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ANAIS ELETRÔNICOS DO VI COLÓQUIO DE HISTÓRIA - ISSN 2176-9060 139 “DO MEU LUGAR NEM MORTO”: Uma relação de topofilia num sertão em retração Ednaldo Emilio FERRAZ * RESUMO Este artigo levanta alguns questionamentos sobre a retração da economia primária de ordem familiar (agropecuária) do meio rural no médio e baixo da bacia Pajeú e em alguns de seus afluentes, aqui denominado de opacidade rural, em referência aos conceitos de Milton Santos de espaços luminosos e opacos, assim como a resistência dos idosos topófilos em meio a essa situação de “decadência” levando-se em consideração a ação social afetiva de Weber como justificativa ao enraizamento ao espaço geográfico, aqui como categorias de lugar e território. Sendo esta realidade aqui discutida na voz do próprio topófilo, recorrendo ao método da história oral através de entrevistas. Palavras-chave: Opacidade . Lugar-território. Topófilos ABSTRACT This article raises some questions about the economic downturn primary family reasons (agriculture) in rural middle and lower basin Pajeú and some of its tributaries, here called Opacity rural, in reference to the concepts of Milton Santos of bright spaces and opaque, as the resistance of the elderly topófilos amidst this situation of "decadence" taking into account the affective Weber's social action as justification to rooting the geographic space, here as categories of place and territory. As discussed in this reality here topófilo's own voice, using the method of oral history through interviews. Keywords: Opacity. Place-territory. Topófilos INTRODUÇÃO Na literatura científica o modismo parece imperar, escreve sobre aquilo que estar em alta nas discussões dos meios acadêmicos, midiáticos, políticos, enfim nos espaços de produção e dispersão dos elementos culturais não-materiais principalmente. * Licenciado e Especialista em Geografia pela FAFOPST - Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada. Professor da rede pública (Solidônio Leite), particular (Colégio Imaculada Conceição e Colégio de Aplicação), de cursinhos pré-vestibulares e no instituto do IFETE (INTA).

Uma relação de topofilia num sertão em retração · ANAIS ELETRÔNICOS DO VI COLÓQUIO DE HISTÓRIA - ISSN 2176-9060 139 “DO MEU LUGAR NEM MORTO”: Uma relação de topofilia

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ANAIS ELETRÔNICOS DO VI COLÓQUIO DE HISTÓRIA - ISSN 2176-9060 139

“DO MEU LUGAR NEM MORTO”:

Uma relação de topofilia num sertão em retração

Ednaldo Emilio FERRAZ*

RESUMO

Este artigo levanta alguns questionamentos sobre a retração da economia primária de ordem

familiar (agropecuária) do meio rural no médio e baixo da bacia Pajeú e em alguns de seus

afluentes, aqui denominado de opacidade rural, em referência aos conceitos de Milton Santos de

espaços luminosos e opacos, assim como a resistência dos idosos topófilos em meio a essa

situação de “decadência” levando-se em consideração a ação social afetiva de Weber como

justificativa ao enraizamento ao espaço geográfico, aqui como categorias de lugar e território.

Sendo esta realidade aqui discutida na voz do próprio topófilo, recorrendo ao método da história

oral através de entrevistas.

Palavras-chave: Opacidade . Lugar-território. Topófilos

ABSTRACT

This article raises some questions about the economic downturn primary family reasons

(agriculture) in rural middle and lower basin Pajeú and some of its tributaries, here called Opacity

rural, in reference to the concepts of Milton Santos of bright spaces and opaque, as the resistance

of the elderly topófilos amidst this situation of "decadence" taking into account the affective

Weber's social action as justification to rooting the geographic space, here as categories of place

and territory. As discussed in this reality here topófilo's own voice, using the method of oral

history through interviews.

Keywords: Opacity. Place-territory. Topófilos

INTRODUÇÃO

Na literatura científica o modismo parece imperar, escreve sobre aquilo que estar em alta nas discussões dos meios acadêmicos, midiáticos, políticos, enfim nos espaços de produção e dispersão dos elementos culturais não-materiais principalmente.

*Licenciado e Especialista em Geografia pela FAFOPST - Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada.

