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Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis Ano VIII ed. 19 [outubro, novembro e dezembro de 2013] Projeto de Extensão busca alertar população sobre os riscos da automedicação FCL promove a quarta edição do Fesval da Palavra 3 8 Uma práca tão comum no nosso país, mas que pode causar problemas graves de saúde. Páginas 4 e 5 UNESP Assis realiza a segunda edição da Gincana Literária 6 Semana da Liberdade Criava movimenta vida cultural no câmpus Foto: www.mdemulher.abril.com.br

Uma prática tão comum no nosso país, mas que … por Italo Mariconi com contos de consa-grados autores, como Machado de Assis, Cla-rice Lispector, Dalton Trevisan, Lygia Fagun-des

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Page 1: Uma prática tão comum no nosso país, mas que … por Italo Mariconi com contos de consa-grados autores, como Machado de Assis, Cla-rice Lispector, Dalton Trevisan, Lygia Fagun-des

Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis

Ano VIII ed. 19 [outubro, novembro e dezembro de 2013]

Projeto de Extensão busca alertar população sobre os riscos da automedicação

FCL promove a quarta edição do Festival da Palavra

3 8

Uma prática tão comum no nosso país, mas que pode causar problemas graves de saúde.Páginas 4 e 5

UNESP Assis realiza a segunda edição da Gincana Literária 6Semana da Liberdade

Criativa movimenta vida cultural no câmpus

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ARTIGO

Reitor: Julio Cezar DuriganDiretor: Ivan Esperança RochaVice-Diretor: Ana Maria Rodrigues de Carvalho Coordenação: Cláudia Valéria Penavel BinatoProfessor colaborador: Áureo BusettoEdição: Equipe do JNCTextos e Reportagens: Diogo Munhoz Sigari, Mayara PavanatoRevisão: Cláudia BinatoDiagramação: Mayara PavanatoColaboração Técnica: Lucas LuttiEsta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Núcleo Integrado de Comunicação. Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail: [email protected]

Expediente

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POESIA NO FEMININO: MARIA TERESA HORTA

de Isabel Lobinho. Sua trajetória como

poetisa, jornalista e feminista segue cau-sando impacto no cenário cultural por-tuguês, já que Teresa continua produzindo regularmente novos livros, não só de po-esia. Em 2011, por exemplo, publicou As luzes de Leonor, ro-mance em que conta a história da poetisa que ficou conhecida na literatura portu-guesa pelo nome de Marquesa de Alorna e de quem Teresa é des-cendente.

Para terminar com uma ilustração da po-ética de Maria Teresa Horta, transcrevo um poema sem título, que

integra o volume Os anjos e que tem pro-funda relação com o restante da obra da escritora:

Voamos a lua,menstruadas

Os homens gritam:- são as bruxas

As mulheres pensam:- são os anjos

As crianças dizem:- são as fadas

No cenário da li-teratura portuguesa contemporânea, há uma escritora infeliz-mente ainda pouco lida no Brasil. Falo de Maria Teresa Horta, que começou a publi-car sua longa lista de livros em 1960. Em sua obra vemos, final-mente, a voz de uma mulher que afirma sem meias palavras seu corpo, sua sexua-lidade, seus desejos.

Um de seus livros mais interessantes é Minha senhora de mim, de 1971, que traz em seus poemas ecos da literatura medieval portuguesa, tratados desta vez por um eu assumidamente femi-nino e consciente de

seu corpo e sexuali-dade. O livro foi cen-surado em Portugal, ainda sob ditadura, e a autora sofreu várias perseguições por cau-sa da ousadia de suas palavras, chegando mesmo a ser agre-dida fisicamente na rua. Quem diria que a poesia de uma mu-lher teria tanta força, a ponto de incomo-dar os truculentos de plantão?

Mas Teresa não de-sistiu: em 1972 publi-cou, com outras duas escritoras (Maria Isa-bel Barreno e Maria Velho da Costa), a obra coletiva Novas cartas portuguesas, livro que foi também censurado, por desa-

fiar a moral e os bons costumes da época, levando mesmo suas autoras à prisão. Esse livro pode ser con-siderado um divisor de águas na literatura portuguesa do século XX e é um dos poucos livros da autora com edição brasileira.

