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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA COM ÊNFASE FONOVISUOARTICULATÓRIA NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA Eneida Alves Bittencourt Coelho ORIENTADOR: Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2016

UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA COM ÊNFASE ... · ... de apropriação do sistema de escrita alfabética pela ... Apropriação do Sistema de Escrita Alfabética ... do processo

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA COM ÊNFASE

FONOVISUOARTICULATÓRIA NO PROCESSO DE

AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

Eneida Alves Bittencourt Coelho

ORIENTADOR:

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro 2016

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional. Por: Eneida Alves Bittencourt Coelho

UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA COM ÊNFASE

FONOVISUOARTICULATÓRIA NO PROCESSO DE

AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

Rio de Janeiro 2016

AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda a equipe da E.M. Barra de Zacarias –Maricá - RJ, em especial as professoras alfabetizadoras Carina, Thamara, Patrícia e Kátia, pelo comprometimento e dedicação na construção de uma escola pública de qualidade.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho acadêmico aos alunos da E.M. Barra de Zacarias –Maricá - RJ, que através dos seus questionamentos, dificuldades e descobertas nos levam constantemente a refletir sobre nossa prática e a buscar formas inovadoras de ensino e aprendizagem.

EPÍGRAFE

“Ser ensinante significa abrir um espaço para aprender. Espaço objetivo e subjetivo em que se realizam dois trabalhos simultâneos: a construção de conhecimentos e a construção de si mesmo, como sujeito criativo e pensante” (ALICIA FERNÁNDEZ).

RESUMO

As escolas atualmente enfrentam um grande desafio, que é lidar com as dificuldades de aprendizagem e ao mesmo tempo traçar propostas de intervenção capazes de contribuir para a superação dos problemas detectados no processo ensino - aprendizagem. Uma das principais causas do fracasso escolar tem origem especificamente nas dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita. Para enfrentar esta problemática o psicopedagogo institucional deve implementar diversas ações, entre elas levar os professores e equipe pedagógica a refletirem sobre o trabalho desenvolvido e metodologias utilizadas. Para isso, é necessário que o profissional conheça como se dá este processo, as metodologias existentes e sua fundamentação teórica. O foco deste trabalho está justamente na função preventiva do psicopedagogo institucional na escola frente ao processo de alfabetização, destacando a orientação dos professores sobre como acontece o processo de apropriação do sistema de escrita alfabética pela criança e que estratégias devem ser utilizadas pelo professor na mediação desta aprendizagem. Como instrumento de intervenção psicopedagógica, vamos apresentar a metodologia fonovisuoarticulatória de aprendizagem da leitura e da escrita, denominada popularmente de “Método das Boquinhas”, de autoria da fonoaudióloga e psicopedagoga Renata Savastano Ribeiro Jardini, para que possamos conhecer o seu diferencial e avaliar sua eficácia no processo de aquisição da leitura e da escrita. Um olhar psicopedagógico na dinâmica do dia a dia na sala de aula pode contribuir para uma aprendizagem mais significativa e eficaz.

METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa bibliográfica descritiva de análise qualitativa, onde

busquei subsídios teóricos sobre o processo de aprendizagem da leitura e

escrita que fundamentam a metodologia fonovisuoarticulatória de alfabetização.

A partir destes conhecimentos vamos poder compreender a prática e refletir

sobre esta tecnologia educacional, avaliando se esta intervenção pode ser

eficaz no processo de apropriação do sistema de escrita alfabética. de modo a

instrumentalizar o Psicopedagogo Institucional no exercício da sua função

dentro da unidade escolar. Para a coleta de dados e informações foram

utilizados livros e artigos científicos. Os principais autores que vão embasar

esta pesquisa são Magda Soares e Marco Antônio de Oliveira,do CEALE -

UFMG (Centro de Alfabetização, Leitura e escrita);Artur Gomes de Morais,do

CEEL – UFPE (Centro de Estudos em Educação e Linguagem),cujos trabalhos

fundamentam o PNAIC (Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa)

do MEC;Emília Ferreiro, autora da Psicogênese da Língua Escrita; Fernando

César Capovilla, defensor do método fônico e a autora da “Metodologia das

Boquinhas”, Renata Savastano Ribeiro Jardini, fonoaudióloga clínica e

psicopedagoga. Especificamente com relação a atuação do psicopedagogo

Institucional na Instituição Escolar,tomamos como referência as autoras Nadia

Bossa e Alícia Fernándes,

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

O papel da Psicopedagogia Institucional na escola 12

CAPÍTULO II

Apropriação do Sistema de Escrita Alfabética 18

2.1 Alfabetização e Letramento 19

2.2 Escrita alfabética como um sistema notacional 21

2.3 Consciência fonológica,fonêmica e fonoarticulatória 26

CAPÍTULO III

A “Metodologia das Boquinhas”no processo de aquisição da

Leitura e da escrita

3.1 Pressupostos teóricos 28 3.2 Descrição dos articulemas e fonemas e seu uso em Boquinhas 32

3.3 Os passos da alfabetização com Boquinhas 37

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

9

INTRODUÇÃO

A história da alfabetização no Brasil é marcada por fracassos no processo do

ensino-aprendizagem da leitura e escrita e por sucessivas mudanças

conceituais e metodológicas. Este é um tema polêmico, que gera discussões

inflamadas entre diversos teóricos, o que acaba deixando confusos os

professores, não sabendo qual norteamento seguir. A progressiva perda de

especificidade do processo de alfabetização, que vem acontecendo na escola

brasileira nas três últimas décadas, criou uma nova modalidade de fracasso

escolar, que é o baixo domínio da língua escrita em anos escolares em que

esta competência já deveria ter sido alcançada, problema evidenciado hoje em

dia através das diversas avaliações externas existentes.

Frente a estas discussões, apresenta-se como desafio encontrarmos práticas

pedagógicas que resgatem a especificidade da alfabetização e que favoreçam

a apropriação do sistema de escrita alfabética. Esta é uma das questões

enfrentadas pelo psicopedagogo institucional no cotidiano do seu trabalho na

escola, cujo principal objetivo é justamente a prevenção das dificuldades de

aprendizagem através do aperfeiçoamento de práticas educativas que facilitem

o processo de construção do conhecimento. Consequentemente, é

fundamental conhecer as diferentes metodologias e o embasamento teórico

das mesmas e ao mesmo tempo, levar estas questões para serem discutidas

com a equipe de profissionais da escola em que está inserido, contribuindo

assim de forma significativa na superação de barreiras encontradas para o

avanço na aprendizagem. Ao investir na formação continuada e reflexão sobre

a prática adotada, estará facilitando o entendimento das dificuldades de

aprendizagem, neste trabalho em específico as relacionadas a leitura e a

escrita ocasionadas pela metodologia adotada, possibilitando a intervenção

durante o processo de alfabetização, favorecendo assim a solução dos

problemas identificados.

É nesta perspectiva que entra nossa pesquisa sobre a Tecnologia Educacional

aprovada pelo MEC em novembro de 2009, 2010 e 2011 denominada

10

popularmente como “Método das Boquinhas”, que consiste em se utilizar

estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/letra) e articulatórias

(articulema/Boquinhas) para trabalhar a aquisição da leitura e escrita. Esta

tecnologia é resultado de um trabalho interdisciplinar envolvendo as áreas de

fonoaudiologia e pedagogia.

Nosso objetivo com este estudo é conhecer a fundamentação teórica e as

especificidades desta metodologia, identificando qual o diferencial dela com

relação a outras, para então avaliarmos se a sua utilização em classes regulares

de alfabetização pode ser uma estratégia eficaz de mediação para que a criança

se aproprie do sistema de escrita alfabética, contribuindo assim para

alcançarmos melhores resultados neste processo.

Para atingir os objetivos propostos e responder ao problema inicial da

pesquisa, cujo foco é o fracasso escolar gerado pelas dificuldades de

aprendizagem da leitura e da escrita devido a escolha de uma metodologia

ineficaz e o papel do psicopedagogo institucional nesta problemática, foram

construídos três capítulos teóricos: No primeiro capítulo vamos abordar o papel

do psicopedagogo institucional na escola e a relevância do tema da pesquisa

na sua prática profissional no cotidiano escolar.

