Unidade 1

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Direito E Globalização

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Unidade 1: Pesquisa: noes preliminaresTexto para reflexo:Evans-Pritchard, um antroplogo, estudou profundamente a crena de um grupo africano na feitiaria. Assim ele descreve uma situao do cotidiano deste grupo:A princpio achei estranho viver entre os Azande e ouvir suas ingnuas explicaes de infortnios que, para ns, tm causas evidentes. Depois de certo tempo aprendi a lgica do seu pensamento e passei a aplicar noes de feitiaria de forma to espontnea quanto eles mesmos, nas situaes em que o conceito era relevante. Um menino bateu o p num pequeno toco de madeira que estava no seu caminho coisa que acontece freqentemente na frica e a ferida doa e incomodava. O corte era no dedo e era impossvel mant-lo limpo. Inflamou. Ele afirmou que bateu o dedo no toco por causa da feitiaria. Como era meu hbito argumentar com os Azande e criticar suas declaraes, foi o que fiz. Disse ao garoto que ele batera o p no toco de madeira porque ele havia sido descuidado, e que o toco no havia sido colocado no caminho por feitiaria, pois ele ali crescera naturalmente. Ele concordou que a feitiaria no era responsvel pelo fato de o toco estar no seu caminho, mas acrescentou que ele tinha os seus olhos bem abertos para evitar tocos como, na verdade, os Azande fazem cuidadosamente e que se ele no tivesse sido enfeitiado ele teria visto o toco. Como argumento final para comprovar o seu ponto de vista ele acrescentou que cortes no demoram dias e dias para cicatrizar, mas que, ao contrrio, cicatrizam rapidamente, pois esta a natureza dos cortes. Por que, ento, sua ferida havia inflamado e permanecido aberta, se no houvesse feitiaria atrs dela? (E. Evans Pritchard. Witchcraft, Oracles and Magic among the Azande, . 64-67: Apud: ALVES, Rubem. In: Filosofia da cincia: introduo ao jogo e suas regras, p. 17)Qual a sua avaliao sobre este relato?

A cincia na Idade MdiaIdade MdiaDurante a Idade mdia, na Europa, predomina a religio crist. A religio crist acabou por ser a herdeira da civilizao grega e romana. Depois da derrocada do imprio romano, foram os cristos e os rabes , espalhados por diversos mosteiros, que preservaram o conhecimento antigo. Dada a sua formao essencialmente religiosa, tinha tendncia para encarar o conhecimento, sobretudo o conhecimento da natureza, de uma maneira religiosa. O nosso destino estava nas mos de Deus e at a natureza nos mostrava os sinais da grandeza divina. Restava-nos conhecer a vontade de Deus. Para isso, de nada serve a especulao filosfica se ela no for iluminada pela f. E o conhecimento cientfico no pode negar os dogmas religiosos e deve at fundament-los. A cincia e a filosofia ficam assim submetidas religio; a investigao livre deixa de ser possvel. Esta atitude de totalitarismo religioso ir acabar por ter conseqncias trgicas para Galileu e para Giordano Bruno (1548-1600), tendo este ltimo sido condenado pela Igreja em funo das suas doutrinas cientficas e filosficas: foi queimado vivo. As teorias dos antigos filsofos gregos deixaram de suscitar o interesse de outrora. A sabedoria encontrava-se fundamentalmente na Bblia, pois esta era a palavra divina e Deus era o criador de todas as coisas. Quem quisesse compreender a natureza, teria, ento, que procurar tal conhecimento no diretamente na prpria natureza, mas nas Sagradas Escrituras. Elas que continham o sentido da vontade divina e, portanto, o sentido de toda a natureza criada. Era isso que merecia verdadeiramente o nome de cincia. Compreender a natureza consistia em interpretar a vontade de Deus e o problema fundamental da cincia consistia em enquadrar devidamente os fenmenos naturais com o que as Escrituras diziam. Assim se reduzia a cincia teologia O mundo medieval inequivocamente um mundo teocntrico e a instituio que se encarregou de fazer perdurar durante sculos essa concepo foi a Igreja. A Igreja alargou a sua influncia a todos os domnios da vida. No foi apenas o domnio religioso, foi tambm o social, o econmico, o artstico e cultural, e at o poltico. Com o poder adquirido, uma das principais preocupaes da Igreja passou a ser o de conservar tal poder, decretando que as suas verdades no estavam sujeitas crtica e quem se atrevesse sequer a discuti-las teria de se confrontar com os guardies em terra da verdade divina. A cincia est subordinada filosofia e esta teologia. A igreja define que a Terra um tabernculo retangular rodeado por um abismo de gua. Nesta poca, desenvolve-se uma cultura livresca (escolstica) e o universo consolidado no sculo XIV como antropocntrico, santificado pela religio e racionalizado pela concepo geocntrica.

