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UMA NOVA LUZ SOBRE O PROBLEMA DA DOENÇA Geoffrey Hodson Publicado pela Theosophical Publishing House Londres, 1930 Dedicado a Gerald Hounsfield, que possibilitou que este livro fosse escrito * CONTEÚDO Prefácio Introdução A Gênese da Doença A Causa Básica da Doença Causas Suprafísicas e seus Antídotos Mecanismo do Karma de Doença A Doença Latente A Doença nos Corpos Sutis e Físico Maternidade e Saúde * Tradução de Ricardo Frantz Direitos reservados para a Canadian Theosophical Association *

UMA NOVA LUZ SOBRE O PROBLEMA DA DOENÇAtetraktys.wdfiles.com/local--files/uma-nova-luz-sobre-o-problema-da... · o homem É um ser imortal e espiritual trÍplice, que se encarna

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UMA NOVA LUZ SOBRE O PROBLEMA DA DOENÇA

Geoffrey Hodson

Publicado pela Theosophical Publishing House Londres, 1930

Dedicado a Gerald Hounsfield, que possibilitou que este livro fosse escrito

*

CONTEÚDO Prefácio Introdução A Gênese da Doença A Causa Básica da Doença Causas Suprafísicas e seus Antídotos Mecanismo do Karma de Doença A Doença Latente A Doença nos Corpos Sutis e Físico Maternidade e Saúde

*

Tradução de Ricardo Frantz

Direitos reservados para a Canadian Theosophical Association

*

PREFÁCIO Existem pelo menos três modos de obter conhecimento: observação independente, educação por outrem e percepção intuitiva direta. Os dois primeiros são externos, o terceiro é interno. Ainda que o material deste livro tenha sido compilado a partir de registros de tentativas de usar o terceiro destes métodos, o autor não advoga para si nenhuma autoridade ou inspiração divina; nem procura através deste prefácio influenciar o leitor em sua avaliação do material deste livro, que deve ser julgado somente por seus próprios méritos. Mas deseja sim agradecer à fonte de suas informações e informar a quem quiser saber como e quando elas foram obtidas. Profundamente interessado no problema do sofrimento humano, e particularmente no da saúde e doença, ele voltou todas as suas energias mentais para tentar descobrir sua solução. Ele acredita que através da meditação tenha se aproximado por algum tempo daquele reino interior onde reside todo o conhecimento. Ele sentiu que fora guiado por um Instrutor nesta busca pela Verdade. Vendo tenuemente com olhos inexperientes, registrou o pouco que viu, e aqui deseja transmitir esta pequena porção. Possa servir para diminuir, mesmo que seja só por uma lágrima já não derramada, o peso do sofrimento que oprime tanto o mundo. Possa inspirar em outros o desejo de perfurar o véu detrás do qual se esconde todo o conhecimento, e aplicar suas descobertas para o alívio da dor e do sofrimento do gênero humano. Mentes mais fortes, uma visão mais penetrante e um domínio maior da linguagem serão necessários para que a esplêndida visão do conhecimento perfeito possa ser verdadeiramente obtida e dignamente retratada. Por ora, o autor oferece isto.

G. Hodson Londres, 1929

INTRODUÇÃO Este livro é baseado nas seguintes premissas: I O HOMEM É UM SER IMORTAL E ESPIRITUAL TRÍPLICE, QUE SE ENCARNA EM QUATRO CORPOS MATERIAIS PERECÍVEIS II AS TRÊS PARTES DE SEU EU ESPIRITUAL SÃO REFLEXOS DA VONTADE DIVINA, DA SABEDORIA DIVINA E A INTELIGÊNCIA DIVINA. Neste aspecto espiritual de sua natureza, o homem é uno com o Logos. A diferença entre o Logos e o homem reside no grau em que seus poderes triunos estão manifestos. Em Deus estão expressos plenamente; no homem eles se manifestam de um modo gradualmente maior de completude, à medida que avança na sua evolução. III

OS QUATRO CORPOS MATERIAIS DO HOMEM, EM ORDEM DE DENSIDADE CRESCENTE, SÃO: a) Seu corpo mental, composto de matéria mental. É o seu veículo para o

pensamento. b) Seu corpo emocional, composto de matéria emocional. É o seu veículo para o

sentimento. c) Seu corpo de vitalidade ou etérico, composto de matéria etérica; este é o princípio

conservador de suas forças físicas vitais e o elo entre os corpos suprafísicos e o físico.

d) Seu corpo físico, composto de matéria física sólida, líquida e gasosa. É seu veículo de atuação e auto-expressão no mundo físico.

Neste aspecto material quádruplo de sua natureza o homem é temporariamente inconsciente de sua unidade com Deus. À medida que sua evolução progride, ele gradualmente redescobre seu conhecimento perdido. Esta redescoberta é o objetivo de todo o trabalho espiritual. IV O PROPÓSITO DA EXISTÊNCIA HUMANA É O CRESCIMENTO O crescimento consiste no gradual desdobramento, da latência à plena potência, dos atributos espirituais tríplices do homem, de um lado; de outro, na evolução de seus quatro veículos materiais para um estado no qual tornem perfeitamente manifestos os

seus atributos espirituais tríplices. O verdadeiro propósito da religião é auxiliar o homem para este objetivo. V

A META DA EVOLUÇÃO HUMANA É O PADRÃO DE PERFEIÇÃO DESCRITO NO CRISTIANISMO COMO “A PLENA MEDIDA DA ESTATURA DO CRISTO”. Isto implica o atingimento de um estado divino de onipotência, ou vontade perfeita e irresistível; onipresença ou amor perfeito e todo-abrangente; e onisciência ou conhecimento perfeito e todo-inclusivo. O atingimento desta perfeição é absolutamente certo para todos os homens. A ordem “Sêde perfeitos como vosso Pai no céu é perfeito” será obedecida literalmente por todos os seres humanos. VI

ALÉM DESTE ESTADO DE PERFEIÇÃO HUMANA EXISTE UM ESTADO AINDA SUPERIOR DE PERFEIÇÃO SUPER-HUMANA; E PARA ALÉM TAMBÉM DESTE HÁ UMA ASCENÇÃO GRADUAL EM DIREÇÃO À ESTATURA ESPIRITUAL DO PRÓPRIO LOGOS. O Logos é o Criador, Mantenedor e Transformador de todos os mundos e o Pai Espiritual de todos os homens. Ele próprio está evoluindo, junto com todo o Seu sistema e tudo o que este contém, em direção a uma meta que está além da compreensão do homem mortal. Uma vez que o homem é um deus em evolução, seu esplendor, sabedoria e poder futuros não têm quaisquer limites. VII

A META DA PERFEIÇÃO HUMANA JÁ FOI ALCANÇADA POR OUTROS HOMENS. Estes homens perfeitos são conhecidos como Adeptos e Mestres da Sabedoria. VIII ESTES SERES SUPER-HUMANOS CONSTITUEM O GOVERNO INTERNO DO MUNDO, E SÃO OS VERDADEIROS REGENTES ESPIRITUAIS, INSTRUTORES E INSPIRADORES DOS HOMENS. Eles formam o augusto corpo de “homens justos tornados perfeitos”, são a “Comunhão dos Santos”. IX A META DE PERFEIÇÃO HUMANA É ATINGIDA POR MEIO DE SUCESSIVAS ENCARNAÇÕES EM VEÍCULOS MATERIAIS PRÉ-FORMADOS DURANTE O PERÍODO PRÉ-NATAL DE CADA VIDA SUBSEQÜENTE.

