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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A GESTÃO ESCOLAR Por: Fernanda dos Santos Arruda Orientador: Fabiane Muniz Rio de Janeiro Março/2003

UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A GESTÃO ESCOLAR DOS SANTOS ARRUDA.pdf · estimula a participação de toda a comunidade escolar na tomada de decisões e a Liderança Laissez-Faire, onde

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

PROJETO A VEZ DO MESTRE

UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A GESTÃO ESCOLAR

Por: Fernanda dos Santos Arruda

Orientador: Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

Março/2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

PROJETO A VEZ DO MESTRE

UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A GESTÃO ESCOLAR

Trabalho monográfico de conclusão

do curso de pós-graduação lato-sensu,

apresentado à Universidade Cândido

Mendes, como requisito parcial para

obtenção do título Especialista em

Supervisão Escolar

Rio de Janeiro

Março/2003

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Agradeço à prof.ª Fabiane Muniz –

minha orientadora pela motivação,

estímulo e competência.

Aos meus pais, pelo estímulo e

apoio durante o curso.

Aos meus colegas de turma pela

ajuda, confiança e apoio.

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Dedico aos meus pais Vandir

Conceição de Arruda e Solange

dos Santos Arruda, pelo apoio

que sempre me deram.

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“A gestão democrática é, portanto,

atitude e método. A atitude democrática é

necessária, mas não é suficiente. Precisamos

de métodos democráticos de efetivo exercício

da democracia. Ela também é um

aprendizado, demanda tempo, atenção e

trabalho.”

(Gadotti, p.4)

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RESUMO

O primeiro capítulo mostra que a gestão vem sofrendo transformações

constantemente, como tudo que nos cerca, após o fenômeno da globalização e depende de

vários aspectos.

Gestão participativa, termo considerado como alternativa ao conceito clássico de

administração, maneira de envolver funcionários, alunos e diretores no processo decisório,

onde todos são responsáveis pelo alcance dos objetivos.

Destaca-se três estilos de liderança: a Liderança Autocrática, em que os líderes

decidem sozinhos e exigem obediência de todos, a Liderança Democrática, na qual o gestor

estimula a participação de toda a comunidade escolar na tomada de decisões e a Liderança

Laissez-Faire, onde o líder age como um dos elementos da equipe, que detecta, discute e

soluciona problemas.

No segundo capítulo enfoca-se a importância do trabalho em equipe, mostrando a

necessidade do comprometimento de toda a equipe na resolução de problemas e na

construção de um bom relacionamento entre o gestor e a equipe técnica.

A importância da elaboração de um código de ética profissional também é destacada

neste capítulo. Este deve ser realizado como um processo educativo dentro do grupo e ao

mesmo tempo como um exemplo de cidadania.

A autonomia é um outro fator importante, que exige que o professor se liberte não só

do autoritarismo do gestor, mas do seu próprio autoritarismo, o que depende de um sério

trabalho de crescimento pessoal.

Outro fator importante para um bom trabalho em equipe é a autovalorização. Para

que um profissional seja valorizado dentro de um grupo é importante, em primeiro lugar,

que ele valorize a si próprio, tendo consciência dos próprios defeitos e qualidades,

mostrando-se sempre aberto a mudanças e melhorias.

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E para concluir, destacamos a importância da motivação, que é indispensável nas

relações humanas. É necessário que os funcionários estejam motivados para o bom

desempenho de suas funções.

É muito mais produtiva a motivação consciente, através de diálogo franco e aberto,

logo, é de grande importância que os gestores sejam solucionadores, estimuladores da

equipe e capazes de tomar decisões de forma a favorecer o crescimento dos profissionais e

da escola como um todo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 01

I – GESTÃO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO.................................................................. 03

1.1 – Gestão Participativa.......................................................................................... 04

1.1.1 – O papel do gestor..................................................................................... 06

1.1.2 – Competências de um gestor..................................................................... 08

1.1.3 – Princípios e características da gestão participativa.................................. 08

1.2 – Estilos de liderança........................................................................................... 10

1.2.1 – Liderança autocrática............................................................................... 10

1.2.2 – Liderança democrática............................................................................. 10

1.2.3 – Liderança Laissez Faire........................................................................... 11

II – A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE DE TRABALHO..................................................... 12

2.1 – A ética profissional........................................................................................... 14

2.2 – Autonomia........................................................................................................ 15

2.3 – Autovalorização................................................................................................ 16

2.4 – Motivação......................................................................................................... 17

CONCLUSÃO....................................................................................................................... 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 21

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................................... 22

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como proposta analisar criticamente a postura dos gestores da

área de educação a fim de sensibilizar professores e coordenadores para a necessidade de

qualidade na relação interpessoal entre todos os integrantes da instituição de ensino. O

estudo faz algumas análises bastante abalizadas sobre as formas de gestão da educação neste

momento de globalização e de mudanças nas diversas formas de gestão escolar.