Professor da rede pública (Solidônio Leite), particular (Colégio Imaculada Conceição e Colégio de Aplicação), de

cursinhos pré-vestibulares e no instituto do IFETE (INTA).

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E alguns assuntos ficam no “subterrâneo do submundo” e se quer chegam a serem lembrados ou mencionados, não porque não possua relevância social, talvez por serem menos pragmáticos (e mais filosóficos), ou de menos aplicabilidade ao modelo capitalista.

E não é porque possam parecer de menor percepção as mentes cientificas, que investigam e esmiúçam a realidade, ficando aparente que diversos assuntos ficam a mercê das investigações.

E tentando trazer desse fosso do abandono dois temas pouquíssimos debatidos nos meios acadêmicos do Nordeste, até por não fazerem parte de nenhum modismo atual presente nas universidades e nos cursos das ciências sociais e humanas. Então por falta de uma investigação mais acurada o presente artigo pode e deve sofrer imensamente com as criticas e que serão bem vindas. Para que possamos avançar além dos modismos (ortodoxos) e do usual. Claro que “produzir” algo que já foi dito por muitos é menos trabalhoso, uma consulta num punhado de obras (sobre o objeto), dou um pouco de minha inspiração (se tiver) e está pronto, cômodo não? E em praticamente todas as ciências esta é uma realidade.

Contudo com o capitalismo e sua dinâmica imbricada a intensa produção científica esse temerário rapidamente se satura ou se esgota, sendo, abandonada ou esquecida, indaga-se se é um reflexo da cultura de massa ou da indústria cultural? Ou seja, tornou-se uma mercadoria? Escreve para vender? Após acaloradas discussões constrói-se uma gama infinita de conceitos e definições, muitas vezes vazias de realidade e dicotômicas, acabando por se tornar um emaranhado conceitual de confusões.

Esses dois temas aqui levantados e dados ao debate fazem parte de uma mesma realidade presente no sertão nordestino em lócus observado no meio rural (se é que existe ainda?) e tentaria colocar o mesmo valor em cada um, e não que um sirva de acessório para o outro.

O primeiro é a retração da economia primária no baixo e médio Pajeú, em particular nas propriedades voltadas a subsistência e as de pequenos vultos comerciais (excedentes) de outrora. Onde, levanta-se como hipóteses explicativas dessa realidade a evolução das dinâmicas da especialização produtiva, políticas publicas no campo, (parece ambíguo, mas será elucidada bem a frente), a emigração da mão-de-obra e as diversidades climáticas . Daí se pergunta: Quem ainda permanece no campo sertanejo com todas essas mudanças ocorridas na História recente do Brasil? E principalmente onde as estruturas socioeconômicas dificultam suas permanências (aqui denominados de espaços opacos).

O presente artigo também destaca o enraizamento dos senis como atores persistentes e topófilos, parecendo ser esse o ator social destinado a acompanhar o apogeu e a decadência das atividades econômicas que ajudaram a criar sua prole e a manter o seu clã, hoje já disperso.

1. AS RURALIDADES OPACAS E LUMINOSAS DO BRASIL

É costumeiro entre os cientistas sociais e naturais, pelos governos e pelo senso comum regionalizar os espaços e os povos por apresentar dessemelhanças ou particularidades estruturais, ora de cunho natural, ora social, ora imbricados (CASTRO et al 2003).

Assim também se fará para demonstrar o quanto o Brasil tornou-se heterogêneo em seu meio rural até a escala regional sertaneja, quanto às formas econômicas, políticas, demográficas, culturais, e nas relações entre as sociedades e meio natural. Tanto com atividades agrícolas quanto não agrícolas tornaram o espaço rural diversificado (SILVA, 1999 apud HESPANHOL, 2008)

Toda estrutura regional condicionada historicamente e justaposta às recentes metamorfoses em todo território ocorridas após a crise agrária de 19291, e mais intensamente em décadas seguintes com o processo de transformação das estruturas econômicas em urbano-industrial e com a relativa industrialização rural do Centro-Sul e outras variantes, acabou

1Ano em que se instala no território brasileiro dificuldades de exportação dos gêneros agrícolas para Europa e Estados Unidos como consequência da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, levando a diminuição do consumo no mercado externo, trazendo sérios problemas para uma economia ainda dependente da agro-exportação.