O segundo capítulo foi organizado pensando em abranger pontos importantes

da fundamentação e suporte teórico da metodologia em estudo,para

compreendermos como a criança aprende a ler e a escrever. Iniciamos com a

colocação de Marco Antônio de Oliveira que nos apresenta três concepções de

como se dá esta aprendizagem, defendendo a teoria de que ela é intermediada

pela oralidade. Em seguida, tomando como base os autores Magda Soares e

Artur Gomes de Morais, vamos abordar primeiramente a diferença entre

alfabetização e letramento, demonstrando que para a alfabetização acontecer é

preciso um ensino intencional e sistemático que leve a criança a se apropriar

do sistema alfabético de escrita e leitura (codificação e decodificação) e ao

mesmo tempo que esta aprendizagem deve acontecer em um contexto de

letramento, com textos reais e em situações de uso da escrita nas práticas

sociais. Esta diferenciação é importante para identificarmos que quando

estamos falando sobre a metodologia das Boquinhas estamos falando em

11

metodologia de alfabetização, ou seja, ensino sistemático e intencional.

Apresentaremos em seguida argumentos mostrando que o Sistema de Escrita

Alfabética é um sistema notacional e não somente um código. Fundamentado

nas pesquisas de Emília Ferreiro, vamos demonstrar que ele envolve

propriedades e convenções que vão exigir que o aluno compreenda os

aspectos conceituais da escrita alfabética. Esta compreensão funciona como

requisito para que ele possa memorizar as relações letra-som e utilizar este

conhecimento de forma produtiva, sendo capaz de gerar leitura ou a escrita de

novas palavras. Tomando como referência o autor Artur Gomes de Morais,

vamos apresentar as propriedades do Sistema de Escrita Alfabética que o

aprendiz precisa reconstruir para entender seu funcionamento, ou seja, as

etapa pelas quais passam as crianças em processo de alfabetização e as

apropriações pedagógicas da teoria da psicogênese da língua

escrita.Finalizando este capítulo, vamos abordar Consciência fonológica,

fonêmica e fonoarticulatória. As duas primeiras habilidades são fundamentais

para que o aprendiz tome consciência da fala como um sistema de sons e a

escrita como uma representação desses sons, ou seja, as relações fonema-

grafema.Com relação a consciência articulatória, ela é o diferencial desta

metodologia comparada a outras abordagens fônicas existentes. Os autores

que vão embasar a pesquisa para este tema são Fernando Capovilla, Artur

Gomes de Morais e Renata Jardini.

No terceiro capítulo - A “Metodologia das Boquinhas ” no processo de aquisição

da Leitura e da Escrita - vamos conhecer os pressupostos teóricos, os

articulemas e seu uso e como acontece a intervenção pedagógica e a

construção do conhecimento no processo de alfabetização utilizando a

“Metodologia das Boquinhas”, tendo como referência a autora Renata Jardini e

outros autores citados por ela.

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CAPÍTULO I

O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL NA

ESCOLA

A princípio, a Psicopedagogia constitui-se na composição de dois saberes -

psicologia e pedagogia - sendo uma ciência que estuda a aprendizagem

humana cujo objeto de estudo é a pessoa em processo de construção e

reconstrução do conhecimento. Seu papel é analisar e assinalar os fatores que

favorecem, intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem na instituição

escolar. A escola é a instituição responsável pela educação e formação dos futuros

cidadãos. Sua principal missão é ensinar, e onde há ensino, supõem-se que

haja aprendizagem. No entanto, sabemos que nem sempre é assim que

acontece. O processo de aprendizagem é complexo e envolve, ao mesmo

tempo, um sujeito que ensina e um sujeito que aprende, sendo que vários

fatores tanto internos como externos podem interferir.

A área de conhecimento da Psicopedagogia surgiu justamente como resposta

a uma necessidade que demandou da própria práxis educacional, ou seja,

buscar soluções para os problemas de aprendizagem apresentados pelos

educandos no ambiente escolar, em interação com o objeto de conhecimento.

A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda - o problema de aprendizagem, colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da própria pedagogia – e evoluiu devido a existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo- se assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e a preveni-las. (BOSSA, 2007, p. 24)

13

As dificuldades de aprendizagem acabam por provocar o fracasso escolar e a

psicopedagogia atua para a superação dessas dificuldades sob um caráter

institucional ou clínico.

Segundo Bossa (2000), seu objeto de estudo é o próprio processo de

aprendizagem e seu desenvolvimento normal e patológico, relacionado com o

mundo interno ou externo, sem deixar de lado os aspectos cognitivos, afetivos

e sociais que estão envolvidos.

O psicopedagogo institucional trabalha com todo o corpo escolar, composto por

diretores, coordenadores, professores, famílias e comunidade, com o objetivo

de assegurar uma dinâmica integradora na escola como um todo, buscando a

reflexão crítica e a superação dos obstáculos enfrentados pela escola. Para

isso, trabalha as metodologias de ensino e práticas pedagógicas, a relação

família e escola, o planejamento e avaliação de estratégias visando superar as

dificuldades encontradas, de modo a assegurar o processo de ensino-

aprendizagem, tendo em vista a melhoria da qualidade do ensino.

A intervenção psicopedagógica portanto envolve a avaliação dos alunos

quanto ao processo de desenvolvimento e aquisição da aprendizagem, o

professor em suas estratégias e competências profissionais, a família e suas

atitudes perante a educação dos filhos e todo o contexto escolar. Sua atuação

na equipe é como um mediador e incentivador das atividades escolares,

propondo estratégias para as dificuldades encontradas, facilitando assim o

trabalho da gestão e dos professores:

O trabalho deste profissional está voltado para uma ação coletiva com toda a equipe pedagógica que abrange a direção, professores, pais, alunos e demais funcionários da escola, os processos didáticos, as interações e avaliação escolar, para buscar compreender como acontece a relação ensino-aprendizagem no espaço educativo. (BOSSA, 1994, p 23).

Segundo Bossa (2000), a intervenção de um psicopedagogo no contexto

escolar é essencial e inclui:

• Orientar os pais;

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• Auxiliar os educadores e consequentemente a toda comunidade aprendente;

• Buscar instituições parceiras (envolvimento com toda a sociedade);

• Colaborar no desenvolvimento de projetos (Oficinas psicopedagógicas);

• Acompanhar a implementação e implantação de novas propostas

metodológicas.

• Promover encontros socializadores entre corpo docente, discente,

coordenadores, corpo administrativo e de apoio ;

Portanto, para cumprir o seu papel, é necessário que o psicopedagogo não só

conheça como funcionam os processos de aprendizagem e quais são os

fatores que interferem, como também ser capaz de identificar, tratar e prevenir

as alterações que vierem a acontecer durante este processo. A dificuldade faz

parte do processo de aprendizagem e não pode ser vista desvinculada dele.

Weiss (1994) sinaliza que para o diagnóstico de casos de fracasso escolar,

devemos levar em consideração os aspectos orgânicos, cognitivos,

emocionais, sociais e pedagógicos que cercam o problema identificado.

Destacamos a importância da atuação do psicopedagogo institucional nas

escolas para prevenir as dificuldades que ocorrem neste último aspecto, que

tem como origem uma metodologia ineficaz, docentes com formação

inadequada, falta de planejamento, desconhecimento da realidade cognitiva

dos educandos, entre outros.Cada criança tem um processo de

desenvolvimento diferente, algumas aprendem com mais facilidade enquanto

outras aprendem num ritmo mais lento, precisando de mais tempo. Por isso, é

fundamental que o professor analise individualmente seus alunos para poder

adequar os conteúdos às necessidades de cada um. As mudanças de

estratégias de ensino podem contribuir para que todos aprendam, pois muitas

vezes elas não estão de acordo com a realidade do aluno, necessitando que o

professor reveja a metodologia utilizada.Deve-se também criar um ambiente

favorável à aprendizagem, onde sejam trabalhadas a autoestima, a

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autonomia,a confiança, o respeito mútuo e a valorização do aluno.A prática do

professor em sala de aula é decisiva no processo de desenvolvimento de seus

alunos.

A afetividade é uma questão que a psicopedagogia considera fundamental para

que ocorra a aprendizagem. PichonRevière (2005), criador da Teoria do

Vínculo, nos mostra que a aprendizagem ocorre através da interação entre o

aluno, o professor e o conteúdo. Nenhum método competente obterá sucesso

se não houver um vínculo afetivo entre estes três elementos da aprendizagem,

pois esta é uma relação que envolve afetividade e conflitos, onde acontecem

processos de transferência e contratransferência.

Segundo Fernández (2001) “entre o ensinante e o aprendente, abre-se um

campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender”.

