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UMA VERDADE INCONVENIENTE Você olha pra esse rio fluindo gentilmente. Repare as folhas mexendo com o vento. Ouça os pássaros. Ouça os sapos na árvore. À distância, ouça a vaca. Sinta a grama. A lama cede um pouco na beira do rio. Um silêncio, uma paz. E de repente, há uma troca de marcha dentro de você. E é como respirar fundo pensando, "Oh! sim, me esqueci disso". Essa é a primeira foto da Terra tirada no espaço que ninguém jamais viu. Foi tirada na véspera do Natal de 1968 durante missão da Apolo 8. Uns limites relativamente cômodos. Mas estamos enchendo essa fina atmosfera com poluição. Senhoras e senhores, o senhor Al Gore! Eu sou Al Gore. Eu deveria ser o próximo presidente dos Estados Unidos da América. Eu não acho isso particularmente engraçado. Venho tentando contar essa estória há um bom tempo, e sinto como se tivesse fracassado ao transmitir a mensagem. Estive na política por um bom tempo e sinto orgulho de meus serviços. Só pode estar brincando.

Uma Verdade Inconveniente

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Page 1: Uma Verdade Inconveniente

UMA VERDADE INCONVENIENTE

Você olha pra esse rio fluindo gentilmente.

Repare as folhas mexendo com o vento.

Ouça os pássaros.

Ouça os sapos na árvore.

À distância, ouça a vaca.

Sinta a grama.

A lama cede um pouco na beira do rio.

Um silêncio, uma paz.

E de repente, há uma troca de marcha dentro de você.

E é como respirar fundo pensando, "Oh! sim, me esqueci disso".

Essa é a primeira foto da Terra tirada no espaço que ninguém jamais viu.

Foi tirada na véspera do Natal de 1968 durante missão da Apolo 8.

Uns limites relativamente cômodos.

Mas estamos enchendo essa fina atmosfera com poluição.

Senhoras e senhores, o senhor Al Gore!

Eu sou Al Gore.

Eu deveria ser o próximo presidente dos Estados Unidos da América.

Eu não acho isso particularmente engraçado.

Venho tentando contar essa estória há um bom tempo, e sinto como se tivesse fracassado ao transmitir a mensagem.

Estive na política por um bom tempo e sinto orgulho de meus serviços.

Só pode estar brincando.

Isso é um desastre nacional.

Peguem cada linha de ônibus do país e mandem agora mesmo para Nova Orleans.

FURACÃO KATRINA - 29 DE AGOSTO, 2005.

Pensavam em algo pequeno, cara e isso é grande, grande, grande mesmo!

O que precisa nesse momento?

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Existem pessoas boas, políticos em ambos os partidos, que mantêm isso no curto alcance, pois se souberem e reconhecerem, a obrigação moral por mudanças, seria inevitável.

A menos que conserte a maior crise da história desse país.

...exploraram pontos de aterrissagem e perderam contato, ao passarem pelo lado escuro da lua.

E inevitavelmente havia algum suspense.

E então quando restabeleceram contato, olharam pra cima, e tiraram essa foto, que ficou conhecida como "Terra Nascente".

E essa foto explodiu, no conhecimento da humanidade.

Provocou mudanças drásticas.

Dezoito meses depois se iniciou o movimento ecológico.

A próxima foto foi tirada na última missão da Apolo, a Apolo 17.

Foi tirada em 11 de dezembro de 1972, e é a fotografia mais publicada em toda a história.

É a única foto que teremos da Terra, em que o sol estava diretamente atrás da nave espacial, fazendo com que a Terra se iluminasse por completo, sem áreas escuras.

A imagem seguinte que mostrarei quase nunca foi vista.

Foi tirada por uma espaçonave chamada Galileu, que saiu pra explorar o sistema solar.

E ao abandonar a gravidade da Terra, ligou suas câmeras e tirou fotos de uma rotação de um dia, aqui comprimida em 24 segundos.

Não é linda?

Essa imagem é mágica.

Foi feita por um amigo meu, Tom Van Sant.

Tirou 3000 fotos de satélite distintas, tiradas num período de três anos, as uniu digitalmente, e escolheu imagens que deram uma vista sem nuvens de cada centímetro na superfície da Terra.

Todas as massas terrestres precisamente detalhadas.

Quando esticada, se torna uma imagem icônica.

Mostrei isso porque quero contar uma estória sobre dois professores que tive:

Um que eu não gostava muito e outro que foi um herói pra mim.

Tive um professor que ensinava geografia colocando o mapa mundi em frente do quadro.

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Tive um colega na sexta-série que levantou sua mão e apontou para o contorno da costa leste da América do Sul depois apontou para a costa oeste da África e perguntou, "Eles já estiveram juntos?" e perguntou, "Eles já estiveram juntos?" E o professor respondeu, "Claro que não, é a coisa mais ridícula que já ouvi." Esse estudante se tornou adepto às drogas e um fracassado.

O professor se tornou Ministro das Ciências do governo atual.

Mas, sabem, o professor na verdade estava refletindo a conclusão de cientistas daquela época.

Continentes são tão grandes, obviamente não se movem.

Mas, na verdade, como sabemos agora, se moveram.

Separaram-se um do outro.

Mas em algum momento eles, de fato, se encaixaram.

Mas essa suposição foi um problema.

Refletia o conhecido ditado que diz "Aquele que nos mete em problemas não é quem não conhecemos, é quem conhecemos com a certeza de que não é assim".

Esse é um ponto importante, acreditem ou não, pois existe outra suposição semelhante que muita gente está pensando nesse momento sobre aquecimento global que simplesmente não é verdade.

A suposição é mais ou menos assim: A Terra é tão grande que é impossível qualquer impacto prejudicial em seu meio ambiente.

Talvez tenha sido verdade em outra época, mas não mais.

E uma das razões pra que não seja mais verdade é pelo fato da parte mais vulnerável de nosso sistema ecológico ser a atmosfera.

Vulnerável pois é muito fina.

Meu amigo, o falecido Carl Sagan costumava dizer, "Se você tem um grande globo com uma capa de verniz nele, a densidade do verniz com relação ao globo seria a mesma que a densidade da atmosfera comparada com o tamanho da Terra”.

E é fina o suficiente para sermos capazes de mudar sua composição.

Isso nos traz a ciência básica do aquecimento global.

Não vou ficar muito tempo nisso pois sabem bem.

A radiação solar chega na forma de pequenas ondas de luz que esquentam a Terra.

Parte da radiação que é absorvida e esquenta a Terra volta ao espaço na forma de radiação infravermelha.

E parte da radiação infravermelha que sai é presa por essa camada da atmosfera e retida.

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E isso é bom porque mantém a temperatura dentro de certos limites. A mantém relativamente constante e própria para a vida.

Mas o problema é que essa fina camada da atmosfera está se tornando mais grossa por toda essa contaminação do aquecimento global.

Essa capa da atmosfera se torna mais grossa e mais radiação infravermelha é retida.

E então a atmosfera esquenta em todo o mundo.

O aquecimento global.

Agora, essa é a explicação tradicional.

Aqui tenho o que penso ser uma melhor explicação.

AQUECIMENTO GLOBAL OU: NADA TÃO QUENTE!

Deve estar se perguntando por que seu sorvete foi embora.

Bem, Susie, a culpa não é dos estrangeiros.

É do aquecimento global.

- Global - Sim.

Apresento o senhor Raio de Sol.

Ele vem por todos os lados do sol visitar a Terra.

Olá, Terra, vim pra iluminar o seu dia.

E agora já vou indo.

Não tão rápido, Raio de Sol!

Somos os gases verdes.

Você não irá a lugar algum!

Oh, Deus, isso dói!

Em pouco tempo, a Terra está cheia de Raios de Sol.

Com seus corpos apodrecendo e esquentando nossa atmosfera.

Como nos desfazemos desses gases verdes?

Felizmente, nossos políticos bonitões vieram com uma maneira barata para combater o aquecimento global.

Desde 2063 colocamos um cubo de gelo gigante no oceano de vez em quando.

Tipo aquele que meu pai põe na bebida toda manhã.

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E então se zanga.

