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UMA REFLEXÃO SOBRE AS RELIGIÕES AFROBRASILEIRA E SUA ABORDAGEM

NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

Maria de Fátima Possa Montanheiro1 Alfredo Moreira da Silva Júnior2

RESUMO

Este artigo é fruto de investigações sobre a cultura afrobrasileira objetivando a

identificação e práticas religiosas remanescentes dos escravos africanos no Brasil, bem

como seus reflexos na sociedade ao longo do tempo, visa ainda a compreensão do

funcionamento e da dinâmica de duas vertentes religiosas derivadas da cultura

africana: a umbanda e o candomblé. O desenvolvimento do Trabalho de Campo nesta

pesquisa, foi realizado no Colégio Estadual Rio Branco – EFMNP, com uma turma do

Curso de Formação de Docentes do 1º ano, período vespertino, de fevereiro a junho de

2013. Foram avaliados alguns livros didáticos da área de História, buscando a forma

com que seus autores abordaram a história e a cultura afrobrasileira em especial nos

seus aspectos ligados às realizações da matriz africana. Através de estratégias de

ensino e aprendizagem apropriadas tentamos levar os educandos uma possibilidade

de compreensão das manifestações das práticas religiosas afrobrasileiras como

contribuição cultural dos povos africanos à nossa sociedade.

Palavras- chave: Cultura. Religiões afrobrasileiras. Legislação. Livros didáticos.

1 INTRODUÇÃO

Na disciplina de História, a maioria dos livros didáticos até os anos 1980, era

produzida sob um prisma marxista, o que ocasionava uma percepção socialista e

globalizante por parte dos professores em sala de aula, principalmente nos cursos

1 Graduada em História e Geografia. Professora de História do Colégio Estadual Rio Branco – EFMNP,

em Santo Antônio da Platina – PR. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional -

2012/2013 – SEED/PR. 2 Doutorando em Ciências das Religiões. Docente do Departamento de História da Universidade Estadual

do Norte do Paraná - UENP.

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superiores, e não raro tais professores também eram autores desses livros que eram

adotados na educação básica.

Dessa forma, pode-se considerar que não havia questionamentos metodológicos

por parte dos docentes da educação básica e em especial da escola pública justamente

por conta das características de sua formação acadêmica e aversão para qualquer

história que não fosse marxista. Por outro lado, o que caracteriza a conjuntura atual é

uma altíssima e crescente velocidade de transformação, que faz com as pessoas

estejam abertas e flexíveis para questionar e modificar seus paradigmas, para

sobreviver num mundo em transformação, e a escola não pode ficar indiferente, é

preciso reconhecer que não é mais a única detentora do saber, e o livro didático não dá

mais conta de acompanhar todos os acontecimentos que pode ser acessados via

Internet, independente de tempo e espaço, e que as grandes teorias, tais como a

marxista, são incapazes de dar conta da imensa complexidade cultural na qual a

sociedade se vê imersa.

Nossos legisladores, atentos à necessidade de valorização de outros aspectos

da cultura brasileira inovaram com a Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008 que

estabeleceu:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. § 1

o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos

aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. § 2

o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos

indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e histórias brasileiras.

Por outro lado as religiões comumente não fazem parte dos livros didáticos.

Dessa forma na religião abordada na disciplina de História, “vê-se a valorização de

grupos particulares, em locais e períodos específicos. Só recentemente surgiram

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trabalhos sobre gênero, minorias étnicas e religiosas, hábitos e costumes, incorporando

metodologias e conceitos de outras disciplinas”.

Analisando os livros didáticos de História disponíveis para educação nas escolas

públicas, observa-se quase que totalmente a ausência de conteúdos referentes à

cultura afrobrasileira e em especial àqueles referentes as religiões. Esta ausência pode

estar atrelada tanto ao fato de não se ter efetivamente uma história escrita sobre as

religiões afrobrasileiras quanto a uma resistência em se abordar o assunto.

Questionam-nos quanto ao papel dos livros ante a obrigatoriedade da Lei 11.645

/2008 e as possibilidades de abordagem das religiões afrobrasileiras diante das

dificuldades encontradas pelos professores por conta de uma formação acadêmica que

desprezava este tema.