Não nos passa desapercebido o impacto dessas mudanças, parecendo crucial entender

que é absolutamente imprescindível questionar a forma de refuncionalização da escola. No

entanto, não se pode reduzir a importância das escolas nas transformações da realidade. É

necessário enfrentar os problemas reais do cotidiano escolar. A relação entre professores e

gestores é muito difícil. Na verdade, os educadores defrontam-se diariamente com decisões

que precisam ser tomadas, orientações a serem dadas, não podendo contentar-se apenas em

fazer críticas. as escolas vem sofrendo transformações que demandam alterações na prática

pedagógica e em conseqüência, uma melhor qualificação profissional dos docentes. Há

mudanças nos processos de produção, na organização do trabalho e na prática dos

trabalhadores. Essas transformações têm afetado significantemente as relações entre gestores

e professores, desse modo a organização escolar é vista basicamente como um sistema que

agrega pessoas. A visão crítica da escola resulta em diferentes formas de viabilização da

questão democrática.

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No campo da ética, o mundo convive com uma crise de valores, predominando um

relativismo moral; baseado no interesse pessoal, na vantagem, na eficácia, sem referência a

valores humanos, como a dignidade, no sentido do reconhecimento profissional.

Alguns diretores sem nenhum preparo na gestão, não valorizam a equipe de

professores e, pior que isso, não estimulam a participação e o envolvimento dos mesmos nas

atividades escolares. Falta a esses gestores visão abrangente da educação e visão de

administração escolar.

O estilo de liderança é autocrático, sem deixar espaço para a criatividade, a inovação

e o questionamento por parte dos professores.

Este estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica e compreende um estudo

de caso, em uma instituição de ensino fundamental da rede particular, no Rio de Janeiro, no

período de 1998 a 2002.

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I – GESTÃO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

A gestão tem permanentemente “sofrido” várias transformações. É difícil definir ou

apontar causas específicas dessa mudança. Tudo está mudando depois do fenômeno da

globalização. O comportamento individual, a família, as instituições estão sendo muito

questionadas.

Muitas questões estão em discussões, criando uma angústia grande no âmbito da

educação.

A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas

organizações de ensino. Ela depende de vários aspectos como a cultura da organização, a

estrutura existente, as características do contexto ambiental, a tecnologia utilizada, os

processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes.

“A gestão é pois tomada aqui como expressão mais ampla que a administração, que é uma de suas formas.

Consiste na condução dos destinos de um empreendimento, levando-o a alcançar seus objetivos.”

(José Augusto Dias)

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1.1 – Gestão Participativa

Recentemente falava-se apenas em administração escolar, que consiste em planejar,

organizar, comandar, coordenar e controlar. Atualmente é usado o termo gestão, como

alternativa mais adequada ao novo momento.

O termo “Gestão Participativa” é considerado como uma alternativa ao conceito

clássico de administração. a gestão se baseia no estilo de liderança adotado na instituição de

ensino. A integração das atividades combinadas entre si, substituem a divisão de trabalho

que fazia parte do modelo tradicional, devendo ser uma preocupação dos educadores,

diretores e funcionários, ou seja, de todos os recursos humanos da organização. A gestão

participativa é uma maneira significante e importante de envolver funcionários, alunos e

diretores no processo decisório, onde todos são responsáveis pelo alcance dos objetivos e na

tomada de decisões. Todos os membros da escola não só reconhecem, como assumem o

poder de influenciar a cultura escolar.

Essa abordagem participativa requer uma maior participação, aumentando as habilidades e

riqueza de experiências entre os membros da organização escolar.

Segundo LUCK (2000), nos exemplos bem sucedidos de gestão participativa os

diretores dedicam mais tempo à capacidade profissional e às experiências pedagógicas

caracterizadas pela reflexão-ação, tendo como opção as seguintes razões para a gestão

participativa:

• Melhor qualidade pedagógica do processo educacional;

• Garantia do cumprimento do currículo escolar;

• Aumento do profissionalismo dos professores;

• Combate do isolamento físico que consiste entre as áreas da escola;

• Motivar o apoio comunitário às escolas;

• Desenvolver objetivos comuns na comunidade escolar.

