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Programa de Pós-graduação em Letras – UNIFESP
Estudos Linguísticos e Literários
Guarulhos, 29 de junho de 2017
3o SELL Seminário de Estudos
Literários e Linguísticos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO Reitora: Profa. Dra. Soraya Soubhi Smaili
Vice-reitor: Nelson Sass
ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Diretora Acadêmica: Profa. Dra. Magali Aparecida Silvestre Vice-reitor: Prof. Dr. Janes Jorge
REALIZAÇÃO
PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM LETRAS Coordenador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva
Vice-coordenador: Prof. Dr. Orlando Vian Junior
SECRETÁRIA
Fernanda Maria Alves Lourenço
ORGANIZAÇÃO
Representantes discentes Fernanda Braz da Silva, Representante Suplente dos Estudos Literários
Jéssica Máximo Garcia – Representante Titular dos Estudos Linguísticos Maurina Lima Silva – Representante Titular dos Estudos Literários
Alunos do Programa: Anderson Buzato, Mestrando Estudos Linguísticos
Elton da Conceição Neves, Mestrando Estudos Linguísticos
Francielly Baliana Godoy, Mestranda Estudos Literários Vanessa Yamaguti, Mestranda, Estudos Linguísticos
Professores: Profa. Dra. Mirhiane Mendes de Abreu – Estudos Literários
Prof. Dr. Orlando Vian Jr. – Estudos Linguísticos
Endereço Eletrônico:
www.sellunifesp.com.br
Programa de Pós-Graduação em Letras Campus Guarulhos Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas • EFLCH
Estrada do Caminho Velho, 333 - Jardim Nova Cidade, - CEP 04021-001 – Guarulhos - SP E-mail: [email protected]
Telefone: (11) 5576-4848
As pesquisas em estudos literários e estudos linguísticos no Brasil crescem a olhos vistos,
como prova a criação de novos programas de pós-graduação na área em diferentes regiões do
país. É nesse contexto efervescente de pesquisa que ocorre o SELL – Seminário de Estudos
Linguísticos e Literários, atividade acadêmica do recente programa de Pós-Graduação em
Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Embora a UNIFESP tenha uma longa tradição na pesquisa médica, a Escola de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas acaba de completar 10 anos de existência. Trata-se de um ambiente
de intenso desenvolvimento, de reflexão e de constante produtividade no campo do
conhecimento humanístico, fazendo do SELL um espelho das pesquisas em andamento no
âmbito do mestrado em Letras.
Nesta terceira edição, pelo fato de terem ocorrido duas entradas no ano de 2016, o
seminário congrega os alunos ingressantes no primeiro e no segundo semestres e os trabalhos
estão agrupados primeiramente nas duas grandes áreas de estudos literários e linguísticos.
Inseridos nelas, organizam-se a partir das quatro linhas de pesquisa: (1) Questões de
representação: poéticas e suas reapropriações e (2) Literatura e autonomia: entre estética e
ética, em estudos literários e (3) Linguagem em novos contextos e (4) Linguagem e cognição,
no âmbito dos estudos linguísticos.
O evento almeja, como nas edições anteriores, propiciar um espaço tanto para a
divulgação, quanto para o debate das pesquisas em andamento. Além disso e acima de tudo,
nosso propósito é incitar a reflexão e a discussão sobre os diversos objetos investigados de
modo a tratar das inquietações metodológicas nos estudos da área, tema central do evento. Por
fim, o intuito do SELL é observar o que vem sendo produzido em nosso Programa de maneira
crítica, com vistas a futuras edições e avanço dos trabalhos acadêmicos aqui realizados .
Desejamos um evento muito produtivo a todos!
Profa. Dra. Mirhiane Mendes de Abreu – Estudos Literários Prof. Dr. Orlando Vian Jr. – Estudos Linguísticos Coorganizadores do III SELL
Sessões de comunicação (9h15-11h15)
Sessão 1 – Sala 302 (9h15-11h15)
Debatedores
Prof. Dr. Júlio Valle
Ma. Valéria Espanha
Discentes Título do trabalho
Adriana Silvia Vieira
PRÁTICAS COLABORATIVAS DE ESCRITA EM FORMAÇÃO
CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Adriano Gonçalves dos Santos
ETHOS DISCURSIVO, LETRAMENTOS E INCLUSÃO DIGITAL NA TERCEIRA
IDADE: AS TICs COMO POSSIBILIDADE DE INTERAÇÃO NA
SOCIEDADE
Alciene Carvalho Silva
O ARTIGO DE OPINIÃO NAS PROPOSTAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL APRESENTADAS NO LDP: REFLEXÕES
SOBRE O ENSINO DA ESCRITA
Jéssica Máximo Garcia
LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA E A FORMAÇÃO DE LEITORES A PARTIR DE GÊNEROS
MIDIÁTICOS
Rita de Cássia cavalcante de Couto
ANÁLISE DO DISCURSO E MÍDIAS TELEVISIVAS: COMPREENDENDO A
CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO FEMININO EM
PROGRAMAS DE INFOTENIMENTO
Murilo Dominguez Gouveia
APRENDIZADO DE LÍNGUAS NA ERA DIGITAL: O CALL E QUESTÕES DE
INTEGRAÇÃO
Sessão 2 – Sala 303 (9h15-11h15)
Debatedora
Profa. Dra. Indaiá Bassani
Discentes Título do trabalho
Caroline Paola Cots
O PAPEL DO CORPO, GESTOS, OLHAR E FALA EM INTERAÇÕES
FAMILIARES DE UMA CRIANÇA AUTISTA
Douglas Vidal Santiago
CONSTRUÇÃO CONJUNTA E MULTIMODALIDADE: AÇÕES
INVESTIGADAS A PARTIR DE INTERAÇÕES ENVOLVENDO UM
SUJEITO AUTISTA
Sarah Cristina Silva Leite Vargas
O INFINITIVO FLEXIONADO DO
PORTUGUÊS PAULISTA DOS SÉCULOS XVIII, XIX E XX: UMA
ANÁLISE SINTÁTICO- DIACRÔNICA
Stefanie Martin
A AQUISIÇÃO DO ARTIGO DEFINIDO EM L2
Sessão 3 – Sala 304 (9h15-11h15)
Debatedores
Prof. Dr. Orlando Vian Jr.