Claro, como os gases verdes vêm aumentando cada vez mais cada vez mais precisa de mais gelo.

Resolvendo o problema de uma vez por todas.

- Mas - De uma vez por todas!

FIM

Essa é a imagem que despertou meu interesse pelo problema.

Eu a vi na universidade quando tive um professor chamado Roger Revelle, um dos primeiros que propôs a medição do dióxido de carbono na atmosfera.

Ele viu onde a estória tava indo depois dos primeiros capítulos.

Depois dos primeiros anos de dados, ele previu o que significava e o que ainda estava por vir.

Desenvolveram um experimento em 1957.

Contrataram Charles David Keeling que com muita precisão mediu esses níveis durante décadas.

Começaram mandando balões meteorológicos todos os dias e escolheram o meio do Pacífico por ser a área mais remota.

Ele era um cientista muito dedicado.

Enfatizava duramente a informação.

Foi uma época maravilhosa pra mim porque, como muitos jovens estive em contato com fermento intelectual, ideias que eu não considerava nem em meus piores sonhos.

Ele mostrou à nossa classe os resultados de suas medições depois de alguns anos.

Foi assustador pra mim.

Ele estava assustado e deixou bem claro à nossa classe a significância que sentia perante isso.

E eu absorvi como uma esponja.

Ele estabeleceu as conexões entre as maiores mudanças em nossa civilização e esse padrão é agora visível na atmosfera de todo o planeta.

E então ele projetou onde tudo isso estava indo a menos que fizéssemos alguns ajustes.

E isso foi da noite pro dia.

Após os primeiros sete, oito, nove anos, podia se ver o padrão que estava sendo desenvolvido.

Mas eu faço uma pergunta.

Page 6: Uma Verdade Inconveniente

Por que sobe e baixa a cada ano?

E ele explicou que se você olhar pra massa terrestre da Terra, muito pouco disso é o sul do equador.

A grande maioria está no norte do equador, e a maioria da vegetação está no norte do equador.

E então, quando o hemisfério norte está inclinado em direção ao sol, como em nossa primavera-verão, as folhas saem e respiram o dióxido de carbono, e a quantidade na atmosfera diminui.

Mas quando o hemisfério norte está inclinado longe do sol, como em nosso outono-inverno, as folhas caem e emitem dióxido de carbono, e a quantidade na atmosfera volta a subir.

E então, é como se a Terra inteira inspirasse e expirasse uma vez por ano.

Então começamos a medir o dióxido de carbono em 1958.

Lá pela metade dos anos 60, quando ele mostrou essa imagem à nossa classe estava claro que estava subindo.

Eu o respeitava e aprendi muito com ele, eu segui esse caminho.

E quando fui para o Congresso na metade dos anos 70, ajudei a organizar as primeiras audiências sobre esse tema e pedi a meu professor que fosse testemunha.

Pensei que poderia haver um grande impacto, poderíamos estar resolvendo esse problema.

Mas não foi bem assim.

Mas segui fazendo audiências.

E em 1984 fui pro Senado e me aprofundei nesse problema com reuniões entre cientistas.

Escrevi um livro sobre isso, concorri para presidente em 1988 em parte para ganhar alguma visibilidade no assunto.

E em 1992 fui pra Casa Branca.

Passamos uma versão sobre a taxa do carbono e outras medidas para contornar isso.

Fui a Kyoto em 1997 para assinar um tratado que é muito mal falado, pelo menos nos EUA.

Em 2000 meu oponente prometeu regular as emissões de CO2, mas não foi uma das promessas que cumpriu.

Mas a questão é todo esse tempo pode-se ver o que eu vi por todos esses anos.

Continua subindo.

É implacável.

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E agora estamos começando a ver o impacto no mundo real.

Esse é o Monte Kilimanjaro há mais de 30 anos atrás.

E mais recentemente.

Um amigo meu acaba de voltar de Kilimanjaro com uma foto que tirou há alguns meses.

Outro amigo, Lonnie Thompson, estuda geleiras.

Aqui está Lonnie com o que restou da última geleira.

Em menos de uma década, já não haverá neve em Kilimanjaro.

Isso está acontecendo no Parque Nacional Glacial.

Escalei esse pico em 1998 com uma de minhas filhas.

Em menos de quinze anos, esse será o parque antes chamado de Glacial.

Aqui o que está acontecendo ano após ano com a geleira Columbia.

Vai diminuindo a cada ano que passa.

E é uma pena, pois geleiras são tão lindas.

Mas aqueles que quiserem subir para vê-las, isso é o que verão a partir de agora.

No Himalaia existe um problema em particular pois 40% da população mundial recebe água potável de rios e fluentes sendo que 60% pela água que vem das geleiras.

Na metade do próximo século, esses 40% irão encarar uma seca muito séria por causa desse derretimento.

Itália, os Alpes Italianos.

O mesmo lugar hoje.

Um velho cartão postal da Suíça.

Pelos Alpes, estamos vendo a mesma estória.

Isso também é verdade na América do Sul.

Esse é o Peru quinze anos atrás.

E a mesma geleira hoje.

Essa é a Argentina vinte anos atrás.

Mesma geleira hoje.

Há 75 anos, na Patagônia, no extremo sul da América.

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Esse vasto espaço de gelo se foi.

Há uma mensagem nisso.

Há uma mensagem nisso.

É mundial.

E o gelo tem estórias pra nos contar.

Meu amigo, Lonnie Thompson, cava amostras profundas de gelo.

Eles cavam trazem as amostras pra cima pra poderem olhar o gelo e estudá-lo.

Quando a neve cai, retém pequenas bolhas da atmosfera.

E eles podem medir o quanto de CO2 havia na atmosfera antes daquela neve ter caído.

E o que é mais interessante, penso eu, é que podem medir diferentes isótopos de oxigênio e elaborar um termômetro muito preciso pra dizer qual era a temperatura bem como o ano que essa bolha ficou retida na neve.

Quando estive na Antártida, vi núcleos como esse.

Um cara olhou pra mim e disse, Bem aqui foi onde o congresso americano passou a Lei do Ar Limpo.

E eu não podia acreditar.

Mas pode se ver a diferença a olho nu.

Alguns anos depois de passada a Lei, fica muito fácil distinguir.

Podem voltar ano por ano do mesmo modo que um silvicultor lê as árvores.

E podem se ver as camadas anuais de derretimento e recongelamento.

Podem voltar, em muitas montanhas, há mais de mil anos atrás.

Construíram um termômetro da temperatura.

O azul é o frio e o vermelho é o quente.

Agora, estou mostrando isso por algumas razões.

Número um: os chamados cépticos algumas vezes irão dizer, "Oh, tudo isso é um fenômeno cíclico. Houve um período de aquecimento medieval." Bem, sim.

Aqui está.

Existem outros dois.

Mas comparado ao que está ocorrendo agora, não há nenhuma comparação.

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Então se olharem as temperaturas por mil anos e compararem com mil anos de CO2, poderão ver o quanto perto eles ficam.

Agora, mil anos de CO2 nas montanhas glaciais, é uma coisa.

Mas na Antártida, podem remontar 650 mil anos.

Essa é incidentalmente a primeira vez que alguém fora do grupo científico vê essa imagem.

Esses são os dias de hoje, e esse é o último período glacial.

Estamos voltando 650 mil anos no tempo.

Esse é o período de aquecimento entre as duas últimas eras glaciais.

Estas são a segunda e terceira mais recentes.

A quarta, quinta, sexta e sétima era glacial no passado.

Agora, um dado importante.

Em todo esse tempo, 650 mil anos, o nível de CO2 nunca havia passado de 300 partes por milhão.

Como eu disse, também podem medir a temperatura.

Essa tem sido a temperatura sobre a Terra.

Agora, uma coisa que pula em você é, Deixe-me colocar desse modo.

Se meu amigo da sexta-série me disse que a África e a América do Sul estiveram aqui, ele diria:

"Alguma vez se encaixaram?"

"A coisa mais ridícula que já ouvi."

Mas se encaixaram, claro.

E a relação anda muito complicada.

Mas há uma relação que é mais poderosa do que todas as outras e é quando há mais dióxido de carbono, a temperatura fica mais alta porque retém um maior calor do sol.

