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ELIANA GURSKI DA SILVA A CULTURA AFROBRASILEIRA E O ENSINO DE HISTÓRIA NA EJA: SENTIDOS E OLHARES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA Artigo apresentado como exigência para a conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED em parceria com a Universidade Federal do Paraná – UFPR. Professor Orientador: Geraldo Balduino Horn LAPA 2009

A CULTURA AFROBRASILEIRA E O ENSINO DE HISTÓRIA NA EJA: … · 2009. 12. 1. · 10.639/03) que impõe a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afrobrasileira

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ELIANA GURSKI DA SILVA

A CULTURA AFROBRASILEIRA E O ENSINO DE HISTÓRIA NA EJA: SENTIDOS E OLHARES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA

Artigo apresentado como exigência para a conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED em parceria com a Universidade Federal do Paraná – UFPR.

Professor Orientador: Geraldo Balduino Horn

LAPA 2009

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A CULTURA AFROBRASILEIRA E O ENSINO DE HISTÓRIA NA EJA

Professora PDE: Eliana Gurski da Silva

Professor Orientador: Prof. Dr.Geraldo Balduino Horn

RESUMO

Este artigo apresenta o resultado de um trabalho de pesquisa e análise realizadas nos documentos oficiais que o CEEBJA “Paulo Leminski” possui acerca do tema “cultura afrobrasileira”. Tem como principal objetivo destacar a valorização da cultura afrobrasileira na Educação de Jovens e Adultos por meio do ensino de História. A pesquisa se estendeu ao material didático utilizado pelos professores e professoras de História do ensino médio e nos relatos dos mesmos sobre suas práticas pedagógicas. Apresenta também os resultados obtidos por meio da participação de um grupo de professores em ambiente virtual (Grupo de Trabalho em Rede – GTR) que, paralelamente ao desenvolvimento do trabalho, contribuíram analisando o projeto e implementando o material didático produzido em suas respectivas escolas, bem como apontando as dificuldades encontradas e os sucessos obtidos. A análise feita nos documentos oficiais, no material didático e nos relatos visava observar como a temática era abordada antes e depois da lei (Lei n° 10.639/03) que impõe a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afrobrasileira nas escolas da rede pública e privada no ensino médio e fundamental. A pesquisa levou à produção de um material didático (Objeto de Aprendizagem Colaborativa – OAC) com vistas a atender o que dispõe a Lei nº 10.639/03. Este material foi posto em prática na escola e compartilhado com as professoras do ambiente virtual que também puderam testá-lo em suas escolas. Podem ser apontados como principais resultados a carência de material específico para a EJA dentro do tema em questão, embora atualmente já haja algumas produções didáticas; as dificuldades encontradas por professores do Paraná em pôr em prática o que determina a Lei embora esta já seja uma constante nas práticas educativas dos docentes de História no CEEBJA “Paulo Leminski”.

PALAVRAS–CHAVE: Cultura Afrobrasileira; Material Didático Pedagógico; Práticas Pedadógicas; Lei º 10.639/03.

ABSTRACT This article reports the result of a work of research and analysis for the official documents that CEEBJA "Paulo Leminski" has on the theme "afrobrasileira culture" in teaching materials used by teachers and teachers of high school history and the reports of them about their teaching practices. Its main objectives is to highlight the appreciation of Afro-Brazilian culture in Youth and

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Adults through teaching of history. Also presents the results obtained through the participation of a group of teachers in virtual environment (Working Group on Network - GTR) which, alongside the development of work, participate in the process implementing the project and the material produced in their respective schools and as pointing out the difficulties encountered and successes achieved. The analysis made in official documents, the material and reports intended to observe how the theme was addressed before and after the law (Law No. 10.639/03) which imposes the obligation of the teaching of African history and culture of schools and afrobrasileira public and private, in high school and fundamental. The research led to the production of a material (Object Learning Collaborative - OAC) in order to meet the provisions to Law No. 10639/03. This material was put into practice at school and shared with the virtual environment that teachers also did. May be cited as the main results of the lack of specific material for adult education within the subject matter, although currently there is already some didactic productions, the difficulties encountered by teachers of Parana in putting into practice what determines the law although this is already a constant educational practices of teachers of history at CEEBJA "Paulo Leminski.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………. 03

2 A CULTURA AFROBRASILEIRA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS .................................................................................... 07

2.1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) E SEU CONTEXTO

HISTÓRICO ..................................................................................................... 07

2.2 CULTURA AFROBRASILEIRA ................................................................ 11

3 O CEEBJA “PAULO LEMINSKI” E A CULTURA AFROBRASILEIRA .... 14

3.1 ASPECTOS CONTEXTUAIS ................................................................... 14

3.2 OS SUJEITOS NAS LINHAS E ENTRELINHAS DOS DOCUMENTOS . 15

3.3 AS VOZES DOS SUJEITOS NO MATERIAL DIDÁTICO ....................... 19

3.4 AS VOZES DOS SUJEITOS NOS DEPOIMENTOS .............................. 22

3.5 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR) ............................................ 24

3.6 OBJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA – OAC .................... 26

3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 27

4 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 29

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa que ora se apresenta é resultado de um programa de

formação continuada desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação do

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Paraná a partir de 2007 e ofertado aos professores da rede pública estadual. O

programa - PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) além de

possibilitar avanços na carreira objetiva o aprimoramento profissional o que

repercute diretamente nas práticas pedagógicas e na qualidade de ensino

ofertada aos alunos da rede pública.

Neste sentido, a autora deste artigo buscou por meio do programa o

conhecimento e o aprimoramento da educação para as relações étnico-racias,

um desafio que se fez presente aos professores por meio de uma lei federal,

objetivando destacar a valorização da cultura afrobrasileira na Educação de

Jovens e Adultos por meio do ensino de História.

A Lei nº 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura

africana e afrobrasileira nos estabelecimentos de ensino público e privado, do

ensino fundamental e médio, sancionada em 09 de janeiro de 2003 pelo

Presidente da República, dentro de políticas afirmativas que visam uma

sociedade pluriétnica mais justa e igualitária, gerou satisfação e polêmica no

mundo educacional. A satisfação vem ao encontro dos resultados obtidos por

meio de lutas incessantes de representantes do Movimento Negro e de

defensores das minorias, enquanto que os fatores que mais contribuíram para

a polêmica gerada em torno dessa norma federal foram a falta de material

adequado e o despreparo dos profissionais que não tiveram em sua formação

acadêmica os conteúdos relacionados à história da África.

A partir de então discussões começaram a surgir no meio educacional

com vistas a atender o disposto na Lei 10.639/03 “que estabelece as diretrizes

e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de

Ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira’.”1, bem

como a inclusão, no calendário escolar, do dia 20 de novembro como o “Dia

Nacional da Consciência Negra”. Este documento reforça a necessidade dos

conteúdos referentes ao tema acima serem ministrados “no âmbito de todo o

currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura

e História Brasileira”.

A EJA - Educação de Jovens e Adultos, atualmente inserida no

Departamento de Educação e Trabalho e, vivenciando uma diversidade social

e cultural significativa, torna-se o ambiente propício ao desenvolvimento da

1 Lei n.º 10.639/03.

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temática. Entende-se que todo o conjunto de ações políticas, que tem por

objetivo corrigir desigualdades sociais e étnico-raciais, necessita ser abarcado

por esta modalidade de ensino, haja vista o seu caráter de transformação da

sociedade e de garantia de igualdade de oportunidade para todos.

A preocupação com esta responsabilidade e com o desafio que se

fez por meio da Lei permitiu uma pesquisa acerca da necessidade de

compreender como o tema “cultura afrobrasileira” vem sendo desenvolvido na

disciplina de História do ensino médio no CEEBJA “Paulo Leminski” dada as

limitações já mencionadas2. A história de vida dos alunos de EJA é semelhante

à do afrodescendente, que enfrentou e enfrenta na sociedade brasileira

dificuldades relacionadas à conquista de sua dignidade, resgate de sua cultua,

superação das suas dificuldades, discriminação racial e social, entre outros.

Esta modalidade de ensino é o espaço no qual o aluno, enquanto cidadão,

busca reconhecer-se como parte de um conjunto maior chamado nação.

Também é o espaço que propicia a compreensão da sociedade por meio da

diversidade cultural, o respeito às diferenças e a valorização dos diferentes

grupos que o compõem.

Portanto, torna-se necessário apreender a bagagem cultural dos

diferentes sujeitos que frequentam a escola, quer no tocante à faixa etária, nas

condições socioeconômicas ou nos hábitos culturais. Dessa forma, o

conhecimento do universo afrobrasileiro no qual está inserido esse público de

EJA necessita estar presente nas ações pedagógicas de forma interdisciplinar

e permanente.

Este estudo foi alvo de pesquisa dentro do programa PDE (Programa

de Desenvolvimento Educacional) ofertado pelo governo do Paraná aos

professores da rede pública estadual, dentro de uma política de formação

continuada, em parceria com as universidades federais e estaduais.3

2 A pesquisa foi realizada pela própria autora do artigo que atua no ensino de História há 10 anos.3 Cultura e Africanidade: Subsídios para trabalhar a Lei 10639 em sala de aula – relato de uma experiência. Cleusa Maria Fuckner; Uma Vivência da Cultura Africana e Afro-Brasileira na Escola. Maristela Iurk; Discutindo e aprimorando as relações étnico-raciais na escola. Silvana Klenk Walter; A História da África em nossas Escolas. Jocéli Domanski; A Representação Social do Negro no Livro Didático de História e Língua Portuguesa. e Fala e Imagem: A Rememoração de Alunos Afro-Descendentes sobre a Imagem do Negro no Livro Didático. Rozana Teixeira.

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Inicialmente se fez necessário o levantamento dos documentos

oficiais que a escola possui como: Projeto Político Pedagógico; Proposta

Pedagógica; Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do

Estado do Paraná (História); Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e

Adultos no Estado do Paraná; Cadernos Temáticos: História e cultura

afrobrasileira e africana: educando para as relações étnico-raciais; Resolução

1/2004. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de junho de 2004, Seção 1, p. 11

que institui Diretrizes Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais

e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; Textos de

Grupo de Estudos sobre a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana 2008;

Lei n.º 10.639/03, de 9 de janeiro de 2003 Regimento Escolar; Planos de Aula.

Fez-se também o levantamento dos materiais didáticos utilizados na escola.

Este levantamento levou ao resgate de uma apostila elaborada pelos

professores com base no livro didático de Gilberto Cotrim, “História e

Consciência no Mundo”. Este livro ajudou a compor vários módulos

onde, infelizmente, apenas um exemplar (um módulo) foi encontrado; Apostilas

da EJA ( DEJA/SEED); História: educação de jovens e adultos: ensino médio.

Cely Bortoleto, Nely Zanirato De Luca. – Curitiba: Educarte, 2000; Tele Curso

2000 (Fitas de vídeo e livros)

A participação dos professores4 nesta pesquisa tornou-se

imprescindível, posto que através dos relatos fornecessem dados essenciais

sobre as práticas pedagógicas executadas antes e depois da Lei 10639/03,

sobre o tema em discussão. A concepção individual de cada professor para

com o tema, independente do material disponível durante sua atuação como

docente e da Lei 10.639/03, também foi observada.