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estruturando territórios, denominados por Milton Santos de espaços luminosos e espaços opacos, todavia as maiores luminosidades concentram-se onde a indústria foi mais efetiva. Tais categorias de espaços são, pelo teórico, assim caracterizadas.

Chamaremos de espaços luminosos aqueles que acumulam mais densidades técnicas e funcionais, ficando assim mais aptos a atrair atividades com maior conteúdo em capital, tecnologia e organização. Por oposição, os subespaços onde tais características estão ausentes seriam os espaços opacos. [...] Os espaços luminosos, pela sua consistência técnica e política, seriam os mais suscetíveis de participar de regularidades e de uma obediência aos interesses das maiores empresas (SANTOS; SILVEIRA, 2001: 264).

Tomando por base a classificação desse teórico, o meio rural estaria dividido em duas grandes estruturas produtivas: a que se modernizou e a que se estagnou relativamente. Hoje se percebe nitidamente a expansão dessa luminosidade para além das áreas tradicionais e chegando sob a forma de espaços “luminosos especializados” (ibid, 2001: 135) “Afirma-se uma especialização dos lugares que, por sua vez, alimenta a especialização do trabalho”. Enquanto isso, imensas áreas rurais tornam-se ainda “mais opacas”, entrando em uma retração socioeconômica, ocorrendo uma diminuição da divisão social do trabalho2. Ou seja, fragmentos espaciais rurais encontram-se em risco de não perpetuação produtiva e sociocultural.

Em reportagem especial da revista GLOBO RURAL (julho, 2000) intitulada “A luta dos que insistem em viver no sítio: algo mais que adeus”, tem como paisagem a região Sul, onde diversas famílias lutam para permanecer no campo, embora tenham instintivamente a percepção da extinção de suas comunidades.

Embora seja o Sul retratado, veja-se um pequeno trecho dessa mesma reportagem: “O cenário escolhido é o Sul do Brasil, porque nele a dualidade entre extinção e renovação, entre tradição e futuro, revela ângulos da mais cortante transparência. Mas poderia ser em qualquer outro canto do país” (GLOBO RURAL, 2000: 53. Grifo nosso). Esses atores sociais que permanecem nesses espaços (aqui denominados de opacos) serão abordados nos próximos subtítulos.

2. AS RURALIDADES DO SERTÃO: DO LUMINOSO AO OPACO

No Sertão outrora dominado pelas policulturas de subsistência e de excedentes, pelos algodoais e pela pecuária extensiva e semi-extensiva em estruturas fundiárias ora em latifúndios, ora em minifúndios, hoje se torna mais evidente uma expressiva heterogenização do meio rural sertanejo, quanto aos diversos fatores, tais como: O que se planta, técnicas usadas, uso do solo, destino da produção, especialização da mão-de-obra, atração e repulsão demográfica, incentivos políticos, polarização, relação com a agroindústria, dependência do meio urbano quanto aos ditames produtivos e relações de trabalho.

De antemão, contrariando a concepção dicotômica tradicional, que atribui ao espaço sertanejo à condição absoluta latifúndio/minifúndio, pode-se mencionar as seguintes categorias agrárias que se fazem presentes, hodiernamente, no referido espaço: Um Sertão rural latifundiário improdutivo (como sinônimo de especulação); um Sertão rural latifundiário-pecuário; um Sertão rural irrigável; um Sertão rural agroecológico; um Sertão rural de assentamentos; um Sertão rural indígena; um Sertão rural de brejos; um Sertão rural especializado em turismo; e um Sertão rural em retração econômica.

2 Segundo Durkheim, elemento viabilizador de solidariedade e, consequentemente, de possibilidade de existência da comunidade e/ou sociedade.

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Será foco deste artigo os fatos socioeconômicos que caracterizam o último meio rural mencionado, em áreas delimitadas do município de Serra Talhada e Floresta, localizado na mesorregião do Sertão pernambucano e mesorrregião do sertão do são Francisco na microrregião do Pajeú e de Itaparica, respectivamente, que se encontram em estado permanente de retração de sua funcionalidade na divisão territorial do trabalho regional e a situação do idoso topófilo, que vive em meio a essa desestruturação socioespacial, no reconhecimento dos sentimentos senis que viveram em períodos produtivos3 e que vive, hoje, uma situação de insegurança atual.