Nas partes dos EUA que contêm as cidades modernas de Cleveland, Detroit, Nova Iorque, na fila mais ao norte essa é a diferença entre um dia bonito e 1,6 km de gelo sobre sua cabeça.

Tenham isso em mente quando olharem esse dado.

O dióxido de carbono que nunca superou as 300 partes por milhão, aqui é onde está o CO2 agora.

Muito acima de onde nunca estiveram, desde de quando esses registros começaram a ser medidos.

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Agora, se me acompanharem, quero enfatizar esse ponto.

A equipe aqui tentou me ensinar a usar esse aparelho.

Então, se eu não me matar, eu...

Já está certo aqui.

Vejam quanto acima o ciclo natural está posicionado, e nós fizemos isso.

Mas, senhoras e senhores, nos próximos 50 anos, Na verdade, em menos de 50 anos, irá continuar subindo.

Quando algumas dessas crianças que estão aqui tiverem a minha idade aqui é onde estará em menos de 50 anos.

Pensaram que iria sair do gráfico.

Em menos de 50 anos, estará aqui.

Não há um simples fato, ou data, ou número que tenha sido usado para tornar isso controverso.

Os chamados cépticos olham pra isso e dizem, "E daí? Parece perfeitamente bem."

"E daí? Parece perfeitamente bem."

Bem, novamente, no lado da temperatura, se esse pouco no lado frio é 1,6 km de gelo sobre nossas cabeças, o que seria tudo isso no lado quente?

Ultimamente isso não tem sido uma questão política tanto quanto uma questão moral.

Se permitirmos que isso aconteça não será nada ético.

Eu tinha tanta fé em nosso sistema democrático, nosso auto-governo.

Eu pensava e acreditava que a estória seria impactante ao ponto de causar uma real mudança na reação do Congresso com relação a esse problema.

Pensei que fossem se sobressair também.

Mas não foi assim.

As lutas, as vitórias que não são realmente vitórias, as derrotas que não são realmente derrotas.

Serviram pra aumentar a significância de um passo trivial mais adiante, exagerar a aparente importância de um massivo obstáculo.

3 de abril de 1989.

Meu filho se soltou da minha mão e correu atrás de um amigo cruzando a rua.

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Ele tinha 6 anos de idade.

Uma máquina o ajudava a respirar.

Iríamos possivelmente perdê-lo.

Ele finalmente respirou.

Ficamos no hospital durante um mês.

Era quase como se você olhasse no calendário e então tudo saísse voando.

Parecia trivial, insignificante.

Ele foi muito valente.

Ele foi um garoto valente.

Girou todo o meu mundo de cabeça pra baixo e então sacudiu até tudo cair.

Meu jeito de estar no mundo, tudo mudou pra mim.

Como devo passar meu tempo na Terra?

Intensifiquei meus esforços, tentando aprender mais profundamente.

Fui a Antártida.

Fui ao Pólo Sul, ao Pólo Norte, a Amazônia.

Fui a lugares onde cientistas me ajudavam a entender partes do problema que eu não entendia a fundo.

A possibilidade de perder o que era mais precioso pra mim.

Ganhei uma habilidade que talvez eu não tivesse antes.

Mas quando eu a senti, senti que realmente iríamos perdê-la.

O que damos como certo talvez não possa estar aqui por nossos filhos.

Estas são medidas atuais da temperatura atmosférica desde nossa Guerra Civil.

Em certos anos, pode parecer que está descendo, mas a tendência geral é extremamente clara.

E em anos recentes, está ininterrupta e se intensificando.

De fato, se olharem os dez anos mais quentes medidos nesse registro atmosférico, todos ocorreram nos últimos 14 anos.

E o mais quente de todos foi em 2005.

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Temos visto algumas ondas de calor semelhantes às que os cientistas dizem que serão muito mais comuns.

Há alguns anos a Europa teve uma onda de calor que matou 35 mil pessoas.

A Índia não recebeu tanta atenção, mas no mesmo ano a temperatura chegou aos 50 graus.

Verão passado no oeste americano, muitas cidades quebraram recordes de temperaturas máximas e números de dias consecutivos com 38 graus ou mais.

200 cidades do oeste apresentaram recordes históricos.

E no leste, em muitas cidades ocorreu a mesma coisa.

Incluindo, incidentalmente, Nova Orleans.

Então o aumento de temperatura está por todo o mundo, incluindo os oceanos.

Esse é o nível natural de variação da temperatura nos oceanos.

Sabem, pessoas dizem, "Oh! isso é natural, sobe e desce, não se preocupe."

Esse é o nível que se poderia esperar dos últimos 60 anos.

Mas os cientistas especialistas têm modelos computadorizados que previram esse aumento no nível da temperatura.

Agora irei mostrar, nunca antes mostrado, as atuais temperaturas nos oceanos.

E, claro, quando os oceanos esquentam, causam tempestades mais violentas.

Temos visto nos últimos anos muitos tornados.

Os furacões Jeannie, Frances e Ivan estiveram entre eles.

E no mesmo ano que tivemos essa série de grandes furacões, também estabelecemos um recorde de tornados nos Estados Unidos.

O Japão não recebia tanta atenção da nossa imprensa, mas estabeleceu um recorde de tufões.

O recorde anterior era de sete.

Aqui estão os dez ocorridos em 2004.

Os livros de ciências tiveram que ser reescritos.

Diziam que era impossível um furacão no Atlântico Sul.

Mas no mesmo ano um atingiu o Brasil.

O verão de 2005 foi um dos livros.

O primeiro foi Emily que atingiu Yucatán.

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Logo depois o furacão Dennis chegou causando muito estrago, inclusive a indústria do petróleo.

Essa é a maior plataforma petrolífera do mundo, depois do Dennis.

Essa foi jogada contra a ponte da Mobile.

E então, claro, veio o Katrina.

Vale a pena lembrar que quando atingiu a Flórida, era categoria um.

Mas matou muita gente e causou bilhões de dólares em estragos.

E então o que aconteceu?

Antes de chegar à Nova Orleans, passou sobre águas mais quentes.

Conforme a temperatura da água aumenta, a velocidade do vento aumenta e a umidade aumenta.

E verão o furacão Katrina se formar sobre a Flórida.

E então assim que entra no Golfo sobre aquela água quente, capta essa energia e vai ficando mais forte e mais forte.

Vejam o olho do furacão.

E, claro, as consequências foram tão horrendas, que não há palavras para descrevê-las.

Estamos recebendo informes e chamadas que partem meu coração.

De pessoas dizendo: "Eu estive em meu sótão. Já não aguento mais."

"A água está no pescoço. Acho que não irei conseguir."

Isso está ocorrendo enquanto falamos.

Dissemos a todos sobre a importância do canal da Rua 17.

Dissemos: "Por favor, por favor, tomem conta disso." "Não nos importa como. Deem um jeito." Algo novo para os Estados Unidos.

Mas como em nome de Deus isso poderia acontecer aqui?

Haviam nos advertido que os furacões ficariam mais fortes.

Houve alertas dizendo que esse furacão, dias antes de chegar, poderia romper as represas, poderia causar os danos que ultimamente têm causado.

E uma questão que nós, como pessoas precisamos decidir é como reagir quando ouvimos alertas dos melhores cientistas do mundo.

Houve uma tempestade nos anos 30 de outro tipo.

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Uma horrível e sem precedente tempestade na Europa Continental, e Winston Churchill alertou a população da Inglaterra dizendo que era diferente de tudo o que já tinha sido visto antes e que precisavam estar prontos.

E muita gente não acreditou nisso.

Ele ficou impaciente com tanta incerteza.

E disse o seguinte, "A ERA DE PROCASTINAÇÃO, DE MEIAS-MEDIDAS, DA CALMARIA, DOS ACERTOS E DOS ATRASOS ESTÁ CHEGANDO AO FINAL. EM SEU LUGAR ESTAMOS ENTRANDO EM UM PERÍODO DE CONSEQUÊNCIAS."

Cometendo erros em gerações de séculos passados teríamos consequências que poderíamos superar.

Não temos mais essa luxúria.