Em algumas escolas particulares, o mais comum é a queixa dos professores,

limitando-se somente as suas responsabilidades de sala de aula, como se fizessem parte de

um outro grupo, isto é, isolados. Onde os mesmos reclamam de não poderem participar da

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elaboração do currículo escolar, pois a ordem é dada e cabe a eles concordando ou não a

colocar em prática, mesmo que esta ordem não seja viável, seja absurda e não seja bem

aceita pelas crianças ou pelos pais, não importa, a decisão já foi tomada.

De acordo com KEITH (2000), compete aos gestores criar sempre um ambiente

propício para a participação, não só dos profissionais como dos alunos e de seus pais e com

essa participação cria-se um ambiente estimulador tendo uma visão de conjunto associando

uma ação de cooperativismo, promovendo um clima de confiança, valorizando a capacidade

dos participantes, eliminar divisões e integrar esforços e desenvolver a prática de assumir

responsabilidades em conjunto, pois é fundamental que todos ampliem seus horizontes. Na

gestão participativa, para a organização ter sucesso é importante que os gestores busquem a

experiência dos seus companheiros de trabalho, baseando-se no conceito de autoridade

compartilhada, onde as responsabilidades são assumidas em conjuntos, pois a participação

provoca muita satisfação e aumenta a produtividade.

Quando os funcionários com nível hierárquico mais baixo tem a oportunidade de

compartilhar o poder com seus superiores, isso aumenta sua satisfação e cria um ambiente

de aprendizagem mais eficaz, aprimorando a qualidade de educação. Existem algumas

características da gestão participativa. São elas:

• Compartilhamento de autoridade;

• Delegação de poder;

• Valorização da equipe;

• Canalização de talentos e iniciativa em todos os segmentos da organização;

• Compartilhamento constante e aberto de informações.

A gestão participativa ocorre quando se planeja uma sociedade com justiça social;

quando na instituição todos falam, todos a desejam. Isto nos remete a um pensamento claro

sobre vivermos um momento de transformação da sociedade na direção de um mundo

menos individualista, mais grupal, com mais consciência pessoal e coletiva.

1.1.1 – O papel do gestor

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A direção é uma função típica do profissional que responde por um determinado

setor da escola, tanto na área administrativa quanto pedagógica. Dirigir é uma tarefa com

objetivos e metas estabelecidas. A gestão é pôr em ação, de maneira interligada, todos os

elementos do processo organizacional. O dirigente é o principal responsável pela escola,

tendo uma visão sistêmica da escola, articulando e integrando vários setores. Além de

autoridade, o administrador é um gestor que precisa prevenir e evitar problemas na medida

em que eles surgem. Deve liderar e buscar soluções de acordo com o interesse de todos,

devendo ser sempre acessível e aberto ao diálogo e presente na vida escolar através de ações

e palavras.

As funções do gestor predominam a administração de forma pedagógica, a medida

em que se refere a um projeto educativo. São várias as atribuições do gestor de uma escola,

entre elas estão as seguintes:

• Supervisionar e responder às atividades administrativas e pedagógicas;

• Assegurar todas as condições favoráveis ao ambiente de trabalho;

• Controlar os aspectos dos recursos humanos;

• Criar articulação entre escola e comunidade;

• Formular normas, regulamentos e adotar medidas condizentes com os objetivos e

princípios propostos;

• Garantir a aplicação das diretrizes e funcionamento da instituição;

• Conferir e assinar documentos, encaminhando-os para as devidas providências;

• Supervisionar e orientar a todos os funcionários de sua instituição.

Segundo LUCK (2001), o gestor escolar tem como um de seus principais papéis

trabalhar pacientemente para construir habilidades e desenvolver a experiência de uma

equipe educadora, promovendo instruções necessárias para a tomada de decisões. Construir

confiança, solicitando e ouvindo os pontos de vista de sua equipe. O novo tipo de gestor

encoraja e desenvolvimento da liderança em sala de aula, idéias criativas, experiência e o

entusiasmo com o intuito de motivar e alcançar o ponto máximo de eficiência.

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A pesquisa pretende demonstrar que, para haver eficácia na direção da escola é

necessário que o gestor examine melhor o seu papel. Algumas habilidades são necessárias.

Umas com certeza já estão bem desenvolvidas, outras precisam ser exercitadas.

De acordo com VALERIEN (2000), a gestão escolar é compreendida como a função

que atende aos objetivos da ação administrativa, como o instrumento de realização dos

objetivos educacionais. A forma pela qual é concebido o papel do gestor varia de acordo

com as concepções educacionais, ou seja, variam de um sistema educacional para outro,

estabelecendo um conjunto de objetivos. A nova realidade implica quem sejam evitados

choques de competências. Por um lado, o poder do gestor é proporcional ao do supervisor,

por outro é necessário que tenha conhecimento das leis, instruções e regulamentos, os quais

permite encontrar respostas para algumas questões práticas.