3. TOPOFILIA NA OPACIDADE RURAL DO MÉDIO E BAIXO PAJEÚ

A analogia entre os dados do IBGE referente à produção e à área colhida em hectares entre 2000 e 2001 demonstra que o meio rural de Pernambuco vem sofrendo retrações de cunho territorial e produtivo principalmente no que concerne aos gêneros alimentícios básicos, tais como: feijão, milho, arroz (em área colhida), e alguns destinados ao comércio: algodão herbáceo, café, mamona e outros (IBGE, 2001, apud ATLAS ESCOLAR DE PERNAMBUCO, 2003).

Nos censos agropecuários realizado pelo IBGE em 1985 e 1995, constatam-se reduções quanto aos números de estabelecimentos saindo de 356.041 unidades para 258.630, mais preocupante é que ocorreu diminuição das áreas voltadas a produzir alimentos em torno de 33%, e aumento das pastagens destinadas à pecuária em torno de 29% (IBGE, 1985 e 1995-1996).

No censo agropecuário de 2006 houve um aumento significativo quanto ao número de estabelecimentos para 308.978 (IBGE, 2006), acredita-se que os responsáveis para esse aumento sejam a expansão da fruticultura na mesorregião do São Francisco e a re-divisão das propriedades como herança patriarcal, mais ainda abaixo.

Podemos encontrar no êxodo-rural uma das causas desse problema, onde em 2000 as cidades já representavam 76,5% de uma população de 7.918.344 (IBGE, 2000). Ainda podemos somar a isso o desenvolvimento tecnológico e acesso aos créditos de forma desigual, maior estimulo aos gêneros de exportação e as migrações sazonais diminuindo a mão-de-obra e a elevação das diárias dos temporários rurais e a estrutura fundiária injusta.

Em Pernambuco a estrutura fundiária não é diferente do resto do Brasil ocorrendo que a maioria se restringe em minifúndios com áreas menores que 10 hectares, mas que correspondem por mais 70% dos estabelecimentos, ocupando uma área ínfima de menos de 10% dos 5.580.734 de hectares (IBGE, 1995-1996).

Esses estabelecimentos em sua maioria não são capazes de sustentar as necessidades básicas do núcleo familiar (SILVA, 1999), e entre os membros mais jovens, há preferências em buscar alternativas de renda nos centros urbanos colocando em risco a sucessão de produtores agrícolas e fazendo com que a média de idade no campo seja cada vez maior (HESPANHOL, 2008, grifo nosso)

Enquanto o jovem se desprende mais facilmente do campo, os idosos por motivos afetivos se tornam mais “enraizados” ao seu lugar4.

Sendo estes também os que mais sofrem com uma série de mudanças contemporâneas tanto no espaço rural quanto no urbano, onde se observa o avanço da tecnologia e as condições econômicas mais difíceis (MENDES et al 2005). No Brasil esse grupo etário em 2000 correspondia a uma população de 14. 536.029 milhões ou de aproximadamente 8,6% da população absoluta, em Pernambuco representavam 9,5% e em Serra Talhada 9,8% (IBGE, 2000).

3 Em conversa informal com vários idosos percebe-se constantes lamentações em lembrar que até poucas décadas (uma e no máximo três), estes produziam sobre seus baixios (solos aluviais - áreas de maior produtividade) boa diversidade de gêneros agrícolas, e hoje, mesmo se quisessem produzir iriam apenas adquirir dívidas e prejuízos, pois, os gastos superam os lucros (trechos de entrevistas no quarto capítulo). 4 Local onde as pessoas apresentam relações de afetividade (Castro, 2000)

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No meio rural sertanejo em retração econômica (agropecuária) de Serra Talhada essa porcentagem tende a ser maior quanto aos residentes no campo, pois, percebe-se uma maior resistência em permanecer no meio rural, onde, a topofilia5 é extremamente visível, onde sua identidade e memória são cristalizadas no espaço, além de existir nesse fragmento espacial uma espécie de territorialismo dos senis sobre campo.

