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Uma nova etapa para o património - Agência ECCLESIAIgreja. Se assim for, podemos correr o risco de passar ao lado da riqueza e da novidade das suas interpelações. Pedro Leal, 15.04,

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte,Rui Jorge Martins, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.

Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.:218855472; Fax: 218855473. [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Sandra Costa Saldanha06 - Foto da semana07 - Citações08-11 - Nacional12- Opinião D. José Cordeiro14 - A semana de Paulo Rocha16-25 - Entrevista Guilherme d'Oliveira Martins 26-35 - Dossier - Papa Francisco 50 anos da Pacem in Terris36: Espaço Ecclesia

38-41 - Internacional42 - Cinema44 - Multimedia46 - Estante48 - Vaticano II50 - Agenda52 - Liturgia54 - Programação Religiosa55 - Por estes dias56 - Fundação AIS

Foto da capa: Radio VaticanFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Modeloduradourode paz ainda estápor implementarEntrevista a Gulherme d'OliveiraMartins sobre a Pacem inTerris[ver+]

Papa disponívelpara visitarPortugalO Papa recebeu hoje o novoembaixador de Portugal junto daSanta Sé[ver+]

Recontagem devotos naVenezuelaA presidência da ConferênciaEpiscopal da Venezuela manifestouo seu apoio[ver+]

D. José Cordeiro | Roque Cabral

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Uma nova etapa para o patrimónioda Igreja em Portugal

Sandra Costa Saldanha

Na data em que se celebra o Dia Internacionaldos Monumentos e Sítios, retomamos o tema doinventário, assunto eminente, que constitui entrenós um dos aspetos mais relevantes naabordagem aos Bens Culturais da Igreja.Ferramenta insubstituível para a sua proteção,valorização e tão almejada fruição, pese emboraa consciência de tudo isso, prevalecem osprocedimentos avulsos. Apenas uma pequenapercentagem, na ordem dos 15% dos locais deculto afetos à Igreja Católica em Portugal, possuios seus inventários elaborados com qualidade.Identificados alguns problemas técnicosconcretos, uma das grandes dificuldades residena manifesta desigualdade de procedimentos,traduzida na ausência de uma atuaçãoconcertada. E é assim que, no quadro das suascompetências, o SNBCI tem procurado encontrarcaminhos que potenciem e operacionalizem osesforços de cada diocese. Empenhado naimplementação de um projeto nesta área, queproporcione uma atuação continuada e fomentea cooperação institucional, um primeiro passo foidado, com a criação de um Grupo de Trabalho.Com a missão de definir estratégias e dinamizariniciativas, prevê o

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apetrechamento dos serviços maiscarenciados com meios técnicosadequados, numa acão que contacom o apoio da Fundação CalousteGulbenkian. Objetivos estruturadosem várias fases, em ordem a agilizaros trabalhos, promover a suadivulgação, uniformizarprocedimentos e otimizar a relaçãoentre dioceses, prevê tambémvárias iniciativas nos domínios danormalização, disponibilização e

formação, adequadas à realidadeespecífica do património eclesial.Processo longo, que obrigará a umempenhamento responsável econsequente de todos osintervenientes, não se trata apenasde conhecer e registar este legado,mas de o devolver, com dignidade eapreço, à sua primordial funçãopastoral, estimando-o, valorizando edotando das condições necessáriasao cumprimento dessa missão.

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Pastor guia o seu rebanhoIerissos, Grécia, 12.04.2013Dimitri Messinis/Associated Press

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Só agora percebo o ter paciência.As pessoas têm de estarpreparadas para seremsurpreendidas. Até para amarem,serem amadas ou para seremfelizes durante um tempo. Apaciência é uma forma de risco -das mais perigosas que se podemcorrer.Miguel Esteves Cardoso, 16.04,(Público) Não podemos e não devemosreduzir o Papa às nossasinterpretações nem às nossasvisões parcelares do que deve ser aIgreja. Se assim for, podemos correro risco de passar ao lado da riquezae da novidade das suasinterpelações.Pedro Leal, 15.04, (Renascença) Não é difícil compreender que osnossos sentimentos e gestos sãodeterminantes, não só para a nossafelicidade neste mundo, comotambém para a da outra vida, deque esta faz parte. Repousa emnós, calma e firme, a certeza de quea vida não se mede pela quantidadedos dias... mas pelo amor de que sefoi autor e herói.José Luís Nunes Martins, 13.04, (i)

Quando (…) para alguns escritoresse começam a fechar as portas deeditoras cujos interesses e objetivosse concentram cada vez mais só nolucro, impõe-se destacar arelevância e o significado do inícioda saída das “Obras Completas” doPadre António Vieira, numa ediçãobem sistematizada e organizada,rigorosa, excelente (…).José Carlos de Vasconcelos, 17.04,(Jornal de Letras) Nós hoje somos gentecontemporânea e estamosintegrados numa sociedade liberalcuja principal apetência não é tantoa segurança, mas a liberdade decada um. Quando trocamosfacilmente a liberdade pelasegurança, as inquisições estão àporta.D. Manuel Clemente, 12.04, Ipsilon(Público)

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Papa disponível para visitar Portugal

O Papa recebeu hoje o novoembaixador de Portugal junto daSanta Sé, António Almeida Ribeiro, emostrou-se disponível para visitar opaís, tendo em vista o centenáriodas aparições de Fátima, em 2017.“Ele (Francisco) manifestou a suatotal disponibilidade” para participarnas celebrações, disse o diplomataà Agência ECCLESIA, após aaudiência privada paraapresentação das cartascredenciais, a primeira do atualpontificado.“Manifestei, em nome de Portugal,enorme respeito e enorme gratidãopelo facto de o Papa Francisco terdecidido consagrar o pontificado aNossa Senhora de Fátima”, declara.Segundo António Almeida Ribeiro, oPapa teve “palavras de extremasimpatia para com Portugal” eevocou a importância de Fátima.“Gostaríamos de recordar ocentenário das aparições”, precisa oembaixador,

para quem, “uma visita (papal) aPortugal seria, naturalmente, ocorolário dessas comemorações”.O embaixador de Portugal realça a“excelência” das relações com aSanta Sé e diz ter encontrado umPapa “extremamente simpático esimples”.No encontro aludiu-se também ao500.º aniversário da embaixada queo rei D. Manuel enviou ao PapaLeão X.Esse foi "um marco muitosignificativo das relações entrePortugal e a Santa Sé”, refere odiplomata.

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António Almeida Ribeiro encontrou-se ainda com o secretário de Estadodo Vaticano, cardeal TarcisioBertone, com quem falou sobre asrelações bilaterais “no quadro daConcordata que foi revista eassinada em 2004”.“Também da parte do cardealBertone foi reconhecido que nãoexistemproblemas graves, pelo contrário”,conclui o embaixador.António Almeida Ribeiro substituiuManuel Tomás Fernandes Pereira,que passou à disponibilidade no dia2 de abril de 2012, quandocompletou 65 anos.

Durante a apresentação das cartascredenciais, no Vaticano, o Paparecebeu uma caixa com um‘decanter’ especial e uma garrafa devinho do Porto 20 anos, oferta doInstituto dos Vinhos do Douro e doPorto (IVDP), como homenagempela sua eleição como bispo deRoma.Para Manuel de Novaes Cabral,presidente do IVDP, “com estainiciativa pretende-se marcar ummomento muito especial de umainstituição milenar, a Igreja Católica,para a qual o vinho tem umsignificado litúrgico muito particular”.

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Bispos apelam à oração pelasvocaçõesO bispo de Santarém, D. ManuelPelino, considera que ascomunidades cristãs precisam depadres "e reclamam quando estesfaltam”, embora “nem sempre”tratem “com verdadeiro zelo derezar e chamar para que hajapastores suficientes”. “Todossentimos que, nalgumas zonas, sãoverdadeiramente necessários maisalguns padres a exercer o ministériopara que o trabalho pastoral nãosobrecarregue tanto os que estãono ativo”, refere a mensagemenviada à Agência ECCLESIA sobreo 50.º Dia Mundial de Orações pelasVocações, que a Igreja Católicaassinala este domingo.“Quem chama os possíveiscandidatos? Quem os faz refletir,rezar e escutar a voz de Deus nesteambiente ruidoso e disperso? Quemos acompanha e apoia nodiscernimento e na decisão deentrar no Seminário? Serão osanimadores diocesanos ou os quevivem no terreno em contacto comos possíveis vocacionados?”,questiona.Já o bispo de Beja, D. AntónioVitalino, pede aos católicos pararezarem pelo

“surgimento de novas vocações” aosacerdócio e à vida religiosa quesejam “fermento, sal e luz para asociedade humana e politica”.Na sua nota semanal, enviada àAgência ECCLESIA, o preladoobserva que “o fundamento daesperança cristã e as respostas daíprovenientes nem sempre sãoaquilo que a maioria das pessoasdeseja”, embora a Igreja possacontribuir “indiretamente” paraconcretizar essas aspirações.A Igreja Católica em Portugal está aassinalar a Semana de Oraçãopelas Vocações, que adota o motedo Dia Mundial de Orações pelasVocações, dedicado em 2013 aotema ‘As vocações, sinal daesperança fundada na fé’, escolhidopelo Papa emérito Bento XVI.