Nosso objetivo foi o desenvolvimento de possibilidades metodológicas para o

ensino da cultura afro-brasileira que permitissem identificar práticas expressivas de

religiosidade dos escravos africanos no Brasil e seus reflexos desta sociedade ao longo

do tempo; buscamos ainda compreender o funcionamento e a dinâmica de duas

vertentes religiosas derivadas da cultura africana: a umbanda e o candomblé; avaliando

os livros didáticos de História desenvolvendo métodos de ensino capazes de levar os

educandos à compreensão das manifestações e das práticas afrobrasilerias como

contribuição cultural desses povos à nossa sociedade.

2 RELIGIÕES AFRICANAS

Considerando que as religiões africanas tradicionais não apresentam textos

escritos, boa parte do conhecimento que temos sobre essas religiões, reunido durante

os últimos séculos, apóia-se nos relatos de observadores europeus, sejam eles

mercadores, colonizadores ou missionários. Tais descrições são muito influenciadas

pelas constantes comparações entre a vida religiosa e cultural do local e o cristianismo

e a cultura ocidental. Mais recentemente, etnólogos e antropólogos sociais vêm se

utilizando de métodos científicos modernos para estudar as religiões africanas, porém

mesmo eles as vêem de uma perspectiva externa.

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Uma fonte de conhecimento sobre as religiões africanas são os mitos que

sobreviveram por meio da tradição oral, mas deve-se considerar que o conteúdo das

histórias contadas pode ter se alterado ao longo das gerações. As religiões primais,

assim como todas as outras, são influenciadas por fatores externos, e muitas adotaram

elementos do islã ou do cristianismo. (GAARDER; HELLEN;NOTAKER,2000,p. 89).

Logo, ao agrupar as religiões africanas sob um só rótulo, deve-se ter em mente

que seu número equivale ao de povos existentes na África. Cada uma tem seu próprio

nome para Deus, seus próprios rituais de cultos, suas idiossincrasias. [...]

(GAARDER;HELLEN;NOTAKER,2000,p. 89-90)

O continente africano, na época das grandes levas de escravos, era ainda mais

fragmentado politicamente do que é hoje. O conceito de nação ou Estado, em seu

significado mais restrito, não encontra correspondente na realidade geopolítica africana

desse período. Diversas nações de tribos fragmentavam qualquer idéia de unidade

cultural, ainda que, cercadas pela selva, muitas dessas comunidades nunca tivessem

entrado em contato nem tido notícia da existência de outras. Isto resulta numa grande

diferença de culto de região para região, onde os nomes de um mesmo orixá são

absolutamente diferentes.

No Brasil, porém, pode-se notar um culto predominante do ritual e das

concepções iorubá - um povo sudanês da região correspondente à atual Nigéria, que

dominou e influenciou politicamente e culturalmente um grande número de tribos. Esse

culto se estendeu por toda a América, com exceção (se bem que há notícias do

estabelecimento cada vez maior destes cultos) da América do Norte, com maior

destaque para Cuba e Brasil.

2.1 RELIGIÃO

Definir religião ou conceituá-la envolve conceitos subjetivos, individuais a partir

de certa realidade. Pode-se defini-la como sendo “a fé em Deus”, mas, assim, está

partindo de uma experiência religiosa de uma determinada sociedade que acredita em

Deus, excluindo aquelas religiões em que Deus não ocupa um lugar importante ou não

é cultuado, da mesma maneira quando se define como sendo “o ópio do povo”, também

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está selecionando-se subjetivamente certo aspecto da religião com a função de

legitimar a miséria, a injustiça. Portanto existem muitas outras definições já que o

fenômeno da religião tem muitíssimos aspectos a ser considerados.

Droogers ( 1987, p. 9,10), observa com razão:

[...] que a definição perfeita de religião não existe [...]. Pensamos que a definição deve expressar a verdade sobre um fenômeno, com a autoridade de, p. ex., um dicionário, uma enciclopédia, ou um entendimento no assunto. Mas ela é apenas ferramentas, instrumento de trabalho, maneira de combinar uma regra para facilitar o trabalho, maneira de combinar uma regra para facilitar o trabalho. Se queremos falar sobre um assunto, p. ex., as religiões existentes no Brasil, é prático dizer de antemão o que entendemos por religião, para delimitar a área e para evitar mal-entendidos. Então, a definição deve ser mais útil do que uma verdade em si. Ela é o início da pesquisa e não o seu resultado.

