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Uma rotina de estudo por José Ananias
Uma rotina de estudo é essencial a todo músico, principalmente a aquele que se propõe ter esta atividade, como sua profissão.
Somente um trabalho metódico e sério de estudos pode levar, à construção de uma base sólida de sonoridade e técnica que permitirá a um flautista atuar sempre em um nível de excelência A produção do som nos instrumentos de sopro, principalmente na flauta, está diretamente ligada ao controle que desenvolvemos de nossa embocadura, para tanto, devemos exercitá-la dia após dia, com exercícios específicos e repetidos, para que possamos ter a habilidade suficiente para dominarmos o instrumento e assim produzir um som rico, com controle de volume e projeção, cores e timbres, os mais variados possíveis.
Paralelamente, ao trabalho de sonoridade, o trabalho técnico é de igual importância e deve estar sempre ligado ao estudo da sonoridade.
Deve-se somar a esta rotina o trabalho com os diversos cadernos de Estudos, que existem às centenas e que servem para se praticar problemas específicos ligados à execução da flauta.O estudo diário e sistemático desta rotina nos proporciona um aprendizado muito mais eficiente e rápido das músicas que compõem o rico repertório para flauta.Reduz-se sobre maneira o tempo gasto para se aprender uma nova música, tornando esta tarefa muito mais prazerosa.
Criando uma rotina
Duração de cada etapa da rotina: • Sonoridade: 30min. • Técnica: 1H e 30 min. • Estudos: 30min. • Repertório: 1H e 30min.
a) Sonoridade:Parte fundamental em nossa rotina. Há diversos livros sobre o assunto.O mais bem desenvolvido deles é o famoso: De La Sonorité, Art et Technique, de Marcel Moyse, editado pela casa Alphonse Leduc de Paris.Neste livro, Moyse escreveu uma série de exercícios que têm como objetivo fazer com que o aluno, segundo suas próprias palavras, adquira um bonito som, “joli son”.
Moyse divide em cinco partes este trabalho: • A primeira parte trabalha a cor e homogeneidade do som em todas as regiões da flauta. • A segunda parte trabalha a flexibilidade do som especialmente nos graves. • A terceira parte enfoca os ataques e ligaduras. • A quarta parte possibilita o desenvolvimento da amplitude do som. • A quinta e ultima parte, se concentra no trabalho de controle do som em diversos trechos de músicas.
O trabalho sistemático destes exercícios proporcionar-lhe-á, um belo som, uma grande flexibilidade da embocadura, um grande controle do volume de som, do pianíssimo ao fortíssimo, e também uma técnica apurada do controle dos dedos. Este livro tem me acompanhado desde os primeiros meses de estudo, asseguro-lhes que o trabalho contínuo me permitiu desenvolver e manter o controle, de todos os tópicos acima citados.
b) Técnica:
O estudo de escalas e arpejos é fundamental a todo instrumentista.Nós flautista,quando tocamos escalas e/ou arpejos, devemos dar especial atenção à embocadura. Sempre, devemos tentar o nosso melhor som e procurar atingir a nossa melhor afinação.Há que se estudar todas as escalas maiores e menores, escalas em terças, arpejos de três sons, arpejos aumentados, diminutos, escalas cromáticas e etc.Há inúmeros livros e métodos que podemos utilizar.Aqui estão os que fazem parte de minha rotina:Taffanel et Gaubert, quarta parte: estudos diários.(Edição: Alphonse Leduc)M.A. Reichert: 7 estudos diários ( Edição:Schott) Marcel Moyse: Estudos diários.(Edição: Alphonse Leduc).Trevor Wye: Complete Daily Exercises( Edição: Novello).Este último é uma verdadeira compilação de diversos métodos antigos, revistos e ampliados.Nestes estudos técnicos, devemos obedecer às recomendações encontradas nos mesmos e praticar todas as possibilidades de articulação, ataques simples, duplos, triplos e o legato.
c) Estudos
Nessa parte da rotina, devemos estudar ao menos um estudo por semana ou até dois.Estes estudos nos servem para nos concentrarmos em determinados detalhes e dificuldades encontrados na execução da flauta.Rapidez de aprendizado é o que se deve buscar nesta etapa.
Listo a seguir alguns destes cadernos, em ordem crescente de dificuldade, que fizeram ou fazem parte de minha rotina diária de estudos:
J. Andersen 26 pequenos caprichos, opus 37.( edição: International)J. Andersen 18 Estudos, opus 41.(edição: International)J. Andersen 24 Estudos. opus 30.( edição: International)J. Andersen 24 Estudos, opus 15.(edição: International)Louis Drouet 24 Estudos Celebres.( edição: Schott)E. Koehler 12 Estudos de dificuldade moderada.( edição: International)Taffanel et Gaubert 24 Estudos progressivos.( edição: Alphonse Leduc)
Um exemplo de uma rotina semanal:
A seguir descrevo como montar esta rotina, ou melhor, mostro a minha rotina de estudos;
Sonoridade
Diariamente:M.Moyse: Notas longas: exercício 1, 1 bis,Flexibilidade dos sons graves: exercício 1Ataque e ligadura dos sons, exercício 1 e suas quatro variantes.Amplitude do som: exercícios da página 23.Praticar melodias fáceis utilizando diversas dinâmicas:Ex: tocar um movimento lento de uma sonata barroca, uma vez todo em piano, em seguida todo o movimento forte, mezzo forte, mezzo piano e assim por diante.