O papel consiste, sobretudo, em fornecer informações, ocupar-se com os problemas

administrativos e tentar resolver as dificuldades inesperadas. O gestor não é apenas uma

autoridade que representa a escola em situações difíceis, é principalmente um administrador

que sabe interpretar algumas aspirações e é capaz de orientar a todos em objetivos

estabelecidos no planejamento escolar, sendo de fundamental importância para que a escola

funcione de forma satisfatória. Um gestor pode também ser um controlador das atividades

escolares, funcionando mais como freio do que como acelerador, pois na prática isso ocorre

de forma negativa e repressora, pois de um modo geral falta simpatia e boa vontade, nunca

colocando em dúvida a capacidade de condução do ensino. O aumento da produtividade

também é um fato que contribui para o papel do gestor de forma inadequada. Um

funcionário não deve receber ordens de vários supervisores, pois cada um deve exercer sua

função sem interferir na do outro. No entanto, não é isso que ocorre. Muitas vezes o gestor

interfere em situações que não há necessidade da sua intervenção. Existem pessoas

responsáveis para tal situação. Cada setor tem seu chefe único e o gestor divide então, com

seus pares, de acordo com a hierarquia e a responsabilidade, estando sempre voltado para o

futuro, abrindo novos caminhos e apontando rumos que torne mais rica a formação das

crianças.

1.1.2 – Competências de um gestor

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Um gestor de escola, para ser considerado competente e atuar de forma eficaz,

precisa desenvolver algumas habilidades, tais como:

• Definir objetivos claros;

• Transmitir confiança e receptividade com relação aos outros;

• Discutir fatos abertamente;

• Solicitar e ouvir atentamente o ponto de vista dos outros;

• Utilizar a gestão participativa para receber ajuda dos outros;

• Competência administrativa e pedagógica;

• Habilidade de organização, planejamento, tomar decisões e resolver problemas

criativamente;

• Habilidade de dar feedback ao trabalho dos outros;

• Habilidade de desenvolver equipes e solucionar problemas.

1.1.3 – Princípios e características da gestão participativa

As instituições de ensino apresentam unidades em seus objetivos sócio-polítcos e

pedagógicos. Qualquer mudança, sendo prejudicial ou não, influencia em sua estrutura e

funcionamento. Em se tratando de um trabalho complexo, a gestão escolar adota alguns

princípios básicos da concepção de gestão participativa:

a) Autonomia, trata-se da razão de ser do projeto pedagógico, quer dizer, é ter o poder de

decisão sobre seus objetivos e a maneira de organizar, podendo traçar seu próprio caminho,

onde estarão envolvidos professores, alunos, funcionários e pais, tornando a escola um

espaço de trabalho coletivo, onde a autonomia precisa ser gerida, implicando uma co-

responsabilidade consciente, partilhada e solidária aos membros da equipe escolar;

b) Relação entre direção e a participação dos membros da equipe escolar. É um

princípio que integra a forma participativa da gestão e a responsabilidade de cada um da

equipe, onde eles irão formular planos ou projetos sob a supervisão do gestor e tomam

decisões através de discussões e a partir daí o gestor coordena, mobiliza, motiva, lidera e

delega responsabilidades, exigindo assim a total participação dos professores;

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c) Envolvimento da comunidade no processo escolar. Neste princípio, a presença dos pais

é muito importante, pois usufruem das práticas participativas e podem participar de outros

processos decisórios na própria comunidade, dando até mesmo um certo respaldo ao

governo para encaminhar ao poder legislativo projetos que atendam às necessidades

educacionais da população;

d) Planejamento das tarefas, trata-se de um princípio como forma de organizar e controlar

as atividades. É o instrumento unificado das atividades escolares, é o plano de ação da

escola;

e) Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes

da comunidade escolar. É um princípio que valoriza muito a qualificação e a competência

profissional, através do qual desenvolvem sua formação profissional. O gestor observa e

avalia constantemente o desenvolvimento das atividades e o processo de ensino;

f) O processo de tomada de decisões deve-se basear em formações concretas, refere-se a

um princípio onde os procedimentos de gestão são baseados na coleta de dados e

informações reais, analisando os problemas em vários aspectos;

g) Avaliação Compartilhada, trata-se de um princípio da avaliação mútua entre direção,

professores, pais e comunidade;

h) Relações humanas produtivas e criativas em busca de objetivos comuns. Esse

princípio implica na importância do sistema de relações interpessoais em função da

qualidade do trabalho da equipe escolar, precisando investir na mudança das relações

autoritárias para as baseadas no diálogo e no consenso, priorizando um tato humano.