Usarki discorre sobre o conceito de religião nos seguintes termos:

O que nós chamamos de „religião‟ tem se manifestado, no decorrer da história e em outras partes do mundo, em diversificações e diferenças múltiplas. De acordo com essa complexidade não considero adequado pensar em uma definição fechado de religião e opto por um conceito aberto capaz de superar um entendimento pré-teórico que generaliza fenômenos religiosos, sobretudo os de origem cristã, com os quais nós estamos culturalmente acostumados. Isso é somente necessário por que (sic), por exemplo, para chineses, hindus e muçulmanos nem existem sinônimos em suas línguas que correspondam exatamente com nosso termo religião. A partir dessas considerações meu conceito de religião contém quatro elementos: Primeiro, religiões constituem sistemas simbólicos com plausibilidades próprias. Segundo, do ponto de vista de um indivíduo religioso, a religião caracteriza-se como a afirmação subjetiva da proposta de que existe algo transcendental, algo extra-empírico, algo mais fundamental ou mais poderoso do que a esfera que nos é imediatamente acessível através do instrumento sensorial humano. Terceiro, religiões se compõem de várias dimensões: particularmente temos que pensar na dimensão da fé, na dimensão, institucional, na dimensão ritualista, na dimensão da experiência religiosa e na ética. Quarto, religiões cumprem funções individuais e sociais. Elas dão sentido para vida, elas alimentam esperanças para o futuro próximo ou remoto, sentido esse que algumas vezes transcende o da vida atual, e com isso tem a potencialidade de compensar sofrimentos imediatos. Religiões podem ter funções políticas, no sentido ou de legitimar e estabilizar um governo ou de estimular atividades revolucionárias. Além disso, religiões integram socialmente, uma vez que membros de uma comunidade religiosa compartilham a mesma cosmovisão, seguem valores comuns e praticam sua fé em grupos (2002, p.1)

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A partir dessas conclusões, estudiosos da religião, consideram três atitudes

frente a esta questão:

1ª - a recusa em definir religião antes de ter estudado profundamente as diversas

religiões que existem no mundo. Só então ela diz algo como resultado de todas estas

pesquisas. Neste caso, a definição é tida como verdade e última palavra sobre dado

assunto e não como instrumento de trabalho. Obviamente estes estudos só podem ser

feitos sendo, pelo menos, uma base, uma idéia vaga do que é religião. Ainda que, na

realidade se usa uma definição implícita, inconsciente, por outro lado, há quem alegue

que religião teria que ser sentida, e não definida, mas neste caso, há também definição

implícita, e além disso, bastante subjetiva, pois religião é o que o pesquisador “sente”

como tal;

2ª - procura-se dizer o que a religião é na sua essência. Isto significa que quase

sempre a definição dada contém uma referência a outra realidade, ao sobrenatural, ao

divino, sagrado, ao não-observável. Exemplo famoso é a definição de Tylor (apud)

DROOGERS, p.11a: religião é crença em seres sobrenaturais. Menos conhecida é a

definição de Spiro (apud DROOGERS, p.12): religião é “uma instituição de interações,

modeladas pela cultura, com seres sobre-humanos, postulados pela cultura”. Esta

definição trata a religião como sendo um fenômeno cultural e social, de uma sociedade

ou grupo humano. Mulder (apud DROOGERS, p.12 ) diz simplesmente que, “religião é

comprometimento com outra realidade”;

3ª - enfatiza o que a religião faz: a sua função social, econômica, e psicológica.

Seria possível destacar que a religião ajuda as pessoas a resolverem problemas

básicos da existência humana; problema do sentido da vida ou da morte, ou na questão

de estar sozinho no mundo, querendo relacionar-se com outras pessoas e com seres

sobrenaturais. Há também aqueles que apontam para a função da religião de criar

ordem: na interpretação do mundo, na vida com outras pessoas e na própria

personalidade.

Observa-se, entre a segunda e a terceira atitude, uma diferença muito

importante. A definição a partir da função parece incluir mais fenômenos do que a se

refere à dimensão sobrenatural. Inclui, por exemplo, o marxismo, pois ele pode ter a

função de resolver as questões básicas da existência humana. Se a definição não fala

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do sobrenatural como características de religião, é possível encarar o marxismo como

religião, apesar de ele ser ateu. A vantagem é que há fenômenos parecidos, quase na

margem da religião.