Segundo Serra (2004), “não se trata de buscar culpados para o fracasso

escolar, nem de responsabilizar os professores, mas buscar alternativas que

estão ao nosso alcance para solucionar os problemas”. Ensinar e aprender são

processos interligados e por isso não dá para pensar em um sem relacionar

com o outro.

O trabalho do psicopedagogo Institucional na escola possui portanto um caráter

essencialmente preventivo, sendo uma das suas funções auxiliar os

professores e equipe pedagógica com relação a aprendizagem dos alunos com

ou sem dificuldades. Este auxílio pode ser direcionado de forma individual ou

coletiva .

Além disso, este profissional deve estimular o desenvolvimento das relações

interpessoais, o estabelecimento de vínculos e a utilização de métodos de

ensino compatíveis com as mais recentes concepções de ensino e

aprendizagem.Bossa (2007) afirma que este trabalho tem níveis diferentes de

atuação:

No primeiro nível o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho incide nas questões

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didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagens já instalados. Para tanto cria-se plano diagnóstico da realidade institucional, e elaboram-se planos de intervenção baseados nesse diagnósticos a partir do qual se procura avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam tais transtornos. No terceiro nível o objetivo é eliminar transtornos já instalados em um procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros. (BOSSA, 2007, p. 25)

É função do professor, do psicopedagogo e de toda a equipe pedagógica

contribuir para o êxito do processo de aprendizagem e auxiliar com relação as

dificuldades no rendimento escolar. Isso quer dizer que ter conhecimento de

como o aluno constrói seu conhecimento, compreender a dinâmica da escola e

relacionar todos estes fatores aos aspectos afetivos e cognitivos, possibilitará

uma atuação mais segura e eficaz de todos os profissionais responsáveis pela

aprendizagem.

As funções pertinentes ao psicopedagogo na escola são diversas, mas uma das

formas de abordagem preventiva é investir e incentivar a formação continuada

dos professores, para que eles possam construir uma relação amistosa e de

troca com os alunos e terem condições de refletir sobre sua prática pedagógica.

O aprender do professor lhe capacita para entender melhor o seu aluno e intervir

positivamente no processo de aprendizagem do mesmo. O professor é coautor

deste processo de construção e reconstrução de conhecimento:

A participação do professor, por inteiro, (corpo, organismo, inteligência e desejo) nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-aprendizagem demanda a participação dos alunos também por inteiro. O organismo, transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendizagem, já corporizado. (FERNÁNDEZ, 1990, p.62).

Segundo Sena, Conceição e Vieira (2004), “o processo de ressignificação da

prática pedagógica se constrói por meio de um processo que se efetiva pela

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reflexão critico- reflexiva do professor sobre seu próprio trabalho, isto é, a partir

da base do contexto educativo real, nas necessidades reais dos sujeitos, nos

problemas e dilemas relativos ao ensino e à aprendizagem”.

O foco desta pesquisa está na alfabetização, período cercado por muitas

expectativas tanto dos alunos, como das famílias, das professoras e de toda a

comunidade escolar. Ao mesmo tempo, é também uma etapa de muitas

frustações, pois é nesta fase que ficam mais evidenciadas as dificuldades de

aprendizagem. Muitas vezes porém os problemas identificados tem origem nas

metodologias utilizadas pelos professores, acarretando dificuldades e fracassos

que vão influenciar de forma significativa a aprendizagem nos anos seguintes,

gerando problemas como baixa autoestima, evasão, retenção na mesma série,

dentre outros. Para que o psicopedagogo possa planejar sua intervenção

pedagógica é preciso conhecer como acontece o processo de aprendizagem

da leitura e da escrita e as diferentes metodologias utilizadas, para melhor

poder orientar os professores, pois muitas vezes será necessário que o

professor necessite mudar sua forma de ensinar.O psicopedagogo, como um

profissional da aprendizagem, deve conhecer bem as metodologias de

alfabetização para orientar os professores e conscientizá-los sobre a

importância de se utilizar uma metodologia eficiente e eficaz.

Para Bossa (2000) “O Psicopedagogo Institucional trabalha para que a escola

não seja um problema, seja a solução”.

18

CAPÍTULO II

APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA

Partindo do questionamento de como as crianças aprendem a ler e escrever,

cuja resposta é fundamental para propormos metodologias, pois se não

soubermos como elas interagem com seu objeto de conhecimento, corremos o

risco de tentar ensinar num caminho oposto ao do aprendiz, o autor Marco

Antônio de Oliveira (2005) nos apresenta três concepções de aprendizagem da

escrita. A primeira, transferência de um produto, supõe a escrita como um

produto pronto e acabado que o professor transmite ao seus alunos. A

aprendizagem entendida desta forma tem como pressuposto que o ensino se

dá de fora para dentro e que o aluno vai precisar de uma grande memória para

assimilar tudo. A segunda teoria, adotada pelo construtivismo, vê esta

aprendizagem como um processo de construção do conhecimento tendo como

base as características da própria escrita, em que o aprendiz,em interação com

o objeto, levanta uma hipótese inicial e vai reformulando, num processo

contínuo de reelaboração do seu conhecimento sobre a escrita. Nesta

concepção o conhecimento é construído pelo aluno, que é o centro da

aprendizagem e não transferido de fora para dentro, como na primeira teoria.

Além disso, o aluno pensa e faz generalizações, minimizando o uso da

memória e vai cometer erros, que são previsíveis e naturais ao processo:

Esses 'erros' são da natureza daquilo que Piaget chamou de "erros construtivos", ou seja, são passos importantes na construção do conhecimento, etapas que permitirão ao aprendiz a reformulação de suas hipóteses. Nesta perspectiva fica claro que o aluno que 'erra' não é, necessariamente, um aluno com problemas de aprendizagem. Ao contrário, só 'erra' quem está no controle da construção do conhecimento. Poderíamos até dizer que “o bom aluno é o que erra”(OLIVEIRA,2012,p.8).

19

Porém, esta concepção não dá conta de alguns erros de ortografia e

concordância apresentados pelos crianças, o que nos leva a uma terceira

concepção de aprendizagem da escrita intermediado pela oralidade, ou seja,

pelo que ela já sabe da língua quando começa o processo de alfabetização,

pois já domina a língua falada:

Dito de outra forma: o conhecimento sobre a língua falada controla o processo de aprendizagem da língua escrita. É importante ter claro que à medida que se progride no tempo, menor se torna o efeito da oralidade. Assim, há um momento em que nenhum de nós escreve mais como fala. (OLIVEIRA, 2012, p.10)

2.1. Alfabetização e Letramento O acesso ao mundo da escrita envolve ao mesmo tempo a apropriação de um

sistema e o seu uso nas práticas sociais, dois processos distintos que se

complementam, sendo que um não é pré-requisito do outro, devendo acontecer

ao mesmo tempo. É urgente portanto a realização de reflexões sobre

alfabetização e letramento e suas especificidades, pois além de serem

simultâneos e diferentes, são interdependentes e indissociáveis, requerendo

portanto metodologias diferentes (SOARES 2003).Uma das hipóteses sobre o

que poderia ter levado a esta perda de especificidade, foi a forma equivocada

como o conceito de construtivismo chegou em nosso país nos anos 80

juntamente com o conceito de letramento, difundindo a ideia que não era mais

necessário ter um método para alfabetizar, já que a aprendizagem acontece na

interação com o objeto de conhecimento, no caso a leitura e a escrita (MORAIS

2012).Ao focar no processo de construção do sistema de escrita pela criança,

subestimou-se a natureza do objeto de conhecimento em construção, que é

fundamentalmente um objeto linguístico, de relações convencionais e

arbitrárias entre fonemas e grafemas (SOARES 2004):

Aí é que está o erro. Ninguém aprende a ler e a escrever se não aprender relações entre fonemas e grafemas – para codificar e para decodificar. Isso é uma parte específica do processo de aprender a ler e a escrever. Linguisticamente, ler e escrever é aprender a codificar e a decodificar (SOARES, 2003, p.1).

20

Não se aprende a ler e escrever espontaneamente, somente participando de

práticas diárias de leitura e produção de textos (MORAIS 2012). É um equívoco

achar que há uma incompatibilidade entre a teoria construtivista e uso de

metodologia, que na realidade vem a ser um conjunto de ações e intervenções

sustentadas por uma concepção teórica, visando alcançar objetivos (SOARES

2004).