Me. Thiago Amaral
Discentes Título do trabalho
Karoline Caetano Brito PARATEXTOS FICCIONAIS EM
WATCHMEN
Simone Paula Marques Tinti DO ROMANCE PARA A HQ: A
TRANSPOSIÇÃO MIDIÁTICA DE DOIS IRMÃOS
Vanessa Yamaguti A EFETIVAÇÃO DOS QUADRINHOS NO PNBE (2006-2014): DA CAIXA AO
LEITOR
Helen Louise Spethmann Quiroga CONTOS DE FADAS NO FAROESTE:
ELEMENTOS DO MARAVILHOSO EM PRETTY DEADLY
Iris Maitê Fullas Aguiar
TEM UMA HISTÓRIA NESSE JOGO? ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA NO JOGO MIDDLE-EARTH: SHADOW OF MORDOR
DESENVOLVIDO COM BASE NOS ELEMENTOS DA TERRA MÉDIA DE
J.R.R. TOLKIEN
Sessão 4 – Sala 306 (9h15-11h15)
Debatedores
Profa. Dra. Joana Rodrigues
Prof. Dr. Rodrigo Cerqueira
Discentes Título do trabalho
Francielly Baliana Godoy
NAS VEIAS DA MEMÓRIA: UMA
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS OBRAS LAS VENAS ABIERTAS DE
AMERICA LATINA E LOS
NACIMIENTOS, DE EDUARDO GALEANO
Ana Lúcia Mendes Antonio O VOO ONÍRICO – SONHOS E
REPRESENTAÇÃO NA OBRA DE ANTONIO ALTARRIBA
David Aparecido de Melo
MILITÂNCIA POLÍTICA E FICÇÃO:
UMA ANÁLISE DE LA VOZ DE LA SANGRE, DE VICENTE BALLESTER, E DE AGONIA DA NOITE, DE JORGE
AMADO
Daisy Mota da Silveira
QUANDO AS PALAVRAS NÃO BASTAM: A REPRESENTAÇÃO DO TRAUMA NO ROMANCE GRÁFICO
EL ARTE DE VOLAR
Sessão 5 – Sala 305 (9h15-11h15)
Debatedoras
Profa. Dra. Ana Claudia Romano
Ma. Regina Oliveira
Discentes Título do trabalho
Cícera Jessiane Lins dos Santos
MEMÓRIAS DA CRIAÇÃO: AS CORRESPONDÊNCIAS DE
GRACILIANO RAMOS COMO ARQUIVOS DE SUA CONCEPÇÃO,
AVALIAÇÃO E PRODUÇÃO LITERÁRIA
Fernanda Braz da Silva A CORRESPONDÊNCIA PASSIVA DE MÁRIO DE ANDRADE EM FRANCÊS: ESCRITORES, EDITORES E CRÍTICOS
Vanessa Neri Rodrigues
AS CARTAS DE ÁLVARES DE AZEVEDO: TRAJETÓRIA E OLHARES
DE UM ROMÂNTICO ENTRE A PROVÍNCIA E A CAPITAL
Wagner Tavares da Silva
A GÊNESE DO TEMA DO AMOR NA OBRA DE MARCEL PROUST (OS
EXEMPLOS DE JEAN SANTEUIL E DE CHARLES SWANN)
Sessão 6 – Sala 307 (9h15-11h15)
Debatedores
Prof. Dr. Leonardo Gandolfi
Segundo debatedor a confirmar
Discentes Título do trabalho
Dieumettre JEAN
IDENTIDADE NACIONAL E INTERCULTURALIDADE: UMA
LEITURA DO ROMANCE COMPÈRE
GÉNÉRAL SOLEIL, DE JACQUES-STEPHEN ALEXIS
Maria de Jesus Rodrigues Pereira BORGES, CERVANTES E PIERRE
MENARD: O EXERCÍCIO DA
TRANSTEXTUALIDADE
Matheus Abreu Costa A DESINVENÇÃO POÉTICA EM
YVES BONNEFOY
Natália Carvalho Pinheiro PERSUASION: UMA ANÁLISE
SÓCIO-HISTÓRICA
Sessão 7 - Sala 212 (9h15-11h15)
Debatedor
Prof. Dr. Pedro Marques Neto
Discentes Título do trabalho
Carina de Lima Carvalho POETICIDADE EM NIKETCHE: UMA
HISTÓRIA DE POLIGAMIA, DE PAULINA CHIZIANE
Carmem Sílvia Félix Venturi CÉSAR AIRA: FUSÃO-HIBRIDIZAÇÃO DE GÊNEROS A PARTIR DO LIVRO LA
TROMPETA DE MIMBRE
Maricelma da Silva AS REPRESENTAÇÕES DE MARCELO
RUBENS PAIVA EM AINDA ESTOU AQUI
Sessões de comunicação (14h00-15h30)
Sessão 8 – Sala 102 (14h00-15h30)
Debatedores
Prof. Dr. Sandro Luis da Silva
Me. Felipe de Souza Costa
Discentes Título do trabalho
Anderson da Silva Buzato
A IDEOLOGIA NOS TEXTOS DE
CARTA CAPITAL E FOLHA DE S. PAULO A RESPEITO DAS
MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE
2013
Elvis Lima de Araujo
HETERODISCURSIVIDADE E MEMÓRIA DA LÍNGUA: TENSÕES
DIALÓGICAS EM TORNO DA
VARIANTE "NÓS PEGA O PEIXE"
Leandro de Oliveira Silva
MITO E PODER NA MÍDIA ATUAL: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA
REVISTA PODER
Sandra de Barros
COMPOSITORAS BRASILEIRAS: O DISCURSO SOBRE O UNIVERSO
FEMININO NA CANÇÃO POPULAR DO SÉCULO XXI EM DIÁLOGO
Elton da Conceição Neves NA ARENA DA LINGUAGEM: OS DISCURSOS, A PALAVRA E OS
SABERES
Sessão 9 – Sala 105 (14h00-15h30)
Debatedoras
Profa. Dra. Vanda Elias
Ma. Francielle Zurdo
Discentes Título do trabalho
Alexandre Passos Bitencourt
MULTIMODALIDADE EM LIVROS
DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO NONO ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Camila Dias Dutra
A HABILIDADE ORATÓRIA NO CADERNO DO ALUNO DO ESTADO
DE SÃO PAULO
Elio Valdir Moreno Junior
MULTIMODALIDADE NO MATERIAL DIDÁTICO DE INGLÊS -
O CADERNO DO ALUNO
Pedro Cerqueira da Silva
A RELAÇÃO ENTRE TEXTO E CONTEXTO: ANÁLISE DA
VARIÁVEL DE REGISTRO ‘CAMPO’
EM GÊNERO DE LIVROS DIDÁTICOS DO 9º ANO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Sessão 10 – Auditório (14h00-15h30)
Debatedores
Prof. Dr. Gustavo Scudeller
Prof. Dr. Ricardo Lísias
Discentes Título do trabalho
Alice Inácio dos Santos Souza
IMAGENS FLORAIS EM A ROSA DO POVO: POÉTICAS, POLÍTICA,
DIÁLOGOS
Maurina Lima Silva FICÇÃO E TENSÕES SOCIAIS NA
ESCRITA DE JOÃO GUMES: O CASO D’OS ANALPHABETOS
Thiago Rodrigues Batista
FIGURAÇÕES DO SUJEITO EM UM HOMEM NA MULTIDÃO, DE
RIBEIRO COUTO
Sessão 11 - Sala 303 (14h00-15h30)
Debatedora
Profa. Dra. Renata Philippov
Discentes Título do trabalho
Fabiana Fanganiello
TRAVESSIA E TRANSGRESSÃO NA
OBRA O AMANTE, DE MARGUERITE DURAS
Juliana Pires Fernandes
RUBEM FONSECA: VIOLÊNCIA E DUALIDADE NAS VOZES
NARRATIVAS
Tatiane Alves da Costa
UMA REFLEXÃO SOBRE A MASSA NO ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA:
SARAMAGO ENTRE WALTER BENJAMIN E A PSICANÁLISE
SUMÁRIO
ESTUDOS LITERÁRIOS
LINHA 1
QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO – POÉTICAS E SUAS REAPROPRIAÇÕES
Discente Página
Wagner Tavares da Silva 21
LINHA 2
LITERATURA E AUTONOMIA: ENTRE ESTÉTICA E ÉTICA
Discente Página
Alice Inácio dos Santos Souza 23 Ana Lúcia Mendes Antonio 24
Carina de Lima Carvalho 25 Carmem Sílvia Félix Venturi 26 Cícera Jessiane Lins dos Santos 27
Daisy Mota da Silveira 28 David Aparecido de Melo 29
Dieumettre JEAN 30 Fabiana Fanganiello 31 Fernanda Braz da Silva 32
