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Pesca Brasil l 96 Turismo Ecológico »Por: Janaína Quitério l Fotos: Fernando de Santis [email protected]

"Uma forma diferente de abraçar a araucária"

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Matéria publicada Revista Pesca Brasil 21, em julho de 2009. (Txt sem aplicação da Nova Ortografia): A altitude da árvore-símbolo de Campos do Jordão reserva muita adrenalina e descobertas para quem se aventura com o arvorismo. A equipe da Revista Pesca Brasil abraçou essa idéia e a própria araucária — que em todas as estações recebe os turistas e aventureiros de “galhos” abertos

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Turismo Ecológico »Por: Janaína Quitério l Fotos: Fernando de Santis [email protected]

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A altitude da árvore-símbolo de Campos do Jordão reserva muita adrenalina e descobertas para quem se aventura com o arvorismo. A equipe da Revista Pesca Brasil abraçou essa idéia e a própria araucária — que em todas as estações recebe

os turistas e aventureiros de “galhos” abertos

Com os pés no chão, quem poderia imaginar o que pássaros, esquilos e macacos da Serra da Mantiqueira vivenciam nas copas de araucá-

rias? Com a prática do arvorismo (ou arborismo) — nome advindo dos termos em inglês tree climbing (escalada de árvores) ou canopy walking (cami-nhada em copa de árvores) — é possível caminhar, saltar, pular — até mesmo voar — de uma árvore a outra, por meio de pontes, cabos de aço, cordas, tirolesas, rappel e bondinhos, desafiando equilíbrio e medo de altura com a segurança atestada às agências de turismo de aventura. A idéia de trabalhar comercialmente com esportes de aventura é antiga em todo o mundo. Mas, qual a origem dessa prática — e por que não arte? — de passear pelas copas das árvores com a facilidade de um Tarzan? Segundo o monitor e gerente operacional da Altus Turismo Ecológico, Marcos Aurélio Correia Gomes (Kito), o arvorismo nasceu da experiência de cientistas e biológos da Costa Rica, que precisavam estudar o dossel de ár-vores. “Aí, eles perceberam que, se conseguissem se conectar entre uma árvore e outra, não preci-sariam subir e descer de árvores grandes várias vezes ao dia, o que facilitaria o trabalho. Para isso, contrataram profissionais de montanhismo para construírem os circuitos. Foi quando constataram que, além de funcional, era divertido”, explica. No Brasil, as primeiras passarelas — que buscavam muito mais a contemplação do que a adrenalina — foram montadas para viabilizar es-tudos e pesquisas no Parque Nacional do Una, no sul da Bahia. Em 2001, a Altus lançou seu primei-ro circuito em Campos do Jordão, prevalecendo como uma agência pioneira no Brasil na atividade do arvorismo.

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Com 107 mil metros quadrados, o Bosque do Silêncio é um oásis da natureza em Campos do Jordão. Localizado a dois quilômetros do centro turístico da cidade, o bosque é rico na vegetação de araucárias e oferece trilhas abertas e atividades de aventura por meio da agência Altus, que, junto com o Idom (Instituto Domini Omini Máximus), viabiliza a sustentatibilidade do Bosque do Silêncio com intuito não apenas da preservação ambiental, mas também do desenvolvimento sociocultural. “Nosso objetivo é proporcionar uma visão diferen-te da natureza aos visitantes. Uma coisa é olhar para uma araucária de baixo para cima. Outra, é estar na copa delas e ver a sua dimensão no ambiente”, instiga Kito. Foi lá que a equipe da Revista Pesca Brasil se aventurou no circuito completo de arvo-rismo, com 28 atividades. O percurso inicia-se com uma trilha de 300 metros pelo bosque, que leva até a parte mais alta da propriedade, com aproximadamente 1070 metros de altitu-de. No caminho, os monitores apresentam as belezas e os ruídos da natureza local. Antes de começar a primeira aventura nas alturas, os monitores explicam o funcio-namento dos equipamentos de segurança — compostos por capacete, cadeirinha de escalada, cordas e mosquetões.

Na primeira plataforma, uma tiro-lesa de 20 metros dá partida à aventura. Durante todo o percurso, são quase 30 tra-vessias com dois quilômetros de arvorismo em dois circuitos como nomes de macacos: Circuito Macaco Bugio e Circuito Macaco Prego. A altitude dá um frio na barriga: os percursos entre uma árvore e outra ficam de três a 20 metros de altitude e, a cada etapa completada, o aventureiro sente-se ora como acrobata, ora como macaco, pássaro ou malabarista de circo. Com a diferença de que um cabo o segura contra a morte. A atividade proporciona um conhe-cimento sobre a biologia das árvores — é possível ver esquilos carregando pinhões, conhecer o sexo das araucárias e como se formam as pinhas — além de uma troca de energia com a natureza. De uma ponte a outra, a tensão da travessia pode ser descarregada com um simples abraço nas formosas araucárias. E depois de testar equilíbrio e a própria coragem e de contemplar a Serra da Mantiqueira na copa das árvores, o cir-cuito finda com uma tirolesa de 120 metros — uma das maiores do país —, por meio da qual o esportista sobrevoa o bosque e pode soltar um grito de alívio pelo cumpri-mento da atividade.

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As plataformas não são fixadas nas árvores com pregos. Elas são abraçadas com um cabo, para não danificá-las. O peso dos percursos é equilibrado com cabos que puxam do lado oposto das pontes

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