Sobre essa questão relacional entre as pessoas e o seu lugar veja-se o dizer de Fernandes (2008) “[...] os sertanejos, interpretando a identidade territorial como decorrente da localidade, da vivência da cultura e como algo construído”, ainda sobre identidade territorial de acordo com Nora (1993) “lugar em que uma sociedade registra voluntariamente as suas recordações ou as reencontra como parte de sua personalidade”. Tentar-se-á compreender esse comportamento entre os idosos a luz de Weber, porquanto este tem como objeto de análise da sociologia a ação social com sentido (VILA NOVA, 2009), pelo método da interpretação e da compreensão, Oliveira (2004).

Embora o meio rural de Serra Talhada esteja em evidente retração agropecuária de estrutura familiar, os senis permanecem resistentes no campo, mesmo que praticamente dependentes da assistência previdenciária6. Independentemente da renda da maioria dos idosos sertanejos do meio rural, percebe-se uma íntima relação com o lugar de vivência, pois, verifica-se que vários teriam condições de viver nas cidades e desfrutar da aposentadoria e do descanso na velhice, com os filhos ou parentes, que conseguiram se estabelecer economicamente. Mas esses idosos preferem o campo à cidade, onde poderão vir a ser excluídos ou marginalizados socialmente:

Na sociedade atual, capitalista e ocidental, qualquer valoração fundamenta-se na idéia básica de produtividade, inerente ao próprio capitalismo. O modelo capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na medida em que a individualidade já teria os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Desse modo, não tendo mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia o seu valor simbólico (MENDES et al 2005: 424).

Então pode-se interpretar essa permanência no campo como ação afetiva, pois, sendo aquela que é dirigida por afetos em geral ou estados emocionais atuais (WEBER, 1999).

Enquanto jovens e adultos migram para as áreas economicamente mais dinâmicas em busca de emprego, os idosos, contudo lutam para permanecer no meio rural, podendo ser uma característica de sociedades pré-capitalistas presente no comportamento dos senis sertanejos, pois, entre os mais jovens suas perspectivas se voltariam a uma ação social com relação a fins, veja no dizer de Viana (2004, p: 2) “sendo que isto significa a predominância da ação social com relação a fins, que substitui as formas de ação social predominantes nas sociedades pré-capitalistas (ação afetiva e tradicional)”.

Embora Weber anuncie uma complexa imbricação dessas ações nos comportamentos dos atores sociais ou raramente possam ser orientados apenas por uma dessas maneiras (WEBER, 1999), sendo necessário interpretar e compreender a sua causalidade, pois, estes possuem razões únicas para agir da maneira que agem enquanto agente reflexivo situado em um contexto social específico (OLIVEIRA, 2008). Em diversos casos os idosos se recolhem ao meio urbano por questões de saúde como já elucidado acima, mas seu último pedido aos entes “é que seu enterro seja no seu lugar, junto aos seus antepassados” (frase de muitos idosos em seus últimos momentos de vida).

5 Trata dos laços afetivos entre as pessoas com um lugar e/ou território. 6 No Brasil, eles são responsáveis por aproximadamente 20% dos 44.795.101 domicílios em todo território (IBGE, 2000), no campo serra-talhadense essa porcentagem tendem a ser superior a média nacional.

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4. TOPOFILIA SERTANEJA DOS IDOSOS E ECONOMIA PRIMÁRIA

(TRADIONAL) E SUAS PERSPECTIVAS (PASSANDO A PALAVRA PARA O ATOR

SOCIAL)