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Igreja atenta à pobreza edesempregoO presidente da ConfederaçãoNacional das Instituições deSolidariedade (CNIS) disse àAgência ECCLESIA que odesemprego, “o grande drama dePortugal”, diminui a esperança eaumenta a depressão, o vício e amarginalização. Com a falta detrabalho “as pessoas ficam maisdeprimidas, mais sujeitas a criaremvícios e também maismarginalizadas, dado que umapessoa desempregada perde umgrupo de relações e não está emcondições de criar novos laços”,sublinhou o padre Lino Maia.Quem não tem ocupaçãoprofissional “perde a esperançaporque um desempregado é alguémque, provavelmente, não encontrarátrabalho nos próximos anos”,acrescentou o responsável àmargem do seminário ‘Pobreza eDireitos Humanos’ que decorreu naAssembleia da República, emLisboa.Para o padre Lino Maia as soluçõespara atenuar a pobreza passam por“insistir muito no apoio à família,assim como na cooperação entre oEstado e as organizações de apoiosocial, que estão a fazer muito masque podem fazer mais”. Oresponsável sugeriu igualmente a“promoção de atividades de

proximidade nas zonas maisdeprimidas do país, aproveitando osvários equipamentos devolutos”, apar da disseminação em váriaslocalidades de serviços do Estado,como escolas e centros de saúde,em vez de optar pela concentração.O seminário ‘Pobreza e DireitosHumanos’, promovido pelaPlataforma Portuguesa dasOrganizações Não Governamentaispara o Desenvolvimento, foi abertopelo deputado Alberto Martins.O bastonário da Ordem dosAdvogados, António Marinho Pinto,o presidente da AmnistiaInternacional, Victor Nogueira, odiretor da revista CAIS, HenriquePinto, e o investigador José ManuelPureza, do Centro de Estudos daUniversidade de Coimbra, foramalguns dos intervenientes noencontro.

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IDE a JOSÉ

D. José CordeiroBispo de Bragança-Miranda

O Papa Francisco inaugurou, providencialmente,o seu ministério petrino na solenidade de S.José. O Bispo de Roma, primeiro na caridade,surpreende constantemente pelos gestos epalavras e convida desde o início a não termosmedo da bondade e da ternura.Um dia, durante um retiro em Itália, Pedro Arrupeexortou aos sacerdotes: «sede bons! Parece quea maldade se está a apoderar do mundo; Amaledicência e a malevolência ocupam cada vezmaiores espaços e penetram cada vez maisprofundamente».Na Liturgia da Igreja, José de Nazaré é o «servofiel, humilde e silencioso», homem justo eprudente, «patriarca do silêncio e do trabalho».S. José é um facilitador da vida em Cristo.De facto, a liturgia, ao celebrar os mistérios davida do Salvador, sobretudo os do nascimento eda infância, comemora frequentemente a figura eo papel de São José: no tempo do Advento; notempo de Natal, em particular na festa daSagrada Família; na solenidade do dia 19 deMarço; na memória do 1º de Maio. O nome deSão José ocorre no Communicantes do MissalRomano e na Ladainha dos Santos...».Evocando o texto do Génesis: «quando a fomecomeçou a manifestar-se no Egipto, o povoclamou por pão ao Faraó; mas o Faraórespondeu aos egípcios: “ide ter com José;

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fazei o que ele vos disser”» (Gn41,55). «Fazei o que Ele vosdisser», são também as últimaspalavras de Maria no IV Evangelho,às quais podemos chamar detestamento de Maria.No Sinai, ao terceiro dia, o Deusrevelou a sua glória a Moisés. EmCaná, ao terceiro dia Jesus reveloua sua glória, dando o vinho novo.Por outro lado, no Sinai Israelpromete: «quanto o Senhor disse,nós o faremos» (Ex 19,8;24,3.7); emCaná, Maria exorta os servos damesa: «fazei o que Ele vos disser»(Jo 2,5). Há muitos exegetas queligam estas palavras, àquelas queFaraó disse aos egípcios quandolhe pediram pão nos anos decarestia: «ide a José. Fazei o queele vos disser».Os servos das bodas são chamadosdiáconos, os amigos de Jesus. Naverdade, Ele próprio disse nomesmo Evangelho: «vós sereismeus amigos se fizerdes o que vosmando» (Jo 15, 14).É também notável o traço teológicoe espiritual que o Papa emérito fazde José. O anjo a José só apareceem sonho «mas num sonho que é

realidade e revela realidade. Maisuma vez é-nos apresentado umtraço essencial da figura de SãoJosé: a sua perceção do divino e asua capacidade de discernimento».José é «aquele que escuta e écapaz de discernimento, comoaquele que é obediente e ao mesmotempo decidido e criteriosamentepragmático» (Jesus de Nazaré. Ainfância de Jesus, 39.96).O nome José significa Deusacrescenta, provindo do verbo iasàf– acrescentar. Que S. Joséacrescente à Igreja em Portugalmais chamados para seremenviados a acrescentar o Evangelhoda Esperança.Não tenhamos medo de ir a José eser como ele, recebendo Deus nocoração e na inteligência e de Ocomunicar na alegria da fé, daesperança e da caridade. Acima detudo, «não tenhamos medo dabondade e da ternura» (PapaFrancisco).

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Consensos

Paulo RochaAgência Ecclesia

Desejaria que existisse um verbo capaz detransferir ação para a palavra “consenso”. Comoexiste para caminho, por exemplo.Nas circunstâncias atuais, é sempre necessáriodizer “é preciso fazer consensos”, “há consenso”,“estudar a possibilidade de se chegar aconsenso”… Ou a negativa dessas e de muitasmais afirmações hipotéticas.Caso existisse o verbo, os vários atores naconstrução desse desígnio nacional teriam tidomais facilidade, ao longo da última semana, emafirmar opções pessoais e institucionais diantede um desejo que parece existir entre todos masque raramente se atinge porque se declinaquando exige mudança de opinião ou deestratégia.Nos últimos oito dias, pairou essa possibilidadeem Portugal: no fim da Assembleia Plenária daConferência Episcopal Portuguesa, D. JoséPolicarpo referia que “numa crise como a quePortugal atravessa, todos os intervenientesdeviam ser capazes de pôr o interesse dePortugal à frente de tudo”; na Colômbia, opresidente da República recordou que tem vindoa “defender de forma muito forte o consensopolítico entre as forças que estão de algumaforma ligadas ao acordo de assistênciafinanceira”; e o debate mediático manteve essetema por perto.

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Mesmo que não se expresse, sente-se a necessidade de consensos.Todos os cidadãos desejam que opoder de decisão política eeconómica seja exercido apenas eexclusivamente para oferecer omelhor a Portugal e aosportugueses. E terá de ser assim!Por muitas voltas que se possamdar…

Infelizmente, há muitas provas deque, quando não se procura omelhor para a sociedade, cai-secom facilidade no pior. Os atentadosem Boston comprovam-no! Sómesmo quem abunda em ódio e nãoencontra sentido para a vida écapaz de provocar a morte aosoutros!

Nestas semanas, a atenção aosatos e sobretudo às palavras doPapa traz sempre agradáveissurpresas. Anoto algumas: ainiciativa de pensar com outros areforma da Cúria Romana; a críticaàs incoerências dos católicos, naigreja de S. Paulo; a afirmação deque a Igreja não é «baby-sitter»numa das suas homilias na casaonde reside; e, entre muitas outrosmomentos marcantes, o encontrocom o novo embaixador de Portugaljunto da Santa Sé. Foi nessacircunstância que manifestou “totaldisponibilidade” para visitarPortugal, por exemplo noencerramento do centenário dasaparições de Fátima, em 2017.Ficará para essa ocasião ou a visitado Papa a Portugal aconteceráantes?

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Modelo duradouro de paz ainda estápor implementar

Há 50 anos, o Papa João XXIIIpublicou um documento sobre a pazna Terra (Pacem in Terris) ondeconvidava povos e nações aprocurarem caminhos de harmoniana confiança mútua.

Guilherme d’Oliveira Martins,presidente do Centro Nacional deCultura, deixa a sua análise sobreum texto que surpreendeu acomunidade internacional.

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Agência Ecclesia (AE) – Comorecebeu este documento, nadécada de 60, este “folar dePáscoa” como lhe chamou o PapaJoão XXIII?Guilherme d’Oliveira Martins (GOM)– Foi um magnífico folar de Páscoa,que surpreendeu muita gente. Devorecordar que a encíclica Pacem inTerris surge já estavam avançadosos trabalhos sobre o ConcílioVaticano II e havia um grandedebate sobre a necessidade ou nãodo Concílio se pronunciar sobre asrelações entre a Igreja e o mundocontemporâneo.Tinha havido propostas, aspropostas estavam a obter algumasresistências e surpreendentementeo Papa subscreve esta encíclicaque tem uma característicasingularíssima: é a primeiraencíclica papal a ser dirigida aoshomens e mulheres de boa vontade. AE - O que significa isso, qual é oalcance? GOM – As encíclicas papais, desdeLeão XIII, eram dirigidas aoscristãos,

ao interior da Igreja Católica, e JoãoXXIII ao tratar de vários temas, já lávamos porque é preciso justificarpor que razão é que o Concílio ficousurpreendido com esta encíclica,que foi longamente preparada e éum documento notabilíssimo.Devo dizer que é, com a encíclicaCaritas in Veritate de Bento XVI, umdos documentos mais importantesda Doutrina Social da Igreja, ao ladonaturalmente do documento queveio a ser aprovado, a ConstituiçãoPastoral sobre a relação entre aIgreja e o Mundo Contemporâneo,Gaudium et Spes. Porque é que elaé surpreendente, esta encíclica?Porque vem tratar de um dos temasque estava sobre a mesa noConcílio e sobre o qual haviaresistências, o tema da relaçãoligada aos sinais dos tempos.Os sinais dos tempos tinham duasaceções, em primeiro lugar arelação entre Deus e o mundo e,por outro lado, a compreensão daevolução da históriacontemporânea, e era essa queJoão XXIII tinha em mente.

