62
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências e Tecnologia Graduação em Engenharia Cartográfica HELOÍSA ALVES DA SILVA ADEQUAÇÃO DE SOFTWARES COMERCIAIS ÀS EXIGÊNCIAS DA LEI 10.267/2001 Presidente Prudente Fevereiro de 2007 unesp

unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências e Tecnologia

Graduação em Engenharia Cartográfica

HELOÍSA ALVES DA SILVA

ADEQUAÇÃO DE SOFTWARES COMERCIAIS

ÀS EXIGÊNCIAS DA LEI 10.267/2001

Presidente Prudente

Fevereiro de 2007

unesp

Page 2: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

2

HELOÍSA ALVES DA SILVA

ADEQUAÇÃO DE SOFTWARES COMERCIAIS

ÀS EXIGÊNCIAS DA LEI 10.267/2001

Relatório de Iniciação Científica (nº 3),

referente às atividades realizadas no

período de 01/08/2006 a 31/12/2006, sob a

orientação da Prof. Dr. João Francisco

Galera Monico, docente do Departamento

de Engenharia Cartográfica, da FCT/Unesp

Campus de Presidente Prudente. Processo

FAPESP nº 05/01575-0.

Presidente Prudente

Fevereiro de 2007

Page 3: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

3

RESUMO

No Brasil, várias têm sido as aplicações do GPS, principalmente com o advento da Lei

10.267/2001, a qual, dentre outras disposições, trata do georreferenciamento de imóveis

rurais. No entanto, os resultados disponibilizados pela maioria dos softwares comerciais de

processamento e ajustamento de dados GPS não permite aos usuários avaliar de forma

confiável os seus resultados. Por exemplo, as injunções são utilizadas de forma absoluta, o

que sempre proporcionam resultados com precisões extremamente otimistas. A adoção de

algumas análises adicionais, juntamente com a implementação de alguns aplicativos, podem

reduzir esses problemas. Sendo assim, foi proposto neste projeto de iniciação científica, na

área de Geodésia, investigar e implementar algoritmos complementares aos softwares

comerciais de processamento e ajustamento de dados GPS, de modo a atender de forma

confiável os requisitos da Lei 10.267/2001 sobre o georreferenciamento de imóveis rurais.

Desta forma, foi implementado em linguagem de programação C++ Builder um software de

ajustamento de redes GPS denominado AJURGPS, o qual trabalha com arquivos de vetores

de linhas de base de redes GPS processadas em softwares como GPSurvey, TGO, SKI-PRO,

GPSeq (disponíveis na FCT/UNESP). Além do ajustamento da rede, foram implementados

algoritmos para realizar o controle de qualidade do mesmo através do teste global Qui-

quadrado e também a detecção de erros grosseiros através dos métodos Data Snooping e teste

Tau. Foram programadas também as redundâncias parciais, com as quais o usuário pode

verificar a controlabilidade da rede. Uma das grandes vantagens do AJURGPS é que o usuário

pode considerar as variâncias e covariâncias dos pontos de controle da rede, as quais podem

ser introduzidas juntamente com as coordenadas geodésicas cartesianas ou curvilíneas. Além

disso, é possível escolher o sistema de referência envolvido (SIRGAS 2000 ou SAD 69).

Outra vantagem é quanto à sua implementação, a qual se utilizou dos conceitos de matrizes

esparsas e de listas lineares. O usuário tem ainda a oportunidade de visualizar a configuração

da rede a partir do desenho no próprio software, além de outras opções.

PALAVRAS CHAVES: Redes GPS, ajustamento de redes geodésicas, georreferenciamento

de imóveis rurais, transformação entre coordenadas e entre Data com propagações.

Page 4: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – LISTA LIGADA LINEAR ____________________________________________________________ 32 FIGURA 2 – LISTA LIGADA PARA O CASO DE MATRIZES ESPARSAS ____________________________________ 34 FIGURA 3 – TRECHO DO ARQUIVO “BLSUM.TXT” _______________________________________________ 37 FIGURA 4 – TRECHO DO ARQUIVO EXPORTADO PELO TGO _________________________________________ 38 FIGURA 5 – ARQUIVO DE LINHA DE BASE PROCESSADA NO SKI-PRO _________________________________ 39 FIGURA 6 – ARQUIVO DE LINHA DE BASE PROCESSADA NO GPSEQ ___________________________________ 39 FIGURA 7 – CRIAÇÃO DE UM NOVO PROJETO NO AJURGPS_________________________________________ 40 FIGURA 8 – IMPORTAÇÃO DE ARQUIVOS DE PROCESSAMENTO DE LINHAS DE BASE _______________________ 41 FIGURA 9 – FORMAS DE ENTRADA DAS INJUNÇÕES _______________________________________________ 41 FIGURA 10 – TABELA DE INJUNÇÕES COM AS COORDENADAS CONHECIDAS E RESPECTIVAS VARIÂNCIAS E

COVARIÂNCIAS_______________________________________________________________________ 42 FIGURA 11 – VISUALIZAÇÃO DOS RESULTADOS DO AJUSTAMENTO ___________________________________ 43 FIGURA 12 – VISUALIZAÇÃO DO DESENHO DA REDE ______________________________________________ 43 FIGURA 13 – CONFIGURAÇÃO DO TESTE QUI-QUADRADO __________________________________________ 44 FIGURA 14 – DETECÇÃO DE ERROS____________________________________________________________ 44 FIGURA 15 – REDE GPS AJUSTADA NO AJURGPS________________________________________________ 45 FIGURA 16 – CONFIGURAÇÃO DA REDE GPS PERTENCENTE A RBMC _________________________________ 47

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – DIMENSÕES DAS MATRIZES NO AJUSTAMENTO _________________________________________ 31 TABELA 2 – OBSERVAÇÕES DO LEVANTAMENTO _________________________________________________ 45 TABELA 3 – COORDENADAS DOS VÉRTICES INJUNCIONADOS ________________________________________ 46 TABELA 4 – VARIÂNCIAS E COVARIÂNCIAS DOS VÉRTICES INJUNCIONADOS ____________________________ 46 TABELA 5 – QUALIDADE DOS AJUSTAMENTOS REALIZADOS_________________________________________ 46 TABELA 6 – PRECISÃO POSICIONAL DAS COORDENADAS AJUSTADAS PELO AJURGPS ____________________ 46 TABELA 7 – COORDENADAS OFICIAIS DA ESTAÇÃO PPTE EM SIRGAS 2000 FONTE: IBGE ________________ 48 TABELA 8 – OBSERVAÇÕES DO LEVANTAMENTO _________________________________________________ 48 TABELA 9 – INJUNÇÕES CONSIDERADAS NO AJUSTAMENTO DA REDE (SIRGAS 2000) FONTE: IBGE _________ 48 TABELA 10 – RESULTADOS DO AJUSTAMENTO DA REDE GPS (SIRGAS 2000) __________________________ 48 TABELA 11 – DISCREPÂNCIAS COM RELAÇÃO AS COORDENADAS OFICIAIS DA ESTAÇÃO PPTE EM SIRGAS 2000

(IBGE)_____________________________________________________________________________ 49

Page 5: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................2

2 OBJETIVOS ..........................................................................................................................3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................4

3.1 Lei 10.267/2001 e sistemas de referência.......................................................................4 3.2 Observáveis GPS .............................................................................................................5 3.3 Processamento e ajustamento de dados GPS................................................................6 3.4 Métodos de Posicionamento Geodésico com GPS ........................................................9 3.5 Ajustamento de redes GPS...........................................................................................11 3.6 Controle de qualidade...................................................................................................14

3.6.1 Teste estatístico (Qui-quadrado)........................................................................................................... 14 3.6.2 Teste estatístico para a detecção de erros grosseiros nas observações.................................................. 16

3.6.2.1 Método de Baarda : Data Snooping............................................................................................... 16 3.6.2.2 Método de Pope: Teste Tau ........................................................................................................... 18

3.6.3 Medidas de confiabilidade.................................................................................................................... 20 3.6.3.1 Confiabilidade interna ................................................................................................................... 21 3.6.3.2 Confiabilidade externa................................................................................................................... 23

3.7 Transformação de coordenadas e sistemas com propagações de covariâncias .......23 3.7.1 Coordenadas curvilíneas para cartesianas e vice-versa......................................................................... 23 3.7.2 Coordenadas cartesianas para UTM ..................................................................................................... 25

3.7.2.1 Coordenadas curvilíneas para TM ................................................................................................. 25 3.7.2.2 Coordenadas TM para UTM.......................................................................................................... 28

3.7.3 Sistema SAD 69 para SIRGAS 2000.................................................................................................... 29 3.8 Otimização dos algoritmos no ajustamento de redes GPS ........................................30

3.8.1 Matrizes esparsas no ajustamento de redes GPS .................................................................................. 30 3.8.2 Listas lineares ....................................................................................................................................... 31

3.9 Softwares de processamento de dados GPS ................................................................34

4 RESULTADOS ....................................................................................................................36

4.1 Leitura de arquivos de processamento das linhas de base ........................................36 4.2 Utilização do software AJURGPS ................................................................................39 4.3 Análise das precisões no ajustamento de rede GPS ...................................................44 4.4 Comparação dos resultados do AJURGPS com o TGO............................................47

5 CONCLUSÃO......................................................................................................................51

6 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................53

ANEXO A – Relatório criado pelo AJURGPS ..............................................................56 ANEXO B – Arquivo de injunções .................................................................................58

Page 6: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

2

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Lei 10.267/2001, que trata do georreferenciamento de imóveis

rurais, dentre outras disposições, abrem-se novas oportunidades para o uso do GPS no Brasil.

Essa lei foi estabelecida em 28 de agosto de 2001 e consiste num marco da organização

territorial brasileira das áreas rurais. A precisão posicional das coordenadas dos vértices da

propriedade foi estabelecida pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária) através da portaria nº 954, de 13 de novembro de 2002, na qual estabelece que cada

vértice deva ter precisão posicional melhor que 0,50 metros (PORTARIA nº 954, 2002).

Para a realização do georreferenciamento de imóveis rurais, podem ser utilizadas

várias metodologias. No caso de posicionamento com receptores GPS, diversos são os

métodos factíveis de serem utilizados, onde se pode classificá-los como Posicionamento

Estático e Cinemático, ou ainda como DGPS (Differential GPS). No método estático, há dois

modos de posicionamento: o relativo e o posicionamento por ponto preciso (PPP), sendo este

último também denominado posicionamento absoluto. No posicionamento relativo cinemático

convencional, onde apenas duas estações são envolvidas, a precisão é da ordem de poucos

centímetros, dependendo da distância em relação à estação base. Dispondo de um sistema de

comunicação, pode-se realizar posicionamento em tempo real RTK (Real Time Kinematic)

(MONICO, 2000). Porém, devido a de-correlação espacial dos erros, principalmente devido à

ionosfera, a distância entre a estação de referência e o usuário, no posicionamento RTK

convencional, é geralmente limitada a 20 km ou menos. Dessa forma, tem sido investigado o

conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de

posicionamento, os dados das estações de referência da rede são utilizados para gerar as

chamadas “correções da rede”, ou até mesmo, dados de uma estação localizada nas

proximidades do usuário, denominada Virtual Reference Station (VRS) (ALVES et al., 2005).

No geral, realiza-se o levantamento no modo pós-processado, no qual se utilizam

softwares comerciais ou científicos de processamento de dados GPS. Primeiramente, são

processadas todas as linhas de bases individualmente e, posteriormente, pode-se realizar o

ajustamento de uma rede GPS, quando o software fornece tal opção. A maioria dos softwares

comerciais não permite que se introduza as incertezas das coordenadas dos pontos de controle

(injunção absoluta), seja no processamento das linhas de base ou no ajustamento de redes

GPS. Logo, os resultados fornecidos por estes softwares são extremamente otimistas, visto

que as incertezas das coordenadas dos pontos de controle não são propagadas para as

coordenadas a serem determinadas.

Page 7: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

3

A adoção de algumas análises adicionais, juntamente com a implementação de um

aplicativo para ajustamento de redes GPS, poderá reduzir esses problemas. Dessa forma, este

trabalho de iniciação científica buscou investigar e implementar algoritmos complementares

aos softwares comerciais de processamento e ajustamento de dados GPS, de modo a atender

de forma confiável os requisitos da Lei 10.267/2001 sobre o georreferenciamento de imóveis

rurais. Sendo assim, foi implementado em linguagem de programação C++ Builder um

software de ajustamento de redes GPS denominado AJURGPS.

Esse aplicativo realiza a leitura de arquivos de vetores de linhas de base de redes

GPS processadas pelos softwares GPSurvey, TGO, SKI-PRO e GPSeq (disponível na

FCT/Unesp). Além do ajustamento da rede, ele permite que o usuário realize o controle de

qualidade através do teste global Qui-quadrado e também a detecção de erros grosseiros

através dos métodos Data Snooping e teste Tau. Uma das vantagens do AJURGPS é que este

considera as informações estocásticas no ajustamento. Outra vantagem é quanto à sua

implementação, a qual se utilizou dos conceitos de matrizes esparsas e de listas lineares.

Na última etapa do projeto, que se refere a renovação da bolsa, além da leitura de

arquivos advindos de outros softwares como o SKI-PRO e o GPSeq, foi implementado o

controle de qualidade do ajustamento utilizando o teste Tau e o cálculo de redundâncias

parciais. Para melhores análises dos resultados, programaram-se transformações entre

coordenadas (cartesianas, curvilíneas e UTM) e entre Data com propagações de covariâncias.