Paralelamente ao trabalho de análise nos documentos, no material

da escola e nos relatos dos docentes envolvidos na pesquisa, que se deu por

meio de um questionário, pôde se contar com a participação de um grupo de

professoras da rede estadual de ensino em ambiente virtual - o GTR (Grupo de

Trabalho em Rede). Nos relatos dos cinco professores envolvidos procurou-se

4 Participaram desta pesquisa 5 professores que trabalharam a disciplina de História, no ensino médio, no CEEBJA “Paulo Leminski” no período anterior e posterior à Lei n.º 10.639. A colaboração se deu por meio de pesquisa escrita e enviada por e-mail, haja vista a dificuldade de horário disponível para uma entrevista em razão da carga horária de cada um e das diferentes escolas que hoje atuam.

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captar informações referentes aos diferentes materiais didáticos utilizados em

suas respectivas práticas pedagógicas, a presença ou não do tema “cultura

afrobrasileira” no material utilizado, a abordagem temática destes materiais, os

conteúdos trabalhados e as estratégias utilizadas. A participação dos

profissionais em rede foi essencial para a pesquisa posto que compartilhassem

no ambiente virtual a realidade de escolas de várias partes do estado do

Paraná.

A produção do material didático e sua implementação na escola de

origem do professor cursista é mais uma exigência do Programa de

Desenvolvimento Educacional. Este foi compartilhado na rede por meio do

GTR e posto em prática pelas professoras envolvidas, ou seja, pela professora

PDE e pelas professoras participantes do curso em ambiente virtual.

2 A CULTURA AFROBRASILEIRA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS

2.1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) E SEU CONTEXTO

HISTÓRICO

A Educação de Jovens e Adultos não é uma prática recente. Remonta

o período da colonização portuguesa no qual a prática se restringia ao

processo de alfabetização. Vigorava uma educação seletiva e excludente que

priorizava a cultura branca em detrimento das minorias. Entretanto, é muito

recente a concepção que se tem hoje de política pública de acesso e

continuidade da escolarização básica.

No Brasil, a educação básica de adultos marcou seu lugar na história a

partir da década de 1930, quando a sociedade brasileira passava por

profundas transformações derivadas da industrialização e da concentração

populacional em centros urbanos. Voltada a atender os interesses das classes

dominantes e como meio para aumentar o número de eleitores, já que a

alfabetização era pré-requisito para a ascensão social, diversos setores

mobilizaram-se contra o analfabetismo. Em 1934, por meio da Constituição

Federal foi instituída a obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário para

todos. Ainda nesse mesmo ano a educação de jovens e adultos passa a ser

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tema de política educacional e, em 1942 é reconhecida como modalidade de

ensino.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e do governo de Vargas, a

educação de adultos define sua identidade, ou seja, passa a ser entendida

como uma educação diferente do ensino regular adquirindo a forma de

campanha de massa pelo governo nacional, a Campanha de Educação de

Adultos, lançada em 1947. Enquanto na década de 1940, a Educação de

Adultos era entendida como uma extensão da escola formal, já na década de

1950, passa a ser entendida como uma educação de base.

Com isso, no final da década de 1950, surgem duas tendências

significativas na Educação de Adultos: a Educação de Adultos, pontificada por

Paulo Freire que idealizou e vivenciou uma pedagogia voltada para as

demandas e necessidades das camadas populares, portanto, libertadora e a

Educação de Adultos entendida como funcional, ou seja, profissional.

A década de 1960, marcada pelo golpe militar, foi abarcada por uma

nova perspectiva educacional que visava basicamente o controle da população.

Assim houve a necessidade de adotar medidas para adequar o sistema

educacional ao modelo de desenvolvimento econômico, no qual algumas

reformas se fizeram necessárias para a escolarização e qualificação da força

de trabalho em relação ao modelo de desenvolvimento. As escolas passaram a

oferecer cursos rápidos de aprendizagem como estratégia criada pelo Estado

para suprir defasagens e compensar a política educacional. Neste contexto,

nos primeiros anos do governo militar, através da Lei nº 5.370 foi criado o

MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) com vistas a enfrentar a

grave crise do sistema educacional marcada pelo alto índice de analfabetismo,

porém com materiais didáticos e orientações metodológicas não demandadas

pela educação popular. Uma suplência da educação formal, cujo objetivo era o

treinamento de mão-de-obra mais produtiva, útil ao projeto de desenvolvimento

nacional.

Em 1985, com a redemocratização, o governo federal extingue o

MOBRAL. Em seu lugar é criada a Fundação EDUCAR (Fundação Nacional

para Educação de Jovens e Adultos), com objetivos mais democráticos, mas

sem os recursos que o MOBRAL dispunha. No início da década de 1990, a

educação de jovens e adultos analfabetos foi deixada de lado, pois era vista

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como um empreendimento caro e sem retorno para o sistema produtivo, uma

vez que se fazia necessário investir na Educação Básica de crianças e

adolescentes (7 a 14 anos). Neste mesmo período os próprios estados e

municípios passaram a assumir, com orçamentos próprios, a demanda de

alfabetização e escolarização de jovens e adultos. Assim, no estado do Paraná

foram criados os Centros de Estudos Supletivos (CES), atualmente

denominados Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos

(CEEBJAs), e os Núcleos Avançados de Ensino Supletivo (NAES), assim como

os Postos Avançados dos CEEBJAs (PACs) – forma descentralizada de

atendimento- dentre outras, como no sistema prisional e empresas públicas e

privadas que desejassem escolarizar seus funcionários.

Ainda na década de 1990 o governo federal, o Banco Mundial e o

Fundo Monetário Internacional definiram as novas orientações para as políticas

educacionais de acordo com os interesses econômicos. Nesta década foi

promulgada a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Lei

nº 9394/96, por meio da qual “a EJA passa a ser considerada uma modalidade

de educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, destinada

àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino

fundamental e médio na idade própria.” 5

A partir do ano de 2000, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. O documento reforça a idéia

desta modalidade como direito e parte do Sistema Regular de Ensino e

reconhece-a como uma dívida social não reparada aos que foram privados do

acesso ao mundo letrado.

O analfabetismo persiste e encobre injustiças sociais como o

favorecimento de certas faixas etárias em detrimento de outras, a

discriminação do sexo feminino, preconceitos raciais contra índios e negros,

dentre outros fatores. Portanto, a história de jovens e adultos do Brasil chega a

um novo século reclamando reformulações pedagógicas que possam minimizar

estas diferenças e encontrar nelas o caminho para o reconhecimento da tão

sonhada igualdade.

5 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, jan.2005.

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A Educação de Jovens e Adultos se inscreve no universo da chamada

’Educação Popular’6. Nesta modalidade de ensino o jovem e adulto é

fundamentalmente um trabalhador, razão pela qual se deve levar em conta a

diversidade dos grupos sociais como: perfil sócio-econômico, étnico, de

gênero, de localização espacial e de participação sócio-econômica. Logo, deve

ser uma educação multicultural, contra a exclusão por quaisquer motivos. Tem

como finalidades e objetivos o compromisso com a formação humana e com o

acesso à cultura geral de forma a garantir a emancipação do indivíduo e “a

afirmação de sua identidade cultural.” 7

Tendo jovens e adultos desenvolvido rica cultura com base nas suas

experiências, torna-se necessário um encaminhamento metodológico que

considere as especificidades dessa demanda e considere os princípios

andragógicos8 básicos como norteadores da ação pedagógica. Assim sendo, a

teoria andragógica tem enfatizado a importância do sujeito e de sua

experiência no processo educativo.

A EJA tem por objetivo criar situações de ensino-aprendizagem

adequadas às necessidades educacionais dessa demanda realizando,

segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e

Adultos (2000), as funções: reparadora, equalizadora e a qualificadora.

A reparação da realidade, dívida inscrita em nossa história social e na

vida de tantos indivíduos é um dever e um dos fins da EJA, especialmente

porque reconhece o princípio da igualdade para todos. A função reparadora

deve ser entendida como uma oportunidade de acesso a uma escola de

qualidade para as pessoas que não frequentaram os bancos escolares no

tempo adequado e não tiveram a possibilidade de prosseguir os estudos por

motivos diversos.

A função equalizadora visa permitir a re-entrada no sistema

educacional daqueles que, por razões adversas como repetência, evasão ou

necessidade de trabalho, necessitaram abandonar as instituições de ensino.

Pode ser elucidada como uma reparação corretiva que possibilitará ao jovem e

6 GADOTTI, 2005, p.547 Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná. p.31.8 O termo andragogia foi empregado nos EUA, em 1968 por Knowles como “arte e ciência de orientar adultos a aprender”.

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adulto novas inserções no mercado de trabalho e na própria vida em razão de

não se ater apenas ao processo inicial de alfabetização.

Esta função dá condições diferentes aos diferentes, a partir do momento

que permite ao indivíduo restituir sua vida escolar de modo a recuperar a

oportunidade de competir em regime de igualdade na sociedade.

A função qualificadora é um apelo para a educação permanente, na qual

a formação continuada se faz necessária frente aos desafios da sociedade

contemporânea: ”uma sociedade educada para o universalismo, a

solidariedade, a igualdade e a diversidade.” 9

A atualização de conhecimentos se faz necessária por toda a vida e

implica não só em aperfeiçoamento profissional, haja vista as mudanças e

inovações nos processos produtivos, mas também como realização pessoal, a

partir do momento em que a educação passa a ser considerada chave

indispensável para o exercício da cidadania.

Nesse sentido, a educação de jovens e adultos representa uma

promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento do ser humano, na qual

a troca de experiências e conhecimentos de pessoas de diferentes idades e

culturas diversas é respeitada e valorizada.

2.2 CULTURA AFROBRASILEIRA

A história social brasileira não pode ser pensada isoladamente da

história africana, pois seria considerado um crime para com os africanos e

afrodescendentes não reconhecê-los como verdadeiros sujeitos históricos

“tendo em vista que a cultura da qual nos alimentamos cotidianamente é fruto

de todos os segmentos étnicos que, apesar das condições desiguais nas quais

se desenvolvem, contribuíram cada um de seu modo na formação da riqueza

econômica e social e da identidade nacional.10

Desconsiderar a história africana como parte integrante da história do

Brasil é constituir uma história unilateral e eurocêntrica marcada por

concepções racistas. De certa maneira as teorias racistas e colonialistas

europeias tentaram justificar o escravismo criminoso pelo atraso cultural dos

africanos escravizados.9 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, 2000.10 GOMES. N., MUNANGA. p.18, 2004.

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Entretanto, o Brasil é em grande parte consequência do conhecimento

e da experiência histórica dos africanos, pois estes eram detentores de

conhecimentos técnicos e tecnológicos superiores aos dos europeus e dos

indígenas para as atividades produtivas desenvolvidas no país durante os

períodos colonial e imperial.

Embora a história deste povo esteja relacionada, quase sempre, ao

escravismo ou a relações de dominação torna-se necessário entender que o

aparato ideológico e coercitivo desenvolvido pelas classes dominantes para

com a população negra, no intuito de não aceitá-la como portadora de cultura e

vontade própria, relegou-a a uma condição de inferioridade ao mesmo tempo

em que justificava a escravidão.