Seguindo com seus desafios às institui-ções, em 1975 Tere-sa publica Educação sentimental, com po-emas sobre a desco-berta do corpo e da sexualidade, de uma perspectiva feminina. Em 1983, com Os an-jos, cria poemas em que voam seres an-dróginos e mulheres aladas, com ilustra-ções bastante eróticas

*Ana Maria Domingues de Oliveira é professora doDepartamento de Literatura da UNESP/Assis

Nosso Câmpus out-nov-dez/2013

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3 Nosso Câmpus out-nov-dez/2013

Diogo Sigari

II Gincana Literária incentiva a leitura de contos e crônicas

LITERATURA

A Biblioteca Acá-cio José Santa Rosa, da UNESP/Assis, realizou, de 01 a 25 de outubro, a “II Gincana Literá-ria: em busca dos con-tos perdidos”. A ginca-na, baseada nos jogos Riddle, que se propõe, por meio do raciocí-nio, resolver enigmas em imagens, frases ou ambas, todos relaciona-dos à literatura. O tema da segunda edição foi “contos, crônicas, con-tos de fadas e fábulas” e,

assim como a primeira, fez parte da XIV Sema-na da Biblioteca.

A Gincana é digital e consiste em solucionar enigmas por meio de dicas escondidas. Após descobrir a resposta, o participante deve colo-cá-la no final da URL da página do enigma. São, no total, 40 fases (enig-mas) a serem soluciona-das.

Os jogos da Gincana Literária ainda estão em atividade, disponíveis aos interessados, mas sem os prêmios ofere-

cidos durante a Semana da Biblioteca. Quatro jogadores finalizaram os 40 enigmas até o dia 25. Todos foram galar-doados com livros; ao primeiro lugar foi reser-vado o livro “Os Cem Melhores Contos do Sé-culo”, coletânea organi-zada por Italo Mariconi com contos de consa-grados autores, como Machado de Assis, Cla-rice Lispector, Dalton Trevisan, Lygia Fagun-

des Telles, entre outros. Além de disponi-

bilizarem os jogos da segunda edição da Gincana Literária, os funcionários da Biblio-teca pretendem resga-tar os jogos da primeira edição no blog: http://gincanaliteraria.word-press.com/.

A Gincana Literá-ria funciona como um desafio ao raciocínio e incentivo à leitura. Du-rante a XIV Semana

da Biblioteca também ocorreram outras ativi-dades, como mesas de RPG, oficina de mangá e a atividade “Contan-do, cantando e encan-tando com Vinícius de Moraes e Ruth Rocha”, tendo as crianças do Centro de Convivên-cia Infantil (CCI) como público-alvo. Durante a semana também foram apresentadas as obras em Braille pertencentes à Biblioteca.

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A Gincana Literária motiva a Universidade a se interar com a literatura e agregar conhecimentos

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Momento da premiação com a ganhadora, Giselli Hara Macedo

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PROjETO DE ExTENSãO buSCA AlERTAR A POPulAçãO SObRE RISCOS DA AuTOMEDICAçãO

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Mayara Pavanato

A Organização Mun-dial de Saúde (OMS) não condena a auto-medicação de certos remédios, isto é, far-mácias podem ven-der medicamentos não tarjados, os de venda livre, sendo dispensá-vel a apresentação da receita médica. Con-tudo, é imprescindível que haja orientação de um farmacêutico, que saberá indicar a dose a ser tomada, o tempo do tratamento, bem como os seus efeitos resultantes e colaterais.

