistemas agroflorestais, e o apoio formao da Cooperativa de Produtores da Agricultura Familiar Camponesa de Murici (COOPF Murici), foram resultados obtidos com o apoio do Produzir & Conservar.

    As parcerias formadas com centros de pesquisa da regio (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal da Paraba e Universidade Federal de Pernambuco, por exemplo) tm permitido o avano no conhecimento da biodiversidade regional (distribuio e situao de conservao de aves, rpteis, mamferos, plantas etc.) e o desenvolvimento de planos de ao para espcies ameaadas. Alm disso, o cuidado com espcies invasoras tambm tem sido enfocado com a capacitao dos gestores de unidades de conservao e publicao de materiais de apoio, como a cartilha

    Formas de uso e manejo da terra, nas quais rvores ou arbustos so utilizados em conjunto com a agricultura e/ou com a criao de animais na mesma rea, de maneira simultnea ou numa sequncia de tempo.

    Sistemas Agroflorestais (SAF)

    Levantamento de aves na Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

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    Pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa). Foto: Haroldo Palo Junior

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    Invases biolgicas: uma ameaa invisvel e o livro Espcies Exticas Invasoras do Nordeste do Brasil: contextualizao, manejo e polticas publicas.

    O pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa), escolhido como espcie smbolo do Programa Produzir & Conservar, uma pequena ave exclusiva da Mata Atlntica do Nordeste e est ameaada de extino. A situao dessa espcie de grande beleza exemplifica o contexto atual da Mata Atlntica do Nordeste. As florestas encontram-se to degradadas que no oferecem condies para a sobrevivncia desta e de outras tantas espcies da fauna e da flora. Somente um esforo conjunto de toda a sociedade, apoiando aes de conservao, restaurao florestal e prticas sustentveis, poder reverter esse quadro.

    Com o apoio do Programa Produzir & Conservar, foi estabelecido o Ncleo de Restaurao Florestal do Corredor do Nordeste, associado ao Pacto pela Restaurao da Mata Atlntica. O Pacto uma estratgia nacional, que tem como misso articular instituies pblicas e privadas, governos, empresas e proprietrios, com o objetivo de integrar seus esforos e recursos para alcanar resultados para a conservao da

    biodiversidade; gerao de trabalho e renda na cadeia produtiva da restaurao; manuteno, valorao e pagamento de servios ambientais; e adequao legal das atividades agropecurias nos estados que compem a Mata Atlntica. As articulaes desenvolvidas pelos parceiros do Programa Produzir & Conservar foram decisivas para a adeso do governo de Pernambuco ao Pacto. A estratgia estabelecer reas de referncia em restaurao florestal, aliadas a viveiros de mudas para dar suporte s aes de restaurao. O diagnstico dos viveiros da regio e a capacitao para viveiristas possibilitaram identificar parceiros para apoiar a adequao ambiental das propriedades rurais. Algumas reas j foram selecionadas, com a perspectiva de restaurao de aproximadamente 7 mil hectares de florestas na regio.

    O dilogo e integrao com o setor sucroalcooleiro para o desenvolvimento de uma agenda de sustentabilidade j realidade. O Curso de Oportunidades de Negcios em Conservao da Biodiversidade do Corredor Nordeste abriu espao para a discusso sobre as possibilidades nesse campo, e parcerias esto sendo formadas para a realizao

  • 40

    de pesquisas nas reas de florestas das usinas, para a recuperao de reas de Preservao Permanente e para a criao de RPPN.

    Mecanismos para Pagamento por Servios Ambientais (PSA) tambm fazem parte do Programa. Modelos de PSA esto sendo estabelecidos por companhias de abastecimento e saneamento em unidades de conservao que possuem captao de gua em seu interior. Esto em fase de articulao projetos de PSA para recursos hdricos, com enfoque na restaurao da mata ciliar de micro bacias inseridas na Bacia do Una, no Complexo Florestal da Serra do Urubu e no Parque Estadual Dois Irmos, em Pernambuco. Tambm esto sendo realizados estudos para entender a importncia das florestas na proteo e manuteno de reas produtoras de gua.

    A continuidade das iniciativas aqui apresentadas certamente ter impacto positivo na conservao das espcies, paisagens e processos ecolgicos, que fizeram da Mata Atlntica do Nordeste uma das reas mais importantes para a conservao da biodiversidade do Brasil.