Técnica
Diariamente:Taffanel et Gaubert: Exercícios diários: nr. 4, 5, 7,10 e 14.Duas vezes por semana agregar ao menos um dos seguintes exercícios: M. Reichert: Exercícios: No. 1, 2, 5 e 7.Há outros inúmeros livros de exercícios que podem e devem ser utilizados.O importante é que se pratique diariamente as escalas e arpejos contidos nos exemplos acima.Em todos estes livros, há sempre as mais diversas sugestões de articulações a serem utilizadas na execução dos exercícios.
Estudos
Diariamente:Deve-se praticar ao menos um estudo por semana. Este estudo deve estar sempre de acordo com o nível técnico do aluno.
Repertório:
Diariamente:O nosso repertório é rico e abundante.Temos à nossa disposição música do fim do século XVII até os nossos dias.De Bach, Mozart, Beethoven a Pierre Boulez para citar apenas os mais famosos, podemos montar um repertório rico e variado.Novamente, há que se ter cuidado em não se praticar algo muito além de nossas possibilidades.Um bom professor pode ser muito útil neste quesito, cuidando para que o aluno aprenda ao menos uma parte essencial do repertório flautístico.
A seguir, ofereço uma amostra sucinta das principais obras: • J.S. Bach: 6 sonatas para flauta. • J.S.Bach Suíte em si menor. • J.S.Bach: Partita em La menor para flauta solo. • C.Ph.E.Bach: Sonata em La menor para flauta solo. • G.Ph. Telemann: 12 fantasias para flauta solo.
• G.Ph. Telemann: 12 sonata metódicas para flauta e baixo continuo. • G.F. Handel: 10 Sonatas para flauta e baixo continuo, opus 1. • Vivaldi: 6 Concertos opus X para flauta e orquestra. • J.Joaquim Quantz: Concerto em sol maior para flauta e orquestra. • W.A.Mozart: 6 sonatas para flauta e piano • W.A.Mozart: concerto em sol maior(K.313) e em re maior(K.314) para flauta e orquestra. • W.A.Mozar: Concerto em do maior(K.299) para flauta,harpa e orquestra. • Theobald Boehm: Grande Polonese, opus 16. • L.V.Beethoven: Serenata em re maior para flauta e piano, opus 41. • F.Schubert: Introdução e variações sobre a Bela Moleira, opus 160. • Reinecke: Sonata “Undine” para flauta e piano, opus 167. • Reinecke: Concerto em ré maior para flauta e piano, opus 283. • Cecile Chaminade: Concertino para flauta e piano, opus 107. • G.Enesco: Cantábile e Presto para flauta e piano. • G.Fauré: Fanatasia para flauta e piano, opus 79. • Ph. Gaubert: Noturno e Allegro Scherzando, Fantasia e Madrigal. • P.Taffanel: Andate pastoral e Scherzettino. • Claude Debussy: Syrinx para flauta solo. • Edgar Varèse: Density 21.5 para flauta solo. • Luciano Berio: Sequenza para flauta solo. • Frank Martin: Ballade para flauta e piano. • Francis Poulenc: Sonata para flauta e piano. • Bohuslav Martinu: Sonata para flauta e piano. • S. Prokofieff: Sonata em ré maior para flauta e piano, opus 94. • Eugène Bozza: Imagem para flauta solo. • Carl Nielsen: Concerto para flauta e orquestra(1926). • Jacques Ibert: Piece para flauta solo. • Jacques Ibert: Concerto para flauta e orquestra. • Francisco Mignone: Suíte para flauta e orquestra de cordas. • Camargo Guarnieri: Três Improvisações para flauta solo. • Camargo Guarnieri: Sonatina para flauta e piano. • Villa-Lobos: Bachianas No 6 para flauta e fagote. • Villa-Lobos: Assobio a jato para flauta e violoncelo. • André Jolivet: Chant de Linos para flauta e piano • André Jolivet: Concerto pra flauta e orquestra de cordas. • Henry Dutilleux: Sonatina para flauta e piano. • Pierre Boulez: Sonatina para flauta e piano. • Joaquin Rodrigo: Concerto em ré maior para flauta e orquestra. • Lowell Libermann: Sonata para flauta e piano, opus 23. • Lowell Libermann: Concerto para flauta e piano, opus 48.
Esta lista compreende uma parte significativa de nosso repertório.Como frisado anteriormente, não é exaustiva. Existem milhares de obras aqui não mencionadas, como as obras de vanguarda, transcrições, música brasileira e etc., que podem e devem também ser estudadas.Novamente uma boa orientação do professor é essencial para que o aluno consiga montar um repertório interessante e inteligente ao longo do tempo.
José Ananias Souza LopesEmail: [email protected]