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UMA REFLEXÃO SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS: fundamentos de origem e percepções conceituais A REFLECTION ABOUT PUBLIC POLICY: conceptual fundamentals of origin and perceptions AUTORES NAIRA MICHELLE ALVES PEREIRA Universidade Federal do Ceará http://lattes.cnpq.br/7657825435526632 JONATHAS LUIZ CARVALHO SILVA Universidade Federal do Ceará http://lattes.cnpq.br/2376636144965734

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UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais A REFLECTION ABOUT PUBLIC POLICY: conceptual fundamentals of origin and perceptions AUTORES NAIRA MICHELLE ALVES PEREIRA Universidade Federal do Cearhttp://lattes.cnpq.br/7657825435526632

JONATHAS LUIZ CARVALHO SILVA Universidade Federal do Cearhttp://lattes.cnpq.br/2376636144965734 INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

7 RESUMO Esta pesquisa tem por objetivo, analisar os pressupostos tericos e histrico-conceituais relativos ao termopolticaspblicas,contextualizandoessasabordagensrealidadebrasileira.Comoproblema apresenta-seoseguintequestionamento:comosedesenvolveramaspolticaspblicasnoBrasil diantedospercursoshistricoquemarcaramatransiodoestadomodernoaocontemporneo? Emtermosmetodolgicos,opresentetrabalhotrata-sedeumarevisodeliteratura,buscando analisar os pressupostos tericos e conceituais j estabelecidos no campo das cincias sociais, cincia poltica e reas afins, sobre polticas pblicas. Considera-se que, as polticas pblicas sociais no caso brasileiro, levando em considerao seu carter extremamente heterogneo e desigual, configuram-se em um importante instrumento de incluso social, por buscar atender as carncias sociais, com o propsitodegarantirobem-estar,ademocraciaeasolidariedadeemsociedade.Paratanto,sua gesto precisa ser capaz de lidar com um cenrio de complexidades sociais diversas apresentadas por cada regio do pas. Palavras-chave: Polticas Pblicas. Estado. Brasil. ABSTRACT Thisresearchhasforobjective,toanalyzethetheoreticalassumptionsandhistorical-conceptual concerningpublicpolicyterm, contextualizingthese approachestotheBrazilianreality.Asproblem presentsthefollowingquestion:howdidtheydeveloppublicpoliciesinBrazilbeforethehistoric paths that marked the transition from modern to contemporary state? In methodological terms, the presentworkitisaboutaliteraturerevisionthatseekstoanalyzethetheoristsandconceptual assumptions alreadyestablished in the social sciences, political scienceand related fields, on public policy.Itisconsideredthat,thesocialpublicpoliticsintheBraziliancase,takingintoaccounttheir extremelyheterogeneous andunequalcharacter, configuredinto animportantinstrument ofsocial inclusion,seektoservesocialneeds,withthepurposeofensurethewell-being,democracyand solidarity in society. To this end, their management mustbeable todeal with a scenario of various social complexities presented by each region of the country. Keywords: Public Policy. State. Brazil. UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

8 1 INTRODUO AspolticaspblicassociaissoumdosprincipaisinstrumentosdeintegraoentreEstado, governosesociedade,e,porisso,torna-seindispensvelentenderosfatoreshistricos,polticos, culturais e ideolgicos, bem como os movimentos sociais que desencadearam os construtos poltico-sociaisdoEstadocomopromotordebenseserviospblicos,percebendoseupapeldentrodo quadrodasideiasneoliberaisapresentadaspeladinmicadoEstadocontemporneonoqualnos situamoshoje,compreendendoaimportnciadaspolticaspblicassociaiscomoinstrumentode desenvolvimento e incluso social. Nessascircunstnciasapresenta-seoseguintequestionamento:comosedesenvolveramas polticaspblicasnoBrasildiantedospercursoshistricoquemarcaramatransiodoestado moderno ao contemporneo? Estapesquisatemporobjetivoanalisarospressupostostericosehistrico-conceituais relativosao termo polticas pblicas, contextualizando essas abordagens realidadebrasileira. Para tanto,faz-seumaabordagemsobreospercursoshistricosquemarcaramatransiodoEstado LiberalaoNeoliberal,afimdediscutircomoasimplicaesdessasabordagensintervieramno desenho do arcabouo poltico, pblico e administrativo das polticas pblicas como instrumento de gestopblicanoatualcenriopolticoesocialdoBrasil,bemcomoseusconstrutostericos enquantoreadoconhecimentoedisciplinaacadmica.Discutindo-seaindasobrealgumas percepestericasquefundamentamosconceitoseasdiferenasentrepolticaspblicase polticas sociais. Emtermosmetodolgicos,trata-sedeumarevisodeliteratura,buscandoanalisaros pressupostos tericos e conceituais j estabelecidos no campo das cincias sociais, cincia poltica e reas afins, sobre polticas pblicas. 2UMAANLISESOBREOSFUNDAMENTOSDEORIGEMDASPOLTICAS PBLICAS As polticas pblicas tm se constitudo como um importante elemento de ao do Estado no atual perodo contemporneo em prol do desenvolvimento social. Contudo, pertinente considerar anecessidadedeidentificarediscutiratrajetriahistricadodesenvolvimentodoEstadodesdea INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

9 modernidadeatacontemporaneidade,objetivandoidentificarosfatoresquederamorigems polticas pblicas.As caractersticas de Estado, formas de governo e sistema econmico que hoje conhecemos, em seus diversos campos de atuao, nem sempre existiram. Contudo, vale salientar que em outros perodos da histria perpetuaram diferentes formas de governo e poder sobre as sociedades. Deste modo, de acordo com Bonavides (2000, passim): OEstadocomoordempolticadaSociedadeconhecidodesdeaantigidadeaos nossos dias. Todavia nem sempre teve essa denominao, nem tampouco encobriu a mesma realidade. A polis dos gregos ou a civitas e a respublica dos romanos eram vozes que traduziam a idia de Estado [...]. No Imprio Romano, durante o apogeu da expanso, e mais tarde entre os germnicos invasores, os vocbulos Imperium e Regnum,entodeusocorrente,passaramaexprimiraidiadeEstado[...].O empregomodernodonomeEstadoremontaaMaquiavel,quandoesteinaugurou O Prncipe com a frase clebre: Todos os Estados, todos os domnios que tm tido ou tm imprio sobre os homens so Estados, e so repblicas ou principados. Assim,percebe-sequeaconstituiodoEstado,emborasejauminstrumento institucionalmenteconcebidoapartirdaIdadeModerna,especialmentecomoempregoatribudo por Maquiavel, remonta s bases de um processo histrico que vem desde a Antiguidade. Nessatica,oEstadoModernosurgiuentredoisfatoshistricos:aquedadoImprio RomanodoOriente,em1433,eaRevoluoFrancesa,em1789.SegundoOliveira(2006)o interregnoentretaismomentoshistricosassinalavaumapocadecrisedofeudalismo,de crescimentodaeconomiademercadoquedavaimportnciaaoscentrosurbanose,tambm,de descobrimentodoNovoMundoaAmrica.Assim,surgiramasrevoluesburguesas,provocadas pela insatisfao da sociedade com a estrutura poltica e social do Estado absolutista.A crtica, a viso e a ao burguesa buscavam conceber o Estado atravs de princpios como: liberdadeepropriedade.Ouseja,segundoEspindolaeCunha(2011)oEstadodeveriasero menos interventorpossvel,permitindoqueoscidados(pelasviasdomercado)pudessemlivremente imporregrasasimesmos.Paratanto,anointervenoestataleraabasefundamentalda concepoliberal-burguesa,demodoapropiciaraosindivduosoexercciolivredesualiberdade, bem como o usufruto de suas propriedades. Em funo disso, os movimentos burgueses baseavam-se no iderio do liberalismo associado aosproblemascivisepolticosdaquelapoca,reivindicandoigualdadeperantealeidiantedanova dimenso queos direitos assumiam em consequncia das mudanas polticas, sociais eeconmicas UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