Arthur Gomes de Morais (2012) concorda com Soares (2003) sobre o fato de

que, com o conhecimento adquirido através da teoria da psicogênese da língua

escrita na psicologia e da teoria da enunciação e do discurso na linguística,

houve um processo “desinvenção da alfabetização”, levando os educadores a

acreditarem numa alfabetização sem metodologia,sem atividades intencionais

e planejadas para a apropriação do sistema de escrita:

W”desinventamos” o ensino da escrita alfabética, criamos certa ditadura do texto ( segundo a qual seria proibido trabalhar com unidades menores, como palavras ou sílabas), como se fosse verdade que a maioria das crianças “descobre”, por conta própria e sem instrução sistemática, como a escrita alfabética funciona e quais são as suas convenções (MORAIS, 2012,p.25).

Para a alfabetização acontecer é preciso um ensino intencional e sistemático,

de forma que a criança se aproprie do sistema alfabético de escrita e leitura e

ao mesmo tempo esta aprendizagem deve acontecer em um contexto de

letramento, com textos reais e em situações de uso da escrita nas práticas

sociais. Portanto, o processo de “reinvenção da alfabetização” deve ser um

movimento de resgate da especificidade da alfabetização (SOARES 2003).

Quem vivencia o dia a dia e a prática dos professores alfabetizadores nas

escolas públicas, percebe que falta clareza sobre a necessidade de se ensinar

de forma sistemática as relações fonema-grafema e as propriedades e

convenções do sistema alfabético. Se fizermos uma análise dos livros do

Programa Nacional do Livro Didático de alfabetização, que substituem as

antigas cartilhas, vamos perceber que eles apresentam muitos textos de

diversos gêneros textuais e poucas atividades que trabalhem as relações som-

grafia e que levem o aluno a compreender como funciona o sistema de notação

21

alfabética (MORAIS 2006).

O que poderíamos chamar de acesso ao mundo da escrita – num sentido amplo – é o processo de um indivíduo entrar nesse mundo, e isso se faz basicamente por duas vias: uma, através do aprendizado de uma “técnica”. Chamo a escrita de técnica, pois aprender a ler e a escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou para decodificar. Envolve, também, aprender a segurar um lápis, aprender que se escreve de cima para baixo e da esquerda para a direita; enfim, envolve uma série de aspectos que chamo de técnicos. Essa é, então, uma porta de entrada indispensável. A outra via, ou porta de entrada, consiste em desenvolver as práticas de uso dessa técnica. Não adianta aprender uma técnica e não saber usá-la (SOARES, 2003,p.15).

2.2. Escrita Alfabética como um Sistema Notacional Se considerarmos a aprendizagem da leitura e da escrita como somente a

aquisição de um código, o trabalho da alfabetização se reduziria em o aluno

aprender a relação entre o som e letra que o substitui, ou seja, codificar

edecodificar. Sendo assim, envolveria somente memorização e habilidades

motoras e perceptivas. Mas a partir da teoria da psicogênese da escrita, vimos

que a apropriação do sistema de escrita alfabética exige muito mais do que

somente as habilidades citadas acima. Passamos a compreender então que a

escrita alfabética é um sistema notacional que não se reduz a decorar um

conjunto de sinais substitutos, mas envolve regras e propriedades que se

relacionam entre si e consequentemente exigem do aluno um trabalho

cognitivo muito mais complexo. Na realidade, ele vai ter que compreender e

reconstruir em sua mente, as regras que regulam este sistema para poder usá-

lo de forma convencional e assim poder efetivamente ler e escrever. Um código

é mais estático e simples,se reduz a se utilizar um conjunto de sinais

substitutivos que podem ser decifrados. É automático, não requer reflexão e

compreensão, sendo o código Morse um exemplo bem assertivo.

O Sistema de Escrita é um sistema notacional dinâmico e complexo que

envolve vários aspectos lógico-conceituais e portanto para que a criança se

aproprie dele, não ba

palavras e memorizar a

necessária, mas não su

um processo cognitiv

fundamentais. É neces

criar hipóteses.Como

Sistema de Escrita Alfa

para duas questões bá

registros. A compreens

requisito para que, te

conhecimento de forma

Em seus estudos o aut

com as propriedades d

compreender e intern

adultos alfabetizados,

que nem pensamos s

reconstruí-las para pode

o basta conseguir segmentar oralmente o

rizar as letras a eles correspondentes. Esta é

não suficiente para se chegar à hipótese alfa

gnitivo mais reflexivo, no qual várias h

ecessário compreender o sistema, refletir sob

omo demonstrou Ferreiro (1985), para apr

ta Alfabética funciona, a criança vai precisar

es básicas: o que as letras notam e como e

reensão dos aspectos conceituais deste sist

e, tendo memorizado a relação letra –

forma eficaz, ou seja, lendo e escrevendo c

o autor Artur Gomes de Morais (2012) organ

des do sistema de notação alfabética que

internalizar, com a ajuda da mediação do

dos, dominamos estas propriedades tão a

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poderem apropriar-se do sistema:

22

nte os fonemas das

Esta é uma condição

e alfabética, exigindo

ias habilidades são

tir sobre essa escrita,

a aprender como o

cisar achar resposta

mo elas criam esses

te sistema é um pré-

som, utilize este

ndo com autonomia.

organizou um quadro

que o aluno precisa

o do professor.Nós,

tão automaticamente

ar nossos alunos a

23

Parece-nos necessário criar um ensino sistemático que auxilie, dia após dia, nossos alunos a refletir conscientemente sobre as palavras, para que venham a compreender como esse objeto de conhecimento funciona e possam memorizar suas convenções.(MORAIS, 2005, p.45).

A mudança de paradigma a partir dos estudos de Emília Ferreiro (1985)

mostraram que a criança pensa sobre a escrita muito antes de chegar ao 1º

ano, pois a escrita é um objeto de função social, que já faz parte do cotidiano

das crianças antes delas entrarem na escola. Emília Ferreiro e seus

colaboradores utilizaram em suas pesquisas o método clínico de investigação,

com objetivo de dar aos entrevistados oportunidade de expressar seu modo de

pensar aos pesquisadores, o que contribuiu para uma melhor análise das

produções e construções identificadas:

A aprendizagem da leitura, entendida como o questionamento a respeito da natureza, função e valor desse objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola o imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Que além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe um sujeito que busca a aquisição de conhecimento, que se propõe problemas e trata de solucioná-los seguindo sua própria metodologia(FERREIRO,1999, p.27)

O objetivo maior do trabalho foi apresentar a interpretação do processo de

aquisição da escrita do ponto de vista de quem aprende, embasada nas

pesquisas realizadas por um período de dois anos, com crianças de diferentes

nacionalidades, com idade entre quatro e seis anos (FERREIRO;

TEBEROSKY, 1999).As pesquisadoras procuraram observar e explicar como

acontece a construção da linguagem escrita pela criança, para que os

educadoresa partir deste conhecimento, possam planejar sua

mediação,trabalhando com o foco nas produções dos alunos.Ferreiro e

Teberosky (1999) ressaltam que entre as propostas metodológicas e as

concepções infantis, existe uma distância que pode medir-se em termos do que

a escola ensina e do que a criança aprende. Muitas vezes o professor parte do

que ele considera mais simples, não levando em conta o processo de

construção da criança.Destacam também que para compreender esta

24

construção é preciso observar o processo e não apenas a produção final, pois

são os questionamentos levantados pela criança durante o processo que vão

possibilitar identificar o nível de conhecimento dela sobre o objeto. Para

Ferreiro e Teberosky (1999), o grande problema da aprendizagem da leitura e

da escrita está nos métodos de ensino, pois a preocupação dos educadores

está direcionada para o método mais eficaz, sem preocupar-se com aspectos

fundamentais da aprendizagem: a competência linguística e a capacidade de

buscar conhecimento da criança.

Ferreiro e Teberosky (1999) afirmam que as crianças constroem algumas

hipóteses para que um texto possa ser lido, sendo que as características mais

marcantes são a quantidade mínima de três letras e a variedade destes

caracteres. De todas as hipóteses de construção colocadas pelas criança, nas

diversas situações de intervenção propostas durante a pesquisa,surgiram

quatro hipóteses fundamentais para compreensão de como as crianças

adquirem a linguagem escrita. São elas:

Pré-silábica – A criança ainda não descobriu que a escrita registra os sons da

fala. Apresenta dificuldade em estabelecer diferença entre as atividades de

escrever e desenhar. Aparecem tentativas da criança de correspondência entre

a escrita e o objeto real (realismo nominal),colocando a quantidade de letras

proporcional ao tamanho do objeto. Quantidade mínima de caracteres exigidos

e a variedade desses caracteres.