2.1.1 Sincretismo Religioso

Segundo Sousa (2012), durante o processo de colonização do Brasil, nota-se

que a utilização dos africanos como mão de obra escrava estabeleceu um amplo leque

de novidades em nosso cenário religioso. Ao chegarem aqui, os escravos de várias

regiões da África traziam consigo várias crenças que se modificaram no espaço

colonial. De forma geral, o contato entre nações africanas diferentes empreendeu a

troca e a difusão de um grande número de divindades.

Mediante essa situação, a Igreja Católica se colocava em um delicado dilema ao

representar a religião oficial do espaço colonial. Em algumas situações, os clérigos

tentavam reprimir as manifestações religiosas dos escravos e lhes impor o paradigma

cristão. Em outras situações, preferiam fazer vista grossa aos cantos, batuques, danças

e rezas ocorridas nas senzalas. Diversas vezes, os negros organizavam

propositalmente suas manifestações em dias-santos ou durante outras festividades

católicas.

Do ponto de vista dos representantes da elite colonial, a liberação das crenças

religiosas africanas era interpretada positivamente. Ao manterem suas tradições

religiosas, muitas nações africanas alimentavam as antigas rivalidades contra outros

grupos de negros atingidos pela escravidão. Com a preservação desta hostilidade, a

organização de fugas e levantes nas fazendas poderia diminuir sensivelmente.

No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus protetores

africanos usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por

baixo os assentamentos escondidos. Há pesquisadores que consideram que este

sincretismo já haveria começado na própria África, induzida pelos próprios missionários

para facilitar a conversão.

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O Censo oferece dados subestimados a respeito das pessoas pertencentes às religiões afrobrasileiros em função das condições históricas em que essas religiões se constituíram e do seu caráter sincrético, o qual faz com que seguidores dessas religiões se declarem católicos, espíritas ou até espiritualistas (PRANDI, 2005, p.215).

Sangó (2010), afirma que, aparentemente, a participação dos negros nas

manifestações de origem católica poderia representar a conversão religiosa dessas

populações e a perda de sua identidade. Contudo, muitos escravos, mesmo se

reconhecendo como cristãos, não abandonaram a fé nos orixás, voduns e nksis

oriundos de sua terra natal. Ao longo do tempo, a coexistência das crendices abriu

campo para que novas experiências religiosas – dotadas de elementos africanos,

cristãos e indígenas – fossem estruturadas no Brasil.

É a partir dessa situação que se pode compreender porque vários santos

católicos equivalem a determinadas divindades de origem africana. Além disso, pode-se

compreender como vários dos deuses africanos percorrem religiões distintas. Na

atualidade, não é muito difícil conhecer alguém que professe uma determinada religião,

mas que se simpatize ou também frequente outras.

Dessa forma, observa-se que o desenvolvimento da cultura religiosa brasileira foi

evidentemente marcado por uma série de negociações, trocas e incorporações. Nesse

sentido, ao mesmo tempo em que se pode ver a presença de equivalências e

proximidades entre os cultos africanos e as outras religiões estabelecidas no Brasil,

também têm-se uma série de particularidades que definem várias diferenças. Por fim, o

sincretismo religioso acabou articulando uma experiência cultural própria.

Não cabe dizer que o contato entre elas acabou designando um processo de

aviltamento de religiões que aqui apareceram. Tanto do ponto de vista religioso quanto

em outros aspectos da vida cotidiana é possível observar que o diálogo entre os

saberes abre espaço para diversas inovações. Por esta razão, é impossível acreditar

que qualquer religião teria sido injustamente aviltada ou corrompida.

2.2 CANDOMBLÉ

De acordo com Andrade e Oliveira (2007) entende-se como cultos afrobrasileiros

duas correntes principais, o Candomblé e a Umbanda.

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O Candomblé é a religião africana trazida pelos negros escravos para o Brasil, e

aqui cultuada em seu habitat natural – onde não era apenas um, mas uma série de

diferentes manifestações especificas de cada região, diferenças essas acentuadas pela

várias regiões do seu país de origem.