Francielly Baliana Godoy 33 Helen Louise Spethmann Quiroga 34
Iris Maitê Fullas Aguiar 35 Juliana Pires Fernandes 36 Maria de Jesus Rodrigues Pereira 37
Maricelma da Silva 38 Matheus Abreu Costa 39
Maurina Lima Silva 40 Natália Carvalho Pinheiro 41 Tatiane Alves da Costa 42
Thiago Rodrigues Batista 43 Vanessa Neri Rodrigues 44
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Linha 1
LINHA LINGUAGEM EM NOVOS CONTEXTOS
Discente Página
Adriana Silvia Vieira 47 Adriano Gonçalves dos Santos 48
Alciene Carvalho Silva 49 Alexandre Passos Bitencourt 50 Anderson da Silva Buzato 51
Camila Dias Dutra 52 Elio Valdir Moreno Junior 53
Elton da Conceição Neves 54 Elvis Lima de Araujo 55 Jéssica Máximo Garcia 56
Karoline Caetano Brito 57 Leandro de Oliveira Silva 58
Murilo Dominguez Gouveia 59 Pedro Cerqueira da Silva 60 Rita de Cássia Cavalcante de Couto 61
Sandra de Barros 62 Simone Paula Marques Tinti 63 Vanessa Yamaguti 64
Linha 2
LINHA LINGUAGEM E COGNIÇÃO
Discente Página Caroline Paola Cots 66 Douglas Vidal Santiago 67
Sarah Cristina Silva Leite Vargas 68 Stefanie Martin 69
21
A GÊNESE DO TEMA DO AMOR NA OBRA DE MARCEL PROUST (OS EXEMPLOS DE JEAN SANTEUIL E DE CHARLES SWANN)
Wagner Tavares da Silva Orientador: Prof. Dr. Guilherme Ignácio da Silva
A presente comunicação tem por objetivo explicitar o estágio atual de nossa
pesquisa de mestrado cuja análise alia o estudo do texto publicado de Jean Santeuil (1952) e do romance Em Busca do Tempo Perdido (1913), de Marcel Proust, à análise do corpus manuscrito desse romance. O foco das análises –
tanto do texto publicado, quanto dos cadernos de esboços – é o estudo do tema do Amor. Tal sentimento tende a ser retomado em etapas sucessivas
ligadas tanto à personagem homônima da obra (Jean Santeuil) quanto à personagem de Charles Swann na obra Em Busca do Tempo Perdido. No que concerne a experiência do amor, Swann, personagem que expressa o alter
ego do narrador, engloba certos traços característicos bastante peculiares que serão novamente vivenciados pelo herói proustiano ao longo da obra. Como
aponta Tadié (1987, p.3) em sua introdução à obra de Proust, Jean Santeuil é já uma antecipação de Em busca do tempo perdido, e, consequentemente, o sentimento amoroso se produz de forma análoga nas personagens das obras.
Deste modo, a pesquisa partirá da análise da manifestação do amor de Charles Swann no texto publicado e então acompanhar a constituição progressiva
desse sentimento em Jean Santeuil, bem como no conjunto de manuscritos autógrafos nos quais esse tema é desenvolvido por Marcel Proust. Busca-se analisar e evidenciar que o tema do amor na obra do autor francês resulta em
um trabalho a partir do qual se verifica constante elaboração e recursividade. Tanto que algumas etapas sucessivas aparecerão em obras diferentes, em
personagens diferentes, seja no ciclo de romances Em Busca do Tempo Perdido, seja em Jean Santeuil, e ainda nos rascunhos (esquisses), que foram forjados por Proust para a criação e publicação de suas obras. Esta pesquisa
será realizada a partir da investigação do conjunto de documentos deixados pelo artista no decorrer do processo criativo, o que possibilita retraçar as
intuições, ideias e poética do artista, no sentido da busca de uma compreensão mais ampla, neste caso, do tema do amor.
Palavras-chave: Literatura Francesa; Marcel Proust; Amor; Jean Santeuil;
Em Busca do Tempo Perdido.
23
IMAGENS FLORAIS EM A ROSA DO POVO: POÉTICAS, POLÍTICA, DIÁLOGOS
Alice Inácio dos Santos Souza Orientadora: Profa. Dra. Francine Fernandes Weiss Ricieri
Este trabalho tem por objetivo analisar as imagens florais presentes no livro A
Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade como metáfora da criação poética, no cruzamento entre o político e o poético. Apesar dos inúmeros trabalhos já existentes sobre este livro de Drummond, acreditamos que nossa
pesquisa possa apresentar alguma contribuição à fortuna crítica de A Rosa do Povo. A imagem da rosa, destacada por SIMON (1978) como núcleo simbólico
da obra de 45, é bastante significativa, não apenas porque este livro é o de maior conteúdo político e social de Drummond, mas também porque a imagem da rosa como metáfora da criação poética, da própria poesia aparece em livros
posteriores do poeta como Claro Enigma (1951) e Lição de Coisas (1962). Discutiremos a relação do político e do poético segundo a perspectiva de
RANCIÈRE (1995), que afirma que o eixo fundamental dessa relação “se situa no modo da apresentação, na maneira como a enunciação se faz apresentação, impõe o reconhecimento de uma significância imediata no
sensível”. O livro de Drummond foi escolhido por ser considerado uma das obras-chave de sua poesia, já que nele temos uma “culminância lírica” em que
as preocupações individuais do poeta se fundem com as de cunho social. Possui uma enorme variedade de temas e uma multiplicidade de formas poéticas. Iniciamos o trabalho fazendo um levantamento das várias imagens
de flor nele presentes. Além da rosa indicada já no título, encontramos a camélia, a orquídea, o lírio, a flor de lótus. Nosso trabalho será organizado da
seguinte forma: no primeiro capítulo procederemos à recuperação da fortuna crítica do livro e de poemas consagrados pela crítica tais como: “A flor e a naúsea”, “Àporo”, “Visão 1944”, em que aparecem imagens florais, buscando
pensá-las a partir da relação entre o político e poético. No segundo capítulo, procederemos à análise de outros poemas do livro, em que se destaca a
imagem da flor associada à função da arte no mundo capitalista moderno. No capítulo final serão apresentadas as conclusões da pesquisa.