    Viveiro da RPPN Pedra DAnta, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    Novos desafiosPara que ocorram as transformaes necessrias,

    capazes de mudar a situao e contribuir para um desenvolvimento regional sustentvel, preciso conectar reas, iniciativas e pessoas. Para isso necessrio ampliar os esforos para o envolvimento e cooperao entre as instituies governamentais e a sociedade civil, empresas e populao em geral, tendo como base o planejamento conjunto, o processo participativo e a integrao de iniciativas. Esse o propsito da estratgia do Corredor de Biodiversidade do Nordeste.

    Para formar um corredor de biodiversidade preciso envolver reas com vegetao nativa, protegidas ou no, e reas de cultivos, pastagens e outros usos da terra, estimulando a adoo de prticas menos impactantes ao meio ambiente. O propsito do Corredor no modificar o tipo de atividade desenvolvida em uma dada regio, mas influir na forma como esta desenvolvida. Com planejamento e adoo de tcnicas adequadas, como pastagens sombreadas, sistemas agroflorestais, manuteno de reservas legais e proteo das reas de preservao permanente, possvel reduzir o impacto

    Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

  • 42

    e ampliar a conexo e manuteno dos fragmentos florestais em longo prazo. Com isso, busca-se assegurar a sobrevivncia das espcies, o equilbrio dos ecossistemas e o bem-estar das pessoas.

    A coordenao das aes para a implementao do Corredor de Biodiversidade do Nordeste feita por um esforo conjunto de diversas instituies, responsveis por discutir e apresentar contribuies para conservao e restaurao da Mata Atlntica do Nordeste.

    A adoo de polticas pblicas para desenvolver mecanismos de incentivo restaurao florestal, ao turismo sustentvel e valorizao dos servios

    ambientais proporcionados pela floresta, como o sequestro de carbono e a produo de gua em quantidade e qualidade, so elementos essenciais para a sustentabilidade da paisagem dessa regio. So necessrios ainda programas para preparar e treinar as populaes locais para incorporar tcnicas ambientalmente sustentveis em seus sistemas de produo.

    Por ter sido to fortemente fragmentada, a restaurao a nica maneira de promover a conexo entre os remanescentes florestais e resgatar a paisagem da Mata Atlntica nessa regio. O desafio transformar a restaurao florestal em uma oportunidade econmica e de desenvolvimento social para a regio. Para isso, esto sendo adotadas diversas aes e estratgias. A capacitao e o fortalecimento da rede de viveiros e coletores de sementes, essenciais para a melhoria e o aumento da oferta de mudas para os projetos de restaurao esto entre essas iniciativas. A implantao de sistemas agroflorestais tambm deve ser incentivada, especialmente em reas de assentamentos rurais.

    Para dar suporte s aes de restaurao florestal j existem metodologias estabelecidas para as diferentes

    Por meio de aes especficas, possvel contribuir para que as ilhas de floresta formadas pelo processo de frag-mentao sejam novamente conectadas. Exemplos des-sas aes so a proteo da vegetao remanescente, a adequao agrcola e ambiental dos empreendimentos econmicos e a recuperao de reas degradadas. Pai-sagens agrcolas, se bem manejadas, podem ter valor complementar de conservao, prestar servios ambien-tais estratgicos e contribuir de forma mais efetiva para o desenvolvimento sustentvel da sociedade.

    Boas Prticas

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    regies. Mais de 1 milho de hectares em reas com potencial para serem restauradas no Nordeste foram mapeadas pelo Pacto pela Restaurao da Mata Atlntica. A adeso do estado de Pernambuco s iniciativas do Pacto foi o primeiro passo para a constituio do Ncleo de Restaurao Florestal na Mata Atlntica do Nordeste. preciso envolver e engajar outros governos e setores da sociedade.

    Valorizando as parceriasA parceria e a busca pela produo sustentvel so

    as melhores estratgias para garantir a conservao da biodiversidade e o desenvolvimento sustentvel da regio, especialmente na Mata Atlntica do Nordeste, onde os maiores remanescentes florestais esto em propriedades da iniciativa privada, com destaque para as usinas produtoras de acar e lcool.