Aqui neste capítulo dar-se-á voz (tentando respeitar ao máximo a linguagem regional) aos principais personagens deste artigo que são aqueles que são os verdadeiros testemunhos do fenômeno em destaque (do tempo e das metamorfoses deste, ora positivas, ora negativas). Embora que aqui dará mais atenção às mudanças negativas ocorridas em seus espaços de vivência (dará preferência pelo uso do termo lugar-território7), no concernente as atividades agropecuárias, onde estes tiveram a oportunidades de expressar suas opiniões sobre a retração da produção de subsistência e da diminuição dos criatórios de gado bovino e caprino (principalmente), assim como seu apego ao lugar. As próximas linhas resumirão um pouco da realidade por eles contadas através de entrevistas dirigidas e captadas por filmagens. O local escolhido fica entre a linha divisória entre os municípios de Serra Talhada e Floresta8 (as margens do riacho Poço do Negro9) nas seguintes localidades (fazendas): Várzea do Icó, Várzea Redonda, Lagoa Cercada e Jericó, fazendas com terras em ambos os municípios (mas que pode-se tomar como amostra, pois, extensas áreas dos dois municípios encontra-se em semelhante situação). Foram realizadas enumeras entrevistas ao longo de dois anos de pesquisa (mas apenas informalmente), as aqui abordadas foram documentadas entre os dias 26 e 27 de outubro (com a finalidade de atender a esse capítulo), mas por motivos de espaço irá colocar os principais trechos apenas de algumas destas, tanto com os idosos, quanto com alguns adultos que pretende envelhecer no meio rural (quanto às respostas vão parecer semelhantes).Os primeiros escolhidos para abrir os depoimentos são os senhores Idelfonso F. Nogueira (89 anos) e sua esposa Artemisa (93 anos) do sítio Jericó (moram sozinhos). No qual foram realizadas as seguintes perguntas e obtidas às seguintes respostas:

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- A situação é péssima, vai de mal a pior. O primeiro é a falta de chuva, o segundo é a falta de pessoas para trabalhar. Já para o criatório a dificuldade é a falta de pasto e também os furtos e o que resta é só umas cabecinhas de gado. Não produzo há 10 anos.

II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

- Primeiro a idade e em segundo por que gosto do meu lugar. Não tenho muitas saudades do passado.

III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformou tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

- Tristeza e saudade de como era.

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

7 Em Geografia refere-se a categorias espaciais que guardam sentimentos de afetividade e de poder. 8 Os dois municípios formam o médio e baixo Pajeú, possuem grandes extensões territoriais. 9 Riacho que serve de divisa entre os dois municípios.

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- (IDELFONSO) Sim, pois, quem saiu hoje está bem. Me arrependo, mas também gosto do meu lugar.

- (ARTEMISA) Quero ser pobre na minha terra e no seu dela quero morrer.

V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

-Vai ser um descaso danado, já que quem ainda quer ficar aqui são os velhos e vamos morrer.

A segunda entrevista escolhida são as dos senhores Geografo Gomes de Oliveira (86 anos, com problemas visão) e sua esposa Josefa (73 nos). Moram com dois filhos (separados) e dois netos.

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- A falta de gente para trabalhar já que os mais novos estão indo embora e os velhos não trabalham mais. Faz muito tempo meu filho.

II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

-Gosto muito daqui, pois, mesmo cego consigo andar pelos lugares e tenho liberdade. Aqui eu moro no que é meu, se eu sair vou morar no agregado.

III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformaram tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

- Eu não me preocupo, faço de conta de que nada tá acontecendo se não agente fica doido.

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

- Nunca tive vocação de sair do meu lugar, só gostava de procurar festas em outras ribeiras.

V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

-Vai tudo se acabar. A terceira entrevista escolhida é a do senhor Dionísio Freire da Silva (93 anos, com

problemas de pressão). Mora sozinho com sua esposa Angelita (idosa). Fazenda Lagoa Cercada- Serra Talhada.

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- Tá ruim demais, mais se chover eu ainda planto. A falta de gente pra trabalhar, esse pessoal mais novo não querem mais saber de enxada, só de futebol e vaquejada. Só tenho umas duas cabecinhas de gado e se escaparem da seca vou vender tudo, não vou deixar nada. Hoje é sem futuro criar, quando a gente vai vender não tira o que gastou com ração.

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II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

- Gosto do meu lugar, minha filha já me chamou pra morar com ela na rua, mas não vou, por que é como uma prisão, fico o dia inteiro na casa até a hora dela voltar do trabalho. A cidade envelhece.

III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformaram tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

- Raiva. Dá vontade de matar tudo. Só não mato por pena (se referindo aos animais que lhe resta).

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

- Tinha sim. Vontade de morar em Belmonte-PE. Não me arrependo de nada. Também gosto daqui e só vou sair daqui direto para o cemitério.

V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

-Não vai ficar nada, só o tempo. A quarta entrevista escolhida é a do senhor Francisco Ramos Nogueira (89 anos, sem

problemas aparente de saúde). Mora com dois filhos (Manoel Ramos e Melânia Ramos). Fazenda Várzea do Icó- Serra Talhada.