Palavras-chave: poesia; política; Drummond; rosa; imagem.
24
O VOO ONÍRICO – SONHOS E REPRESENTAÇÃO NA OBRA DE ANTONIO ALTARRIBA
Ana Lúcia Mendes Antonio Orientador: Prof. Dr. Ivan Rodrigues Martin
Na novela gráfica El arte de volar, realizada em coautoria pelo escritor Antonio
Altarriba e pelo cartunista Kim, e ambientada durante a Guerra Civil Espanhola e o regime franquista, é possível acompanhar o percurso de vida do pai do autor, que cometeu suicídio aos 90 anos de idade. A obra é fruto, pois, da
necessidade de um filho entender os motivos que levaram a esse ato extremo. O leitor, ao acompanhar os eventos desse sofrido passado, pode perceber
como esse filho lança mão de recursos narrativos como imagens metafóricas e oníricas para simbolizar pontos de virada na vida do protagonista: quando, por exemplo, ele começa a entrar em uma crise de consciência maior com o
fato de lidar com o contrabando de carvão na França, ele tem um sonho com sua própria mãe, que já não via há muitos anos. Sua mãe, no sonho, reclama
que ele a deixou toda suja de carvão ao abraçá-la. No dia seguinte, Antonio resolve confrontar seu sócio no ramo, Pablo, e rompe com ele. Nesse momento, ele renuncia oficialmente a seus ideais anarquistas e resolve voltar
à Espanha. O presente trabalho pretende, portanto, lançar mão de pesquisa bibliográfica e explicativa a fim de analisar essas imagens sob a mira de
conceitos como sonho, transferência, deslocamento e projeção, além de contar com o auxílio de campos de estudo como a psicanálise de Freud e a psicologia analítica de Jung. Isso tudo sem deixar de lado a fortuna crítica da área dos
quadrinhos, que tem ganhado cada vez maior relevância nos estudos acadêmicos, com nomes como Santiago Garcia e Scott McCloud, por exemplo,
e a ambiência histórica em torno da mencionada guerra, da qual o pai de Altarriba participou ativamente e de que dá conta a obra, na tentativa de estabelecer um retrato vívido de uma época tão conturbada da história da
humanidade.
Palavras-chave: Guerra Civil Espanhola; histórias em quadrinhos; novela gráfica; memória; sonho.
25
POETICIDADE EM NIKETCHE: UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA, DE PAULINA CHIZIANE
Carina de Lima Carvalho Orientador: Prof. Dr. Luís Fernando Prado Telles
A comunicação tem por objetivo apresentar a pesquisa “Poeticidade em
Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane” e os resultados parciais da dissertação em andamento. Niketche é o quarto romance da escritora moçambicana, cuja obra é conhecida principalmente pela
representação do feminino e abordagem de alguns temas sociais ainda tidos como tabu. No enredo, acompanhamos os meandros de uma relação
poligâmica em que estão envolvidos Tony, a protagonista Rami e mais quatro mulheres por ela descobertas. A poligamia nos é apresentada do ponto de vista da mulher, que passa a questionar seu lugar não só na relação amorosa,
mas no mundo, bem como a refletir sobre si mesma e sobre a condição feminina no contexto majoritariamente patriarcal de Moçambique. Em um
estudo do romance, o crítico Almiro Lobo indica que o papel da literatura seria promover um investimento na escrita e abordagens que surpreendam à leitura, sendo, portanto, surpreendente o sucesso alcançado com Niketche, cuja
tiragem em Portugal esgotara somente quinze dias após o lançamento (LOBO, 2006, p. 77). Tal sugestão de dúvida quanto à qualidade estética do romance
imediatamente criou margens para uma expectativa quanto ao texto, estabeleceu a lacuna para investigação do que propiciaria, então, sua força narrativa – e é no intento de verificá-la que surge a pesquisa. A dissertação
está dividida em três capítulos, cada um deles abordando eixos que evocam alguma poeticidade à prosa de Chiziane. Há elementos intra e extratextuais
que para isso colaboram. Assim, o capítulo 1 explora as figuras de linguagem – metáfora, metonímia e alegoria – à luz dos estudos de Paul Ricoeur e Walter Benjamin. No capítulo 2, as conversas de Rami com o espelho são nosso foco,
na medida em que representam uma voz feminina cuja subjetividade aflora ao discutir os aspectos sociais da vida das mulheres – Tânia Macedo e Rita
Chaves, além de Maria Geralda Miranda e Carmen Lúcia Tindó Secco, são referências fundamentais nos estudos sobre subalternidade, heranças coloniais e ficção produzida nos países africanos de língua portuguesa. No
capítulo 3, a oralidade recebe destaque enquanto fator que confere densidade poética à trama, para o que acolhemos as teorias de Laura Cavalcante Padilha
e Ana Mafalda Leite. Palavras-chave: poeticidade; poética; narrativa; Paulina Chiziane; literatura
moçambicana.
