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UMA METODOLOGIA DE ENSINO QUE VIABILIZE A APLICAÇÃO DA DISCIPLINA DE CONTABILIDADE GERENCIAL, NO CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO, DE FORMA QUE CONSOLIDE A TEORIA À PRÁTICA.
Regina de Fátima de Souza
RESUMO: Pela escassez de materiais e a inexistência de estágio nos cursos Técnicos em Administração que complemente os conhecimentos obtidos em sala de aula e promova a articulação entre a teoria e a prática, é que se propôs o desenvolvimento de uma metodologia que viabilizasse o processo de ensino-aprendizagem deste curso. O foco principal foi a disciplina de contabilidade gerencial, atrelada aos recursos interdisciplinares de outras áreas, que também foram coadjuvantes para o sucesso desta metodologia. Este trabalho apresenta uma síntese da visão teórica que embasou este enfoque, evidenciando a importância da metodologia para a efetivação do ensino-aprendizagem, todo o processo de implementação desta metodologia e a aplicação do caderno pedagógico e os resultados obtidos. Foi implementado no curso Técnico em Administração Subsequente de um colégio público e envolveu alunos e professores desse estabelecimento de ensino, apresentando um resultado positivo e contribuindo significativamente na superação das dificuldades encontradas na prática teórico-metodológica da disciplina e do curso.
PALAVRAS CHAVES: Metodologia de ensino. Ensino-aprendizagem. Teoria e prática.
ABSTRACT: Scarcity of materials and the lack of practical training in Administration Technical course that supplement the knowledge obtained in the classroom and promote the relation between the theory and practice, It was that motivated the development of a methodology leading the process the teaching-learning this course. The main focus was the discipline of management accounting connect interdisciplinary resources from other areas, which were also partners in the success of this approach. This work presents a synthesis of theoretical vision that support this approach, it emphasizing the importance of methodology for effecting the teaching-learning, the process of implementing this methodology, the implementation of the teaching materials and the results obtained in the process. Subsequent Administration Technical Course was implemented in public school and involved students and teachers of the institution. It presented a positive result and contributed significantly to overcome the difficulties found in theoretical methodological practice of discipline and course.
KEY-WORDS: Methodology-teaching. Teaching-learning.Theory and practice.
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento deste trabalho é parte dos requisitos do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pela Secretaria de Estado da
Educação - SEED, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá – UEM. O
tema proposto é uma tentativa de amenizar as preocupações apontadas pelos
professores e alunos do Curso Técnico em Administração-Subseqüente, quanto à
falta de mecanismos e materiais didáticos que viabilizem a consolidação entre a
teoria e a prática. Onde não há estágio, que possa articular esses conhecimentos,
torna-se difícil uma compreensão mais abrangente que possibilite ao futuro técnico
em administração auxiliar o gestor administrativo no processo decisorial de uma
empresa.
A falta da aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula leva
os alunos dos Cursos de Graduação em Ciências Contábeis e de Administração de
Empresas a concluírem seus cursos sem uma noção profunda da aplicação dos
conteúdos ministrados. Ferreira e Santos (2008). Observa-se que este também é um
problema ainda maior nos Cursos Técnicos que não possuem estágio. A questão é a
aplicabilidade dos conteúdos teóricos à prática laboratorial.
O compromisso com uma educação profissional que tenha como base a
formação de personalidades críticas e transformadoras requer uma sólida e
atualizada formação científica, tecnológica, cultural e ética, onde estejam presentes
e articuladas a teoria e a prática. Para tanto, faz-se necessário a elaboração e
execução de propostas, projetos e planos pedagógicos comprometidos.
A interdisciplinaridade como forma de relação da teoria à prática no Curso
Técnico em Administração é uma proposta de ação didática que tem como
possibilidade a construção mútua, a cooperação, a relação complementar entre as
várias disciplinas, promovendo uma visão unitária do conhecimento.
Em vista à problemática da inexistência de estágio e a escassez de
materiais didáticos nos Cursos Técnicos de Administração da rede pública, que
viabilize a consolidação entre teoria e prática, este trabalho apresenta como objetivo
principal implementar uma metodologia de ensino-aprendizagem, utilizando como
instrumento a aplicação de um caderno pedagógico da disciplina de Contabilidade
Gerencial, anteriormente elaborado para esta finalidade.
Para a implementação e eficácia deste material foi necessário aplicar uma
2
metodologia de ensino utilizando os conceitos da interdisciplinaridade, de forma que
as demais disciplinas da série pudesse se envolver neste processo.
Para atingir o objetivo proposto, foi usado como tipologia de pesquisa um
estudo bibliográfico, documental, pesquisa de campo e estudo de caso. Para análise
dos resultados obtidos foram considerados e evidenciados os pontos fortes e fracos
ocorridos durante este processo.
Assim como em todo projeto implementado, os resultados devem ser
analisados e averiguados a sua eficiência e eficácia em todos os elos que interagem
neste processo. Os resultados positivos não devem ser contemplados apenas de
forma isolada, mas também no todo, proporcionando ao aluno uma visão holística na
aplicação do conhecimento.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Metodologia no Processo Ensino-Aprendizagem
O principal objetivo de uma instituição de ensino é, com certeza, a
aprendizagem dos seus alunos. Portanto a metodologia de ensino a ser aplicada é
um dos fatores mais importantes, pois qualquer conteúdo mal ensinado pode
provocar verdadeiros traumas no educando. Segundo Marion (1996, p.10) “na
maioria das vezes, a culpa é da metodologia inadequada no processo de ensino”.
Os professores da escola devem assumir o compromisso com a
articulação e a integração dos conhecimentos históricos sociais, como condição para
uma sólida formação científico-tecnológica e emancipadora dos alunos.
A responsabilidade dos docentes em utilizarem uma metodologia de
ensino que facilite a relação ensino-aprendizagem levará a uma ação metodológica
mais dinâmica, tornando o aluno agente ativo deste processo.