A extinção da escravidão por meio da Lei Áurea, em 1888, não alterou

as condições de vida e trabalho daquele que se viu jogado à própria sorte

numa terra distante da sua. O trabalho livre desempenhado pelo imigrante

europeu, em substituição ao trabalho escravo, relega o negro liberto ao mundo

das desigualdades sociais a partir do momento que o considera mão-de-obra

desqualificada.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os

negros – pretos e pardos representam 45% da população brasileira o que torna

o Brasil o país com maior contingente populacional de afrodescendentes do

mundo. A exclusão social destes fica evidente através de dados contidos no

Atlas Racial Brasileiro que coloca os negros como maioria dentro da população

pobre: 64% na faixa da pobreza e 69% na indigência. Essas desigualdades

também são percebíveis na área da educação por meio de maior índice de

analfabetismo funcional, de menos anos de estudos e de nível de escolaridade

inferior se comparados à população branca.

Dentro da esfera social e econômica mundial, assim como na

brasileira, os africanos e afrodescendentes constituem uma especificidade

histórica que, senão ignorada, recebeu tratamento insuficiente na educação

brasileira. Os movimentos negros tiveram como bandeira de luta por mais de

um século a inclusão das histórias e das culturas de africanos e

afrodescendentes ao ensino da História da humanidade e a do Brasil. Na

década de 30, o movimento Frente Negra Brasileira propunha um processo de

educação popular voltado para a população negra.

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A Constituição de 1988 representou alguns avanços no campo

educacional. A década de 1990 foi marcada com a implantação da nova Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9394/96) a qual consolidou

diretrizes e bases pluriétnicas para a educação brasileira. Em seu artigo 26, 4º

regulamenta que o ensino de História do Brasil contemplasse as contribuições

das diferentes culturas e etnias na formação do povo brasileiro com especial

atenção aos grupos indígenas, africanos e europeus.

O primeiro volume dos Parâmetros Curriculares Nacionais, dentro dos

temas transversais, prescreve a abordagem de questões sociais urgentes

como a “pluralidade cultural”. Este tema buscava a valorização da sociedade

plural.

“Como consequência da Conferência Mundial de Durban, em 2002, e

das negociações políticas nacionais, eis que em 2003 é decretada a lei de

inclusão da História e da Cultura de Africanos e Afro-descendentes na

educação nacional.”11 Em 09 de janeiro de 2003 é assinada a Lei 10.639 que

torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos

estabelecimentos de ensino fundamental e médio”. Nesse momento em que se

discutem políticas afirmativas para com a população afrodescendente, a

Educação de Jovens e Adultos também passa a ser ponto de discussão

quanto ao seu caráter reparador, possibilitando que os historicamente

excluídos estejam presentes neste espaço-tempo de educação a que têm

direito.

Os jovens e adultos quando chegam à EJA, em sua maioria,

encontram-se desmotivados quer pelos anos de afastamento da escola ou

pelos processos de exclusão dos quais foram vítimas.

É imprescindível considerar os aprendentes da EJA como um grupo

heterogêneo, caracterizado para além da faixa etária e levando em

consideração as condições de vida e o pertencimento étnico-racial dos seus

sujeitos.

A presença da juventude negra na EJA exige que o professor passe a

ponderar sobre sua atuação ao mesmo tempo em que confira um lugar a esses

jovens, possibilitando-lhes conceberem-se como sujeitos no processo

educativo. Também o conhecimento do universo afrobrasileiro no qual está

11 CUNHA, (apud Cadernos Temáticos, SEED-PR, 2006, p.87)

13

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inserido esse público significativo de EJA necessita vir à tona, ocupar espaço,

tornar-se integrante dos projetos desenvolvidos na escola.

3 O CEEBJA “PAULO LEMINSKI” E A CULTURA AFROBRASILEIRA

3.1 ASPECTOS CONTEXTUAIS

Através da Resolução 3.314, de 21 de outubro de 1988 teve início, na

Lapa, a história de jovens e adultos com a criação do NAES – Núcleo

Avançado de Estudos Supletivos. Com atendimento individualizado,

flexibilidade de horários e uma proposta de ensino asseriado o NAES passou a

ser um instrumento para a universalização do direito à educação.

Em 18/01/1996, quando já era denominado CES – Centro de Estudos

Supletivos, foi implantado pela Resolução 305/96 o curso de segundo grau. Por

meio da Resolução 724/97 esta instituição de ensino ganha identidade

passando a denominar-se CES ”Paulo Leminski”. A opção pelo nome deveu-se

ao caráter inovador, irreverente e ousado do poeta, cujas características se

assemelham às da escola como instituição viva, dinâmica, crítica e reflexiva.

A partir de 1996, mais especificamente com o advento da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), a educação de jovens e adultos

tomou corpo no cenário educacional passando a ser considerada modalidade

de educação. Neste contexto, recebeu nova denominação: CEAD – Centro

Estadual de Educação Aberta, Continuada a Distância “Paulo Leminski”.

Segundo consta no Projeto Político Pedagógico “a concepção da

educação de jovens e adultos enquanto modalidade de educação básica

estabeleceu mudanças na forma de atendimento. Por meio da Resolução 4561

de 15/12/1999, a escola passou à denominação de CEEBJA – Centro Estadual

de Educação Básica para Jovens e Adultos ‘Paulo Leminski’”, tendo sido

reconhecidos por ato legal (Resolução 2988/01 e publicada em Diário Oficial

em 30/01/2002) os Ensinos Fundamental e Médio.

O CEEBJA “Paulo Leminski” que teve suas atividades educacionais

desenvolvidas em vários endereços, quase sempre compartilhando espaço

com outras escolas do ensino regular, hoje se encontra à Rua João Cândido

Ferreira, 608 dividindo espaço físico com a Escola Estadual “Manoel Antônio

da Cunha”, porém sem perder a essência. Comprometido em atender os

14

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desafios que a sociedade brasileira tem diante da educação, especialmente em

relação à dívida social aos jovens e adultos que foram excluídos do processo

escolar, quer seja pela falta de oportunidade ou por mecanismos econômicos,

sociais ou educacionais o CEEBJA “Paulo Leminski” constrói-se e reconstrói-

se diariamente, tendo a aprendizagem e a cidadania como focos principais e, o

educando como razão de ser da Instituição.

3.2 OS SUJEITOS NAS LINHAS E ENTRELINHAS DOS DOCUMENTOS

Tendo como objeto de estudo a investigação da temática “cultura

afrobrasileira” e o tratamento a ela dispensado no material didático e nas

práticas pedagógicas dos professores de História do ensino médio no CEEBJA

“Paulo Leminski”, antes e depois da Lei nº. 10.639/03, foi necessário efetuar o

levantamento e análise dos mesmos. Também foi necessário averiguar o

direcionamento dado à temática nos documentos oficiais da escola desde a

implantação do ensino médio.

Esse levantamento e resgate do material didático utilizado pelos

professores a partir de 1996, data da implantação do Ensino Médio na referida

escola e dos documentos oficiais12 contribuíram para algumas observações..

O primeiro documento encontrado após a implantação do Ensino Médio

foi a Proposta Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos - versão

1999. Este documento teve como parâmetros para a sua construção os PCNs

(Parâmetros Curriculares Nacionais) e a Lei nº 9394/96 a qual coloca como

oferta educacional duas ações pedagógicas específicas para a modalidade

EJA: Ação Individual e Ação Coletiva. Nele é citado como elemento norteador

das ações pedagógicas do CEEBJA “Paulo Leminski”, o Artigo 26 da

Declaração Universal dos Direitos Humanos: “A educação terá como objetivo o

pleno desenvolvimento da personalidade humana, o fortalecimento do respeito

12 Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná: História; Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná; Cadernos Temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares.; Cadernos Temáticos: História e cultura afro-brasileira e africana: educando para as relações étnico-raciais; Resolução CNE/CEB nº. 1, de 5 de julho de 2000; Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos; Lei N.º 10.639; Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs); Propostas Pedagógicas; Regimento Escolar; Planos de aula; Textos de Grupo de Estudos sobre a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana - 2008; Resolução 1/2004. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de junho de 2004, Seção 1, p. 11 que institui Diretrizes Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

15

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aos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais, favorecerá a

compreensão, a tolerância, a amizade de todas as nações e todos os grupos

étnicos e religiosos e promoverá o desenvolvimento das atividades das Nações

Unidas para a manutenção da Paz.”13 Em conformidade com os PCNs, os

temas transversais são citados como práticas pedagógicas a serem

desenvolvidas e o tema transversal “Pluralidade Cultural”, assim é

apresentado: “Numa sociedade plural é preciso respeitar e valorizar sua

diversidade étnica e cultural – a brasileira frequentemente motiva preconceito e

discriminação que se reproduz no interior da escola, que deve ensinar as

regras do espaço público democrático para garantir ao cidadão igualdade e

direito à diversidade” (...)A área de Ciências Humanas e suas tecnologias

deverá desenvolver a compreensão da identidade, da sociedade e da cultura”.

O Regimento Interno desse mesmo ano traz em seu Artigo 3º “Das finalidades” (p. 7)

“O Centro de Educação Aberta, Continuada, a Distância oferecerá aos seus alunos, serviços educacionais com base nos princípios da Constituição Federal e Estadual:I – Igualdade de condições para o acesso na escola, vedada qualquer forma de discriminação e segregação.” No capítulo “Dos alunos”, na Seção I – Dos Direitos, em seu Artigo 114:

XIX – ter assegurado o princípio constitucional de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;XX – ser respeitado em sua condição de ser humano e não sofrer qualquer forma de discriminação, em decorrência de diferenças física, étnicas, credo, sexo, ideologia, preferência político partidária ou qualquer outra.”

A Proposta Pedagógica de 2001 contempla o ensino semi-presencial

conforme Deliberação 008/00 do CEE(Conselho Estadual de Educação). Em

conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais, os princípios

pedagógicos foram sustentados nos eixos: identidade, diversidade, autonomia,

interdisciplinaridade e contextualização. A disciplina de História tem como

competências e habilidades a serem desenvolvidas o reconhecimento do

caráter dinâmico da cultura, a valorização do patrimônio cultural de diferentes

grupos sociais, o reconhecimento e o respeito à diversidade étnica e cultural da

sociedade brasileira.

Os documentos acima citados demonstram a preocupação do corpo

docente e técnico administrativo em respeitar e valorizar todos os grupos

13 Proposta Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos. p. 21, 1999.

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étnicos por meio do resgate da história de vida do aluno, uma prática

pedagógica que é posta como ponto de partida para as demais.

Na Proposta Pedagógica de 2005, que entrou em vigor a partir de

01/01/2006 os alunos afrodescendentes são citados no item “Perfil do aluno”

por intermédio de uma pesquisa realizada na escola a respeito de suas

origens. Os resultados foram surpreendentes, pois apenas 3% da demanda

escolar se assumiram como afrodescendente. Em “Concepção do ensino de

História” é posto que a contextualização e o respeito à diversidade étnico-

cultural e econômica deve nortear qualquer ação ou prática pedagógica, haja

vista a heterogeneidade do grupo que frequenta esta modalidade de ensino.