Alguns refinamentos e ajustes do software também participaram dessa etapa, além da

elaboração do desenho da rede. Após as implementações realizaram-se algumas análises de

ajustamento, as quais incluíram a comparação de resultados obtidos no AJURGPS com

resultados advindos do software TGO, análise das precisões e controle de qualidade.

2 OBJETIVOS

Este projeto visa desenvolver um aplicativo complementar aos softwares

comerciais, o qual é possível ajustar uma rede GPS, além da realização do controle de

qualidade do ajustamento. Para tal procedimento é utilizado o teste Qui-quadrado para testar a

qualidade global do ajustamento e o Data Snooping e Tau para a detecção de erros grosseiros.

Page 8: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Lei 10.267/2001 e sistemas de referência

A lei 10.267/2001 que trata do georreferenciamento de imóveis rurais, dentre

outras disposições, foi estabelecida em 28 de agosto de 2001 e consiste num marco da

organização territorial brasileira das áreas rurais. A apresentação dos vértices da propriedade

na planta e no memorial descritivo devem estar no sistema de projeção UTM (Universal

Transverse Mercator), cuja precisão posicional estabelecida pelo INCRA (Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária) deve ser melhor que 0,50 metros a um nível de confiança

de 1 sigma (68,3%) (INCRA, 2003; PORTARIA nº 954, 2002). Um fator importante que deve

ser levado em consideração é o termo precisão posicional, o qual está relacionado à resultante

das coordenadas. Sendo assim, é necessário analisar a precisão de cada componente, bem

como da resultante.

Uma das medidas estabelecidas pela Lei é que as medições dos imóveis rurais

devem ser feitas com suporte geodésico e estarem referenciadas ao Sistema Geodésico

Brasileiro (SGB), de modo a obter identificação livre de superposições e que atenda a

precisão posicional estabelecida pela legislação vigente (BRANDÃO; CARNEIRO, 2002). O

SGB, atualmente, dispõe de quatro sistemas geodésicos de referência (CA – Córrego Alegre,

SAD 69 – South American Datum, WGS 84 e SIRGAS - Sistema de Referência para as

Américas) e várias realizações destes (MONICO, 2005).

O sistema de referência associado ao GPS, quando se utilizam efemérides

transmitidas, é o WGS 84. Sua origem é o centro de massa da Terra (sistema geocêntrico),

com eixos cartesianos X, Y, e Z idênticos ao CTRS (Conventional Terrestrial Reference

System) para a época 1984,0. O SIRGAS, originalmente denominado de Sistema de

Referência Geocêntrico da América do Sul, concebido em 1993 e com duas campanhas GPS

já realizadas, culminou com duas densificações do ITRF (International Terrestrial Reference

Frame). Hoje, sua denominação é Sistema de Referência para as Américas. O SIRGAS 2000

tem como sistema geodésico de referência o ITRS (International Terrestrial Reference

System) e o elipsóide de referência é o GRS 80. A partir de 25 de fevereiro de 2005, com a

resolução 01/2005, passou-se a utilizar, para o SGB e para Sistema Cartográfico Nacional

(SCN), o SIRGAS 2000, tendo por época de referência 2000,4. Para o SGB o SIRGAS 2000

pode ser utilizado em concomitância com o SAD 69 e, para o SCN, em concomitância

também com o CA (MONICO, 2005).

Page 9: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

5

3.2 Observáveis GPS

As observáveis básicas do GPS que permitem determinar posição, velocidade e

tempo podem ser identificadas como (SEEBER, 2003, p. 252):

• Pseudodistância a partir da medida do código;

• Fase da onda portadora ou diferença de fase da onda portadora.

A medida da pseudodistância é obtida a partir da correlação entre o código gerado

pelo satélite no instante de transmissão (tt) e sua réplica gerada no receptor no instante de

recepção (tr). A equação da pseudodistância entre o satélite s e o receptor r pode ser escrita

como (MONICO, 2000):

( ) srPD

ssr

sr

sr

sr

sr

sr OrbdmTropIondtdtcPD ν+++++−+ρ= , (1)

onde:

srρ - distância geométrica entre o satélite, no instante de transmissão do sinal, e o receptor, no

instante de recepção do sinal;

c - velocidade da luz no vácuo;

rdt - erro do relógio do receptor em relação ao tempo NAVSTAR-GPS;

sdt - erro do relógio do satélite em relação ao tempo NAVSTAR-GPS;

srIon - erro causado pela ionosfera;

srTrop - erro causado pela troposfera;

sOrb - erro da posição do satélite;

srdm - erro causado pelo multicaminho;

siPDν - erro da pseudodistância devido aos efeitos não modelados e aleatórios.

A medida da fase de batimento da onda portadora é obtida a partir da diferença

entre a fase gerada pelo satélite, no instante de transmissão do sinal, e sua réplica gerada pelo

receptor, no instante de recepção do sinal. Apenas uma medida fracionária é obtida, restando

Page 10: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

6

um número inteiro de ciclos desconhecido, denominado ambigüidade (N). A equação da fase

de batimento da onda portadora pode ser escrita como (SEEBER, 2003):

( ) ( ) ( ) ( )( ) sv

sr0r0

st

sr

sr

sr

sr

sr

srs

r Nttdtdtfc

OrbdmTropIonft φν++φ−φ+−+

+++−ρ=φ , (2)

onde:

f - freqüência nominal da fase;

( )0st tφ - fase inicial no satélite, correspondente à época de referência t0;

( )0r tφ - fase inicial no receptor, correspondente à época de referência t0;

srN - ambigüidade da fase no instante inicial de rastreio e

svφ

ν - erro da fase da portadora devido aos efeitos não modelados e aleatórios.

Os demais termos da equação 2 são os mesmos da equação 1.

3.3 Processamento e ajustamento de dados GPS

O ajustamento pelo Método dos Mínimos Quadrados (MMQ) pode ser efetuado

usando o modelo paramétrico (método das equações de observações), o dos correlatos

(método das equações de condição) ou o combinado.

Em geral, no processamento de dados GPS, o método usado é o paramétrico, quer

seja em lote (em que todas as observações são ajustadas simultaneamente) quer seja

recursivamente (onde as observações podem ser inseridas à medida que se tornam disponíveis

- através de Filtragem Kalman) (MONICO, 2000).

Neste projeto é utilizado o método paramétrico para o processamento das

observáveis, bem como para o ajustamento de redes GPS. Neste método, o modelo linear ou

linearizado, inconsistente, torna-se consistente pela introdução de um vetor dos resíduos (V)

(MONICO, 2000):

Page 11: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

7

bLAXV −= , (3)

onde:

bL - vetor (m x 1) das observações;

X - vetor (m x 1) dos parâmetros incógnitos;

A - matriz (m x n) de escalares conhecidos, ou matriz Jacobiana;

V - vetor (m x 1) dos resíduos;

m - número de equações;

n - número de incógnitas (parâmetros).

O modelo matemático das observáveis na forma linearizada, considerando que a

esperança matemática dos resíduos E{V} é nula, pode ser escrito como:

{ } AX LE b = , (4)

{ } , = LDbLΣ (5)

onde:

{ }LD - operador de dispersão;

bLΣ - matriz variância-covariância (MVC) das observações.

Minimizando a forma quadrática fundamental (MMQ), obtêm-se equações

normais utilizadas no método paramétrico:

0a X X X += , (6)

onde, 0X é o vetor dos parâmetros aproximados e aX é o vetor dos parâmetros ajustados dado

por:

PLPA).A(A X bTT

a = , (7)

onde, P é a matriz peso e é expressa da seguinte maneira:

Page 12: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

8

120

bLP −Σσ= . (8)

As MVCs são expressas a seguir:

120X Nˆ

a−σ=Σ , (9)

TXL AA

aaΣ=Σ , (10)

ab LLV Σ+Σ=Σ , (11)

onde:

aX - vetor dos parâmetros ajustados;

aXΣ - MVC dos valores ajustados;

aLΣ - MVC das observações ajustadas;

VΣ - MVC dos resíduos.

A injunção no ajustamento é uma restrição imposta a alguns parâmetros e pode ser

absoluta (quando os parâmetros são mantidos fixos), relativa (quando os parâmetros são

tratados como observações adicionais ou pseudo-observações) ou funcional (quando os

parâmetros obedecem a uma determinada condição) (CAMARGO, 2000).

A introdução de injunções, para o caso deste trabalho, é feita na forma de pseudo-

observações, acrescentando à matriz A, as linhas correspondentes aos coeficientes e, na matriz

peso as injunções absolutas ou relativas são definidas como sub-matrizes (MARINI, 2002).

No processo de ajustamento das observações, quando as injunções são absolutas,

as incertezas dos parâmetros não são transferidas para os parâmetros incógnitos aos quais eles

estão ligados. Em conseqüência, a solução obtida, apesar de ser mais atraente, por apresentar

valores numéricos de dispersão menores, não representa a realidade, pois contrariam a lei de

propagação das covariâncias. Já as injunções relativas transferem suas incertezas aos

parâmetros incógnitos e por isso apresentam valores de dispersão maiores, porém, mais

realísticos (MARINI, 2002 p. 69).

Page 13: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

9

3.4 Métodos de Posicionamento Geodésico com GPS

Posicionamento diz respeito à determinação da posição de objetos com relação a

um referencial específico. Pode ser classificado em posicionamento absoluto, quando as

coordenadas estão associadas diretamente ao geocentro e, posicionamento relativo, quando as

coordenadas são determinadas com relação a um referencial materializado por um ou mais

vértices com coordenadas conhecidas.

No contexto de posicionamento relativo, utilizam-se, em geral, as duplas

diferenças como observáveis fundamentais, no qual se têm os métodos de posicionamento

estático, estático rápido, semicinemático e cinemático. Estes métodos de posicionamento

podem ser realizados utilizando uma das seguintes observáveis originais: pseudodistância;

fase da onda portadora e, fase da onda portadora e pseudodistância (MONICO, 2000). Neste

trabalho, é realizado o ajustamento de dados advindos do posicionamento relativo estático e

estático rápido.

No posicionamento relativo estático, dois ou mais receptores rastreiam,

simultaneamente, os satélites visíveis por um período de tempo que pode variar de dezenas de

minutos (20 minutos no mínimo), até algumas horas. Quando o período de ocupação das

estações é relativamente longo, somente as duplas diferenças da fase da onda portadora

podem ser normalmente incluídas como observáveis. Como a precisão da fase da onda

portadora é muito superior a da pseudodistância, a participação desta última não melhora os

resultados de forma significativa. Mesmo assim, as pseudodistâncias devem estar disponíveis

no pré-processamento para estimar o erro do relógio do receptor, ou calcular o instante

aproximado de transmissão do sinal pelo satélite.

Considerando que um levantamento foi realizado durante k épocas, o modelo

matemático linearizado para o posicionamento estático, o qual é uma forma expandida da

expressão 4, pode ser escrito como (MACHADO, 2001):

Page 14: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

10

∆∆

=

φ

φ

φ

nb

0BIB......0BIB0BIB

}

l

l...

l

l

l

l

{E

k

k

2

2

1

1

DD

DD

DD

DD

DD

DD

PDk

k

2PD

2

1PD

1

, (12)

onde:

i = 1,2,...,k - índice das épocas observadas;

1DDl φ e PDDDl - são os vetores das DD (Duplas Diferenças) calculadas em função dos

parâmetros aproximados, subtraídos das DD observadas da fase de batimento da onda

portadora e da pseudodistância, respectivamente;

B - matriz de coeficientes, associada aos parâmetros referentes às componentes da base;

b∆ - vetor de correção aos parâmetros aproximados das componentes da base;

I - matriz de coeficientes, associada aos parâmetros referentes às ambigüidades;

n∆ - vetor de correção aos parâmetros aproximados das ambigüidades.

O procedimento para resolver a equação 12 pode ser dividido em três passos. No

primeiro, realiza-se o ajustamento convencional, proporcionando as soluções reais n∆ e b∆ .

No segundo passo, n∆ é ajustado como ambigüidades inteiras por algum método pré-

definido. Em MACHADO (2001) e MONICO (2005) são descritos diversos métodos para

solução das ambigüidades como números inteiros. No caso da lei 10.267/2001, é exigido pela

norma técnica do INCRA que a solução da ambigüidade seja obtida como um valor inteiro,

sem no entanto especificar sobre o controle de qualidade da mesma. Após ter encontrado o

vetor de ambigüidades inteiras n(∆ , este é então utilizado no passo final para o ajustamento de

b∆ , procedimento conhecido como solução fixa (Fixed Solution).

Vale ressaltar que levantamentos que necessitam de intervalos de tempo inferiores

a 20 minutos e que o receptor móvel é desligado entre as seções de coleta, são denominados

de estático rápido, cujo modelo matemático funcional, para cada seção é idêntico ao dado pela

equação 12 (MACHADO, 2001). Para se obter os resultados do processamento dos dados

GPS, deve-se aplicar o ajustamento de observações, como descrito na seção 3.3.