A participação do estudante no processo de aprendizagem pode ser
definida em aluno passivo e aluno ativo, sendo:
- O aluno “passivo” procura absorver os conhecimentos e experiências
do professor. A ênfase é dada nas atividades do professor;
- O aluno “ativo” tem o ensino centrado nele, participando ativamente do
processo ensino-aprendizagem, devendo tornar-se um cidadão crítico.
3
É a metodologia de ensino utilizada pelos professores que caracteriza o
aluno em ativo e passivo.
Segundo Marion (1996, p.36) “A idéia central do método focado no aluno
é tornar os estudantes pensadores críticos, fomentando a auto-inciativa de
descobrimento”.
O método utilizado pelo professor é de fundamental importância para o
sucesso do aluno, é ele que dá sentido de unidade a todos os passos do ensino e da
aprendizagem, devendo conduzir o educando a refletir, a criticar, a pesquisar, a
concluir e a correlacionar.
Segundo Libâneo (1991, p.152) “métodos de ensino são as ações do
professor pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir
objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico”.
Alguns métodos podem ser aplicados no desenvolvimento de uma
proposta de ensino-aprendizagem:
a) Aula expositiva: A aula expositiva, também conhecida como preleção,
é sem dúvida uma das formas mais comuns de instrução utilizadas na
educação. Muitos professores não param para considerar as
vantagens e desvantagens do método de exposição antes de adotá-lo
ou rejeitá-lo. Estima-se que a exposição oral é o modo dominante de
instrução nas salas de aula. É adequada para apresentar um assunto
de forma organizada, introduzir, despertar a atenção, transmitir
experiências e observações pessoais sobre um assunto, disponíveis
ou não, em outras formas de comunicação. Porém não deve ser
explorada em demasia, pois nela o aluno é apenas um agente passivo
do processo ensino-aprendizagem.
b) Excursões e visitas: Podem ser estruturadas pelo professor de
maneira que toda a turma seja beneficiada. As visitas podem ser a
indústrias, escritórios, bolsas de valores e demais empresas.
c) Dissertação ou resumo: Podem ser complemento de um seminário ou
ser aplicado individualmente. É um importante recurso no processo
ensino-aprendizagem, podendo ser utilizado após visitas a empresas,
projeções de fitas e leituras, além de ser também um recurso valioso
no auxílio às aulas expositivas.
d) Projeções: Através das teleconferências, videoconferências, telão, etc.
É a oportunidade de mostrar aos alunos temas de interesse do grupo e
4
assuntos que mereçam destaque. Não deve ficar na projeção por si
mesma, devendo o professor possibilitar a discussão sobre o assunto
apresentado. Para os cursos noturnos, onde a maioria dos alunos
trabalha durante o dia, é uma oportunidade de substituir as excursões
e visitas.
e) Seminário: Proporciona a pesquisa, a apresentação e a discussão de
um tema preparado por um aluno ou um grupo de alunos.
f) Discussão com a classe: É necessário o estabelecimento de
dinâmica adequada. Leva a reflexão acerca de conhecimentos obtidos
após uma leitura ou exposição, dando oportunidade aos educandos de
formularem princípios com suas próprias palavras. O professor deve
ao final da aula expressar sua opinião sobre o assunto e fazer as
correções relacionadas ao mesmo.
g) Resolução de exercícios: É utilizado como complemento às aulas
expositivas, servindo para fixar e compreender melhor o tema ou
assunto estudado. O professor deve se preocupar em elaborar
exercícios que realmente sirvam para reforçar e complementar o
conteúdo apresentado.
h) Estudo de caso: O estudo de caso consiste na discussão direta entre
alunos e professor sobre uma determinada situação real ou fictícia
apresentada. O enfoque está em estudantes que aprendem pelos seus
próprios esforços. O professor deve apenas orientar os estudos dos
mesmos, sem apresentar respostas imediatas.
i) Aulas práticas: Como complemento às aulas teóricas-expositivas,
mostram aos alunos o lado prático da disciplina. Este método é muito
importante na contabilidade. Sugere-se que parte do curso seja
desenvolvida no laboratório contábil, utilizando o processo eletrônico.
j) Jogo de empresa: Possibilita desenvolver nos alunos habilidade em
tomar decisões através de empresas virtuais. Os alunos,
individualmente ou em grupo, desempenham funções e atribuições da
diretoria de uma empresa, negociando com outras empresas que
competem em um mesmo mercado. Proporciona aos alunos
conhecerem, em sala de aula, a realidade do exercício profissional.
k) Simulação: Ocorre principalmente através de “softwares
educacionais”, permitindo aos alunos diversas opções e,
5
consequentemente a revisão constante de suas decisões.
l) Ciclo de Palestras: Muito utilizado nos cursos profissionalizantes, é de
extrema importância, pois contribui para o conhecimento da profissão
e demais assuntos relevantes.
A importância da metodologia na efetivação do ensino-aprendizagem
deve levar o professor a implementar métodos e/ou técnicas diferenciadas em suas
aulas.
A inter-relação entre a teoria e a prática deve ser focada no intuito de
oportunizar a aplicação imediata dos conhecimentos ministrados.
2.1.1 Interdisciplinaridade
A justaposição dos conteúdos ministrados em matérias pertencentes as
diferentes disciplinas e/ou áreas do conhecimento é perceptiva a professores e
alunos.
Educandos e educadores acreditam ser necessário promover uma
interação significativa entre os conhecimentos científicos do curso, rompendo com o
isolamento das disciplinas e proporcionar as alunos a conexão entre os diferentes
conhecimentos. Neste contexto, o fazer interdisciplinar, mesmo ainda constituído em
um grande desafio pedagógico, deve ser um caminho a ser explorado.
A interdisciplinaridade, como possibilidade de corrigir possíveis erros
ocasionados por uma ciência excessivamente compartimentada, promove a
comunicação e a interação significativa entre as disciplinas.
Neste processo faz-se necessária algumas condições para sua
efetivação. Embora não aponte como a única linha de ação, alguns passos são
considerados, segundo Santomé (1998) para a efetivação de qualquer intervenção
interdisciplinar:
6
1 - a) Definir o problema (interrogação, tópico, questão);b) Determinar os conhecimentos necessários, inclusive as disciplinas representativas e com necessidade de consulta, bem como os modelos mais relevantes, tradições e bibliografia;c) Desenvolver um marco integrador e as questões a serem pesquisadas.