Não pedimos por isso, mas aqui está.

Al Gore é o vencedor do voto nacional popular. Mas o estado da Flórida, quem quer que ganhe ganhará a Casa Branca.

Flórida está no voto de Al Gore.

Boletim: Flórida recua o voto de indecisos.

George Bush é o presidente eleito dos Estados Unidos.

Ele é Flórida vai de Bush, a presidência é de Bush.

É isso.

E as 2:18 dessa manhã, projetamos Estamos oficialmente dizendo que a Flórida está quase encerrando.

Mesmo estando em total desacordo com a decisão do júri, eu a aceito.

Aceito a finalidade desse resultado.

Eu, George Walker Bush juro solenemente Eu, George Walker Bush, juro solenemente que executarei os deveres de presidente Bem, foi um golpe duro, mas o que você faz?

Vê pelo lado bom.

Tudo isso deixou bem claro a missão pela qual estive perseguindo por todos esses anos, e comecei então a ministrar reuniões novamente.

Um outro efeito não noticiado do aquecimento global é o que causa mais precipitação, mas se apresenta em tempestades maiores.

Pois a evaporação dos oceanos manda toda a umidade pra cima, e quando há mais condições de tormenta, mais água cai.

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A indústria de seguros percebeu isso.

Seus pagamentos por danos estão subindo.

Veem o estrago desses severos eventos climáticos?

Isto porque 2005 não aparece aqui, ainda.

Quando aparecer, sairá do gráfico.

A Europa teve um ano muito parecido com o que tivemos onde dizem que a natureza enlouqueceu.

Todo tipo de catástrofe incomum, como uma caminhada pelo livro do Apocalipse.

Inundações na Ásia.

Mumbai, na Índia, em Julho passado.

93 cm de chuva em 24 horas.

De longe, a maior precipitação que qualquer cidade indiana já recebeu.

Muitas inundações na China também.

O aquecimento global, paradoxalmente causa não só mais inundações, mas também mais seca.

Essa província vizinha teve uma seca severa ao mesmo tempo que essas áreas inundaram.

Uma das razões para isso é o fato de que o aquecimento global não só aumenta a precipitação mundial, mas também a realoca.

E concentra quase tudo nessa parte da África bem no eixo do Saara.

Inacreditáveis tragédias têm ocorrido lá, e por muitas razões.

Mas Darfur e Níger estão entre essas tragédias.

E um dos fatores agravantes é a falta de chuva e a crescente seca.

Esse é o Lago Chad, um dos maiores lagos do mundo.

Ele tem secado nas últimas décadas deixando quase nada, vastamente complicando os outros problemas que enfrentam.

A segunda razão, porque isso é um paradoxo.

O aquecimento global cria mais vapor dos oceanos para formar nuvens, mas suga a umidade do solo.

A evaporação do solo cresce dramaticamente com altas temperaturas.

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E isso teve consequências pra nós aqui nos Estados Unidos.

Então essa é a saída de Carthage.

Quando eu tinha 14 anos, bati com o carro da família bem aqui.

Saí dali e voltei.

Estão vendo esse touro Angus-negro?

Criávamos Angus-negros.

Meu pai foi nomeado "Criador do mês".

Ele cresceu numa fazenda.

Durante toda a sua carreira no Senado ele continuou vindo aqui criar gado.

Aprender com o seu pai, em terra, é realmente algo especial.

Minha infância foi um pouco diferente pelo fato de que eu passava oito meses por ano em Washington num pequeno apartamento de hotel.

E os outros quatro meses eram passados nessa grande e linda fazenda.

Tive um cachorro aqui.

Tive um pônei aqui.

Eu podia atirar com meu rifle aqui.

Eu podia nadar no rio aqui.

Sair e me deitar na grama.

Como criança, me levou um tempo para aprender a diferença entre diversão e trabalho.

Os lugares onde as pessoas vivem foram escolhidos em razão dos padrões do clima que têm sido constantes na Terra desde o fim da última era glacial há 11 mil anos.

Aqui, nessa fazenda, os padrões estão mudando.

E parece gradual num curso da vida humana, mas em um curso de tempo, definido por este rio, está acontecendo muito, muito rapidamente.

Dois canários numa mina de carvão.

O primeiro está no Ártico.

Esse, é claro, é o Oceano Ártico, do gelo flutuante.

Groenlândia, a seu lado aqui.

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Eu disse canário na mina de carvão porque o Ártico é uma das regiões do mundo que sofre impactos mais rápidos do aquecimento global.

Essa é a maior capa de gelo do Ártico.

Se partiu ao meio há três anos.

Os cientistas estavam espantados.

Essas são chamadas de "árvores embriagadas" pois vão para os lados.

Isso não é causado pelo vento nem pelo consumo de álcool.

Essas árvores têm raízes no permafrost (chão permanentemente gelado) e o permafrost está descongelando.

E então vão para os lados agora.

Esse prédio foi construído sobre um permafrost e veio abaixo ao derreter do permafrost.

A casa dessa mulher teve que ser abandonada.

Esse encanamento está sofrendo grandes danos estruturais.

A propósito, o óleo que querem produzir nessa área protegida no norte do Alaska, que eu espero que não seja, eles dependem de caminhões para sair e entrar lá.

E os caminhões trafegam sobre o chão congelado.

Isso mostra o número de dias que a Tundra no Alaska pode aguentar os caminhões.

Há 35 anos, 225 dias por ano.

Agora menos que 75 dias por ano porque a primavera começa antes e o outono termina depois e as temperaturas seguem subindo.

Eu fui ao Polo Norte.

Passei embaixo daquela cobertura de gelo em um submarino nuclear que emergiu através do gelo assim.

Desde 1957, os submarinos têm patrulhado por debaixo do gelo e medido com seus radares apontando até em cima pois só podem emergir em áreas de um metro ou menos.

Então eles vêm mantendo um registro meticuloso só que não podem divulgar por se tratar de segurança nacional.

Fui lá com a intenção de convencê-los a divulgar, e acabaram fazendo.

E aqui está o que o registro mostra.

Começando em 1970, houve uma queda na precipitação de quantidade e extensão da cobertura do gelo ártico.

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Isso foi diminuído por 40% em 40 anos, E existem agora dois estudos mostrando que daqui a 50 a 70 anos, durante o verão deixará de existir.

Irão dizer: "Por que isso é um problema?" E: "Como pode uma cobertura polar derreter tão rápido?" Quando os raios do sol atingem o gelo, mais de 90% rebate de volta pro espaço como um espelho.

Mas quando pega o mar aberto, mais de 90% é absorvido.

E então, conforme a água esquenta, acelera o derretimento do gelo.

Nesse momento, a cobertura do gelo ártico atua como um espelho gigante.

Todos os raios do sol rebatem, mais de 90%.

Mantém a Terra mais fria.

Mas conforme vai derretendo e o mar aberto recebe essa energia do sol, mais de 90% é absorvido.

Então aqui ocorre um maior acúmulo de calor, no Polo Norte, no Oceano Ártico, e no Ártico mais do que qualquer outro lugar no planeta.

Isso não é bom pra animais como ursos polares que dependem do gelo.

Um novo estudo científico mostra que pela primeira vez estão encontrando ursos polares que se afogaram nadando distâncias de até 100 km, tentando encontrar o gelo.

E antes não haviam encontrado isso.

Mas o que isso significa pra nós?

Ver um vasto espaço de mar aberto acima do mundo que antes era coberto de gelo?

Devemos nos importar muito porque têm efeitos planetários.

O clima da Terra é como um grande motor de redistribuição de calor do equador aos polos.

E o faz através de correntes marinhas e correntes do ar.

Os cientistas nos dizem que o clima da Terra não é um sistema linear.

É um modo complicado de dizer que nem todas as mudanças são graduais.

Algumas vêm repentinamente, em grandes saltos.

Numa base mundial, a temperatura média anual é de 14 graus Celsius.

Se tivermos um aumento de cinco graus, que é a menor mudança projetada, vejam como isso se traduz globalmente.

Significa um aumento de somente um grau no equador, mas de mais de doze graus no polo.