Page 15: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

11

3.5 Ajustamento de redes GPS

As redes geodésicas podem ser pensadas como sendo a realização do referencial

geodésico de uma determinada região, cujos pontos materializados guardam entre si alguma

relação de precisão e apresentam alta confiabilidade. No processamento das observações são

fornecidas as coordenadas de cada vértice, ou diferença de coordenadas, se nenhum vértice

for injuncionado, e respectivas precisões. Internamente, no programa de processamento, as

observações que são redundantes sofrem um ajustamento (MARINI, 2002 p.52). O resultado

desse processamento pode ser referenciado ao WGS 84, se forem utilizadas efemérides

transmitidas ou, a um dos vários ITRFs, no caso de efemérides precisas, ou a qualquer outro

referencial, se for fixado um vértice durante o processamento. O estabelecimento de redes no

SIRGAS 2000 (IBGE, 2005) representa uma nova fase de posicionamento no Brasil.

O conjunto de todas as observações coletadas simultaneamente durante uma

cobertura de satélites no curso de um projeto GPS é chamado de sessão. Uma rede geodésica

é o conjunto de estações que foram ocupadas em diferentes sessões, que têm entre si pelo

menos uma estação comum. Num ajustamento de rede faz-se a combinação de soluções de

várias sessões numa solução rigorosa de toda a rede (MARINI, 2002 p.52).

O conceito de linhas de base é amplamente usado nos primeiros softwares para o

processamento de dados GPS. As observações de dois receptores operando simultaneamente

são processadas num ajustamento, geralmente com a formação de dupla diferença, e os

resultados são as componentes ∆X, ∆Y e ∆Z de um vetor de linha de base associado com a

respectiva MVC.

As linhas de base podem ser usadas como dados de entrada para um programa de

ajustamento de rede e combinadas em redes maiores. O procedimento é rigoroso se somente

dois receptores GPS observam simultaneamente e se todas as informações estocásticas da

MVC completa são exploradas. Porém, se os pares de estações são selecionados de um

número maior de receptores operando simultaneamente, a combinação de linhas de base

possíveis não são todas independentes (quando uma linha de base não é resultado de outras

duas linhas de base) uma da outra (SEEBER, 2003 p. 284).

Um critério geral é dado em termos do número de receptores operando

simultaneamente, r:

Page 16: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

12

( ) 2/1rr − nº de linhas de base possíveis, (13)

( )1r − nº de linhas de base independentes. (14)

Se o software processa todas as linhas de base, deve-se identificar as

independentes usando um critério de seleção adequado, como por exemplo o comprimento da

linha de base ou o número de observações. Contudo, o procedimento não é rigoroso para

soluções de redes porque a informação estocástica entre as linhas de base observadas

simultaneamente é negligenciada. A maioria dos softwares oferecidos juntamente com os

receptores utiliza o conceito de linha de base. Este software é adequado para projetos

pequenos, para verificação de dados no campo e para levantamentos RTK (SEEBER, 2003).

Em um ajustamento multi-estação todos os dados que foram observados

simultaneamente com três ou mais receptores devem ser processados em conjunto. Nesse caso

determina-se o conjunto de coordenadas da rede com a respectiva MVC. Conseqüentemente,

esse é um ajustamento de observações rigoroso, utilizando todas as relações estocásticas

mútuas. Para propósitos geodésicos é preferível o ajustamento multi-estação, pois este tem

vantagens conceituais sobre a aproximação em que se processa cada linha de base

individualmente, visto que o potencial da acurácia do GPS é completamente explorado

(SEEBER, 2003 p. 284).

Se as observações provêm de uma única sessão, diz-se que é uma solução de

sessão. Várias soluções de sessões podem ser combinadas num ajustamento multi-sessão, ou

mais precisamente numa solução multi-estação-multi-sessão. Este é o procedimento usual se

grandes redes forem divididas em partes, devido ao fato do número de receptores GPS

disponíveis ser menor que o número de estações a serem ocupadas. A condição básica é que

cada sessão seja conectada ao menos a uma outra sessão da rede através de uma ou mais

estações idênticas, onde as observações sejam transportadas em ambas as sessões. Um

número maior de estações idênticas aumenta a estabilidade e a confiabilidade da rede

(SEEBER, 2003).

A solução multi-sessão é completamente rigorosa e equivalente ao ajustamento de

todos os dados juntos, se as MVCs das soluções da sessão individual são propriamente

utilizadas. O procedimento gradualmente, iniciando com soluções de sessão, tem a vantagem

de requerer uma menor capacidade do computador. Em adição, a comparação dos resultados

da sessão individual produz uma excelente compreensão da acurácia da rede, se as

observações redundantes suficientes nas estações idênticas tiverem sido incluídas. Pacotes de

Page 17: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

13

softwares para processamento de dados GPS de redes maiores são usualmente baseados no

conceito multi-estação-multi-sessão (SEEBER, 2003 p. 285).

Quando três ou mais receptores são usados em um projeto multi-sessão, o modelo

de um plano de observação torna-se um problema de otimização entre eficiência, acurácia e

confiabilidade. Sendo assim, algumas considerações devem ser feitas. O número de linhas de

base possíveis em uma sessão e o número de linhas de base independentes é dado pelas

expressões 13 e 14. O número de sessões requeridas é dado por (SEEBER, 2003):

−−

=mrmns , (15)

onde:

s – número de sessões, sendo este arredondado para o maior inteiro próximo;

r – número de receptores operando simultaneamente;

n – número de estações;

m – número de estações com mais de uma observação entre duas sessões diferentes.

Como duas ou mais estações são reocupadas em cada sessão, algumas linhas de

base são determinadas duas vezes. Assim, na rede toda, o número de linhas de base

independentes é ( )1rs − e o número de linhas de base determinadas duas vezes é

( )( )1m1s −− .

De posse das observações ∆X, ∆Y e ∆Z, obtidas a partir do processamento das

linhas de base, é realizado o ajustamento de redes GPS utilizando o método paramétrico. O

modelo matemático para um levantamento de redes GPS é similar ao do nivelamento

geométrico e, é dado por:

ijij

ijij

ijij

ZZZ

YYY

XXX

−=∆

−=∆

−=∆

, (16)

onde, ∆X, ∆Y e ∆Z são as observações e X, Y e Z as incógnitas.

Page 18: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

14

3.6 Controle de qualidade

Como em muitas outras ciências, dados empíricos são usados na geodésia para

fazer inferência sobre a realidade física. Na verdade o que se faz é associar a realidade física

por meio de modelos matemáticos. Estes modelos consistem de duas partes: o modelo

funcional e o estocástico. A partir do modelo funcional, tenta-se descrever a relação existente

entre somente observáveis ou entre observáveis e parâmetros desconhecidos do modelo. O

modelo estocástico é usado para capturar uma incerteza esperada ou variabilidade dos dados

empíricos. Um levantamento GPS é dito ser de qualidade para o propósito a que se destina,

quando é realizado com precisão suficiente e confiável. A precisão das coordenadas é

expressa pela sua MVC, que é obtida pela propagação dos erros aleatórios, enquanto a

confiabilidade descreve a capacidade de detectar a presença de erros na modelagem e no

próprio levantamento (TEUNISSEN,1998 p. 271).

A nova Lei de Registros Públicos Nº 10.267/2001 estabelece que a identificação,

a localização, os limites e as confrontações dos imóveis rurais serão obtidos a partir de

memorial descritivo contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites do mesmo,

georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e com precisão melhor que 0,50 m

(1 sigma). O que fica implícito é que a acurácia também deve ser de ±0,50 m, ao grau de

confiança de 1σ (68,3%), conforme definido na Norma Técnica do INCRA (INCRA, 2003).

Dessa forma, é necessário investigar procedimentos adequados para a análise e controle de

qualidade do ajustamento de dados GPS.

Para o controle de qualidade do ajustamento do levantamento em questão, alguns

dos testes estatísticos para detecção de erros e identificação de observações com erros

grosseiros são descritos a seguir.

3.6.1 Teste estatístico (Qui-quadrado)

No ajustamento é comum adotar um valor qualquer para o fator de variância a

priori ( 20σ ), o que não acarreta nenhum efeito no resultado do ajustamento (GEMAEL, 1994).

Após o ajustamento pode-se estimar o valor para fator de variância em função dos resíduos,

chamado de fator de variância a posteriori ( 20σ̂ ). Com os valores de 2

0σ e 20σ̂ , pode-se fazer

Page 19: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

15

uma análise da qualidade do ajustamento, através do teste estatístico conhecido como Qui-

quadrado ( 2χ ), denominado também como TGM (Teste Global do Modelo).

Este teste tem como objetivo detectar erros seja nas observações ou nos modelos,

verificando a compatibilidade das observações com o modelo matemático. O teste leva à

formação de duas hipóteses, a hipótese básica ( 0H ) e a alternativa ( aH ) (CAMARGO, 2000

p. 184):

{ } 20

200 ˆE:H σ=σ

contra (17)

{ } 20

20a ˆE:H σ>σ .

Para a validação de uma das hipóteses, compara-se o valor calculado por:

glˆ

T 20

202

σ=χ= , (18)

que tem distribuição Qui-quadrado com gl (graus de liberdade), com os valores teóricos da

distribuição Qui-quadrado ( 22/1,gl α−χ ).

A hipótese básica não é rejeitada, ao nível de significância α, no teste estatístico

unidimensional, se:

22/1,glT α−χ< . (19)

Caso contrário significa que há problemas no ajustamento, ou seja, a estatística

calculada (T) não tem distribuição Qui-quadrado. Assim, uma análise deve ser feita para

verificar as possíveis razões ou circunstâncias que levaram a falha no teste. Pode-se ter

problemas no modelo matemático ou no estocástico e, a presença de erros grosseiros, dentre

outros.

Page 20: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

16

3.6.2 Teste estatístico para a detecção de erros grosseiros nas observações

O processo de estimação proporciona resíduos que possuem uma mistura de todos

os tipos de erros, sendo impossível separá-los no mundo real de acordo com sua classificação.

Algumas propriedades estatísticas dos resíduos são requeridas para resolver o problema. Um

outlier é definido como um resíduo que contradiz tal propriedade estatística. Isto possibilita

definir uma estratégia de teste usando conceitos estatísticos, dependendo, portanto do nível de

risco e distribuição assumidos, bem como do procedimento do teste. Independente da

diferença entre a definição de erro grosseiro e outlier, assume-se que os outliers detectados

são causados por erros grosseiros (CAMARGO, 2000).

As estratégias de detecção de outlier têm suas raízes alicerçadas nos trabalhos do

Professor Baarda da Universidade Técnica de Delft, cuja técnica é denominada Data

Snooping (CAMARGO, 2000 p. 185). Pope, seguindo linhas similares a de Baarda apresentou

outro método, o qual é denominado de Método de Pope e é descrito em MONICO (2003) e

CAMARGO (2000).

3.6.2.1 Método de Baarda : Data Snooping

A identificação da observação com erro usando o método de Baarda, é efetuada

através do cálculo das correções normalizadas (w), dadas por (CAMARGO, 2000 p. 186):

PCPC

PVCwv

T

T

Σ= , (20)

sendo que o vetor C representa a redundância parcial, P a matriz dos pesos e vΣ a MVC dos

resíduos. O vetor C é um vetor n-dimensional, contendo elementos unitários para as

observações a serem testadas, e zero para as outras posições. O numerador da equação 16

representa o chamado resíduo transformado e o denominador o erro estimado. O resultado é a

estatística W, a qual é conhecida como correção normalizada, cujo valor é empregado no teste

estatístico.

Page 21: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

17

Analisando-se um resíduo por vez, o vetor C tem a seguinte forma:

CT = [0....0 1 0.....0], (21)

1....0 i 0.....n

sendo que i representa a observação a ser testada. Na presença de estrutura diagonal para a

MVC das observações, a expressão 4 é reduzida à chamada equação de Data Snooping:

iv

ii

vw

σ= , com ni1 ≤≤ , (22)

onde:

wi representa a correção normalizada;

vi representa o resíduo da i-ésima observação;

ivσ o desvio-padrão do respectivo resíduo.

Neste caso, a MVC dos resíduos é calculada com o fator de variância a priori

( 20σ ), sendo dada pela equação:

ab LLV Σ+Σ=Σ ⇒ TX

120V AAP

aΣ+σ=Σ − ⇒

T120

120V ANAP −− σ+σ=Σ ⇒ ( )T112

0V AANP −− +σ=Σ . (23)

A estatística wi tem como distribuição a raiz quadrada da distribuição F com 1

grau de liberdade no numerador e ∞ no denominador, ou seja, ( )∞α ,1F . A raiz quadrada da

distribuição F tem distribuição normal padrão, isto é, ( )∞α ,1F = ( )1,0N 2/α , podendo-se

escrever que ( )∞α ,1F = 21,αχ .

As hipóteses formuladas neste teste descrevem que na hipótese básica, a

observação i não contém erro (∇li), contra uma hipótese alternativa que supõe o oposto

(CAMARGO, 2003 p. 187):

Page 22: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

18

H0: ∇li = 0

contra (24)

Ha: ∇li ≠ 0.

A hipótese não é rejeitada a um determinado nível de significância 0α ( 0nα=α ,

desigualdade de Bonferroni), se:

2/i2/ 00 NwN αα <<− (25)

ou

21,i

21, 00

w αα χ<<χ− . (26)

O Método de Baarda (Data Snooping) baseia-se no fato de que somente uma

observação é afetada por um erro grosseiro. Se mais de uma observação contêm erros

grosseiros, a teoria falha. O seguinte procedimento é aconselhável para os casos em que mais

de uma observação é rejeitada. Deve-se, primeiramente, analisar a observação com maior

valor wi. Despreza-se ou corrige-se tal observação e repete-se o ajustamento, aplicando o

método novamente. O processo se repete até que não haja mais observações suspeitas de

conter outliers. No entanto, o analista deverá verificar se há qualquer problema com a

eliminação da observação. Se isto ocorrer, é provável que o dado tenha que ser coletado

novamente (MONICO, 2003).