10 ocorridasnoperododaIdadeModerna,peranteaemergnciadasnecessidadesdanovacamada social em ascenso: a burguesia. Em outras palavras, Chacon (2007, p. 73) assegura que o advento dessa sociedade moderna baseava-senasideiasdoiluminismoedoliberalismoeconmico,quetinhaomercadocomo principal regulador das relaes produtivas e o capitalismo como modo de produo.ComaderrocadadasMonarquiasabsolutas,entraemcenaoEstadoLiberal,coma codificaodosdireitos,especialmenteosDireitosFundamentaisdeliberdadeepropriedade, requeridaspelasconcepesliberaiseindividuaisdosmovimentosburgueses,comobemafirma Oliveira (2006, p. 551): ApartirdaRevoluoFrancesa,em1789,apolticatorna-seacoisapblicade todos, influenciando a substituio da Monarquia pela Repblica. Assim a figura do cidadopassaasersujeitodedireitos.OEstadoassumepapelde responsabilidadesemrelaoasetoresqueanteseramvistoscomoatividadeda Igreja,caridades.ComacodificaodasleisoDiretosubstituioprivilgioda nobreza. Difunde-se a prtica de eleio para eleger os representantes de todas as administraes,emboraodireitodevotofossereduzidoapoucos.Masessa prticadaorigemslutaspartidrias.Moldura-seumaadministraoburocrtica com funcionrios treinados especificamente e orientados por regulamentos. Logo,deacordocomRodrigues(2010,p.18)issosignificadizertambmque,do reordenamentodasociedade,combaseemumsistemajurdicoquegarantaasliberdades fundamentaiscomaaplicaodaleiporintermdiodejuzesindependentes,nasceoEstadode Direito.Mediante isso, pertinente afirmar que a Declarao Francesa teve como principal tnica de suapolticaaconstituiodeprincpiosquepuseramemevidnciamudanassignificativasnos valoressociaisdaqueleperodo,osquaisinfluenciaramtodosospaseseuropeus,caracterizando, assim,ocomeodoprogressoemmatriadedireitos,antescerceadopelocleroenobrezano exerccio de um Estado absoluto de poder. Pois como bem colocou Pereira (2004, passim): Estadefesaardorosadaliberdadedoindividuoedomercado,econsequente adesoaocapitalismodemercadodeveserentendidaemumcontextoscio-poltico e econmico prprio para a poca, ou seja, torna compreensvel que o alvo deataquedosliberaisconstitui-senosistemadegovernodoEstadoAbsolutista, poisomesmoreprimiaasliberdadeseasiniciativasdosburguesesnaquele momento. O liberalismo se constituiu, assim, em uma ideologia revolucionria para a poca. INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

11 Apesar disso, a livre concorrncia dos mercados eas prticas individualistas cada vez mais presentesnasatividadessocioeconmicas,eoeventodaRevoluoIndustrial,originaramas condiesdesumanasdevidaetrabalho,porinsuficinciadesuaprpriaestruturaideolgicae administrativa do reconhecimento apenas dos direitos individuais.Colocava-seassimemdvidaacapacidadedosmercadosderealizaroqueprometerao iderioliberal,ouseja,odeseroinstrumentomaiseficientedealocaodosrecursosfinanceiros, provocandodebatesquecolocaramoEstadocomosujeitoplanejadoreintervencionistanocampo econmicoememergnciadomundocontemporneo.Emdecorrnciadisto,atualizou-seum debateclssicodopensamentoeconmicoqueexplicitaadivisobsicaentreasescolasliberais, clssica-neo-clssica,easescolasmercantilista,historicista,institucionalista,keynesiana,marxista que entendem que a economia sempre economia poltica, isto , determinada pela interveno de diversossujeitoseinstituiesparaalmdoreducionismodaditaduradoindividualismo metodolgico(PAULA, 2003). Destarte,nomomentoemqueaseconomiasconduzidasporumregimeeconmico caracterizado como liberalismos do Estado mnimo (mercadoautorregulado) veio a entrar em crise, surgenosculoXXoEstadodeBem-EstarSocial(WelfareState1),umEstadocompapelde formulador,agenciadoreimplementadordebenseserviospblicos,trazendoemseubojoa preocupaofinalistadedesenvolverpolticasquevisassemajustiasocialatravsdepolticas econmicas e sociais mais inclusivas.Rodrigues (2010, grifo do autor), traz em seu conceito, o Estado de Bem-Estar Social como:[...]umsistemadeproteosocialqueemergiudospasesdecapitalismo desenvolvidonoperododops-SegundaGuerraMundial.Configura-secomoum campodeescolhasedesoluodeconflitosparadecidirsobreadistribuiodos frutosdotrabalhosocialeoacessodecamadaexpressivasdapopulao proteo contra os riscos inerentes vida em sociedade (como invalidez, excluso, doena, desemprego voluntrio). [...] Portanto, o Estado de Bem-Estar Social uma expresso da proteo concebida pelo Estado como direito cidadania. Conformemencionado,compreende-sequeaestruturapolticadoEstadodeBem-Estar Social tinha como proposta institucional solucionar problemas tanto sociais como econmicos, com o propsito degarantir um equilbrioentre o crescimento acelerado da valorizao do capitalismo de mercado e a estabilidade da vida em sociedade. O Estado, nesse sentido, se configurava como o 1 A expresso inglesa WelfareState foi criadana dcada de 40,ainda que a meno Welfare Policy Poltica de Bem-Estar, ocorra desde o incio do sculo XX. O Plano Beveridge foi o primeiro documento a marcar os princpios doWelfare State. UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