    As florestas inseridas nas reas das usinas de cana-de-acar abrigam um nmero significativo de espcies de aves caractersticas da regio. Um exemplo o cabur-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), coruja endmica da Mata Atlntica do Nordeste, s registrada em dois locais: Usina Trapiche e Reserva Biolgica de Saltinho, PE. O mesmo ocorre com o

    Coruja. Usina Serra Grande, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

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    vira-folha-do-nordeste (Philydor noveasi), atualmente restrito Estao Ecolgica de Murici (AL) e Usina Frei Caneca (PE), exemplificando o papel relevante das usinas na proteo da Mata Atlntica do Nordeste.

    Um dos mais significativos trechos de floresta na regio encontra-se na Usina Serra Grande, em Alagoas. O Programa Produzir & Conservar vem apoiando projetos de pesquisa sobre a biodiversidade na rea. Essa parceria essencial para manter os estudos que j so desenvolvidos h mais de 10 anos na propriedade, contribuindo para o reconhecimento internacional de uma das reas de pesquisa sobre os efeitos da fragmentao na dinmica de funcionamento de remanescentes florestais.

    A parceria entre as empresas do setor sucroalcooleiro com organizaes no governamentais tem trazido resultados consistentes para a conservao da Mata Atlntica do Nordeste. Vrios produtores j esto aplicando novas tecnologias para o aumento da produtividade, evitando perturbaes nas florestas nativas. A expectativa de que a tendncia de conservar as matas, como uma forma de proteo e manuteno dos recursos hdricos, que vem ocorrendo em algumas usinas, se torne uma prtica frequente.

    RPPN Frei Caneca, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    Uma srie de parcerias com o setor governamental tambm est em andamento. Entre essas parcerias destaca-se a incorporao do Guia Prtico de Reflorestamento com Alta Diversidade como documento norteador das aes de restaurao e adequao ambiental para todas as atividades referentes a essas temticas pelo estado de Pernambuco, um dos signatrios do Pacto pela Restaurao da Mata Atlntica. O Sindicato da Indstria de Fabricao do lcool do Estado da Paraba (Sindalcool) tambm signatrio do Pacto e parte dos seus membros possui parceria em aes de restaurao florestal com apoio do Produzir & Conservar. Vale destacar tambm a parceria do Produzir & Conservar na implementao de um Programa de Desmatamento Evitado, utilizando a tecnologia dos foges eficientes para todos os estados da Mata Atlntica ao norte do rio So Francisco.

    Outra iniciativa que merece destaque o esforo do governo de Pernambuco na implementao de unidades de conservao. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) pretende criar 41 conselhos gestores das unidades de conservao. O Produzir & Conservar acompanha e apoia todo

    esse processo. A rede de gestores de unidades de conservao ser a base de disseminao de informaes e mobilizao para a criao dos conselhos, que devem evoluir para o desenho de Mosaicos de reas Protegidas como forma de otimizar esforos na implementao das unidades. O propsito dos Mosaicos promover a gesto integrada das reas envolvidas, contribuindo para o fortalecimento dessas reas, para a conservao da biodiversidade, bem como para o desenvolvimento sustentvel do territrio onde se situam.

    A parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBIO) tem sido essencial para a implementao da Estao Ecolgica de Murici (AL). O Produzir & Conservar participa e colabora com o conselho gestor da Unidade, seja nas reunies ordinrias, seja na capacitao dos conselheiros. Alm disso, coordena a elaborao do plano de manejo da Estao Ecolgica Murici, em estreita parceira com a equipe tcnica do ICMBIO.

    O Programa vem tambm dando suporte e contribuies aos estados da regio para a elaborao e aperfeioamento de polticas pblicas, como no desenho dos sistemas estaduais de unidades de conservao e na

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    formulao da Poltica Estadual de Enfrentamento s Mudanas Climticas de Pernambuco.

    A partir da definio de uma estratgia de divulgao e comunicao sobre a biodiversidade regional, por meio de um processo coletivo envolvendo vrias instituies, surgiu um novo olhar sobre a Mata Atlntica do Nordeste. Essas parcerias so articuladas e reforadas pelo conselho gestor do Corredor de Biodiversidade do Nordeste.

    A expectativa que essas parcerias institucionais formadas no desenvolvimento do Programa Produzir & Conservar sejam mantidas e estimulem a atuao em rede para a gesto ambiental integrada e participativa, aumentando as possibilidades rumo conservao da biodiversidade e contribuindo para o desenvolvimento sustentvel na regio. Governo, setor privado, sociedade civil organizada e a sociedade em geral devem se engajar em um trabalho conjunto na busca de instrumentos e condutas mais sustentveis sobre o uso da terra, que possam permitir a conservao do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da populao na Mata Atlntica do Nordeste.