2 - a) Especificar os estudos ou pesquisas concretas que devem ser empreendidos;b) Reunir todos os conhecimentos atuais e buscar nova informação;c) Resolver os conflitos entre as diferentes disciplinas implicadas, tratando de trabalhar com um vocabulário comum e em equipe;d) Construir e manter a comunicação através de técnicas integradoras (encontros e intercâmbios, interações freqüentes, etc.).
3 - a) Comparar todas as contribuições e avaliar sua adequação, relevância e adaptabilidade;b) Integrar os dados obtidos individualmente para determinar um modelo coerente e relevante;c) Ratificar ou não a solução ou resposta oferecida;.d) decidir sobre o futuro da tarefa, bem como sobre a equipe de trabalho.
A organização do trabalho pedagógico escolar como um todo está
expressa no Projeto Político Pedagógico da escola. Laffin apud Padoan (2008)
comenta sobre a interdisciplinaridade no Projeto Político-Pedagógico, dizendo que
deverá considerar, como referência, o impacto do profissional no contexto do curso e
as formas como a instituição se relaciona com o seu universo; considerar, como
referência, a socialização dos conhecimentos e das práticas produzidas no curso, de
forma a constituí-lo interdisciplinar.
As pessoas envolvidas num trabalho interdisciplinar devem estar
dispostas a proporcionar todo tipo de esclarecimentos aos demais integrantes da
equipe, a discutir e definir conceitos e questões metodológicas, por isto exige
comunicação. Segundo Santomé (1998, p.65) “É preciso insistir no papel da
negociação entre todas as pessoas que compõem a equipe de trabalho”.
Somente na prática é que podemos visualizar a interdisciplinaridade, pois
é na medida em que são realizadas as experiências reais de trabalho em equipe,
exercitando as possibilidades e vivenciando os problemas e limitações, que ela
acontece.
2.2 Conceitos de custos aplicados na implementação do trabalho
Os custos têm como propósito evidenciar os recursos aplicados na
produção ou serviços, contribui para determinar o resultado financeiro, a avaliação
dos estoques de produtos ou materiais, o controle das operações por setores, a
7
fixação de padrões de custos para controle e eficiência do processo operacional e
auxiliam nas decisões e planejamento da gestão. Para tanto, é necessário uma
integração entre a administração da empresa e suas unidades fabris, mesmo porque
não é possível fazer o custeamento de um produto sem conhecer o seu processo de
fabricação.
Determinar o custo de um produto ou de um serviço de maneira correta é
fundamental para o sucesso competitivo da empresa.
2.2.1 Terminologia em custos
As terminologias utilizadas pela contabilidade são distintas no momento
dos registros contábeis. Por isso é necessário conhecer os seguintes conceitos:
Gastos: "Sacrifício financeiro" com que a entidade arca para obter bens
(produtos) ou serviços. São representados pela promessa de entrega de ativos
(geralmente dinheiro). Somente é considerado gasto no momento que existe o
reconhecimento contábil da dívida ou da redução do ativo dado em pagamento.
Gasto é termo genérico que pode representar, um custo, uma despesa ou
investimento. Exemplo: Gasto com matéria-prima, gasto com comissões sobre
vendas.
Investimento: É todo o gasto para aquisição de ativo em função de sua
vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Exemplo: aquisição de
móveis e utensílios, despesas pré-operacionais e matéria-prima adquirida e ainda
não utilizada no processo produtivo.
Custo: São gastos necessários na obtenção de bens ou serviços, e só
podem ser considerados como custos quando utilizados no processo produtivo ou
execução de um serviço. O custo só afetará o resultado na proporção dos produtos
vendidos.
Despesa: É um gasto que provoca redução do patrimônio. São bens ou
serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. A despesa
afetará diretamente o resultado do exercíco. Exemplo: comissão sobre vendas.
Desembolso: É o pagamento resultante da compra (aquisição) de um
bem ou serviço. É a saída financeira da empresa, entrega de ativos. Podendo
ocorrer concomitantemente ao gasto (pagamento a vista) ou depois deste
(pagamento a prazo).
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Perdas: São bens ou produtos consumidos de forma anormais e
involuntários. São gastos não intencionais, decorrentes de fatores externos, fortuitos
ou da atividade produtiva normal da empresa. Exemplo: perdas com estoque
deteriorado, incêndios.
Subproduto: É aquele produto que nasce de forma natural durante o
processo produtivo da empresa. Ele possui mercado de venda e preço definido,
porém sua participação é ínfima no faturamento total da empresa. Exemplo:
Serragem, sobras de matéria-prima.
Sucatas: São resíduos que surgem da produção, proveniente de perdas
de materiais ou de produtos defeituosos. Suas vendas são esporádicas e realizadas
por valor não previsível na data em que surgem na fabricação. Não recebem custos
e também não servem para a redução de custos de produção. Na data da venda
elas são contabilizadas como outras receitas operacionais. Exemplo: Cadeira
faltando uma perna (três pernas), azulejos com defeito, retalhos de madeira ou
tecidos.
2.2.2 Conceitos de contabilidade de custos
Os procedimentos adotados pela contabilidade de custos permitem obter,
com certa precisão, o registro e controle de todos os custos envolvidos na produção
de bens, serviços ou atividades.
Segundo Matz et al. (1974, p.19), “ A Contabilidade de Custos[..]é parte
integrante do processo administrativo, que proporciona à Administração registros
dos custos dos produtos, operações ou funções e compara os custos reais e as
despesas com os orçamentos e padrões pré-determinados”. Também, segundo
Martins (2003, p. 21), a contabilidade de custos “tem duas funções relevantes: o
auxílio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões”.
Além de fornecer informações úteis à gestão, busca também mecanismos
eficientes de reduzir, sem prejudicar o nível de serviço, os recursos aplicados aos
objetos de custeio.