12 principalsujeitodeinterveno,formulaoeimplementaodasmedidasdepolticassociaise econmicasquegarantissemtantoosserviosquantoosbenefciosaoscidadosdeum determinado territrio.Complementandoessaviso,adefiniodeWelfareStatedeacordocomGomes(2006,p. 203): podesercompreendidacomoumconjuntodeserviosebenefciossociaisde alcanceuniversalpromovidospeloEstadocomafinalidadedegarantirumacerta harmoniaentreoavanodasforasdemercadoeumarelativaestabilidade social,suprindoasociedadedebenefciossociaisquesignificamseguranaaos indivduos para manterem um mnimo de base material e nveis de padro de vida, quepossamenfrentarosefeitosdeletriosdeumaestruturadeproduo capitalista desenvolvida e excludente. SegundoMarshall(1967)essefenmenodaconstruodacidadaniasocialfoiumdos fundamentos nucleares para o surgimento do Welfare State. Mediante isso Paula (2003), elucida que WelfareStateapresentou-secomorespostadasclassesdominantesaoavanodosmovimentose lutasdostrabalhadores.Assim,ateoriaeaspolticasditasKeynesianassurgemdecorrentesda profunda crise que o capitalismo experimentou a partir de 1929. Logo, este novo papel dos estados desenvolveu-se mais precisamente no perodo ps-guerra, apartirde1945,dandoaoEstadoaresponsabilidadedepromoveraesreguladoras(criaode leis) edeexercitar a funo deadministrador da economia em parceria com o mercado (criao de empresasestatais).Estemomentohistricocaracteriza-secomoumfatorprimordialparao aparecimento das chamadas polticas governamentais, mais tarde melhor entendidas como Polticas pblicas (HEIDMMANN, 2010). Nesse sentindo, nota-se que a introduo do termo polticas pblicas nas atividades Estatais aparececomoinstrumentoestratgicoparaaodosGovernos,comopropsitodeestabelecer medidasepadresdesuaaopoltica(interveno)navidaeconmicaesocialdassociedades. Sendoassim,comobemafirmaSouza(2006,p.22),nareadogovernopropriamentedito,a introduo da Poltica Pblica como ferramenta da deciso do governo produto da Guerra Fria e da valorizao da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequncias. Entretanto, a crise dos anos 1970, segundo Paula (2003, p. 102), marcou tambm o incio da crise do aparato poltico-institucional Keynesiano de Bem-Estar-Social, que esteve na base da era de ouro do crescimento econmico capitalista entre 1945 e 1970. INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

13 Entravaemcenaaideologiadoneoliberalismo,que,segundoPereira(2004,p.18),surgiu poucodepoisdaSegundaGuerraMundial,comooposiocrticaaopensamentointervencionista (Keynesiano) que se consolidava nas prticas polticas dos Governos norte-americanos e europeus. SegundoMendes(2010,p.25),nocasobrasileiro,asideiasneoliberaisforamfacilmente disseminadas devido a dois fatores: um ambiente econmico marcado pela hiperinflao e um forte processo poltico de democratizao ps-regime militar. Almdisso,StewartJr.(1998apudMENDES,2010,p.25)elucidaque,noBrasil,o neoliberalismo ganhou fora com a criao dos institutos liberais, cuja doutrina se fundamentava em seis pilares: liberdade, propriedade, ordem, justia, democracia e economia de mercado.A partir de ento, as novas vises sobre o papel dos Governos, que substituram as polticas KeynesianasdoPs-guerra,dentreoutrosfatores,evidenciaramaimportnciadeestudossobreas polticas pblicas enquanto rea do conhecimento e disciplina acadmica. 3 AS POLTICAS PBLICAS COMO REA DO CONHECIMENTO Os estudos sobre polticas pblicas surgem em um contexto de mudana poltico-ideolgico sobreaaodosgovernosnocampoeconmicoesocial.Aestruturadaspolticaspblicas estabelecidas no perodo em que a agenda poltica era dominada pelas polticas Keynesianas sofreria forte mudana em favor denovas vises tericas epolticas que vinham ocorrendo desdea dcada de40.Aseguir,busca-seentenderosfatoresquecontriburamparaosurgimento,bemcomoo desenvolvimento das polticas pblicas como rea do conhecimento. Nessecontexto,aimportnciaeamaiorvisibilidadedosestudossobrepolticaspblicase suainserocomodisciplinaacadmica,segundoSouza(2003,p.11-12,grifonosso),resultaramda combinao dos seguintes fatores: a)Oprimeirofoiaadoodepolticasrestritivasdegasto,quepassaramadominara agendadamaioriadospases,emespecialosemdesenvolvimento.Apartirdessas polticas,odesenho,aexecuoeaanlisedepolticaspblicas,tantoaseconmicas comoassociais,assimcomoabuscadenovasformasdegesto,ganharammaior visibilidade.b)Osegundofator,queasnovasconcepessobreopapeldosgovernosganharam hegemoniaepolticaskeynesianas,queguiaramapolticapblicadops-guerra,foram substitudaspelanfasenoajustefiscal.Esteimplicouaadoodeoramentos UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

14 equilibrados entre receitas e despesas em restrio interveno do Estado na economia e nas polticas sociais [...].c)Oterceirofator,maisdiretamenterelacionadoaospasesemdesenvolvimentoede democraciarecenteourecm-democratizado,provmdofatodequeamaioriadesses pases,emespecialosdaAmricaLatina,noconseguiuequacionar,aindaque minimamente,aquestodecomodesenharpolticas pblicascapazesdeimpulsionar o desenvolvimentoeconmicoedepromoverainclusosocialdegrandepartedesua populao. Assim,emmeadosdosculo20,deacordocomRodrigues(2010),aspolticaspblicas surgem como rea do conhecimento da cincia poltica a partir do desdobramento de uma srie de anlises e estudos desenvolvidos na Europa e Estados Unidos. Contudo,valesalientarqueodesenvolvimentodessesestudosnaEuropaenosEstados Unidos processou-se distintamente. Enquanto na Europa os estudos e as pesquisas concentravam-se mais na anlise sobre o Estado e suas instituies, o nascimento das polticas pblicas enquanto rea doconhecimentoedisciplinaacadmicanosEUAconcentrou-senosestudossobreasaesdos governos (SOUZA, 2007).Frey(2000)afirmaque,nocampodacinciapoltica,osestudoseaspesquisassobre polticaspblicasnosEstadosUnidoscomearamaseinstituirlogonoinciodosanos50,sobo rtulodepolicyscience,aopassoquenaEuropa,particularmentenaAlemanha,essavertentede pesquisascomeaadespontarapartirdosanos70emconsequnciadaascensoda socialdemocraciaquandooplanejamentoeaspolticassetoriaisforamestendidos significativamente. Os trabalhos percussores sobre polticas pblicas, contou com pesquisadores como: Haroldo Laswellcomsuaobrapolitics:WhoGetsWant,When,How(Quemganhaoqu,quandoecomo) publicadaem1936,sendoabordadopelaprimeiravezotermopolicyanalysis(anlisedepolticas pblicas). Em 1957, Hebert A. Simon publica a obra Moleds of man focalizando seus estudos sobre os problemas encontrados na formulao de polticas pblicas introduzindo o conceito de racionalidade nos seus estudos.JCharlesE.Lindblomintroduzseusestudosquestionandoavisomultidimencional atribuda poltica pblica, colocando em dvida a nfase no racionalismo de Lasswell e Simon esses INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