26
CÉSAR AIRA: FUSÃO-HIBRIDIZAÇÃO DE GÊNEROS A PARTIR DO LIVRO LA TROMPETA DE MIMBRE
Carmem Sílvia Félix Venturi Orientadora: Profa. Dra. Paloma Vidal
César Aira está entre os primeiros nomes de escritores quando se pensa a
configuração de um mapa da narrativa latino-americana contemporâneo. Com mais de oitenta livros publicados, seu nome é hoje apontado como o de um escritor que se inscreve de uma forma muito singular na narrativa
contemporânea. Assim, podemos dizer que ele faz parte de uma constelação de escritores que possuem em comum o fato de instaurarem novos modos e
novas estratégias narrativo-literárias, que lhes permitem desenvolverem projetos renovadores e únicos. Nesse sentido, o presente projeto tem por objetivo problematizar umas das questões presentes na sua obra, a da fusão-
hibridização de gêneros. Especificamente, para tratar essa questão, escolhemos o livro do autor intitulado La trompeta de mimbre, uma reunião de
12 textos que apresentam formas heterogêneas entre ficção, ensaio, memórias, diário etc. Os parâmetros teóricos que sustentarão esta pesquisa estão ancorados nas reflexões sobre questões de gênero, que desenvolvem
Jaques Derrida em seu texto La ley del género (1980), que questiona a lei que estaria por trás da lei instituída pelos estudos de teorização genéricas e o
estudo de Mariano Garcia, Degeneraciones textuales (2006), sobre os gêneros na obra de César Aira. Derrida desenvolve a noção de “participación sin pertenencia”, isto é, os gêneros carregam traços uns dos outros, sem
obrigatoriamente pertencerem a este ou aquele, mas participarem uns dos outros. Uma ideia operativa que se mostra capaz de dar conta desses tipos de
escrituras contemporâneas as quais tencionam ao máximo as misturas de gêneros, deixando entrever o que está além do simples jogo, contravenção ou transgressão da lei do gênero. Ainda nos será importante os estudos que
realiza José Maria Pozuelo Yvancos, sobre o que ele denomina “figuraciones del yo em la narrativa”. Este autor se detém em dois autores contemporâneos:
Enrique Vila-Matas e Javier Marías para discutir como se instaura e se configura um “eu” narrativo, que transgride as fronteiras genéricas e apresenta um modus operandi que constitui uma renovação na narrativa contemporânea.
A metodologia utilizada se apoia na seleção e leitura de bibliografia teórica que dará respaldo a uma reflexão crítica-analítica de modo a elucidar as questões
elencadas. Até o momento foram escritos dois capítulos deverão estar fechados para a qualificação.
Palavras-chave: César Aira; literatura hispano-americana contemporânea; fusão de gêneros; hibridismo.
27
MEMÓRIAS DA CRIAÇÃO: AS CORRESPONDÊNCIAS DE GRACILIANO RAMOS COMO ARQUIVOS DE SUA CONCEPÇÃO, AVALIAÇÃO E
PRODUÇÃO LITERÁRIA
Cícera Jessiane Lins dos Santos
Orientadora: Profa. Dra. Mirhiane Mendes de Abreu
Ao considerar as possibilidades da epistolografia para a crítica literária, a pesquisa se propõe a investigar e discutir, nas correspondências ativas de Graciliano Ramos – referentes especialmente às décadas de 30 e 40 –, as
concepções estéticas e critérios de valor do escritor em relação à literatura modernista brasileira e a posterior, em sua vertente social, em particular, e
intimista, a fim de relacioná-las e confrontá-las com as composições de Angústia (1936) e Vidas secas (1938). As cartas utilizadas para o estudo foram selecionadas de três fontes significativas. Uma delas se refere à oitava edição
de Cartas (2011), reunidas por Heloísa Ramos e publicadas inicialmente pela Editora Record em 1980; a outra, à quatro das 149 correspondências ativas do
autor presentes no Arquivo Graciliano Ramos do Instituto de Estudos Brasileiros, na Universidade de São Paulo, destinadas a João Condé, Antonio Candido, Haroldo Bruno e Allyrio Meira Wanderley; a terceira diz respeito à
publicação do volume de correspondências inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos, Benjamín de Garay e Raúl Navarro, por Pedro
Moacir Maia, pela EDUFBA, em 2008. E tendo em vista o caráter plural do gênero que constitui o corpus, buscaremos relacioná-lo a outros textos, como entrevistas e artigos de crítica literária, escritos reunidos em Garranchos
(2012) e Conversas (2014), o primeiro de organização de Thiago Mio Salla e o segundo de Ieda Lebesztayn com Thiago Mio Salla. No que se refere à
investigação e ângulo de observação dos referentes literários em questão, optou-se pela orientação sociológica de João Luiz Lafetá, em 1930: a crítica e o Modernismo (originalmente de 1974), em virtude do destaque que este
confere à ideologia em relação com as realizações estéticas e discursivas. Conjugada a essa abordagem, está a ótica ampliada de Luís Bueno em Uma
história do romance de 30 (2006). Mesmo que com inconsonâncias, ou complementaridades, muito relativas ao escopo de cada obra, percebemos nas perspectivas dos dois críticos a importância que, no período estudado, se
conferia ao quadro político e social, seja na necessidade de fixação de uma função para a literatura, seja na emergência de situar-se politicamente e
expressar isso nas artes, aspectos até agora fortemente percebidos nas ponderações de Graciliano Ramos, o que nos encaminha a considerar a interferência de sua ética na avaliação estética da chamada fase heroica do
Modernismo, bem como nas considerações relativas à literatura de ênfase intimista e na de destaque social de então.
Palavras-chave: Graciliano Ramos; Literatura e sociedade; epistolografia.
28
QUANDO AS PALAVRAS NÃO BASTAM: A REPRESENTAÇÃO DO TRAUMA NO ROMANCE GRÁFICO EL ARTE DE VOLAR
Daisy Mota da Silveira Orientador: Prof. Dr. Ivan Rodrigues Martin
A morte é um dos eventos mais traumáticos com que os indivíduos lidam em
algum momento da vida. Quando essa ausência vem acompanhada pelo sentimento de culpa, a dor pode ser insuportável. Em El Arte de Volar, de Antonio Altarriba e Kim, lançada em 2009 na Espanha e, posteriormente, em
diversos outros países, inclusive no Brasil, o autor parte de sua dor para compreender o que levou seu pai ao suicídio, colocando-se no lugar deste, não
como narrador, mas como parte inseparável dessa figura que ainda se mantém viva. Nesse aspecto, este trabalho tem por objetivo analisar os aspectos visuais e literários que compõem essa obra, relacionando-os com o trabalho
psicanalítico de Freud e, principalmente, com a tese defendida pelo psicanalista italiano Massimo Recalcati. Este aborda o Complexo de
Telêmaco, em referência ao mito de Ulisses, no qual seu filho Telemaco se atrela às memórias paternas como uma forma de herdar seu legado, encontrando na reconstrução delas o sentido da própria vida. Dessa maneira,
ao reconstruir o passado individual de seu pai, Altarriba reconstrói a história da Espanha ao longo do século XX, das intensas lutas pela liberdade, de soldado
pertencente ao bando anarquista durante a Guerra Civil, da derrota e da fuga para a França, dos campos de concentração franceses, da Segunda Guerra Mundial e do retorno à Espanha governada pelo general Francisco Franco. Ele
mostra que o indivíduo morre não só quando decide fazê-lo, no caso, aos noventa anos de idade, mas dia a dia, quando deixa sufocar seus sonhos e
ideais para sobreviver em uma sociedade marcada pela violência sistemática do Estado e pelo apagamento de seu passado. Nesse aspecto, a obra constrói um importante panorama histórico, apresentando às novas gerações outro
olhar sobre o passado, resgatando fatos e eventos que a historiografia não conseguiu abarcar, mas que fazem parte da memória de milhares de
espanhóis. Palavras-chave: representação; trauma; memória; romance gráfico.