Dentro dos três eixos que norteiam a disciplina de História do Ensino Médio

tem-se como conteúdos a serem desenvolvidos em conformidade com a Lei n.º

10.639/03: *Construção do sujeito histórico: formação da identidade e

alteridade; *Produção do conhecimento histórico: as primeiras civilizações e

patrimônio cultural; *Diferentes culturas: a cosmovisão africana e os diversos

Brasis; *História da escravidão no Brasil e nos Estados Unidos: trabalho

escravo, formas de resistência, movimentos abolicionistas e Guerra de

Secessão; *construção da cidadania no mundo contemporâneo: o Apartheid; *

Desafios e obstáculos na construção da cidadania no século XXI: movimentos

sociais - Movimento Negro Unificado, Frente Negra Brasileira.

O Projeto Político Pedagógico 2006, que contempla a oferta do ensino

presencial, por meio da organização coletiva ou individual e prima pela

mediação pedagógica interdisciplinar vem de encontro ao que determina a

proposta Pedagógica-versão 2005 e que entrou em vigor em 2006. Em seu

capítulo “Marco Filosófico ou Conceitual, p. 42, relata: “O CEEBJA “Paulo

Leminski” é espaço aberto de discussão coletiva que possibilita a inter-relação

e integração entre os diversos grupos que o formam. É uma escola onde todos

têm o direito à cidadania, à igualdade, à inclusão, onde as diferenças culturais

e sociais étnicas são valorizadas e respeitadas, pois incluir não significa

padronizar e sim aceitar as diferenças como importante fator contributivo para

a ampliação cultural.”

Por meio destas observações percebe-se que o CEEBJA “Paulo

Leminski” vem cumprindo as três funções da EJA: função reparadora,

equalizadora e qualificadora, propostas pelo Parecer 11/00 do CNE.

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No capítulo “Currículo e Conhecimento”, (p. 45) a Lei n.º 10.639/03 é

citada como fator preponderante na construção do PPP - Projeto Político

Pedagógico. “O CEEBJA 'Paulo Leminski' é o espaço por excelência para

estudo e discussão das questões relacionadas aos afrodescendentes, pois

muitos alunos, embora não se declarem negros, carregam em sua história de

vida experiências de discriminação”. Ainda a cultura e história dos

afrodescendentes são citadas nas “Linhas de Ação”, que assim se pronuncia:

“A escola deve ter como referência o aluno dotado de diversidade cultural, que

se manifesta nos modos de vida, experiências, a chamada cultura imaterial,

que também precisa ser valorizada na escola.” (PPP 2006, p. 48)

O PPP 2007 traz no capítulo “Caracterização dos Cursos” (p. 7),

estudos presenciais desenvolvidos de modo a viabilizar processos pedagógicos

que evidenciem e valorizem as “vivências culturais diversificadas que

expressam a cultura dos educandos, bem como a reflexão sobre as outras

formas de expressão cultural.” Em “Marco Situacional”, (p. 22), aponta para a

permanência do “aluno que já foi excluído uma ou várias vezes” da escola e da

própria sociedade como uma preocupação que vem se fortalecendo nos então

17 anos de existência da escola a qual “busca imprimir o caráter inclusivo em

suas ações pedagógicas.” Ainda reforça as funções reparadora, equalizadora e

qualificadora da EJA como apresentado no PPP 2006. Aponta a importância de

se efetivar o que determina a Lei n.º 10.639/03 na escola que é posto como o

“espaço por excelência para estudo e discussão das questões relacionadas

aos afrodescendentes.” Também enfatiza a preservação e valorização da

cultura imaterial. A Proposta Pedagógica e o Projeto Político Pedagógico de

2008 seguem os mesmos princípios dos documentos citados nos dois

parágrafos anteriores.

Em conformidade com as Diretrizes Curriculares Estaduais de História

que privilegiam as relações culturais, de trabalho e de poder articuladas às

categorias espaço e tempo bem como daqueles que representam demandas

sociais estabelecidas em lei dentre elas a inclusão das temáticas História e

Cultura AfroBrasileira; com as Diretrizes Curriculares Nacionais para as

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e

Africana que tem como princípios norteadores a “consciência política e histórica

da diversidade, o fortalecimento da identidade e de direitos e ações educativas

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de combate ao racismo e à discriminação; e com os Cadernos Temáticos –

“Educando para as relações étnico-raciais”, 2006, produzidos para subsidiar a

prática educacional, pois oferecem aos professores informações

sistematizadas, análises críticas e indicações bibliográficas acerca de uma

nova abordagem sobre a História e Cultura AfroBrasileira, por meio de uma

educação antirracista e de valorização da história e da influência do povo negro

nos contextos social, cultural, político e econômico brasileiro, os documentos

analisados demonstram que o CEEBJA “Paulo Leminski” procura cumprir com

a função estabelecida para a EJA qual seja “a socialização dos sujeitos,

agregando elementos e valores que os levem à emancipação e à afirmação de

sua identidade cultural”14 com metodologias que deem voz a todos os

envolvidos nesse processo visando uma educação para a diversidade.

3.3 AS VOZES DOS SUJEITOS NO MATERIAL DIDÁTICO

O resgate do material didático15 ocorreu paralelamente aos demais

documentos, entretanto um dos materiais mencionados numa das pesquisas

não foi encontrado. Trata-se de uma apostila elaborada pelas professoras de

História do ensino médio e usada como material de apoio. O material didático

utilizado para as duas modalidades16 eram apostilas elaboradas com base no

livro de Gilberto Cotrim, “História e Consciência no Mundo”, desmembrado em

vários módulos; posteriormente as “Apostilas da EJA” (DEJA/SEED); a

coletânea “História: educação de jovens e adultos: ensino médio; fitas de vídeo

“Tele Curso 2000” e Coleção “Cadernos de EJA” – Diversidade e Trabalho.

Das apostilas elaboradas com base no livro “História e Consciência no

Mundo” apenas um exemplar (um módulo) foi encontrado. Este e os demais

foram submetidos a uma análise objetivando detectar a presença do tema

“cultura afrobrasileira” e o tipo de abordagem neles empregado.

Constatou-se neste único exemplar que a abordagem do tema se fez

presente por meio da História Oficial, em conteúdos pautados principalmente

nas relações de trabalho e capital no escravismo. Em poucas situações o

africano era mencionado como elemento geopolítico a exemplo do capítulo “A

14 Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná p.3115 O material didático foi resgato pela professora autora junto à escola, a qual mantinha os exemplares arquivados no almoxarifado e na biblioteca. 16 Atendimento Individual e Atendimento Coletivo.

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Expansão do Imperialismo”. Os textos complementares estavam relacionados

às perseguições e agressões impetradas aos negros norte-americanos por

elementos da Ku Klux Klan até a oitava geração de afrodescendentes e a

euforia despertada no povo norte-americano por meio da música negra – jazz e

blues, bem como o conflito que a sociedade conservadora vivenciava atacando

este estilo de música com “sendo produto do submundo ou de classes

inferiores”17

As atividades que acompanhavam as situações descritas não

procuravam aprofundar ou contextualizar valorativamente o povo africano e sua

cultura.

No material escrito correspondente as tele-aulas do Tele Curso 2000,

a África é citada apenas como continente que abriga uma das grandes

civilizações da antiguidade, o Egito. Apresenta-a também como elemento de

submissão por meio do processo de escravização e de exploração das suas

riquezas naturais, principalmente com relação ao marfim, pimenta-malagueta,

ouro e escravos dentro das relações de trabalho e capital. Não se faz

referência alguma aos conhecimentos, culturas e técnicas de mineração que

esses povos possuíam.

Entretanto, na aula “Brasil: a nação revisitada” o modo como foi

abordado o modernismo ou a Semana da Arte Moderna traz uma concepção

valorativa e crítica a respeito da presença do negro e de sua cultura na

formação do povo brasileiro. Coloca-o como elemento fundamental na

construção da cultura brasileira e remete pensar a questão étnica e cultural

afrobrasileira e indígena, a formação do povo brasileiro e suas contribuições na

cultura, na economia, na política, entre outros. Apesar de contemplar uma

concepção historiográfica oficial remete à reflexão acerca da valorização de

culturas até então consideradas inferiores e indiferentes no processo de

formação da sociedade brasileira.

Questões atuais como Projeto Axé18 e a intolerância aos negros e

imigrantes nordestinos por parte de grupos neonazistas são apresentados

neste material, porém sem maiores reflexões.

17 COTRIM, G. História e Consciência no Mundo. p.34618 O projeto é apenas citado como uma das ações não governamentais que vem sendo desenvolvidas para minimizar os problemas sociais enfrentados por aqueles que sofrem o processo de exclusão social há séculos.

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O material didático “História: educação de jovens e adultos: ensino

médio”, também de abordagem historiográfica oficial, embora com

características reflexivas, apresenta o tema em questão dentro das relações de

trabalho e capital atreladas ao escravismo no período colonial. Aborda os

resquícios dessa relação na atualidade por meio do racismo vigente, mesmo

com leis que consideram crime esta prática. Também são referendadas, por

meio de textos complementares, as formas de resistência que vão desde o

banzo, a fuga, o suicídio, até a formação de quilombos. Uma das atividades

conduz à reflexão acerca do sentimento de superioridade gerado num

determinado grupo social e de possíveis justificativas para isso. As autoras

sugerem o uso dos filmes: “Quilombo”e “Xica da Silva”, além da análise e

reflexão de uma poesia “Vida de escravo”. Levantam alguns questionamentos

como: “Os negros tornaram-se realmente livres depois de 1888?” Fazem

referência à discriminação enfrentada pelos negros no período pós-abolição e,

em quadro destacado, cita os movimentos que acontecem hoje no Brasil como:

O Conselho de Consciência Negra, entre outros. A abordagem geográfica

espacial se restringe à apresentação da civilização egípcia no continente

africano.

Nas “Apostilas da EJA” (DEJA/SEED), o tema é apresentado somente

nas unidades 4 e 5 da segunda apostila cujos títulos são: “O café e a extinção

do tráfico negreiro.” ; “ Imigração, abolição e república.” e no processo de

colonização da África por países europeus. A abordagem do tema não se deu

de maneira diferente dos demais materiais analisados, ou seja, dentro das

relações de trabalho-capital e de forma contextualizada, ou seja, relacionando-

a com o trabalho compulsório.

A Coleção “Cadernos de EJA – Diversidade e Trabalho”, 2007, embora

produzida para o segundo segmento do ensino fundamental, é utilizada pelos

professores do ensino médio como material didático de apoio, haja vista a

forma como conduz o tema em questão, ou seja, dentro do referendado pela

Lei nº. 10.639/03. O material apresenta textos de diferentes gêneros e diversas

fontes que possibilitam a articulação e a integração das diversas áreas do

conhecimento tendo como base o “Trabalho” pela importância que este

representa no cotidiano do aluno jovem e adulto. Prima também pela

valorização das experiências e dos conhecimentos dos alunos.

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É importante ressaltar que, com exceção da Coleção “Cadernos de

EJA”, as demais produções citadas foram elaboradas anteriormente à Lei n.

10.639/03. Também se torna necessário expor que as “Apostilas da EJA

(DEJA/SEED)” ainda compõem o acervo didático oficial utilizado na escola.

Portanto, cabe aos professores, por meio de constantes pesquisas e

participação em cursos, enriquecerem o material disponível e

consequentemente as suas práticas pedagógicas.

