Uma Leitura Da Recusa Do Casamento v.2015

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  • 8/17/2019 Uma Leitura Da Recusa Do Casamento v.2015

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      Diocese do Porto

    Conselho Presbiterial

    Pe. Emanuel Brandão

    Setembro, 2015

    - Reflexão sobre a família em busca duma

     pastoral adequada - 

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    Dados sociológicos sobre o casamento

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    Total de Casamentos

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    1991 2001 2011

    Ano

    Uniões de facto

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    Ano

    Casamentos na diocese do Porto

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    Uma leitura da recusa do

    Casamento

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    Uma leitura do fenómeno da recusa do casamento

    • Com o Iluminismo do século XVIII operou-se um processo de

    emancipação de cada um em relação à figura do «Outro».Surgiu assim a idade da «razão adulta», dona de si e do destinoem que cada um ordena a própria vida segundo os próprioscálculos e projectos.

    • A «morte do Outro» pareceu condição necessária para a vida eglória do homem. Houve a tentativa de libertação de um Deusentendido como árbitro despótico ou contra-poder indiferenteou inerte. Mas contrariamente ao pretendido a morte do Outro

    conduziu à morte dos outros, pois o outro deixou de ser«próximo» para passar a ser o rival, alguém que não nos deixaser livre, ou seja, «o inferno» para Sartre. Desta forma, asociedade ficou reduzida a uma multidão de solidões.

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    Uma leitura do fenómeno da recusa do casamento

    • Ligada à morte dos outros sucede a ameaça do próprio sujeito

    «pela sociedade de consumo que nos manipula, ou pelaprocura de um prazer que nos encerra na nossas paixões, comoera no passado pela submissão à lei de Deus ou dasociedade»[1], nas palavras do sociólogo francês Alain Touraine.Surge assim o chamado «pensamento débil», marcado pela

    indiferença, pelo relativismo e falta de paixão pela verdade queleva muitos a fechar-se no curto horizonte dos própriosinteresses.

    • Se na modernidade a figura de Deus era um adversário a abater

    ou um déspota de quem é preciso livrar-se, na chamada «pós-modernidade» torna-se numa figura privada de qualquerinteresse ou atracção.

    [1] TOURAINE, Alain –

     Crítica da Modernidade. Lisboa: Instituto Piaget, 1994, p. 325.

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    Uma leitura do fenómeno da recusa do casamento

    • Em última análise, Deus torna-se um ornamento, uma figura

    que se concilia com a fraqueza ética e com a condição decontínua queda no não sentido: é um Deus sem força, espelhode um homem decadente. Convivemos com Ele como um ostantos fetiches da existência, sem nos deixarmos assinalar outransformar por Ele.

    • Em suma, podemos dizer, citando novamente que a história damodernidade é a história da ruptura lenta, mas inevitável entreo indivíduo, a divindade, a sociedade e a natureza. É a partir

    desta tríplice ruptura que iremos enumerar as causas maisdirectas ou mais concretas do fenómeno da desagregação dafamília, mormente das uniões de facto;

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    Privatização do divino e da fé: Deus

    como mero ornamento 

    • Se na modernidade se negava Deus para afirmar ohomem, se negava a graça para afirmar a liberdade,

    na pós-modernidade o conflito parece resolvido poiso divino torna-se num mero adorno sem implicaçõesconcretas para a vida do homem. Opera-se umaruptura entre a fé e a vida, bem patente na recusa

    das propostas da moral católica.

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    Falta de esperança

    Perdeu-se na nossa cultura a dimensão do futuro, que écondição absolutamente necessária para que a nossa vidatenha sentido. É precisamente esta falta de abertura ao futuroque leva a que o homem se entregue aos prazeres dopresente. Só a esperança nos dá a capacidade do definitivo.Por isso, numa sociedade sem esperança, sem um «porquê»nem um «para quê», torna-se difícil comprometer-se com ooutro de maneira definitiva. Por detrás de cada impureza e decada desvio de comportamento estão a carência da íntimaliberdade e o desespero que se agarra à aparência e aoinstante do prazer. E como realça Bento XVI as pequenas

    esperanças, sem a grande esperança não bastam. «Estagrande esperança só pode ser Deus»[1].