3.6.2.2 Método de Pope: Teste Tau

A diferença fundamental entre o método de Pope e de Baarda reside no fato de

considerar que se conhece ou não o fator de variância a priori ( 20σ ). No método de Baarda

assume-se que este fator é conhecido, possibilitando aplicar o TGM. No método de Pope, 20σ

é desconhecido e conseqüentemente não se aplica o TGM. O método de Pope é baseado no

resíduo padronizado dado por (MONICO; SILVA, 2003):

Page 23: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

19

iv

ii S

vt = , (27)

onde, ivS é o valor estimado do desvio-padrão do resíduo vi. Este valor é obtido a partir da

extração da raiz quadrada do enésimo elemento da diagonal de vΣ .

Tanto o resíduo como o seu desvio-padrão são usualmente estimados a partir dos

mesmos dados, sendo, portanto estatisticamente dependentes. Desta forma, a razão dada pela

expressão (27) não segue a distribuição t de Student. Esta expressão é governada pela

distribuição Tau (τ) com (n-u) graus de liberdade (gl). Tem-se, portanto (MONICO; SILVA,

2003):

glv

ii

iSv

t τ≈= . (28)

A tabela da distribuição Tau não é facilmente encontrada nos livros de estatística,

tal como é a da distribuição t de Student. É, portanto conveniente apresentar a expressão que

converte a variável τ em t e vice-versa:

21gl

1glgl

t1gl

tgl

+−=τ , (29)

( )glpara,

gl

1t 22gl

2gl1gl

1gl <ττ−

τ−=τ −

− . (30)

Ao definir a hipótese nula H0 do método de Pope, assume-se também que todas as

observações têm distribuição normal. Desta forma, os resíduos estimados no método

paramétrico tem média nula, isto é:

{ } { }{ }0vE:H

n,,2,1i0vE:H

ia

i0≠

∈∀= K . (31)

Page 24: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

20

A probabilidade do erro tipo I do teste, isto é o nível de significância α, o qual

consiste dos n testes individuais, é usualmente escolhido como sendo 5%. O nível de

significância α0 para o teste unidimensional é dado aproximadamente por:

( ) n/10 11 α−−=α . (32)

A hipótese nula H0 é rejeitada para um resíduo vi se:

( ) ( )gltouglt2

i2

i 00 αα τ>τ< . (33)

A observação correspondente ao resíduo testado é por definição um outlier e desta

forma um candidato à investigação adicional. Assim como no método de Baarda (Data

Snooping), o de Pope (Método Tau) baseia-se no fato de que somente uma observação é

afetada por um erro grosseiro. Se mais de uma observação contém erros grosseiros, a teoria

falha.

O seguinte procedimento é aconselhável para os casos em que mais de uma

observação é rejeitada. Deve-se primeiramente analisar a observação com maior valor wi ou

ti. Despreza-se tal observação e repete-se o ajustamento, aplicando o método novamente. O

processo se repete até que não haja mais observações suspeitas de conter outliers. No entanto,

o analista deverá verificar se há qualquer problema com a eliminação da observação. Se isto

ocorrer, é provável que o dado tenha que ser coletado novamente (MONICO; SILVA, 2003).

3.6.3 Medidas de confiabilidade

Embora os testes para detecção de erros, Data Snooping ou Tau, sejam benéficos

às análises pós-ajustamento, eles não quantificam a magnitude dos erros contidos nas

observações. Tais erros ocasionam a alteração dos resultados, como por exemplo, a alteração

das coordenadas dos pontos da rede geodésica. Sendo assim, é necessária a utilização das

medidas que indiquem o quanto as observações são confiáveis. Essas medidas são chamadas

medidas de confiabilidade e subdividem-se em (TEIXEIRA; FERREIRA, 2003):

• Confiabilidade interna: quantifica a menor porção do erro existente na

observação que pode ser localizado com uma dada probabilidade, ou seja,

Page 25: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

21

indica o erro mínimo que se encontra em uma observação que é sensível ao

teste;

• Confiabilidade externa: quantifica a influência externa dos erros não

detectáveis nas coordenadas dos pontos.

3.6.3.1 Confiabilidade interna

No caso da confiabilidade interna, estima-se o valor mínimo erro detectável

( i0l∇ ) na observação ( il ), conforme a equação (LEICK, 1995):

( )n,,1i,r

l ii li

00 K=σ

δ=∇ , (34)

onde:

0δ - parâmetro de não-centralidade;

ilσ - desvio-padrão da i-ésima observação;

ir - redundância parcial.

As redundâncias parciais ( ir ) são benéficas ao controle das observações e variam

de 0 a 1, sendo que os valores de redundância próximos de zero, podem indicar erros

significativos, uma vez que o resíduo não reflete suficientemente o possível erro embutido na

observação (LEICK, 1995). As redundâncias parciais são obtidas a partir de uma matriz

descrita pela seguinte expressão (TEIXEIRA; FERREIRA, 2003):

Pˆ1R V20

Σσ

= , (35)

onde , os elementos da diagonal da matriz ( ( )n,,2,1iri L== ) também são conhecidos como

número de redundância.

Page 26: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

22

O número de redundância ir pode ser interpretado como a contribuição de uma

simples observação il à redundância total do sistema r, e constitui-se em uma medida da

controlabilidade local (KAVOURAS, 1982 apud AMORIM, 2004):

( )PQtraçorr vvn

1ii =∑=

=, (36)

onde, vvQ é a matriz co-fator dos resíduos ( T11 AAP −− − ).

O parâmetro de não-centralidade ( 0δ ) na equação 34 é obtido por meio da

distribuição normal reduzida, o qual pode ser calculado por (KUANG, 1996 apud TEIXEIRA;

FERREIRA, 2003):

1

20 0

Z −βα θ−=δ , (37)

onde:

2

Zα significa o valor crítico ao nível de significância α ;

10−βθ é a função de probabilidade inversa da distribuição normal reduzida.

Após obter o valor de i0l∇ , estima-se o possível erro embutido nas observações a

partir da equação:

( )n,,1i,rv

li

ii K==∇ (38)

sendo, iv o resíduo da i-ésima observação.

A observação ( il ) possui um erro significativo se, estaticamente:

i0i ll ∇≥∇ . (39)

Page 27: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

23

3.6.3.2 Confiabilidade externa

A confiabilidade externa trata somente da influência dos erros não detectáveis nas

coordenadas dos pontos. Assim, o vetor das correções X na presença de um erro grosseiro

il∇ é dado por (TEIXEIRA; FERREIRA, 2003):

( ) XXlPlANPLANllLPNAX̂ iiT1T1

iiT ∇+−=∇+−=∇−−= −− , (40)

onde, il é a i-ésima coluna de uma matriz identidade nn × .

Assim, o efeito do erro grosseiro il∇ no vetor solução é dado por:

iiT1 lPlANX ∇=∇ − . (41)

3.7 Transformação de coordenadas e sistemas com propagações de covariâncias

A lei 10.267/2001 exige que a apresentação das coordenadas seja no sistema UTM

(Universal Traversa de Mercartor) em SAD 69, juntamente com suas precisões. Dessa forma,

como o ajustamento de redes é realizado a partir de coordenadas no sistema cartesiano, é

necessário efetuar transformações entre coordenadas e entre Data (SAD 69, SIRGAS

2000/WGS 84-G1150), bem como a propagação de covariâncias.

3.7.1 Coordenadas curvilíneas para cartesianas e vice-versa

A transformação de coordenadas geodésicas curvilíneas para geodésicas

cartesianas se da pela seguinte expressão (MONICO, 2005):

[ ]

ϕ+−λϕ+λϕ+

=

senh)e1(Nsencos)hN(coscos)hN(

ZYX

2, (42)

Page 28: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

24

onde:

N – grande normal ( 2/122 )sene1(aN

ϕ−= );

e – excentricidade do elipsóide referencia;

ϕ, λ, h - latitude, longitude e altitude geométrica, respectivamente.

A propagação de covariâncias é dada por:

ThXYZ DD ϕλΣ=Σ , (43)

onde:

D – matriz Jacobiana;

XYZΣ – MVC das coordenadas curvilíneas;

hϕλΣ – MVC das coordenadas cartesianas.

A matriz D é calculada a partir das derivadas parciais da equação 42 em relação a

ϕ, λ, h (AGHIAR; CAMARGO; GALO, 2002):

ϕϕ+λϕλϕ+λϕ+−λϕλϕ+−λϕ+−

=sen0cos)hM(

sencoscoscos)hN(sensen)hM(coscossencos)hN(cossen)hM(

D , (44)

onde, M é o raio de curvatura da seção meridiana (322

2

)sene1(

)e1(aMϕ−

−= ).

Para o caso de propagar as covariâncias na transformação de coordenadas

cartesianas para curvilíneas, segue que:

1T

XYZ1

h DD−

Σ=Σ −ϕλ , (45)

onde, D-1 é dada pela inversa da matriz da equação 44.

Page 29: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

25

3.7.2 Coordenadas cartesianas para UTM

Para transformar coordenadas cartesianas em UTM, deve-se seguir as seguintes

etapas:

1º ) Transformar de coordenadas cartesianas para curvilíneas (3.7.1);

2º ) Transformar de curvilíneas para TM;

3º ) Transformar de TM para UTM.

Nas seções a seguir são mostrados os três processos de transformações de

coordenadas e respectivas propagações de covariâncias.

3.7.2.1 Coordenadas curvilíneas para TM

As expressões a seguir realizam a transformação de coordenadas curvilíneas para

TM (BLACHUT; CHRZANOWSKI; SAASTAMOINEN, 1979):

L

L

+λ∆+λ∆+λ∆=

+λ∆+λ∆+λ∆+ϕ=5

53

31

66

44

22

aaay

aaaBx, ( 46)

onde:

0λ−λ=λ∆ , sendo 0λ a longitude do meridiano central e λ a longitude do ponto;

B – comprimento de arco de meridiano em função da latitude ϕ do ponto;

621 a,,a,a L – coeficientes calculados em função de ϕ e dos parâmetros do elipsóide.

O comprimento de arco de meridiano ( B )é calculado por:

)senAsenAsenA1(coscsenAcAB 88

44

2210 ϕ++ϕ+ϕ+ϕϕ−ϕ= L , (47)

onde:

c – raio polar de curvatura (bac

2= );

a – semi-eixo maior do elipsóide;

Page 30: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

26

b – semi-eixo menor do elipsóide.

810 A,,A,A L - coeficientes que podem ser obtidos por:

88

266

2244

22222

222221

222220

e640231A

e400

11791e256105A

e1500002210691e

641251e

7235A

e5217605134271e

111210871e

1441391e

85A

e186021231e

7048371e

60771e

16251e

43A

e100991e

64631e

36351e

6151e

431A

′=

′−′=

′−′−′=

′−′−′−′=

′−′−′−′−′=

′−′−′−′−′−=

(48)

onde, 2

222

b)ba(e −

=′ é a segunda excentricidade.

Os coeficientes 621 a,,a,a L da equação 46 são dados pelo conjunto de

expressões a seguir:

( )( )

( )( )( )L

L

+ϕ+ϕ−=

+ϕ′+ϕ′−+ϕ−+=

ϕ′+ϕ′+ϕ+−=

ϕ′+ϕ+−=

ϕ=

′+

ϕ

=

4226

6242215

6442224

42213

12

221

cos120cos601a3601a

cose72cose5824cos201a120

1a

cose4cose9cos61a121a

cosecos21a61a

sena21a

ecos

1

ca

. (49)

Page 31: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

27

Para fazer a propagação de covariâncias, utiliza-se a seguinte equação:

Txy DD ϕλΣ=Σ , (50)

onde:

xyΣ – MVC das coordenadas curvilíneas;

ϕλΣ – MVC das coordenadas TM.