3.4 AS VOZES DOS SUJEITOS NOS DEPOIMENTOS

O corpo docente do CEEBJA “Paulo Leminski” é formado por

profissionais que atuam nas suas respectivas áreas de formação os quais se

demonstram comprometidos com a Proposta Pedagógica da EJA com postura

interdisciplinar e contextualizada nas práticas educativas.

Conscientes de que a escolarização de jovens e adultos trabalhadores

requer ações educativas inovadoras que respondam às exigências de uma

sociedade em constante transformação, os docentes procuram definir e

desenvolver o seu plano de ensino, conforme orientações das Diretrizes

Curriculares Nacionais da EJA, das Diretrizes Curriculares Estaduais da EJA e

da Proposta Pedagógica do próprio estabelecimento.

Embora o material didático seja limitado, os professores buscam

incansavelmente enriquecer sua práxis participando de cursos e de grupos de

estudos que supram as carências pedagógicas, bem como, pesquisando e

elaborando materiais alternativos que venham oportunizar uma educação

multicultural, comprometida com os desafios da sociedade contemporânea19.

Na pesquisa realizada com os cinco professores de História que

trabalharam no ensino médio, no período já especificado, procurou-se obter

informações referentes aos diferentes materiais didáticos utilizados em suas

respectivas práticas pedagógicas, a presença ou não do tema “cultura

afrobrasileira” neste material e o tipo de abordagem dedicado ao mesmo, bem

como os conteúdos trabalhados e as estratégias utilizadas. Constatou-se que,

embora estes profissionais dispusessem de material didático de concepção

19 Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, 2000, “uma sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade.”

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historiográfica oficial já tinham uma postura diferenciada com relação ao tema

“cultura afrobrasileira” a exemplo do P1 que relatou experiências vividas em sala

de aula que deixavam clara a necessidade de uma abordagem diferenciada ao

tema devido aos constrangimentos que o tema causava principalmente em

alunos afrodescendentes e a sua busca constante por materiais que

contemplassem abordagens valorativas e reflexivas.20 Com postura dinâmica e

utilização de diferentes materiais que contemplavam abordagens reflexivas e

críticas o tema em questão esteve presente como um dos desafios a serem

enfrentados pelos professores mesmo anteriormente à Lei n.º 10.639/03 devido

à própria característica da educação de jovens e adultos comprometida com o

resgate dos socialmente excluídos para o mundo da cidadania. Obras como:

“Ser negro no Brasil hoje.”; “Educação e Diversidade” e “Racismo à brasileira”

de Ana Lúcia Valente; “Significado do Protesto Negro”, de Florestan

Fernandes; “O que é etnocentrismo”, de Everaldo Rocha; “Pele negra,

máscaras brancas”, de Frantz Fanon; texto: “Para entender o negro no Brasil

de hoje – História, Realidades, Problemas e Caminhos”, de Kabengele

Munanga e Nilma Lino Gomes, eram usadas parcialmente para debates,

discussões e análises pelos aprendentes. A utilização de artigos de revistas e

jornais que envolviam a temática também eram subsídios às práxis destes

professores. Os materiais que foram disponibilizados pela SEED após a Lei

nortearam e aprimoraram as práticas educativas que até então se faziam pelo

comprometimento destes profissionais com vistas a atender os desafios

emergentes da sociedade e do cotidiano escolar. O tema ultrapassou o

ambiente escolar e atingiu a comunidade por meio da participação de um grupo

de capoeira Afro-Raça que anualmente se apresenta nas atividades da escola

no dia 20 de novembro – “Dia da Consciência Negra”. Também pela

participação de uma cabeleireira que voluntariamente fez penteados

característicos da cultura africana e afrodescendente nos alunos para o desfile

de alunos afrodescendentes e pela participação de pessoas da comunidade

nas entrevistas desenvolvidas pelos alunos, conforme atesta em seu

depoimento o P2. Pesquisas em sites oficiais, com a instalação de laboratórios

de informática nas escolas a partir de 2007, também passaram a constituir

20 P1 Professor 1; P2; Professor 2 e P3: Professor 3. Depoimentos em Anexos.

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uma ferramenta importante no tratamento diferenciado ao tema e este recurso

vem sendo amplamente utilizado na escola, segundo o P3. Conforme

depoimento do P2. a carência de material voltado à educação de jovens e

adultos dentro da temática em questão levou professoras à elaboração de um

“Folhas” em 2005, voltado à valorização da cultura afrobrasileira.

Torna-se importante ressaltar que o compromisso com a formação

humana e com a afirmação da identidade cultural dos diferentes grupos que

compõem a demanda da EJA são pontos de partida para uma práxis voltada

ao reconhecimento destes grupos e à sua valorização.

3.5 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)

O Grupo de Trabalho em Rede, composto por quatorze professoras

cursistas da rede estadual de educação colaborou e sustentou o trabalho

desenvolvido pela professora PDE em ambiente virtual. Por intermédio deste

recurso constatou-se que a participação destas professoras no curso ocorreu

devido à necessidade constante de aperfeiçoamento profissional frente aos

desafios da sociedade e a carência de material específico para a educação de

jovens e adultos dentro do tema discutido.

O projeto foi compartilhado com as mesmas as quais buscaram em

suas respectivas escolas fazer o levantamento e análise do material disponível

antes e depois da Lei, rever suas práticas educativas e partilhar os resultados

nos fóruns e diários. Este recurso possibilitou reconhecer que todas

compartilhavam as mesmas dificuldades com relação ao material disponível

nas suas escolas: livros ou apostilas que trazem “concepções forjadas e

caracterizam os povos a partir de uma ótica unilateral, contribuindo para que os

povos africanos sejam identificados com subdesenvolvimento, esvaziando sua

história cultural.”(E.C.S.) Percebeu-se também as dificuldades encontradas por

estes professores ao colocar em ação o que determina a Lei n.º 10.639/03 a

exemplo do relato de uma professora cursista que assim se pronunciou: “O

segundo maior continente do planeta aparece em livros didáticos somente

quando o tema é escravidão, deixando capenga a noção de diversidade de

nosso povo e minimizando a importância dos afrodescendentes.” (M.F.Z.)

Outra participante do curso argumentou que “somente nos três ou

quatro últimos anos é que percebo essa preocupação com o estudo e

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compreensão do tema cultura africana e afrobrasileira pois sempre abordamos

principalmente a escravidão e as formas de resistência. A História da África ou

de países africanos nem sequer era mencionada nos livros didáticos ou

qualquer outro material disponibilizado para os professores. Também não fazia

parte do currículo. “(E.L.B.) Nesta mesma linha de pensamento outra cursista

acrescenta “felizmente já é possível encontrar produções nesta área, apesar de

escassa, mas com uma linha de pesquisa diferente daquela que apresenta o

negro na história brasileira apenas sob o viés da escravidão.” (...) ” como

sabemos está previsto na lei a inserção da História e Cultura Afrobrasileira e

Africana no currículo escolar, mas infelizmente o que tenho notado, é uma

inserção forçada e desconexa deste conteúdo, que basicamente fica restrito à

disciplina de História.” (E.P.A.)

Sabe-se que muitas produções bibliográficas foram desenvolvidas a

partir da Lei como forma de embasamento teórico-científico para os

profissionais da educação e da população em geral, entretanto as produções

didático-pedagógicas ainda são escassas. Ainda tem-se claro a necessidade

de mudança de mentalidade por parte de profissionais que mantêm certa

resistência ao assunto bem como por parte da sociedade que acredita no mito

da democracia racial, na ausência do preconceito e da discriminação.

A partir do momento em que o conhecimento folclorizado e

preconceituoso for questionado, desmitificado e confrontado com o

conhecimento ético e científico as barreiras ora postas para esta mudança

serão superadas com qualidade e eficiência. A sala de aula e o

comprometimento dos profissionais da educação que buscam aprimoramento

constante formam o primeiro degrau da grande escalada rumo a uma educação

das relações étnico-raciais.

3.6 OBJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA - OAC

O OAC intitulado “Valorização da Cultura Afrobrasileira e Africana na

EJA” propõe uma série de ações e sugestões de leitura de várias bibliografias

contendo textos históricos, poemas, músicas, artigos de jornais, bem como

visitas a sites e atividades valorativas que podem ser desenvolvidas na EJA

com vistas a uma educação para a diversidade.

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O material didático vem de encontro ao estabelecido nas Diretrizes

Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná quanto à

abordagem de temas que compõem os desafios da sociedade contemporânea

de forma interdisciplinar. Com foco na temática cultura afro-brasileira, norteia

as práticas pedagógicas de várias disciplinas de acordo com os seus

conteúdos estruturantes e específicos.

Este material foi executado na escola no primeiro semestre e, de forma

integrada, envolveu as disciplinas de História, Português, Arte, Geografia,

Sociologia, Biologia e Matemática. Cada disciplina procurou na sua

especificidade explorar a temática de forma a tecer um conhecimento amplo e

valorativo acerca da cultura afrobrasileira. A união dos professores e o

comprometimento com uma educação de qualidade foram fundamentais para o

desenvolvimento do OAC ajudando a desmitificar a dificuldade criada sobre a

aplicação da Lei n.º 10.639/03 nas diversas disciplinas.

A re-escrita da história africana e afrobrasileira, construída

coletivamente pelos professores das disciplinas envolvidas contribuiu para

derrubar preconceitos, quebrar estereótipos até então construídos e melhorar a

autoestima de alunos afrodescendentes como atestam alguns depoimentos de

alunos: “Gostei de participar do desfile e me orgulhei por representar a minha

raça.” (W.S.); “Me sinto muito feliz e orgulhoso por ser afrobrasileiro.”(J.E.S.S.);

“No dia 18 de junho de 2009 em que me apresentei aos meus colegas no

CEEBJA usando roupas e acessórios da cultura africana, me senti muito bem.

Subi no palco e desfilei mostrando aos outros que eu adoro a minha

descendência, que gosto de mim assim. Mostrei a todos que não devemos ter

vergonha do que somos ou do que os nossos antepassados foram.” (D.L.R.R.)

3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa processada na escola contribuiu para a elaboração de

algumas considerações sobre as diferentes abordagens acerca do tema

“cultura afrobrasileira” dentro de uma modalidade de ensino que prima pelo

respeito e valorização do conhecimento e da diversidade de sua demanda.

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Observou-se que os materiais didáticos oficialmente disponibilizados e

anteriormente citados, com exceção da “Coleção de EJA”21 trazem uma

concepção historiográfica oficial na qual o tema ora abordado encontra-se

diretamente vinculado às relações de trabalho e capital no escravismo. Em

raras situações, a exemplo do colonialismo e do imperialismo, o negro aparece

como elemento geopolítico. Concepções valorativas ou reflexivas para com o

tema praticamente são inexistentes com exceção do trato dado ao conteúdo do

“modernismo” num único material didático que trazia uma reflexão acerca da

valorização de culturas até então consideradas inferiores e indiferentes no

processo de formação da sociedade brasileira. Este material evidenciou a

Congada como um elemento constitutivo da cultura afrobrasileira a ser

preservado. Também fez referência a ações não governamentais a exemplo do

projeto “Axé” como meio para minimizar problemas sociais enfrentados por

aqueles que sofreram o processo de exclusão social há séculos e a intolerância

aos negros.