    [1] BENTO XVI – Carta Encíclica «Spe Salvi ». Lisboa: Paulinas, p. 43.

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     Privatização da vida conjugal

    • Como protesto contra a socialização extrema do serhumano proposta pela modernidade, em que osujeito desempenha apenas um papel social, sendoreduzido a mero funcionário ou a uma pequena peça

    de uma grande engrenagem, surgiu na «pós-modernidade» o movimento de dessocialização, quepromove a recusa do institucional e o refúgio noprivado na busca da liberdade e da criatividade

    pessoal. Mas, contrariamente ao pretendido, aexperiência parece demonstrar que a privatização domatrimónio pode levar à sua coisificação edespersonalização e à destruição do próprio sujeito.

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    Dessublimação da sexualidade • A cultura moderna é «dessublimatória, levando a uma

    sexualidade completamente imersa no sexo e na procura dasatisfação imediata e directa das necessidades»[1], rompendo-se deste modo a unidade entre espírito e corpo. O corpo dohomem não é simplesmente corpo, mas expressão ecumprimento da nossa humanidade. De igual modo, a

    sexualidade humana não está ao lado do nosso ser pessoa,mas pertence-lhe. Só quando a sexualidade se integra napessoa, consegue dar um sentido a si mesma e se assumircom linguagem do amor. Como diz Viktor Frankl «o sexohumano é sempre mais que puro sexo: é a expressão física doamor. Só no momento em que o sexo cumpre esta função decorporizar o amor, só nesse momento encontrará o seu cumenuma experiência verdadeiramente gratificante»[2].

    •  [1] TOURAINE, Alain – Crítica da Modernidade. Lisboa: Instituto Piaget, 1994, p. 195. 

    • [2] FRANKL, Viktor – El hombre en busca del sentido último. Barcelona: Paidós, 1999. Paidós;41, p. 114.

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    Dessublimação da sexualidade 

    • Para além da divisão interior sucede uma desarmonia com acriação. Aquele que reconhece o Criador não se arvora emsenhor de si, mas aceita as leis que criador institui. É nestaperspectiva que se compreende a difusão da ideologia do

    «género», em que ser homem ou mulher não seriadeterminado fundamentalmente pelo sexo, mas sim pelacultura.

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    Questões económicas

    • Não sendo a causa principal, não é de desprezar ainfluência das questões económicas na hora daopção pela união de facto. Do ponto de vista fiscal há

    vantagens em manter-se em união de facto, por umlado, e, por outro, toda a tradição que se instalou àvolta das celebrações das bodas - quintas, grandenúmero de convidados, coros, vestidos, flores -

    acarreta um grande custo para os noivos e suasfamílias.

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    A experiência do divórcio dos pais

    • A experiência negativa e traumatizante do divórciodos próprios pais faz brotar em muitos jovens o

    sentimento de desconfiança frente à instituiçãomatrimonial. O medo de passar pela mesma situaçãodissuade muitos de arriscar por um compromissodefinitivo.

    E l ã

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    Em conclusão… 

    • À partida o fenómeno das uniões de facto pareceinserir-se no apelo moderno à liberdade do sujeito e àsua autodeterminação. Mas podemos perguntar: oenfraquecimento ou diluição das famílias não tornará oser humano, ao contrário do pretendido, um meroconsumidor manipulado pelo poder estabelecido e pela

    ideologia dominante?

    • Do ponto de vista teológico, parece evidente que estasnovas realidades, principalmente as uniões de facto,trazem à tona a questão da relação, sempre complicada,entre a liberdade e a graça. Deste modo, podemosperguntar: a pastoral matrimonial tem apresentado osacramento do Matrimónio como uma instância que dásentido à vida e que respeita, suscita e promove a

    lib d d t i d h ?