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AE – Não tanto a questão da paz edo desarmamento?GOM – Primeiro a encíclica tem umapreocupação: relacionar os direitose os deveres das pessoas. E depoispropor, em termos muitoaudaciosos, um modelorelativamente à organização dasociedade internacional paraprevenir e realizar a paz.É preciso ver que 1963 ainda é ummomento em que os ecos daGrande Guerra estão bempresentes. Esses ecos obrigavam acompreender que afinal o modelodas Nações Unidas saído da guerraem 1945 começava a ser ummodelo que carecia de reformas.Estamos de pleno na Guerra Fria,na bipolaridade entre duassuperpotências, os Estados Unidose a União Soviética, e o Papaconsidera ser fundamental proporum modelo durável de paz.É muito interessante porque hoje, jáfinalizada desde 1989 a GuerraFria, finalizada essa bipolaridadecom um sistema de polaridadesdifusas, em que não há já duassuperpotências,

hoje este documento é mais atual doque nunca e infelizmente não estárealizado, uma vez que o Papapropõe uma alteração relativamenteao sistema das Nações Unidas demodo a que haja uma gestãopreventiva das condições de paz. AE –Que receção teve a propostadeste critério nos anos 60?GOM – A recetividade dos homens emulheres de boa vontade foipositiva, mas a grande questão e agrande preocupação do Papa - quemorreria poucos meses depois, estaé a ultima encíclica do Papa JoãoXXIII – era, de uma forma durável,lançar o tema e dizer que não épossível realizar a paz se nãohouver de facto trabalho,designadamente no âmbito dodesenvolvimento.Nesse sentido, a PopulorumProgressio que será a encíclicamarcante do Papa Paulo VI, vai daruma sequência natural à Pacem inTerris, dizer afinal que odesenvolvimento é o novo nome dapaz.

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Ou seja, seria indispensávelcontrariar as desigualdades egarantir que a cultura de paz fossebaseada nessa perspetiva deequilíbrio entre os povos massobretudo a compreensão de quedireitos e deveres são faces damesma moeda.Eu ater-me-ia neste pontorapidamente dizendo o seguinte: oPapa, na primeira parte daencíclica, vai-nos demonstrar que

a cada direito corresponde umdever. Aliás, as Nações Unidas maistarde ao comemorarem aDeclaração Universal dos DireitosHumanos vieram fazer esseexercício, fazendo no fundo a outracoisa que é sempre necessáriaquando analisamos um documentode declaração de diretos, que é verjustamente como é que essesdireitos são garantidos.

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AE – Os deveres que implicam…GOM – Às vezes na opinião públicahá uma certa tendência a valorizarmais os direitos do que os deveres,porque os deveres de que muitasvezes se fala são os deveres dossúbditos, não os deveres daspessoas e dos cidadãos.Os deveres de que fala João XXIII,de que falam as Nações Unidas, sãoos deveres dos cidadãos, daí oapelo à participação ativa, o apelo àresponsabilidade. Não há cultura depaz se não houver essaresponsabilidade, essa participação,esse empenhamento.Paz não quer dizer pacifismo, nosentido de baixar as mãos, deindiferença, não! Paz é construirpermanentemente, através dosdireitos e dos deveres, dodesenvolvimento humano, docombate das desigualdades e daexclusão, as condições de melhoriae de salvaguarda da dignidade dapessoa humana. AE – E foi o não assumir essaproximidade ou relação direta entredireitos e deveres que levou àsituação humana, social, politica eeconómica em que estamos hoje?

Paz não quer dizerpacifismo, no sentido debaixar as mãos, deindiferença, não! GOM – A crise económica,financeira e de valores que hojetemos decorre da indiferença e dacegueira perante reflexões tãosérias quantas as do Papa JoãoXXIII. Eu devo dizer que o Papa JoãoXXIII tem um prestígio intelectual emoral extraordinário. Eu conheçopessoas de todos os quadrantes, detodos os horizontes, todas asconfissões religiosas, quereconhecem o papel insubstituíveldo Papa. Permita-me aliás referireste primeiro mês do pontificado doPapa Francisco em que há sinaismuito semelhantes que nósdesejamos que sejamaprofundados, de uma recetividadeextraordinariamente positiva daparte dos mais diferentesquadrantes.

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AE – Foi esta encíclica de JoãoXXIII, Pacem in Terris, que motivouos padres conciliares a assumiremesse ‘Esquema XIII’?GOM – Não tenho dúvidas, ahistória está feita. Aliás, a tese dedoutoramento de D. José da CruzPolicarpo, cardeal-patriarca deLisboa, demonstra-o claramente. Éum estudo sobre os sinais dostempos, onde se dá nota justamentedas resistências iniciais e do factode, a partir desta encíclica, oConcílio não teve outra hipótese senão clara e inequivocamenteaprovar em termosextraordinariamente importantes,essa constituição pastoral. AE – E na linha do que afirmaranesta encíclica João XXIII.

GOM – Completamente, aliás hojeem 2013 diria que a Doutrina Socialda Igreja se tornou mais atual doque nunca, uma vez que ela não éideológica. A última Semana Socialdo Porto, que tive a honra decoordenar, disse muito claramente,que a Doutrina Social é para asvárias famílias políticas, é para asociedade toda. Há três documentosfundamentais à luz dos quais deveser lida a crise contemporânea eencontradas as saídas para acrise: Pacem in Terris, Gaudium etSpes e Caritas in Veritate, que é umdocumento notabilíssimo e que temparalelismos com a Pacem in Terris,uma vez que também foi dirigido atodos os homens e mulheres de boavontade.

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AE – A segunda parte dodocumento fala na relação entreseres humanos e poderes públicos,nas comunidades políticas, e aquiintroduz a noção do bem comum.Permanece aí com muita atualidadee é a novidade que traz odocumento?GOM – Muita atualidade. Devo dizerque aquilo que encontrámos nosmercados financeiros nas últimasdécadas foi exatamente a surdezrelativamente a esse conceito debem comum. Assumiu-se a ideia deque o que importava era viver o diaimediato e obter o maior ganhopossível, mesmo que isso fosse àcusta da dignidade humana.Aconteceu algo que felizmente hojehá sinais de que está a deixar deacontecer, o continente africano nãocresceu durante 20 anos. Foi oúnico continente do mundo, numalógica de globalização, que não tevecrescimento e houve sinaisextraordinariamente preocupantesde exclusão, desubdesenvolvimento, dedesigualdade.Devo dizer que lemos a PopulorumProgressio, onde há pistasextraordinariamente importantespara contrariar as desigualdades,

e no entanto 20, 30 anos depois,tivemos mais desigualdade. AE – Permanece por isso atual esteconceito de solidariedade dinâmicaentre povos e comunidadespolíticas?GOM – Mais atual do que nunca esobretudo há a tomada deconsciência de que a crisefinanceira que hoje vivemos nãopode ser respondida através dosegoísmos nacionais, de uma lógicade curto prazo, obriga a entender-seque questões tão importantesquanto a proteção do meio ambientede que fala Bento XVI.Devo dizer que quer na Pacem inTerris quer na Gaudium et Spes,esse tema não estava na alturatanto em cima da mesa, hoje estámuito mais pelo que conhecemos,pelos desastres ambientais quetivemos, pelas ameaças queexistem. ... aquilo que encontrámosnos mercados financeirosnas últimas décadas foiexatamente a surdezrelativamente a esseconceito de bem comum.

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Hoje temos de dar as mãos uma vezque falar da superação da crise éfalar da criação de condições para apaz. Veja-se o caso do Chipre, veja-se o caso do Mediterrâneo oriental,hoje a crise financeira se não forultrapassada com medidas dejustiça, levará à ameaça à paz. AE – Já na quarta parte destedocumento, fala-se diretamentesobre as Nações Unidas, na suaopinião, a partir desta encíclica edas décadas que se seguiram àpublicação

desta encíclica, que reformas énecessário fazer para que asNações Unidas possam ser de factouma entidade reguladora da paz.GOM – É um tema muito difícil umavez que as Nações Unidas hojeestão construídas à imagem esemelhança do fim da SegundaGuerra Mundial. Já tivemos muitosacontecimentos depois,designadamente o sistema doConselho de Segurança é umsistema defeituoso.