1.2 – Estilos de liderança

Atualmente, há situações em que o estilo de liderança é estratégico para que a

Instituição possa atingir um objetivo desejado, identificamos três deles:

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1.2.1 – Liderança Autocrática

Os líderes decidem de forma autônoma, tomando decisões isoladamente, exigindo

obediência e dando instruções específicas sobre o que fazer e como fazer. Recusa qualquer

tipo de discussão e questionamentos, preferindo que os subordinados sigam as regras e o

regulamento.

Existem ainda em algumas escolas líderes que dizem claramente aos professores o

que devem fazer e como fazer, chegando até mesmo a forçar os mesmos a expor-se ao

ridículo pondo em risco vários anos de profissão caso não acate suas ordens.

Há situações em que esse estilo de liderança é mais apropriado por exemplo em

situações de emergência, como pedir reuniões, ou consultar a equipe para decidir algumas

situações delicadas podem causar um desastre, pois nenhum líder pode ou deve ser o tempo

todo democrático, assim como também não deve ser sempre autocrático.

1.2.2 – Liderança Democrática

O líder escolar integra, delega e envolve contribuições dos professores, criando

também um comprometimento com as decisões a serem tomadas, e ao participarem do

processo decisório, o líder concorda em mudar de opinião, de decisão de acordo com que o

grupo decidir, pois a participação do corpo docente é muito importante para desenvolver as

habilidades e comprometimento da equipe, sendo capazes de juntos alcançarem muito

sucesso.

A democratização na gestão significa que não só a equipe escolar, mas a sociedade

possa participar de todo o processo da política educacional, garantindo liberdade de

expressão, de pensamento e de organização coletiva na escola.

Na prática, a liderança democrática ocorre principalmente nas escolas públicas, onde

não só toda a equipe como a comunidade estão inseridos no processo decisório e no projeto

político pedagógico. Já na escola particular os professores não têm acesso a nenhuma

decisão, nem mesmo ao calendário anual das atividades, as ordens são passadas e devem ser

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cumpridas, chegando até mesmo a existir falta de respeito com os profissionais, impedindo

que os mesmos se posicionem ou exponham seus pensamentos sempre sendo interrompidos.

O gestor de uma escola eficaz deve adotar o estilo de liderança adequado à situação.

constrói a confiança solicitando e ouvindo opiniões da equipe escolar. esse tipo d gestor

encoraja o desenvolvimento da liderança, o uso de idéias criativas, a experiência e o

entusiasmo, com o intuito de motivar os profissionais alcançando o ponto máximo de

eficiência.

1.2.3 – Liderança Laissez-Faire

É um tipo de liderança não diretiva, o líder age como um dos elementos da equipe e

só se manifesta se houver necessidade ou for solicitado. É a equipe que detecta os

problemas, discute e soluciona. O líder não interfere nem mesmo na divisão de tarefas e

quando a equipe não tem capacidade de auto-organização, podem surgir freqüentes

discussões, como desempenho das tarefas pouco satisfatório, ou seja, os membros da equipe

têm “carta branca” para qualquer tomada de decisão.

Contudo, na prática, o mesmo líder pode adotar diferentes estilos, de acordo com a

necessidade, pois cada tipo de situação requer um tipo de liderança para alcançar a eficácia

da equipe. O líder pode dar liberdade de decisão aos funcionários de apresentarem

eficiência, mas se for ao contrário, o líder pode impor-lhe maior autoridade pessoal e menor

liberdade de trabalho, sendo que o mais importante é manter um bom ambiente de trabalho

devendo conhecer as pessoas, possuindo a capacidade de se adaptar, o que exige uma certa

flexibilidade. Assim como os professores, que adotam estilos de ensino diferentes para

alunos diferentes, devendo ser sempre coerente. O estilo de liderança constitui o fator que

intervém com maior importância na percepção do clima da equipe.

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II – A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO EM EQUIPE

O desenvolvimento do trabalho em equipe é um dos aspectos de uma gestão

participativa, composta por pessoas responsáveis em garantir o sucesso escolar, aumentando

a possibilidade das tarefas serem realizadas com qualidade, buscando novas oportunidades e

se sentindo comprometidos em levar decisões adiante liderando a situação para um alto nível

de motivação. Pode-se levar em conta vários aspectos fundamentais para que se tenha um

bom desenvolvimento com responsabilidade em equipe, sendo elas:

• A criação de uma equipe compartilhada;

• O desenvolvimento contínuo das habilidades pessoais;

• A construção e a determinação de uma visão de conjunto;

• Proporcionar apoio e encorajamento para os integrantes da equipe;

• Modelar o comportamento de equipe eficaz;

• Promover contínua interação entre os membros.