O que pode ser observado também é o tratamento linguístico dado à

condição do africano. Este sempre posto na condição de “escravo” e não como

“mão-de-obra escravizada” ou “escravizado” acabava por contribuir para o

fortalecimento do estereótipo que hoje se procura desconstruir.

Torna-se pertinente complementar que estes exemplares foram

editados antes da Lei n.° 10.639/03, porém com vistas a atender uma

modalidade de ensino diferenciada que prima pela igualdade de todos e pela

valorização de seus aprendentes bem como do seu pertencimento étnico

conforme atestam os Projetos Políticos Pedagógicos e as Propostas

Pedagógicas desde 1996 e as Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação

de Jovens e Adultos (2000). Entretanto, estes exemplares ainda constituem o

acervo didático dos CEEBJAs e são postos como norteadores das práticas

educativas cabendo aos professores dar o direcionamento adequado ao tema

com o apoio dos Cadernos Temáticos e dos materiais disponibilizados em

cursos ofertados pela SEED.

21 Os livros pertencentes à “Coleção da EJA”, 2007 produzidos para o ensino fundamental, são utilizados no ensino médio como material complementar haja vista o tratamento do tema em questão estar de acordo com o que determina a Lei n.º 10.639/03.

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Sendo a educação de jovens e adultos uma modalidade de ensino

distinta das demais por seu caráter reparador, equalizador e qualificador,

também os profissionais que atuaram e atuam nesta modalidade têm a

preocupação constante com a valorização dos diferentes grupos sociais que

compõem a demanda escolar enquanto seres humanos e cidadãos. Isto se

torna visível pela busca contínua de materiais alternativos, pela produção de

material didático específico para a EJA dentro do tema em questão e pela

participação em cursos de mestrado e PDE que contemplem o tema.

Portanto, o tema “cultura afrobrasileira”, independente da concepção

abordada nos diferentes materiais didáticos e, mesmo anteriormente à Lei que

instituiu sua obrigatoriedade, sempre se fez presente nas práticas educativas

desses profissionais. Estes buscaram em fontes diversas o embasamento

teórico para uma prática educativa de valorização e reconhecimento das

potencialidades enquanto agentes formadores da sociedade brasileira e

detentores de conhecimentos, cultura e técnicas próprias. A Lei n.º 10.639/03 e

os Cadernos Temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura

afrobrasileira e africana nos currículos escolares.; Cadernos Temáticos:

História e cultura afrobrasileira e africana: educando para as relações étnico-

raciais, disponibilizados para as escolas a partir de 2006 vieram nortear as

práticas já existentes com vista a uma educação para a diversidade.

Portanto, a pesquisa ora realizada contribuiu para esboçar um

diagnóstico acerca da aplicação da Lei n.º 10.639/03 na educação de jovens e

adultos, mais especificamente no CEEBJA ”Paulo Leminski”, bem como as

dificuldades para a sua execução e os caminhos traçados pelos educadores

para contorná-las. A participação de professores em ambiente virtual contribuiu

para reforçar o que se constatou quanto ao material didático disponível na

escola, ou seja, livros ou apostilas de concepção historiográfica oficial,

portanto, ultrapassado, como parte da realidade vivenciada pelas EJAs. Os

Cadernos Temáticos que vieram subsidiar a prática educativa a partir de 2006

foram importantes para nortear as práxis já existentes devido à própria

característica do educador da educação de jovens e adultos em trabalhar com

os socialmente excluídos. Constatou-se também que embora existam

produções acadêmicas acerca do tema “cultura afrobrasileira e africana”, ainda

há carência de material didático específico para a EJA, o que justificou a

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produção de um “Folhas” e de um “OAC” por professoras da referida escola

voltados à valorização da cultura afrobrasileira. Observou-se que a busca por

formação continuada na temática é uma realidade constante, dada as

dificuldades de acesso a diferentes materiais que contemplem uma abordagem

valorativa da história africana e afrobrasileira e a ausência da História da África

na formação acadêmica.

Diferente do que ocorre no CEEBJA “Paulo Leminski”, na maioria das

escolas, a inserção dos conteúdos fica restrita à disciplina de História onde se

percebe certo desconforto por parte dos professores e alunos na aplicação da

lei. Isto ocorre devido à escassez de material didático adequado, a formação

limitada dos profissionais e as situações de preconceito e discriminação

vivenciadas nas escolas.

REFERÊNCIAS

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Projetos Políticos Pedagógicos – versão 2006; 2007; 2008

Propostas Pedagógicas – versão 1999; 2001; 2005

Regimento Interno 1999

ANEXOS

Os documentos anexados: “Material Didático”; “Documentos Oficiais” e

“Entrevistas” foram fundamentais para que o objetivo proposto na pesquisa

fosse alcançado, ou seja, delinear como o tema “cultura afro-brasileira” vem

sendo desenvolvido na disciplina de História do ensino médio, no CEEBJA

“Paulo Leminski” anteriormente e posteriormente à Lei nº. 10.639/03.

MATERIAL DIDÁTICO/ANO

CATEGORIAS/CONCEITOS CONCEPÇÃO DO TEMA

TEMPO

Livro didático- único exemplar

- relações trabalho/capital( realizadas no escravismo) Guerra de Secessão;

- texto complementar: “A violência e racismo” – aborda perseguições e agressões aos negros norte-americanos por meio da Ku Klux Klan;

- História oficial.

- História oficial

- Guerra de Secessão.

- Pós Guerra de Secessão.

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- “ A expansão do Imperialismo! Relações trabalho/capital e como elemento geopolítico;

- Cap. 33- “Primeira Guerra Mundial” em texto complementar “ Dias de Glória: os EUA embalados pelo jazz”

.História oficial.

- conflitos entre a sociedade conservadora que atacava o estilo de música sendo produto do submundo ou de classes inferiores( p. 346)

- Imperialismo – século XIX.

- Primeiras décadas do século XX.

Tele-Curso 2000 - Aula 3: Localização do Egito no mapa do mundo;

- Aula 15: “ Os descobrimentos geográficos” faz referência à África como elemento de submissão e de exploração das riquezas naturais;

-Aula 23: Revoluções americanas”. Os negros são citados como elementos participativos dos exércitos revolucionários;

Aula 24: “Brasil: a nação revisitada” – Modernismo- ; Aborda a Congada como elemento cultural preservado. (p.32); Publicação de Macunaíma, personagem que era a cara do Brasil (nasceu índio, depois virou negro e depois branco. ( p. 34)

Aula 36: “O mundo atual: a história não acabou”. Neste capítulo é citado o projeto Axé como ação não governamental para minimizar problemas sociais enfrentados por aqueles que sofreram o processo de exclusão social há séculos e a

- História oficial.

- História oficial.

- História oficial (tradicional)

Concepção valorativa e crítica. Remete a pensar a questão étnica e cultural afro-brasileira e indígena; a formação do povo brasileiro e suas contribuições na cultura, na economia, na política, entre outros.

_________

_________

- Revoluções americanas.

- Modernismo e como elemento atual.

- Atualidade.

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intolerância aos negros e nordestinos por parte dos neonazistas.

-Breve apresentação do projeto, sem maiores reflexões.

História: educação de jovens e adultos: ensino médio. Cely Bortoleto, Nely Zanirato De Luca. – Curitiba: Educarte, 2000.

1º capítulo: “ O mundo do trabalho” –apresentado o trabalho escravo contextualizando com a escravidão na atualidade. (p. 19)

2º capítulo: “Das antigas civilizações ao feudalismo”. O Egito é apresentado como civilização ímpar situada no continente africano.

- “A sociedade brasileira na época colonial”. As autoras mencionam o trabalho escravo como modo de produção característico do período, as formas de resistência e o racismo vigente como resquício dessa relação.

- Páginas 79 e 80, na “Economia cafeeira” novamente o trabalho escravo e o processo de abolição são apresentados. Faz referência à discriminação imposta aos libertos e aos movimentos negros (Conselho de Consciência Negra). Sugere filmes: “Quilombo” e “Xica da Silva”e análise da poesia “vida de escravo”.

-Relações trabalho/capital.

- Abordagem geográfica espacial.

- Relações de trabalho/capital; reflexões sobre o sentimento de superioridade de um grupo sobre o outro.

- Relações trabalho/capital;- Dentro de uma concepção histórica-crítica faz reflexões acerca da libertação agregando-a à verdadeira liberdade e à discriminação da qual são vítimas. Também apresenta alguns movimentos que acontecem hoje no Brasil.

- Escravidão nos séculos XVIII e XIX.

- Antiguidade.

- Brasil Colônia.

- Atualidade.

- Séculos XVII e XIX- Brasil Império;

- Atualidade.

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Apostilas da EJA (DEJA/SEED)

- O tema é abordado no capítulo “O café e a extinção do tráfico negreiro”; “Imigração, abolição e república.” E no processo de colonização da África por países europeus – Imperialismo. (Tratado de Berlim)

- A abordagem se faz dentro de uma perspectiva da história oficial dentro das relações trabalho/capital contextualizada com o trabalho compulsório.

- Brasil Império;

- Imperialismo-séc. XIX;

- Atualidade.

DOCUMENTO/ANO CATEGORIAS/CONCEITOS CONCEPÇÃO

Proposta Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos – 1999

-Embasada nos PCNs e em Temas Transversais “Pluralidade Cultural”

História crítica (...numa sociedade plural é preciso respeitar sua diversidade étnica e cultural.)

Regimento Interno - 1999 Pautado na garantia de igualdade de condições proibindo qualquer forma de discriminação e segregação.

História crítica

Proposta Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos - 2001

Em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais prima pela valorização do patrimônio cultural de diferentes grupos sociais, o reconhecimento e o respeito à diversidade étnica e cultural da sociedade brasileira.

História crítica

Proposta Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos - 2005

Em conformidade com as Diretrizes Curriculares Estaduais tem o respeito à diversidade étnico-cultural como norteadora das práticas pedagógicas. Dentro dos três eixos que norteiam a disciplina de História do Ensino Médio tem-se como conteúdos a serem desenvolvidos em conformidade com a Lei n.º

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais.

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10.639/03: *Construção do sujeito histórico: formação da identidade e alteridade; *Produção do conhecimento histórico: as primeiras civilizações e patrimônio cultural; *Diferentes culturas: a cosmovisão africana e os diversos Brasis; *História da escravidão no Brasil e nos Estados Unidos: trabalho escravo, formas de resistência, movimentos abolicionistas e Guerra de Secessão; *construção da cidadania no mundo contemporâneo: o Apartheid; * Desafios e obstáculos na construção da cidadania no século XXI: movimentos sociais - Movimento Negro Unificado, Frente Negra Brasileira.

Projeto Político Pedagógico - 2006

A Lei nº 10.639/03 é referendada no documento que ressalta a escola como espaço aberto de discussão que possibilita a interrelação e integração entre os diferentes grupos que o formam.

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

Projeto Político Pedagógico - 2007

O documento reforça as funções reparadora, equalizadora e qualificadora da EJA. Aponta o CEEBJA como espaço por excelência para estudo e discussão das questões relacionadas aos afrodescendentes. Também enfatiza a importância da preservação e valorização do patrimônio imaterial.