Porém, no Bras i l , o acesso a consultas ou atendimento mé-dico é muito dif íci l. As Unidades de Saúde têm poucos médicos e , às vezes , nem os têm. Quando eles se encontram nessas Uni-dades, nem sempre o paciente recebe a de-vida atenção. Muitas consultas não duram nem cinco minutos, tempo extremamente exíguo para o médico fazer um diagnóstico preciso e dar explica-ções. Os médicos ale-gam que são obrigados a se limitarem a esse tempo diminuto por-que a remuneração por consulta é desprezível. Além disso, o pacien-te quase sempre deve

aguardar meses, e até ano, para ser atendido por um especialista. Tudo isso faz com que a população se auto-medique recorrendo a um farmacêutico ou atendendo a sugestões de amigos, vizinhos ou parentes.

A UNESP de Assis desenvolve um Projeto de Extensão, coorde-nado pela professora Lucinéia dos Santos, ch am a d o “R i s c o s e Fatores associados à automedicação”, que busca justamente aler-tar acerca dessa prática tão comum no Brasil.

A professora chama a atenção para vários procedimentos de ris-cos, por exemplo: a in-teração medicamento-sa, ou seja, influências recíprocas de medi-camentos, caso sejam administrados juntos; a ingestão de AAS (áci-do acetilsalicílico) por uma criança que está com febre ou virose pode desenvolver nela a Síndrome de Heye, doença encefalopática; o uso de paracetamol é hepatotóxico e, de-pendendo da dose e da sensibi l idade do paciente, pode levar a doenças do fígado, como hepatite e cirro-se; a ingestão de álcool com cer tos medica-mentos pode acarretar

ou potencializar pro-blemas. Uma pessoa com dengue não pode us ar me dicamentos que contenham ácido aceti lsal icí l ico, pois corre o risco de sofrer hemorragia. Também, não se pode ingerir

e s s e m e d i c a m e n t o com chá de camomila. A erva de São João é um fitoterápico com propriedades antide-pressivas, mas que não pode ser administrado com antidepressivos sintéticos, pois pode

provocar reações. Acerca dos fitoterá-

picos, também é cul-tural em nosso país adminis t rá- los s em prescrição médica e dosagem adequada. É comum serem eles usa-dos, por indicação de

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Imagem de dados do sistema do acervo digital

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PROjETO DE ExTENSãO buSCA AlERTAR A POPulAçãO SObRE RISCOS DA AuTOMEDICAçãO

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ESPECIAL

amigos ou familiares, sem nenhuma preocu-pação.

Para a coordenadora do Projeto, o excesso de propagandas de me-dicamentos também incentiva a prática da automedicação. As in-dústrias farmacêuti-cas reconhecem essa tradição brasileira e a

exploram. As farmá-cias, antigos estabe-lecimentos voltados à saúde, passaram, de fato, para lojas comer-ciais que praticam a “empurroterapia”, com o objetivo de vender medicamentos a todo custo. Na verdade, os laboratór ios farma-cêuticos, com maior

margem de lucro, cos-tumam premiar mé-dicos e farmácias que prescrevem seus pro-dutos.

Quarenta por cento das intoxicações no Bras i l são causadas por medicamentos, na maioria dos casos. Essa porcentagem pode ser ainda maior pelo fato

Nosso Câmpus out-nov-dez/2013

de que grande parte das ocorrências não é relatada e, portanto, não entra nas estatís-ticas. A automedica-ção é uma prática que pode levar à intoxica-ção e à morte.

Os p ar t ic ip antes do Projeto realizaram uma pesquisa com os profissionais da saúde de Assis para auferir seu conhecimento a respeito da autome-dicação. Todos reco-nheceram que essa prática é frequente e ocorre em todas as c lass es s o c iais . Os pesquisadores pude-ram p erceb er que , ainda para alguns de-les, há falta de co-nhecimento sobre o assunto.

A professora Luci-néia propõe o inves-timento no ensino e na formação de bons prof iss ionais como solução desse pro-blema. Para ela, tudo passa pela educação. Também as univer-s idades e o gover-no devem promover campanhas educati-vas sobre os riscos da automedicação. Além disso, é necessár io que as informações cont idas nas bulas sejam simplificadas e que sejam impressas

em letras maiores. Em sua opinião, os avisos sobre os riscos da au-tomedicação devem ser expostos como os alertas em maços de cigarros.