X AS MÚLTIPLAS EXPERIÊNCIAS DESTAS ENCARNAÇÕES REPETIDAS SÃO TODAS PLANEJADAS PARA DESENVOLVER OS PODERES LATENTES DO DEUS EM EVOLUÇÃO QUE É O HOMEM. O propósito e efeito da existência física repetida é a educação, no verdadeiro sentido da palavra. Depois da obtenção da perfeição, o renascimento já não é compulsório; todo o progresso ulterior pode ser obtido nos mundos suprafísicos. “Aquele que triunfa se torna um pilar no templo do meu Deus, e de lá não sai mais” (Apocalipse). XI TODAS AS ENCARNAÇÕES SÃO LIGADAS UMAS ÀS OUTRAS PELA OPERAÇÃO DA LEI DA CAUSA E EFEITO OU COMPENSAÇÃO [readjustment, no original - NT]. Todas as ações, sentimentos e pensamentos produzem sua própria reação perfeita e naturalmente adequada. As reações podem seguir as ações imediatamente, ou em encarnações posteriores. Esta lei é mencionada na declaração “O que quer que o homem semear, há de colher”. O termo sânscrito “karma” é usado para designar a operação desta lei eterna. XII

AÇÕES BASEADAS NO RECONHECIMENTO DA UNIDADE E MOTIVADAS PELO AMOR, SERVIÇO E ALTRUÍSMO, PRODUZEM UM PRAZER, UMA SAÚDE E UMA LIBERDADE DE AUTO-EXPRESSÃO CRESCENTES, QUE ENCORAJAM O ATOR A REPETÍ-LOS. XIII

AÇÕES BASEADAS NA SEPARATIVIDADE E MOTIVADAS PELA AVERSÃO, AMBIÇÃO E EGOÍSMO PRODUZEM UMA DOR, UMA MÁ-SAÚDE E UMA LIMITAÇÃO NA AUTO-EXPRESSÃO CRESCENTES, QUE DESENCORAJAM O ATOR A REPETÍ-LAS. ASSIM A LEI CONDUZ OS HOMENS Á RETIDÃO. A intensidade de prazer ou dor é governada pelo grau em que os motivos altruísta ou egoísta encontram expressão na ação. O sofrimento não é uma punição infligida de cima, nem uma adversidade acidental; é auto-infligida e tenciona alertar o ator sobre suas transgressões; é portanto verdadeiramente beneficente e educativo em seu propósito e efeito. XIV O HOMEM ESPIRITUAL HABITANDO SEUS QUATRO CORPOS É CONTINUAMENTE CÔNSCIO DA OPERAÇÃO DESTA LEI EDUCATIVA E

GRADUALMENTE ADQUIRE CONHECIMENTO, SABEDORIA, PODER E CARÁTER COMO RESULTADO. Estas constituem as únicas posses eternas do homem. São “os tesouros celestes que nem as traças nem o mofo corrompem”. Todas as posses materiais e poderes temporais são transitórios, e a busca deles exclusivamente é completamente vã. XV

A AÇÃO DA LEI DE COMPENSAÇÃO CONSTITUI O ÚNICO CONTROLE OU JULGAMENTO A QUE O HOMEM É JAMAIS SUBMETIDO. O homem faz seu próprio destino por suas ações, e dentro desta lei ele é absoluta e incondicionalmente livre. O homem não está sujeito a nenhum poder ou autoridade espirituais externos. Toda a religião que é baseada no medo ou no desejo de ganhar favores de um Deus externo é falsa. XIV EXISTE UMA ALQUIMIA ESPIRITUAL POR MEIO DA QUAL A ADVERSIDADE, RESULTANTE DE AÇÕES MOTIVADAS PELO EGOÍSMO, PODE SER DIMINUÍDA OU MESMO DISSIPADA PELA APLICAÇÃO DELIBERADA DE ENERGIAS E A EXECUÇÃO DE ATOS MOTIVADOS PELO AMOR. O amor é a verdadeira pedra filosofal, e serve ao processo alquímico onde as qualidades humanas inferiores e os sofrimentos da adversidade podem ser transmutados no fino ouro do poder e da felicidade espirituais. XVII ESTA ALQUIMIA DO ESPÍRITO PODE SER APLICADA PELO PRÓPRIO PACIENTE PARA A CURA DA DOENÇA, E CONSTITUI A VERDADEIRA CIÊNCIA DA CURA ESPIRITUAL. ESTE VOLUME É UMA TENTATIVA DE EXPOR ESTE PRINCÍPIO. XVIII

O PROCESSO DE TRANSMUTAÇÃO DAS IMPERFEIÇÕES DA NATUREZA HUMANA NAS SUAS PERFEIÇÕES OPOSTAS PODE SER DELIBERADAMENTE APLICADO PARA ACELERAR O RITMO DA EVOLUÇÃO HUMANA. A meta de perfeição que aguarda todos os homens no futuro distante pode ser atingida em um tempo relativamente curto. XIX

ESTE MODO DE VIDA ESPIRITUAL CONSTITUI O “CAMINHO CURTO E ESTREITO” DO CRISTIANISMO, A “NOBRE SENDA ÓCTUPLA” DO BUDISMO, E O CAMINHO DO “FIO DA NAVALHA” DO HINDUÍSMO. ELE CONDUZ À SALVAÇÃO, AO NIRVANA OU À LIBERAÇÃO.

A vida do Cristo como retratada nos Evangelhos é uma representação dramática das experiências da alma nesta Senda. O Sermão da Montanha, os ensinos do Senhor Buda, e a Escritura Hindu conhecida como o Bhagavad Gita, definem a conduta necessária para o atingimento da perfeição. XX

ESTA SENDA DO RÁPIDO DESENVOLVIMENTO ESTÁ ABERTA HOJE COMO ESTAVA ANTIGAMENTE: SÓ PODE SER TRILHADA ATRAVÉS DA PUREZA DE VIDA E DO SERVIÇO ALTRUÍSTA À VONTADE DIVINA: É O CAMINHO PARA A SAÚDE, A FELICIDADE, A PERFEIÇÃO E A PAZ ETERNA. Capítulo I A GÊNESE DA DOENÇA