É importante, ao montar uma equipe, descobrir uma maneira de trabalhar fazendo

tudo sem ter medo de pedir a cooperação de todos. É necessário haver um comprometimento

de toda a equipe na resolução de problemas e deve ser construído bom relacionamento entre

o gestor e a equipe técnica, pois trabalhar em equipe é uma competência essencial que deve

ser estimulada, enfatizando a importância do respeito e da cooperação, onde a solução está

na organização do trabalho em equipe e na delegação de certas tarefas aos seus integrantes.

Neste caso o gestor é o diretor e os integrantes os professores e todos os funcionários da

escola.

De acordo com VALERIEN (2002), a forma de organização do trabalho em equipe

constitui muitas vezes o meio mais eficaz de atingir os objetivos visados. É preciso, definir o

trabalho que se vai realizar procurando sempre a valorização do profissional a quem vamos

confiar o trabalho. A responsabilidade do gestor muda, pois já não precisa exercer um

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controle rígido, apenas cuidar da eficácia do processo de trabalho coletivo que for

desenvolvido.

Esta forma de trabalhar traz várias vantagens, como:

• Permitir ao gestor que não fique absorvido pelas tarefas rotineiras e que se transforme

mais num animador do que num burocrata, que decide isoladamente;

• Permitir aos professores que demonstrem suas capacidades e seu potencial;

• Dar aos professores a oportunidade de poderem tomar parte ativa na administração,

melhorando-se, assim, o clima de trabalho na escola .

A divisão de tarefas deve situar-se no quadro de um verdadeiro trabalho em equipe.

A tomada de decisão é, sem dúvida, a função mais importante do gestor, mas a tendência

atual orienta-se cada vez mais para que se associe a participação dos professores a decisões

que antes eram reservadas apenas ao gestor. O grau de participação dos professores no

processo de decisão varia em função do tipo de problema. É importante que em uma

instituição escolar haja uma boa integração entre o corpo docente para que tenha uma

interdisciplinaridade e para que todos os professores estejam em contato, em harmonia par

tratar, falar de alunos que apresentam algum tipo de problema, ou seja, que possuem

hiperatividade, problemas de limite, para que juntos combinem como lidar com essas

crianças. Contudo, verificar-se um grau de autonomia que convém apreciar e não

ultrapassar.

A responsabilidade do gestor muda, naturalmente: ele já não precisa exercer um

controle rígido, mas apenas cuidar da eficácia do processo de trabalho coletivo que

desenvolveu.

2.1 – Ética profissional

O código de ética profissional tem por objetivo as reflexões sobre as condutas

humanas, é explicitar como um determinado grupo social pensa e define sua própria

identidade política e social, e como se comprometem a realizar seus objetivos particulares de

um modo compatível com os princípios da ética, articulando em dois eixos de normas:

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• direitos – tem como função delimitar o perfil do seu grupo;

• deveres – abre o grupo de uma forma geral, onde cada membro do grupo realize o ideal

de ser humano.

A elaboração de um código de ética realiza-se como um processo ao mesmo tempo

educativo dentro do próprio grupo, resultando em um produto que cumpra não só uma

função educativa como também um exemplo de cidadania diante dos demais grupos sociais

e de todos os cidadãos, trata-se de um instrumento frágil, de como regular o comportamento

da equipe. Essa regulação só será ética quando cada membro da equipe tiver a convicção

vindo de seu íntimo.

De acordo com a prática, o princípio básico da ética está intimamente ligado a

empatia. Segundo Aurélio Buarque de Holanda, “empatia é a tendência para sentir o que

sentiria se estivesse em situação vivida por outra pessoa”.

Ao se colocar na posição, na condição do outro a tendência será não agir de maneira

inadequada, antiética, mas com justiça, com igualdade de valores e principalmente respeito,

pois não se faz o que não gostaríamos que nos fizesse de ruim e que possa causar sofrimento

expondo a situações de escárnio e constrangimento.

À medida que se toma por base esse comportamento pessoal, facilmente essa conduta

se repetirá refletindo nas relações afetivas, educacionais, profissionais, sociais, etc, trazendo

à tona atitudes e valores como respeito mútuo, solidariedade, desenvolvimento moral e

cívico social e convivência necessárias ao exercício legal e real do conceito de cidadania.