Page 19: Uma Verdade Inconveniente

E todos aqueles padrões de correntes de ar e marinhas que se formaram desde a última era glacial e relativamente estáveis, sobem no ar e mudam.

E a mudança que os têm deixados preocupados, onde passaram muito tempo estudando o problema, está no Atlântico Norte aonde a corrente do Golfo chega e encontra o vento frio vindos do Ártico pela Groenlândia.

E evapora tanto que o calor sai do Golfo e o vapor é levado para a Europa Oriental pelos ventos e pela rotação terrestre.

Mas não é interessante que o sistema de todo o oceano esteja conectado a esse ciclo?

Eles chamam isso de Transportador Oceânico.

E as vermelhas são correntes quentes da superfície.

A corrente do golfo é a mais conhecida.

Mas a azul representa as correntes frias correndo em direção oposta, e não as vemos porque se movem pelo fundo do mar.

De volta ao Atlântico Norte, depois que o calor é extraído, o que resta é água mais fria e mais salgada pois o sal não vai a lugar algum.

E isso a torna mais densa e pesada.

E então essa água fria, densa e pesada afunda a uma velocidade de cinco bilhões de galões por segundo.

E isso puxa a corrente de volta pro sul.

Ao final da última era glacial, quando a última geleira estava se retirando da América do Norte, quando a última geleira estava se retirando da América do Norte, o gelo se derreteu e uma gigante piscina de água fresca se formou na América do Norte.

E os grandes lagos são os restos dos enormes lagos.

Uma represa se formou na borda leste, se quebrando no dia seguinte.

E toda essa água fresca saiu com força, abrindo o Rio Saint Lawrence aqui, e diluiu a água salina, densa e fria, a tornou mais fresca e mais leve, e então parou de afundar.

E essa bomba desligou.

E a transferência de calor parou.

A Europa voltou a ter uma Era Glacial por mais mil anos.

E as mudanças nas condições como as que enfrentamos hoje para uma Era Glacial tomou lugar em questão de anos.

Esse é um salto súbito.

Page 20: Uma Verdade Inconveniente

Agora, é claro que isso não acontecerá novamente pois as geleiras da América do Norte não estão lá, e há algum outro significativo bloco de gelo perto dali?

Oh, sim.

Voltaremos a esse.

É extremamente frustrante pra eu comunicar de novo e de novo, não importa o quão claro seja.

E ainda somos, de longe, os piores contribuintes para o problema.

Eu vejo em volta e procuro por sinais significativos que estejamos dispostos a mudar.

Não os vejo nesse momento.

Cientistas dizem que um dos fatores da poluição do ar é o óxido de nitrogênio presente nas plantas em decomposição.

Isso é o que causa a neblina que deu o nome às Smoky Mountains.

Muito obrigado.

OK!

Esse cara é tão radical quanto ao meio ambiente que teremos corujas até o pescoço e nenhum americano terá trabalho.

Esse cara está louco.

Mesmo se estivéssemos causando o aquecimento global, e não estamos, esse pode ser o maior engano já perpetuado contra o povo americano.

Estamos lidando com algo que é altamente emocional.

Se um problema não está na ponta da língua dos constituintes, é fácil pra eles ignorá-lo.

Dizer: "Bem, lidaremos com isso amanhã." Então o mesmo fenômeno que está mudando todos esses padrões também está afetando as estações.

Eis aqui um estudo da Holanda.

A data limite de chegada para aves migratórias 25 anos atrás era 25 de abril, sendo que os filhotes nasciam em 3 de junho.

Bem na época em que as larvas estavam saindo.

Plano da natureza.

Mas 20 anos de calor depois, as larvas saíam duas semanas antes, e os filhotes tentaram alcançá-las, mas não podiam.

E então, estavam em apuros.

Page 21: Uma Verdade Inconveniente

E existem milhões de razões ecológicas afetadas pelo aquecimento global dessa maneira.

Esse é o número de dias com geada no sul da Suíça durante os últimos cem anos.

Tem baixado rapidamente.

Mas agora olhem isso.

Esse é o número de espécies exóticas invasivas que tem chegado para preencher esses buracos ecológicos que estão se abrindo.

Isso vem acontecendo nos Estados Unidos também.

Conhecem o problema do besouro dos pinheiros?

Esses besouros costumam ser mortos por rigorosos invernos, mas como está havendo menos dias de geadas, os pinheiros estão sendo devastados.

Isso é parte de 5 milhões e meio de hectares de abetos no Alasca que foram mortos por besouros.

Exatamente o mesmo fenômeno.

Há cidades que foram fundadas por estarem acima dos mosquitos.

Nairóbi é uma, Harare é outra.

Existem muitas outras.

Agora, os mosquitos, devido ao calor, estão subindo para maiores altitudes.

Há muitos vestígios de doenças infecciosas que nos preocupam pois seu alcance se expande.

Não apenas mosquitos, mas todas essas outras também.

E tivemos trinta novas doenças que emergiram no último quarto de século.

E muitas delas, como o SARS, têm causado enormes problemas.

As formas resistentes de tuberculose.

E houve a volta de algumas que estavam sob controle.

A gripe aviária, claro, um problema bastante sério, como sabem.

O vírus do oeste do Nilo.

Chegou a costa oriental de Maryland em 1999.

Dois anos depois, havia cruzado o Mississipi.

E outros dois anos depois, se espalhou por todo o continente.

Esses são sinais muito problemáticos.

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Recifes de coral por todo o mundo, em razão do aquecimento global e outros fatores, estão clareando e acabam assim.

E todas as espécies de peixes que dependem desses corais também correm perigo, como resultado.

De uma forma geral, a perda nas espécies está ocorrendo num número mil vezes maior do que o ritmo histórico.

Isso me leva ao segundo canário da mina de carvão.

Antártida.

De longe a maior massa de gelo do planeta.

Um amigo meu disse em 1978: "Se você vir o desprendimento de gelo ao longo da península Antártica, cuidado, pois pode ser uma campainha de alarme para o aquecimento global."

E na verdade, se você vir a península de perto, cada lugar onde você vê uma dessas manchas verdes aqui é uma capa de gelo maior que o Estado de Rhode Island que se rompeu nos últimos 15 a 20 anos.

Quero me concentrar em uma delas.

É chamada Larsen B.

Quero que olhem essas piscinas negras aqui.

Parece que estamos vendo através do gelo para o fundo do oceano.

Mas é uma ilusão.

Isso é água derretida que forma essas piscinas, e se você estivesse sobrevoando de helicóptero, veria que tem 210 metros de altura.

São majestosas, muito massivas.

À distância estão as montanhas e bem depois das montanhas está a plataforma continental.

Isso é gelo flutuante, e há gelo terrestre na encosta dessas montanhas.

Daqui até as montanhas tem de 30 a 35 quilômetros.

Pensaram que estabilizaria por pelo menos cem anos, mesmo com o aquecimento global.

Os cientistas que estudam essas capas de gelo ficaram absolutamente boquiabertos quando olharam essas imagens.

Começando em 31 de janeiro de 2002 em um período de 35 dias essa capa de gelo desapareceu completamente.

Eles não tinham ideia de como aquilo pôde acontecer tão rápido.

Page 23: Uma Verdade Inconveniente

E voltaram atrás pra tentar descobrir onde erraram.

Foi quando se concentraram nas piscinas de água derretida.

Mas antes de descobrirem o que havia acontecido lá, outra coisa começou a dar errado.

Quando o gelo flutuante se rompeu, não deteve o gelo terrestre, e o gelo terrestre começou a cair no oceano.

Foi como tirar a rolha de um copo.

E há uma diferença entre gelo flutuante e gelo terrestre.

É como a diferença entre um cubo de gelo flutuando e um copo d'água, que quando derrete não aumenta o nível de água no copo.

...e um cubo sobre os outros que derrete e derrama fora do eixo.

Por isso os moradores dessas nações do Pacífico tiveram que ser evacuados para a Nova Zelândia.

Mas quero me concentrar na Antártida Ocidental pois ilustra dois fatores sobre o gelo baseado em terra e mar.

É um pouco de ambos.

É sustentado por ilhas, mas o oceano passa por baixo.

Então quando o oceano esquenta, tem um impacto nisso.