A doença é a concomitância natural da imperfeição, é inerente à natureza do sistema solar e à força vital e consciência encarnadas neste sistema; de outro modo ele não poderia existir. Como todo o sistema está evoluindo e no presente é imperfeito, a doença em qualquer planeta é apenas a expressão desta imperfeição em um ou outro dos reinos da Natureza. Se alguém pudesse rastreá-las, seriam encontradas doenças no reino mineral, como são encontradas nos reinos vegetal e humano. O estudo de casos individuais, e de ações individuais que produzem o karma da doença, não deve cegar para o fato de que nos primeiros estágios da evolução a doença é um fenômeno universal. Por trás de cada doença existe uma consciência da doença, que acha expressão e encarnação em cada surgimento daquela doença. Todos os pacientes de câncer, ou qualquer outro grupo de pessoas afligidas pelo mesmo mal, são ligadas entre si pela afinidade de suas moléstias. Um entendimento completo da operação do karma não será obtido pelo estudo de casos individuais somente, por mais valioso e necessário que isso seja. Doenças grupais e karma grupal também devem ser estudados. A doença é inerente na Natureza, e continuará sendo até que certo grau de perfeição seja alcançado. O ofício do curador é estimular a evolução do indivíduo e do grupo, para que a chegada deste tempo possa ser antecipada. A doença, como uma expressão da voz da Natureza, chamando a atenção para as trangressões, contribui para aquela finalidade; sem ela o atingimento da perfeição seria longamente postergado. O curador deve, portanto, cessar de ver a doença como um mal, mas antes como o surgimento ou manifestação de um aspecto da consciência grupal em evolução, através da operação de certas leis planejadas para produzir o bem último. Ele não deve, porém, cair no erro a que está sujeito o filósofo, o da inação como resultado do

conhecimento filosófico. Ele deve aliviar o sofrimento tanto quanto estiver em seu poder fazê-lo, mas reconhecendo também, e ensinando os pacientes a reconhecer por si mesmos, que a doença, mesmo em sua aparente crueldade, é essencialmente benéfica em seus propósitos. Sobre a rocha deste conhecimento devem se fundar a pesquisa e a prática. A separação dos planetas e sistemas solares no tempo e no espaço é uma ilusão. O cosmos é um todo contínuo. Os atributos da Natureza em um único globo não são qualidades exclusivas daquele globo, mas pertencem a todo o cosmos. Por exemplo, há uma divisão real entre as evoluções lunar e terráquea. São partes essenciais ambas de um só todo. Se, entretanto, alguém rastrear a origem da evolução terrestre, a encontraria na Lua, mas mesmo assim o problema não se aproximaria da solução (Vide “Man, How, Whence and Whiter” – O Homem: Como, de Onde e Para Onde – de A. Besant e C.W. Leadbeater, para uma explicação dos esquemas de evolução solar e planetário). O investigador não deve procurar resolvê-lo em termos de tempo e espaço e separação, mas considerar o sistema solar como um todo em evolução. Deste ponto de vista somente se pode compreender os fenômenos de uma parte, e propor uma filosofia que seja perfeita e inatacável. O karma se move junto com a onda de vida, de globo para globo, de cadeia para cadeia, e unifica esquemas, sistemas, universos e cosmoi. È a lei fundamental por trás de tudo. Em termos de existência absoluta ele não tem atributos; nos mundos manifestos ele tem o atributo da beneficência; exerce uma pressão contínua em direção ao bem maior, e age para que esta meta seja atingida. Eventualmente, à medida que sistemas, cadeias, globos e seus habitantes chegarem mais perto da meta, a doença desaparecerá. No processo ela se tornará cada vez mais sutil e menos densamente física, mudando com a evolução da vida e da consciência em que é expressa. O estudo das causas, propósitos e curas das moléstias, e a aplicação de seus resultados, portanto, acelera a evolução da raça. Capítulo II A CAUSA BÁSICA DA DOENÇA

A origem primeira de cada caso individual de doença reside em uma resistência ao direito do Ego (o Regente Interno Imortal que é o homem verdadeiro) de reger a personalidade (a manifestação temporária do Ego em termos de pensamento, sentimento e ação), e numa recusa em ouvir a voz da consciência. Esta causa básica é divisível em duas classes subsidiárias. A primeira delas consiste naquele tipo de karma que é o efeito da indocilidade da personalidade e do fechamento deliberado dos ouvidos à voz do Eu Superior. Isto resulta em pecados de ação, aqueles atos positivos que são contrários ao princípio fundamental da unidade. A segunda causa é o karma resultante da inexperiência do Ego e da sua falha em prover a orientação necessária à personalidade, o que resulta em pecados de omissão, auto-indulgências e falhas na

auto-disciplina e nos atos de serviço. Entre estas duas subdivisões existem muitas variantes que compartilham da natureza de ambas, com uma ou outra predominando. Os pecados de ação resultam em doença ativa, enquanto os de omissão produzem doenças latentes que podem ou não se manifestar como aflições físicas: eles se mostram principalmente como deficiências de caráter e ausência das qualidades na personalidade que contribuem para uma vida saudável. Exemplos puros das duas classes são extremamente raros, e combinações são mais geralmente encontradas. Esta classificação, contudo, servirá como um guia útil no tratamento. Considerando as duas classes como falhas de ação ou omissão respectivamente, as doenças em que parece predominar a primeira classe respondem a tratamento puramente físico, enquanto as da segunda classe requerem métodos psicológicos. Como as combinações são mais freqüentes que os casos puros, estes dois métodos geralmente devem ser associados, sendo cada método enfatizado conforme a condição do paciente requerer. Todas as pessoas têm karma de doença latente, já que possuem também qualidades e características subdesenvolvidas. A presença de uma doença latente constitui uma constante fonte de perigo. A evolução da ciência médica, portanto, deve ser direcionada para o aperfeiçoamento dos métodos profiláticos. O sistema educacional do futuro incluirá esforços nesta direção; o currículo será planejado para eliminar as qualidades de caráter que tornam possíveis as ações geradoras de karma, e para treinar o indivíduo a liberar as energias opostas que eventualmente modificarão e neutralizarão aquele karma; além disso, serão aplicados testes físicos para eliminar as moléstias latentes do corpo físico. Podemos enunciar o paradoxal axioma de que a doença será curada antes que surja, pois a criança deverá ser tratada para a eliminação do mal latente. Nos casos onde o karma é tão agudamente adverso que torna todos os esforços aparentemente inócuos, os tratamentos deverão ser continuados persistentemente, até mesmo ao longo de toda a vida. Tais tratamentos e especialmente os esforços que o paciente fizer, ainda que aparentemente inúteis, na verdade serão profiláticos em relação às encarnações futuras. Ainda que o presente estado doentio da humanidade exija que a pesquisa médica se direcione para a cura da moléstia, isto deve ser considerado uma fase passageira. Como o karma geral da humanidade se torna cada vez mais leve, sob a influência da presença do Senhor [uma referência à suposta visitação do Instrutor do Mundo ocorrida no presente através da pessoa de J. Krishnamurti], dos muitos movimentos

espiritualizantes, e dos homens e mulheres altruístas trabalhando no mundo de hoje, a doença se tornará cada vez mais passível de cura. Isto liberará os cientistas médicos do estudo de doenças para trabalharem no aprimoramento das medidas profiláticas. A doença jamais será banida da Terra somente com a medicina curativa, mas sim com o avanço do aprendizado espiritual e oculto, que conduzirá ao reconhecimento da existência de moléstia latente e dos meios de sua erradicação.