A pergunta ética por excelência é: “como agir perante os outros?”. A pergunta é

ampla, a questão das preocupações éticas é a da justiça, inspirada pelos valores de igualdade.

Em algumas escolas a ética está em primeiro lugar nas relações entre alunos, professores,

funcionários e pais, estando também nas disciplinas do currículo, inserindo também nos

temas transversais. Esse tema traz a proposta de que a escola realize um trabalho,

possibilitando o desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão ética.

Saber relacionar-se de maneira correta dentro das organizações é uma arte, porém

tem muitas pessoas deixando de lado aspectos fundamentais. Dentro de uma empresa é

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comum encontrar os que pecam pela soberba, agem como donos da verdade, impedindo até

mesmo que novas idéias apareçam, e a inveja é o sentimento mais comum entre os

profissionais dos diversos níveis. É comum aquele que deprecia o trabalho do colega, que

rouba idéias e se apresenta como autor. Chefes que tem acessos de raiva freqüentemente

deixam a equipe insegura.

Segundo Luciana Anselmo (2002), é necessário ser discreto no ambiente de trabalho

mais próximo da realidade profissional, é comum encontrar, dentro das empresas sintomas

típicos de soberba, preguiça, avareza, luxúria, inveja, ira e gula, porém o mercado

competitivo não comporta quem não coopera. Antes de tudo é preciso ser profissional,

lembrando sempre de duas virtudes: a tolerância e a humildade.

Na escola a dimensão ética remete a alternativa presente na conduta dos homens e

que se trata de uma sensibilidade, uma atenção que é construída e aplicada apenas em alguns

momentos. É colocar a si próprio em questão, o próximo e a sociedade em questão. Não se

trata de um aprendizado da verdade, mas a apreensão da complexidade, envolvendo a justiça

e o bem comum.

2.2 – Autonomia

Se o objetivo da educação é auxiliar na formação de pessoas livres e independentes,

o professor só poderá contribuir para esse objetivo desde que se mostre como realmente é,

ou seja, ter capacidade de pensar e de decidir por conta própria, agindo de forma coerente

com suas decisões, pois o trabalho do professor só tem condições de ser autêntico se for

autônomo.

Autonomia escolar é o termo utilizado como descrição de abordagem participativa

para a gestão descentralizada do sistema de ensino e sua autonomia deve estar coerente com

a tendência mundial das políticas educacionais.

Na prática é constatado que geralmente, o trabalho do professor está sempre cercado

por várias restrições, ordens e dificuldades que inibem sua autonomia, tornando-se difícil

agir conforme ele pensa, pois em algumas escolas privadas os funcionários são submetidos

ao autoritarismo, onde o gestor não admite discordância. Muitas vezes para o professor

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conquistar sua autonomia deve ter idéias próprias colocando-as em prática e para que ele

consiga é necessário vencer o autoritarismo, não só do gestor como o próprio autoritarismo

que ele possui internamente no qual foi submetido, pois como irá vencer o autoritarismo do

gestor se não terminar primeiro com o que há dentro de si e até mesmo com relação aos seus

alunos? Para se conquistar a autonomia é necessário um trabalho de crescimento pessoal que

depende também da convivência social.

2.3 – Autovalorização

A autovalorização é decorrente da ação, sendo autônoma e autêntica, pois muitos

valores são transmitidos mais com a vida do que com palavras. Não é por palavras que o

profissional se valoriza, a não ser que as mesmas estejam coerentes com a ação.

O conhecimento que temos e a prática coerente estão na base da valorização pessoal

e social e como a educação faz parte da vida, formam então um único processo. Vida é

educação. Educação é vida.

Na prática cotidiana, para que o profissional seja valorizado, é importante que ele se

autovalorize, valorizar-se não quer dizer aparentar o que não é, e sim conhecer-se e ser. É

importante ter consciência dos próprios defeitos e qualidades, dos próprios erros e acertos,

estando sempre disposto a mudar e melhorar.

2.4 – Motivação

A motivação é indispensável nas relações humanas, é a alavanca que estimula as

pessoas a agirem e se superares, abre todas as portas para o desempenho com qualidade em

atividades pessoais e sociais, ou seja, é fundamental para uma gestão eficaz. Para que a

motivação funcione em estruturas organizacionais, o gestor deve compreender e ser capaz de

aplicar princípios básicos para motivação humana em três âmbitos:

• o indivíduo;

• o grupo de trabalho;

• a organização como um todo.

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Estes fatores afetam diretamente a motivação do funcionário para o bom desempenho

do trabalho realizado.