    Gavio-de-rabo-branco (Buteo albicaudatus). Estao Ecolgica de Murici, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

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    Gavio-de-rabo-branco (Buteo albicaudatus). Estao Ecolgica de Murici, Alagoas. Foto: Adriano Gambarini

  • 48 20012000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

    Incio de cursos de capacitao emgesto participativade UCs.

    Plantio de espcies nativas em 15 hectares na Serra do Urubu, PE.

    Criao do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN)

    Promulgao da Lei 11.899, que cria o ICMS Socioambiental em Pernambuco.

    Criao da RPPN Frei Caneca, com 630 hectares, localizada na Serra do Urubu, PE.

    Criao da Estao Ecolgica Murici, AL, com 6.116 hectares.

    Articulao e mobiliza-o para criao do Pacto Murici.

    Criao da Associao para a Proteo da Mata Atlntica do Nordeste (AMANE).

    Estabelecimento de parceria entre a CI, o CEPAN e a Usina Trapiche para formao do Corredor Usina Trapiche - Rebio Saltinho, PE.

    Criao do Centro de Educao para Conservao da Biodiversidade (CEC)em Murici, AL.

    Articulao e formao da Cooperativa de Produtores da Agricultu-ra Familiar Camponesa do Complexo Florestal de Murici (COOPF Murici), AL.

    Apoio ao estabeleci-mento do Sistema Estadual de Unidades de Conservao do Estado de Pernambuco atravs da Lei N 13787.

    Curso de Adequao Ambiental e Restaura-o Florestal .Incio do Programa de

    Desenvolvimento Sustentvel da Zona da Mata (Promata), PE.

    Criao do conselho da Estao Ecolgica de Murici, AL.

    Consolidada a Rede de gestores de UCs nos estados do RN,PB, PE e AL.

    Primeiro Curso Prtico de Pagamento por Servios Ambientais do Corredor Nordeste de Biodiversidade.

    Curso de Oportunidade de Negcios em Conservao de Biodiversidade.

    Ocina de Planejamento Participativo de Comuni-cao do Corredor de Biodiversidade do Nordeste

    Publicao do Guia Prtico Como Criar Unidades de Conservao.

    Adeso formal do estado de Pernambuco ao Pacto de Restaurao da Mata Atlntica.

    Incio da cooperao CEPAN/UFPE/Complexo Industrial de Suape para implantao do Centro de Restaurao Florestal para o Corredor de Biodiversidade do Nordeste.

    Publicao do livroConservao de Aves Endmicas do Centro de Endemismo Pernambuco.

    Publicao da cartilha Conversando sobre Biodiversidade.

    Criao da APA Aldeia Beberibe, PE, com 31.634 hectares.

    Publicao do livro Saberes e Fazeres da Mata Atlntica: Lies para a gesto participa-tiva de unidades de conservao.

    Formao da COOP MATA cooperativa de produtores da agricultu-ra familiar camponesa, em Murici, AL.

    Elaborado Diagnstico do Plano de Manejo da ESEC Murici, AL.

    Ocina de Comunicao Ambiental e exposio fotogrca sobre a biodiversidade do Corredor Nordeste.

    Elaborao de Planos de Ao para controle de invases biolgicas de trs UCs, PE. (Parque Estadual de Dois Irmos; Estao Ecolgica de Caets; Reserva Biolgica de Saltinho).

    Primeiro Curso Prtico para Viveiristas Florestais do Corredor Nordeste de Biodiversidade.

    Criao da RPPN Pedra DAnta (Serra do Urubu), PE.

    Formalizao do Pacto Murici em Braslia.

    Incio do Projeto para Proteo da Serra do Urubu, PE.

    Elaborao de um Programa Integrado de Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade para a regio no mbito do Pacto Murici.

    Incio do Programa Produzir & Conservar, parceria entre CI e Monsanto.

    INICIATIVAS DE CONSERVAO NA MATA ATLNTICA DO NORDESTE

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    Incio de cursos de capacitao emgesto participativade UCs.

    Plantio de espcies nativas em 15 hectares na Serra do Urubu, PE.

    Criao do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN)

    Promulgao da Lei 11.899, que cria o ICMS Socioambiental em Pernambuco.