Silábica – Pronunciam as palavras dividindo em sílabas e colocam uma letra

para cada sílaba. A criança percebe que a escrita representa as partes sonoras

da fala.As escritas silábicas podem ser sem valor sonoro, quando a criança

coloca uma única letra para cada sílaba oral, mas esta letra não tem nada a ver

com a sílaba oral que está notando ou com valor sonoro,quando uma das letras

é um dos fonemas da sílaba oral em questão.Quando a criança começa a

trabalhar com a hipótese silábica, duas características importantes da escrita

anterior podem desaparecer: a de quantidade mínima e a de variedade de

caracteres.

25

Silábico-alfabética – período de transição e conflito entre a hipótese silábica e a

hipótese alfabética. Descobre que precisa colocar mais letras e por isso precisa

refletir sobre as sílabas orais para buscar outros sons dentro da sílaba.Implica

em um nível maior de reflexão metafonológica, ou seja, consciência fonêmica.

Alfabética – etapa final do processo de apropriação da escrita alfabética. A

criança entendeu que cada uma das letras da palavra correspondem a valores

sonoros menores que a sílaba e realiza sistematicamente uma análise sonora

dos fonemas das palavras que deseja escrever. A partir desta hipótese as

dificuldades serão ortográficas e não mais conceituais.

Para desenvolver um trabalho baseado nos estudos da psicogênese, o

educador precisa valorizar o saber da criança quando chega na escola e

respeitar seu ritmo de aprendizagem, pois a alfabetização requer um tempo

para assimilação dos conhecimentos, e esse tempo é de importância

fundamental para as crianças, pois precisam mudar seus esquemas

assimiladores relativos a escrita, que é o objeto do conhecimento. (FERREIRO,

2001).Na verdade,para se apropriar do sistema de escrita alfabética a criança

vai precisar reinventar a escrita,pois a escrita é um processo de construção

pessoal e não uma cópia de um modelo externo.

O professor tem que estar consciente que ensinar não é transferir

conhecimentos como numa operação bancária, em que ele deposita

determinado conhecimento pronto no aluno e sim que é necessário criar

situações que possibilitem a construção deste conhecimento. Precisamos

recriar metodologias de alfabetização, garantindo um ensino sistemático que,

através de atividades reflexivas, desafiem o aprendiz a compreender como a

escrita alfabética funciona, para poder dominar suas convenções letra-som.

Nesta relação, educador e educando são indissociáveis e os dois são sujeitos

no processo de construção do conhecimento, aprendendo e ensinando ao

mesmo tempo.

26

2.3. Consciência fonológica, fonêmica e fonoarticulatória O processamento fonológico tem sido objeto de vários estudos, sendo

reconhecido como um componente que participa do processo de

desenvolvimento da leitura e da escrita. Para Capovilla (2007), existiriam três

tipos de processamento fonológico relacionados às habilidades de leitura e

escrita: acesso ao léxico mental, memória de trabalho fonológica e consciência

fonológica. Este último, é uma habilidade metalinguística complexa, que diz

respeito à capacidade de refletir sobre a estrutura fonológica da linguagem oral,

abrangendo a consciência de que a fala pode ser segmentada e podemos

manipular estes segmentos.

Desde a Educação Infantil é importante que a criança entre em contato com

materiais escritos e que seja desafiada a refletir sobre as relações entre a fala

e a escrita. Ao exercer atividade metalinguística a criança tem condições de

perceber várias propriedades do sistema alfabético. Ao pensar sobre os sons

dentro da palavra, enquanto ela é pronunciada, está desenvolvendo a

consciência fonológica, habilidade importante para a alfabetização e que é um

atributo do cérebro, não aparecendo somente com o desenvolvimento

biológico, dependendo assim das oportunidades oferecidas para que faça esta

reflexão. Atividades lúdicas com este objetivo podem e devem ser propostas

antes do 1º ano, pois o tempo de maturação do cérebro para lidar com sons,

segundo a ciência, inicia-se aos 4 anos.

Consciência fonêmica é a capacidade de fazer a análise mais aprimorada

desses sons dentro da palavra, que pode envolver a sua organização

sequencial, discriminação, intensidade, ritmo, localização, etc. É fundamental

para o sucesso da aprendizagem da leitura e escrita que as crianças tenham

esta capacidade, pois embora nossa fala seja silábica, nossa escrita é

alfabética. Portanto o princípio básico da alfabetização é ter consciência que as

letras representam os sons da fala, ou seja, ter capacidade de fazer a

conversão fonema/grafema. É necessário aprender e ter a consciência do som

27

que cada letra possui e usar este conhecimento para decodificar ou codificar as

palavras. Como já afirmamos anteriormente, não queremos dizer com isso que

alfabetização se restringe a decodificar e codificar, mas esta é uma etapa

fundamental do processo:

Por exemplo, é preciso ouvir e ter consciência de que na palavra /pastel/ o som da letra /S/ está no meio da palavra, enquanto na palavra /sopa/ o mesmo som encontra-se no início.Este conceito pode e deve ser treinado antes do indivíduo ser alfabetizado, uma vez que confere a chave do do princípio alfabético de nossa Língua Portuguesa e também a predição de sucesso de uma alfabetização (JARDINI,2012,p.22).

Consciência fonoarticulatória é ter conhecimento de qual gesto a boca está

articulando enquanto se fala,sendo esta habilidade responsável pela distinção

das articulações dos sons da fala. É a capacidade do indivíduo pensar sobre os

sons relacionando-os aos movimentos que os articuladores fazem para

produzi-los, sendo que além de auxiliar a percepção e produção da fala, facilita

a aprendizagem do sistema de escrita alfabético. Além disso, torna concreto

um processo que é abstrato.Essa consciência é possível de ser adquirida com

treino específico e auxilia muito a aquisição da leitura e escrita, pois se trata de

um método visível, palpável e facilmente reconhecido pelo aprendiz. Como já

citei anteriormente, é o que difere a Metodologia das Boquinhas da proposição

fônica pura de alfabetização e, como consequência, propicia resultados mais

rápidos e eficazes:

Ainda, além de conceder concretude ao processo puramente abstrato, que é o som, o trabalho direto com a articulação das letras propicia treino muscular orofacial, que contribui significativamente para uma fala melhor articulada, mais clara e menos esforço é conferido às pregas vocais, poupando o aparelho fonador de possíveis fadigas e excessos, tão comuns aos educadores. Falar bem e claro previne os distúrbios articulatório e contribui para a higiene vocal, desde os anos iniciais da Educação Infantil, trazendo mais qualidade de vida para educandos e educadores (JARDINI,2012,p 23).

28

CAPÍTULO III

A “METODOLOGIA DAS BOQUINHAS” NO PROCESSO

DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

3.1. Pressupostos teóricos

O Método Fonovisuoarticulatório, conhecido como Método das Boquinhas, usa

além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as

articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na

Fonoaudiologia em parceria com a Pedagogia, que dá o suporte, sendo

indicado tanto para alfabetizar como para mediar/reabilitar os distúrbios da

leitura e escrita, tendo a fala como o foco da aprendizagem:

Parte das reflexões deste método foi proporcionada pelo contato com o “Programa de Mejoramiento de laCalidad y Equidad de laEducación” (MECE) – “Programa das 900 Escolas”, desenvolvido no Chile desde 1990, indicado pela UNESCO e estendido a outros países (Guttman, 1993). Sua fundamentação encontra-se também nos estudos de Dewey (1938), Vygotsky (1984, 1989), Ferreiro (1986), Watson (1994) (JARDINI, 2010, p.1).