A importância da combinação dos três fatores será explicitada abaixo:

Em algumas escolas, ocorre a baixa motivação dos professores como, por exemplo,

insatisfação com condições ruins de trabalho, alguns alunos difíceis de lidar (como ocorre

atualmente, muitos com problemas emocionais, de limite, dificuldade de cumprir regras),

estresse resultante de muitos anos de trabalho com muita exigência, insatisfação com salário,

desmoralização do profissional e até mesmo a insatisfação pelo fato da gestão não ser

participativa. O professor quer dar opiniões, participar de decisões, argumentar atitudes ou

ordens que não concorda e não pode se manifestar, conseqüentemente os professores não se

sentem motivados a realizar um bom trabalho. eles têm necessidade de se adequar aos

objetivos da escola, mas o gestor deve construir seus objetivos e metas de acordo com a

capacidade de seus profissionais. É um processo contínuo de fluir e refluir, pois nada motiva

mais o profissional do que a organização aceitar sugestões de seus próprios especialistas.

Nas escolas onde o problema está centralizado na motivação dos profissionais, esta é

a parte principal de um ambiente de trabalho com qualidade, pois uma escola onde as

pessoas não são e nem estão motivadas, os professores não ensinam efetivamente, os alunos

não aprendem e nem as escolas podem ser plenamente eficazes. Existe alguns fatores

importantes para motivar a equipe da escola. São eles:

• Estabelecer na escola um sentido de cumplicidade, de família, no desenvolvimento

dos objetivos educacionais;

• Criar oportunidades para troca de idéias, de inovações e criação conjunta no

trabalho;

• Orientar as ações pedagógicas para que em conjunto promovam o desenvolvimento

profissional do professor;

• Dar visibilidade e transparência às ações e seus resultados.

A visibilidade significa ser reconhecido profissionalmente pelos outros, pelo trabalho

bem feito. Isto motiva os professores a refletirem sobre o significado do seu trabalho e os

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incentiva a darem o melhor de si próprio, ocorrendo diferente se o profissional percebe que

está trabalhando em constante vigilância.

A motivação consciente, baseada no diálogo franco e aberto é mais produtiva do que

qualquer outro procedimento, pois muitas vezes a imposição de tarefas e obrigações a serem

cumpridas, sem entender sequer as razões, além de total desmotivação, estimula a revolta. É

de extrema importância que os gestores se desenvolvam como “líderes escolares”, que sejam

solucionadores, estimuladores da equipe de trabalho da escola, capazes de tomar decisões de

forma múltipla, favorecendo o crescimento dos profissionais da escola e, conseqüentemente

o dinamismo da instituição de ensino.

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CONCLUSÃO

Foi observado durante a pesquisa que para que ocorra uma gestão orientada para

resultados, é necessário que se faça: avaliação constante ou periódica, envolvendo todas as

partes interessadas como alunos, professores, funcionários, proprietários e a sociedade como

um todo. A informação é elemento chave para todo o processo de gestão participativa. As

informações são necessárias também para a avaliação e melhoria do desempenho que

incluem, entre outras, a relacionamento entre professor/aluno, professor/professor,

professor/coordenador, etc.

Ficou claro que compete aos gestores criar sempre um ambiente propício para a

participação, não só dos profissionais como dos alunos e de seus pais e com essa

participação cria-se um ambiente estimulador tendo uma visão de conjunto associando uma

ação de cooperativismo.

Em contrapartida o estudo revelou que há um crescente processo democrático na

educação e na gestão, mesmo quando há crises e problemas que afetam o clima

organizacional da escola. A democratização na gestão significa que não só a equipe escolar,

mas a sociedade possa participar de todo processo da política educacional, garantindo

liberdade de expressão, de pensamento e de organização coletiva na escola.

Foi observado ainda que, infelizmente, algumas instituições de ensino continuam

adotando o gerenciamento autocrático em que os líderes decidem de forma autônoma,

tomando decisões isoladamente, exigindo obediência e dando instruções específicas sobre o

que fazer e como fazer, recusando qualquer tipo de discussão e questionamento. Desta forma

estão comprometendo a imagem e as relações entre as pessoas. São gestores que ainda não

acordaram para o nosso mundo. Estão indo na contra mão da estória.

Ficou claro também a importância de que gestores sejam solucionadores,

estimuladores da equipe de trabalho da escola, capazes de tomar decisões, favorecendo o

crescimento da escola como um todo.

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O que ficou mais evidente no final da pesquisa foi a velocidade com que a mudança

está acontecendo e o quanto está provocando a renovação no modelo de gestão das escolas.

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ANEXOS