No Projeto, a divul-gação das informações tem sido feita pelas mídias: panfletos, jor-nais, revistas, televi-são e rádio. Palestras também são formas de conscientização. Uma delas foi realizada no dia 17 de outubro, no Câmpus de Assis, para a população idosa. A professora disse que os idosos têm o me-tabolismo mais lento, necessitando o orga-nismo de mais tempo para realizá-lo, razão por que os cuidados com os medicamentos sejam redobrados. As reações medicamento-sas também merecem atenção, uma vez que, em média, os idosos tomam, por dia, oito medicamentos di fe-rentes.

Para a profess ora Lucineia dos Santos é importante a partici-pação dos alunos nesse Projeto que propicia aos estudantes esten-derem o conhecimento além da universidade, tornando-se agentes de mudança.

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SEMANA EM quE ARTE E lIbERDADE SE uNEM NO CâMPuS DE ASSIS

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Diogo Sigari

De 14 a 19 de outubro, ocorreu a VII Semana de Liberdade Criativa, evento já tradicional. Desde 2007, foram re-alizadas 7 edições, uma a cada ano, na UNESP/Assis. O evento, o maior não- institucional do Câmpus, propôs uma semana dedicada à arte: música, teatro, interven-ções e oficinas de mini-cursos foram atividades que ocorreram durante a semana. O evento busca incentivar a arte, livre de opressões.

Foram realizadas ofi-cinas de teatro, dança, fotografia, haikai, dread, filtro dos sonhos, entre outras. Na quarta-feira

o Cineclube do Câm-pus exibiu uma mostra de filmes no Diretório Acadêmico (DA), o Noi-tão “Febre, Aspirinas e Tropicália. Já na sexta, as atenções se voltaram, principalmente, para a atração musical “Som no Ponto de Ônibus”, onde duas bandas se apresen-taram: Papoula e Boga Fire.

No sábado, dia 19, ocorreu o popular “Fes-tival da Transcendência”. Nove bandas e inter-venções seguidas foram apresentadas no Festival desde as 14h. Sarau Mi-litante, Heresia Blues, Vamo Vovô Big Band foram algumas das ban-das apresentadas. Houve também intervenções de

SEMANA DA LIBERDADE CRIATIVA

Os presentes puderam treinar técnicas de malabares

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Durante a semana aconteceram shows no Som do Meio DIa

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SEMANA EM quE ARTE E lIbERDADE SE uNEM NO CâMPuS DE ASSIS

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SEMANA DA LIBERDADE CRIATIVA

pintura corporal duran-te os shows, e grafites em latões de lixo com o Coletivo Revolta dos Artistas: CeZinhA, Mai-sa Ettore e Fábio Nagate

Pirofagia durante o Festival da Transcendência

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foram os artistas convi-dados. Para a entrada, era necessário 1kg de alimento não perecível.

“A Semana de Liber-dade Criativa representa

um momento de fruição no Câmpus. É quando nos voltamos menos para a arte acadêmica e mais para a arte li-vre, sem amarras”, disse

Nayara, graduanda em Letras que participa pela segunda vez do evento.

Para a Semana de Liberdade Criativa vie-ram pessoas de outras

cidades e graduandos de outros câmpus da UNESP.

O Evento movimen-tou o Câmpus de Assis durante a semana.

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Mayara Pavanato

UNESP/Assis realiza o IV Festival da PalavraFESTIVAL

A quarta edição do Fes-

tival da Palavra aconteceu

no Câmpus de Assis nos

dias 7 e 8 de novembro. A

programação foi extensa

e buscou contemplar arte,

cultura e discussões acerca

do tema “Arte e Loucura”.

O homenageado foi Gui-

marães Rosa, grande escri-

tor da literatura brasileira,

autor de obras muito ricas

e importantes.