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AE – Pelo poder de veto de algunspaíses?GOM – O mal não está no direito deveto, o direito de veto cria situaçõesde equilíbrio, não estou contrário àideia de haver situações de veto poruma razão simples: não estou adizer que o veto seja positivo, oindispensável é haver uma buscaefetiva de soluções que sejaaceites, este ponto éparticularmente importante.Considero mais grave o facto denão haver a representação doBrasil, da Índia, e por exemplo aUnião Europeia não ter umarepresentação adequada nasNações Unidas.Não podemos regressar ao sistemada Sociedade das Nações, umsistema precário que não funcionou.O sistema das Nações Unidas nãoestá a funcionar bem, precisa de seraperfeiçoado. Eu devo dizer que aspistas que João XXIII lançou são aspistas corretas. AE – No sentido da reforma? GOM – Temos que regressar àPacem in Terris e centrar naspreocupações da Pacem in Terris

O sistema das NaçõesUnidas não está afuncionar bem, precisa deser aperfeiçoado. Eu devodizer que as pistas queJoão XXIII lançou são aspistas corretas. a ideia de reforma da Organizaçãodas Nações Unidas.AE - E orientar-se por queprincípios?GOM – Certamente e sobretudo,considerando aquilo que porexemplo a Organização das NaçõesUnidas para a Educação, Ciência eCultura propõe, a partir do diretor-geral Frederico Maior, que éjustamente uma ideia de cultura dapaz.Essa ideia envolve uma cidadaniauniversal que João XXIIIprofeticamente nos propõe, éextraordinariamente importanteolhar para esta lição do beato JoãoXXIII, que é justamente umareferência universal e cada vez maisatual.

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"A 11 de abril de 1963, o Papa JoãoXXIII publicava a sua Carta encíclica«Pacem in terris» sobre a paz nacomunidade internacional. Foi umgesto profético que teve grandeaceitação, realizado pelo Papa queconvocou o Concílio Vaticano II, omaior acontecimento eclesial doséculo XX.

Mais do que olharmos para opassado, esta efeméride é ocasiãopara apelar à urgência da paz nosconflitos e guerras em diversospaíses do mundo e para recordar aimportância do conhecimento eprática da doutrina social da Igreja". Conferência Episcopal Portuguesa

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A Encíclica-Testamento

P. Roque Cabral SJ

«Eco humilde do testamento de Cristo», chamou JoãoXXIII à Pacem in Terris. A sua morte, dois meses maistarde (03.06.), fez da encíclica como que o seutestamento, dirigido «a todas as pessoas de boavontade». Diferentemente dos escritos congéneres,em vez de partir das relações entre os estados, JoãoXXIII parte da consideração das pessoas. Pouco falada guerra, e sempre de um modo positivo. Sublinha,como particularmente importante, o caráter global dapaz.A enumeração que faz dos direitos humanos[1] é amais completa até hoje proposta por qualquer papa.«É absolutamente indispensável que se constitua umavasta rede de agremiações ou organismos intermediários. Semelhantes agremiações e organismos sãoelementos muito necessários para salvaguardar adignidade e a liberdade da pessoa humana, sem lhecomprometer o sentido de responsabilidade» e“tornam mais orgânica e fecunda a vida social»[2].A maior «novidade» (relativa, aliás), e até «revolucionária», de toda a PT foi provavelmente a relativa àcolaboração com os não-católicos. Novidadesobretudo na fundamentação apresentada. Elaconsiste, em distinguir teorias de movimentoshistóricos: «cumpre não identificar falsas ideiasfilosóficas (...) com movimentos históricos de finalidadeeconómica, social, cultural ou política, embora taismovimentos encontrem nessas

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ideias filosóficas a sua origem. Adoutrina, uma vez formulada, éaquilo que é; mas um movimento,mergulhado como está em situaçõeshistóricas em contínuo devir, nãopode deixar de lhes sofrer o influxoe, portanto, é suscetível dealterações profundas. Aliás, quemousará negar que nesses movimentos, na medida em queconcordam com as normas da retarazão e interpretam as justasaspirações humanas, não possahaver elementos positivos dignos de

aprovação?». Conclusão prática :«pode, por conseguinte, acontecerque encontros de ordem prática[3],considerados até agora inúteis paraambos os lados, sejam hoje, oupossam vir a ser amanhã,verdadeiramente frutuosos”.A referência, no final de cada umadas partes, a factos em que JoãoXXIII “lia” uma confirmação egarantia de efetivação da doutrinaexposta na PT[4] está na origem daexpressão Sinais dos Tempos, quefez fortuna.

[1] Com referência explícita aos deveres.[2] A repetida referência aos corpos intermédios chamou a atenção, sobretudo depois decertas conclusões tiradas por alguns da comparação entre a Quadragessimo Anno e aMater et Magistra.[3] No original: congressiones de rerum usu. A passagem parece referir-se aossocialistas e não aos comunistas. Estes, se forem ortodoxos, nunca admitirão adistinção entre o movimento operário e o Parido Comunista: cf. Gilbert Murray, FranceNouvelle 17.04.1963.[4] Promoção das classes trabalhadoras, entrada da mulher na vida pública, acessos àindependência, sentido de igualdade de todos os homens

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50 anos da Pacem in Terris

O arrojo da paz positiva

José Manuel Pureza

Em 11 de abril de 1963, em pleno ConcílioVaticano II, o bom Papa João XXIII tornou públicaa Pacem in Terris, dirigindo-a não apenas “aoclero e aos fiéis de todo o mundo católico” –como havia sido feito até então pelos seuspredecessores – mas também “a todos oshomens de boa vontade”.Arrojada na forma, foi uma encíclica arrojadasobretudo no conteúdo. A Pacem in Terris foi umtexto precursor na fixação do conceito de pazpositiva no coração da Doutrina Social da Igreja.Toda a estrutura da encíclica é uma exposiçãodessa noção de paz positiva, ou seja, da noçãode que a paz não é “uma coisa de Estados” e émuito mais que o silêncio das armas.Antecipando o que haveria de ser o caminho dapeace research desenvolvida em universidades ecentros de investigação, João XXIII rompe com asescalas únicas até então consideradas para falarde paz e fá-la atravessar a relação entreindivíduos e comunidades políticas, a relaçãodas comunidades políticas entre si e a relaçãoentre as comunidades políticas singulares e acomunidade mundial. Por outro lado, assumecomo requisitos indeclináveis da paz o respeitopelos direitos humanos – incluindo quer direitoscivis e políticos quer direitos económicos, sociaise culturais, numa lógica de indivisibilidade – e aassunção do bem comum

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como critério da boa ação política:“a realização do bem comumconstitui a própria razão de ser dospoderes públicos, que seencontram, portanto, obrigados apromove-lo, reconhecendo a suanatureza e tendo em conta asrespetivas situações históricas” (nº54). Essa atenção à Históriaconcreta traduziu-a a Pacem inTerris na identificação dos ”sinaisdos tempos”: à época, o avançosocial e económico das classestrabalhadoras, o ingresso da mulherna vida pública e a emancipaçãodos povos do jugo colonial (nº 40,41 e 42). Uma construção assimambiciosa da paz abriu a doutrinada Igreja para a complexidade deproblemas como os dos direitos dasminorias, da proteção dosrefugiados ou da corrida aosarmamentos.Arrojada na forma e na análise, aPacem in Terris foi enfim arrojada nocaderno de encargos deixado aoscristãos: “exortamos os Nossosfilhos a que participem ativamentena administração pública ecooperem no fomento daprosperidade de todo o génerohumano” (nº 146); sendo que, paraisso, “não basta que estes

nossos filhos gozem da luz celestialda fé e que se movam pelo desejode fazer o bem, é necessário queentrem nas instituições da vida civile possam desenvolver dentro delasa sua ação eficaz” (nº 147).Cinquenta anos volvidos, estas trêsexpressões de arrojo da Pacem inTerris mantêm uma plenaatualidade. Elas são exatamenteaquilo que um mundo em busca deuma paz densa espera da Igrejaainda hoje.

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A verdade sobre o homem

Estão a cumprir-se 50 anos sobre apublicação da encíclica Pacem interris, do Papa João XXIII. Oaniversário deve proporcionar umareflexão sobre um documento vindoa lume meses depois da crise dosmísseis em Cuba, em plena guerrafria.Considerada por muitos como umdos mais completos tratados demoral política saídos da doutrinasocial da Igreja, a Pacem in terristeve a visão profética de um mundoa globalizar-se. João XXIII escreveu,por isso, que nenhum país pode,apenas por si mesmo, proteger apaz ou evitar a guerra, tal ainterdependência entre todos.Consequentemente, ousou proporuma organização capaz de definir obem comum universal – semesquecer

que as mudanças individuaispotenciam as transformaçõescoletivas.Cinquenta anos depois, o mundoestá de facto globalizado.Entretanto, a crise económica e osconflitos que por estes dias sedesenham mostram a urgência denão se perder de vista a verdadesobre o homem; e de continuar aafirmar o bem comum como alicerceda vida social.Os 50 anos da Pacem in terriscoincidem com os 76 anos da RádioRenascença, emissora católicaportuguesa: uma rádio da Igrejaque, como a Igreja, faz do serviçoaos homens e mulheres destetempo o seu caminho.

Rádio Renascença

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Paz na Terra A paz na terra, anseio profundo detodos os homens de todos ostempos, não se pode estabelecernem consolidar senão no plenorespeito da ordem instituída porDeus. O progresso da ciência e asinvenções da técnica evidenciamque reina uma ordem maravilhosanos seres vivos e nas forças danatureza. Testemunham outrossim adignidade do homem capaz dedesvendar essa ordem e deproduzir os meios adequados paradominar essas forças, canalizando-as em seu proveito. Mas o avanço da ciência e osinventos da técnica demonstram,antes de tudo, a infinita grandeza deDeus, criador do universo e dohomem. Foi ele quem tirou do nadao universo, infundindo-lhe ostesouros de sua sabedoria ebondade. Por isso, o salmistaenaltece a Deus com estaspalavras: "Senhor, Senhor, quãoadmirável é o teu nome em toda aterra" (Sl 8, 1). "Quão numerosassão as tuas obras, Senhor! Fizestecom

sabedoria todas as coisas" (Sl 103,24). Foi igualmente Deus quemcriou o homem à sua imagem esemelhança (cf. Gn 1, 26), dotadode inteligência e liberdade, e oconstituiu senhor do universo, comoexclama ainda o Salmista: "Tu ofizeste pouco menos do que umdeus, coroando-o de glória e beleza.Para que domine as obras de tuasmãos sob seus pés tudo colocaste"(Sl 8,5-6). Contrasta clamorosamente comessa perfeita ordem universal adesordem que reina entre indivíduose povos, como se as suas mútuasrelações não pudessem serreguladas senão pela força.