A matriz D é obtida a partir do cálculo das derivadas parciais da equação 46 em

relação a ϕ e λ. As equações 51 a 54 mostram o valor de cada elemento da matriz D

(AGHIAR; CAMARGO; GALO, 2002):

( )

( )( )( )

( )( )( )ϕϕ−ϕϕ

λ∆+

ϕ+ϕ+−ϕ+ϕ−λ∆

+

ϕϕ′+ϕϕ′+ϕϕλ∆

ϕ′+ϕ′+ϕ+−ϕ+ϕ−λ∆

+

λ∆ϕ+ϕ−λ∆

+′=ϕ∂∂

sencos480sencos120360

a

cos120cos61cosasenM720

sencose24sencose36sencos1212

a

cose4cose9cos61cosasenM24

cosasenM2

Bx

326

421

26

543224

644221

24

21

2

. (51)

56

342 a6a4a2x

λ∆+λ∆+λ∆=λ∂∂ , (52)

( )( )

( )[ ]( )[ ]ϕϕ′+ϕϕ′−+ϕϕ

λ∆−

ϕ′+ϕ′++ϕ−λ∆ϕ

ϕϕ′+ϕϕλ∆

ϕ′+ϕ+−λ∆ϕ

−λ∆ϕ−=λ∂∂

sencose432sencose23296sencos40120

a

cose72cose5824cos201120

senM

sencose4sencos46

a

cosecos216

senMsenMy

22325

1

624225

323

1

4223

, (53)

45

231 a5a3ay

λ∆+λ∆+=λ∂∂ . (54)

Page 32: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

28

A derivada do comprimento de arco do meridiano ( B′ ), que aparece na equação

51, é obtido a partir das derivadas parciais da equação 47 em relação a ϕ (AGHIAR;

CAMARGO; GALO, 2002):

( )( ) ( )( ) ( )ϕ−ϕϕ+ϕ−ϕϕ+

ϕ−ϕϕ+ϕ−ϕϕ+

ϕ−ϕ+=ϕ∂∂

=′

22881

22661

22441

22221

2210

cos9sencsenAAcos7sencsenAA

cos5sencsenAAcos3sencsenAA

cossencAcABB

. (55)

3.7.2.2 Coordenadas TM para UTM

Para realizar a transformação de coordenadas TM para UTM, basta calcular as

seguintes equações (BLACHUT; CHRZANOWSKI; SAASTAMOINEN, 1979):

Hemisfério Sul:

y9996,0000.500Ex9996,0000.000.10N

+=+=

, (56)

Hemisfério Norte:

y9996,0000.000.10Ex9996,0N

+==

. (57)

Como nas equações 56 e 57 os modelos são lineares, a MVC das coordenadas

UTM será:

T

xyNE GGΣ=Σ . (58)

onde:

NEΣ – MVC das coordenadas UTM;

G – matriz identidade (2 x 2);

xyΣ – MVC das coordenadas TM (seção 3.7.2.1).

Page 33: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

29

3.7.3 Sistema SAD 69 para SIRGAS 2000

A transformação de sistema se da através das coordenadas cartesianas, aplicando a

elas os parâmetros de translação entre os sistemas, como segue (IBGE, 2005):

∆∆∆

+

=

ZYX

ZYX

ZYX

entrada

entrada

entrada

saída

saída

saída, (59)

onde, ∆X, ∆Y, ∆Z são os parâmetros de translação.

No caso de transformar de SAD 69 para SIRGAS 2000, os parâmetros de

translação são: ∆x = −67,35 m, ∆y = 3,88 m e ∆z = −38,22 m. A propagação de coordenadas

neste caso se dá da seguinte forma:

TZYXZYXZYX GG

entradaentradaentradasaídasaídasaída ∆∆∆Σ=Σ , (60)

onde, G é dada pelas derivadas parciais da equação 59 em relação Xentrada, Yentrada, Zentrada, ∆X,

∆Y, ∆Z:

=

100100010010001001

G (61)

e ZYXZYX entradaentradaentrada ∆∆∆Σ é a MVC das coordenadas cartesianas no sistema de entrada e

dos parâmetros de translação entre os sistemas e dada por:

Σ

Σ=Σ

∆∆∆∆∆∆

ZYX

ZYXZYXZYX 0

0entradaentradaentrada

entradaentradaentrada. (62)

Vale ressaltar que, atualmente no Brasil, não são fornecidos pelo IBGE os valores

de ZYX ∆∆∆Σ da transformação de SAD 69 para SIRGAS 2000.

Page 34: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

30

3.8 Otimização dos algoritmos no ajustamento de redes GPS

O conjunto de equações utilizadas no ajustamento foi descrito na seção 3.3. O

ajustamento em sua forma convencional utiliza matrizes de grandes dimensões e, geralmente,

com muitos valores nulos. Para solucionar este problema pode-se aplicar os conceitos de

matrizes esparsas, matrizes na forma vetorizada, além do conceito de listas lineares. Uma

breve descrição destes conceitos é apresentada a seguir.

3.8.1 Matrizes esparsas no ajustamento de redes GPS

Uma matriz esparsa é aquela que contém muitos elementos nulos e, neste caso,

existem técnicas computacionais para manipular e armazenar somente os valores não nulos

dessa matriz. A partir da utilização dessas técnicas é possível economizar espaço na memória

do computador e tempo na realização das operações com matrizes. A matriz A do

ajustamento, por exemplo, é composta por vários elementos nulos e somente alguns valores 1

e -1 como mostrado a seguir:

−−

=

LMMMMMM

L

L

L

100100010010001001

A . (63)

O grau de esparsidade de uma matriz pode ser calculado por:

%100elementos_de_total_número

nulos_elementos_de_númeroGE ⋅= . (64)

A princípio, com o objetivo de otimizar os cálculos, foram utilizadas algumas

subrotinas, em linguagem de programação Fortran que trabalham de forma vetorizada, ou

seja, os elementos não nulos das matrizes são armazenados em vetores. Estas subrotinas

foram desenvolvidas pelo Prof. Dr. João Francisco Galera Monico e utilizadas em forma de

DLLs no software para ajustamento de redes de nivelamento, denominado Ajunível (SILVA;

MONICO, 2004). A Tabela 1 mostra a dimensão das matrizes do ajustamento em sua forma

Page 35: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

31

convencional e em sua forma vetorizada, sendo que n é o número de observações e u é o

número de parâmetros.

Tabela 1 – Dimensões das matrizes no ajustamento

Matrizes Dimensão na forma convencional

Dimensão na forma vetorizada

A n x u (n*2) x 1 P n x n n x 1

L =L0 = Lb n x 1 n x1

Σxa = N (simétrica) u x u Triang. sup. em forma de vetor (u*(u+1)/2)

V = U = Xa u x 1 u x 1

Na Tabela 1, pode-se verificar a otimização na dimensão das matrizes envolvidas

no ajustamento. Desta maneira, o programa utiliza uma quantidade menor de memória do

sistema operacional e os cálculos são efetuados com maior rapidez. Um exemplo deste

processo de otimização pode ser demonstrado com a matriz A (equação 42), que na forma

vetorizada ( vetorA ) é composta somente com valores 1 e -1, sendo que a posição desses

elementos na matriz A é armazenada em um vetor (Loca_A) e é representada da seguinte

maneira:

[ ]

[ ]L

L

635241A_Loca

111111A vetor

=

−−−=. (65)

Mesmo com o processo de otimização descrito acima, ainda há uma desvantagem

neste tipo de armazenagem de dados (vetor) na memória do computador, pois eles são

armazenados seqüencialmente (estrutura estática) e, isto implica numa limitação do uso da

memória do computador e conseqüentemente na quantidade de observações a serem utilizadas

no ajustamento. Visando melhorar este problema foi implementado no AJURGPS o conceito

de listas ligadas linearmente aplicadas a matrizes esparsas.

3.8.2 Listas lineares

Há diferentes formas de organizar/agrupar um conjunto de n (n ≥ 0)

itens/elementos X1, X2, X3,..., Xn com o propósito de facilitar a sua manipulação. Uma lista

Page 36: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

32

linear é uma delas. Uma característica fundamental associada a esta estrutura é a noção de

seqüencialidade (posições relativas, um item após o outro) entre seus elementos, assim:

X1: primeiro elemento da lista;

Xn: último elemento da lista;

∀ Xj (1<j<n) → ∃ Xj-1 (predecessor) ∃ Xj+1 (sucessor).

Se n = 0, então a lista está vazia, sendo que n representa a cardinalidade do

conjunto, número de nós.

Na lista linear cada item é chamado nó e contém dois campos, um de informação

e um do endereço seguinte (Figura 1). O campo de informação armazena o real elemento

(info) da lista e o campo do endereço seguinte contém o endereço do próximo (next) nó na

lista. Esse endereço, que é usado para determinado nó, é conhecido como ponteiro. A lista

ligada inteira é acessada a partir de um ponteiro externo lista que aponta para (contém o

endereço de) o primeiro nó na lista. Por ponteiro externo, entende-se aquele que não está

incluído dentro de um nó, em vez disso seu valor pode ser acessado diretamente, por

referência a uma variável. O campo do próximo endereço do último nó na lista contém um

valor especial, conhecido como null, que não é um endereço válido. Esse ponteiro nulo é

usado para indicar o final de uma lista. Na Figura 1 é apresentado o esquema do conceito de

lista ligada (TENENBAUM; LANGSAM; AUGENSTEIN, 1995):

Figura 1 – Lista ligada linear

Fonte: Tenenbaum, Langsam, Augenstein, 1995.

Em uma lista linear é possível inserir, remover ou acessar valores a partir do

primeiro ou do último nó e dessa maneira, elas recebem nomes especiais (KNUTH, 1997):

• Pilha (stack): é uma lista linear a partir do qual todas as inserções e remoções

(e usualmente todos os acessos) são feitas a partir do fim da lista;

Page 37: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

33

• Fila (queue): é uma lista linear, no qual todas as inserções são feitas no fim da

lista; todas as remoções (e usualmente todos os acessos) são feitas no outro

fim;

• Deque (double-ended queue): é uma lista linear, no qual todas as inserções e

remoções (e usualmente todos os acessos) são feitas no fim da listas;

Existem outras estruturas de listas, como por exemplo, a lista circular, no qual o

campo next do último nó contém um ponteiro de volta para o primeiro nó, em vez de um

ponteiro nulo. A partir de qualquer ponto dessa lista, é possível atingir qualquer outro ponto

na lista.

A lista linear por ser um conjunto de nós pode ser representada por um vetor de

nós, o que não traz vantagens, haja vista que estes são alocados seqüencialmente na memória

do computador. Dessa maneira, a solução para o problema é permitir nós dinâmicos ao invés

de nós estáticos, de maneira que quando um nó for necessário, o armazenamento ficará

reservado para ele e, quando não for mais necessário, o armazenamento será liberado. Dessa

forma, o armazenamento para nós não mais em uso ficará disponível para outro propósito.

Além disso, não é estabelecido um limite predefinido sobre o número de nós. Enquanto

houver armazenamento suficiente para o programa como um todo, parte desse

armazenamento poderá ser reservada para uso como um nó (TENENBAUM; LANGSAM;

AUGENSTEIN, 1995).

Ocasionalmente, pode-se manter um nó adicional no início de uma lista. Esse nó

não representa um item na lista e é chamado nó de cabeçalho (head nodes) ou cabeçalho de

lista, além disso, ele pode ficar sem nenhuma informação ou conter, por exemplo, o número

de nós da lista.

O conceito de listas lineares aplicadas a matrizes esparsas pode ser encontrado em

Knuth (1997). Nesse tipo de representação, cada nó contém um índice linha e coluna (row e

col), o valor de interesse, e um apontador para a próxima linha (nextrow) e próxima coluna

(nextcol), além disso, existem duas outras listas especiais de nós de cabeçalhos, uma para a

linha e outra para a coluna e definida nesse trabalho como colhead e rowhead. Dessa forma, a

lista contendo a matriz esparsa M (equação 45), pode ser representada graficamente como

apresentada na Figura 2.

Page 38: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

34

=

mn1m

21

n111

a0a

00aa0a

M

L

MMMM

L

K

(66)

Figura 2 – Lista ligada para o caso de matrizes esparsas

3.9 Softwares de processamento de dados GPS

Os softwares produzidos pelos fabricantes de receptores são classificados como

softwares comerciais, enquanto que os produzidos por institutos científicos são os softwares

científicos. Os softwares do primeiro grupo são planejados para processamento de dados

vindos de um receptor específico. A maioria deles também aceita dados de outros receptores,

desde que no formato RINEX (Receiver INdependent Exchange format). Eles, geralmente,

oferecem uma grande variedade de opções e podem ser operados com relativa facilidade por

pessoas com média experiência em engenharia e tecnologia GPS. O desenvolvimento de um

software científico requer muita experiência e um amplo entendimento de sinais GPS e

comportamento de erros. E isto requer alguns anos de desenvolvimento e consiste em um

grande número de programas individuais, o que resulta em muitas linhas de código.

Usualmente, estes pacotes de softwares não são restritos a um só tipo de receptor, mas

Page 39: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

35

aceitam dados de uma grande variedade de receptores geodésicos, além de dados no formato

RINEX. Os pacotes servem, na maioria dos casos, para (SEEBER, 2003):

• uso profissional em pequenas redes para processamento rápido;

• uso profissional em levantamentos de alta acurácia, mesmo para grandes

distâncias;

• uso científico em pesquisas e educação;

• análise de dados e pesquisas científicas.

Além das opções padrão para o processamento rápido, estes pacotes de softwares

oferecem alternativas particulares para várias aplicações científicas. Operações iterativas são

essenciais. Alguns deles incluem opções para determinação de órbitas ou a estimação de

modelos atmosféricos (SEEBER, 2003).

Nem todos os softwares disponíveis realizam o ajustamento da rede envolvendo,

diretamente os dados GPS. Em geral, nos softwares comercias, processa-se cada linha de base

individualmente e adota-se no ajustamento como observáveis as componentes ∆X, ∆Y e ∆Z

das várias linhas de bases (ou azimute, distância e diferença de elevação) associadas às

respectivas MVCs (MONICO, 2000). Os softwares científicos para processamento de dados

GPS de grandes redes são, usualmente, baseados no conceito de multi-sessão-multi-estação

(SEEBER, 2003).