O significado da palavra Candomblé sofreu mudanças no transcorrer do tempo.

A princípio o Candomblé era o nome dado às grandes festas públicas do culto Iorubá,

fosse qual fosse a sua causa. Estas festas aconteciam anualmente e eram bastante

conhecidas dos habitantes das cidades onde os Candomblés surgiram. Mais tarde, o

termo passou a designar não apenas as festas, mas também os lugares onde elas se

realizavam: Os terreiros. Mais tarde ainda, passou a designar a própria religião.

O candomblé formou-se e transformou-s e no contexto social e cultural católico de Brasil do século XIX. Firmou-se como religião autônoma. O sincretismo dotou a religião dos orixás de valores e noções completamente estranhos ao pensamento africano, impôs aos seguidores dos orixás a obrigação de ritos próprios da igreja e transformou profundamente divindades centrais do culto africano. Acompanhar o processo de denominação a que o orixá Exu foi submetido propicía, a meu ver, uma excelente oportunidade de estudar seus efeitos positivos e os nocivos envolvidos na relação do candomblé e da umbanda com o cristianismo. (PRANDI, 2001, p.38-83).

O significado da palavra Candomblé sofreu mudanças no transcorrer do tempo.

A princípio o candomblé era o nome dados às grandes festas públicas do culto Iorubá,

fosse a sua causa. Estas festas aconteciam anualmente eram bastante conhecidas dos

habitantes das cidades onde os Candomblés surgiram. Mais tarde, o termo passou a

designar não apenas as festas, mas também os lugares onde se realizavam:

osTerreiros. Mais tarde ainda, passou a designar a própria religião.

Pode-se definir o termo Candomblé, atualmente como religião de culto aos

Orixás, entidades africanas associadas aos elementos naturais. É uma religião mágica

e iniciática, o que significa que alguém que a ela se converta deve obrigatoriamente

aprender, passo a passo, os mistérios religiosos e submeter-se a uma rígida hierarquia.

Também deve manter por toda sua vida a uma série de preceitos e tabus advindos do

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fato de partilhar seu Orí ( cabeça ) com um Orixá, pois é também nela que o Orixá vive

depois da iniciação. (UMBANDA E CANDOMBLÉ, 2002, p.1)

2.3 IFÁ OU BÚZIOS

Principal sistema Ioruba de adivinhação, e provavelmente, o mais complexo da

África. Originário da cidade de Ife, seu uso espalhou–se por outras sociedades do oeste

africano ( Benin, religião Fon), e o Ewe de Togo e de Gana oriental, e também por

Cuba e pelo Brasil.

Suas características são as precisões do sistema, seu vasto corpo de versos

correlatos e seu fundamento religioso no culto do orixá, Ifá ou Orunmila. Orunmila é a

divina padroeira da adivinhação, que comunica ao gênero humano o seu destino, tal

como foi decretado por Olodumaré. Através de Ifá se revela o destino da pessoa.

2.4 XANGÔ

Designação popular da religião afrobrasileira praticada do Rio Grande do Norte a

Alagoas, advinda do nome do orixá do raio, Xangô, muito popular na região.

assemelha–se ao Candomblé no ritual, mas é mais despojado.

2.5 BATUQUE

Culto afro–brasileiro assemelhado ao Candomblé, mais pobre, praticado no Rio

Grande do Sul e na Amazônia, especialmente em Belém.

2.5 CASA OU TAMBOR DE MINA

Único culto afro–brasileiro dedicado aos voduns daomeneanos. Praticado no

Maranhão, com danças, cânticos e “incorporações” dos voduns nas iniciadas, as

vodunsi.

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2.6 MACUMBA

Em 1932, Arthur Ramos (apud COSTA, 1987, p.79) dá–nos em O negro

brasileiro, a primeira descrição de um terreiro de Macumba, o do velho Honorato. Nela

mostra que o ritual centrava–se no culto às almas, ou seja, no culto africano aos

ancestrais, como é característica da religião banto na África. Segundo essa prática, os

ancestrais se comunicam com seus descendentes através do processo psíquico do

estado de transe, através de “incorporações” ou “possessões” do descendente pelo

“espírito” do ancestral. O descendente, assim “possuído” serve de veículo de

comunicação, através do qual o ancestral “fala” e “orienta” a vida comunitária tribal,

merecendo, por isto, homenagem e culto. No Brasil essa forma de culto continuou,

adaptando–se à situação de negros descendentes de ex–escravos.