O primeiro dia do even-

to iniciou-se com a mesa

de abertura, composta

pelos organizadores e par-

ceiros do Festival. Em se-

guida, houve conferência

poética, com Luís Sergui-

lha, poeta e crítico literário

de Portugal; leitura dramá-

tica com Alexandre Mello

e leitura do conto “A me-

nina de lá”, de Graciliano

Ramos, com Eliane Dauz-

cuk. Também foi montada

a Livraria UNESP Móvel,

da Editora UNESP. É uma

maneira bem interessante

de divulgar as publicações

que a Universidade tem e

levá-las até os estudantes e

público em geral.

À noite, as atividades

continuaram com os sho-

ws de Emiliano Castro e

Elio Camalle. Também

houve um sarau, com a

participação especial do

professor Antônio Lázaro

de Almeida Prado e os de-

clamadores Fernanda de

Almeida Prado, Alexandre

Mello e Luís Serguilha.

No segundo dia, parte

da manhã, o Festival co-

meçou com uma oficina

ministrada por Clenir Bel-

lezi de Oliveira a respeito

do conto “A terceira mar-

gem do rio”, de Guimarães

Rosa. Em seguida os con-

vidados participaram de

um sarau aberto de poesia,

que teve a participação de

Clenir Bellezi de Oliveira,

Raiça Bonfim, Eduardo

Lacerda, Fernanda Almei-

da Prado e demais alunos

e professores da UNESP.

Além disso, houve lança-

mento e distribuição de li-

vros. Para animar o almo-

ço foi feito o “Som do meio

dia”, com a banda Pratas

da Casa. No período da

tarde, a convidada Márcia

Tiburi fez uma palestra a

respeito da filosofia poé-

tica, intitulada “Elogio da

Loucura - sobre uma certa

anormalidade”. Márcia é fi-

lósofa renomada e profes-

sora do programa de pós-

-graduação em Educação,

Arte e História da Cultura

O evento teve uma programação repleta de atividades artísticas e culturais

O Som do Meio Dia ficou por conta da banda Pratas da Casa

A convidada Clenir Bellezi de Oliveira falando a respeito do conto de Guimarães Rosa

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UNESP/Assis realiza o IV Festival da PalavraO evento teve uma programação repleta de atividades artísticas e culturais

da Universidade Macken-

zie. Após sua palestra foi

apresentado um show

musical intitulado “Som

dos meninos quietos”, com

Jean Garfunkel, Joana Gar-

funkel e Pichu Borelli, que

se reportou à infância de

Guimarães Rosa.

À noite, o público parti-

cipou de shows musicais no

“Buracanã”. O primeiro foi

com Guca Domenico com

a participação dos músicos

Liw Ferreiras e Neide Nell

e dos atores Alexandre

Mello e Raiça Bonfim. A

segunda apresentação foi

do Projeto Funkenstein,

com Randal Ortiz no sax,

Rafael Campo no trompe-

te, Juliano Boretti na gui-

tarra e Vinicius Cruz na

guitarra e voz. O show teve

a participação especial de

Mariele Correa e Serginho

Vasconcelos. Para encerrar

o Festival, apresentou-se o

grupo Rabutaio, composto

por André Oliveira na za-

bumba e voz, Fábio Bello

na viola, triângulo e voz, e

Márcio Dedéu no acorde-

on e voz.

O Festival da Palavra é

uma idealização de Ana

Maria Rodrigues de Car-

valho, Mário Sérgio Vas-

concelos, da UNESP de

Assis, e Fernanda de Al-

meida Prado , da Chama

Poética - Produções artísti-

cas. Nessa edição a comis-

são organizadora foi com-

posta por Alan Ricardo

Floriano Bigeli, Ana Maria

Rodrigues de Carvalho,

Eder Copabianco, Gean-

dra Parmigiani, Mário Sér-

gio Vasconcelos, Miriam

Alves de Oliveira Granero,

Sandra Aparecida Ferreira

e Sérgio Augusto Zanotto.