2.2.3 Classificação dos custos
• Custos Dretos: São aqueles que podem ser identificados e
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mensurados em relação ao produto final, de forma objetiva e sem uso
de rateios ou medições estimadas. Só podemos apropriar custos
diretos se houver uma medida de consumo atribuído ao produto (m2,
m3, quilogramas, horas, embalagens). Em alguns casos pode haver
materiais ou outros elementos que, apesar de serem identificados e
relacionados ao produto final, acabam por ser classificados como
custo indireto, em razão de seu baixo custo unitário e/ou irrelevância
do consumo e demanda de tempo para o seu controle.
No caso da mão-de-obra, só poderá ser considerado como custo direto o
valor equivalente às horas trabalhadas em relação ao produto, havendo ociosidade
por motivos alheios ao trabalho normal, seu valor deverá ser atribuído aos custos
indiretos ou até mesmo às despesas do período.
• Custos Indiretos: São aqueles que não podem ser atribuídos
diretamente ao produto final, sendo apropriados aos produtos de
maneira estimada devido à falta de uma medida objetiva do seu
consumo. Normalmente são utilizadas bases de rateio que devem, na
medida do possível, buscar uma relação próxima entre o custo indireto
e o produto, ou seja, uma relação de causa e efeito.
Por mais que se busque esta relação, o critério adotado será sempre
arbitrário e a cada vez que se modificar o critério de rateio, o custo indireto por
produto também se modifica, por isto, os custos indiretos devem ser usados com
cautela no tocante à tomada de decisão.
• Custos Fixos: São aqueles que não variam com o volume de
produção, no mesmo intervalo da capacidade produtiva instalada. Os
custos fixos geralmente são custos de estrutura para manter a fábrica
funcionando. O Custo Fixo unitário pode aumentar ou diminuir devido
ao volume de produção. Se a produção aumenta o custo fixo unitário
diminui, se a produção diminui, o custo fixo unitário aumenta.
Independentemente da eficiência ou ineficiência na redução dos
custos.
• Custos Variáveis: Variam na proporção direta das atividades
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desenvolvidas, se o volume de produção aumenta esses custos
também aumentam. Estão representados geralmente pelos materiais,
embalagens, energia e mão-de-obra. Embora salários e encargos do
pessoal envolvido na produção seja um gasto fixo mensal, só pode ser
atribuído ao produto o custo da mão-de-obra calculado com base nas
horas dedicadas ao produto. Se houver diferença entre as horas
disponíveis pelos empregados e as horas aplicadas à produção, esta
diferença terá que ser avaliada e transferida ao resultado do período.
Assim se justifica a mão-de-obra direta como custo variável.
2.2.4 Elementos de Custos
Os elementos de custos são frequentemente considerados quando se
determina o custo total de um produto manufaturado, estão descritos a seguir:
Material direto: São os insumos que podem ser fisicamente identificados ao
produto, como as matérias primas, materiais secundários, componentes prontos e
embalagens. Segundo COSTA et al. (2007), entende-se que:
Matéria prima é o material mais importante no processo de elaboração do produto, tanto no aspecto físico, quanto econômico. É possível mensurar a sua utilização, e quando incorporada ao produto, sofre mutação física, como exemplo, a madeira na fabricação de mesas e cadeiras, o petróleo na produção do óleo diesel ou gasolina, o fio na fabricação do tecido etc.
Materiais secundários são os materiais aplicados diretamente ao produto, não sofrem mutações físicas e é possível mensurar a sua utilização. São agregados ou participam do produto em menor proporção, tanto no aspecto físico quanto no econômico, como exemplo, o verniz, thiner e selador na fabricação de mesas e cadeiras de madeira.
Embalagens: As embalagens servem para acondicionar o produto na condição necessária à sua comercialização. Geralmente o produto já sai embalado da produção, mas pode ocorrer também que a embalagem seja agregada ao produto fora do setor fabril. Mesmo assim, integrará o custo direto do produto, se houver outros gastos neste processo, será também agregado ao produto de forma direta ou indireta, dependendo do caso.
Componentes para montagem: São produtos prontos, adquiridos de terceiros ou fabricados pela própria indústria, que são agregados a um outro produto que está sendo fabricado. Não sofrem mutações físicas, e seu valor econômico geralmente é relevante, como por exemplo, o motor ou painel de um carro em uma indústria automobilística.
Os materiais diretos são materiais principais e essenciais que entram em
maior quantidade na fabricação do produto. Todos os gastos que incorrem para que
o material chegue em condições de ser usado devem ser agregados ao custo do
11
material.
Para conhecer o valor contábil do custo de materiais que integrará o
produto, a empresa pode utilizar-se de dois métodos de controle de estoque,
Inventário Periódico e/ou Inventário Permanente.
O Inventário Periódico utiliza o inventário físico remanescente do estoque
ao final do período desejado. Encontra-se o custo dos materiais ou produtos através
da seguinte fórmula: CUSTO = EI + Compras líquidas – EF (Inventariado). O
problema do Inventário Periódico é que só se conhece o valor do custo no final do
período desejado.
O Inventário Permanente controla a variação do custo unitário a cada
transação. Para tanto, é necessário utilizar-se de critérios de avaliação dos
estoques, quer seja de matérias, de produtos em elaboração ou produtos acabados,
sendo eles:
• PEPS – Primeiro que Entra e Primeiro que Sai – Simboliza que as
primeiras entradas (aquisições) serão as primeiras a saídas do
estoque quando ocorrer requisições ou vendas de produtos. Este
critério está de acordo com os Princípios Contábeis Geralmente
Aceitos e com a legislação tributária.
• UEPS – Último que Entra e Primeiro que Sai – Simboliza que as
últimas entradas (aquisições) serão as primeiras a saírem do
estoque quando ocorrer requisições ou vendas de produtos. Este
critério não é aceito pela legislação tributária.
• CUSTO MÉDIO Ponderado Móvel – A cada requisição de materiais
ou produtos, o saldo é ajustado em função da média do preço
anterior com o preço da nova aquisição, somam-se ambas e divide-
se pelo total das quantidades atuais. Este critério é aceito pelos
Princípios Contábeis Geralmente Aceitos e pela legislação do
imposto de renda.
• Para itens de grande valor pode-se utilizar o Custo Específico.