Neste projeto, para o processamento dos dados das redes GPS foram utilizados os

softwares GPSurvey e TGO (Trimble Geomatics Office) da Trimble Navigation, SKI-PRO da

Leica e GPSeq em desenvolvimento na FCT/UNESP. O módulo de processamento de linhas

de base destes softwares, o módulo “TRIMNET Plus Network Adjustment” no qual se pode

realizar o ajustamento da rede GPS fornecem diversas informações, dentre elas as

componentes ∆X, ∆Y e ∆Z do vetor da linha de base e respectiva MVC. Geralmente, nos

softwares comerciais, as coordenadas das estações conhecidas são inseridas sem considerar

sua precisão (injunções absolutas) e este fato, conforme já mencionado, proporciona

resultados com precisões muito otimistas.

Page 40: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

36

4 RESULTADOS

O software AJURGPS possibilita a extração das componentes ∆X, ∆Y e ∆Z com a

respectiva MVC e nomes das estações envolvidas no processamento de linhas de base

advindos de arquivos dos softwares GPSurvey, TGO, SKI-PRO e GPSeq. O AJURGPS

permite o ajustamento da rede GPS com introdução de injunções relativas, sendo possível no

ajustamento também considerar as covariâncias entre os valores das injunções. Além disso,

realiza o controle de qualidade através do teste Qui-quadrado e a detecção de erros grosseiros

através do teste Tau e do Data Snooping, além da implementação das redundâncias parciais, o

que possibilita ao usuário verificar a controlabilidade da rede ajustada.

O AJURGPS, a princípio utilizava algumas subrotinas escritas em Fortran

(DLLs), as quais trabalham de forma que consideram a MVC das observações como diagonal.

Para considerar todas as informações estocásticas disponíveis no ajustamento foram

programadas novas funções em C++ baseadas em algoritmos que utilizam os conceitos de

listas lineares e matrizes esparsas (seção 3.8). Para tanto foram utilizados alguns algoritmos

disponíveis em: http://www.codeproject.com/cpp/sparse_matrices.asp, os quais sofreram

modificações visando a adaptação para o ajustamento de redes GPS no AJURGPS. A próxima

seção mostra o software AJURGPS e suas principais interfaces de interação com o usuário.

4.1 Leitura de arquivos de processamento das linhas de base

Para obter o arquivo que contêm as informações detalhadas sobre o

processamento das linhas de base no GPSurvey, o usuário deve, através do menu

File Text_file... do módulo WAVE, selecionar a opção Detailed summaries e salvar o

arquivo “BLSUM.TXT”. A Figura 3 mostra um trecho do arquivo “BLSUM.TXT”, onde as

informações que estão em negrito serão extraídas pelo software AJURGPS.

Page 41: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

37

Figura 3 – Trecho do arquivo “BLSUM.TXT”

No caso do TGO, o arquivo que contêm as informações sobre o processamento

das linhas de base é obtido exportando o arquivo no formato de troca de dados da Trimble

(arquivo com a extensão .asc). A Figura 4 mostra um trecho do arquivo exportado pelo TGO,

o qual contém as componentes das linhas de base e respectivas informações estocásticas.

From Station: p1 Data file: 01631831.DAT Antenna Height (meters): 1.417 True Vertical 1.355 Uncorrected Position Quality: Fixed Control WGS 84 Position: 22° 17' 47.006897" S X 3660028.377 51° 41' 34.361178" W Y -4633215.570 361.961 Z -2404948.488 To Station: p2 Data file: 05791835.DAT Antenna Height (meters): 1.312 True Vertical 1.251 Uncorrected WGS 84 Position: 22° 17' 23.994317" S X 3660674.720 51° 41' 13.502968" W Y -4633070.506 381.753 Z -2404301.011 Start Time: 1/7/04 15:32:00,00 Local (1277 401520.00) Stop Time: 1/7/04 16:03:45,00 Local (1277 403425.00) Occupation Time Meas. Interval (seconds): 00:31:45,00 15.00 Solution Type: L1 fixed double difference Solution Acceptability: Passed ratio test Ephemeris: Broadcast Met Data: Standard Baseline Slope Distance Std. Dev. (meters): 926.299 0.000733 Forward Backward Normal Section Azimuth: 40° 08' 52.231672" 220° 08' 44.321007" Vertical Angle: 1° 13' 12.516009" -1° 13' 42.549809" Baseline Components (meters): dx 707.117911 dy 707.1015 dz 100.0 Standard Deviations (meters): 0.000719 0.001204 0.001125 dn 707.887 de 597.107 du 19.725 0.000748 0.000565 0.001534 dh 19.792 0.001534 Aposteriori Covariance Matrix: 5.170151E-007 -5.712642E-007 1.449985E-006 -4.763265E-007 1.007172E-006 1.266298E-006 . . .

Page 42: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

38

Figura 4 – Trecho do arquivo exportado pelo TGO

Para obter dados advindos do SKI-PRO deve-se processar todas as linhas de bases

e salvá-las individualmente em arquivos do tipo texto. A Figura 5 mostra um desses arquivos:

.

.

. [Observed Coordinates] [GPS] Vector=1:?:A0005:M0003:646.3429:145.0648:647.4773:0.00000052:-0.00000057:-0.00000048:0.00000145:0.00000101:0.00000127: Vector=1:?:A0005:M0003:646.3425:145.0655:647.4778:0.00000054:-0.00000058:-0.00000049:0.00000147:0.00000104:0.00000132: Vector=1:?:A0005:M0003:646.3429:145.0648:647.4773:0.00000052:-0.00000057:-0.00000048:0.00000145:0.00000101:0.00000127: Vector=1:?:A0006:M0008:524.3563:881.9723:-937.9408:0.00000376:-0.00000322:-0.00000089:0.00000475:0.00000127:0.00000115: Vector=1:?:A0006:M0008:524.3562:881.9722:-937.9409:0.00000372:-0.00000318:-0.00000088:0.00000472:0.00000126:0.00000114: Vector=1:?:A0006:M0008:524.3562:881.9723:-937.9408:0.00000372:-0.00000317:-0.00000088:0.00000480:0.00000130:0.00000116: Vector=1:?:M0003:M0004:-733.7676:-334.8874:-435.3859:0.00000112:-0.00000106:-0.00000055:0.00000188:0.00000063:0.00000079: Vector=1:?:M0003:M0004:-733.7676:-334.8874:-435.3859:0.00000114:-0.00000107:-0.00000055:0.00000187:0.00000061:0.00000079: Vector=1:?:M0004:M0005:-277.2566:-472.2144:471.2747:0.00000099:-0.00000078:-0.00000021:0.00000108:0.00000029:0.00000028: Vector=1:?:M0005:M0006:-531.4795:240.4575:-1236.9603:0.00000078:-0.00000059:-0.00000038:0.00000107:0.00000056:0.00000079: Vector=1:?:M0005:M0006:-531.4797:240.4578:-1236.9599:0.00000076:-0.00000058:-0.00000038:0.00000104:0.00000056:0.00000079: Vector=1:?:M0005:M0006:-531.4797:240.4578:-1236.9599:0.00000076:-0.00000058:-0.00000038:0.00000104:0.00000056:0.00000079: Vector=1:?:M0006:M0007:776.6095:737.2213:-257.6484:0.00000053:-0.00000039:-0.00000017:0.00000078:0.00000028:0.00000037: Vector=1:?:M0007:M0008:697.4154:880.8212:-651.2935:0.00000218:-0.00000276:-0.00000047:0.00000702:0.00000097:0.00000104: . . .

Page 43: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

39

Figura 5 – Arquivo de linha de base processada no SKI-PRO

O GPSeq também salva as linhas de base processadas em arquivos individuais,

um exemplo deste arquivo e mostrado na Figura 6:

Figura 6 – Arquivo de linha de base processada no GPSeq

4.2 Utilização do software AJURGPS

No AJURGPS o usuário tem a opção de abrir ou criar um novo projeto. Neste

último caso, ele salva um arquivo com extensão prj. Ao criar o projeto, primeiramente deve-

se introduzir algumas informações referentes ao levantamento, principalmente com relação ao

fator de variância a priori (default = 1) e o número de linhas de base (default = 2), conforme a

Figura 7:

Reference Id 91215 Rover Id M Stored Status Yes Ambiguity Status yes Start 12/12/2005 09:08:30 End 12/12/2005 11:19:00 Duration 2h 10' 30'' Type Static Solution type Phase Frequency Iono free (L3) dX 10365.6833 dY 8354.1209 dZ 14235.1263 Posn. Qlty 0.0010 Hgt. Qlty 0.0018 Posn. + Hgt. Qlty 0.0021 Slope Distance 19490.4476 Sd. Slope Distance 0.0007 Ref. Ant. Hgt. 0.6150 Rov. Ant. Hgt. 1.8780 Sd. X 0.0014 Sd. Y 0.0014 Sd. Z 0.0006 M0 0.3608 Q11 0.00001434 Q12 -0.00001083 Q13 0.00000057 Q22 0.00001522 Q23 -0.00000065 Q33 0.00000318 GDOP (min) 2.2 GDOP (max) 3.7 PDOP (min) 1.9 PDOP( max) 3.1 HDOP (min) 1.0 HDOP (max) 1.4 VDOP (min) 1.6 VDOP (max) 2.7

//Estacao: A0005 //Visada: M0003 dx 646.274 dy 145.141 dz 647.513 mvc: 0.454469E-04 -0.168486E-04 0.765682E-04 -0.152207E-04 0.743076E-05 0.112506E-03

Page 44: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

40

Figura 7 – Criação de um novo projeto no AJURGPS

Após a criação do projeto, o usuário pode importar dados advindos do GPSurvey,

TGO, SKI-PRO ou GPSeq através do menu Arquivo Importar Dados, conforme mostrado

na Figura 8. Além disso, é possível importar os dados de diferentes softwares num mesmo

projeto e integrá-los, desde que os processamentos das redes sejam integrados, por exemplo,

uma densificação de redes.

Page 45: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

41

Figura 8 – Importação de arquivos de processamento de linhas de base

No caso de importar arquivos advindos do SKI-PRO e do GPSeq, devem ser

selecionados todos os arquivos correspondentes às linhas de base processadas.

Realizada a importação dos dados, ajusta-se a rede (menu Cálculos Ajustar Rede

GPS). Porém, antes dessa etapa, é necessário abrir o arquivo de injunções (ANEXO B) com o

nome dos pontos de controle, coordenadas e respectivas variâncias e covariâncias, além de

outras informações. O usuário também pode introduzir esses dados manualmente. Além disso,

é necessário que o usuário selecione o tipo de coordenadas das injunções a serem utilizadas no

ajustamento (cartesianas ou curvilíneas), conforme mostra a Figura 9:

Figura 9 – Formas de entrada das injunções

A Figura 10 mostra o AJURGPS após a abertura de um arquivo de injunções:

Page 46: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

42

Figura 10 – Tabela de injunções com as coordenadas conhecidas e respectivas variâncias e covariâncias

Os resultados do ajustamento podem ser visualizados através de uma tabela que

contêm as coordenadas ajustadas e os respectivos desvios-padrão em três sistemas de

coordenadas: cartesianas, curvilíneas e UTM (Figura 11). Além disso, através da opção

Visualizar Relatório é mostrado um relatório que contêm várias informações, como o vetor

dos resíduos, redundâncias parciais, informações do teste Qui-quadrado, dentre outras (ver

ANEXO A). Já para o usuário que deseja verificar os resultados dos cálculos intermediários, o

AJURGPS salva um arquivo de log (AJURGPS.log) após os cálculos.

Page 47: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

43

Figura 11 – Visualização dos resultados do ajustamento

O usuário pode ainda, através do menu Visualizar Desenho, visualizar a

configuração da rede, além de varias outras opções, como efetuar zoom, arrastar e visualizar

as propriedades de pontos selecionados, como mostrado na Figura 12:

Figura 12 – Visualização do desenho da rede

Page 48: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

44

Se o ajustamento não passar no teste Qui-quadrado a certo nível de confiança, o

usuário tem a opção, sobre seu próprio risco, de mudar o valor deste nível, conforme mostra a

Figura 13:

Figura 13 – Configuração do teste Qui-quadrado

O usuário pode optar por realizar a detecção de erros (seção 3.6). No caso do

AJURGPS, ele realiza dois métodos de detecção: através do teste Tau e do teste Data

Snooping (Figura 14).

Figura 14 – Detecção de erros

Uma vez que o teste detecte erros grosseiros, o usuário pode isolar a observação

que contenha o maior resíduo padronizado e realizar o ajustamento novamente. Para uma

melhor análise, o usuário pode verificar no relatório exibido pelo AJURGPS, as redundâncias

parciais de cada observação e, conseqüentemente a controlabilidade da rede.

4.3 Análise das precisões no ajustamento de rede GPS

Para testar o AJURGPS foi ajustada uma rede GPS a partir de dados processados

no GPSurvey e no TGO. Esta rede foi obtida de um levantamento realizado no assentamento

Florestan Fernandes na região do município de Presidente Bernardes (LEITE; SOUZA;

Page 49: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

45

ANJOLETE, 2005). A Tabela 2 mostra as linhas de base exportadas pelo software TGO,

enquanto que a Figura 15 apresenta a configuração da rede.