15 questionamentos so encontrados em duas obras, a primeira foi publicada em 1959 sob o ttulo The ScienceofMulddlingThroughnaPublicAdministrationReview,suasegundaobra,intituladaStill Muddling,notyetThroughtambmapresentadanaPublicAdministrationReview,foipublicadaem 1979.Finalmente,DavidEastonem1965apresentaapolticapblicacomoresultadodosistema poltico, em sua obra A Framework for Political Analysis (SOUZA, 2007; DYE, 2010). Esses foram os primeiros conceitos apresentados sobre polticas pblicas enquanto modelos conceituaisdesenvolvidosparadescrevereexplicarcomoumprocessopoltico-administrativo acontece nas arenas polticas.Porm,Dye(2010)alegaquenenhumdessesmodelosfoidesenvolvido,sobretudocoma finalidadedeestudarpolticapblica,masparaoferecerumamaneiradiferentedepensarsobre poltica e, alm disso, para indicar algumas causas e consequncias gerais de polticas pblicas. Sobre isso, Winkler (2010) explica que, esses modelos tratam de esclarecer primordialmente as questes de formulao e a escolha poltica, ignorando os processos de implementao de polticas. Dessa forma, oquetalvezmaissaltevistanessesmodelosaincapacidadedospesquisadoresdepolticasde test-los em termos rigorosos e de modific-los. AssimSecchi(2010,p.XIII)consideraque,emboranadcadade1930importantes contribuiestivessemsidodesenvolvidassobreaanliseracionaldaspolticas(rationalpolicy analisys), o ano de 1951 caracterizou-se como o marco para o estabelecimento da rea disciplinar de estudos de polticas pblicas, com a publicao de duas obras fundamentais: OlivrodeDavidB.Truman,Thegovernmentalprocess(1951),foipioneirosobre grupos de interesses, suas estruturas e as tcnicas de influncia sobre os processos de polticas pblicas no Executivo, Legislativo, Judicirio eno corpo burocrtico da administraopblica.JolivrodeDanielLernereHaroldD.Lasswell,Thepolicy sciences(1951),contmumcaptulointituladoThepolicyorientation,noqual discutido o crescente interesse de pesquisadores sobre a formulao e avaliao do impactodaspolticaspblicas.Nocaptulosupracitado,Lasswelldelimitaesse campodoconhecimentomultidisciplinareorientadoparaaresoluode problemas pblicos concretos. Apartirdisso, compreende-sequeareadeestudossobrepolticaspblicasnascecom a finalidadedeentendereexplicarporqueosGovernosformulameimplementamcertaspolticas pblicas em decorrncia de determinados problemas e, ainda, de analisar os impactos gerados sobre essasdecisesnavidasocial,polticaeeconmicadequalquerterritrio,sejapelaaodos governos em relao a um problema ou pela sua inao. Aindavalesalientarumasituaoimportantesobreatrajetriadosestudosdepolticas pblicas,odequeemboraseusurgimentobemcomoseudesenvolvimentoter-sedadonacincia UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

16 polticanaconsolidaodesuasprprias modelagens,teoriasemtodos,atrajetriasdaspolticas pblicas como rea do conhecimento, a ela no se resume, sendo inserida como tema de estudos e pesquisasemoutrasreasdoconhecimento(SOUZA,2007).Hexemplodisso:possvelcitara sociologia, a economia, a administrao, a filosofia, o direito e muitas outras disciplinas acadmicas das cincias sociais aplicadas. NocasodoBrasil,ohistricododesenvolvimentodeestudosepesquisassobrepolticas pblicas recente, esse fato se deve ao seu processo histrico e poltico marcado pela falta de uma democracia estvel. Mediante isso, Almeida (2007, p. 9) elucida que: Areadeestudosdepolticaspblicas,noBrasil,nascecomatransiodo autoritarismo para a democracia, entre o final dos anos 1970 e a primeira metade dos1980.Estetambmummomentoimportantenoprocessode institucionalizao das cincias sociais, com a criao de um verdadeiro sistema de ps-graduaoeafundaodaAssociaoNacionaldePs-GraduaoePesquisa emCinciasSociais(Anpocs),em1977.Osdoisprocessosderamareasuas feies especficas. Os desafios da democratizao definiram a agenda de pesquisa, quesedesenvolveuemestreitaligaocomasatividadesdeps-graduaoe ganhoudensidadeacadmicacomosdebatespromovidosporassociaes cientficas e, em especial, pelo Grupo de Trabalho de Polticas Pblicas. Nadaobstante,Souza(2003a)acreditaqueodesenvolvimentoeoestabelecimentoda pesquisa em polticas pblicas no Brasil requerem um esforo com um propsito de conhecer melhor suas particularidades, tornando mais claras algumas questes.Em funo disso, Melo (1999 apud SOUZA, 2003b) destaca e argumenta sobre trs principais problemasqueafirmasernecessariamentesuperados,paraumaconstruo maisslidadaagenda de pesquisa em polticas pblicas no Brasil: a)Oprimeiroasersuperado,refere-seaescassaacumulaodoconhecimentonarea. Entretanto, o autor destaca queesseproblema tem apresentado soluessignificativas, com a constituio de fruns especficos sobre polticas pblicas em espaos acadmicos comoaAnpocseaABCP,assimcomopeloadventodainformatizaodeperidicos nacionais (via o portal scielo) e internacionais (via o portal de peridicos da Capes). b)O segundo problema decorre de uma razo oposta primeira, ou seja, existe abundncia deestudossetoriais,emespecialestudosdecaso,semumfortalecimentoverticalda produo, especificamente o analtico. INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