29
MILITÂNCIA POLÍTICA E FICÇÃO: UMA ANÁLISE DE LA VOZ DE LA SANGRE, DE VICENTE BALLESTER, E DE AGONIA DA NOITE, DE
JORGE AMADO
David Aparecido de Melo
Orientador: Prof. Dr. Ivan Rodrigues Martin
Este trabalho terá como enfoque a análise comparativa de duas obras a fim de
verificar de que forma a militância política anarquista e a comunista influem ou determinam os aspectos estéticos da construção das personagens, tendo como base os conceitos de Antonio Candido (2007). A primeira obra, La voz
de la sangre, foi escrita na Espanha da Revolução Espanhola (1931-1939), como esse período histórico efervescente foi conceituado por Pierre Broué
(1992). Nessa obra, Vicente Ballester critica os pequenos valores burgueses de sua época e, por meio da composição de dois personagens - Julio e Elena - com ideias libertárias, propõe a criação de uma nova sociedade baseada no
bem comum, sem preconceitos religiosos e sem relacionamentos estabelecidos por títulos ou fortunas. Ballester tem claras convicções
anarquistas e divulga abertamente essas ideias por meio de sua obra. Mais do que as temáticas desenvolvidas pelo autor, será observado de que forma os valores anarquistas inscrevem-se nos procedimentos estéticos que ele adota
na composição de seu romance. Já em Agonia da noite, a segunda obra, Jorge Amado denuncia os bastidores políticos da ditadura de Getúlio Vargas no
Brasil, fazendo a ambientação do enredo na época do Estado Novo (1937-1945), momento em que a Espanha se encontrava em plena Guerra Civil (1936-1939). O romance retrata Getúlio comprando o apoio de políticos e de
empresários, o que evidencia como os interesses particulares podem estar acima do bem comum. Figuras de destaque na sociedade servem de testa de
ferro aos interesses estrangeiros de adquirir matéria-prima no interior do Brasil. Amado narra, a partir de um fato histórico, a resistência dos estivadores do porto de Santos, que se recusaram, em nome da solidariedade ao povo
espanhol, a realizar um carregamento de café que Getúlio enviaria a Franco em navios alemães. Nessa obra, Amado deixa clara sua visão de militante
comunista por meio da postura de suas personagens, descontentes com a ditadura de Vargas. Ao comparar os dois romances, buscaremos evidenciar de que forma a literatura se constitui como território de um embate de ideias que
metaforiza, tanto no conteúdo como na forma, o caráter revolucionário da mencionada guerra. A metodologia utilizada será a adoção da pesquisa
bibliográfica e da pesquisa explicativa. Pretende-se, assim, contribuir para a ampliação dos estudos dessas duas obras e para a compreensão de um período de ferrenho enfrentamento de ideias.
Palavras-chave: Vicente Ballester; Jorge Amado; militância política; Guerra
Civil Espanhola; ficção.
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IDENTIDADE NACIONAL E INTERCULTURALIDADE: UMA LEITURA DO ROMANCE COMPÈRE GÉNÉRAL SOLEIL, DE JACQUES-STEPHEN
ALEXIS
Dieumettre JEAN
Orientadora: Profa. Dra. Leila de Aguiar Costa
Em países que sofreram processos de colonização como é o caso do Haiti encontra-se nas suas produções literárias uma preponderância de temáticas ligadas à construção da identidade “nacional”, a qual deve ser estudada à luz
da criação de Estado-Nação. O advento dos Estados Nações, no final do século XVIII e por todo o século XIX na Europa, tornou-se possível em razão
de um inédito sistema de identidades nacionais coletivas (THIESSE, 1999). O que constitui, sobretudo, a nação é a transmissão, através das gerações, de uma herança coletiva; então, a criação das identidades nacionais consistirá em
inventariar tal patrimônio comum. Para essas questões identitárias, o movimento indigenisme (1927-1957) se torna uma referência na literatura
haitiana. Assim, esta pesquisa, graças a uma investigação teórico-analítica a respeito do romance Compère Général Soleil (1955), objetiva investigar na literatura haitiana, relações, por um lado, entre identidade nacional e
interculturalidade, e, por outro lado, entre acontecimentos históricos ficcionalizados na construção da narrativa. Para tanto, a pesquisa mobilizará
um diversificado aparato teórico sobre a questão identitária e a teoria da narrativa e do romanesco. Recorreremos à teoria da identidade-relação de Eduard Glissant, à noção de folclore de Jean Price-Mars e à noção de cultura
nacional de Jacques-Stephen Alexis. No que diz respeito à teoria da narrativa e do romanesco, serão convocados Anatol Rosenfeld, Gérard Genette e
próprio Alexis. Esta pesquisa de cunho teórico e analítico será executada a partir da análise do corpus textual, em que o romance Compère Général Soleil, de Jacques-Stephen Alexis, será utilizado como pedra-de-toque. Para
fundamentação teórica da pesquisa, será realizado um levantamento bibliográfico que mobilize trabalhos sobre questões relativas à identidade
nacional, identidade-relação, interculturalidade e folclore bem como questões relativas ao gênero literário e análise narrativa. Admitimos como hipótese que a interculturalidade é o conceito-chave para o estudo de questão identitária
pensada pelo Indigenisme haïtien, e que não há pureza de gênero literário; em um é possível encontrar traços estilísticos do outro e vice-versa.
Palavras-chaves: Identidade nacional; Interculturalidade; Literatura Haitiana; Compère général soleil; Teoria narrativa.