Assim a individualidade dos ancestrais tribais dilui–se na memória coletiva. Em

seu lugar se elaborou a imagem vaga, idealizada, de antepassados recentes, mortos no

Brasil como escravos, na figura estereotipada dos pretos–velhos. A partir da

“invocação” das almas dos pretos–velhos, se organizou a Macumba. O culto, com o

decorrer do tempo, integrou também o culto às almas dos índios, invocados no ritual

como caboclos.

Quando a Macumba se organizou, o Candomblé já estava estruturado e

funcionando com prestígio entre os negros. A reputação do Candomblé conduziu os

chefes dos terreiros de Macumba, os embandas ou umbandas a introduzirem os orixás

no ritual para serem homenageados, não para “incorporarem”, como acontece no

Candomblé. As “incorporações” de orixás poderiam acontecer, caso houvesse filhas de

Candomblé na comunidade, mas não era esse o objetivo de sua introdução no culto.

2.7 UMBANDA E QUIMBANDA

Esta não foi a única transformação ocorrida na Macumba. Quando contingentes

de população branca pobre, conhecedora da doutrina do Espiritismo kardecista

começou a ser atraída para os terreiros de Macumba dos subúrbios e morros em busca

de soluções para seus problemas financeiros, amorosos e terapêuticos, levaram

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consigo para dentro da Macumba as teorias e procedimentos do Espiritismo kadercista,

bem aceito pela população branca.

A entrada de brancos nos terreiros de Macumba os levou à chefia desses

terreiros, e como consequência, às transformações que julgavam necessárias no ritual

e doutrina, amoldando–se à própria sensibilidade branca, à qual repugnavam os rituais

sangrentos das matanças de animais, o uso de punhais, pólvora, pontos–de–fogo

dentre outros.

Essa modificação introduzida lentamente no corpo doutrinário e ritual da

Macumba acabou dividindo–se em duas, dando origem à Umbanda e à Quimbanda, ou

seja, uma Macumba depurada dos ritual primitivos africanos e recheada de doutrina e

crescente práxis ritual de inspiração kardecista: a Umbanda. Os praticantes e terreiros

de Macumba que permaneceram fiéis à tradição, resistindo às modificações, hoje são

chamados pelos umbandistas de “quimbandeiros”, ou seja, praticantes da Quimbanda,

difamada pelos umbandistas, como voltada à prática do mal, à magia negra.

É significativo o fato de que o nome Quimbanda provém do Ki – nbanda, nome

dos “feiticeiros” em banto. O grupo branco kardecista assumiu para si o nome do antigo

“sacerdote” do culto banto, o embanda ou umbanda, e por causa dessa característica

espírita, já foi chamada de “baixo espiritismo”, e justamente por representar o encontro

cultural de tradições religiosas e crenças distintas dos africanos com as formas

populares do catolicismo e mais o sincretismo hindu, trazido pelo espiritismo, é que ela

de “religião brasileira”.

Tamanha diversidade religiosa contribui para atrair pessoas de todas as classes

sociais, extrapolando em muito, o número de adeptos umbandistas propriamente ditos.

2.8 AFRO–CATÓLICO–AMERÍNDIOS

Por último, pode-se citar ainda a Pajelança e o Catimbó. Estruturalmente não são

africanos, mas de inspiração ameríndia com elementos mesclados de catolicismo

popular e fragmentos religiosos africanos.

• Pajelança: centrado na figura do pajé indígena e práticas rituais envolvendo

ervas e fumo com recitação de orações, e praticado pelos povos da Amazônia.

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• Catimbó: nome derivado de cachimbo devido ao seu uso no ritual. Sincretiza

doutrinas medievais européias de natureza mágica, com elementos do catolicismo

popular e africanos sobre a base ameríndia arcaica, incluindo os ritos de “possessão”.

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3 METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no Colégio Estadual Rio Branco no período

compreendido entre fevereiro a junho de 2013.

Foi adotada a pesquisa-ação pela sua flexibilidade metodológica em que permitiu

a adoção de questionamento oral inicial e final para a sondagem relacionada ao tema

de trabalho.