17 c)Oterceiroproblematrata-sedaproximidadedareacomosrgosgovernamentais, quesegundooautortantopodemgerartrabalhosnormativoseprescritivos,comoa possibilidadedeessesrgospautaremaagendadepesquisadosacadmicos.Alm disso,existemosorganismosmultilateraisquetambmfinanciamaspesquisas.[...] Como soluo, considera-senecessrio o fortalecimento da rea dentro dos organismos definanciamentodepesquisapuramenteacadmicas,tantonacionaiscomo estrangeiros. Dito isto, torna-se necessrio compreender como foi desenvolvida a percepo das polticas pblicasnoBrasildesdeosurgimentodoWelfareState,comopropsitodeentendercomoas polticassociaisnopassedesenvolveram,atonascimentodascompetnciasdosEstadose Municpiossobreaspolticaspblicasatravsdaconstituiode1988,afimdepercebercomoa instauraodosistemapolticodedescentralizao,municipalizaoeparticipaodosEstadose Municpioscomounidadesdafederao,autnomas,tmcontribudoparaofortalecimentodo arcabouo das polticas pblicas no pas. 4 DAS POLTICAS PBLICAS NO BRASIL: NFASE NAS POLTICAS SOCIAIS Deacordo com os conceitos eteorias quebuscam explicar o surgimento do Welfare State nospasesindustrializadosdaAmricadoNorteedaEuropaOcidental,destaca-seseu estabelecimentonasteoriaspolticaskeynesianas,quepropunhaemseuarcabouocompensara incapacidadedosmercadosnaalocaodosrecursosquegarantissetantoodesenvolvimento econmico como a incluso social.Medianteisso,apolticakeynesianaatribuaaoEstadoresponsabilidadedepromotore regulador das polticas econmicas, atravs da criao de leis e empresas estatais que garantissem a estruturaburocrticanecessriaparaaparticipao doEstadonaeconomia enasociedade.Assim, compreende-seoWelfareStatecomoumaestratgiadeaodoEstadoemdetrimentodo aceleradoprocessodaestruturadeproduocapitalista,quepossuaumaorientaotanto desenvolvida como excludente. Heidemann(2010)afirmaquenocasodoBrasil,osurgimentodoWelfareStatefoi introduzidops-SegundaGuerraMundial.Contudo,deacordocomBacelar(2003)apolticade desenvolvimentodopaspossuanoperodo(1920-1980)umcarteressencialmente desenvolvimentista,conservador,centralizadoreautoritrio.Logo,nota-sequeasdiferenasno UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

18 surgimento e desenvolvimento do Welfare State no pas em relao situao dos pases europeus e norte-americanossederamnospelaposiodo Brasilfrente economia mundial,mastambm por suas particularidades histricas marcada por uma democracia que Rodrigues (2010) denomina de baixa densidade.Emprincpio,valesalientarumfatordecartereconmicoimportantedoEstadoBrasileiro nesseperodo:opaspossuasuafontederiquezaeconmicabaseadaemumsistemaagrrio-exportador,quetinhacomoprincipalfontederiquezaocaf,atadcadade60.Portanto,opas apresentavaumcontextoeconmicobastantediferenciadodaquelespasesdecapitalismo avanado, que alavancaram o modelo do Welfare State. Dito isto, compreende-se que o surgimento do Welfare State na perspectiva do Estado brasileiro, ocorreem um contexto deeconomia agrrio-exportadoraemarcadopelaconvivnciadesetorestradicionaiseindustriaismodernos (RODRIGUES, 2010, p. 71). De tal modo, Paula (2003, p. 111) destaca trs grandes etapas, referentes ao papel do Estado naeconomiabrasileira,duranteoperodorepublicano:1889-1930perodoliberal;1930-1980 perodo intervencionista; 1980-2002 crise do intervencionismo e emergncia do neoliberalismo. Rodrigues (2010) assegura que um dos fatores determinantes que impulsionaram o processo de surgimento do Estado de Bem-Estar Social no Brasil foi a regulamentao do trabalho assalariado nossetoresmodernosdaeconomiaedaburocraciadoEstado.Nessecontexto,sonotriasas razes pelas quais a estrutura das polticas sociais no pas terem se constitudo de uma orientao e carteressencialmentedesenvolvimentista,conservador,centralizadoreautoritrio.Noperodo liberal,emmeadosde1920,aspolticasqueestavamsendoformuladasvisavamacontrolare/ou deteromovimentodostrabalhadores.Consequentemente,oarcabouodaspolticassociaisdo perodosedeudeformafragmentadaeemergencialista,projetandooaspectoconservadordo Estado de Bem-Estar Social brasileiro.A partir de 1930 foram implementadas as regulamentaes do trabalho assalariado no pas, com o propsito de modernizao econmica atravs de financiamento para a indstria nacional que tinhamcomoestratgiapropiciaraintegraodaeconomianacionaleorganizaraburocraciado Estado (MEDEIROS 2001, GOMES, 2006, RODRIGUES, 2010). INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

19 Por conseguinte,entre 1930 e1940, oGovernocria asbasesinstitucionaislegaisnocampo da previdncia social com a criao dos institutos de aposentadorias e penses, consolidando-se em 1943 com a legislao trabalhista (CLT). Sobreisso,Mendeset.al.(2010,p.28)compreendemque,naEraVargas,surgiram,no Brasil, os primrdios de uma poltica social, com a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), e de uma rede de amparo social, apesar de esta estar vinculada, principalmente, aos trabalhadores formais. SegundoRodrigues(2010),entre1945e1964aspolticassociaiscontinuavamestveis, sendo ainda desenhada por uma proposta de urbanizao e modernizao do pas. Por conseguinte, oGolpede1964veioaevidenciar-secomoumdoselementosconstitutivosdaestratgiade desenvolvimentonacionalpropostapelosGovernosMilitares,quevisavamcoibirasforados movimentossociaisreinvidicatriosdaquelapoca.Resultou-se,portanto,desseprocessoa concentrao de renda no pas, e deste, a ampliao de polticas sociais de carter assistencialista.2 Ainda, afirma Heidemann (2010) que em 1955 foi criado no Ministrio da Educao e Cultura um think tank (usina de ideias), conhecido como Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB)3 com opropsitodeintroduziraideologiadodesenvolvimentonopas.Nessaperspectiva,J.Low-Beer (2002, passim) explica que: A histria da poltica econmica governamental brasileira, desde 1930 oscilou entre duastendnciasprincipais:uma,denominadaestratgiadedesenvolvimento nacionalista,baseadanaformaodeumcapitalismonacional;aoutra,chamada deestratgiadedesenvolvimentoassociado,implicavanoreconhecimentodas conveninciaseexignciasdainterdependnciadasnaescapitalistas,soba hegemoniadosEstadosUnidos.Aselitesnacionaisassumiramoprojeto desenvolvimentistaimpulsionadopelaindustrializao.Omodelobsicode interveno adotado pelo Estado foi de promotor da economia e regulador. Disso decorre que o Estado de Bem-Estar Social brasileiro caracterizou-se pela centralizao poltica em nvel federal, tecnocratismo, autofinanciamento, privatizao e clientelismo (RODRIGUES, 2010). 2Nesseperodo,oBrasilestavasoboGovernodeJuscelinoKubitscheck(JK).OGovernoJK,rompeucomomodelo desenvolvimentista de Vargas, buscando centrar-se na criao de uma economia vinculada aos interesses nacionais. Alm disso,aEraJK,marcouaconsolidaodaurbanizaoBrasileira,queresultounaexpulsodapopulaorural, especialmente do Nordeste, sendo denominada e denunciada por alguns estudiosos como descaso dos governos com a questoagrria.Consequentemente,essanovamassaurbanapassouareivindicarmudanasnomodelo desenvolvimentistaqueosexclua,criandoumainstabilidadesocialquefacilitouaascensodosmilitaresaopoder poltico em 1964. (MENDES et al., 2010). 3Opolmicoinstitutodeuorigemcorrentepoltico-ideolgicadonacional-desenvolvimentismo.Deleparticiparam grandesnomesdaintelectualidadebrasileiradeento,comoAlbertoGuerreiroRamos,lvaroVieiraPinto,Cndido Mendes, Hlio Jaguaribe, Nelson Werneck Sodr e Roland Corbisier (TOLEDO, 1982). O ISEB teve suas portas cerradas em 1964,massuasidiasaindacontinuamvivasentrealgunsgruposdeestudiososeformadoresdepolticasnopas (HEIDEMANN, 2010, p. 26). UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