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TRAVESSIA E TRANSGRESSÃO NA OBRA O AMANTE, DE MARGUERITE DURAS
Fabiana Fanganiello Orientador: Prof. Dr. Markus Volker Lasch
A extensa obra de Marguerite Duras caracteriza-se pelo retorno a certos
temas, fundamentais em sua literatura: a infância pobre na Indochina colonial do início do século XX, o triângulo amoroso, a melancolia, a morte, entre outros. Em O Amante (L’Amant, 1984), encontramos, em comunhão com
esses temas, a repetição de uma cena a partir da qual se desenvolvem as lembranças narradas ao longo do texto: trata-se do encontro da narradora com
seu futuro amante, durante uma travessia de balsa pelo rio Mékong. Este trabalho tem como objetivo analisar os sentidos implicados na repetição dessa cena, a partir da observação dos movimentos de travessia, de transgressão e
do vagar a esmo, que se organizam, no tecido narrativo, pela construção do tempo, do espaço, da memória e do próprio texto literário de Duras. Propomos,
assim, uma análise das representações da memória à luz dos postulados freudianos acerca das relações entre repetição e memória, considerando, para tal fim, a observação do que Aleida Assmann chamou de “metáforas do
lembrar”, que tratam, dentre tantas, da “Escrita”, da “Imagem”, do “Corpo” e dos “Locais”. Nesse sentido, os movimentos de travessia, transgressão e vagar
a esmo moldam a insistência da narradora em retornar a essa cena fundamental na balsa sobre o Mékong e se encontram representados em diferentes planos da obra: a travessia do espaço, do tempo e da fragmentação
da narrativa; as transgressões, as quais estão presentes no modo de ser da menina – tornada precocemente mulher –, nas suas relações familiares, no
estabelecimento de uma ligação amorosa entre um nativo e uma francesa, passando, no que se refere à própria atividade romanesca, pela própria elaboração do texto literário da autora, questão intensamente comentada pela
crítica e pelo público quando da publicação do romance; e o vagar a esmo, movimento associado à natureza imprevisível da memória, que também
contamina o leitor, perplexo diante da fluidez e da ambiguidade que marcam o texto de Duras. Nas entrevistas e depoimentos à imprensa, a escri tora relativizou em máximo grau as leituras e interpretações que se fizeram sobre
o livro. Com base na perspectiva de leitura que propomos, buscando contribuir com as importantes linhas de pesquisa que tratam da sua obra e, em especial,
desse livro, entendemos que O amante pode ser estudado também como uma resposta irônica à crescente literatura de viés autobiográfico em voga na França na década de 1980. Nada mais transgressor, bem ao gosto de Duras.
Palavras-chave: Marguerite Duras; O Amante; repetição; memória; trauma.
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A CORRESPONDÊNCIA PASSIVA DE MÁRIO DE ANDRADE EM FRANCÊS: ESCRITORES, EDITORES E CRÍTICOS
Fernanda Braz da Silva Orientadora: Profa. Dra. Ligia Fonseca Ferreira
Mário de Andrade, autor de Macunaíma, não se dedicou exclusivamente a ars
literária: foi também musicólogo, folclorista, crítico literário, aventurou-se na etnografia e atou na gestão pública como chefe do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo (1935-1938). Além de sua rica produção nas áreas
mencionadas, Mário se distingue como exímio epistológrafo: “sofro de gigantismo epistolar”, escreveu em carta a Manuel Bandeira. O fato é atestado
pela quantidade de documentos conservados na coleção Mário de Andrade, presente no arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros – Universidade de São Paulo (IEB-USP), no qual cerca de sete mil cartas compõem a
correspondência passiva do escritor. Desde as últimas décadas do século XX, tal correspondência vem sendo organizada e publicada. Entretanto, as edições
privilegiaram a relação epistolar entre Mário e intelectuais e artistas brasileiros (Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oneyda Alvarenga, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Câmara Cascudo, Pio Lourenço Corrêa,
Henriqueta Lisboa, etc.). Neste sentido, representam uma exceção os trabalhos da pesquisadora argentina Patricia Artundo - Mário de Andrade e a
Argentina: um país e sua produção cultural como modo de reflexão (2004) e a Correspondência Mário de Andrade & escritores/artistas argentinos (2013) e da brasileira Regiane Matos, em recente dissertação de mestrado, Mário de
Andrade em diálogo epistolar com intelectuais e escritores chilenos, colombianos, peruanos e uruguaios: edição de correspondência (2016).
Considerando-se a influência da língua e dos modelos culturais franceses, fortemente enraizada no Brasil desde o século XIX, inclusive na própria geração modernista, indagamo-nos sobre o lugar ocupado pela França na
correspondência de Mário de Andrade. Um levantamento preliminar apontou mais de cento e vinte cartas em francês remetidas ao escritor, por
correspondentes de diversas nacionalidades e não exclusivamente franceses. Dada a extensão e diversidade deste conjunto epistolar, nossa pesquisa focará a correspondência passiva em francês de Mário de Andrade com escritores,
editores e críticos no período de 1920 a 1945, tendo como objetivo a transcrição, tradução e estabelecimento dos documentos. Quanto à
metodologia, serão observadas as normas editoriais definidas na Coleção Correspondência de Mário de Andrade, hoje referência para a edição científica de correspondências.
Palavras-chave: epistolografia franco-brasileira; edição de correspondência;
Mário de Andrade; tradução.
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NAS VEIAS DA MEMÓRIA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS OBRAS “LAS VENAS ABIERTAS DE AMERICA LATINA” E “LOS
NACIMIENTOS”, DE EDUARDO GALEANO
Francielly Baliana Godoy
Orientadora: Profa. Dra. Graciela Alicia Foglia
Em “Las Venas Abiertas de America Latina”, de 1971, o autor uruguaio Eduardo Galeano parece caminhar pelas diversas possibilidades do ensaio para trazer à tona uma reflexão econômica sobre as consequências da
colonização no continente. Estas mesmas concepções também são trabalhadas em “Los Nacimientos”, de 1982, primeiro volume da trilogia
“Memoria del Fuego”, onde o escritor atravessa as (in)definições de gênero literário ao se utilizar de um hibridismo entre conto, relato, crônica e linguagem poética para apresentar o que a historiografia tradicional por muito tempo
deixou de lado. O que se pode perceber é que nas duas obras Galeano subverte conceitos prévios de gênero literário, abrindo a possibilidade do
debate acerca dessas próprias concepções. Ao mesmo tempo, também apresenta distintas noções de representação ao narrar memórias de mulheres, negras/os e indígenas para a história pré-colombiana e para os séculos XVI e
XVII, enveredando verdade e ficção, mas sempre se referenciando em rigorosas pesquisas bibliográficas. Diante disto, nossa proposta de trabalho
visa realizar uma análise comparativa entre as obras acima citadas a fim de atingir aos seguintes objetivos: compreender em que medida essas produções se diferenciam e se aproximam em termos de gênero literário, visto que tratam
de temáticas similares de formas tão distintas; de que maneira cada uma delas reflete características de seus contextos de surgimento; e de que forma
pretendem contribuir para uma reconstrução da história da América Latina a partir da memória de indivíduos e grupos silenciados. Para tanto, serão utilizadas proposições metodológicas da literatura comparada, como em
Carvalhal (1986); e Nitrini (2010), e dos estudos culturais, como em Hall (2003; 2005; 2007); e Johnson (2000), com fundamentações teóricas voltadas para a
formação da América Latina a partir das perspectivas de subalternidade e de colocações sobre memória, como em Spivak (2010); Halbwachs (2004); e Ricoeur (2007). Como resultados previstos, a presente proposta de trabalho
visa produzir novas considerações acerca de gênero literário e de representação de grupos silenciados nas obras de Eduardo Galeano. Para
isso, tem sido apresentada em diferentes congressos, visando trocas e discussões com outros pesquisadores. A produção de artigos que trabalhem os objetivos e temáticas supracitadas também podem contribuir com os
resultados esperados, que se aproximam da possibilidade de propor novos caminhos ao campo literário pesquisado e de ajudar, por meio da proposta de
divulgação do trabalho em revistas científicas, a trazer à tona versões da formação latino-americana por muito tempo silenciadas pela historiografia tradicional.