Mão-de-obra direta: Trata-se dos custos com a mão-de-obra utilizada diretamente
na produção, identificando as pessoas e mensurando o tempo real empregado sem
qualquer apropriação indireta ou rateio. Sempre que for possível medir a quantidade
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de mão-de-obra aplicada diretamente a um determinado produto, é mão-de-obra
direta. Caso contrário, havendo necessidade de rateio, é mão-de-obra indireta.
Integram o custo com mão-de-obra direta: o salário e todos os demais
encargos decorrentes.
Custos Indiretos de Fabricação: Pelo Custeio por Absorção, todos os gastos
necessários para que o produto esteja em condições de ser comercializado são
atribuídos ao mesmo. São outros custos incorridos no processo de fabricação, além
dos custos de material direto e de mão-de-obra direta.
Mensura-los em relação ao produto é mais difícil, pois envolvem custos
irrelevantes ou relevantes mais difíceis de controlar o seu consumo.
Os principais Custos Indiretos de Fabricação podem ser definidos em:
1 – Materiais Secundários: São os materiais que integram o produto, mas
não são possíveis de identificação, e se identificáveis, a sua mensuração ao produto
não é economicamente viável. Exemplo: linha e botões em uma indústria fabril.
2 – Mão-de-Obra Indireta: São os gastos com os empregados que
auxiliam a produção, não têm relação direta com a produção, ou quando tem, pode
ocorrer falta de mecanismos que mensurem o seu valor diretamente ao produto.
3 – Outros Custos Indiretos de Fabricação: São todos os demais custos
que podem ser subdivididos em custos específicos (de um departamento, centro ou
atividade) e os comuns. Os custos Indiretos de Fabricação classificados como
comuns necessitam de alocação aos departamentos, centros ou atividades
utilizando-se algum critério de rateio.
A utilização de bases de rateio para a distribuição dos Custos Indiretos de
Fabricação necessita de critérios que são definidos pela empresa.
2.3 Educação Profissional em Nível Técnico
As pessoas que estão à frente dos empreendimentos são as que
enfrentam os desafios e necessitam buscar constantemente alternativas para melhor
desenvolver o seu negócio, para isto, necessitam de conhecer todo o processo de
instalação e funcionamento dos diversos departamentos da empresa, as influências
internas e externas, etc.
A educação tem por finalidade a formação de indivíduos transformadores,
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que interfiram na realidade de maneira consciente, eficiente e responsável. Os
cursos técnicos têm como objetivo a profissionalização, que nada mais é que a
formação de educandos capazes de pensar, analisar e fazer.
A Educação profissional está definida no capítulo III da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação – LDB n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, como integrada às
diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduzindo ao
permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
Faz-se necessário o destaque de algumas das dimensões teórico-
metodológicas da Educação Profissional apresentadas nos Fundamentos Políticos e
Pedagógicos da Secretaria de Estado da Educação – versão preliminar – 2005:
a) tomar o trabalho como princípio educativo, articulando ciência, cultura,
tecnologia e sociedade;
b) a integração entre conhecimento básico e aplicado só é possível
através da mediação do processo produtivo;
c) o tratamento metodológico privilegiará a relação teoria/prática e
parte/totalidade;
d) os conteúdos que compõem cada percurso formativo deverão ser
organizados de modo a integrar as dimensões disciplinar e
interdisciplinar.
As modalidades de ensino dos cursos técnicos ofertados pela rede
pública estadual do Estado do Paraná atualmente são:
a) Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio – Cursos Técnicos
ofertados para alunos oriundos do ensino fundamental, com duração
média de 4 anos, tendo em sua matriz curricular a base nacional
comum e a formação específica;
b) Cursos Técnicos Subseqüentes – Cursos Técnicos ofertados para
alunos concluintes do Ensino Médio, com duração média de 1 ano e
meio, tendo em sua matriz curricular apenas a formação específica;
c) Cursos Técnicos Integrados à Educação de Jovens e Adultos –
PROEJA – Cursos Técnicos ofertados para jovens e adultos
concluintes do ensino fundamental, com idade mínima de 18 anos,
tendo em sua matriz curricular a base nacional comum e a formação
específica, com duração média de 3 anos.
14
2.4 Curso Técnico em Administração
Em atendimento as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, o Curso
Técnico em Administração tem como concepção uma formação técnica que articule
trabalho, cultura e tecnologia como princípios que devem transversalizar todo o
desenvolvimento curricular.
O Curso Técnico em Administração vem de encontro à necessidade de
formação do indivíduo numa perspectiva de totalidade, aperfeiçoamento e
conhecimento. Enfatiza o resgate da formação humana onde o aluno, como sujeito
histórico, produz a sua existência pelo enfrentamento consciente da realidade,
produzindo valores de uso, conhecimentos e cultura.
Sua proposta encaminha para uma formação onde a teoria e a prática
possibilitam aos alunos compreenderem a realidade para além de sua aparência,
onde os conteúdos não têm fins em si mesmo porque se constituem em sínteses da
apropriação histórica da realidade material e social pelo homem.