20 Deacordo com Medeiros(2001)oprocessodetransiodasociedadedebaseagrriapara umasociedadeurbano-industrialnopas,representadanoperododoEstadoNovo,entre1937e 1945,associadoaocarterfortementeautoritriodoEstadoeexemplificadopelapromulgaoda LeideSeguranaNacionalem1935,explicatambmoprocessoderepressodosmovimentos sociais tanto de esquerda quanto de direita, a reduo da autonomia das unidades estaduais sobre o poderdecisrioeadministrativodaspolticaspblicassociais,esuacentralizaonogoverno federal.Aconsequnciadissofoioaumentodopoderdaburocracianasdecisessobrepolticas sociais, enquanto os movimentos de trabalhadores tinham sua organizao limitada. Portanto, as razes pelas quais o sistema de proteo social no Brasil no conseguia atingir a maioriadesuapopulaopormeiodaspolticassociaisforamgeradaspordoisfatoreschaves:o primeiro foi pela forte centralizao da gesto e recursos em nvel federal e o segundo, por sua vez, foi por causa da ausncia da participao e controle da sociedade sobre esses servios.Devido a isso, nascem as competncias dos Estados e Municpios sobre as polticas sociais no Brasil,naesteiradaConstituiode1988,emqueseatribuicomumenteUnio,aosEstados,ao DistritoFederaleaosMunicpios,oestabelecimentoeaimplantaodepolticaspblicasnos diversos segmentos sociais. (ver artigo 23 da Constituio Federal de 1988).Decorrentedisso,princpiosdademocraciarepresentativaedademocraciaparticipativa4, alargaram o projeto de democracia do pas por meio da participao social em conjunto com a ao do Estado.Nessa perspectiva, nota-se que a valorizao da poltica local foi um leit motiv importante do processodedemocratizaodoBrasilnosanos80.MasoBrasilaindaprecisacrescermuito,os desafioseoportunidadesparaoBrasilimplicamconsideraraheterogeneidadedopas.Portanto, precisoconsideraresseaspectonoprocessodeformulaodaagendapolticaedepesquisaem polticas pblicas, principalmente no que se refere ao processo de descentralizao. Nesse processo a participao social atravs de Conselhos Municipais fundamental para consolidao democrtica dopas,hajavistaqueexisteumaexperinciaacumulada,aolongodessesanos,sobretudonos espaos governamentais locais, [...] dos municpios e de alguns estados [...] (BACELAR, 2003, p. 7). 4O princpio da democracia participativafloresceu no PrimeiroMundo, a partir da dcada de 70,na esteira da crtica s limitaesdasinstituiesrepresentativas,umadesuasprincipaispropostaseraavalorizaodosgovernoslocais (ALMEIDA; CARNEIRO, 2003). INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

21 5 POLTICAS PBLICAS E POLTICAS SOCIAIS: CONCEITOS E DIFERENAS Vimosqueparasecompreenderosvriosaspectosdaspolticaspblicasnecessrio discutirasinter-relaesentreEstado,poltica,sociedadeeeconomia,issoporque,aspolticas pblicasrepercutemnaeconomiaenasociedade(SOUZA,2007).Paradiscutirosconceitosou definies das polticas pblicas preciso ter em mente que o processo de sua elaborao marcado por: atores, arenas e ao (elaborao, implementao e avaliao de polticas pblicas).Bobbioetal.(1998)definempolticaspblicascomooEstadoemintervenono ordenamento da sociedade por meio de aes jurdicas, sociais e administrativas, sendo que as aes daadministraopblicasereportamtambmsatividadesdeauxlioimediatonoexercciodo Governo.Nessecontexto,pode-seperceberqueoautorabordatrsquestesimportantessobre polticas pblicas. A primeira se refere ao ator da poltica pblica, que se coloca como sendo Estatal. Asegundaserefereaodesseatorsobreumdeterminadoproblemapblico,quepormeioda ao(ouseja,elaboraodeumapolticapblica)buscasolucionaroproblemapormeiodeuma intervenojurdica,socialouadministrativa.Porfim,aterceira,quesereferespolticas Governamentais, isto , aes desenvolvidas e implementadas durante um determinado perodo de governo e que podem ou no serem mantidas por governos seguintes. J Hfling (2001, p. 31) define as Polticas Pblicas como o Estado implantando um projeto degoverno,atravsdeprogramas,deaesvoltadasparasetoresespecficosdasociedade.Em outraspalavras,entende-sequeasPolticasPblicassooEstadoemao(GOBERT;MULLER, 1987 apud HFLING, 2001, p. 31).Ouseja,paraHflingaspolticaspblicassetraduzemnomomentoemqueoGoverno,ao assumir e desempenhar as funes de Estado por um determinado perodo, faz alguma interveno nasociedadeatravsdeumconjuntodeprogramaseprojetosvoltadosparaaresoluodeum determinado problema pblico. Portanto, as polticas pblicas, nesse contexto, so entendidas como sendo polticas governamentais. Partindodeoutraviso,Heidemann(2010,p.31)acreditaque:Aperspectivadepoltica pblica vai alm da perspectiva de polticas governamentais, na medida em que o governo, com sua estrutura administrativa, no a nica instituio a servir comunidade poltica, isto , a promover polticas pblicas. UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