O karma pode ser enfrentado, modificado e mesmo neutralizado antes que encontre expressão física como doença ativa. Em resumo, as forças e conhecimentos espirituais são sozinhos capazes de curar as doenças. As muitas aparentes curas físicas que a ciência médica hoje obtém só ocorrem nos casos onde o karma se esgotou. Em todas as outras condições kármicas, a ciência médica per se inevitavelmente falha. Capítulo III CAUSAS SUPRAFÍSICAS E SEUS ANTÍDOTOS

Enquanto que doenças menores que ocorrem através de infecções não precisem necessariamente ter causas suprafísicas, as doenças crônicas sempre têm um aspecto suprafísico. Suas raízes podem penetrar tão fundo quanto o corpo mental. Estas doenças profundamente arraigadas podem recorrer em muitas encarnações. Suas origens residem em ações que são negações deliberadas pela mente de certos aspectos da verdade – ações que são repetidas, a despeito do conhecimento do ator de seu caráter essencialmente transgressivo. Um exemplo deste tipo é encontrado na crueldade desumana que caracterizou os governantes e seus oficiais subordinados nos primeiros séculos de certas civilizações. Tal crueldade era um resíduo do estado selvagem, do qual os atores tinham já saído definitiva, ainda que recentemente. Tinham atingido um estágio no qual a voz do Eu Superior já se fazia ouvir. Seguindo, depois de se civilizarem, condutas que de um ponto de vista kármico seriam relativamente inofensivas só para o selvagem, eles rejeitaram a voz do Eu Superior. Esta voz fala em nome da unidade, o que é uma verdade fundamental. A crueldade é uma negação da unidade. O karma de tais ações reage sobre a mente e sobre o corpo. A crueldade de uma forma ou outra é a causa mais geral de doença. È por isso que a doença em si parece ser tão cruel. O grande antídoto para todas as doenças é o reconhecimento da unidade e sua expressão através do amor e do serviço. Todos os pacientes deveriam, portanto, ser ensinados sobre a lei fundamental da unidade e ser inspirados a desenvolverem e viverem pelo amor. Este talvez é o método mais simples de atender os aspectos suprafísicos dos processos de cura física que também são empregados. A grande maioria dos pacientes simplesmente precisa desenvolver a qualidade do amor; ser ensinados a irradiar afeição sobre todo o mundo e especialmente sobre aqueles em seu ambiente imediato. Futuramente a doença será curada ao longo destas linhas. O paciente deverá meditar para descobrir a deficiência de caráter que tornou possível a atuação do karma ou consultará um instrutor espiritual, e então se retirará a fim de desenvolver e aprender a expressar a qualidade requerida.

As curas em massa ocorrem através da operação deste princípio, e provavelmente serão empregadas cada vez mais no futuro próximo. Grandes grupos de pacientes serão reunidos sob um instrutor espiritual, que os ensinará a liberar seus próprios poderes internos, e a desenvolver as qualidades fundamentais da natureza humana das quais são deficitários. Indivíduos e grupos devem ser educados para sair da doença. Seu senso de valores deve ser mudado. O intenso desejo e o forte apego à existência física resultam de um falso senso de valores; este desejo, nascido da ilusão, é uma outra causa básica de doença. As personalidades dos homens ocidentais escapam temporariamente do controle de seus Eus Superiores através da férrea intensidade com que eles se ligam ao plano físico de existência e procuram por sucesso físico; pelo ardor de sua busca de prazer e conquistas físicas, a consciência do homem se focaliza para fora em direção ao físico, que ele coloca mais alto que tudo em sua escala de valores vitais. Esta atitude deve ser revertida, e para isso o curador espiritual procurará incutir o desenvolvimento de uma postura desapaixonada e desapegada em relação aos objetos dos sentidos, e um reconhecimento dos verdadeiros propósitos da existência física. A mera emoção e permissividade animais são menos sérios em seus efeitos kármicos sobre o corpo físico nos primeiros estágios da evolução do que nos últimos, quando um conhecimento do verdadeiro significado da vida está sendo adquirido. O grau em que uma ação é uma negação da voz da consciência é o fator governante que decide a intensidade e alcance de uma doença. O nível evolutivo dos pacientes deve, portanto, ser observado quando se tentar descobrir a natureza e extensão de suas dívidas kármicas. Pode prontamente ser desenvolvida a habilidade de avaliar a dívida kármica a partir da própria doença, e de estimar a medida na qual já se exprimiu. Uma classificação de tipos de karma e suas moléstias correspondentes será do maior valor. A clarividência, mesmo que seja útil para classificações e pesquisas preliminares, de modo algum é essencial. A faculdade largamente disseminada de diagnóstico intuitivo, levada para os mundos suprafísicos e morais, se provará inteiramente suficiente. Capítulo IV O MECANISMO DO KARMA DE DOENÇA Assim como antes, há um erro básico que é a fonte de todas as reações kármicas adversas, de modo que existe só uma doença básica, que é a origem de todas as outras formas de doença. O erro mais comum, por trás de todos os outros, é o egoísmo; o egoísmo, por sua vez, é devido a uma falha em reconhecer a unidade e assim é a fonte do senso de separatividade. O karma básico por trás de toda a moléstia kármica, portanto, é produzido pela separatividade. A separatividade é a raiz de toda a transgressão, seja seu karma a produção de doença ou não.