O Colégio Estadual Pedro II – Ensino Fundamental, Médio e Profissional,
local da implementação desta proposta, oferta o Curso Técnico em Administração
em duas modalidades, tendo cada modalidade uma matriz curricular diferente,
apresentadas a seguir:
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Matriz Curricular do Curso Técnico em Administração Integrado ofertado
no período matutino, com duração de quatro anos:
Disciplinas
Composição
Curricular
Série/Carga horária
Semanal1ª 2ª 3ª 4ª
Língua Portuguesa e Literatura BNC 3 3 3 4Arte BNC 2Educação Física BNC 2 2 2 2Matemática BNC 2 4 4 3Física BNC 2 2Química BNC 2 2Biologia BNC 2 2História BNC 2 2Geografia BNC 2 2Sociologia BNC 2Filosofia BNC 2L.E.M. – Inglês PD 2 2Sistemas de Informações Gerenciais PD 2Noções de Direito e Legisl. Soc. Trabalho PD 2 2Metodologia e Técnicas de Pesquisas PD 2Teoria Geral da Administração FE 2Fundamentos Psicossociais da Administração FE 2Contabilidade Geral e Gerencial FE 2 2Administração de Produção e Materiais FE 2 2Adm. Financeira e Orçam. E Finanças Pub. FE 2 2Teoria Econômica FE 2Administração de Marketing e Vendas FE 2Administração Estratégica e Planejamento FE 2Administração de Pessoal FE 2 2Elaboração e Análise de Projetos FE 2TOTAL 25 25 25 25BNC – Base Nacional ComumPD – Parte DiversificadaFE – Formação Específica
Matriz Curricular de acordo com a LDB n. 9394/96
Matriz Curricular do Curso Técnico em Administração Subseqüente ofertado
no período noturno, com duração de três semestres:
Disciplinas
Composição
Curricular
Semestre/Carga
Horária Semanal1ª 2ª 3ª 4ª
Teoria Geral da Administração FE 4Fundam. Psicossociais da Administração FE 2Matemática Financeira FE 3
16
Sistemas de Informações Gerenciais FE 3Contabilidade Geral FE 4Noções de Direito FE 4Estatística Aplicada FE 2Administração da Produção e Materiais FE 4 ‘Administração Financeira e Orçamentária FE 3Finanças Públicas FE 2Teoria Econômica FE 4Metodologia e Técnicas de Pesquisa FE 2Legislação Social do Trabalho FE 3Administração de Marketing e Vendas FE 4Administração Estratégica e Planejamento FE 4Administração de Pessoal FE 4Elaboração e Análise de Projetos FE 4Contabilidade Gerencial FE 4TOTAL 20 20 20FE – Formação Específica
Matriz Curricular de acordo com a LDB n. 9394/96
Neste contexto, segundo Plano de Curso do Departamento de Educação
e Trabalho da Secretaria de Estado da Educação, o curso Técnico em Administração
Subseqüente tem como objetivos:
• Promover desenvolvimento pessoal e profissional, através do
conhecimento científico tecnológico e cultural, considerando os
aspectos humano, econômico e social;
• Oportunizar participação social integrando conhecimento técnico
com competência prática e científica no processo produtivo da
comunidade na qual está inserido;
• Permitir ao futuro profissional uma visão da evolução da tecnologia,
das transformações oriundas do processo de inovação e das
diferentes estratégias empregadas para conciliar os imperativos
econômicos às condições da sociedade;
• Propiciar a profissionalização por meio da compreensão das
relações contraditórias presentes na vida social e produtiva.
Embora sua finalidade seja a formação de profissionais com domínio dos
conteúdos e processos relevantes do conhecimento científico, tecnológico, social e
cultural utilizando suas diferentes linguagens, o que lhe confere autonomia
intelectual e moral para acompanhar as mudanças, de forma a intervir no mundo do
17
trabalho, percebe-se que os cursos técnicos enfrentam algumas dificuldades para
sua adequada efetivação. Cita-se como exemplo a inexistência de estágio na matriz
curricular de alguns cursos, a escassez de acervo bibliográfico, a qualificação
profissional de alguns professores, os laboratórios de informática não estarem
equipados com programas direcionados para os cursos específicos e o próprio curso
noturno.
2.5 Plano de trabalho
A participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da
Secretaria de Estado da Educação possibilitou a elaboração de um caderno
pedagógico com a intenção de apresentar a fundamentação teórica, exemplos e
exercícios para a disciplina de Contabilidade Gerencial, organizado
metodologicamente a articulação da teoria à prática no processo ensino-
aprendizagem. De forma a possibilitar ao aluno a compreensão da extensão das
informações que ela pode e deve gerar para a utilização da administração no
processo decisorial.
No Curso técnico em administração – subseqüente, as disciplinas de
Contabilidade Geral e Contabilidade Gerencial estão encarregadas de proporcionar
o conhecimento da contabilidade para não contadores. A preocupação é como
ensinar contabilidade para aqueles que não exercerão esta atividade, mas precisam
compreender para terem condições de interpretar os relatórios contábeis para o
desempenho de suas atividades de gestão.
O contato com os professores do Colégio Estadual Pedro II – Ensino
Fundamental, Médio e Profissional de Umuarama – PR, levou a percepção do total
interesse em desenvolver atividades diversificadas que pudessem atender as
questões acima mencionadas. A problemática da falta de material didático e a
inexistência do estágio eram comuns às duas modalidades de ensino ofertadas pelo
estabelecimento, o Curso Técnico em Administração Integrado e o Curso Técnico
em Administração Subseqüente.
Em princípio a idéia foi elaborar um caderno pedagógico para ser utilizado
de forma interdisciplinar entre a Contabilidade Geral e Gerencial, Administração da
Produção e Materiais e Administração Financeira e Orçamentária e Finanças
Públicas do Curso Técnico em Administração Integrado. Para tanto seria necessário
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que além da participação dos professores das três disciplinas na elaboração do
caderno no ano de 2007, seria necessário a presença dos mesmos na
implementação em 2008, o que não seria garantido devido a forma de distribuição
de aulas na rede pública estadual de educação.
A decisão então foi elaborar um caderno pedagógico com conteúdos
específicos da disciplina Contabilidade Gerencial com uma forma de apresentação
que possibilitasse articular teoria e prática e interagir com as demais disciplinas do
Curso Técnico em Administração, tanto na modalidade subseqüente quanto na
integrada.
Em relação à implementação decidiu-se pelo Curso Técnico em
Administração Subseqüente, principalmente pelo interesse dos professores em
realizar um trabalho diferenciado e por formar um grupo homogêneo, mais propício a
um trabalho interdisciplinar.
Assim, a proposta encaixou-se completamente com o anseio destes
professores, ficando definido que todos os docentes das turmas do 3º semestre do
Curso Técnico em Administração Subseqüente desenvolveriam com os alunos um
trabalho interdisciplinar que pudesse viabilizar a consolidação entre teoria e prática.