A pesquisa-ação tem características situacionais, já que procura diagnosticar um problema específico numa situação específica, com vistas a alcançar algum resultado prático. Diferentemente da pesquisa tradicional, não visa a obter enunciados científicos generalizados, embora a obtenção de resultados semelhantes em estudos diferentes possa contribuir para algum tipo de generalização. (GIL, 2010, p.42-43).

Dessa forma, a escolha da pesquisa-ação comporta a fase exploratória:

a) o campo de investigação: alunos do 1º anos da Formação de Docentes; contato

direto com o campo em foi desenvolvido; e discussão com representantes das

categorias envolvidas como a representante do programa de desenvolvimento

Educacional, a Diretora e equipe pedagógica do Colégio onde foi implementado o

projeto, orientador do projeto; e pais dos alunos, consultados pelos mesmos para a

anuência sobre essa abordagem por se tratar de um tema delicado;

b) formulação da questão-problema e objetivos foram colocados na Introdução;

c) a seleção da amostra se limitou apenas em uma turma composta por 35 alunos,

observando que, na pesquisa-ação.

[...] o critério de representatividade dos grupos investigados [...] é mais qualitativo que representativo. Daí por que o mais recomendável nas pesquisas desse tipo é a utilização de amostras selecionadas pelo critério de intencionalidade. Uma amostra intencional, em que os indivíduos são selecionados com base em certas características tidas como relevantes pelos pesquisadores e participantes, mostra-se mais adequada para a obtenção de dados numa pesquisa-ação. (GIL, 2010, p.153).

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d) A coleta de dados se constitui através da leitura e produção de textos; de

observação e avaliação das atividades dos alunos ocorridas durante as aulas

propriamente ditas:

e) Análise e interpretação de dados proporcionou a flexibilidade ou seja, em se

tratando de aprendizagem retornava- se às atividades sempre que se observava a

necessidade de reforço de conceito ou iniciativa dos próprios alunos quando

demonstravam preferências.;

f) Elaboração do plano de ação, nesse caso consistiu na produção do Material

Didático implementado nas aulas;

g) A divulgação dos resultados se configura no presente artigo.

As atividades em sala tiveram início com o trabalho de reconhecimento da turma

para a aplicação da estratégia. Foi explicado quais eram os objetivos e no que

consistiria a implementação.

Os recursos utilizados foram textos, palestras, debates, pesquisas na

comunidade, mural, questionários.

Destacando a importância e a valorização da religião negra, dentro do âmbito

escolar, criando assim espaços para que os alunos compreendessem sobre essa

diversidade religiosa existente entre nós.

Paralelamente, o projeto e a Implementação foram colocados para 15 colegas

professores dos diversos Núcleos Regionais de Educação – NRE, através do Grupo de

Trabalho em Rede – GTR na modalidade Educação à Distância.

O acompanhamento se fez a partir de etapas presentes no Material Didático:

qual o conhecimento sobre as religiões afrobrasileiras, a Lei, o trabalho em sala de

aula, as dificuldades encontradas, os livros didáticos. As falas dos professores mostram

que, eles também encontram dificuldades em trabalhar esse assunto pela falta de

materiais disponíveis em nível didático. Vale ressaltar que uma das colegas docentes

professa há 25 anos, a religião afrobrasileira – Umbanda – e suas intervenções foram

muito importante para o esclarecimento sobre as práticas umbandistas, desmistificando

os estereótipos que estavam presentes entre os próprios colegas.

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Em sala foi trabalhado Lei da implementação da Cultura afro-brasileira e sua

implicação em sala de aula através de pesquisa e depois realizaram um debate na sala.

O objetivo era que os mesmos refletissem e trocassem idéias sobre o assunto.

Uma seleção de livros didáticos de História a partir de 2003 a 2008 foi colocada à

disposição dos alunos para que pesquisassem sobre a presença de conteúdos sobre

religiões e quais, e como são abordadas pelos autores. Chamou-se a atenção para que

vissem as referências bibliográficas, se são comuns nos diversos livros e na sequência

fizeram uma pesquisa bibliográfica dos mesmos (os autores). Essa atividade permitiu

que se conhecessem as linhas de pesquisa não só dos autores dos livros didáticos

como os referenciados (se são historiadores, sociólogos, filósofos, jornalistas...).