De modo similar existe um veneno básico que produz todas as doenças, assim como existe também um organismo básico que é capaz de transmitir o karma de doença ao corpo físico; este organismo é o primeiro agente físico denso do karma, que agiu nos reinos mais sutis antes de afetar os reinos inferiores. Este organismo básico está presente em todos, e é um dos constituintes fundamentais de que o corpo é construído. No caso de moléstia ativa, o karma, encarnado como veneno emocional e etérico, foi impingido sobre este organismo físico básico e mudou-o de uma condição saudável para uma morbosa. Esta mudança é produzida por uma interferência no mecanismo atômico pelo qual o organismo é trazido à existência, nutrido e sustentado. Esta mudança afeta a altera sua função, de modo que em vez de construir e manter o corpo, se torna daninho para ele. O karma de doença atua similarmente sobre a matéria dos corpos emocional e etérico, alterando suas unidades vitais, que correspondem aos organismos básicos no corpo físico, de membros saudáveis para doentes na comunidade corpórea. A alteração na matéria emocional imediatamente encontra expressão no etérico, e finalmente na matéria física densa, pois os átomos astrais afetados são as contrapartes dos átomos dos quais as unidades vitais físicas são compostas. A mudança, portanto, é natural, e ocorre na mesma parte do corpo, em cada um dos três veículos. O karma encontra seu sujeito e produz seus efeitos com infalível precisão, vida após vida. A conexão entre os corpos mental, emocional e físico da encarnação produtora de karma, e os corpos karmicamente afetados das encarnações subseqüentes, é feita no átomo permanente (Vide A Study in Conciousness – Um Estudo sobre a Consciência – de Annie Besant), que é o depósito do karma. O átomo permanente libera suas aflições bem como seus tesouros quando a lei de vibração simpática faz com que atue do modo designado. A vida humana evolui em uma série de ciclos menores, cada um de sete anos, e cada ciclo tem seu karma apropriado, beneficente e adverso. O karma de doença é liberado no mesmo ciclo menor no qual a ação que o produziu foi executada. Cada ciclo é em efeito uma encarnação em miniatura. Se estas ações continuarem de um ciclo para outro, também a doença as acompanhará. Ocorrem modificações nesta lei, entretanto, quando são liberadas forças de dentro da pessoa para modificar seu karma. Assim, vinte anos de transgressão podem ser resolvidos karmicamente em cinco, três, dois, ou mesmo um ano de esforços neutralizantes. O trabalho do Ego é desenvolver qualidades de caráter e liberar forças que contrabalançarão os erros da personalidade. Ele faz isso mais efetivamente quando sua personalidade coopera, e nisso reside o valor das terapêuticas educativas. Todas as terapias deveriam ser educativas, pois, pelo que vimos, o karma pode ser cumprido e anulado, antes que produza efeitos corpóreos. A aplicação científica de forças neutralizantes pelo Ego torna este paradoxo aparente uma possibilidade. Este fato da Natureza é usado por aqueles que andam na senda da mão esquerda. Eles não neutralizam, contudo, seu débito. Seu fracasso na neutralização é devido ao fato de que suas vidas e motivos se tornam a apoteose da separatividade. O karma

que eles devem eventualmente ultrapassa as barreiras que eles ergueram, e os alcança quando eles mergulham, por virtude de um poder maior que o seu, na unidade d’Aquele de quem são parte. Se a lei que eles empregam pudesse ser usada com igual conhecimento por aqueles cuja qualidade básica é o amor, então as demandas do karma de doença poderiam ser enfrentadas antes que realmente afetassem o material do corpo físico. O grau de sucesso que coroaria este esforço dependeria do conhecimento da lei que o paciente e o curador tivessem e de sua realização da unidade. Nenhum homem abaixo do nível de Adepto pode ser uma realização plena e perfeita da unidade, mas, pela educação e meditação, uma grande porção de realização pode ser atingida. As forças kármicas podem ser entendidas em termos de cores do espectro. Uma cor pode se tornar branca, e então virtualmente desaparecer, se encontrar e se juntar à sua cor complementar. As forças adversas podem ser tornadas inoperantes por um perfeito equilíbrio das polaridades opostas. Deve ser feito, portanto, um profundo estudo sobre o karma de doença, de modo que se possa obter conhecimento, primeiro, do tipo de energia que está por trás de cada moléstia e, segundo, da energia pela qual ela pode ser neutralizada. Tudo isso pode ocorrer fora da esfera pessoal. É uma forma de alquimia pessoal que fará parte da sabedoria das raças vindouras da humanidade. Não pode operar onde reine a separatividade. O sucesso requer que a separatividade em alguma medida seja transcendida. A unidade é a grande profilaxia; se conseguida pelo Ego, seu poder permeia os veículos pessoais e o torna imune às doenças crônicas. Isso pertence ao plano da sabedoria, que é dito “ordenar poderosa mas suavemente todas as coisas”. A força vital daquele nível elevado rodeia e embebe cada átomo de cada veículo e forma uma matriz para a quádrupla personalidade do homem. Sob a influência de uma intensa realização pessoal da unidade, ocorre uma descida desta energia curativa em muito maior escala, o que é o verdadeiro antídoto para todas as doenças. O homem usa os remédios apropriados à sua posição evolutiva. A fase final da evolução humana sobre a Terra encontrará os homens livres do karma de doença. Eles terão entrado conscientemente num senso vivo de unidade com tudo o que vive, com Aquele que está por trás e dentro de todas as coisas. A era que agora está chegando ao seu fim tem sido a era do materialismo denso, embora, durante sucessivos ciclos nesta era, a humanidade tenha se tornado cada vez menos material. À medida que um homem progride a expressão de seu karma tenderá correspondentemente a ser menos e menos material. Por sua vez, os remédios que a humanidade empregará também serão cada vez menos materiais, até que, eventualmente, serão inteiramente espirituais em sua natureza. Freqüentemente ocorrem câmbios e modificações neste princípio básico de gradual refinamento tanto da atuação kármica quanto de seu tratamento físico. O câncer, por exemplo, é uma exceção, já que foi precipitado sobre a humanidade a fim de liberá-la rapidamente de obstáculos kármicos e produzir um aceleramento e estímulo especiais da evolução da consciência humana. Isto tem sido possível pelo fato de que certos

membros “perfeitos” da família humana, cujo progresso evolutivo foi excepcionalmente rápido, têm desejado sacrificar a recompensa natural de seu sucesso a fim de que toda a raça possa compartilhar do bom karma de suas boas ações e de seu sucesso. O Instrutor do Mundo é o exemplo mais glorioso e radiante desta grande renúncia. Sua presença no mundo hoje [uma referência à suposta visitação do Instrutor do Mundo ocorrida no século XX, realizada através da pessoa de J. Krishnamurti] significa muito mais para os Egos do que para as personalidades da humanidade. Agora é oferecida uma oportunidade a muitos milhões de pessoas para estimularem definidamente o ritmo normal de sua evolução e evitarem um número apreciável de encarnações terrenas adicionais. Uma promessa tão grande somente pode ser cumprida por um rápido acerto nas contas kármicas da humanidade. Um dos grandes obstáculos kármicos a esta consumação é o que resulta do tipo de transgressão que consiste de magia negra, rituais sangrentos, sexualidade e vampirismo, que iniciaram e atingiram sua culminação na Atlântida [um continente

sobre onde evoluiu a raça anterior à ariana, agora submerso debaixo do Oceano Atlântico], mas têm sido continuados, em vários graus e modalidades, através da