O ponto de partida do ser humano na aquisição de conhecimento reside na

boca, que produz sons (fonemas), que são transformados em fala,nosso meio

de comunicação.Como a criança na idade de alfabetização já domina a fala, a

autora parte dela para nortear a aprendizagem da leitura e escrita.Utiliza a

boca como uma ferramenta concreta para o aluno ver e sentir de fato como se

dá a correspondência entre letra/som ou grafema/fonema, pois o método inclui

o diferencial do articulema. Ela acrescentou os pontos de articulação de cada

letra ao ser pronunciada isoladamente (boquinhas), favorecendo a

compreensão do processo de decodificação por mecanismos concretos e

sinestésicos, isto é, com bases sensoriais.A autora faz uma retrospectiva de

outras metodologias que também têm como base as pistas articulatórias e

fônicas, porém destaca que as mesmas são direcionadas para crianças com

29

alguma perda sensorial e o foco está no movimento da boca (cinestésico ) e

não no sentir (sinestésico), que envolve um conjunto de percepções e

sensações interligadas por processos sensoriais. No seu primeiro livro ela

também considerava como base da aprendizagem o movimento (cinestésico),

mas depois passou a utilizar o termo sinestésico porque percebeu que era

muito mais que apenas observar o movimento que a boca faz quando articula

os fonemas. Na realidade, é usar os sentidos e ter consciência que está

promovendo a conversão fonema –grafema utilizando a boca, através da qual a

criança é desafiada e estimulada a analisar e pensar sobre a língua.A

aquisição da leitura e da escrita passa a ser acessível a qualquer tipo de

aprendiz, de maneira simples e segura, pois basta uma única ferramenta de

trabalho, a boca:

Muitas pesquisas e metodologias para reeducação de surdos foram propostas com bases articulatórias e fônicas, como Fernald (1943); Fernald e Keller (1921) que descrevera um método de decodificação cinestésico, em que a chave da aprendizagem residia no movimento da boca, e usava o traçado das letras aliado aos sons, enfatizando a memória da sequência visual. Hegge, Kirk e Kirk (1936) apresentaram o fono-grafo-vocal; Pittman (1963) o ITA (InitialTeachingAlphabet), e Gilingham e Stillman (1973) o VAK (visual-auditivo-cinestésico), em que há a associação do som ao nome das letras, usado em programas de educação especial para surdos. Mas em todos eles, a conotação pautava-se nas pistas cinestésicas, isto é, o movimento da boca. Essas metodologias tiveram a intenção de complementar a aquisição da leitura e escrita de indivíduos com algum tipo de perda sensorial, geralmente a auditiva, por isso, pistas visuo-cinestésicas.(JARDINI, 2010,p.1).

A autora também destaca e reconhece o resultado e contribuições das

metodologias com bases essencialmente fônicas colocadas em prática tanto no

Brasil como em outros países, mas considera o processo de produção de

fonemas muito abstrato. Esta ideia foi reforçada pelas críticas feitas por

educadores, que consideram sua aplicabilidade difícil em turmas numerosas e

também apresentavam dificuldades para articular os fonemas:

30

Posto isso, e motivados por essas queixas, acrescentamos a este processo abstrato de produção de fonemas – o método fônico puro, os pontos de articulação de cada letra ao ser pronunciada isoladamente (articulemas, ou boquinhas). Desta forma, focalizamos a aprendizagem em uma boca concreta que produz o som, que está inserido dentro de palavras significativas, que por sua vez, estarão imersas em frases e textos. Essa abordagem foi baseada nos princípios da Fonologia Articulatória – FAR, que preconiza a unidade fonético-fonológica, por excelência, o gesto articulatório (Browman e Goldstein, 1986, 1990; Albano, 2001) como a unidade mínima de fala. Assim, o Método das Boquinhas é multissensorial, oralista, fônico e articulatório (JARDINI,2010,p.2).

Capovilla (2009) também realizou estudos com surdos e ouvintes sobre a

questão dos visemas, que seriam as formas visuais da face no momento da

produção dos articulemas, mas tomando como base o movimento. Um visema

mais um fonema formaria um lalema:

A alfabetização tende a estabelecer um código-matriz de

correspondências entre visemas e fonemas e lalemas e grafemas, que servirá de base para o exercício das habilidades de manipulação do código, para codificação e decodificação. Dando continuidade às pesquisas, referem que o mesmo processo acontece nos ouvintes, abrindo precedentes para que as escolas se conscientizem da importância do trabalho com a manipulação dos fonemas durante a alfabetização. (JARDINI apud CAPOVILLA, 2010,p.3)

Segundo a autora Renata Jardini (2010) a partir da tomada de consciência

deste código-matriz, “Boquinhas” torna-se um método oralista de alfabetização

que possibilita e facilita o processo, além de fortalecer a correta articulação

dos fonemas e desta forma prevenir problemas futuros.

Também as novas descobertas e conhecimentos advindos das Neurociências

vieram confirmar que a metodologia das Boquinhas, justamente por ser

multissensorial e fonovisuoarticulatória, atua no córtex cerebral e pré- frontal, já

que a área de Broca fica situada nesta região, sendo responsável pela

articulação das letras:

31

E atualmente já temos comprovações científicas, em neuroimagem, de que o que tem acesso pela via fonológica, (loop ou caminho fonológico – córtex cerebral) – e compõe a memória de curto prazo, se consolida e é resgatada para a memória de longa duração, pelo uso da rota articulatória ,pela boca (loop ou caminho articulatório – córtex pré-frontal) (JARDINI, 2010,p.12).

Dehaene (2012) no livro “Os Neurônios da Leitura” apresenta uma visão

atual de um cérebro e suas partes envolvidas no processo de leitura,

mostrando que temos ativadas as entradas visuais, auditivas e também

relativas à articulação ou pronúncia da palavra/letra lida. Cada parte de

nosso cérebro é dividido em regiões e cada uma tem seu papel na

plasticidade neural:

Fonte: “Os neurônios da Leitura” Dahaene, 2012

Por isso, é importante estimular várias áreas e utilizar diferentes canais

sensoriais,comprovando então a importância do uso de uma metodologia

32

multissensorial que estimule ao mesmo tempo várias áreas do cérebro. A partir

deste conhecimento o professor precisa rever sua prática pedagógica, planejando

sua intervenção de modo a desafiar o aluno a pensar e a utilizar rotas visuais,

auditivas, táteis, o que vai favorecer a aprendizagem. Ao adquirir novos

conhecimentos, os professores podem promover novos recursos de ensino e

aprendizagem. Neste sentido, o Método das Boquinhas é uma possibilidade de

mudança, pois trata-se de um método que atende aos preceitos das

neurociências, que confirmam que a articulação provoca a ativação da área

pré-frontal do cérebro, responsável por transformar a memória de curto prazo

em memória de longo prazo, promovendo o armazenamento do conteúdo

aprendido.

3.2 Descrição dos articulemas e fonemas e seu uso em

Boquinhas

Na metodologia fonovisuoarticulatória, o que dá suporte para a fixação da

correspondência entre fonemas/grafemas/articulemas são as fotos dos pontos

articulatórios (boquinhas) dos fonemas da Língua Portuguesa, que devem ser

trabalhados de forma sinestésica (sentir), visual (espelho) e auditiva, tanto

pelos professores como pelos alunos.Importante ressaltar que ela utiliza uma

tabela simplificada dos pontos articulatórios dos fonemas da Língua

Portuguesa, baseado em uma descrição facial que leva em consideração

somente os movimentos de língua e posições labiais, excluindo as percepção

sonoras (oclusão, tonicidade, fricação, constrição, e outras), que um

fonoaudiólogo e/ou linguista levariam em conta. Também não são utilizados os

caracteres representativos do alfabeto fonético internacional (IFA), sendo

usadas barras / / para exemplificar tanto fonemas, como grafemas e palavras.O

uso desta tabela simplificada tem o propósito de ser facilmente compreendida e

utilizada em sala de aula, tanto pelo professor como pelo aluno. Para se

alfabetizar é imprescindível que a criança compreenda a relação

fonema/grafema, que deve ser focalizado em algum momento de todo e

qualquer método de alfabetização. A autora Renata Jardini ressalta que é

33

fundamental que seja explicitado para as crianças que as letras têm nomes,

sons e bocas e para ler nós não usamos os nomes das letras e sim os sons e

bocas. A autora cita o seguinte exemplo: eu leio /lata/ e não /éle-a-te-a.

DESCRIÇÃO DOS ARTICULEMAS

FONEMAS(Som) ARTICULEMA ( Boquinhas) GRAFEMA(Letra)

/a/ Boca bem aberta, mostrando-se os dentes.Sonoro

A

/e/ Boca entreaberta.Sonoro. E

/i/ Dentes à mostra, lábios esticados.Sonoro.

I

/o/ Boca entreaberta, lábios arredondados. Sonoro.

O

/u/ Boca semifechada, lábios em bico. Sonoro.

U

/b/ Lábios fechados, som explosivo - vibração, sonoro.

B

/k/ Boca entreaberta, som brusco na garganta - sem vibração, surdo.

CA,CO,CU,QUE,QUA,K

/d/ Boca semifechada, a língua toca rapidamente os dentes superiores - Vibração. Sonoro.

D

/f/ Dentes superiores tocam o lábio inferior, soltando o ar - sem vibração, surdo.