22 Sobreisso,Secchi(2010,p.2-3,grifonosso)nosapresentaduasabordagensconceituais sobreosatoresdepolticaspblicas:aabordagemestatista(state-centeredpolicy-making)ea abordagem multicntrica: Aabordagemestatista(state-centeredpolicy-making)consideraaspolticas pblicas, analiticamente, monoplio de atores estatais. Segundo essa concepo, o que determina se uma poltica ou no pblica a personalidade jurdica do ator protagonista. A abordagem multicntrica, contrariamente, considera organizaes privadas,organizaesnogovernamentais,organismosmultilaterais,redesde polticaspblicas(policynetworks),juntamentecomosatoresestatais, protagonistasnoestabelecimentodaspolticas(Dror,1971;Kooiman,1993; Rhodes,1997;Regonini,2001).[Portanto],autoresdaabordagemmulticntrica atribuemoadjetivopblicaaumapolticaquandooproblemaquesetenta enfrentar pblico. Mediante isso, pode-se perceber que as definies de atores no processo de elaborao de polticas pblicas passam por uma tnica que coloca em questo a essncia dessas polticas, ou seja, seu carter pblico. Contudo, pertinente ressaltar que a estrutura da sociedade que se estabeleceu duranteoprocessohistricoqueremontadesdeaModernidadeatosdiasdehoje,trouxeum modelodedesenvolvimentoqueconcebemEstadoseMercadoscomomolasdodesenvolvimento socioeconmico das naes capitalistas, e, portanto, aliados nesse processo. Contudo, vale salientar queoEstadomodernosedestacaemrelaoaoutrosatoresnoestabelecimentodepolticas pblicas, isso porque as polticas pblicas so umas das razes centrais do Estado moderno; o Estado detm o monoplio do uso da fora legtima, e por isso controla grande parte dos recursos nacionais, lhe conferindo a elaborao de polticas robustas temporal e espacialmente (SECCHI 2010).Outra definio feita pelo Cientista poltico Thomas Dye, que considera as polticas pblicas tantodopontodevistadaaocomodainao,isto,polticaspblicastambmsoOqueos Governosfazemoudeixamdefazer(DYE,1984apudRODRIGUES,2010,p.43).ParaRodrigues (2010) isso significa dizer que as polticas pblicas podem ser estudadas tanto da perspectiva da ao do Governo quanto da inao.Dessapremissa,importanteressaltarocarterimplcitodosfatos,ouseja,quandoDye afirma que as polticas pblicas podem ser vistas tanto do ponto de vista da ao como da inao de um determinado governo em relao a um problema pblico, ele tenta apresentar a inao (ou seja, o que o Governo no faz) como uma forma tambm de fazer poltica. INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

23 Assim, a inao (ou no deciso) que Dye aborda em sua teoria no significaria simplesmente ausnciadedecisodoGovernosobreumaquestoqueestnaagendapoltica;mas,sim,que determinadasquestesseencontramcomobstculosdiversos(inclusivepoltico)queasimpedem depenetrarnaagendapblica(RODRIGUES,2010).Porm,Secchi(2010,p.4-5,grifodoautor) considera que: Seumatorgovernamentalounogovernamentaldecidenoagirdiantedeum problemapblico,issonoconstituiumapolticapblica.[Issoporque],adeciso de no agir no pode ser confundida com a orientao dissuasiva. Polticas Pblicas sooperacionalizadascomorientaespersuasivasoudissuasivas.Exemplosde orientaespersuasivasso:planteumarvore[...].Exemplosdeorientaes dissuasivasso:nocorteasrvoresnativas[...].[Nosexemploscitados],temos umatentativadeinfernciadopolicymaker,ouseja,aquelequeprotagonizao estabelecimentodessadiretriz,sobreopolicytaker,ouseja,aqueleque destinatrio da diretriz. J no caso da omisso, opolicymaker decide no interferir na realidade e, por isso, h um vazio de poltica pblica. Aindanessatica,Heidemann(2010)destacaqueparaoleitordelnguaportuguesa, indispensvel ressaltar que a definio de polticas pblicas inclui ao mesmo tempo dois elementos-chave,asaber:aoeinteno.Paraoautor,podeexistirumapolticasemumainteno formalmente manifestada, mas no haver nesse caso uma poltica positiva se no existir aes que materializemumaintencionalidadeoficialeventualmenteenunciada.Nesseaspecto,a intencionalidadedossujeitosqueagovernam,apresentadacomoumatodedesejopeloqualse condicionamseusmecanismosderealizao.Logo,nohpolticaspblicassemao,exceto,as eventuais polticas deliberadamente omissivas por Dye. Sua formalizao favorece a comunicao, o entendimento entre governo e cidadania e se coloca como base de referncia. Mas boas intenes e discursos formais podem ser apenas floreios, que so, em essncia, dispensveis. As polticas pblicas so, dessa forma, ferramentas estratgicas de ao e tm por objetivo fazerumainter-relaoentreGovernoesociedade,estabelecendopadresemedidasde condicionamentodasdinmicaseatividadespolticas,sociais,econmicaseambientaisemprolde um desenvolvimento sustentvel e do bem-estar social. No caso das polticas ditas sociais, Hfling (2001, p. 31) considera que: Sereferemaaesquedeterminamopadrodeproteosocialimplementado peloEstado,voltadas,emprincpio,paraaredistribuiodosbenefciossociais visandodiminuiodasdesigualdadesestruturaisproduzidaspelo desenvolvimentosocioeconmico.Aspolticassociaistmsuasrazesnos movimentos populares do sculo XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revolues industriais. UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

24 Emoutraspalavras,Heidemann(2010,p.30)afirmaqueAexpressopolticassociais refere-sespolticasconsideradasdopontodevistasetorial,oudeumaquestopblicasem particulardasociedade.Entreelasincluem-seasdeeducao,sade,transportes,entretantas outras.Almdessadiferenadedefinio,Souza(2007,p.70-71)aindaressaltaaorigemdos estudos em polticas sociais e argumenta sobre os diferentes focos existentes na prtica da pesquisa em polticas pblicas e polticas sociais: AsprimeiraspesquisasacadmicassobrepolticasocialdiscutiramoEstadode bem-estar social, sua origem e conseqncias e, diferentemente da poltica pblica propriamentedita,suaorigemestmaisnaacademiaeuropiadoquenanorte-americana.A partir dos estudos pioneirossobre o Estado do bem-estar, pesquisas sobrepolticassociaisexpandiram-serapidamente.Essaspesquisasabrangem,na atualidade, principalmentesade e educao no caso brasileiro [...].[...] Enquanto estudossobrepolticaspblicasconcentram-senoprocessoeemresponder questescomoporquecomo,osestudossobrepolticassociaistomamo processoapenascomopanodefundoeseconcentramnasconseqnciasda poltica, ou seja, o que a poltica faz ou fez [...]. Destarte,pode-seentodizerquetodapolticasocialumapolticapblica,noentanto, nemtodapolticapblicaumapolticasocial.Ouseja,aspolticassociaisseconfiguramemum subconjuntodeumconjuntomaiorquedenominamospolticaspblicas.Assim,aspolticassociais so direcionadas a aspectos particulares da sociedade e por isso so consideradas polticassetoriais (porexemplo:educao,sade,saneamento,habitao,segurana).Issosignificadizerquepoltica externa,econmica,administrativa,porexemplo,constituem-secomopolticaspblicas importantes,poissereferemdiretamenteaodoEstado,masnodizemrespeito(pelomenos diretamente) s polticas sociais (RODRIGUES, 2010). Porfim,compreende-sequeaspolticaspblicasemgeraleaspolticassociais,em particular, so caracterizadas tanto pelo seu aspecto tcnico-administrativo quanto pelo seu aspecto poltico,hajavistaquealmdeseremferramentasdeplanejamentodosGovernos,aspolticas pblicastambmrepresentamumaformadeintervenodoEstadonavidasocial,poisse configurameminteresseseexpectativasdasclassessociaisemgeral,dosdiversossetorese instituies,sejam pblicas ou privadas, ou seja,as polticas pblicas influenciam significativamente na dinmica dos diversos segmentos da vida em sociedade. INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