idades que passaram depois que a Atlântida afundou sob as ondas do oceano. A alta incidência de câncer é um resultado da precipitação deste karma. O homem está nos umbrais de uma nova era, e deve transpor o hiato entre os métodos apropriados à presente época material e aqueles que serão empregados na era mais etérea que agora está se abrindo. Sinais desta mudança estão aparecendo de todos os lados. A própria ciência está passando de uma concepção material para uma etérea. Eventualmente ela atravessará o véu através do etéreo em direção ao espiritual; então a ciência e a religião uma vez mais serão reconhecidas como uma só coisa. Os grandes adversários, que já estão se reunindo, eles próprios serão encarnações e expressões do princípio fundamental da unidade em direção ao reconhecimento de que toda a corrente evolutiva está lentamente encontrando seu rumo. A técnica curativa do futuro imediato é difícil de ser adquirida, pois a situação existente força a humanidade a aceitar um meio-termo. Agora o mais essencial é ter-se uma extrema adaptabilidade de pensamento e ação. O Espírito da Sabedoria fala a todos que estão desejando ardentemente uma solução para os problemas atuais, físicos, mentais e espirituais, que assolam a humanidade: “Mantende constante diante de vossos olhos aquela alquimia espiritual pela qual a adversidade será enfim transmutada em poder por virtude do solvente universal, que é o amor. Dirigí vossas energias para o desenvolvimento de métodos de ajudar os homens a cumprir e neutralizar pelo amor seu karma adverso no tempo presente, onde o amor é raro e a realização da unidade confinada a poucos. Trabalhai pela fraternidade universal, e orientação infalível vos será dada. A adoção da fraternidade como um princípio diretivo fundamental em todos os relacionamentos humanos ajudará o gênero humano neste difícil e perigoso período atual de transição. Desenvolvei métodos mais e mais perfeitos de cooperação, entre o espiritual e o material, entre a religião e a ciência, entre a Igreja, o laboratório e o consultório. Assegurai-vos mais livremente de toda a ajuda que

está em poder da religião dar, pois o fundamento em que se baseiam todas as religiões é a unidade. A vida de todo cientista, assim como de todo homem de igreja, deve ser baseada sobre a unidade expressa como fraternidade, como serviço e como amor. Só assim a busca da Verdade, espiritual ou material, religiosa ou científica, será inteiramente bem sucedida”. Capítulo V A DOENÇA LATENTE Em todos os estudos ligados ao homem, é bom lembrarmos dos princípios que governam o surgimento de um universo ou sistema solar. Primeiro o campo de evolução é delineado e isolado de todos os outros campos. O Logos então pronuncia a Palavra criadora, os sons que contêm em si – em termos de poder vibratório – tudo o que Ele, o Logos, contém em Si mesmo. O universo é Deus, tornado objetivo. Em seu nascimento, Deus renasce; em seu fim, Deus está mais evoluído. Do mesmo modo com o homem, que também é o Logos de seu universo. Seus corpos são ele próprio externalizado, são manifestações objetivas de suas capacidades internas. Mesmo seu ambiente é em certa medida uma representação de sua própria natureza. O ambiente de um homem não depende tanto dos fenômenos objetivos, de que consiste em aparência, mas mais de seu relacionamento com estes fenômenos. O ambiente de uma pessoa jamais é igual ao de outra, mesmo que vivam juntas. Assim como o Logos revive em Seu universo recém-nascido, também o homem constantemente renasce a fim de evoluir através da instrumentalidade de seus veículos e seu ambiente. Seus corpos em todos os planos são expressões de si mesmo, materializações de qualidades de sua consciência. Toda a matéria de que são constituídos seus corpos corresponde com exatidão minuciosa aos estados e natureza de sua consciência. Quando, assim, experiências revelarem que a doença brota de um ou de outro dos veículos sutis, lembre que apenas o aspecto externo da doença foi descoberto. Na verdade todas as doenças estão enraizadas na consciência, a qual também deve ser estudada, de modo que os dois lados do assunto saúde e doença possam se unir perfeitamente. O homem não poderia errar a não ser que em sua consciência houvesse as sementes do erro, trazidas de uma encarnação precedente. Assim, o karma é visto como sendo dual; em ação, modifica a construção e a natureza de cada veículo, e também existe na consciência e encontra expressão lá como falha de caráter, capacidade de errar, ou como possibilidade de erro. Nesta dualidade reside a explicação para a doença latente, e também para a suscetibilidade ou imunidade à doença. A moléstia latente é a expressão externa de uma fraqueza da consciência animante, uma deficiência na natureza do Ego. Esta possibilidade latente não precisa necessariamente se tornar doença ativa. Em certos casos a natureza do karma oferece ao Ego a oportunidade de remediar a deficiência e de satisfazer as obrigações

kármicas inteiramente em termos de consciência. Isso pode ser conseguido construindo a virtude que substituirá a deficiência. Por outro lado, a presença de moléstia latente é sempre uma fonte potencial de perigo, já que sujeita o paciente ao risco de manifestá-la. Pode atuar também como um constante entrave ao desenvolvimento da personalidade e como um vazamento oculto de força vital do corpo. Um grande número de pessoas que são moderada, mas não plenamente, saudáveis, sofrem deste modo, ainda que jamais venham a experimentar doença ativa. Elas são especialmente suscetíveis ao aspecto educacional da terapia, pois, como vimos, a Natureza e seus karmas permitem-lhes cumprir suas obrigações em termos de consciência. Elas precisam descobrir suas deficiência inerentes, e substituí-las pelas virtudes opostas necessárias. Os aspectos materiais da doença, até hoje, têm sido considerados os mais importantes, e na verdade têm sido os únicos aspectos geralmente reconhecidos e tratados. Eventualmente o aspecto consciência da doença será o único em que o curador estará interessado. A própria matéria terá evoluído mais e, sendo portanto mais maleável, será mais prontamente influenciada e afetada pela mudanças na consciência. Um resultado disso será que as deficiências de consciência produzirão efeitos materiais mais sérios, mas também possibilitará o paciente a curar-se mais facilmente se produzir as mudanças necessárias em sua consciência. O período atual de transição é particularmente interessante, já que está aparecendo agora uma tendência a reconhecer o aspecto consciência da doença, ainda que muitos pensadores eminentes do passado tenham previsto as descobertas da pesquisa atual e futura nesta direção. O método de Hahnemann [Christian F. S. Hahnemann, 1755-1843, o fundador da Homeopatia – NT] e sua escola é um notável exemplo. Assim que os estudos médicos tiverem habilitado o estudante a entender os princípios dos aspectos materiais da doença, sua atenção pode se voltar ao estudo dos males em termos de consciência. Ele descobrirá, dentro dos mais profundos níveis da mente humana, estranhas qualidades, inibições e limitações peculiares, que influenciam e modificam a construção e o desenvolvimento de seus vários corpos. Os efeitos destas causas profundas de doença aparecem principalmente durante o período pré-natal, quando os corpos estão sendo construídos; deste ponto de vista todas as moléstias são pré-natais em sua origem, pois a possibilidade de doença que existe na consciência então é implantada nos veículos. As condições pré-natais são portanto da maior importância para a saúde dos corpos que estão sendo construídos. O karma, que poderia ser pago pela educação da consciência e com pouco ou nenhum sofrimento, é freqüentemente precipitado em doença material por um ambiente pré-natal desfavorável. Uma seção importante da prática médica do futuro será desenvolvida nesta direção. As condições pré-natais devem ser estudadas em detalhe, pois muitos pacientes poderiam ser salvos da necessidade de má saúde física através da aplicação pré-natal de medidas profiláticas e curativas. Os corpos em crescimento são peculiarmente