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

Proposta Pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos - 2008

O documento reforça as funções reparadora, equalizadora e qualificadora da EJA. Aponta o CEEBJA como

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

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espaço por excelência para estudo e discussão das questões relacionadas aos afrodescendentes. Também enfatiza a importância da preservação e valorização do patrimônio imaterial.

Projeto Político Pedagógico - 2008

A Lei nº 10.639/03 é referendada no documento que ressalta a escola como espaço aberto de discussão que possibilita a interrelação e integração entre os diferentes grupos que o formam

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

As Diretrizes Curriculares Estaduais de História- 2007/2008

Privilegiam as relações culturais, de trabalho e de poder articuladas às categorias espaço e tempo. As temáticas História e Cultura Afro-Brasileira devem ser discorridas por meio dos conteúdos estruturantes.

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná – 2005

Visa a socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os levem à emancipação e à afirmação de sua identidade cultural.

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

Diretrizes Curriculares Nacionais para as Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana- 2006

Prima pela consciência política e histórica da diversidade, o fortalecimento da identidade e de direitos e ações educativas de combate ao racismo e à discriminação”. Norteia as ações pedagógicas e curriculares visando uma educação para a diversidade

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

Lei nº. 10.639/03 Prevê a obrigatoriedade de

inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos de Educação Básica. Propõe que “se repensem

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relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas, procedimentos de ensino, condições oferecidas para aprendizagem, objetivos tácitos e explícitos de educação oferecida pelas escolas’ com vistas a “ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira” ”. (DCN p.17)

Cadernos Temáticos- ‘Educando para as relações étnico-raciais”, 2006

Produzidos para subsidiar a prática educacional, oferecem aos professores informações sistematizadas, análises críticas e indicações bibliográficas acerca uma nova abordagem sobre a História e Cultura Afro-Brasileira, por meio de uma educação antirracista e de valorização da história e da influência do povo negro nos contextos social, cultural, político e econômico brasileiro.

História crítica. Remete a pensar e discutir as questões étnicas e culturais

SUJEITOS/ ANO

MATERIAL DIDÁTICO

ABORDAGEM TEMÁTICA DO MATERIAL DIDÁTICO ESTRATÉGIA UTILIZADA

ABORDAGEM TEMÁTICA DO MATERIAL DIDÁTICO

LEI 10.639/03

CONHECIMENTO DISCUSSÃO

RESISTÊNCIA

Sujeito 1 Apostila elaborada -relações de _Aulas expositivas; Diário Oficial e Não houve Sim

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(1991-2001)

pelos professores; livros; textos; fitas; outros.Apostilas enviadas pela SEED; “Ser negro no Brasil hoje.”, “Educação e Diversidade” e “Racismo a brasileira” de Ana Lúcia Valente; “Significado do Protesto Negro”, de Florestan Fernandes; “O que é etnocentrismo”, de Everaldo Rocha; artigos de revistas e jornais.

trabalho e capital;;abordagem crítica; abordagem reflexiva.

discussões sobre os capítulos ou artigos apresentados e reproduzidos; seminários.

Mestrado. discussão.

Sujeito 2 (2001 a 2006

Apostilas disponibilizadas pela SEED e apostilas produzidas pelas professoras.

Nas apostilas oficiais a abordagem se dá dentro das relações de trabalho e capital enfocadas no escravismo; na ocupação da África durante o Imperialismo do século XIX e no processo de descolonização.No material alternativo aconteciam abordagens reflexivas sobre o racismo e o apartheid.

Busca constante por material alternativo; Organização de um Folhas sobre a Valorização da cultura africana;Desenvolvimento do Folhas por professores de diferentes áreas com a participação da comunidade(cabeleireira).

Pelos meios de comunicação e num curso de formação continuada sobre Consciência Negra.

Sim Não

Sujeitos 3 (1999-2004)

Apostilas da SEED e livros didáticos utilizados no Ensino Regular. ; filmes; textos extraídos de jornais e revistas, entre outros

Relações de trabalho e capital; na formação da sociedade brasileira e a herança cultural.

Aulas expositivas; debates; trabalhos em grupo.

Jornal e Internet Nas reuniões pedagógicas, entre os colegas da disciplina e na hora atividade.

Por professores de matemática.

Sujeito 4 Apostilas da SEED e Relações de Aulas expositivas; Jornal e Internet Nas reuniões Por

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(1999-2004)

livros didáticos utilizados no Ensino Regular; filmes; textos extraídos de jornais e revistas, entre outros

trabalho e capital; na formação da sociedade brasileira e a herança cultural.

debates; trabalhos em grupo.

pedagógica, entre os colegas da disciplina e na hora atividade.

professores de matemática.

Sujeito 5 Livros; apostilas da SEED; textos; fitas de vídeo; trechos do livro: “Pele negra, máscaras brancas”, de Frantz Fanon; sites como www.acordacultura.org.br; www.unidadenadiversidade.org.br; texto: “Para entender o negro no Brasil de hoje – História, Realidades, Problemas e Caminhos”, de Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, entre outros.

As três abordagens eram referendadas nos diferentes materiais: relações trabalho/capital no escravismo; na formação da sociedade brasileira e como elemento geopolítico.

Pesquisas na Internet, em livros e revistas; entrevistas na comunidade para saber se reconhecem algo da cultura africana no seu cotidiano; debates, entre outros.

Por material enviado pelo Núcleo Regional de Educação (NRE)

Não foi discutida.

Houve resistência por parte de professores de matemática, física e química.

PESQUISA

O Projeto PDE intitulado “A Valorização da Cultura Afrobrasileira

na EJA, por meio do ensino de História.” tem por objetivo investigar como a

temática “cultura afrobrasileira” vem sendo trabalhada na disciplina de História,

no CEEBJA “Paulo Leminski”, a partir da implantação do Ensino Médio.

1- Nome: P.1

2- Tempo de magistério: 19 anos Disciplina: História

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3- Tempo de trabalho no CEEBJA: 10 anos (ou) Época em que trabalhou no

CEEBJA: de 1991 a 2001

4- Relacione o material (livros, apostilas, textos, fitas, outros) utilizado na

disciplina de História do Ensino Médio, neste período.

Era uma apostila que os próprios professores da disciplina organizaram.

5- O tema “cultura afrobrasileira” era contemplado no material didático?

( x ) Sim ( ) Não

6- Que tipo de abordagem temática era apresentada?

a) Eixo temático: relações trabalho-capital ( realizadas no escravismo).

b) Eixo temático: formação da sociedade brasileira com destaque a

contribuição cultural dessa etnia na tecnologia, na religião, na economia e nos

hábitos cotidianos como a música, a alimentação, o vocabulário, entre outros.

c) Eixo temático: elemento geopolítico.

6.a - Relacione os conteúdos específicos ou temas abordados.Tradicionalmente o eixo temático relações trabalho-capital (escravismo), formação da sociedade brasileira com destaque a contribuição cultural dessa etnia na música, religião, alimentação, vocabulário etc. Além desse material que era um recorte de livros e posteriormente apostilas enviadas pela SEED, eu trabalhava com livros de autores que questionavam as versões oficiais. Alguns que me lembro: Ser Negro no Brasil Hoje de Ana Lúcia Valente, Racismo a Brasileira mesma autora, Significado do protesto Negro de Florestan Fernandes, O que é etnocentrismo de Everardo Rocha, Educação e Diversidade da Valente, artigos de revistas e jornais.

7- Por meio de quais estratégias didáticas os conteúdos eram abordados?Dos livros selecionava conteúdos, capítulos, que reproduzia e entregava para equipes para apresentação de seminários.

8- Durante suas práticas pedagógicas anteriores à Lei nº 10.639/03 sentiu necessidade de dar um enfoque diferente à questão do negro e afrodescendente quanto a sua valorização e a sua cultura?( x ) Sim ( ) Não

8.a - Justifique sua resposta com situações que tenha vivido.Sempre fui muito sensível sobre a temática. Percebo situações de constrangimento que principalmente crianças passam na escola. Quanto aos adultos tenho uma história clássica, estava lecionando em 1992, na Escola Polivalente, para uma 7ª série noturno, que a maioria dos alunos eram adultos, o Tema era escravidão no Brasil, mas comecei a conversa contextualizando sobre a situação dos negros no Brasil do momento, quando uma aluna chamada Ana Cristina, jogou o livro no chão, saiu correndo batendo a porta. No outro dia conversamos com ela, eu e a Neide Zella e, ela disse que pensou que

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tinha encontrado outra racista no seu caminho. Relatou que já tinha passado por diversas situações de constrangimento. Mais tarde reencontrei-a no segundo grau do CEEBJA, e ela tornou-se minha defensora. Na mesma turma dela tinha um policial negro ( José) que não gostava dos seminários da temática.

9- De que maneira tomou conhecimento da Lei nº 10.639/03?Já estava fazendo o mestrado e ficava só antenada nos debates, tirei uma cópia do diário oficial que trazia a Lei.

10- A Lei nº 10.639/03 foi discutida em seu estabelecimento de ensino?( ) Sim ( x ) Não

10.a - Como aconteceu esta discussão?Logo que ela saiu não me lembro de discussões a respeito da Lei. Os debates vieram bem depois. Nem todos os professores são favoráveis a ela.

11- Houve resistência com relação ao disposto na Lei nº 10.639/03 em seu estabelecimento de ensino, por parte dos professores da disciplina de História ou de outras disciplinas?( x ) Sim ( ) Não

11.a Quais disciplinas? História, português, arte, matemática, diversas. Não podemos esquecer que muitos professores usam a mágica do espelho, se olham e dizem não somos racistas, entretanto ainda acreditam que as crianças negras não possuem a mesma competência das outras. A maioria não concorda com a Lei, principalmente quando se trata de perder alguns privilégios- caso das cotas.

11.b - Assinale as possíveis razões para essa resistência:( x ) não concorda com a Lei.( x ) desconhecimento da história africana.( ) dificuldade em encontrar material didático específico.( ) medo de inovar.( x ) comodismo.

PESQUISA

O Projeto PDE intitulado “A Valorização da Cultura Afrobrasileira

na EJA, por meio do ensino de História.” tem por objetivo investigar como a

temática “cultura afrobrasileira” vem sendo trabalhada na disciplina de História,

no CEEBJA “Paulo Leminski”, a partir da implantação do Ensino Médio.

1- Nome: P.2

2- Tempo de magistério: 8 anos Disciplina: História

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3- Tempo de trabalho no CEEBJA: 4 anos (ou) Época em que trabalhou no

CEEBJA: de 2001 a 2005.

4- Relacione o material (livros, apostilas, textos, fitas, outros) utilizado na

disciplina de História do Ensino Médio, neste período.

Neste período utilizávamos algumas apostilas produzidas a partir de textos

selecionados por professores do CEEBJA e também 3 apostilas

disponibilizadas pela Secretaria de Estado da Educação.

5- O tema “cultura afrobrasileira” era contemplado no material didático?

( ) Sim ( X ) Não

6- Que tipo de abordagem temática era apresentada?

a) Eixo temático: relações trabalho-capital ( realizadas no escravismo).

b) Eixo temático: formação da sociedade brasileira com destaque a

contribuição cultural dessa etnia na tecnologia, na religião, na economia e

nos hábitos cotidianos como a música, a alimentação, o vocabulário,

entre outros.

c) Eixo temático: elemento geopolítico.