João XXIII, introdução da encíclicaPacem in terris, 11.04.1963

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«Pacem in terris»:Igreja volta a optar pelos pobres

A deputada Maria de Belém Roseira afirmou que aencíclica Pacem in Terris consagra a “opção da Igrejapelos pobres”, discurso retomado pelo Papa Francisconum momento de “igual desigualdade, desemprego eincapacidade de sustento”.O texto escrito por João XXIII descodifica e nega odiscurso assente “numa visão da solidariedade comocaridade e não numa visão da solidariedade comodireitos para além da caridade”, sustenta a presidenteda mesa da Assembleia Geral da União dasMisericórdias Portuguesas numa conferência sobre os50 anos da encíclica.“A caridade sendo uma virtude para os cristãos é umato individual e os direitos pressupõem umaorganização coletiva e política da cidade” para“garantir que a solidariedade se faz não através daarbitrariedade mas do respeito”, sendo que adiferença entre a caridade e os direitos situa-se no“agradecimento da caridade” e na “exigência dosdireitos”.Esta é para Maria de Belém Roseira a “diferença entrea relação de subserviência e a relação de igualdade”.Para a deputada, os documentos que são “marcas” eque revolucionam “a Igreja e o mundo em geral”, comoé o caso da encíclica escrita em 1963, sãonormalmente alvo de análise no momento do impactomas posteriormente votados ao esquecimento; anosmais tarde revela-se a sua atualidade quandoaproximam a população “de tragédias tão semelhantesque deram origem à sua elaboração”. “Vivemos estaépoca”.

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O texto de João XXIII “dirigido atodos os homens de boa vontade”quis, “contrariando o que muitasvezes é o discurso da Igreja assentena Ressurreição que ninguém vê”,dar visibilidade aos “evangelhosnaquilo que eles trazem deensinamentos práticos para a vidade todos os dias”, propondo“orientações dadas de igual forma ahomens e mulheres” para ainserção na vida pública.A deputada assinala que a Pacem inTerris é a primeira das encíclicasque “sufraga e incorpora” osDireitos Humanos na Doutrina Socialda Igreja (DSI).“A encíclica integra na DSI osDireitos Humanos entendidos comodons da criação, não podem serofendidos pois são inerentes àdignidade da pessoa

humana” coincidindo nos seus cincopontos principais com os temas daDeclaração Universal dos DireitosHumanos (1948).Maria de Belém Roseira sublinha areflexão feita por João XXIII sobre asrelações entre comunidadespolíticas e a diplomacia como ocaminho para a resolução deconflitos. “A confiança mútua”refere, assente na “verdade comofundamento” para que exista uma“paz duradoura e não haja guerra” éum “marco” proposto pela Igrejaque, mais tarde “a legitima e lhe dáforça para, por exemplo, se opor àguerra do Iraque” (2003).A intervenção de Maria de BelémRoseira vai estar em destaque noprograma de domingo da Ecclesiana Antena 1, dedicado à Pacem inTerris.

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Pacem in Terris: 50 anos

Assinalam-se os 50 anos da publicação daEncíclica ‘Pacem in Terris’. Exercício de memória,obrigatório para salvaguarda do passado, éobrigatório mas que o presente seja efetivamente“dádiva” da oportunidade vivida e o futurocaminho que se quer trilhar na senda datransformação. Celebrar 50 anos de “Pacem inTerris” é lembrar o muito que já caminhámosenquanto Igreja e enquanto homens e mulheresempenhados em ser contributo para o MundoNovo.Deste texto, escrito a 11 de abril de 1963, porJoão XXIII, evidenciam-se três linhas de reflexão:a afirmação dos Direitos Humanos e aconjugação entre direitos e deveres; asolidariedade entre todos os povos, criando-seinclusive uma autoridade mundial para este efeito(ONU); compromisso dos cristãos para com asquestões “terrestres”.A partir destes três pontos de leitura, que nãoesgotam a importância do documento no seutodos, percebemos que este foi um marco nahistória da humanidade e também na história daIgreja, como instituição, e na vivência pessoaldos cristãos.“Quando as relações de convivência se colocamem termos de direito e dever, os homens abrem-se ao mundo dos valores culturais e espirituais,quais os de verdade, justiça, caridade, liberdade,tornando-se cientes de pertencerem àquelemundo.” (Pacem in Terris,39).

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O momento que vivemos dá-nos aoportunidade de olhar para estetexto e a partir dele fazer a“refundação” daquilo que é hoje asociedade, a política e económica e,também, a própria Igreja. O PapaFrancisco colocou-nos, ele próprio,nesse caminho de renovação deidentidade. Hoje, como há cinquentaanos, levantam-se aos países e aospovos questões graves de cisão ede conflito. São questões de âmbitopolítico mas também de origemeconómica, financeira e de justiça.Hoje, como há 50 anos, continuam aexistir povos sem acesso aosdireitos básicos e, em muitos casos,aos direitos políticos. Também aprópria ONU deverá fazer aavaliação da sua

missão à luz daquilo que foi escritohá 50 anos. Continua a haver sinaisde predomínio de um sistema queprivilegia a riqueza e os próprioscristãos deverão ser capazes deagarrar este momento social, maisaté do que político e económico-financeiro, para verdadeiramente seenvolver nas questões sociais masde uma forma que deverá ser deestreita colaboração, cooperação earticulação.Formulamos votos para que, aoassinalar este aniversário e vivendoo mundo e a Igreja um período tãoforte de “recomeço”, se retomem asorientações que emanam destaEncíclica que mudou o pensamentoda Igreja e a sua forma de estar nomundo na leitura dos “sinais dotempo”.

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Festa nos 250 anos dos Clérigos

O Porto vai assinalar entre sábado e domingo os 250anos da Torre dos Clérigos, um dos ex-libris da cidade,com um programa de concertos de carrilhão eatuações musicais «non stop» (sem parar).A iniciativa, promovida pela Irmandade dos Clérigos,inclui espetáculos de música barroca econtemporânea à construção do edifício, do séculoXVIII, na igreja dos Clérigos, por parte dos alunos daEscola Superior de Música do Porto.Depois a inauguração das obras de conservação erestauro da capela de Nossa Senhora da Lapa, aigreja dos Clérigos tem obras “de intervenção erestauro das caixilharias e ferragens dos janelões dafrontaria”, disse à Agência ECCLESIA o padre AméricoAguiar, juiz da Irmandade dos Clérigos.A Irmandade dos Clérigos aguarda também “aaprovação do projeto de requalificação total doedifício” por parte da Comissão de Coordenação eDesenvolvimento Regional do Norte, mas existe “aesperança que se possa concretizar o projeto”.O sacerdote revelou que na terça-feira vai decorrer orelançamento do livro ‘Uma aventura no Porto’, deIsabel Alçada e de Ana Maria Magalhães, que terá umcapítulo novo relacionado com os 250 anos dosClérigos, com “a presença de alunos das escolas ecolégios da cidade”.Aquele que foi “durante muitos anos o ponto maiselevado do Porto” é para Germano Silva, historiadorda cidade, “uma varanda virada para o Rio Douro”.A Torre dos Clérigos chegou a ser aproveitada como“marca para os navios que vinham do alto mar”,salientou.

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O monumento, projetado peloarquiteto italiano Nicolau Nasoni(1691-1773), começou a serconstruído em 1732 e ficouconcluído em 1763; tem 76 metrosde altura que podem ser subidospelos visitantes através de umaescada em espiral com240 degraus, num edifício que já foio mais alto de Portugal.O edifício é um monumento nacionaldesde 1910 e está inserido na zonaclassificada como Património daHumanidade.

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O G8 de FranciscoO Papa nomeou um grupo de oitocardeais dos cinco continentes parao aconselharem, revelou o Vaticano."O Santo Padre Francisco,retomando uma sugestão surgidano decurso das CongregaçõesGerais [reuniões com membros doColégio Cardinalício] queprecederam o Conclave, constituiuum grupo de cardeais para oaconselharem no governo da Igrejauniversal e para estudar um projetode revisão da ConstituiçãoApostólica 'Pastor bonus' sobre aCúria Romana", lê-se nocomunicado.O grupo, coordenado por D. OscarAndrés Rodríguez Maradiaga,arcebispo de Tegucigalpa,Honduras, e presidente da CáritasInternacional, inclui D. GiuseppeBertello, presidente doGovernatorato do Estado da Cidadedo Vaticano, D. Francisco JavierErrázuriz Ossa, arcebispo eméritode Santiago do Chile, e D. OswaldGracias, arcebispo de Bombaím, naÍndia.D. Reinhard Marx, arcebispo deMunique e Freising (Alemanha), D.Laurent Monsengwo Pasinya,

arcebispo de Kinshasa, naRepública Democrática do Congo,D. Sean Patrick O’Malley, arcebispode Boston, nos EUA, e D. GeorgePell arcebispo de Sidney, naAustrália, completam o elenco doconselho que terá como secretárioD. Marcello Semeraro, bispo dadiocese italiana de Albano.A primeira reunião está marcadapara os dias 1 a 3 de outubro de2013, revela a nota, acrescentandoque o Papa está desde já emcontacto com os preladosnomeados.A Constituição Apostólica 'Pastorbonus' (O bom pastor) foi publicadapelo Papa João Paulo II (1920-2005)a 28 de junho de 1988.O texto define a identidade efunções da Secretaria de Estado doVaticano, congregações, tribunais, econselhos pontifícios, além dasinstituições ligadas à Santa Sé eoutros organismos da Cúria.O porta-voz do Vaticano, padreFederico Lombardi, emitiu uma notaexplicativa na qual sublinha que aescolha do mês de outubro para a

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primeira reunião do grupo visa queo “próprio Papa possa conhecerbem a realidade do Vaticano, osseus problemas, como está a fazeratravés de audiências com osresponsáveis dos dicastérios”.“Naturalmente, o trabalho e a vidada Cúria continuam com total

regularidade e intensidade”,acrescentou, recordando a visita doPapa à Secretaria de Estado, naqual manifestou “a sua gratidão eproximidade” a todos oscolaboradores.