F

/g/ Boca entreaberta, som brusco na garganta - com vibração, sonoro.

GA, GO, GU,

GUE,GUI,GUA

/j/ Lábios em bico, língua elevada ou retraída - com vibração, sonoro.

JA,JE,JI,JO,JU,GE,GI

/l/ Boca aberta, a língua toca atrás dos dentes superiores, sonoro.

L

34

Fonte: www.metododasboquinhas.com.br

Com isso não proibimos que o alfabeto seja ensinado ou treinado, apenas salientamos que o treino abusivo dos nomes das letras, em detrimento de seus sons, tem consequências graves no processo de aquisição da leitura e escrita, como vemos nos exemplos de escritas: /pacarinho/ no lugar de /passarinho/; /halinha/ no lugar de /galinha/; /gato/ no lugar de /jato/, em que se escreve usando como referência o nome da letra no lugar de seu som. Também o educador certamente conhece alunos que sabem todas as letras de cor, e que lêem /ésse, o, éfe, a/ sem efetivamente ler /sofá/, ou seja, falam o nome das letras sem conseguir efetivamente ler sofá... Infelizmente esse saber ler, como ainda muitos pais e educadores insistem em defender como processo de

/m/ Boca fechada, som nasal, sonoro. M

/n/ Boca aberta, língua atrás dos dentes superiores, som nasal, sonoro.

N

/p/ Boca fechada, som explosivo - sem vibração, surdo.

P

/rr/, /R/ Boca entreaberta, garganta raspada, sonoro.

R,ARRA

/r/ Boca entreaberta, língua toca uma vez o céu da boca, mais ao fundo.

AR,ARA

/s/ Dentes à mostra, lábios esticados, sopro contínuo, língua toca os dentes inferiores - sem vibração, surdo.

SA,SE,SI,SO,SU,ÇA,ÇO,

ÇU,SS,CE,CI

/t/ Boca semi-fechada, língua toca rapidamente atrás dos dentes superiores - sem vibração. surdo.

T

/v/ Dentes superiores tocam o lábio inferior, soltando o ar - com vibração, sonoro.

V,W

/x/ Lábios em bico, língua elevada ou retraída - sem vibração, surdo.

X,CH

/z/ Dentes à mostra, lábios esticados, sopro contínuo, língua toca os dentes inferiores - com vibração, sonoro.

Z,ASA

alfso

Como podemos observ

famílias silábicas devem

fonema (som) e o artic

mas necessariamente

sílabas /que/ e/qui/, pe

apresentadas ao mesm

mesma boca, embora

aprendizagem torna-

regularidade e constânc

mupa/cedepaed/cilugcri20

alfabetização, tem trazido bem mais prosoluções. (JARDINI, 2010,p.2).

bservar na tabela acima, na Metodologia da

devem ser apresentadas fazendo sempre a

articulema (boquinha), ou seja, mesmo som

ente não será a mesma letra. Vemos por e

ui/, pertencem à família silábica /ca, co, cu

mesmo tempo porque têm o mesmo ponto d

bora ortograficamente sejam diferentes. Segu

-se mais segura porque a criança tem

nstância de um som e uma boca:

Essa proposta metodológica vem causanmuito desconforto e resistência, pois esparadigmatizado nos educadores o famoso ja/ce-ci/; bem como /ga-go-gu/; /ge-gi/, em devem apenas memorizar suas irregularidpalpável para garantir a aprendizagem. educador experiente já se deparou com cria/cibe/ no lugar de /quibe/, ou a famosa /aulalugar de /português/, provas cabais descristalizadas pelo efeito da ensinagem ins2010,p.4).

35

s problemas do que

das Boquinhas as

pre a relação entre o

o som, mesma boca,

por exemplo que as

co, cu/ e devem ser

nto de articulação, a

. Segundo a autora,a

a tem o apoio da

ausando, a princípio, is está arraigado e oso jargão /ca-co- cu/; em que as crianças ularidades, sem algo em. Certamente um

m crianças registrando /aula de portugês/, no dessas dificuldades

m insegura( JARDINI,

36

Com relação ao fato da metodologia apresentar ao mesmo tempo todos os

grafemas que possuem o mesmo fonema e articulema, a autora afirma que a

primeira vista parece difícil para o professor que está acostumado com formas

tradicionais de alfabetização, mas na prática constatará que o apoio concreto

das semelhanças na sonoridade (fonema) e na articulação (articulemas)

ajudarão ao aprendiz na compreensão e memorização visual das diferenças

ortográficas.

Observando o quadro com as fotos das boquinhas apresentado acima, vamos

perceber que temos articulemas iguais sendo que a diferença entre um e outro

está na sonoridade, ou seja, na vibração provocada pelas cordas vocais

quando pronunciamos determinados sons sonoros (/b/,/d/, /g/, /j/, /v/, /z/ e suas

variantes ortográficas).Eles têm o mesmo ponto de articulação, ou seja, a

mesma boquinha de seus oponentes surdos, ou seja, os que não apresentam

vibração das cordas vocais (/p/, /t/, /k/, /x/, /f/, /s/, respectivamente e suas

variantes ortográficas). A percepção da presença ou ausência de sonoridade é

registrada concretamente nas fotos das boquinhas com a colocação da mão

abaixo do queixo nos articulemas dos sons sonoros, representando de forma

concreta como os alunos são levados a sentir a vibração das cordas vocais. Já

nos articulemas dos fonemas opostos surdos, não há a colocação da mão

justamente porque não ocorre vibração.Outra explicação interessante que a

autora apresenta é com relação ao uso de /m/ antes de /p/ e /b/:

Outro exemplo para que o leitor compreenda de início a funcionalidade da ferramenta Boquinhas é a explicação para a ocorrência exclusive de /m/ antes de /p/ e /b/, como nos exemplos /campo/, /tombo/, em contraparte da consoante /n/ antes de todas as outras letras (exceto /p/ e /b/), como nos exemplos /entra/, /ensino/, /canta/. O que antigamente se caracterizava como uma regra ortográfica, que deveria ser memorizada e aceita arbitrariamente, hoje se sabe tratar-se de uma ocorrência articulatória, posto que as consoantes /p/ e /b/ bilabiais, “pedem” a nasal antecedente /m/, também bilabial, uma vez que são as únicas três letras bilabiais de nosso alfabeto (Jardini, 2010, p.5).

Na simples observação dos padrões articulatórios nas fotos das boquinhas,

37

vamos entender que o uso desta ferramenta também vai ajudar ao aluno a

perceber e entender que deve usar o /m/ antes de /p/ e /b/ , já que os três são

os únicos bilabiais.O /m/ apresenta-se na foto com três dedos apoiados no

rosto, sendo que o dedo intermediário destaca o fechamento dos lábios, ou

seja, bilabial.

3.3. Os passos da alfabetização com Boquinhas

A autora destaca que seu objetivo ao apresentar os passos da alfabetização

com boquinhas não é dar uma receita pronta mas sim oferecer um

embasamento teórico, possibilitando ao alfabetizador compreender a proposta

e sua aplicabilidade e a partir deste entendimento, desenvolvê-la de acordo

com suas necessidades, recursos e possibilidades, enriquecendo o processo.A

metodologia inicia apresentando as vogais, trabalhadas sempre utilizando

simultaneamente as relações fonema, grafema e articulema (som,letra e

boquinha),levando o aprendiz a refletir sobre as vogais dentro das palavras, de

modo que possa reconhecê-las auditivamente e na sequência que aparecem

nas mesmas. ”Compreender o uso das vogais dentro das palavras é adquirir a

etapa silábica de leitura e escrita, segundo Ferreiro (1985), etapa essa, que

configura a compreensão da consciência fonêmica” (JARDINI 2010).

A autora apresenta como justificativa para a facilidade da aprendizagem das

vogais apresentadas desta forma,o fato delas aparecerem em todas as sílabas

e também porque seus nomes correspondem aos sons que elas fazem nas

palavras, o que não acontece com as consoantes.Ela sugere que o professor

utilize neste trabalho qualquer palavra dentro do interesse da turma ou

associado a um contexto e também os nomes das crianças,sempre partindo do

fonema e articulema das vogais, ouvindo-as e não apenas copiando do quadro.