Outras duas atividades

do Festival da Palavra fo-

ram as exposições monta-

das no saguão do Prédio I:

uma com fotografias reu-

niu as memórias do Fes-

tival: imagens das edições

passadas; a outra, com

cartazes, organizada pela

professora Brigitte Her-

vot e intitulada “Diga-me

dez palavras semeadas lá

longe”, foi uma atividade

relacionada à Semaine de

la langue française et de la

francophonie. Trata-se de

uma manifestação cultu-

ral organizada desde 1995

pelos países falantes da

língua francesa ao redor

de todo o mundo. A cada

ano, 10 palavras francesas

são selecionadas para figu-

rarem no projeto. Este ano,

as escolhidas foram: atelier,

bouquet, cachet, coup de

foudre, équipe, protéger,

savoir-faire, unique, vis-

-à-vis e voilá. Esta é uma

oportunidade para o pú-

blico conhecer uma das di-

versas formas de manifes-

tações da cultura francesa.

A exposição “Diga-me dez palavras semeadas lá longe”, da professora Brigitte Hervot

O cartaz do IV Festival da Palavra

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MEU PROJETO DE PESQUISA

A insustentável leveza do ser sob a perspectiva bakhtiniana: diálogo(s) entre a literatura e a vida

As reflexões do chamado Círculo de Bakhtin sobre a arte tem como uma de suas ideias principais a de ser esta construída de elementos da vida, num processo dialógico em que as duas instâncias en-tram em choque e interação. As diversas manifestações ar-tísticas, assim – incluindo aí a literatura –, são produto do diálogo entre a arte e a vida, no contexto da cultura em que tais instâncias estão inse-ridas, contexto este indissoci-ável de um espaço social e de um tempo histórico, em que se dá a produção do enuncia-do artístico.

Partindo desse pressupos-to é que a pesquisa de ini-ciação científica, financiada pela FAPESP e orientada pela Profª Drª Luciane de Paula, intitulada “A leveza e o peso, a alma e o corpo, a força e a fraqueza: relações de diálogo na compreensão de A insus-tentável leveza do ser”, pensa em como o diálogo entre as seis palavras-tema acima em-basa a construção do roman-ce de Milan Kundera que, por sua vez, dialoga com a vida, já que a semiotiza partindo da narração da vida das perso-nagens que, cada uma à sua maneira, vivenciam a leveza insustentável que é inerente a uma vida em que cada deci-são tomada não pode ter suas consequências previstas e, muito menos, alteradas.

O corpus da pesquisa é composto por seis palavras--tema (a leveza, o peso, a alma, o corpo, a força, a fra-queza), mais dezesseis capítu-los do romance de Kundera, dos quais é possível depreen-der nuances do diálogo en-tre os temas constitutivos da base para as reflexões filosó-ficas que orientam seu enre-

do. Tais temas são pensados como pares dicotômicos, vale dizer, como dualidades inse-paráveis, valorativamente, in-tercambiáveis e constituintes de conflitos inerentes à vida humana, semiotizada na vida das personagens do romance.

O método de análise proposto pelo Círculo de Bakhtin é sociológico, pois parte de princípios marxistas. Alguns pesquisadores da área o denominam “método dia-lógico-dialético”, sendo ainda possível considerá-lo como “translinguístico” ou “meta-linguístico”. A nomenclatura é o que menos importa, uma vez que o diálogo é o grande pilar sobre o qual tal método é calcado. Assim, na análise dos capítulos que constituem o corpus da pesquisa, visamos desconstruir o seu constituin-te linguístico para, mais tarde, pensarmos em sua qualidade translinguística, isto é, que remete para fora de si, trans-mite valorações e conteúdos ideológicos. Isso afirmamos com base na ideia segundo a qual a palavra é opaca e pas-sível de sentidos diversos, de-pendendo do seu emprego no enunciado; daí o caráter ide-ológico do signo linguístico ser ressaltado nesta pesquisa, conforme o pensamento do Círculo.

Os temas principais do ro-mance, a começar do seu títu-lo, são a leveza e o peso. Tais palavras têm, neste contexto, seus sentidos valorativamen-te invertidos: o narrador lan-ça, já nos primeiros capítulos do romance, a ideia de que a leveza comporta peso e vice--versa, podendo aquela se transformar num fardo in-sustentável. Tal ideia surge, em digressão filosófica, quan-do é colocado em destaque o

diálogo com o mito do Eter-no Retorno, de Nietzsche e a valoração dada por Parmêni-des à leveza e ao peso.