sensíveis a influências espirituais, assim como às materiais. Ainda que a civilização moderna o torne em grande parte impossível, uma freqüência regular aos serviços de uma igreja, e uma administração regular dos sacramentos e da cura espiritual à mãe durante a gravidez, seriam de auxílio inestimável tanto para a mãe quanto para a criança. A igreja do futuro terá atividades especiais sob inspiração direta da Mãe do Mundo (vide O Milagre do Nascimento, do mesmo autor), devotadas a ajudar as futuras mães e os Egos reencarnates. O valor deste trabalho dificilmente pode ser superestimado, nem seu efeito sobre a saúde e o físico da raça exagerado. Durante o período intra-uterino os veículos são especialmente responsivos a influências espirituais, e antes do nascimento a modificação, pelo Ego, do karma a ser cobrado é muito mais fácil de se obter. O Ego tem mais influência sobre as condições de seus corpos em seu estado embriônico do que depois que o corpo físico nasce. Mudanças produzidas nele por meios espirituais são muito mais facilmente expressas em seus veículos. Como este também é o período em que as doenças são implantadas nos corpos, fica evidente a importância da assistência espiritual, bem como do ambiente perfeito, durante a gravidez. Não existe doença acima do plano mental, seja de um planeta, sistema solar ou cosmos. Além daquele nível reina a perfeição. Somente se encontram diferenças no grau de progresso evolutivo. A cura espiritual e educativa deveria portanto se direcionar para elevar a consciência da personalidade aos reinos supramentais. Quando esta exaltação é conseguida, a perfeição dos mundos superiores automaticamente se reflete nos inferiores. Torrentes de poder dos domínios da Consciência Crística ou Sabedoria Divina no homem descem para a personalidade. A expressão no pensamento e na ação das qualidades da Sabedoria Divina é o meio mais seguro de neutralizar o karma, de corrigir o erro emocional ou mental, e de harmonizar todos os veículos. Todo paciente poderia curar a si mesmo, se apenas pudesse elevar sua consciência até aqueles domínios, trazer seu poder e luz e expressá-los em sua vida diária. A tarefa do médico é tríplice. Ele deve corrigir e curar os erros e deficiências, malformações e moléstias do corpo físico; educar a mente e as emoções; e treinar seus pacientes para descobrirem e liberarem os poderes curativos do Cristo que jaz neles. Esta é a tríplice função do curador, a expressão em si mesmo do Deus trino. Cristo é o grande médico do mundo; o Cristo no homem é o curador maior, verdadeiro e natural do homem. Pela ajuda da luz espiritual que brilha em si mesmo, o homem pode ver seus erros e deficiências, pode entender a atuação da lei sob a qual sofre. Assim fortalecido e iluminado, ele pode encontrar o poder de remediar suas deficiências e o conhecimento para satisfazer as demandas da grande lei.

Capítulo VI A DOENÇA NOS CORPOS SUTIS E FÍSICO O câncer, acima de todas, é a doença que deriva do mau uso do poder, e uma que as pessoas que evoluem sob o primeiro Raio [uma referência ao primeiro dos sete temperamentos ou raios principais em que todos os homens podem ser classificados. Vide The Seven Rays – Os Sete Raios -, de Ernest Wood], o da “vontade”, são propensas a contrair. A vontade é prostituída, é usada para dominar e empregar forças e inteligências para fins pessoais, em vez de para elevar a raça e estimular a evolução individual. Uma lei inviolável ordena que, onde o véu que oculta o invisível é perfurado, o conhecimento e o poder que forem revelados e liberados devem ser usados para o progresso do esquema evolutivo. Todo mau uso do poder, toda a prostituição de agências invisíveis e inteligências ocultas, acarretam a quem os usa o novo karma de ser ele mesmo vítima dos agentes e das forças que tem empregado. As energias internas ocultas influenciam e afetam o homem em evolução, e o karma de seu mau uso reage primeiramente a partir de dentro do próprio homem. As forças de Kundalini [um poder oculto residente no

homem, às vezes chamado de serpente de fogo. Vide The Chakras – Os Chakras -, de C.W. Leadbeater], quando mal utilizadas, afetam adversamente o sistema cérebro-

espinhal. Todas as doenças e malformações da espinha podem ser relacionadas ao mau uso do fogo serpentino. Disto se infere um princípio de que o karma do mau uso de agentes externos é o ataque e dano por entidades invasoras, enquanto que o mau uso das forças internas naturais afeta o homem a partir de dentro. O mau uso das energias emocionais, o excesso de sensualidade per se, à parte de cerimônias mágicas e profanas, tende, por correspondência, a afetar as membranas mucosas que existem nos canais e passagens do corpo. A moléstia é introduzida em uma ou mais destas membranas, como resultado. O próprio corpo astral é envenenado e ferido, e por conseguinte o corpo físico é afetado. A doença que nasce de erros no uso da mente tendem a afetar o sistema cérebro-espinhal, e mais especialmente os órgãos de cognição. Cada porção do corpo tem sua correspondência com um princípio sutil. O mau uso do princípio, ou de suas energias e capacidades, afeta o órgão físico correspondente. Este processo somente pode ser plenamente entendido depois de um estudo do período pré-natal, quando os corpos estão sendo construídos. Todas as deficiências resultantes e doenças latentes derivam deste período no ciclo de encarnação. O psicólogo moderno, mesmo estando correto em suas inferências a respeito da correlação entre o homem subjetivo e objetivo, falha ao cessar de acompanhar seu paciente longe o bastante no ciclo de encarnação. O câncer, por exemplo, começa em qualquer ciclo vital por uma modificação no corpo mental ocorrida nos primeiríssimos dias do período pré-natal. A mente é definitivamente afetada, pois uma porção da

matéria da qual o corpo mental está sendo construído é retirada de um depósito geral de matéria que foi previamente posto a vibrar na freqüência do câncer; isto ocorre através do uso de matéria que foi anteriormente utilizada no corpo mental de alguém que cometeu a transgressão da qual o câncer resulta. Uma porção do corpo emocional é marcada do mesmo modo, e teve a vibração do câncer introduzida nele por um contato direto, em outros corpos anteriores, com ações que produziram este sofrimento kármico nesta pessoa. Similarmente a matéria física que irá construir o novo corpo foi posta a vibrar na freqüência do câncer pela associação com as orgias profanas do passado. Mesmo sob estas condições aflitivas, a vibração latente do passado não precisa ser despertadas à atividade. Muitíssimas pessoas estão andando pelo mundo sob estas condições ainda sem apresentar os sintomas do câncer. Vida após vida elas tiveram a oportunidade de neutralizar seu karma e extirpar a matéria daninha de seus corpos. Só após fracassos repetidos dessa neutralização a doença latente se torna ativa nos três veículos. Do mesmo modo a respeito de todas as grandes doenças crônicas da humanidade. Uma suscetibilidade a elas está sempre presente depois de se perpetrarem as ações que produzem karma; isso é detectável na matéria, tanto dos corpos sutis quanto dos físicos; nestes, geralmente é encontrada no sangue. O médico encontra homens nos vários estágios de expressão de seus karmas, desde o período latente de suscetibilidade à doença até o período de atividade, quando os sintomas aparecem. De tudo o que se falou, veremos que o período latente é aquele em que os resultados mais favoráveis podem ser obtidos. É feita uma clara sugestão, portanto, de que todas as crianças devam ser tratadas até onde possível contra moléstias latentes. Será preciso desenvolver uma técnica onde sua presença possa ser descoberta tão cedo quanto possível logo após o nascimento e sejam tomadas medidas para sua remoção. Talvez o método ideal para se fazer estes testes seja o clarividente, mas serão desenvolvidos instrumentos a partir dos que já estão em uso, que habilitarão a ciência médica a diagnosticar moléstias latentes durante o primeiro ano de vida. O sacramento do batismo pode ser de grande ajuda para o Ego em neutralizar seu karma, por colocar poderes em suas mãos e por construir para ele ligações com o Grande Médico do Mundo, que o assistirá em direção àquela finalidade. A confirmação ou crisma leva o processo mais adiante, que pode chegar à sua apoteose na administração do Bendito Sacramento. Há uma necessidade urgente de pesquisa relativa à aplicação de auxílio espiritual para a cura das doenças.