25 CONSIDERAES FINAISApartirdospressupostostericosapresentadosaolongodessapesquisa,foipossvel perceberospercursoshistricosquedesencadearamosconstrutospoltico-sociaiseideolgicos referentes ao termo polticas pblicas.Nessaperspectiva,verifica-sequeastransformaeshistricasocorridasnoperododo Estado Moderno ao Contemporneo condicionaram no s a estruturao burocrtica das aes do Estado por meio da administrao pblica, como tambm o desenvolvimento da produo de bens e serviospblicospormeiodaspolticaspblicas,eodesenvolvimentodeestudosepesquisasno meio acadmico-cientfico sobre a ao do Estado e dos governos por meio das polticas pblicas. Mediante isso, pertinente dizer que as polticas pblicas sociais so fundamentais para o desenvolvimento socioeconmico de qualquer pas, principalmente para aqueles que ainda possuem grande parte de sua populao marginalizada econmica e socialmente. Por tudo isso, fica claro que aspolticaspblicassociaisnocasobrasileiro,levandoemconsideraoseucarterextremamente heterogneo e desigual, configuram-se em um importante instrumento de incluso social, por buscar atenderascarnciassocioeconmicaseculturais,comopropsitodegarantirobem-estar democrtico e solidrio em sociedade.Paratanto,suagestoprecisasercapazdelidarcomumcenriodecomplexidadessociais diversasapresentadasporcadaregiodopas,promovendoarticulaopolticaesocialcomseus diversosgovernosesociedades,almdeterconhecimentonecessrioparalidarcomas complexidadesinformacionaisdacontemporaneidade,aliandoasferramentastecnolgicasde comunicaoeinformaoaogerenciamentodaspolticaspblicas,primandosemprepelos princpios da: transparncia, acessibilidade, democracia e tica. Nesse contexto, destaca-se a importncia do desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre polticas pblicas no Brasil, com o propsito de conhecer melhor as particularidades de cada Regio, permitindo dessa forma o desenvolvimento de programas e projetos nos diversos segmentos sociais de acordo com as capacidades e carncias de cada Regio, Estados e Municpios. REFERNCIAS ALMEIDA, M. H. T. Prefcio. In: HOCHMAN, Gilberto; ARRETCHE, Marta; MARQUES, Eduardo (Org.). Polticas Pblicas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. p. 65-86. UMA REFLEXO SOBRE POLTICAS PBLICAS: fundamentos de origem e percepes conceituais Naira Michelle Alves Pereira e Jonathas Luiz Carvalho Silva

26 ALMEIDA,M.H.T.;CARNEIRO,L.P.Lideranalocal,democraciaepolticaspblicasnoBrasil. OPINIO PBLICA, Campinas, Vol. IX, n 1, 2003, pp. 124-147. BACELAR,T.AsPolticasPblicasnoBrasil:heranas,tendnciasedesafios.In:SANTOSJUNIOR, OrlandoAlvesdoset.al.(Org.).PolticasPblicaseGestoLocal:programainterdisciplinarde capacitao de conselheiros municipais. Rio de Janeiro: FASE, 2003. BONAVIDES,P.ASociedadeeoEstado.In:______.CinciaPoltica.10ed.(revistaeampliada)9 tiragem. So Paulo: Malheiros Editores, 2000, p. 63-80. BOBBIO, Norberto et al. Dicionrio de poltica. Braslia: Editora Universidade de Braslia, 1998. BOBBIO, Norberto. Liberalismo e Democracia, Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, l987. BRASIL.ConstituiodaRepblicaFederativadoBrasil:textoconstitucionalpromulgadoem5de outubro de 1988, com as alteraes adotadas pelas Emendas Constitucionais n. 1/1992 a 56/2007 e pelasEmendasConstitucionaisdeRevison.1a6/199426ed.,Braslia:CmaradosDeputados, Coordenao de Publicaes, 2008. CHACON,S.S.OSertanejoeocaminhodasguas:polticaspblicas,modernidadee sustentabilidade no semi-rido. Fortaleza: BNB, 2007. (Srie Teses e Dissertaes. v. 8.) DYE, T. R. Mapeamento dos modelos deanlisedepolticas pblicas. In: HEIDEMANN, Francisco G.; SALM, Jos Francisco (Org.). Polticas Pblicas e Desenvolvimento: bases epistemolgicas e modelos de anlise. Braslia: Editora Universidade de Braslia, 2 ed, 2010. p. 99-128. ESPINDOLA, A. A. S.; CUNHA, G. C. A.. Oprocesso, os direitos fundamentais ea transio do estado liberalclssicopara oestadocontemporneo.RevistadeEstudosConstitucionais,Hermenuticae Teoria do Direito (RECHTD) 3(1): 84-94 janeiro-junho 2011. FREY,K.Polticaspblicas:umdebateconceitualereflexesreferentesprticadaanlisede polticas pblicas Brasil. Planejamento e Polticas Pblicas, n. 21, jun. 2000. GOMES, F. G. Conflito social e Welfare State: Estado e desenvolvimento social no Brasil. RAP, Rio de Janeiro, 40(2):201-36, Mar./Abr. 2006. HEIDEMANN,F.G.Dosonhodoprogressospolticasdedesenvolvimento.In:HEIDEMANN,F.G.; SALM,J.F.(Org.).PolticasPblicaseDesenvolvimento:basesepistemolgicasemodelosde anlise. Braslia: Editora Universidade de Braslia, 2 ed, 2010. p. 23-39. HFLING,E.M..EstadoePolticas(Pblicas)Sociais.CadernosCedes,anoXXI,n55, novembro/2001. LOW-BEER,J.OEstadoeasPolticasPblicas:umarevisohistrica(1950A1997).Espao& Geografia, v. 5, n. 2, 2002, p. 65-100, ISSN: 1516-9375. MARSHALL, T. Cidadania, Classe Social e Status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. MEDEIROS, M. A Trajetria do Welfare State no Brasil: papel redistributivo das polticas sociais dos anos 1930 aos anos 1990. In: Textos pra Discusso, n. 852, Braslia: IPEA, 2001. MENDES,A.M.C.P.etal.Polticaspblicas,desenvolvimentoeastransformaesdoEstado brasileiro.In:SILVA;C.L.;SOUZA-LIMA,J.E.(Orgs.).PolticasPblicaseindicadoresparao desenvolvimento sustentvel. So Paulo: Saraiva, 2010. p. 3- 34. INTERFACE Natal/RN v.11 n.1 jan/jun 2014

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