O mito do Eterno Retorno remete a uma vida na qual tudo o que é nela vivido se repete um número infinito de vezes e de maneira idêntica. Tal ideia, para o narrador do romance de Kundera, é atroz: nesse mundo, cada gesto e cada decisão carregam um peso insuportável: o peso da eternidade. Contudo, o Eter-no Retorno não existe – nem na vida, nem na ficção retra-tada em A insustentável leve-za do ser – e, sendo assim, a vida é efêmera; o que faz com que ela se torne leve.

A contradição entre a leve-za e o peso é, contudo, ambí-gua e passível de inversão de sentidos. Essa segunda ideia parte de outra reflexão do narrador, desta vez orientada pelo pensamento de Parmê-nides, segundo o qual a leveza é positiva e o peso, negativo. A formulação de Parmênides é colocada em cena e refutada no discurso romanesco. Se-gundo o narrador, a aparente dicotomia entre a leveza e o peso comporta mais misté-rios do que aparenta e pode passar por transformações: a mudança do positivo em ne-gativo, ou seja, do pesado em leve.

As formulações do nar-rador acerca da leveza, do peso e da dualidade ambígua existente entre tais instâncias da vida são postas à prova no que é narrado por ele acerca das personagens do romance, que são apresentadas ao lei-tor em momentos de conflito existencial, sendo tais confli-tos sempre relacionados aos temas do romance. Dessa maneira, o entendimento dos

temas é enriquecido pela experiência semiotizada no romance e vice-versa.

Assim, Tomas, a certa al-tura do romance, é apresen-tado ao leitor num momen-to de reflexão a respeito do acerto ou do erro de decisões que tomara e está prestes a tomar, levado à melancolia decorrente da impossibili-dade de verificar o acerto ou o erro dessas mesmas de-cisões. O mesmo acontece com Sabina, atingida após tomar uma decisão aparen-temente leve, por um fardo paradoxalmente desprovido de peso da insustentável le-veza do ser.

As reflexões presentes no romance acerca de seus dois temas principais é, cla-ramente, mais complexa do que as breves considerações feitas aqui; contudo, devi-do à delimitação espacial que se impõe à escrita deste pequeno artigo, é-nos ne-cessário (ao menos, tentar) resumi-la. O(s) diálogo(s) presente(s) na construção desses temas são infinitos e remetem a discursos e a enunciados anteriores e pos-teriores, que constituem um enunciado dialógico, um elo na cadeia discursiva, bem à maneira como o Círculo os pensa.

O diálogo, assim, é o que dá forma ao romance de Kundera, uma vez que seus temas são sempre retoma-dos, de maneira que a cada momento o sentido atribuí-do à insustentável leveza do ser é enriquecido, na inte-ração estabelecida entre o enunciado, seu autor-cria-dor e seu leitor. Tal interação é condição indispensável à concretização do romance como unidade comunica-

tiva. O leitor pode, assim, estabelecer diversas relações dialógicas na construção do sentido do texto. O diálogo com Nietzsche e Parmênides, que é explícito no romance, é enriquecido quando coloca-do no contexto de um reper-tório cultural ligado ao tempo e ao espaço em que o leitor se encontra.

Desse modo, o leitor, com base naquilo que vivencia na vida, sempre de maneira res-ponsável, atribui sentido à arte. Pois, quem nunca tomou uma decisão e, como Tomas, se perguntou se estaria fa-zendo a coisa certa? Quem nunca, como Sabina, sentiu o fardo leve do vazio existen-cial tomar conta de seu ser? A insustentável leveza da vida, parafraseando-se Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas, está exatamente no fato de que não se sabe viver, até que se viva; e o eterno aprender--a-viver é que é, mesmo, vi-ver, sem que se possa, nunca, saber o que está por vir.

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*Aline Aleixo SoaresGraduanda do 2º anode Letras

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Nosso Câmpus out-nov-dez/2013