19
2.6 Aplicação da Proposta
Sabendo-se que interdisciplinaridade envolve relações de interação
dinâmica entre as disciplinas, a implementação aconteceu através da interação de
áreas como administração, contábeis e direito, contempladas num processo
interdisciplinar com a reformulação e redistribuição de conteúdos e tarefas entre as
disciplinas do 3º semestre do curso. Estiveram diretamente envolvidos nesta
proposta todos os professores e indiretamente a coordenação do curso e direção do
estabelecimento.
Além da fundamentação teórica desenvolvida nas disciplinas, foi também
criado, como experimentação através da prática, todo um processo de instalação e
funcionamento de uma pequena indústria de produtos de limpeza. Para isto foi
estabelecido um horário diferenciado, juntando as duas turmas do 3º semestre do
curso, em quatro aulas diárias destinadas a um professor. Houve um controle dos
dados e atividades desenvolvidas para “alimentação” das informações e
conhecimento de todos os professores.
2.6.1 Etapas desenvolvidas na implementação da proposta
1ª - Apresentação da proposta de implementação à escola –
Coordenação de Cursos, Professores e Direção. Foi mostrado que a
implementação estaria voltada à problematização ora levantada no momento da
investigação junto à escola quando da elaboração do Plano de Trabalho entregue à
Secretaria de Estado da Educação, através do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE. Naquele momento os professores levantaram como um dos
maiores problemas para o curso a falta de material didático e a inexistência de
estágio, dificultando assim a articulação entre a teoria e a prática, fator fundamental
para o ensino-aprendizagem em cursos profissionalizantes.
2ª - Definição da linha de desenvolvimento do projeto de
implementação. Foi definida juntamente com todos os professores envolvidos no
processo. Após a realização de algumas reuniões ficou delineada a maneira que o
projeto seria desenvolvido. A maior dificuldade foi conseguir agendar as reuniões,
devido às atribuições diversas dos professores. O que realmente possibilitou a
20
realização dos encontros e conseqüentemente do projeto foi o interesse de todos à
implementação do mesmo.
3ª - Estabelecer as etapas do desenvolvimento. Juntamente com todos
os professores envolvidos e coordenação do curso foram definidas as etapas do
desenvolvimento do projeto de implementação. Foi também estabelecido um
cronograma e um calendário de desenvolvimento.
4ª - Desenvolvimento do projeto. O principal recurso foi a troca de
informações entre os professores através de reuniões e e-mail. Conforme a
necessidade de seqüência dos conteúdos e do desenvolvimento do projeto foi
definido em um cronograma o horário de cada professor com as turmas.
Com o direcionamento dos professores os alunos fizeram todas as
atividades necessárias para a constituição e funcionamento da empresa, realizando
pesquisas, assumindo papéis, definindo estratégias, elaborando documentações,
fabricando os produtos, realizando cálculos e registros, ora individualmente, ora em
grupo, sempre embasados na fundamentação teórica das disciplinas.
O desenvolvimento deste projeto teve como foco a disciplina de
Contabilidade Gerencial, em contexto de interdisciplinaridade, constantemente as
informações se interagiam entre professores e alunos das demais disciplinas.
O Caderno Pedagógico intitulado “Contabilidade Gerencial” apresentado à
Secretaria de Estado da Educação – SEED, como parte dos requisitos do Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE, em convênio com a Universidade Estadual
de Maringá - UEM, tendo como orientadora a Professora Maria de Fátima Gameiro
da Costa, foi utilizado como fundamentação teórica, aplicação de exemplos e
exercícios. Serviu como suporte ao levantamento dos custos de produção da
empresa “Kapricho” Indústria e Comércio de Produtos de Limpeza Ltda1, sendo
possível a realização constante da relação teoria e prática.
Não foi possível desenvolver com os alunos todos os conteúdos
apresentados no Caderno Pedagógico. Dois fatores contribuíram, sendo o primeiro a
falta de embasamento por parte dos alunos e o segundo a carga-horária da
disciplina que é apenas 04 aulas semanais em um semestre, agravados pela
demora em iniciar o projeto. Foi então preparado um “recorte” do caderno
pedagógico para ser disponibilizado para os alunos, contendo apenas a
1 Empresa fictícia
21
fundamentação teórica, exemplos e exercícios sobre:
• Custos e sua aplicação - Terminologia em Custo; Conceitos de
Contabilidade de Custos; Classificação dos Custos e Elementos de
Custos.
• Orçamentos dos custos - MDC – Orçamento do Material Direto; MOD
– Orçamento da Mão-de-Obra Direta e CIF – Orçamento dos Custos
Indiretos de Fabricação.
Uma vez que a parte inicial do caderno pedagógico, que trata da
introdução à contabilidade gerencial; conceito de contabilidade gerencial; objetivo da
contabilidade gerencial e relação entre a contabilidade financeira, contabilidade de
Custos e Contabilidade Gerencial, já havia sido trabalhada nas aulas anteriores à
implementação do projeto.
Não foi possível trabalhar Custos para controle e decisão: Formação do
preço de venda e Relação custo/volume/lucro, conteúdos contemplados no caderno
pedagógico.
Com base na fundamentação teórica, exemplos e explicações foi possível
o desenvolvimento do conteúdo e a apuração do custo de produção da empresa
“Kapricho” Indústria e Comércio de Produtos de Limpeza Ltda..
Para a apuração do custo de produção a disciplina de Contabilidade
Gerencial utilizou informações definidas pelas demais disciplinas durante o
desenvolvimento dos seus conteúdos. Como exemplos de interação entre as demais
disciplinas, destacam-se:
• Disciplina Administração de Pessoal: Além de outros assuntos, esta
disciplina identificou as necessidades para a composição do quadro de
pessoal, definindo funções, número de funcionários e salários a serem
recebidos. Também contribuiu com relação à qualidade e segurança do
trabalho, identificando os equipamentos de segurança necessários à
produção. Com o quadro de pessoal definido pode-se trabalhar a
separação entre custos e despesas e custos diretos e indiretos. Com as
informações sobre os tipos de materiaisl de segurança trabalhou-se
também a incorporação destes custos na fabricação do produto.