Tabela 2 – Observações do levantamento

ESTAÇÃO VISADA ∆X (M) ∆Y (M) ∆Z (M) A0005 M0003 646,3429 145,0648 647,4773 A0005 M0003 646,3425 145,0655 647,4778 A0005 M0003 646,3429 145,0648 647,4773 A0006 M0008 524,3563 881,9723 -937,9408 A0006 M0008 524,3562 881,9722 -937,9409 A0006 M0008 524,3562 881,9723 -937,9408 M0003 M0004 -733,7676 -334,8874 -435,3859 M0003 M0004 -733,7676 -334,8874 -435,3859 M0004 M0005 -277,2566 -472,2144 471,2747 M0005 M0006 -531,4795 240,4575 -1236,9603 M0005 M0006 -531,4797 240,4578 -1236,9599 M0005 M0006 -531,4797 240,4578 -1236,9599 M0006 M0007 776,6095 737,2213 -257,6484 M0007 M0008 697,4154 880,8212 -651,2935

Figura 15 – Rede GPS ajustada no AJURGPS

No ajustamento da rede, os vértices A0005 e A0006 (Figura 15) tiveram suas

coordenadas injuncionadas de maneira que a rede foi ajustada considerando injunções

absolutas, injunções relativas sem covariâncias e finalmente injunções relativas com

covariância. As coordenadas das estações injuncionadas, juntamente com suas variâncias e

covariâncias são mostradas nas Tabelas 3 e 4:

Page 50: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

46

Tabela 3 – Coordenadas dos vértices injuncionados VÉRTICE X (m) Y (m) Z (m)

A0005 3660028,3774 -4633215,5703 -2404948,4882 A0006 3660081,8926 -4632901,0605 -2405473,0681

Tabela 4 – Variâncias e covariâncias dos vértices injuncionados

VÉRTICE σX (m) σXY (m) σY (m) σXZ (m) σZ (m) σYZ (m) A0005 0,0797 -4,0410*10-3 0,0997 -9,1435*10-4 0,0542 1,8688*10-3 A0006 0,0786 -3,81283*10-3 0,0982 -8,6646*10-4 0,0535 1,7665*10-3

Depois de realizados todos os ajustamentos, obtiveram-se as informações

relacionadas ao controle de qualidade a partir do teste Qui-quadrado, como pode ser visto na

Tabela 5:

Tabela 5 – Qualidade dos ajustamentos realizados

Experimentos Fator de variânciaa posteriori ( 2

0σ̂ ) 2calculadoχ 2

tabeladoχ Ajustamento aceito ao nível de confiança de 95%?

Injunção Absoluta 3,9983 95,9593 36,4164 NÃO Injunção Relativa Sem Correlação 0,0195 0,4688 36,4164 SIM

Injunção Relativa Com Correlação 0,0231 0,5547 36,4164 SIM

Na Tabela 5 pode-se observar que o fator de variância a posteriori teve o valor de

3,9983 com a utilização de injunção absoluta, sendo que com o uso de injunção relativa este

valor reduziu para 0,0195 e 0,0231 sem correlação e com correlação, respectivamente. Nota-

se também que somente nos casos com injunção relativa o ajustamento foi aceito no Teste

Qui-quadrado a um nível de confiança de 95% de probabilidade. As precisões posicionais, ou

seja a resultante das precisões em X, Y e Z, obtidas a partir da MVC das coordenadas (X, Y e

Z) ajustadas podem ser visualizadas na Tabela 6.

Tabela 6 – Precisão posicional das coordenadas ajustadas pelo AJURGPS

Vértices Injunção absoluta (mm)

Injunção relativa s/ covariância (mm)

Injunção relativa c/ covariância (mm)

A0005 3,1411 13,6090 13,7427 A0006 3,1411 13,6088 13,7424 M0003 3,5986 13,6090 13,7427 M0004 4,2234 13,6090 13,7427 M0005 4,7406 13,6090 13,7426 M0006 4,8466 13,6090 13,7426 M0007 5,0024 13,6089 13,7426 M0008 4,3279 13,6088 13,7425

Ao analisar a Tabela 6, verifica-se que ao utilizar injunções absolutas, a precisão

posicional das coordenadas ajustadas teve o valor máximo de 5,0024 mm e o mínimo de

Page 51: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

47

3,1411mm. No caso da injunção relativa sem covariância, esses valores ficaram em torno de

13,6090 mm. Já para injunção relativa considerando a covariância a precisão posicional ficou

em torno de 13,7426 mm. Dessa forma, confirma-se que ao utilizar injunções absolutas,

embora os valores das precisões posicionais das coordenadas ajustadas sejam mais atraentes,

esses são muito otimistas. Já na utilização de injunções relativas, seja com ou sem

covariância, os valores das precisões posicionais após o ajustamento são mais condizentes

com a realidade.

4.4 Comparação dos resultados do AJURGPS com o TGO

Com o intuito de analisar a capacidade de ajustamento de redes no AJURGPS, foi

escolhida uma rede formada de estações pertencente a RBMC, cujas linhas de base tem

comprimento em torno de 800 km (Figura 16). As coordenadas da estação PPTE foram

determinadas a partir das coordenadas de outras quatro estações, sendo elas denominadas

CUIB, PARA, UBAT e VICO.

Figura 16 – Configuração da rede GPS pertencente a RBMC

Esta rede foi ajustada tanto no AJURGPS quanto no TGO (disponível na

FCT/UNESP). Vale ressaltar que o TGO transforma as componentes cartesianas do vetor das

linhas de base nas observações de azimute da seção normal, distância e diferença de altitude

geométrica, sendo os modelos matemáticos não-lineares. Já no AJURGPS os modelos

Page 52: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

48

matemáticos envolvidos no ajustamento são lineares, o que por si só deve causar diferenças

nos resultados do ajustamento da rede. Após os ajustamentos os resultados da estação PPTE

foram comparados com as coordenadas oficiais do IBGE, as quais são mostradas na Tabela 7:

Tabela 7 – Coordenadas oficiais da estação PPTE em SIRGAS 2000 Fonte: IBGE

Latitude σLat (m) Longitude σLong (m) Alt. (m) σalt (mm) -22º 07’11,6571” 0,001 -51º 24’30,7225” 0,001 431,05 0,003

A Tabela 8 mostra as linhas de base processadas no TGO e a Tabela 9 contêm os

valores das coordenadas dos pontos a serem injuncionados no ajustamento. Vale enfatizar que

o software TGO não permite a introdução das precisões das injunções.

Tabela 8 – Observações do levantamento ESTAÇÃO VISADA ∆X(m) ∆Y(m) ∆Z(m)

CUIB PPTE 256913,0184 478822,8902 -687447,4533 CUIB PPTE 256912,9549 478822,8926 -687447,4556 VICO PPTE -685658,9031 -561179,6147 -139920,6601 VICO PPTE -685658,9264 -561179,5953 -139920,6378 UBAT PPTE -441943,3215 -474075,7182 140736,1231 UBAT PPTE -441943,3155 -474075,6930 140736,1361 PARA PPTE -76127,3052 -255704,8571 337524,3281 PARA PPTE -76127,2859 -255704,8618 337524,3321

Tabela 9 – Injunções consideradas no ajustamento da rede (SIRGAS 2000) Fonte: IBGE

Ponto Latitude σLat (m) Longitude σLong (m) Alt. (m) σAlt (m) CUIB -15°33'18,94680" 0,001 -56°04'11,51960" 0,001 237,440 0,002 PARA -25°26'54,12690" 0,001 -49°13'51,43730" 0,002 925,770 0,002 UBAT -23°30'00,63750" 0,001 -45°07'08,04670" 0,001 6,070 0,004 VICO -20°45'41,40200" 0,001 -42°52'11,96220" 0,002 665,960 0,002

Após o ajustamento no TGO, verificou-se que não foram detectados erros a partir

do teste Tau e o mesmo ocorreu para o ajustamento no AJURGPS A Tabela 10 mostra os

resultados dos ajustamentos.

Tabela 10 – Resultados do ajustamento da rede GPS (SIRGAS 2000)

TGO AJURGPS Injunção Relativa

Latitude -22°07'11,6570" -22º07'11,6570'' σLat (m) 0,003 0,088

Longitude -51°24'30,7218" -51º24'30,7218'' σLong (m) 0,006 0,064 Alt. (m) 431,032 431,039 σAlt (m) 0,015 0,095

Fator de variância a posteriori 9,98 46,9844 Teste Qui-quadrado (a = 95%) Não passou Não passou

Page 53: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

49

Ao analisar a Tabela 10, verifica-se que ambos os ajustamentos não passaram no

teste Qui-quadrado ao nível de confiança de 95%. Nota-se também, que os fatores de

variância a posteriori tiveram valores bem diferentes no TGO e no AJURGPS. Essa diferença

pode estar relacionada ao fato do TGO efetuar o ajustamento com modelos não-lineares e com

iterações (no caso deste ajustamento foram duas iterações), além disso, não se têm

conhecimento a respeito da modelagem estocástica adotada pelo TGO. Já o AJURGPS

trabalha com modelos lineares e, conseqüentemente, sem iterações. Outro fato é a

possibilidade de introdução de injunções no AJURGPS, o que justifica os maiores valores.

Como não foram indicados erros grosseiros e assumindo que não há problemas

com a modelagem matemática, entre outros fatores, o fato do ajustamento não ser aceito no

teste global Qui-quadrado pode ser devido a problemas na modelagem estocástica. A solução

para esse caso seria “relaxar” o modelo estocástico (estratégia de ponderação), através da

multiplicação de um escalar pela MVC das observações. Porém, considerando que no

ajustamento realizado pelo TGO não se adotou nenhuma estratégia de ponderação, o mesmo

foi feito para o ajustamento no AJURGPS. É importante ressaltar que a MVC dos parâmetros

foi multiplicado pelo fator de variância a posteriori tanto no TGO quanto no AJURGPS.

Ao comparar as coordenadas da estação PPTE ajustadas pelo TGO e pelo

AJURPGS com as coordenadas oficiais do IBGE em SIRGAS 2000, foram obtidas as

discrepâncias, como podem ser vistas na Tabela 11.

Tabela 11 – Discrepâncias com relação as coordenadas oficiais da estação PPTE em SIRGAS 2000 (IBGE) Ajustamento ∆ Latitude (m) ∆ σLat (m) ∆ Longitude (m) ∆ σLong

(m) ∆ Alt. (m) ∆ σAlt (m)

TGO 0,003 0,002 0,022 0,005 0,018 0,012 AJURGPS Injunção Relativa

0,003 0,087 0,022 0,063 0,011 0,092

Analisando a Tabela 11, nota-se que as maiores discrepâncias em coordenadas

foram com relação à longitude, atingindo um valor de 0,022 m no ajustamento por ambos os

softwares. Já para as discrepâncias em precisão os maiores valores foram com relação à

precisão da altitude, atingindo 0,012 m no TGO e 0,092 m no AJURGPS. Enfim, no que diz

respeito às discrepâncias em precisão o AJURGPS proporcionou maiores valores que os do

TGO. Isto decorre do fato do AJURGPS realizar o ajustamento considerando a injunção

relativa, visto que dessa maneira, as precisões das coordenadas injuncionadas são propagadas

para as coordenadas das estações incógnitas. Portanto, ao analisar os resultados, nota-se que

em termos de coordenadas, estas são praticamente as mesmas e apenas em termos de

Page 54: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

50

precisões é que houve maiores modificações. Isso vem de encontro com as normas técnicas do

INCRA, na qual a precisão é o único elemento a ser analisado em atendimento à lei

10.267/2001, cuja precisão posicional deve ser melhor que 0,50 metros.

Page 55: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

51

5 CONCLUSÃO

Uma detalhada revisão bibliográfica sobre os assuntos envolvidos neste projeto de

IC foi realizada. Para a implementação do aplicativo AJURGPS foi desenvolvida uma

interface no ambiente C++ Builder e a otimização dos algoritmos foi feita a partir dos

conceitos de listas lineares e matrizes esparsas visando o ajustamento considerando as

informações estocásticas. Além disso, foram implementadas a leitura de arquivos de linhas de

base advindos do processamento nos softwares GPSurvey, TGO, SKI-PRO e GPSeq; o

controle de qualidade utilizando o teste Qui-quadrado e o teste para a detecção de erros Data

Snooping; a transformação entre coordenadas e entre Data; e o desenho da rede com varias

opções, como por exemplo, visualização das propriedades de um ponto selecionado e

ampliado via zoom.

Visando testar o software desenvolvido foi ajustada uma rede GPS localizada no

assentamento Florestan Fernandes em Presidente Bernardes. O ajustamento foi realizado

utilizando injunções absolutas e relativas com e sem covariâncias. Os resultados mostraram

que na utilização de injunções absolutas, os valores das precisões posicionais das coordenadas

são realmente otimistas, enquanto que na utilização de injunções relativas, seja com ou sem

covariância, os valores das precisões posicionais apresentam-se mais realísticos.

Na última etapa do projeto, a qual se refere ao período de renovação, foi escolhida

uma rede de estações que compõem a RBMC, cujas linhas de base possuem comprimento em

torno de 800 km, visando realizar análises quanto a capacidade de ajustamento de redes no

AJURGPS. Notou-se que as discrepâncias entre as coordenadas obtidas pelo AJURGPS e as

coordenadas oficiais fornecidas pelo IBGE foram praticamente iguais às fornecidas pelo

software TGO. Porém, quanto às discrepâncias na precisão, os valores do AJURGPS foram

maiores que o do TGO, mostrando que quando se realiza o ajustamento considerando as

informações estocásticas e as propagações nas transformações de coordenadas, este se torna

mais realístico.