    Criao da RPPN Frei Caneca, com 630 hectares, localizada na Serra do Urubu, PE.

    Criao da Estao Ecolgica Murici, AL, com 6.116 hectares.

    Articulao e mobiliza-o para criao do Pacto Murici.

    Criao da Associao para a Proteo da Mata Atlntica do Nordeste (AMANE).

    Estabelecimento de parceria entre a CI, o CEPAN e a Usina Trapiche para formao do Corredor Usina Trapiche - Rebio Saltinho, PE.

    Criao do Centro de Educao para Conservao da Biodiversidade (CEC)em Murici, AL.

    Articulao e formao da Cooperativa de Produtores da Agricultu-ra Familiar Camponesa do Complexo Florestal de Murici (COOPF Murici), AL.

    Apoio ao estabeleci-mento do Sistema Estadual de Unidades de Conservao do Estado de Pernambuco atravs da Lei N 13787.

    Curso de Adequao Ambiental e Restaura-o Florestal .Incio do Programa de

    Desenvolvimento Sustentvel da Zona da Mata (Promata), PE.

    Criao do conselho da Estao Ecolgica de Murici, AL.

    Consolidada a Rede de gestores de UCs nos estados do RN,PB, PE e AL.

    Primeiro Curso Prtico de Pagamento por Servios Ambientais do Corredor Nordeste de Biodiversidade.

    Curso de Oportunidade de Negcios em Conservao de Biodiversidade.

    Ocina de Planejamento Participativo de Comuni-cao do Corredor de Biodiversidade do Nordeste

    Publicao do Guia Prtico Como Criar Unidades de Conservao.

    Adeso formal do estado de Pernambuco ao Pacto de Restaurao da Mata Atlntica.

    Incio da cooperao CEPAN/UFPE/Complexo Industrial de Suape para implantao do Centro de Restaurao Florestal para o Corredor de Biodiversidade do Nordeste.

    Publicao do livroConservao de Aves Endmicas do Centro de Endemismo Pernambuco.

    Publicao da cartilha Conversando sobre Biodiversidade.

    Criao da APA Aldeia Beberibe, PE, com 31.634 hectares.

    Publicao do livro Saberes e Fazeres da Mata Atlntica: Lies para a gesto participa-tiva de unidades de conservao.

    Formao da COOP MATA cooperativa de produtores da agricultu-ra familiar camponesa, em Murici, AL.

    Elaborado Diagnstico do Plano de Manejo da ESEC Murici, AL.

    Ocina de Comunicao Ambiental e exposio fotogrca sobre a biodiversidade do Corredor Nordeste.

    Elaborao de Planos de Ao para controle de invases biolgicas de trs UCs, PE. (Parque Estadual de Dois Irmos; Estao Ecolgica de Caets; Reserva Biolgica de Saltinho).

    Primeiro Curso Prtico para Viveiristas Florestais do Corredor Nordeste de Biodiversidade.

    Criao da RPPN Pedra DAnta (Serra do Urubu), PE.

    Formalizao do Pacto Murici em Braslia.

    Incio do Projeto para Proteo da Serra do Urubu, PE.

    Elaborao de um Programa Integrado de Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade para a regio no mbito do Pacto Murici.

    Incio do Programa Produzir & Conservar, parceria entre CI e Monsanto.

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    FACES DA MATA ATLNTICA DO NORDESTE

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    Fotos: Srgio Zacchi

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    INSTITUIES E INICIATIVAS EM PROL DA PROTEO DA MATA ATLNTICA DO NORDESTE

    Conservao Internacional (CI) uma organizao privada, sem fins lucrativos, fundada em 1987, com o objetivo de promover o bem-estar humano fortalecendo a sociedade no cuidado responsvel e sustentvel para com a natureza nossa biodiversidade global , amparada em uma base slida de cincia, parcerias e experincias de campo. Como uma organizao no governamental (ONG) global, a CI atua em mais de 40 pases, distribudos por quatro continentes. Em 1988, iniciou seus primeiros projetos no Brasil e, em 1990, se estabeleceu como uma ONG nacional. A CI-Brasil possui escritrios em Belo Horizonte (MG), Belm (PA), Braslia (DF) e Rio de Janeiro (RJ), alm de unidade avanada em Caravelas (BA).