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Venezuela: Conferência Episcopalapoia recontagem de votosA presidência da ConferênciaEpiscopal da Venezuela (CEV)manifestou o seu apoio a umarecontagem de todos os votos daseleições presidenciais do últimodomingo, oficialmente ganhas porNicolás Maduro, para devolver a“paz social”. “A oposição solicitouao Conselho Nacional Eleitoral(CNE) uma auditoria de cem porcento dos votos”, recordam osbispos, para quem o pedido não“desmerece o labor” do CNE, antes“reforçaria a sua autoridade morale daria tranquilidade à população”.As eleições presidenciais dedomingo deram a vitória a Maduro,com 50,75% dos votos, seguidopelo líder da oposição, HenriqueCapriles, com 48,98%, segundodados do CNE.A diferença inferior a dois pontospercentuais levou Capriles a exigiruma recontagem voto a voto quetem sido recusada até agora pelasautoridades.

Os bispos recordam que o pedido daoposição foi aceite publicamente,num primeiro momento, pelopresidente eleito, e sublinham que a“margem muito estreita de diferençade votos” mantém a “agudapolarização política que afeta asociedade venezuelana”.O organismo episcopal lança umapelo à “convivência pacífica e àreconciliação”, oferecendo-se para“facilitar” o diálogo entre líderespolíticos.

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Bento XVI celebrou 86.º aniversárioO Papa emérito Bento XVIcompletou 86 anos de idade no dia16 de abril, data assinalada noVaticano pelo seu sucessor,Francisco. “Ofereçamos a missa porele (Bento XVI), para que o Senhoresteja com ele, o conforte e lhe dêmuita consolação”, declarou o novoPapa, na homilia da celebração aque presidiu na capela da Casa deSanta Marta.O Papa Francisco telefonou depoisao seu antecessor, para lhe desejaros parabéns, revelou o Vaticano.Joseph Ratzinger, Papa emérito,encontra-se na residência pontifíciade Castel Gandolfo, a cerca de 30quilómetros do Vaticano, desde ofinal do seu pontificado, a 28 defevereiro.O Papa Francisco falou tambémcom o

irmão mais velho de Bento XVI,monsenhor Georg Ratzinger, que seencontra há “alguns dias” no paláciodos arredores da capital italiana.Segundo o Vaticano, o Papa eméritoquis festejar o aniversário de forma“familiar e fraterna”.Joseph Ratzinger nasceu em Marktlam Inn (Alemanha), no dia 16 deabril de 1927, e passou a suainfância e adolescência emTraunstein, uma pequena localidadeperto da Áustria.No dia 19 de abril de 2005 foi eleitocomo o 265.º Papa, sucedendo aJoão Paulo II; a 11 de fevereiro de2013, Dia Mundial do Doente ememória litúrgica de Nossa Senhorade Lourdes, anunciou a renúncia aopontificado.

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Professor Lazhar

Numa escola do Quebeque,Canadá, uma turma de alunosperde a professora quando esta sesuicida. Para a substituir,apresenta-se à direção o Sr. Lazhar,um professor afável com quasevinte anos de experiência, deorigem argelina, a quem a diretorainforma do sucedido e danecessidade de uma atençãoespecial aos meninos que lidam comuma perda irreparável.Aceite, o professor enceta a suarelação com a turma de formasimpática e assertiva, enfrentando adistância, a desconfiança e acuriosidade dos alunos. Aos poucos,ajudando-os a ultrapassar a perdasofrida, quer pela sua atitude querpelos conteúdos que escolhe paralecionar – e que incluem a literatura,a distância entre Lazhard e ascrianças vai-se dissipando. Lazhar,refugiado por motivos políticos, queperdeu a sua família na Argélia eteme pela sua situação de cidadãocanadiano de pleno direito, conhecebem o sentimento dos alunos...

Nomeado para o Oscar de MelhorFilme Estrangeiro em 2011 (que‘perdeu’ em favor do belíssimo ‘UmaSeparação’, de Asghar Farhadi) egalardoado com o Prémio SIGNIS(Asssociação Católica Mundial paraa Comunicação) no FestivalInternacional de Cinema de HongKong 2012, ‘Professor Lazhar’ é aprimeira estreia da recém-criadadistribuidora Vendetta Filmes. Alémda boa

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notícia que é a entrada de mais umagente no mercado audiovisualnacional, contando com uma equipajovem apostada no valor do cinema,é a qualidade da obra escolhidapara encetar atividade e a opçãopor um produto ‘diferenciado’ nummercado que não vive os seusmelhores dias, que constituem a suamaior surpresa e mais-valia.Primeira obra do realizador eargumentista canadiano PhilippeFalardeau, o filme promete, desde asequência de abertura, um olharatento e sensível na forma como revela a essência de uma escola:com o cuidado de, simultaneamentea

abranger como comunidade,observando o movimento coletivopróprio de um tempo de recreio e,atender à individualidade dos alunosque a povoam, focando uma ououtra dinâmica de relação quefacilmente se perderia se não fosseesse olhar atento da camara.E o que promete cumpre. ‘ProfessorLazhar’ aprofunda de forma simples,tocante e escorreita o tema damorte e a gestão do sentimento deperda e incompreensão, tratando-sedas mortes e perdas que são (pormotivos políticos e por suicídio),bem enquadrado no quotidiano deuma escola e muito adequado aouniverso da infância: sem ceder aexcessos dramáticos na abordagem,nem em forma nem em conteúdo;com umbelíssimo trabalho demontagem que não desperdiça nemutiliza nada que não seja essencialao ritmo, entendimento eenvolvência da história; fazendoprevalecer na história e naspersonagens, a capacidade deresiliência, a qualidade da relaçãoentre professor e alunos e ocontributo de ambas para que uns eoutros recuperem a esperança e umsentido para a vida.

Margarida Ataíde

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Semana das Vocações online

Em cada ano na terceira semana da Páscoa,celebramos a semana nacional das vocações, esteano sob o tema “As vocações, sinal de esperançafundada na fé”. Tendo em conta a temática em causa,optamos por realizar uma pesquisa num motor debusca pela palavra «vocações». Após uma breveanálise dos resultados obtidos, apresentamos nesteespaço aqueles sítios que nos pareceram mais bemconseguidos.O nosso primeiro olhar vai para o blogue do sector deanimação vocacional do Patriarcado de Lisboa(http://vocacoesxpto.blogspot.pt/), que claramente sedestaca pela fantástica capacidade de se posicionarem primeiro através da pesquisa realizada no Google.Apesar de não ser um espaço com grande cuidado emtermos de apresentação gráfica, prima essencialmentepor congregar um conjunto de propostas (ligações)que claramente estão relacionadas com a pastoralvocacional.De seguida, “viramos a página” e passamos para oespaço virtual dedicado às vocações dos jesuítasportugueses (http://www.jesuitas.pt/vocacoes).

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Aqui podemos encontrar “ algunstraços que definem o seu "modo deproceder", uma descrição breve daslinhas e das etapas de formação,algumas dicas importantes sobre oque é o "discernimento vocacional",e ainda as histórias de vida devários jesuítas do presente”. Umsítio bastante rico ao nível dosconteúdos que disponibiliza.Posteriormente passamos para osítio das vocações dos irmãosCarmelitas(http://vocacoes.carmelitas.pt), umespaço virtual eminentementeinformativo e com bastantesconteúdos disponíveis.A diocese de Viseu também possuium sítio nos patamares cimeiros aonível da pastoral vocacional, que seencontra disponível emhttp://vocacoes.diocesedeviseu.pt .Aí podemos encontrar um espaçocom bastantes recursos,nomeadamente com os materiaisdisponíveis para a

vivência da 50ª semana nacionaldas vocações e ainda com outrasinformações todas elas dedicadasàs questões vocacionais.Por último sugerimos um sítio muitobem conseguido daresponsabilidade do secretariadodiocesano da pastoral das vocações(SDPV) da diocese de Coimbra. Aodigitarmos o endereçohttp://www.comvocacao.net/ somospresenteados com um espaço virtualriquíssimo, quer ao nível do designbem como dos recursosinteiramente direcionados para atemática vocacional.Fica aqui a sugestão, seja comoforma de aprofundar e descobrir osentido vocacional ou como formade preparar momentos relacionadascom as vocações, estes sãoespaços que merecem ser visitados.