Se isso desaparecesse, o nível da água mundial poderia subir em até seis metros.

Eles têm medido mudanças perturbadoras no lado inferior do gelo.

É considerado relativamente mais estável, a menos que outro corpo de gelo seja do mesmo tamanho.

A Groenlândia também ocasionaria o aumento do nível em seis metros caso desaparecesse.

Um amigo meu me trouxe algumas imagens sobre o que está acontecendo na Groenlândia nesse momento.

Mudanças dramáticas.

Esses são o mesmo tipo de piscinas que se formaram aqui, nesse gelo da Antártida.

E os cientistas achavam que quando a água escorresse no gelo, voltaria a congelar.

Mas descobriram que segue em frente.

Forma um túnel até o fundo e faz o gelo parecer Queijo Suíço, como térmites.

Page 24: Uma Verdade Inconveniente

Isso mostra o que acontece com as fissuras, e quando os lagos se formam, criam os chamados "moulins".

A água chega até o fundo e lubrifica onde o gelo encontra a terra.

Vejam essas pessoas aqui por escala.

Isso não é a costa da Groenlândia, é a metade do gelo.

É uma torrente gigante de água fresca formando um túnel pra baixo em direção às rochas.

Sempre tem havido um derretimento devido às estações se formando "moulins" no passado, mas não como agora.

Em 1992, mediram essa quantidade de derretimento na Groenlândia.

Dez anos depois, foi isso que aconteceu.

E aqui o derretimento de 2005.

O ministro científico de Tony Blair havia dito que em razão do que está ocorrendo na Groenlândia atualmente, os mapas-múndi teriam que ser refeitos.

Se a Groenlândia se separa e derrete, ou a metade da Groenlândia e metade da Antártida Ocidental isso é o que aconteceria com o nível do mar na Flórida.

Isso é o que aconteceria com a baía de São Francisco.

Muitas pessoas moram nessas regiões.

Holanda, um dos Países Baixos.

Absolutamente devastador.

A zona de Beijing onde vivem dez milhões de pessoas.

Ainda pior, aos arredores de Xangai, com 40 milhões de pessoas.

Pior ainda, Calcutá e ao leste Bangladesh, cuja área coberta abriga 60 milhões de pessoas.

Pensem no impacto de 200 mil refugiados desalojados por um evento ambiental.

E daí imaginem o impacto sobre 100 milhões de pessoas ou mais.

Aqui é Manhattan.

Esse é o Memorial ao World Trade Center.

E após os horríveis atentados do 11 de setembro, dissemos: "nunca mais".

Mas isso é o que poderia acontecer com Manhattan.

Page 25: Uma Verdade Inconveniente

Podem medir isso com precisão, assim como os cientistas podem prever precisamente o quanto de água poderia invadir as represas de Nova Orleans.

A área onde ficará o Memorial do World Trade Center estaria sobre a água.

Será possível que devemos nos preparar contra outras ameaças além de terroristas?

Talvez devêssemos nos preocupar com outros problemas também.

1,3 bilhões de pessoas.

Uma economia que está surgindo.

Mais e mais necessidades energéticas.

Enormes reservas de carvão.

A região rica em carvão no norte da China, - Mongólia central.

- Certo.

E essa é a província de Shaanxi que tem a maior mina de carvão aqui.

Aqui acima.

Agora, é uma mina de poço aberto?

Sim.

Cada vez que visito a China, aprendo bastante de seus cientistas.

Os mais avançados.

Dê-me uma ideia sobre os números de plantas elétricas de carvão.

Bem, tenho a dizer que o número é enorme pois é muito lucrativo.

Esse problema é o mesmo para a China que para os Estados Unidos.

Ambos estamos usando tecnologias sujas e poluídas.

Os desastres relacionados com inundações e secas estão subindo, e o aquecimento global está implicado no padrão.

E se puder sugerir a todos aqui sobre, o que podemos fazer pela situação de agora.

Separar a verdade da ficção e as conexões precisas dos mal-entendidos é parte do que você aprende aqui.

Mas quando as advertências são precisas e baseadas na ciência, então nós como seres humanos, independente do país em que vivemos, temos que dar um jeito de nos assegurarmos de que os alertas sejam ouvidos e respondidos.

Page 26: Uma Verdade Inconveniente

Custa-nos trabalho desprendermo-nos dos padrões familiares que temos confiado no passado.

Ambos encaramos consequências completamente inaceitáveis.

Estamos testemunhando uma colisão entre nossa civilização e a Terra.

E há três fatores que estão causando essa colisão.

O primeiro é a população.

Quando minha geração, a geração "Boom do nascimento" nasceu logo após a Segunda Guerra Mundial, a população havia cruzado a marca de dois bilhões.

Agora, nos meus cinquenta, já quase alcança os seis bilhões e meio.

E se eu alcançasse a expectativa demográfica dos "Booms do nascimento", passaria dos nove bilhões.

Se foram necessárias dez mil gerações para alcançar dois bilhões, e então, em uma vida, a nossa passa de dois bilhões para nove bilhões, algo profundamente diferente está acontecendo agora.

Estamos pondo mais pressão sobre a Terra.

A maioria sucede de nações mais pobres.

Assim pressiona a demanda por comida.

Pressiona a demanda por água.

Pressiona os vulneráveis recursos naturais, e essa pressão é uma das razões do porquê termos visto toda essa devastação nas florestas.

Não apenas as tropicais, mas em qualquer lugar.

É um problema político.

Essa é a fronteira entre o Haiti e a República Dominicana.

Uma série de políticas aqui, outra série de políticas aqui.

Não se deve apenas ao desmatamento, mas também às queimadas.

Quase 30% do CO2 que vai todo ano pra atmosfera são de queimadas nas florestas.

Essa é uma imagem noturna da Terra em um período de 6 meses mostrando as luzes das cidades em branco e as queimadas e incêndios em vermelho.

As zonas amarelas são queima de gases, como essas na Sibéria.

Isso me leva ao segundo fator que têm transformado nossa relação com a Terra.

Page 27: Uma Verdade Inconveniente

A revolução científica e tecnológica é uma grande benção que vem nos trazendo tremendos benefícios em áreas como medicina e comunicações.

Mas esse novo poder que temos também nos traz uma responsabilidade de pensarmos nas consequências.

Temos aqui uma fórmula pra pensar.

Antigos hábitos e antigas tecnologias têm consequências previstas.

Antigos hábitos, difíceis de mudar, mas nova tecnologia pode ter consequências dramaticamente alteradas.

Guerra com lanças, arcos e flechas e rifles e metralhadoras, é uma coisa.

Mas uma tecnologia nova surgiu.

Temos que pensar diferentemente sobre a guerra pois as novas tecnologias transformam tanto as consequências desse velho hábito que não podemos continuar com esses padrões do passado.

Do mesmo modo, temos sempre explorado a Terra pra sustento.

Durante a maioria de nossa existência temos usado ferramentas relativamente simples.

O arado, o trator.

Mas mesmo ferramentas como a pá são diferentes agora.

Uma pá antes era assim.

As pás têm ficado maiores.

E a cada ano, mais poderosas.

Nossa habilidade de criar um efeito sobre a superfície terrestre se transformou totalmente.

Pode-se dizer o mesmo sobre irrigação, que é uma grande coisa.

Mas quando desviamos rios sem considerar as consequências eles às vezes não chegam no mar.

Havia dois rios na Ásia Central que eram usados pela extinta União Soviética imprudentemente para regar campos de algodão.

O Mar Araal era alimentado por eles.

Era o quarto maior mar interior do mundo.

Quando estive lá, tive essa visão estranha de uma enorme flora pesqueira descansando na areia.

Esse é o canal que a indústria pesqueira tentou construir para chegar a costa que se extinguia.

Page 28: Uma Verdade Inconveniente

Cometer erros em nossos acordos com a natureza pode ter consequências maiores agora pois nossas tecnologias são ainda maiores que a escala humana.

Quando você põe tudo junto, nos torna uma força da natureza.

E isso é também um problema político.

Esse é um mapa computadorizado do mundo, distorcido para mostrar as relativas contribuições para o aquecimento global.