    www.conservacao.org

    Associao para Proteo da Mata Atlntica do Nordeste AMANEA AMANE uma associao sem fins lucrativos, cuja misso proteger e recuperar a Mata Atlntica do Nordeste por meio da conservao da biodiversidade e do desenvolvimento de benefcios socioambientais.

    www.amane.org.br

    Beija-flor, besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon aureoventris). RPPN Pedra DAnta, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN)O CEPAN uma organizao da sociedade civil que tem como objetivo gerar conhecimento cientfico e implementar aes de conservao e de uso sustentvel dos recursos naturais. Um dos focos de ao do CEPAN a Mata Atlntica ao norte do rio So Francisco. Por meio de parcerias com universidades, governos, produtores rurais e organizaes no governamentais, o CEPAN produz informaes sobre a biodiversidade e busca o envolvimento de parceiros para a adoo de tcnicas de produo compatveis com a manuteno dos recursos naturais. Alm disso, forma ncleos de restaurao para plantio e troca de sementes, fundamentais para o alcance da meta de extino zero na regio e promoo do desenvolvimento econmico e social.

    www.cepan.org.br

    MonsantoA Monsanto uma empresa dedicada agricultura. Pioneira no desenvolvimento de produtos com tecnologia de ponta na rea agrcola (herbicidas, sementes convencionais e geneticamente modificadas), a Monsanto busca solues sustentveis que proporcionem aos agricultores produzir mais, conservar mais e melhorar vidas. Para isso, investe anualmente mais de US$ 1 bilho em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e compartilha seu conhecimento com produtores para ampliar o acesso a modernas tecnologias agrcolas, especialmente em pases pobres e em desenvolvimento.

    www.monsanto.com.br

    RPPN Pedra DAnta, Pernambuco. Foto: Haroldo Palo Junior

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    Pacto MuriciO objetivo do Pacto catalisar aes e recursos para reverter o quadro de desmatamento e perda da biodiversidade, e criar formas de restaurar o funcionamento da paisagem e o desenvolvimento sustentvel no Centro de Endemismo Pernambuco. Fazem parte do Pacto Murici oito instituies: Sociedade Nordestina de Ecologia, Conservao Internacional, The Nature Conservancy, WWF, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, Fundao SOS Mata Atlntica, BirdLife International, por meio da SAVE Brasil e CEPAN. Todas essas instituies buscam adequao ambiental das indstrias do setor sucroalcooleiro, visando reduo de passivos ambientais. Para isso, promovem capacitaes em adequao e restaurao florestal, produzem materiais e buscam parcerias para elaborao de projetos de carbono.

    Programa Produzir & ConservarO Programa resultado da parceria entre CI-Brasil e Monsanto para estimular a adoo de critrios de sustentabilidade cadeia do agronegcio. Os objetivos especficos so: evitar o desmatamento ilegal e a extino local de espcies; incentivar o cumprimento da legislao ambiental na cadeia agropecuria; contribuir para o fortalecimento da poltica de sustentabilidade da Monsanto; alm de desenvolver estratgias para o alinhamento operacional da empresa para esses objetivos.

    www.conservacao.org e www.monsanto.com.br

    Centro de Educao para Conservao da Biodiversidade CEC Murici, Alagoas. Foto: Haroldo Palo Junior

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    Projeto para Proteo da Serra do Urubu (PE)O Projeto desenvolvido pela Sociedade para a Conservao das Aves do Brasil (SAVE Brasil), em parceria com a AMANE. A Serra do Urubu classificada como uma das reas Importantes para Conservao das Aves (IBA). So desenvolvidas aes de pesquisa, educao ambiental e polticas pblicas.

    www.amane.org.br

    Centro de Educao para Conservao da Biodiversidade (CEC)Localizado em Murici (AL), o CEC um espao de encontro e dilogo que visa promover a conservao da biodiversidade e a qualidade de vida das populaes do Complexo Florestal de Murici, por meio de processos de capacitao continuada dos gestores de unidades de conservao; apoio comunidade; educao ambiental; monitoramento da biodiversidade; e capacitao e mobilizao voltadas para prticas ecolgicas.

    www.amane.org.br

    Centro de Restaurao FlorestalFruto da cooperao CEPAN/UFPE/Complexo Industrial de Suape (PE), o Centro tem como objetivo desenvolver projetos e modelos de recuperao florestal nessa regio do Corredor de Biodiversidade do Nordeste.

    www.cepan.org.br

    Foto: Haroldo Palo Junior

  • realizao apoio