Fernando Cassola Marques

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Obras do Papa nas livrariasportuguesasO livro ‘O verdadeiro poder é servir ’,que recolhe textos do atual Papaquando era arcebispo de BuenosAires, na Argentina, chega hoje aPortugal pela mão das EdiçõesNascente. “Este é o primeiro livroescrito por Sua Santidade o PapaFrancisco que é publicado emPortugal, e a melhor fonte paraconhecer a mensagem e osprincípios que orientarão o seupontificado”, refere a editora, emnota enviada à Agência ECCLESIA.O prefácio da obra, assinado pelosacerdote e jornalista António Rego,sublinha que o livro “expõe escritosinéditos que parecem profecias doPapa Francisco, na transparênciade alma que acompanha todos ospercursos pastorais, sendo aomesmo tempo, como ele pede aoscatequistas, alguém que ensina etestemunha, nunca separando estedois elementos na comunicação dafé”.O padre açoriano, antigo diretor doSecretariado Nacional dasComunicações Sociais da Igreja,fala do sucessor de Bento XVI comoum “homem invulgar”.

Nesse sentido, a obra hoje lançadaé vista como “um manual do pastorde alma lavada, com o Evangelho eo Homem na mesma balança com oponto de equilíbrio na estonteantemisericórdia de Deus”.“É disso que se não tem cansado defalar o Papa Francisco”,complementa o cónego AntónioRego.O volume está dividido em oitocapítulos que mostram «opensamento e os ensinamentos deJorge Bergoglio”, como explicaGustavo Larrazábal, diretor daClaretiana, editora argentina quepublicou originalmente a obra, em2007.

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O cardeal Jorge Mario Bergoglio,hoje Papa Francisco, defendeu anecessidade de uma “cultura dotrabalho” para superar asconsequências da crise económica,sustentando que a “dádiva” éinsuficiente. “É muito importante queos governos dos diferentes países,através dos ministérioscompetentes, fomentem uma culturado trabalho e não da dádiva”,declarou, num livro-entrevista agoradisponível em Portugal, com ediçãodas Paulinas.O então arcebispo de Buenos Aires,eleito sucessor de Bento XVI a 13de março, evocava a crise que osargentinos viveram no início desteséculo e admitia que há momentosem que é necessário “recorrer àdádiva para sair da emergência”.

“Mas depois é preciso ir fomentandofontes de trabalho porque, não mecanso de o repetir, o trabalhooferece dignidade”, disse JorgeBergoglio aos jornalistas SergioRubin e Francesca Ambrogetti, comquem conversou ao longo de maisde dois anos sobre vários temas.‘Papa Francisco. Conversas comJorge Bergoglio’ aborda questõesrelacionadas com as origens,crescimento e vocação do primeiropontífice do continente americanona história da Igreja Católica.O Papa explica, por exemplo,porque é que sabe cozinhar e comoa sua mãe mostrou resistência àdecisão de entrar para o semináriopor achar que “tudo tinhaacontecido demasiado depressa”.

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João XXIII alerta os jovensportuguesespara “os graves perigos” dahumanidade

O Papa que convocou e presidiu à primeira sessão doII Concílio do Vaticano (outubro a dezembro de 1962)escreveu uma mensagem aos jovens portuguesesonde os alerta para os “graves perigos” dos homens,a ponto de esquecerem “a sua origem e o seu fim”.A mensagem lida no dia 21 de abril de 1963, no antigoEstádio José Alvalade (Lisboa), no grande encontro dajuventude que reuniu mais de 50 mil jovens católicos,referia também que existia um sentimento de alegria“pelo interesse” dos jovens “aprofundar o estudo dadoutrina social da Igreja” e pela solicitude em fazê-la“penetrar, como fermento vivificante, nas estruturas dasociedade”.Na celebração do encontro de jovens, presidida pelocardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel GonçalvesCerejeira, o prelado afirma que “juventude queescolhe Deus é promessa de ideal heroico nafidelidade à verdade, ao bem, à justiça, ao amor”(Revista «Estudos», órgão do C.A.D.C, maio 1963, Nº417).O cardeal Cerejeira revelou também aos milhares dejovens que a Igreja e Portugal reviam-se na juventude“com orgulho” porque ambos [Portugal e a Igreja] aformaram, “um na sua ascendência histórica, outra nasua alma”. E acrescenta: “Ao contemplar estajuventude nova, os dois repetem: como é bela”.

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Quando o episcopado portuguêsconvocou os jovens para oencontro, convidando-os “àaventura heroica” da construçãodum Portugal “mais rico, maishumano, mais cristão”, a juventuderespondeu afirmativamente o quelevou D. Manuel GonçalvesCerejeira a declarar: “E vós, ó novaAla dos Namorados, puseste-vos emmarcha, enchendo todos oscaminhos de Portugal, para virresponder… os novos escolhemDeus”.No encontro magno da juventudeportuguesa, o cardeal patriarcapediu também aos jovens parabendizerem a ciência que “repensao pensamento de Deus, tudo o quefoi criado é imagem do Verbo”. Se omundo “fosse absurdo, obra doacaso cego e arbitrário, seminteligência criadora e ordenadora,como poderia a própria ciênciaexistir?”, questionou e acrescentoude seguida: “a ciência, aindaquando não afirma Deus, supõe-no”.Ao fazer referência ao pensamentomoderno que se foi “afastandoprogressivamente de Deus”, desde

“Kant a Karl Marx, acabando noniilismo intelectual e moral domaterialismo”, o bispo de Lisboarealça: “o ateísmo nega Deus, masigualmente a pessoa humana”.Em relação ao mundo do trabalho, oprelado português disse aos jovensque “não vos bastará ser cristãosfervorosos; será preciso que sejaistambém cientificamentecompetentes, tecnicamente capazese profissionalmente peritos”.A “maior parte” da juventude de“todos os países do mundo” procura“em Deus luz de orientação,segurança de doutrina, paz deconsciência, justiça e caridadedifundidas em qualquer ordem esetor da convivência humana”,escreveu o Papa que convocou o IIConcílio do Vaticano aos jovensportugueses. Por sua vez, D.Manuel Gonçalves Cerejeira, umdos padres conciliares, disse àjuventude, presente no antigoEstádio de Alvalade, que esta, aoescolher Deus, “salva ao mesmotempo, a razão, a esperança e aliberdade”.

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abril 2013

Dia 20* Faro - Seminário (21h00m) - Vigíliade oração pelas vocaçõespromovida pelo Secretariado daPastoral Vocacional.* Faro - Loulé (Centro paroquial) -Encontro do bispo do Algarve comos conselhos pastorais eeconómicos paroquiais do concelhode Loulé.* Faro - Ferreiras (10h00m) -Sessão de esclarecimento ecatequese para a Jornada Mundialda Juventude no Rio de Janeiro.* Aveiro - D. António FranciscoSantos reúne-se com ossecretariados de EMRC

* Leiria - Marrazes - Salão da Juntade Freguesia - Noite de fados paraajudar a financiar a ida à JornadaMundial da Juventude promovidapelo grupo de jovens do CaminhoNeocatecumenal da Paróquia deMarrazes.* Coimbra - Centro Comunitário deSão José - I encontro do projeto«Sementes do Saber» promovidopela Cáritas da diocese de Coimbra.* Guarda - Seminário da Guarda -Encontro entre sacerdotes eseminaristas. * Beja - Igreja matriz de Santiago doCacém - Estreia nacional da «MissaSancti Jacobi» pelo agrupamentoitaliano LaReverdie e integrado noFestival Terras Sem Sombras. * Lisboa - Sé (21h30m) - Concertode homenagem ao organistaSibertin Blanc por antigos alunos. * Porto - Colégio Luso-Francês - Encontro «Gio2Day» promovidapela Juventude FranciscanaMissionária de Nossa Senhora.* Guimarães - Basílica São Pedro doToural (21h30m) - Concerto-oraçãopelo grupo EFFATHA que apresentao albúm «Chama de Graça».

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* Coimbra - Arganil (Igreja matriz) -Recital de órgão* Porto - Feira (Cine-Teatro AntónioLamoso) - Musical sobre a vida deJesus «O Nazareno» pelo Orfeão daFeira.* Braga - Famalicão - Dia arciprestaldos movimentos juvenis intitulada de«ManiFé – uma explosão de Alegria». * Braga - UCP (Anfiteatro SãoTomás de Aquino) - Jornada dePastoral da Deficiência sobre «Umtesouro da descobrir». * Portalegre - Arronches (Igreja deNossa Senhora da Luz) -Concertopelo Coro do Carmo (Beja)integrado no 2º festival de MúsicaSacra de Arronches.* Fátima - Hotel Cinquentenário - XIIJornada de EspiritualidadeReparadora com o tema «Nãotenhais medo» promovidas IrmãsReparadoras de Nossa Senhora deFátima. * Évora - Torneio de futsalorganizado pelo Departamento daPastoral Juvenil.* Setúbal - Moita (Praça de TourosDaniel do Nascimento) - Festa deangariação de fundos para omonumento em honra de NossaSenhora da Boa Viagem a colocarnum espaço público da Moita.* Lisboa - Salão paroquial de NossaSenhora da Ajuda - Exposição dearte cristã.