Em nosso país, somos responsáveis por mais que toda a América do Sul, toda a África, todo o Oriente Médio, toda a Ásia, todos combinados.

O índice per capita na África, Índia, China, Japão, Europa, Rússia.

Aqui estamos nós.

Bem, bem acima dos outros.

Se considerar a população na conta, é um pouco diferente.

A China tem um papel maior, Europa também.

Mas continuamos sendo os maiores contribuintes.

Assim que devemos examinar nossa maneira de pensar, pois nosso modo de pensar é o terceiro e último fator que muda nossa relação com a Terra.

Se um sapo salta num recipiente de água fervente, ele salta pra fora logo em seguida pois sente o perigo.

Mas o mesmo sapo, se saltar num recipiente de água morna, que está fervendo aos poucos, ele senta lá e não se mexe.

Ficará sentado, mesmo se a temperatura continuar subindo.

Ficará lá, até ser resgatado.

É importante resgatar o sapo.

Mas esse é o ponto.

Nosso sistema nervoso é como o sistema nervoso do sapo.

Precisamos de um empurrão antes de perceber o perigo.

Se parecer gradual, mesmo acontecendo rapidamente, somos capazes de ficarmos sentados lá e não responder.

E não reagir.

Não me lembro de nenhuma vez quando eu era criança em que o verão não significava trabalhar com tabaco.

Page 29: Uma Verdade Inconveniente

Era simplesmente eu adorava.

Nesse período quando eu trabalhava com os caras na fazenda, eu me divertia muito.

A partir de 1964, com a notícia do Cirurgião Geral, ficou clara a evidência da conexão entre fumar cigarro e o câncer pulmonar.

Continuamos produzindo tabaco.

Nancy era quase dez anos mais velha que eu, e éramos só nós dois.

Ela era minha protetora e minha amiga ao mesmo tempo.

Ela começou a fumar quando era adolescente e nunca parou.

Morreu de câncer pulmonar.

É uma das piores maneiras de morrer.

A ideia de que havíamos sido parte desse padrão econômico de produção de cigarros, que produziram o câncer, foi muito dolorosa em todos os níveis.

Meu pai, que cultivou tabaco por toda a vida, parou.

Todas as explicações que pareciam fazer sentido no passado, já não faziam mais.

Ele parou.

É só a natureza humana tentando conectar os pontos.

Sei disso.

Mas também sei que há um dia de pagar contas em que você queria ter conectado os pontos mais rapidamente.

Há três conceitos equivocados que confundem nosso pensamento.

Primeiro, não há um desacordo entre os cientistas sobre se o problema é real?

Na verdade, não mesmo.

Foi feito um estudo de cada artigo científico em publicações científicas escritas sobre aquecimento global em dez anos.

E pegaram uma amostra grande de 10%, ou 928 artigos.

E sabem quantos discordaram com o consenso científico de que estamos causando o aquecimento global e que é um problema sério?

Dos 928, zero.

O conceito errado de que há discordância entre a ciência foi deliberadamente criado por um pequeno grupo de pessoas.

Page 30: Uma Verdade Inconveniente

Um de seus memorandos internos vazou.

E dizia o seguinte, de acordo com a imprensa.

O objetivo era reclassificar o aquecimento global como teoria ao invés de fato.

Isso já aconteceu antes.

MAIS DOUTORES FUMAM CAMELS

Depois da notícia dada pelo Cirurgião Geral.

Um de seus memorandos vazou há 40 anos atrás.

Dizia o seguinte: "Dúvida é nosso produto, desde que seja a melhor maneira de criar controvérsia na mente pública." Mas eles tiveram sucesso?

Lembrem que há 928 artigos revistos cientificamente.

Zero por cento não concordou com o consenso.

Houve outro estudo de todos os artigos na imprensa popular.

Durante os últimos 14 anos, olharam uma amostra de 636.

Mais da metade deles dizia, "Bem, não estamos certos. Poderia ser um problema, ou não".

Com toda a razão as pessoas estão confusas.

AJUDANTE DE BUSH EDITA PREVISÃO DO TEMPO

O que descobriu?

Trabalhando pra quem?

Chefe de Estado?

É o escritório de meio ambiente da Casa Branca.

Instituto Americano de Petróleo.

É justo dizer que é o grupo que apoia os interesses petrolíferos?

É justo?

Totalmente justo.

Investigue um pouco mais e verifique quem são os clientes.

Então ele defendia a Exxon Valdez.

Sim, muito.

Obrigado.

Page 31: Uma Verdade Inconveniente

Cientistas têm uma obrigação independente de respeitar e presentear a verdade que veem.

Por que se contradiz diretamente no testemunho que está dando sobre essa questão científica?

O último parágrafo dessa seção não foi um parágrafo que escrevi.

Foi adicionado ao meu testemunho.

Se eles te forçam a mudar uma conclusão científica, é uma forma da ciência fraudá-los.

Na União Soviética, ordenando cientistas a mudarem seus estudos para concordar com a ideologia aceitável para o Estado.

Eu já vi cientistas que foram perseguidos, ridicularizados, privados do trabalho, do salário, simplesmente porque os fatos que descobriram os levaram a uma verdade inconveniente que eles insistiam em contar.

Ele trabalhava para o Instituto Americano do Petróleo.

E em janeiro de 2001, o presidente o encarregou de cuidar das políticas do meio ambiente.

Recebeu um memorando da Agência de Proteção ao Meio Ambiente que o avisou sobre o aquecimento global e ele editou.

Não tinha nenhum treinamento científico, mas se encarregou de invalidar os cientistas.

Eu disse: "Quero ver a letra do cara".

Esse é o memorando da EPA.

Essas são as ameaças por caneta.

Ele diz: "Não, não podem dizer isso. É mera especulação."

Isso foi vergonhoso para a Casa Branca, então esse camarada renunciou poucos dias depois.

E um dia após renunciar ele foi trabalhar para Exxon Mobil.

Sabem, há mais de cem anos, Upton Sinclair escreveu isso: "É difícil fazer um homem entender algo se seu salário depender de seu não entendimento." O segundo conceito equivocado.

Temos que escolher entre a economia e o meio ambiente?

Esse é importante.

Muitas pessoas dizem que sim.

Eu estava tentando convencer o governo anterior, o primeiro governo de Bush, de comparecer à Assembleia da Terra.

E eles organizaram uma conferência na Casa Branca para dizer: "Oh! estamos cientes disso."

Page 32: Uma Verdade Inconveniente

E um desses gráficos me chamou a atenção.

Quero falar dele por um minuto.

Essa é a decisão que devemos tomar de acordo com esse grupo.

Temos aqui uma escala que pesa duas coisas diferentes.

De um lado, temos barras de ouro.

Não parecem boas?

Eu adoraria ter algumas dessas barras.

No outro lado da escala, todo o planeta.

Penso que seja uma escolha falsa por dois motivos.

Número um, se não tivermos um planeta.

A outra razão é que se fizermos a coisa certa, iremos criar muita riqueza e muito trabalho.

Porque fazer a coisa certa nos leva pra frente.

Eu provavelmente tenha apresentado esses slides umas mil vezes.

Eu diria, pelo menos mil vezes.

De Nashville a Knoxville a Aspen e Sundance.

Los Angeles e São Francisco, Portland, Minneapolis.

Boston, New Haven, Londres, Bruxelas, Estocolmo, Helsinki, Viena, Munique, Itália e Espanha e China, Coréia do Sul, Japão.

Acho que a coisa que me custou mais tempo nessas apresentações foi tentar identificar todas essas coisas na mente das pessoas que servem como obstáculo para entender isso.

E quando sinto que identifiquei um obstáculo, tento analisar, quitar, mover.

Demolir, explodir.

Traço pra mim uma meta.

Comunicar isso claramente.

O único modo que conheço pra fazê-lo é cidade por cidade, pessoa por pessoa, família por família.

Veremos mais tempestades no futuro? Não pode acontecer aqui o que já ocorreu comigo.

Tchau.

Obrigado novamente.

Page 33: Uma Verdade Inconveniente

E tenho fé que muito em breve mentes suficientes irão mudar para cruzar um limite.