Com as vogais assimiladas, a metodologia passa para a apresentação das

consoantes que formarão sílabas simples porém ressaltamos que a família

silábica deve ser compreendida através do apoio articulatório de que a boca /L/

se junta a boca /A/ formando /LA/, ou seja, duas bocas,dois sons e duas

letras.Já estamos portanto provocando conflito para a mudança da hipótese

38

silábica para a hipótese silábica-alfabética:

Mas que fique muito claro que Boquinhas não é uma metodologia silábica como muitas proposições que apenas dão cara nova para os antigos /bê mais A = BA/. E também não pense que fonematizando /f com A = FA/ muda alguma coisa!! Entenda-se que quando o processo é pautado na boca, no articulema, essa decoreba deixa de existir, pois se fala /LA/ dentro de uma palavra qualquer que a possua, como /LATA/, /BALA/. E esse /LA/ é contínuo, sem a junção de /L/ + /A/, ou /L/ com /A/. Apenas /LA/, unido, pronunciado pausadamente cada consoante, para que se perceba que são duas articulações. Caso você esteja resistente a compreender que estamos falando de duas bocas, duas articulações, recomendamos que experimente falar /LA/ sem erguer a língua. O que sairá? Pois é, sairá /A/, o que prova a evidente presença do gesto articulatório, que necessariamente, faz a língua subir(JARDINI,2010,p.2).

A ordem de apresentação das consoantes recomendada pela autora é baseada

na posição articulatória das letras, iniciando de um grau de dificuldade da

menor para a maior,evitando assim semelhanças entre letras que podem

suscitar trocas fonêmicas.“Boquinhas” pode ser utilizada também como uma

técnica ou ferramenta de trabalho e, neste caso, pode ser alterada a sequência

de apresentação das letras, porém se utilizarmos a ordem alfabética vamos, já

na segunda consoante nos deparar com a letra C, que pode representar dois

fonemas diferentes ( ⁄k ⁄ e ⁄ s ⁄ ) e também possui grafemas diferentes para o

mesmo fonema ( ⁄ c ⁄ e ⁄ q ⁄ ), o que vai trazer uma dificuldade logo no início

do processo de alfabetização. Além desta questão, a metodologia em estudo já

tem seus resultados comprovados e aprovados pelo MEC e se a sequência

sugerida não é utilizada, o tempo de alfabetização pode ser mais demorado.

Recomenda-se apresentar as consoantes na seguinte sequência, sempre uma de cada vez, só introduzindo a seguinte, após domínio da anterior: /L/, /P/, /V/, /T/, /M/, /B/, /N/, /F/, /D/. Depois /C/ (ca-que-qui-co-cu, qua), /R/ inicial, e /RR/ (entre vogais), /G/ (ga- gue-gui-go-gu, gua), /r/ fraco (entre vogais), /J/ (ja-je-ge-ji-gi-jo-ju), /S/ inicial; /SS/ (entre vogais); /CE-CI/ e /Ç/, /X/; /CH/, /Z/; /S/ (entre vogais). Posteriormente introduz-se os arquifonemas (consoantes intercaladas) /ar/, /as/, /an/, /am/, /al/ , depois os dígrafos /NH/, /LH/. Por último os grupos consonantais /R/ e /L/ (JARDINI,2010,p.2)

Na metodologia das Boquinhas o ensino da escrita acontece ao mesmo tempo

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que a aquisição da leitura, porém a ênfase maior é na leitura porque a autora

acredita que a aprendizagem da leitura na língua portuguesa é mais fácil que

da escrita:

Coadunando Santos e Navas (2002) ao referirem que a dissociação entre fonema/grafema em relação à transparência facilita com que a leitura seja mais facilmente aprendida do que a escrita. Assim, na proposta aqui apresentada, a escrita é vista como um meio de expressão do conteúdo adquirido e deve ser treinada para fixação do grafema e sua orientação espacial, e vai, paulatinamente, sendo internalizada. Muitas são as formas deste treino, como escrever-se com os dedos no ar, na mesa, na parede, com e sem o apoio visual, lousa, cadernos variados, areia, cola, fios, usar letras prontas para montarem palavras, escrever no computador, tinta invisível, etc. (Jardini, 2010, p.3)

Com o objetivo de focar o trabalho inicialmente na conversão grafema-fonema

e tomando como base a ontogênese da escrita,com relação ao tipo de letra a

autora recomenda o uso da letra de forma maiúscula caixa alta na Educação

Infantil. Já no ensino fundamental sugere iniciar com a de forma maiúscula

caixa alta e a minúscula manuscrita até a letra /t/, quarta consoante a ser

apresentada. Depois disso, são apresentados os quatro tipos de letras:

maiúscula e imprensa minúscula e manuscrita maiúscula e minúscula. Mas

ressalta que esta opção é flexível e vai depender da análise de cada turma.A

autora sugere também que para crianças que apresentam dificuldade em

memória espacial e por conta disso apresentam dificuldades em grafar as

letras, que seja usado o apoio oral enquanto faz a letra em questão, como por

exemplo com relação a Letra /A/ fala-se: sobe, desce, corta.

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CONCLUSÃO

A procura pelo curso de pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e mais

especificamente a escolha do tema da monografia estão intimamente ligados a

minha prática profissional, primeiramente como professora e atualmente como

orientadora pedagógica. Os principais problemas enfrentados por nós

educadores nas escolas, nos dias atuais, são as dificuldades de aprendizagem

e a indisciplina, que muitas vezes tem sua origem no primeiro problema citado

e nas metodologias utilizadas. Por este motivo se torna cada vez mais

importante e vital a presença do psicopedagogo na escola, que tem a função

de prevenção frente as dificuldades de aprendizagem, procurando criar

competências e habilidades para superação dos problemas identificados.A

psicopedagogia surgiu justamente da necessidade de se compreender melhor

o processo de ensino-aprendizagem, refletir sobre a prática pedagógica e a

instituição escolar como um todo, procurando alcançar resultados cada vez

mais satisfatórios. Esta postura crítica com relação ao trabalho desenvolvido é

a força que nos faz estar aberta para o novo, disposta a correr riscos,

procurando sempre formas de melhorar nossa prática.

O foco central desta pesquisa foi especificamente as dificuldades de

aprendizagem na alfabetização e vimos a importância da atuação do

psicopedagogo com relação a esta questão, que envolve questões

metodológicas, onde no Brasil ainda não existe consenso entre os

teóricos.Toda prática pedagógica está fundamentada em uma teoria. Por isso,

a importância de estarmos constantemente refletindo sobre nossa atuação para

que desta forma possamos reformular nosso trabalho, conseguindo assim obter

resultados significativos.Por isso a pesquisa foi organizada apresentando

primeiramente os fundamentos de como a criança aprende a ler e escrever

para só depois abordarmos a metodologia propriamente dita. Infelizmente

muitos professores ainda resistem e mantém em sua prática ideias

ultrapassadas e métodos equivocados. Embora conheçam e concordem com

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teorias atuais comprovadas cientificamente e novas metodologias, não

conseguem mudar sua prática, que ainda é tradicional e superada,

Nós precisamos de educadores que conheçam perfeitamente como funciona o

sistema de escrita alfabética e quais as estratégias que devem ser utilizadas

para a apropriação do mesmo pela criança. Necessitamos de professores

capacitados aliados a bons materiais e boas metodologias de alfabetização.A

solução está na junção entre capacitações e boas metodologias para gerar

resultados eficazes.E a atuação do psicopedagogo é fundamental para

alcançarmos este objetivo.

Consideramos que a metodologia fonovisuoarticulatória favorece a

aprendizagem porque torna explícito para o aluno que ao escrevermos e

lermos nós usamos os sons das letras e não os seus nomes e faz isso apoiado

na forma como articulamos estes fonemas dentro das palavras que

falamos,tornando concreto estes sons. Desta forma a criança sente-se mais

segura, pois tem como acertar ou corrigir seus erros sozinha, usando para isso

sua própria boca, o que lhe dá mais segurança e consequentemente contribui

para sua autoestima.Com relação ao professor, o prazer vem do conhecimento de

saber o que fazer e porque fazer desta forma e principalmente por alcançar

resultados positivos, vendo seus alunos não só aprenderem como conquistarem

dia a dia mais autonomia, passando a serem autores do seu processo de

aprendizagem.Por sua vez, a criança encara a aprendizagem realizada desta

forma também como uma brincadeira, o que faz com que se envolva mais, pois o

prazer favorece a aprendizagem.Boquinhas apresenta-se como uma

metodologia capaz de consolidar a leitura e a escrita de maneira segura e

eficaz.

Na escola em que atuo estamos utilizando esta metodologia com bons resultados,

o que nos aponta para outra pesquisa, no caso agora para comprovarmos na

prática sua eficácia frente a outras metodologias.

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