Vale ressaltar que essa pesquisa de iniciação científica foi de grande importância

para comunidade em geral, visto que resultou em um produto que irá beneficiar muitos

trabalhos relacionados à área de Geociências, principalmente com relação à Lei 10.267/2001.

Recomendam-se, como trabalhos futuros, realizar outros testes, mas com redes

maiores, com cálculos das medidas de confiabilidade interna e externa. Quanto a

representação da rede, que atualmente é baseada na projeção UTM, recomenda-se que seja

baseado num outro tipo de projeção, visto que quando os limites de uma propriedade

Page 56: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

52

ultrapassar o fuso, deverá ocorrer problemas. Recomenda-se, ainda, a elaboração de um

módulo de ajuda, ou manual explicativo sobre o AJURGPS. Pretende-se, o mais breve

possível, disponibilizá-lo para uso da sociedade brasileira, o que auxiliará nos trabalhos da lei

10.267/2001.

Page 57: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

53

6 REFERÊNCIAS

AGHIAR, C. R.; CAMARGO, P. O.; GALO, M. Transformação de coordenadas e datum com propagação de covariâncias. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOMÁTICA. 2002. Presidente Prudente. Anais... Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2002. ALVES, D. B. M.; SOUZA, E. M.; FORTES, L. P.; MONICO, J. F. G. Formulação Matemática para o Cálculo da VRS no RTK em Rede. In: XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA, 2005, Macaé, RJ, Anais... AMORIM, G. P. Confiabilidade de Rede GPS de Referência Municipal: Estudo de caso: Rede do Município de Vitória (ES). Dissertação (Mestrado em Transportes) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. BLACHUT, T. J.; CHRZANOWISKI, A.; SAASTAMOINEM, J. H. Urban surveying and mapping. Springer-Verlag, New York, 1979. BRANDÃO, A. C.; CARNEIRO, A. F. T. A Lei 10.267/2001 e sua regulamentação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO. 2002. Florianópolis. Anais em CD-Rom. Florianópolis: UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, 2002. BRASIL. Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001. Altera dispositivos das Leis nos 4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e da outra providências. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br>. Acesso: 2006. BRASIL. Decreto nº 4.449, de 30 de outubro de 2002. Dispõe sobre a regulamentação da lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 2006. BRASIL. Portaria nº 954, de 13 de novembro de 2002. Diário Oficial – Nº 222 – Seção 1, segunda-feira, 18 de novembro de 2002. Disponível em <http://www.incra.gov.br>. Acesso em 2006. CAMARGO, P. O. Ajustamento de Observações. Presidente Prudente, 2000. Notas de Aula do Curso de Graduação em Engenharia Cartográfica. FCT/UNESP. GEMAEL C. Introdução ao Ajustamento de Observações: Aplicações Geodésicas. Curitiba: UFPR, 1994.

Page 58: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

54

IBGE. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Resolução do Presidente. Altera a caracterização do Sistema Geodésico Brasileiro. Rio de Janeiro, 2005. INCRA. Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais. Brasília, Nov. 2003. KNUTH, D. E. The Art of Computer Programming: Fundamental Algorithms. 3rd ed. Massachussets: Addison-Wesley, 1997. 650p. LEICK, A. GPS Satellite Surveying.2nd .ed. New York: Wiley, 1995. 435p. LEITE, C. C. P., SOUZA, C, R. R., ANJOLETE JÚNIOR, N. Metodologias para Levantamentos de Propriedades Rurais para Atender a Lei 10.267/2001. 2005. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Cartográfica) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente-SP, 2005. MACHADO, W. C. Solução Rápida das Ambigüidades GPS para Aplicações no Posicionamento Relativo de Linhas de Base Curtas. Dissertação (Mestrado em Ciências Cartográficas) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2001. MARINI, M. C. Integração da Rede GPS ITESP ao Sistema Geodésico Brasileiro. Dissertação (Mestrado em Ciências Cartográficas) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2002. MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: Descrição, Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Unesp, 2000. 287p. MONICO, J. F. G., SILVA, E. F. Controle de Qualidade em Levantamentos no Contexto da Lei Nº 10.267. Curitiba: UFPR, 2003. 15p. MONICO J. F. G. Ajustamento das observáveis GPS no contexto de posicionamento geodésico, Tese de Livre Docência, - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2005. SEEBER, G. Satellite Geodesy: Foundations, Methods, and Applications. Berlin, New York: Walter de Gruyter, 2003. 589p.

Page 59: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

55

SILVA, H. A., MONICO, J. F. G. Integração de Linguagens de Programação. Estágio não-obrigatório, - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2004. TEIXEIRA, N. N.; FERREIRA, L. D. D. Análise da confiabilidade de redes geodésicas. Boletim de Ciências Geodésicas. Curitiba, v. 9, n. 2, p. 199-216, jul-dez 2003. TENENBAUM, A. M.; LANGSAM, Y.; AUGENSTEIN, M. J. Estruturas de dados usando C. São Paulo: Makron Books, 1995. 884p. Tradução de: SOUZA, T. C. F. TEUNISSEN, P. J. G., KLEUSBERG, A. GPS for Geodesy. 2. ed. Berlin: Springer-Verlag, 1998.

Page 60: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

56

ANEXO A – Relatório criado pelo AJURGPS

DADOS DE ENTRADA DO PROJETO: Identificação: Ajustamento de Rede GPS Local: Faculdade de Ciencias e Tecnologia - UNESP Município: Presidente Prudente Estado: SP Finalidade: Testes Proprietário: Heloisa Alves da Silva Fator de variância a priori: 1 Observações: Iniciacao Cientifica Início: 01/07/04 Término: 01/12/06 OBSERVAÇÕES DO LEVANTAMENTO SIRGAS 2000/WGS 84 (G1150): ----------------------------------------------------------------- Est. Vis. DX(m) DY(m) DZ(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 M0003 646.3430 145.0647 647.4773 M0007 M0006 -776.6095 -737.2214 257.6484 M0008 M0007 -697.4152 -880.8217 651.2932 M0007 M0008 697.4150 880.8220 -651.2930 M0003 M0004 -733.7677 -334.8873 -435.3858 M0005 M0004 277.2566 472.2144 -471.2748 M0006 M0005 531.4797 -240.4578 1236.9599 A0006 M0008 524.3563 881.9722 -937.9409 ----------------------------------------------------------------- VALORES AJUSTADOS (CARTESIANAS) SIRGAS 2000/WGS 84 (G1150): ----------------------------------------------------------------- Ponto X(m) Y(m) Z(m) Sigma X(m) Sigma Y(m) Sigma Z(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 3660028.3814 -4633215.5612 -2404948.4810 6.5320e-03 8.1655e-03 4.4442e-03 A0006 3660081.8887 -4632901.0693 -2405473.0751 6.5318e-03 8.1653e-03 4.4441e-03 M0003 3660674.7244 -4633070.4965 -2404301.0037 6.5320e-03 8.1655e-03 4.4442e-03 M0004 3659940.9567 -4633405.3838 -2404736.3895 6.5319e-03 8.1655e-03 4.4442e-03 M0005 3659663.7001 -4633877.5982 -2404265.1147 6.5319e-03 8.1654e-03 4.4442e-03 M0006 3659132.2204 -4633637.1404 -2405502.0746 6.5319e-03 8.1654e-03 4.4442e-03 M0007 3659908.8299 -4632899.9190 -2405759.7230 6.5319e-03 8.1654e-03 4.4442e-03 M0008 3660606.2450 -4632019.0971 -2406411.0160 6.5319e-03 8.1654e-03 4.4441e-03 ----------------------------------------------------------------- VALORES AJUSTADOS (CURVILINEAS) SIRGAS 2000/WGS 84 (G1150): ----------------------------------------------------------------- Ponto LAT(Graus Dec.) LONG.(Graus Dec.) h(m) Sigma Lat.(m) Sigma Long.(m) Sigma h(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 -22º 17' 47.0067'' -51º 41' 34.3609'' 361.9540 4.5421e-03 4.8674e-03 7.1032e-03 A0006 -22º 18' 5.4200'' -51º 41' 26.0836'' 363.3711 4.5421e-03 4.8679e-03 7.1030e-03 M0003 -22º 17' 23.9942'' -51º 41' 13.5027'' 381.7461 4.5421e-03 4.8679e-03 7.1034e-03 M0004 -22º 17' 39.4587'' -51º 41' 40.8678'' 369.1701 4.5421e-03 4.8671e-03 7.1034e-03 M0005 -22º 17' 22.8329'' -51º 41' 58.6927'' 374.2708 4.5421e-03 4.8664e-03 7.1036e-03 M0006 -22º 18' 6.4280'' -51º 42' 8.0573'' 364.1907 4.5421e-03 4.8665e-03 7.1032e-03 M0007 -22º 18' 15.3759'' -51º 41' 30.8028'' 372.0661 4.5421e-03 4.8679e-03 7.1029e-03 M0008 -22º 18' 38.1566'' -51º 40' 52.6071'' 379.8971 4.5421e-03 4.8694e-03 7.1025e-03 -----------------------------------------------------------------

Page 61: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

57

VALORES AJUSTADOS (COORD. UTM) SIRGAS 2000/WGS 84 (G1150): ----------------------------------------------------------------- Ponto E(m) N(m) MC Fuso Sigma E(m) Sigma N(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 428628.8682 7534202.4129 -51 22 2.3816e-05 5.2879e-05 A0006 428868.3037 7533637.3124 -51 22 2.3817e-05 5.2879e-05 M0003 429222.4855 7534912.7490 -51 22 2.3814e-05 5.2879e-05 M0004 428441.6101 7534433.6508 -51 22 2.3815e-05 5.2878e-05 M0005 427929.1943 7534942.5218 -51 22 2.3813e-05 5.2876e-05 M0006 427667.4542 7533600.7773 -51 22 2.3817e-05 5.2876e-05 M0007 428734.6772 7533330.5593 -51 22 2.3818e-05 5.2879e-05 M0008 429830.7085 7532635.0506 -51 22 2.3821e-05 5.2882e-05 ----------------------------------------------------------------- VETOR DOS RESÍDUOS: ----------------------------------------------------------------- Resíduos da(s) observação(ões) ----------------------------------------------------------------- Obs. DX(m) DY(m) DZ(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 - M0003 -1.3724E-06 3.4515E-06 3.7476E-06 M0007 - M0006 4.4026E-07 -1.1475E-06 -1.0582E-06 M0008 - M0007 1.1568E-04 -2.0511E-04 -1.1176E-04 M0007 - M0008 8.4322E-05 -9.4894E-05 -8.8238E-05 M0003 - M0004 -6.0416E-07 1.1999E-06 8.2254E-07 M0005 - M0004 9.8530E-07 -1.9586E-06 -2.2159E-06 M0006 - M0005 2.7097E-06 -5.3961E-06 -3.3950E-06 A0006 - M0008 2.6832E-06 -5.3638E-06 -3.3898E-06 ----------------------------------------------------------------- Resíduos da(s) injunção(ões) ----------------------------------------------------------------- Ponto X(m) Y(m) Z(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 3.9936E-03 9.1232E-03 7.2306E-03 A0006 -3.9309E-03 -8.7532E-03 -7.0430E-03 ----------------------------------------------------------------- REDUNDÂNCIAS PARCIAIS: ----------------------------------------------------------------- Obs. ----------------------------------------------------------------- Obs. DX(m) DY(m) DZ(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 - M0003 0.0000 0.0001 0.0002 M0007 - M0006 0.0000 0.0000 0.0001 M0008 - M0007 0.6246 0.8672 0.5738 M0007 - M0008 0.3755 0.1329 0.4263 M0003 - M0004 0.0001 0.0001 0.0000 M0005 - M0004 0.0001 0.0001 0.0001 M0006 - M0005 0.0003 0.0002 0.0002 A0006 - M0008 0.0003 0.0002 0.0002 ----------------------------------------------------------------- Redundâncias Parciais da(s) injunção(ões) ----------------------------------------------------------------- Ponto X(m) Y(m) Z(m) ----------------------------------------------------------------- A0005 0.5065 0.5072 0.5060 A0006 0.4926 0.4920 0.4930 ----------------------------------------------------------------- Fator de variância a Posteriori (m): 0.0136 O ajustamento foi aceito a um nível de confiança de 95%. Valor Qui-Quadrado calculado: 0.0817 Valor Qui-Quadrado tabelado: 12.5924

Page 62: unesp 03 U UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA · 3.6.2.1 Método de Baarda : ... conceito de RTK em rede, o qual utiliza uma rede de estações de referência. Nesse tipo de ... controle

58

ANEXO B – Arquivo de injunções

//Datum das injunções (SIRGAS2000/WGS84(G1150) = 0; SAD69 = 1):

0

//Ponto Latitude(graus min seg S/N) Sigma_Lat(m) Longitude(graus min seg L/O) Sigma_Long(m) h(m) Sigma_h(m)

CUIB 15 33 18.9468 S 0.000001 56 04 11.5196 O 0.000001 237.44 0.000001

PARA 25 26 54.1269 S 0.000001 49 13 51.4373 O 0.000001 925.77 0.000001

UBAT 23 30 00.6375 S 0.000001 45 07 08.0467 O 0.000001 6.07 0.000001

VICO 20 45 41.4020 S 0.000001 42 52 11.9622 O 0.000001 665.96 0.000001

________________________________ ________________________________

João Francisco Galera Monico Heloísa Alves da Silva