Deixem-me dar um exemplo de uma maneira errada de equilibrar a economia e o meio ambiente.

Uma parte desse problema envolve automóveis.

O Japão tem padrões de quilometragens aqui.

A Europa planeja passar o Japão.

Nossos aliados na Austrália e Canadá estão nos deixando pra trás.

Aqui estamos nós.

Agora essa é a razão.

Dizem que não podemos proteger o meio ambiente demais sem ameaçar a economia e sem ameaçar os fabricantes.

Pois os fabricantes chineses poderiam entrar e roubar nossos mercados.

Bem, aqui é onde a China concentra seu padrão de quilometragem agora.

Bem acima de nós.

Não podemos vender nossos carros na China hoje porque não alcançamos seus padrões de proteção ao meio ambiente.

A Califórnia tomou uma iniciativa para venderem carros mais eficientes na Califórnia.

Agora as companhias automobilísticas fizeram uma demanda a Califórnia para prevenir que essa lei entre em vigor porque, como eles dizem, daqui a onze anos isso significaria que a Califórnia teria que vender carros em onze anos tão eficientes quanto os da China hoje.

Claramente uma exigência muito difícil.

E isso está ajudando nossas companhias?

Bem, na verdade, se você vir quem está se dando bem no mundo, são as companhias que constroem carros mais eficientes.

E nossas companhias estão em grandes apuros.

Última ideia equivocada.

Se aceitarmos que esse problema é real, talvez seja tão grande pra se fazer algo a respeito.

E, sabem, há muita gente que vai direto da negação ao desespero sem parar num passo intermediário de fazer algo sobre o problema.

E é com isso que quero terminar.

Page 34: Uma Verdade Inconveniente

O fato é que já sabemos tudo o que precisamos saber para endereçar esse problema.

Temos que fazer muitas coisas, não só uma.

Se usarmos aparelhagem elétrica mais eficiente, podemos quitar esse tanto da poluição global pois senão acabaria com a atmosfera.

Se usarmos outros produtos eficientes, esse tanto.

Se tivermos carros com mais quilometragens, esse tanto.

E todos eles começam a somar.

Outro transporte eficiente, tecnologia renovável, Captura e separação do carbono.

Uma grande solução que ainda ouvirão muito a respeito.

Eles todos somados, e muito em breve estaremos abaixo das emissões de 1970.

Temos tudo o que precisamos, exceto talvez vontade política.

Mas sabem do quê?

Nos EUA, vontade política é um renovado recurso.

Temos habilidade para fazer isso.

Cada um de nós é a causa do aquecimento global, mas cada um de nós pode fazer escolhas para mudar isso.

Com as coisas que compramos, a eletricidade que usamos, os carros que dirigimos.

Podemos fazer escolhas pra trazer nossas emissões de carbono a zero.

As soluções estão nas nossas mãos.

Temos que ter determinação pra fazê-las acontecer.

Vamos ficar pra trás enquanto o resto do mundo segue na frente?

Todas essas nações ratificaram o Tratado de Kyoto.

Existem apenas duas nações desenvolvidas no mundo que não ratificaram Kyoto, e somos uma delas.

A outra é a Austrália.

Com sorte, importantes estados tomarão a iniciativa.

Os nove estados do nordeste se aliaram na redução do CO2.

A Califórnia e Oregon estão tomando a iniciativa.

A Pensilvânia está exercendo liderança na energia solar.

Page 35: Uma Verdade Inconveniente

E as cidades norte-americanas estão aceitando o pleito.

Uma após a outra, temos visto todas essas cidades prometerem combater o aquecimento global.

E os outros americanos?

Ultimamente a questão tem se reduzido a isso.

Como americanos somos capazes de fazermos grandes coisas mesmo elas sendo difíceis?

Como americanos, somos capazes, de crescermos em cima de nós mesmos e da história?

Bem, os registros indicam que temos essa capacidade.

Formamos uma nação, fizemos uma revolução e trouxemos algo novo para essa Terra, uma nação livre garantindo liberdade individual.

EUA tomou uma decisão moral.

A escravidão estava errada, e não podíamos ser metade livres e metade escravos.

Nós, como americanos, decidimos que as mulheres tivessem o direito de votar.

Derrotamos o totalitarismo e vencemos a guerra no Pacífico e no Atlântico simultaneamente.

Desagregamos nossas escolas.

E curamos doenças terríveis como a poliomielites.

Aterrissamos na lua!

O melhor exemplo do que é possível quando nos esforçamos.

Trabalhamos juntos de forma bipartidária para derrubar o comunismo.

Já resolvemos uma crise global antes, o buraco na camada de ozônio.

Diziam que era impossível resolver isso pois se tratava de um desafio no meio ambiente global exigindo cooperação de cada nação mundial.

Mas nós enfrentamos.

E os Estados Unidos tomaram a ponta e eliminou as substâncias responsáveis pelo problema.

Então agora temos que usar nosso processo político em nossa democracia, e decidirmos atuar juntos na resolução desses problemas.

Mas precisamos de uma perspectiva diferente para esse.

É diferente de qualquer problema que já enfrentamos antes.

Lembram daquele filme caseiro da Terra girando no espaço?

Page 36: Uma Verdade Inconveniente

Uma dessas espaçonaves continua rodando pelo universo, e quando estava a seis bilhões de quilômetros no espaço, Carl Sagan disse: "Vamos tirar outra foto da Terra".

Veem esse ponto azul pálido?

Somos nós.

Tudo o que já aconteceu em toda a história humana ocorreu nesse pontinho.

Todos os triunfos e todas as tragédias.

Todas as guerras, toda a fome.

Todos os avanços importantes.

É nosso próprio lar.

E é isso que está em jogo.

Nossa habilidade pra viver no planeta Terra, pra ter um futuro como civilização.

Acredito que seja um problema moral.

É a vez de vocês encararem esse problema.

É nossa vez de crescermos novamente, assegurarmos nosso futuro.

Não é nada fora do comum o que estou fazendo com isso.

O fora do comum foi que tive o privilégio de ter mostrado enquanto jovem.

Senhoras e senhores, o senhor Al Gore!

Foi quase como se uma janela abrisse através da qual o futuro fosse claramente visível.

"Vê isso?", disse, "Vê isso?" "Esse é o futuro no qual você viverá a sua vida".

As futuras gerações deverão se perguntar, "O que nossos pais estavam pensando?" "Por que eles não acordaram quando tiveram a chance?" Temos que ouvir essa questão deles, agora.

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MUDE PRA FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

CHAME SUA CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA E VEJA SE OFERECEM ENERGIA VERDE

SE DISSEREM NÃO, PERGUNTE O PORQUÊ.

VOTE EM LÍDERES QUE PROMETEM RESOLVER ESSA CRISE.

ESCREVA AO CONGRESSO SE NÃO TE OUVIREM,

CONCORRA AO CONGRESSO

PLANTE ÁRVORES, MUITAS ÁRVORES.

FALE EM SUA COMUNIDADE

CHAME PROGRAMAS DE RÁDIO E ESCREVA PRA JORNAIS

INSISTA PRA QUE OS EUA CONGELE AS EMISSÕES DE CO2 E UNA-SE AOS ESFORÇOS GLOBAIS PARA DETER O AQUECIMENTO GLOBAL

REDUZA NOSSA DEPENDÊNCIA SOBRE O PETRÓLEO ESTRANGEIRO

AJUDE OS FAZENDEIROS A CULTIVAREM ÁLCOOL

ELEVE OS PADRÕES DE QUILOMETRAGEM

EXIJA MENORES EMISSÕES DOS AUTOMÓVEIS

SE ACREDITA EM ORAÇÃO, REZE PARA QUE AS PESSOAS ENCONTREM A FORÇA DA MUDANÇA.

NAS PALAVRAS DE UM ANTIGO PROVÉRBIO AFRICANO, QUANDO VOCÊ REZA, SEUS PÉS MEXEM.

ENCORAGE TODOS QUE CONHECE A VER ESSE FILME.

APRENDA TUDO O QUE PUDER SOBRE A CRISE DO CLIMA.

E ENTÃO PONHA O SEU CONHECIMENTO EM AÇÃO.