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- Muito boa, porque antes não tinha governo e esses benefícios, como aposentadoria, bolsa família, Programa chapéu de palha, seguro safra, o cartão cidadão e tantos outros. Não tinha facilidade nem pra ir pra cidade, era tudo de cavalo, jumento ou de pé. A produção tá pouca, hoje os mais novos só querem emprego na cidade.

II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

- Gosto do meu lugar. A gente olha um criatório, mexe numa cerca e assim vai interteno (de entreter), numa cidade a gente não arruma mais emprego. Tenho saudade de quando eu negociava, plantava, trabalhava e farreava.

III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformaram tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

- Só tristeza, antes podia criar e hoje não podemos mais, tem mais ladrão que cidadão.

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

- Nunca, já viajei muito por São Paulo, Mato Grosso e outros, eu gostava muito de andar, mas sempre voltava pra minha terra, pois o lugar da gente por mais ruim que seja a gente dá valor.

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V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

-Preferiu não falar. A quinta entrevista escolhida é a do senhor Francisco Joaquim Gomes (mais de 70 anos,

sem problemas aparente de saúde). Mora com sua companheira Rita (idosa). Fazenda Lagoa Cercada-Serra Talhada.

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- Tá ruim, tanto as secas quanto as enchentes atrapalharam a produção. Há muitos anos.

II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

- Gosto daqui é uma propriedade de herança que meus pais mim deixaram e a cidade deixa a gente doido.

III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformaram tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

- De tristeza, imagine você criar uns bichinhos com todo trabalho e vem alguém e pega de você. Mas eu não quero o mal pra ninguém não.

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

- Não, eu gosto mesmo é de minha terra.

V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

- Vai tudo se acabar, mas eu quero é morrer aqui. As entrevistas a seguir são de dois irmãos com opiniões semelhantes, então, serão tratadas

em conjunto, sendo, eles os senhores Pedro Afonso da Silva (74 anos, sem problemas aparente de saúde) Mora sozinho e sua família reside na cidade de Serra Talhada, e Elias Nunes Nogueira (62 anos) mora com sua companheira e filhos (5). Fazenda Várzea do Icó- Serra Talhada.

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- (Pedro) Tá péssima. A seca é a que manobra com toda ruindade do sertão, se tiver água tem o trabalhador e o pasto para os bichos se alimentarem. A culpa de tudo é da seca. Além dos ajudantes que não trabalham (se referindo aos ladrões).

(Elias)- Tá difícil pra sobreviver, muito difícil. A gente ara e planta mais a chuva vai embora e a gente perde tudo. E já tá com 4 anos que não colho uma bage (vargem) de feijão. Além da dificuldade de arrumar um trabalhador, além de não trabalharem certinho, tem que dá o café, almoço e lanche. É melhor comprar o feijão, do quê gastar com trabalhadores. Só tem um trabalhador de roça na região todinha. E a pecuária se não chover vai morrer tudo. Hoje mesmo perdi uma vaca, morreu de fome, não tinha nada pra dá, os bichos estão esmorecendo e a tendência é se acabar.

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II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

(Pedro)- O aposento e umas ajudinhas do governo. E também aqui eu moro na minha propriedade e gosto de tudo isso aqui, além da liberdade de mandar no que é meu. O que é quê um vei (velho) vai fazer na rua, se eu sair daqui eu morro.

(Elias)- É porque sou dono da propriedade, apesar das secas eu gosto do lugar, não tenho inimizade com ninguém. Tenho saudades das coisas boas e ruins que já se passou (risos). Da mocidade não tenho saudade ainda não, pois, ainda sou moço (risos).

III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformaram tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

(Pedro)-É só tristeza. (Elias)- Tristeza de ver os bichos morrendo e a gente não ter nada pra dá, e as pessoas

daqui tem que esquecer de criar gado (bovino) é um bicho que come muito, já o bode e a ovelha com qualquer coisa vai escapando. O gado que ainda tenho se chover e escapa não deixo nenhum.

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

(Pedro)- Sim, eu ainda morei muitos anos em São Paulo, mas como os serviços eram ruins e junto com a saudade daqui acabei vindo embora. Me arrependo sim, acho que se tivesse ficado hoje tava numa condição melhor, como muitos amigos que ficaram.