A Terra na Idade mdiaTodavia, comeou a surgir, por parte de certos pensadores, a necessidade de dar um fundamento terico, ou racional, f crist. Era preciso demonstrar as verdades da f; demonstrar que a f no contradiz a razo e vice-versa. Se antes se dizia que era preciso crer para compreender, deveria ento se juntar compreender para crer. A f revela-nos a verdade, a razo demonstra-a. Assim, f e razo conduzem uma outra. Investigaes recentes revelaram que houve mesmo assim algumas contribuies que iriam ter a sua importncia no que posteriormente viria a pertencer ao domnio da cincia. Destaca-se a influncia de Sto Agostinho e S. Toms de Aquino. O primeiro estava mais prximo das idias platnicas e o segundo procurava adaptar as teses filosficas de Aristteles viso crist do universo. S. Toms (1224-1274) veio dar ao cristianismo todo um suporte filosfico, socorrendo-se para tal dos conceitos da filosofia aristotlica que se v, deste modo, cristianizada. Tanto os conceitos de Aristteles como a sua cosmologia (geocentrismo reformulado por Ptolomeu: o universo formado por esferas concntricas, no meio do qual est a Terra imvel) foram utilizados e adaptados doutrina crist da Igreja por S. Toms. Aristteles passou a ser estudado e comentado nas escolas (que pertenciam Igreja, funcionando nos seus mosteiros) e tornou-se, a par das Escrituras, uma autoridade no que diz respeito ao conhecimento da natureza. No final da Idade Mdia, Nicolau Coprnico (1473-1543) resgata o pensamento astronmico grego e prope um universo heliocntrico e finito (limitado pela esfera das estrelas fixas e sua obra proibida pela Inquisio Catlica). Coprnico com a publicao do seu livro A Revoluo das rbitas Celestes veio defender uma teoria que no s se opunha doutrina da Igreja, como tambm ao mais elementar senso comum, enquadrados pela autoridade da filosofia aristotlica largamente ensinada nas universidades da poca: essa teoria era o heliocentrismo. O heliocentrismo, ao contrrio do geocentrismo at ento reinante, veio defender que a Terra no se encontrava imvel no centro do universo com os planetas e o Sol girando sua volta, mas que era ela que se movia em torno do Sol.

A pesquisa cientfica alguns questionamentos

O que pesquisa?

Segundo Gil (2007, p. 17), pesquisa definida como o

(...) procedimento racional e sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que so propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constitudo de vrias fases, desde a formulao do problema at a apresentao e discusso dos resultados.

S se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta, uma dvida para a qual se quer buscar a resposta. Pesquisar, portanto, buscar ou procurar resposta para alguma coisa. As razes que levam realizao de uma pesquisa cientfica podem ser agrupadas em razes intelectuais (desejo de conhecer pela prpria satisfao de conhecer) e razes prticas (desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficaz).Para se fazer uma pesquisa cientfica, no basta o desejo do pesquisador em realiz-la; fundamental ter o conhecimento do assunto a ser pesquisado, alm de recursos humanos, materiais e financeiros. irreal a viso romntica de que o pesquisador aquele que inventa e promove descobertas por ser genial. Claro que se h de considerar as qualidades pessoais do pesquisador, pois ele no se atreveria a iniciar uma pesquisa se seus dados tericos estivessem escritos numa lngua que ele desconhece.Mas, por outro lado, ningum duvida que a probabilidade de ser bem- sucedida uma pesquisa quando existem amplos recursos materiais e financeiros (para pagar um tradutor, por exemplo) muito maior do que outra com recursos deficientes.Assim, quando formos elaborar um projeto de pesquisa, devemos levar em considerao, inicialmente, nossos prprios limites. Nisso, no se inclui o fato de no sabermos ler numa determinada lngua, pois, se o trabalho for importante e estiver escrito em russo, devemos encaminh-lo para traduo pessoa habilitada.O planejamento, passo a passo, de todos os processos que sero utilizados, faz parte da primeira fase da pesquisa cientfica, que envolve ainda a escolha do tema, a formulao do problema, a especificao dos objetivos, a construo das hipteses e a operacionalizao dos mtodos.

O que metodologia?