* Fátima - Encontro nacional dasReparadoras Missionárias da SantaFace.* Lisboa - Paróquia de Santa Mariade Belém (Mosteiro dos Jerónimos)(Salão paroquial) - Sessão do ciclode cinema «Até onde a fé podelevar?» com a exibição do filme «S.Vicente de Paulo» (“MonsieurVincent”).* Évora - Vila Viçosa - Encontroanual dos agentes da pastoralvocacional.* Madeira - Funchal (EscolaSalesiana) - Grande ultreia doMovimento dos Cursos deCristandade para celebrar os 50anos deste movimento na Ilha daMadeira. * Açores - Ilha Terceira (Semináriode Angra) - Conferências sobre «OSeminário de Angra de 1910 a1965» por Susana Goulart e «OSeminário de Angra de 1965 aosnossos dias» por João MariaMendes e integradas na celebraçãodos 150 anos do SeminárioEpiscopal de Angra. * Fátima - Peregrinação nacional daSociedade de São Vicente de Paulocom o tema «EspiritualidadeVicentina e Frederico Ozanam» (20e 21)* Évora - Encontro da União dasAssociações dos Antigos Alunos dosSeminários Portugueses. (20 e 21)

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Ano C - 4º Domingo do TempoPascal

Escutar a vozdo Pastor éseguir Cristo

No Evangelho deste quarto domingo do tempo pascal,Jesus é apresentado como Bom Pastor. Por isso sechama o Domingo do Bom Pastor, que coincide com oDia Mundial de Oração pelas Vocações. A missão deCristo é trazer a vida plena às ovelhas do seurebanho, convidadas a escutar, acolher e seguir oPastor.A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos propõe duasatitudes diferentes diante da proposta que o PastorCristo nos apresenta: ou somos ovelhas cheias deautossuficiência, satisfeitas e comodamente instaladasnas nossas certezas; ou somos ovelhas sempreatentas à voz do Pastor, dispostas a arriscar tudo paraO seguir até às pastagens de vida abundante, de vidatotal, de felicidade sem fim. A leitura do Apocalipseinsiste também nesta meta final para todo aquele quesegue Cristo.«Sou eu». Quem de nós não exclamou tantas vezesesta expressão? Nem se torna necessário dizer onome. «Sou eu» não se diz a um desconhecido.

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Para entrar na intimidade dealguém, é preciso uma relaçãolonga, um “viver-com”, umafamiliaridade, no sentido pleno dapalavra. Isso só se pode viver naduração, na fidelidade, napaciência.«Eu sou o Bom Pastor». Jesuscoloca-Se num registo de intimidadepara falar da sua ligação com osdiscípulos, vivida durante três anos.Tornaram-se seus amigos. Váriasvezes, Jesus só precisou deste gritopara Se fazer reconhecer: “Sou Eu!”Os discípulos não podiam enganar-se: esta voz era a do Mestre, únicano mundo.Com Jesus, não é o meu nervoauditivo que vibra à sua voz, mas aaudição do coração que me tornaatento quando a sua Palavra éproclamada em Igreja, quando a leioe medito. É ela que vem fazer vibraro

meu ser profundo, que me toca ocoração.Torno-me então capaz de integrar,na minha vida e na minha maneirade pensar e de agir, a maneiraprópria de ser, falar e agir de Jesus.A minha vida vai ganhando corevangélica e a minha consciênciavai-se afinando à vontade do Pastor,torno-me discípulo de Jesus ereconheço a sua presença na minhavida.Aí está um trabalho de longoalcance, para toda a vida. Escutar avoz do Pastor é seguir Cristo. Não éessa a vocação própria de todo obatizado: fazer-se eco da voz doBom Pastor no coração do mundo?Que este Dia Mundial de Oraçãopelas Vocações nos leve a umarenovada atitude de oração e deempenho pelas vocações na Igreja,sinal de esperança fundada na fé,sempre no seguimento de Cristo.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missada igreja de NossaSenhora-a-Branca,Braga 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 21 - Cinema: aarte de dizer o real. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 22 -Entrevista a José AntónioFalcão. Apresentação doFestival Terras sem Sombra.Terça-feira, dia 23 -Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II comTeresa Messias;Quarta-feira, dia 24 - Informação e rubrica sobreDoutrina Social da Igreja, com Alfredo Bruto da Costa;Quinta-feira, dia 25 - Memórias do 25 de abril.Entrevista a D. Manuel Martins. Rubrica "O Passadodo Presente", com D. Manuel ClementeSexta-feira, dia 26 - Apresentação da liturgia dominicalpelos padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves. Antena 1Domingo, dia 21, 06h00 - No Dia Mundial de Oraçãopelas Vocações, conheça testemunhos de quemescutou a voz de Deus na descoberta vocacional. Segunda a sexta-feira, dias 22 a 26 de abril, 22h45 -Procura de liberdade: testemunhos de quem quer serlivre de variadas formas

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- Nesta quinta-feira ao final da tarde, em Lisboa, oCentro de Reflexão Cristã acolhe o Colóquio «ÉPossível Construir a Felicidade Pública?» A partir das18h30 a investigadora em Psicologia positiva HelenaMarujo e o mestre em Filosofia Porfírio Silva participamna reflexão aberta ao público e com entrada gratuita. - Também hoje é inaugurada a 10.ª edição do festivalinternacional de cinema IndieLisboa. «Hollywood estáa ficar sem ideias. Vem ao IndieLisboa ver algo novo»é o tema dos 10 dias que conta, pelo quarto anoconsecutivo, com um júri da Igreja Católica, que atribuio prémio ‘Árvore da Vida’, resultante de uma parceriaentre os Secretariados Nacionais das ComunicaçõesSociais e da Pastoral da Cultura. O Festival encerrana noite de 28. - Braga acolhe no dia 20 uma jornada desensibilização organizada pelo Serviço Pastoral aPessoas com Deficiência, organismo católico, que temcomo objetivos ajudar as pessoas diretamenteafetadas pela deficiência a refletirem como é que aIgreja as acolhe e fomentar dentro das estruturaseclesiais soluções de integração e plena participação. - Desde há 50 anos que a Igreja católica assinala oDia Mundial de Oração pelas Vocações. A entregaincondicional da vontade própria a Deus, oração, fé eesperança constituem alguns dos apelos incluídos namensagem escrita pelo Papa emérito Bento XVI paraeste dia, este ano a 21 de abril.

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A REPÚBLICA CENTRO AFRICANA ESTÁ A SAQUE

“As pessoas fogem com medo…”É um cenário quase apocalípticoque nos chega da RepúblicaCentro Africana. O Bispo deBangassou, Juan José Aguirre –conhecido como “o bispo dospobres de África" –, descreve-nosum mundo quase surreal, cenáriode ataques, pilhagens e anarquia. D. Juan José Aguirre, comboniano eBispo de Bangassou, descreve àFundação AIS os tristesacontecimentos que ocorreram nopaís após o golpe de Estado de 24de março e a chegada dos rebeldesà sua diocese. As suas palavrasdesvendam um cenário de horror.“Há roubos a toda a hora. Aspessoas fogem com medo,procurando, em desespero,conservar o pouco que têm”,escreveu o bispo.Há como que uma sombratenebrosa que parece quereresconder a República CentroAfricana dos olhares do mundo.Ninguém vê, ninguém quer ver. Aspalavras do bispo Aguirre são quaseuma raridade. Este “bispo

dos pobres de África”, como éconhecido, descreve-nos umcenário de violência, de pilhagens ede medo. “Os Espiritanos tiveram demudar-se, pois durante duas noitesseguidas quiseram atacá-los comfacas e machados. Nas casas dasreligiosas, chegaram a querer levaruma das irmãs à força”, diz-nos omissionário descrevendo a situaçãoque se vive no país e que seagravou substancialmente na suadiocese desde março com achegada a Bangassou dos“Selekas”. Cenário de violênciaSegundo D. Aguirre, “os Selekassão um grupo rebelde que incluigente do Chade e do Sudão. Trata-se de jovens

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recrutados à força paraengrossarem as fileiras armadas. Sóestão interessados nos despojos,no saque”. D. Aguirre recorda osacontecimentos em Bangui:"Enquanto estávamos na Missa deDomingo de Ramos, começámos aouvir os disparos de metralhadorase de armas pesadas durante trêshoras. Então, rebeldes armadosentraram na Catedral de Bangui.Estávamos no final da missa. Derepente, começaram a disparar parao teto. Todas as pessoas sedeitaram no chão, com medo dasbalas. Obrigaram a entregar aschaves dos carros... enquanto iamdisparando rajadas demetralhadora. As crianças choravamde terror."Desde 2002, que a Fundação AIStem apoiado a Igreja desta antigacolónia francesa que vive há maisde vinte anos em guerra civil e que,dizem as estatísticas, é o 2º paísmais pobre do mundo. A ajuda,materializada em cerca de 240projetos, num valor de 2,5 milhõesde euros, destinou-se a garantir asobrevivência dos sacerdotes, apoioa seminaristas, bem como paradiversas atividades de construção ede educação.Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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«(…) exige o bem comum que ospoderes públicos operempositivamente no intuito de criarcondições sociais quepossibilitem e favoreçam oexercício dos direitos e ocumprimento dos deveres porparte de todos os cidadãos.Atesta a experiência que,faltando por parte dos poderespúblicos uma atuação apropriadacom "respeito à economia, àadministração pública, àinstrução", (…) as desigualdadesentre os cidadãos tendem aexasperar-se cada vez mais, osdireitos da pessoa tendem aperder todo seu conteúdo ecompromete-se, ainda por cima,o cumprimento do dever».Pacem in terris, 63

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