(Elias) Ainda um tempo na Bahia, mas as conseqüências do destino me trouxe de volta.

V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

(Pedro) - Vai virar um deserto. (Elias) - Semelhante à de Pedro. A última entrevista e não menos importante é a do senhor Acioly de Souza Ferraz (81

anos, com problemas de saúde). Mora sozinho e tem um filho que mora na cidade de Serra Talhada-PE.

I. (autor) Como o senhor define a atual situação do campo? E que mudanças ocorreram

nos últimos anos que dificultam a produção agropecuária? E há quanto tempo o senhor

produziu no campo?

- Tá péssima, a cada dia piora. A causa principal é das secas e da falta de trabalhadores. Além dos custos ficarem bem acima dos lucros quando tem. O criatório tá difícil manter, tanto as secas quantos os salteadores fez a quantidade de animais diminuírem muito nos últimos anos. Se foram mais de 350 cabeças em menos de 5 anos. E isso é geral. Já o gado é muito dispendioso quem tem tá sofrendo muito.

II. (autor) O que lhe mantém preso aqui? Existe algum sentimento do senhor com este

lugar? Do que quê tem saudades?

-Eu adoro esse lugar, aqui tenho liberdade. Você sabe o sentimento de ir procurar no mato uma cabrinha com seu cabrito de ver os bichinhos tudo alegres com a fartura, se esse lugar chovesse todo ano não tinha lugar melhor.

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III. (autor) Que sentimentos lhe vêm quando o senhor vê em que se transformaram tudo

isso (referindo-se a sua propriedade e as proximidades da sua)?

- De tristeza, todo mundo vai fechar as porteiras.

IV. (autor) Quando o senhor era jovem sonhava em viver longe de sua terra? Arrepende-

se de ter permanecido?

- Sim, tive a oportunidade de viver e trabalhar em Recife arrumei um emprego, mas deixei escapar por causa de umas tias que eu tinha na época.

V. (autor) Daqui a alguns anos quando os idosos se forem como vai ficar tudo isso em

sua opinião?

- Vai ficar tudo resumido a nada. A partir desses depoimentos dá para se ter uma idéia aproximada da situação que estes

atores sociais e históricos estão emergidos, que é de dificuldade de continuar a realizarem a produção agropecuária, embora que esse fato não os traga insegurança alimentar (não até onde conheço), podendo ser feita uma analogia dessa seca de 2012 com a de 1993, e percebe-se claramente que aquela assolou o sertão de fome humana (quantitativa e qualitativa) e essa atual a fome fica quase restrita aos criatórios.

A aposentadoria (muitas vezes citado pelos idosos), o salário maternidade, O PRONAF, o seguro safra, o bolsa família e tantos outros programas do governo (em suas diversas esferas) dão uma relativa assistência aos moradores do campo, para não dizer camponês, pois, em sua forma clássica está quase em extinção e principalmente no sertão do Pajeú.

A partir do quadro atual elucidada pelo idoso, acabam por lançar-se a prevê o futuro ( como um desabafo), onde, dizem coisas do tipo que quando eles se forem as “coisas vão piorar”. Como se os jovens que ainda permanecem no campo irão abandonar os resquícios de agropecuária existente. Será que possuem razão ou são apenas momentos de delírios trazidos pela experiência e pelas sensações da vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um ano como 2012 de grandes estiagens, embora que nada de positivo isso possa trazer no campo prático, da vida concreta, mas no campo teórico e principalmente para esse artigo em particular veio a fortalecer a tese que um grupo numeroso de senis, transforma o espaço em “âncora” de sobre vida, como se depositassem sua saúde mental na relação que estes possuem com o seu lugar-território, como uma extensão de quem são.

Mas uma série de fatores tem transformado seus espaços, que outrora produzia sua subsistência e que hoje pouco produz como elucidado na voz do próprio idoso (enfatizando as causas da problemática), não que isso impeça sua permanência, mas o afeta psicologicamente, pois, retração simboliza para estes “um esvair” de suas memórias que estão impregnadas e cristalizadas em seus lugares e em suas posses.

O presente artigo não pretende em nada concluir as discussões do temário, mas sim de provocar exatamente o contrário, que é de tirar essas temáticas das “sombras do esquecimento”, se merecer.

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