Capítulo VII MATERNIDADE E SAÚDE

A grande necessidade do mundo moderno é uma mudança na atitude da raça em relação ao casamento, à paternidade, à mulher e ao nascimento. A mãe deve ser reconhecida como uma representante do aspecto Materno da Deidade, e a criança como o Cristo Menino recém-nascido. Maria, uma vez a santa Mãe do Senhor, agora a Divina Mãe do Mundo (vide The World Mother as Symbol and Fact – A Mãe do Mundo como Símbolo e como Realidade, de C.W. Leadbeater), envia um grande apelo aos homens para compartilharem com Ela Seu trabalho pelas mulheres e a maternidade. Ela chama todos os principais líderes e pensadores do mundo para que se reúnam sob Seu estandarte; para que se devotem ao serviço da mulher; para que trabalhem para a exaltação do ideal da paternidade, e para que formem um poderoso corpo de cavalheirescos protetores das mulheres e das crianças. Ela almeja uma resposta mundial para estes ideais, e poderia ter homens planejando uma campanha internacional para atingir os corações e mentes das nações do mundo, intercedendo com eles na causa sagrada da Maternidade. Ela vela sobre a raça humana. Encarnada na porção feminina de sua humanidade e imanente em cada criança, Ela se vê em cada mulher, e Seu Filho em cada bebê. A degradação pela qual as mulheres da raça humana têm passado deve cessar. A mancha desta degradação deve ser apagada. As crianças devem nascer na alegria; a mãe deve ser rodeada de amor e proteção, de harmonia, de beleza e de paz; ela deve ser ensinada sobre o significado espiritual de sua função, e ser preparada para seu exercício pela devoção e pela prece. Ela precisa do melhor que a civilização pode lhe dar. Nenhuma oferta é grande demais, quando feita em reconhecimento do serviço que ela presta para a raça como mãe do gênero humano. Áreas faveladas e superpovoadas, quartos mal ventilados, arredores feios, vício, auto-indulgência, apoquentações por parte do marido, e falta de limpeza e ar puro transformam a maternidade em uma tragédia pavorosa para milhares de mulheres de nossa raça. Condições que encham o ofício da Mãe do Mundo com tais tristezas devem ser removidas. As mães devem ser retiradas das favelas e áreas superpopulosas para o ar puro e a beleza das regiões interioranas. Locais apropriados para o sacramento do nascimento devem ser preparados. Os médicos devem se associar para realizar estas reformas tão necessárias. Quando os pensadores e idealistas se unirem para planejar e preparar-se para os métodos de cura da idade vindoura, a Mãe do Mundo os fará manter em mente as mães de seus filhos, e os seus próprios filhos, pois eles os livrarão de metade de seu trabalho se apenas aquelas pessoas cuidarem sábia e ternamente das futuras mães.

Se os corpos de todas as grávidas pudessem ser livres das doenças latentes, se seus sentimentos fossem purificados e suas mentes voltadas para a contemplação da beleza, em uma só geração uma raça de homens, então divinal em saúde, em força e beleza, apareceria. Todas as sementes materiais da doença, da miséria e da vergonha, que se desenvolvem depois do nascimento, são plantadas durante o período pré-natal. Todas estas coisas estão latentes no corpo e na alma, plantadas durante os meses da espera pelo nascimento. Portanto, deve ser empreendido o planejamento e execução do trabalho de despertar a consciência do homem para estes fatos fundamentais, chamar sua atenção para as esplêndidas oportunidades de construir uma raça saudável, esplêndida e divinal pela provisão de um ambiente perfeito para a maternidade. Ela, a própria Mãe do Mundo, penetra em todas as câmaras de nascimento. Ela oferece Seu serviço em cada favela, em cada prisão e em cada vila. Nenhuma mulher é baixa o suficiente para cair fora de Seu amoroso abraço todo-abrangente. Ela honra até mesmo a mais degradada, em nome da Mãe Divina que Ela vê lá dentro. Ela santifica o sacrário do nascimento e acolhe cada bebê humano neste dossel sublunar. Se Ela própria serve assim, não servirá também a humanidade? Se cada sociedade organizada, secular ou sacra, religiosa ou profana, devotasse um pouco de seu tempo e energia a esta grande causa, o futuro da raça seria transformado como por milagre. O físico e a consciência das crianças da idade vindoura seria melhorado além de toda imaginação. Se as sociedades médicas e instituições filantrópicas pudessem ser levadas a perceber e reconhecer a urgência desta necessidade, um futuro magnífico para a raça poderia ser assegurado. O conceito do aspecto Materno da Deidade deve ser trazido de volta para a religião ocidental, de modo que possa permear cada patamar da sociedade. Que valor existe em erguer santuários e igrejas a Nossa Senhora, se por seus atos e vidas os homens negam o verdadeiro princípio que Ela representa? Nossa Senhora permanece velando pela humanidade, procurando aqueles que desejam serví-La, buscando aqueles que responderão ao Seu chamado, os que Ela pode recrutar como cavaleiros [referência ao

ideal dos cavaleiros medievais, onde o amor pela mulher era altamente idealizado, a bravura para realização de feitos gloriosos era requisito indispensável, e onde a proteção aos mais fracos era um princípio diretor – NT] em Seu serviço. Jamais foi tão grande a necessidade do cavalheirismo para com as mulheres e das cavalheirescas empreitadas em seu nome quanto a que hoje se manifesta em todas as nações do mundo. Seus cavaleiros obterão uma recompensa plena, pois Ela própria os conduzirá, abençoará e inspirará todas as suas iniciativas com o espírito de Sua graciosa benevolência, Sua compaixão e Seu poder. Assim Ela chega mais perto dos povos da Terra, procurando aqueles que A servirão na grandiosa tarefa que é o Seu ofício na hierarquia dos “homens justos tornados perfeitos”, que vivem para servir o mundo. Ela está procurando e chamando nos mundos internos, e agora poderia achar vozes no externo, homens e mulheres que assumirão a Sua causa, lutarão Suas batalhas e A representarão no campo da iniciativa humana e do sacrifício.