Nos materiais utilizados havia apenas a abordagem das relações de trabalho e

de capital.

6.a - Relacione os conteúdos específicos ou temas abordados.

No material fornecido pela SEED constavam os seguintes assuntos:

O café e a extinção do tráfico negreiro";

"Imigração, Abolição e República";

Uma leitura complementar: "Ainda existem escravos?".

Outro momento em que a África estava apresentada era durante o conteúdo

"Imperialismo capitalista: A partilha da África." E uma abordagem rápida sobre

a ocupação do território africano pelos países europeus e no "processo de

descolonização".

No entanto, era possível perceber que tanto o material de apoio produzido

pelos educadores da escola, quanto no material fornecido pela SEED, não

havia referências aos africanos diferentes da exploração do trabalho e da

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escravidão. No material complementar havia algumas observações

relacionadas ao racismo e ao apartheid, mas nada muito profundo.

Neste sentido, o que acabava acontecendo era que nós tentávamos inserir no

conteúdo a valorização e o resgate da cultura afrobrasileira.

7- Por meio de quais estratégias didáticas os conteúdos eram abordados?

Para desenvolver este conteúdo com qualidade era necessária a busca de

diferentes materiais de apoio e constante pesquisa, pois sabíamos que os

materiais que tínhamos à nossa disposição não eram suficientes. E como o

coletivo dos educadores do CEEBJA no qual eu lecionava sempre desenvolvia

projetos coletivos, então eu e a professora Eliana de História organizamos um

“Folhas” sobre a valorização e a cultura africana. Como foi uma pesquisa na

qual nos envolvemos bastante, colocamos em prática na escola envolvendo

outros educadores, em especial de Língua Portuguesa e Arte. A culminância do

projeto foi na Semana da Consciência Negra com um desfile envolvendo os

educandos, que apresentaram a indumentária africana (produzida por nós) e

com acessórios produzidos pelos educandos durante a disciplina de Arte. O

projeto acabou estendendo-se também para a comunidade, pois uma

cabeleireira, muito disponível, também produziu penteados afros nos

educandos para o dia do desfile. Tínhamos o propósito de oferecer aos

educandos que frequentavam a escola somente aos sábados, uma feijoada,

mas infelizmente, não foi possível devido a aspectos que não estavam sob

nosso controle.

Este é apenas um exemplo de envolvimento entre educadores de diferentes

disciplinas, educandos e comunidade escolar mostrando que é possível ensinar

e aprender de forma diferente.

8- Durante suas práticas pedagógicas anteriores à Lei nº 10.639/03 sentiu necessidade de dar um enfoque diferente à questão do negro e afrodescendente quanto a sua valorização e a sua cultura?( X ) Sim ( ) Não

8.a - Justifique sua resposta com situações que tenha vivido.

Não lembro de uma situação específica, mas sempre senti necessidade

durante as aulas de História, onde os livros didáticos traziam a discussão da

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escravidão de incluir também a questão cultural e até mesmo de incentivar a

uma leitura mais crítica do conteúdo apresentado nos materiais de apoio.

9- De que maneira tomou conhecimento da Lei nº 10.639/03?

Pelos meios de comunicação e em especial num curso de formação continuada

oferecido em Faxinal do Céu sobre a Consciência Negra.

10- A Lei nº 10.639/03 foi discutida em seu estabelecimento de ensino?( X ) Sim ( ) Não

10.a - Como aconteceu esta discussão?

Não me recordo muito bem, mas acredito que foi comentada pelo diretor

durante a hora atividade e uma discussão mais aprofundada aconteceu entre

os educadores de História.

11- Houve resistência com relação ao disposto na Lei nº 10.639/03 em seu estabelecimento de ensino, por parte dos professores da disciplina de História ou de outras disciplinas?( ) Sim ( X ) Não

11.a Quais disciplinas?

11.b - Assinale as possíveis razões para essa resistência:( ) não concorda com a Lei.( ) desconhecimento da história africana.( ) dificuldade em encontrar material didático específico.( ) medo de inovar.( ) comodismo.

PESQUISA

O Projeto PDE intitulado “A Valorização da Cultura Afrobrasileira

na EJA, por meio do ensino de História.” tem por objetivo investigar como a

temática “cultura afrobrasileira” vem sendo trabalhada na disciplina de História,

no CEEBJA “Paulo Leminski”, a partir da implantação do Ensino Médio.

1- Nome: P.3

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2- Tempo de magistério: 7 anos Disciplina: História

3- Tempo de trabalho no CEEBJA: + ou - 4 anos (ou) Época em que trabalhou

no CEEBJA:

4- Relacione o material (livros, apostilas, textos, fitas, outros) utilizado na

disciplina de História do Ensino Médio, neste período.

Pinturas, desenhos, gravuras, fotos, etc. que contribuem para desenvolver e ampliar o senso crítico do aluno; trechos do livro Pele negra, máscaras brancas, de Frantz Fanon; sites como www.acordacultura.org.br, www.unidadenadiversidade.org.br ; texto : Para entender o Negro no Brasil de Hoje - História, Realidades, Problemas e Caminhos, de Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, entre outros.

5- O tema “cultura afrobrasileira” era contemplado no material didático?

( X ) Sim ( ) Não

6- Que tipo de abordagem temática era apresentada?

a) Eixo temático: relações trabalho-capital ( realizadas no escravismo).

b) Eixo temático: formação da sociedade brasileira com destaque a

contribuição cultural dessa etnia na tecnologia, na religião, na economia e

nos hábitos cotidianos como a música, a alimentação, o vocabulário,

entre outros.

c) Eixo temático: elemento geopolítico.

6.a - Relacione os conteúdos específicos ou temas abordados.Os temas abordados foram, em especial, a cultura dos povos africanos ainda em sua terra natal e como nós assimilamos e fazemos uso da mesma sem ao menos nos dar conta de sua utilização.

7- Por meio de quais estratégias didáticas os conteúdos eram abordados?Através de pesquisas em internet, livros, revistas; entrevistas com a comunidade para saber se reconhecem algo da cultura africana em nosso cotidiano; debates sobre os resultados coletados.

8- Durante suas práticas pedagógicas anteriores à Lei nº 10.639/03 sentiu necessidade de dar um enfoque diferente à questão do negro e afrodescendente quanto a sua valorização e a sua cultura?( X ) Sim ( ) Não

8.a - Justifique sua resposta com situações que tenha vivido.Quando o preconceito em relação a algum aluno afrodescendente surgia em sala de aula, seja através de apelidos, piadas, desenhos, etc., tentei

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trabalhar a participação africana na formação cultural brasileira e sua importância, valorizando a cultura africana, resgatando o respeito ao afrodescendentes e a sua autoestima. Pois apesar de vivermos em um país com uma diversidade cultural enorme, dizendo-se sem preconceitos, percebemos que por trás desse discurso antiracista, vivemos numa sociedade hierárquica e desigual.

9- De que maneira tomou conhecimento da Lei nº 10.639/03?Através de materiais enviados pelo núcleo de Educação do Estado do Paraná.

10- A Lei nº 10.639/03 foi discutida em seu estabelecimento de ensino?( ) Sim ( X ) Não

10.a - Como aconteceu esta discussão?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11- Houve resistência com relação ao disposto na Lei nº 10.639/03 em seu estabelecimento de ensino, por parte dos professores da disciplina de História ou de outras disciplinas?( X ) Sim ( ) Não

11.a Quais disciplinas? Algumas disciplinas como: matemática, química, física, etc. foram um pouco contrárias à lei, alegando não saber como trabalhar o conteúdo em seu currículo.

11.b - Assinale as possíveis razões para essa resistência:( ) não concorda com a Lei.( X ) desconhecimento da história africana.( X ) dificuldade em encontrar material didático específico.( ) medo de inovar.( X ) comodismo.

PESQUISA

O Projeto PDE intitulado “A Valorização da Cultura Afrobrasileira

na EJA, por meio do ensino de História.” tem por objetivo investigar como a

temática “cultura afrobrasileira” vem sendo trabalhada na disciplina de História,

no CEEBJA “Paulo Leminski”, a partir da implantação do Ensino Médio.

1- Nome: P4 e P5

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2- Tempo de magistério: 10 ANOS_( P4 ) 9 ANOS( P5 ) Disciplina: HISTÓRIA

3- Tempo de trabalho no CEEBJA: 1999 A 2004

(ou) Época em que trabalhou no CEEBJA:

4- Relacione o material (livros, apostilas, textos, fitas, outros) utilizado na

disciplina de História do Ensino Médio, neste período.

Neste período que trabalhei no CEEBJA utilizava o material fornecido e pela

escola, mas também utilizava o material do ensino regular, para enriquecer

ainda mais as minhas aulas.

5- O tema “cultura afrobrasileira” era contemplado no material didático?

( x ) Sim ( ) Não

6- Que tipo de abordagem temática era apresentada?

a) Eixo temático: relações trabalho-capital ( realizadas no escravismo).

b) Eixo temático: formação da sociedade brasileira com destaque a

contribuição cultural dessa etnia na tecnologia, na religião, na economia e nos

hábitos cotidianos como a música, a alimentação, o vocabulário, entre outros.

c) Eixo temático: elemento geopolítico.

6.a - Relacione os conteúdos específicos ou temas abordados.

Em história é impossível deixar de trabalhar os temas acima citados, como o trabalho e o escravismo, a contribuição dos negros na formação de nosso país, sua contribuição na religião, na alimentação enfim ao trabalhar história no ensino médio não podemos de maneira alguma deixar de trabalhar o negro.

7- Por meio de quais estratégias didáticas os conteúdos eram abordados?Aulas expositivas, debates em sala, trabalhos em grupos, material fornecido pelos CEEBJA, livros levados por mim aos alunos, filmes, textos, fotos.

8- Durante suas práticas pedagógicas anteriores à Lei nº 10.639/03 sentiu necessidade de dar um enfoque diferente à questão do negro e afrodescendente quanto a sua valorização e a sua cultura?( x ) Sim ( ) Não

8.a - Justifique sua resposta com situações que tenha vivido.Quanto você fala em colonização, por exemplo, como não mencionar o negro , quando você fala em trabalho como não mencionar novamente o negro, enfim em história você não consegue trabalhar um conteúdo de forma isolada, precisa trabalhar tudo o que o envolve.

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9- De que maneira tomou conhecimento da Lei nº 10.639/03?Em educação você não consegue ficar sem ler um jornal, sem assistir televisão, sem acessar a internet.

10- A Lei nº 10.639/03 foi discutida em seu estabelecimento de ensino?( x ) Sim ( ) Não

10.a - Como aconteceu esta discussão?Em reuniões pedagógicas e entre colegas da nossa disciplina e entre colegas de outras escolas.

11- Houve resistência com relação ao disposto na Lei nº 10.639/03 em seu estabelecimento de ensino, por parte dos professores da disciplina de História ou de outras disciplinas?( x) Sim ( ) Não

11.a Quais disciplinas? Matemática, o professor questionou de que maneira iria trabalhar este conteúdo em sua disciplina e qual a importância.

11.b - Assinale as possíveis razões para essa resistência:( ) não concorda com a Lei.( ) desconhecimento da história africana.( x ) dificuldade em encontrar material didático específico.( x ) medo de inovar.( x ) comodismo.

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