Foi solicitada uma pesquisa sobre religiões e religiosidade, pesquisa esta

realizada no Laboratório de Informática e na Biblioteca; compreendeu também a

seleção de termos desconhecidos buscando os seus significados tanto nos dicionários

comuns quanto nos específicos da religião e no final produziram um Glossário.

Sincretismo religioso foi outro assunto discutido para que, na sequência, fosse

trabalhado as religiões africanas e afrobrasileiras pois é nesse contexto que elas se

apresentam atualmente.

5 RESULTADO E DISCUSSÃO

Desde o início os alunos se mostraram receptivos quanto ao tema trabalhado por

se tratar de um assunto que não está presente na comunidade e no Município. Houve

uma preocupação em deixar bem claro a proposta para que os alunos não levassem

para os pais de forma deturpada considerando a própria diversidade religiosa presente

na sala, o que poderia gerar uma rejeição. Entretanto isso não aconteceu.

Em relação aos livros didáticos de História observados, os alunos produziram um

relatório em que constou que nenhum dos livros abordavam as religiões africanas e/ou

afrobrasileiras ou seja mesmo com as legislações sobre a obrigatoriedade os autores

continuam ignorando-as, e dessa forma torna-se difícil para os professores tanto da

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área de História quanto aos demais que teria que trabalhar no contexto da

interdisciplinaridade.

Os alunos absolveram os conhecimentos adquiridos como cultura com a

responsabilidade de repassá-los na futura prática docente. Observando que, a

segurança adquirida fez com que eles mesmos apresentaram para a representante do

Núcleo quando está visitou o Colégio para acompanhar a implementação do projeto.

Por outro lado, em relação ao GTR foi observado que alguns professores

mostraram-se resistentes em trabalhar a religiosidade dos africanos por ser um assunto

polêmico e pouco cobrado que se trabalhe em sala de aula por falta de material didático

ou mesmo pelo pouco conhecimento e esclarecimento sobre essa diversidade cultural

imposta aos professores de História pela Lei de 2008. Vale ressaltar que uma das

colegas docente professa a religião afrobrasileria – Umbanda – há 25 anos e suas

intervenções foram muito importante para o esclarecimento sobre as práticas

umbandistas, desmistificando os estereótipos que estavam presentes entre os próprios

colegas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolveu reflexões sobre a contribuição cultural das possibilidades

de abordagem desse tema em sala de aula posto as dificuldades encontradas pela falta

de conhecimento mínimo dos alunos e os estereótipos perpetuados justamente pela

falta de conhecimento de material pertinente, principalmente em nível didático. Embora

a Lei 10.645/08 tenha vindo para resgatar tudo que se relacione a cultura afrobrasileira,

em contrapartida não e preocupou em oferecer subsídios para as escolas, e assim a

aplicação da Lei quase sempre limitado ao “Dia da Consciência Negra”, em 20 de

novembro.

Por outro lado observa-se que a lei serviu apenas para dar uma resposta às

manifestações de militantes afrodescendentes que reivindicavam visibilidade a

participação efetiva na formação do povo brasileiro, e considerando a data da mesma –

2008 – já se poderia contar com um “vasto” material de trabalho dentro dos próprios

livros didáticos, e tal não ocorre, logo, pode-se concluir que não houve interesse em se

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colocar efetivamente em prática a Lei, deixando para o professor a responsabilidade de

pesquisar sobre este tema.

Quanto aos alunos, pode-se afirmar que em termos de conhecimento, este

trabalho veio acrescentar para a sua futura prática docente, em especial quando forem

questionados sobre o assunto.

Em relação ao GTR foi observado que alguns professores mostraram-se

resistentes em trabalhar a religiosidade dos africanos por ser um assunto polêmico e

pouco cobrado que se trabalhe em sala de aula por falta de material didático ou mesmo

pelo pouco conhecimento e esclarecimento sobre essa diversidade cultural.

Resumindo, há de se repensar a abordagem da aplicação da Lei em sala de

aula, para que ela realmente se efetive e assim não fique limitada a um dia específico, é

preciso que não só a escola assuma essa responsabilidade, mas também os meios de

comunicação, pela força que tem, trabalhem a cultura afrobrasileira e toda a riqueza

que ela apresenta.

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