Para Fonseca (2002), methodos significa organizao, e logos, estudo sistemtico, pesquisa, investigao; ou seja, metodologia o estudo da organizao, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer cincia. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa cientfica. importante salientar a diferena entre metodologia e mtodos. A metodologia se interessa pela validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa; portanto, no deve ser confundida com o contedo (teoria) nem com os procedimentos (mtodos e tcnicas). Dessa forma, a metodologia vai alm da descrio dos procedimentos (mtodos e tcnicas a serem utilizados na pesquisa), indicando a escolha terica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de estudo.No entanto, embora no sejam a mesma coisa, teoria e mtodo so dois termos inseparveis, devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema, um objeto, ou um problema de investigao (MINAYO, 2007, p. 44).

Minayo (2007, p. 44) define metodologia de forma abrangente e concomitante

(...) a) como a discusso epistemolgica sobre o caminho do pensamento que o tema ou o objeto de investigao requer; b) como a apresentao adequada e justificada dos mtodos, tcnicas e dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas s indagaes da investigao; c) e como a criatividade do pesquisador, ou seja, a sua marca pessoal e especfica na forma de articular teoria, mtodos, achados experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo especfico de resposta s indagaes especficas.

O que conhecimento?

De acordo com Fonseca (2002, p. 10),

(...) o homem , por natureza, um animal curioso. Desde que nasce interage com a natureza e os objetos sua volta, interpretando o universo a partir das referncias sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento atravs das sensaes, que os seres e os fenmenos lhe transmitem. A partir dessas sensaes elabora representaes. Contudo essas representaes, no constituem o objeto real. O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou no. O conhecimento humano na sua essncia um esforo para resolver contradies, entre as representaes do objeto e a realidade do mesmo. Assim, o conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representao, pode ser classificado de popular (senso comum), teolgico, mtico, filosfico e cientfico.

Veremos mais adiante os diferentes tipos de conhecimento.Trocando em midos:Questes?-------------------------- busca da certezaPalpites / intuioPalpites vinham da Observao de algum Experincia (pessoas mais velhas)As pessoas que tinham mais experincia tinham mais capacidades intuir sobre determinada questo/ dvida, portanto ter mais certeza sobre as afirmaes que tinha feito.Aos dados que provem das experincias damos o nome de dados emprico.1637 partir da, um filsofo chamado Ren Descartes publicou O discurso do mtodo- institui a dvida. Para Descartes ns no deveramos duvidar das nossas intuies e das interpretaes dos nossos sentidos.Duvidou tanto que duvidou at da prpria existncia. Do EU. Chegou famosa concluso: Penso, logo existo.Como ele percebeu que tnhamos que nos basear em um outro tipo de dado.Percebeu que os dados QUANTITATIVOS DADOS QUE PODEM SER MEDIDOS PELA MATEMTICA traz mais confiabilidade que a intuio.Este foi o primeiro asso para o que chamamos de pesquisa cientfica.O que a pesquisa cientfica almeja aquilo que Descartes previu. A certeza que temos que ter para as nossas respostas.Depois do primeiro passo de Descartes, vrios filsofos comearam a pensar a respeito disso. Houve, ento um consenso par a necessidades da construo de um Mtodo Cientfico.O Mtodo Cientfico um conjunto de etapas que ns vamos estudar que faz com que tenhamos a pesquisa cientfica para se chegar a uma maior certeza.Temos que sempre verificar as falhas do processo para que cheguemos certeza cada vez maior.

Ren Descartes (1596-1650) foi um filsofo, fsico e matemtico francs. Autor da frase "Penso Logo Existo". considerado o criador do pensamento cartesiano, sistema filosfico que deu origem Filosofia Moderna. Sua preocupao era com a ordem e a clareza. Props fazer uma filosofia que nunca acreditasse no falso, que fosse fundamentada nica e exclusivamente na verdade. Uma nova viso da natureza anulava o significado moral e religioso dos fenmenos naturais. Determinava que a cincia deveria ser prtica e no especulativa.A obra de Descartes, "O Discurso Sobre o Mtodo", um tratado matemtico e filosfico, publicado na Frana em 1637 e traduzida para o latim em 1656. Em toda obra prevalece a autoridade da razo.

Leitura complementar: O que cientifico trecho retirado de:ALVES, Rubem. O que cientfico? Edies Loyola, SP, 2007.

RefernciasALVES, RUBEM. Filosofia da cincia: introduo ao jogo e suas regras. Editora Brasiliense. So Paulo, 1981. CHAU, MARILENA. Convite filosofia. Editora tica. So Paulo, 1994. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2007.

LUCKESI, CIPRIANO CARLOS e PASSOS, ELIZETE SILVA. Introduo filosofia - aprendendo a pensar. Cortez Editora. 2 Edio. So Paulo, 1993. MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, mtodo e criatividade. Petrpolis:Vozes, 2001.FOUREZ, GRARD. A construo das cincias - Introduo filosofia e tica das cincias. Editora Unesp. 1995. So Paulo.

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