• Disciplinas de Marketing e Vendas e Administração Estratégica e
Planejamento: Através do trabalho destas disciplinas conheceu-se o
layout da fábrica, a capacidade instalada, a capacidade produtiva, fatores
22
de produção e seu desenvolvimento e controle, como também foi definido
o tempo e o volume de produção. Além desses e outros elementos de
custos foram também detectadas o tipo e a quantidade de materiais
utilizados na produção, o custo do aluguel com base em m2 e o valor da
depreciação de acordo com a vida útil do bem. Também contribuiu com
informações gerenciais, como preço de mercado e a aceitação do produto,
segundo expectativas do consumidor, e o tipo embalagem. Ao final
relacionou-se o preço de venda, definido segundo pesquisa de mercado,
com o custo de produção apurado.
5ª - Avaliação durante o processo de desenvolvimento. Durante a
definição e desenvolvimento do projeto as diversas reuniões com os professores
permitiram a avaliação para fins de retomadas e complementações. Apesar das
dificuldades, o entusiasmo e o compromisso dos professores aliados à motivação e
interesse dos alunos fizeram o projeto acontecer.
Na avaliação na disciplina Contabilidade Gerencial, destacam-se
alguns pontos fortes e fracos durante o processo de desenvolvimento junto à
disciplina:
a) Pontos fortes: Tratar a fundamentação teórica com exemplos concretos
e imediatos, viabilizando a articulação da teoria à prática; A participação dos alunos
e a possibilidade de seqüência de raciocínio durante quatro aulas seguidas com o
mesmo professor; A possibilidade de trabalhar com um número grande de alunos
participando ativamente do assunto; A responsabilidade de alunos e/ou grupos de
alunos em realizar suas tarefas a contento, pois delas dependiam as demais;
Mostrar que as decisões tomadas em uma empresa interferem de maneira direta ou
indireta em todos os setores, inclusive na contabilidade que não tem apenas como
fim o registro dos fatos, mas principalmente a geração de informações úteis no
tempo certo.
b) Pontos fracos: Ter sido possível trabalhar apenas uma pequena parte
do conteúdo do caderno pedagógico devido à falta de embasamento dos alunos;
Não ter utilizado nenhum instrumento formal para a avaliação da aprendizagem dos
alunos; Pouco tempo para a implementação do projeto; Como a resolução foi de
forma coletiva, alguns alunos se sobressaiam e “levavam” o desenvolvimento, não
sendo possível, muitas vezes, detectar a compreensão ou não por parte de alguns
alunos; Não foi possível elaborar coletivamente um registro formal e bem detalhado
23
de todo o processo para acervo do estabelecimento e suporte para que outros
professores possam implementá-lo futuramente.
2.6.2 Avaliação final do projeto e sugestões de melhoria.
A avaliação final do projeto ocorreu no momento do Conselho de Classe
com participação de todos os envolvidos, professores, coordenação de curso, equipe
pedagógica e aluno representante de turma. Na ocasião o projeto foi considerado
uma excelente experiência, que permitiu aos alunos uma maior integração,
motivação e consequentemente melhor aprendizagem. Os pontos negativos
também foram levantados, sendo o principal, o pouco tempo destinado tanto para as
reuniões como para o desenvolvimento do projeto. A sugestão unânime de melhoria
foi que o projeto deva ser re-estruturado para ter início já no 1º semestre do curso,
possibilitando assim maior tempo à articulação entre os professores e a
implementação do projeto.
Na reestruturação do projeto para futura implementação sugere-se que:
a) os alunos que sobressaem sejam monitores de grupos de alunos com
maiores dificuldades;
b) sejam definidos instrumentos de avaliação da aprendizagem (como
exemplo pedir um relatório das ações de cada grupo e questões sobre a
fundamentação teórica);
c) o projeto seja apresentado aos alunos no início do semestre e
implementado em seguida, sendo necessário para tanto que permaneçam os
mesmos professores envolvidos.
d) o laboratório de informática do colégio seja utilizado através de
programas preparados pelos alunos e professores do curso técnico em informática,
possibilitando assim maior agilidade e integração;
e) a disciplina contabilidade gerencial seja trabalhada em grupos,
aplicando a fundamentação teórica para todos, mais que a apuração dos custos seja
realizada pelos pequenos grupos, separadamente;
f) a cada implementação mude-se o ramo de atividade da empresa,
possibilitando novas experiências, tanto para os alunos quanto para os professores.
g) sejam criados banners com conceitos fundamentais de Contabilidade
Gerencial disponibilizando-os em sala de aula e laboratório.
24
h) seja realizado um seminário de apresentação final do projeto para os
alunos das séries anteriores;
i) seja organizado um registro formal e detalhado do processo para acervo
do estabelecimento.
3. CONCLUSÃO
A busca por uma metodologia que viabilize a aplicação da disciplina
Contabilidade Gerencial de forma a consolidar a teoria e a prática foi o que levou à
elaboração de um caderno pedagógico articulado a um trabalho interdisciplinar.
A utilização deste caderno como recurso didático foi um importante
elemento facilitador do processo ensino-aprendizagem.
A interdisciplinaridade desempenhou papel decisivo na implementação do
projeto, dando estrutura ao desejo de uma educação numa perspectiva de
totalidade.
Em relação à metodologia de ensino, todas podem ser utilizadas desde
que façam do aluno o sujeito ativo da aprendizagem. Na prática pedagógica é
importante o professor ter claro a sua posição, sua intencionalidade e agir com
sabedoria e humildade.
O trabalho apresentou excelente resultado, contribuindo
significativamente na superação das dificuldades encontradas na prática teórico-
metodógica da disciplina Contabilidade Gerencial.
Ainda que não tenha sido tão simples aplicá-la no Curso, é exemplo em
que os estudantes aprendem a aplicar os conhecimentos ministrados em sala de
aula, apontando como um recurso a ser explorado nos cursos técnicos
profissionalizantes.
Este trabalho não é conclusivo, não tem receita mirabolante para
revolucionar o processo de ensino da contabilidade. O que se procurou foi manter
questionamentos, estudos e experiências no sentido didático-pedagógico para a
melhoria do processo de ensino-aprendizagem nos cursos técnicos, em especial na
disciplina de Contabilidade Gerencial no curso técnico em administração.
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