Palavras-chave: Eduardo Galeano; Las Venas Abiertas de America Latina;
Memoria del Fuego; Los Nacimientos; Memória.
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CONTOS DE FADAS NO FAROESTE: ELEMENTOS DO MARAVILHOSO EM PRETTY DEADLY
Helen Louise Spethmann Quiroga Orientadora: Profa. Dra. Renata Philippov
Como hipergênero, os quadrinhos emprestam muito de outras mídias para
desenvolver suas histórias desenhadas, principalmente da literatura. O modo literário fantástico é talvez a maior fonte de temas e conceitos das histórias em quadrinhos, não apenas em se tratando do enredo, como as adaptações de
obras literárias, mas também em relação a elementos mais específicos, como as personagens — por exemplo, o monstro de Frankenstein, Drácula, as
personagens criadas ou popularizadas por Lovecraft, que são adaptadas e usadas nas mais diversas histórias de diferentes editoras, como a Marvel e a DC —, a temática do duplo, o diálogo com a tradição oral, dentre outros. Esta
comunicação pretende fazer uma análise comparativa dos elementos dos contos de fadas presente nas páginas que apresentam a história da
personagem principal, Deathface Ginny, na primeira edição dos quadrinhos Pretty Deadly (2013), escritos por Kelly Sue DeConnick, desenhados por Emma Ríos, coloridos por Jordie Bellaire e tendo lettering por Clayton Cowles.
Para tal análise, recorreremos aos estudos de Ramos (2010) e Kukkonen (2013) sobre quadrinhos, sua linguagem e seus recursos, bem como aos
teóricos Todorov (2010), Zipes (2002; 2006), Propp (2002; 2010), Garcia, Santo & Batista (2006), Bettelheim (1980), Leal (1985), Mircea (2013), Coelho (1998; 2012), Discini (2002), Reis (2014), Merege (2010) e Windling (2000) em
relação ao maravilhoso, entendido como subvertente do fantástico. Dentre os resultados esperados nessa comunicação, que está vinculada a uma pesquisa
de mestrado em andamento, está a apresentação dos quadrinhos Pretty Deadly a um novo público, já que a série, além de ser considerada um quadrinho alternativo e independente, ainda não foi publicada no Brasil.
Também temos como objetivo contribuir para os estudos de quadrinhos e do fantástico, em particular do maravilhoso, focando na relação entre o
hipergênero e o modo literário, que é tão forte quanto a relação da literatura e do cinema ou do cinema e das histórias em quadrinhos.
Palavras-chave: contos de fadas; quadrinhos; maravilhoso; Pretty Deadly; tradição oral.
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TEM UMA HISTÓRIA NESSE JOGO? ÁNALISE DA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA NO JOGO MIDDLE-EARTH: SHADOW OF MORDOR
DESENVOLVIDO COM BASE NOS ELEMENTOS DA TERRA MÉDIA DE J. R. R. TOLKIEN
Iris Maitê Fullas Aguiar
Orientadora: Profa. Dra. Renata Philippov
Narrativas participam ativamente das práticas sociais desde os tempos mais remotos. Diferentes gêneros textuais permeiam essas narrativas e assim como
a sociedade evoluiu e sofreu modificações nas formas de interação e comunicação, a maneira de “ler” os textos também mudou. Dessa maneira,
esta comunicação apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado que se debruça sobre o estudo do desenvolvimento das narrativas nos jogos para videogames, explorando diversos aspectos de um mesmo universo narrativo
que, com a colaboração do leitor/jogador, ganha nova vida, novas leituras, novos sentidos, assim como proposto por Jauss (1994) em seus estudos
acerca da Teoria da Recepção. O corpus de análise no qual se fundamenta esta dissertação é composto pelo jogo eletrônico Middle-Earth: Shadow of Mordor, desenvolvido pela empresa Monolith Productions e lançado em 2014
pela Warner Bros. Interactive Entertainment, jogo desenvolvido com base no universo criado por J. R. R. Tolkien nos livros em que ele trata a história da
Terra Média, como por exemplo The Lord of the Rings (1955). A pesquisa tem como objetivo investigar como se dá a construção narrativa nesse jogo, uma vez que não se vale apenas de signos verbais. Visa-se assim compreender
como ele se apresenta para o seu leitor, qual o papel deste para o desenvolvimento da narrativa, de que maneira a plataforma do jogo explora os
elementos específicos de sua estrutura para o desenvolvimento da narrativa. O escopo da pesquisa está inserido nos campos teóricos da ludologia, seguindo as ideias de Aarseth (2006) e de Narratologia, com base em Murray
(2011), Ryan (2001) e Jenkins (2004). Além de utilizar os estudos sobre o videogame realizados por Wolf (2007). Espera-se com o trabalho de pesquisa
evidenciar a maneira como a narrativa é estruturada no jogo eletrônico, além de destacar a relevância da presença de um enredo para a sua efetividade.
Palavras-chave: Narratologia; Lodologia; Videogame; Adaptação Literária; Tolkien.
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RUBEM FONSECA: VIOLÊNCIA E DUALIDADE NAS VOZES NARRATIVAS
Juliana Pires Fernandes Orientador: Prof. Dr. Markus Volker Lasch
A partir da concepção de narrador, tem-se como instrumento crítico a análise
do foco narrativo para a construção de uma estratégia específica de diegese. O ponto de vista se relaciona com a história de forma que, na ficção, “o escritor fica continuamente abalado entre a dificuldade de mostrar o que uma coisa é
e a facilidade de dizer como se sente a respeito dela” (FRIEDMAN, 2002, p. 168). Essa ideia constitui o problema do ponto de vista na ficção, pois o
narrador é essa instância que oscila entre o mostrar e o contar, construindo significados através de uma relação existente entre autor, narrador e personagem. Sendo assim, o problema da técnica artística no que diz respeito
ao modo de expressão promove determinados efeitos em um leitor possível, o qual dialoga com a matéria narrada. Por meio dessa perspectiva, pretende-se
fazer uma investigação sobre as manifestações da violência e da marginalidade nos livros de contos Feliz Ano Novo (1975) e O cobrador (1979), de Rubem Fonseca. Ademais, é significativo ressaltar que as primeiras obras
do autor surgem em um momento de instabilidade política no Brasil. Enquanto o país transitava de uma democracia para um momento de ditadura militar, os
contos do autor expõem uma linguagem feroz que alterna entre as violências sociais e sexuais. Com base nessa questão, é possível perceber que as vozes narradoras dos livros abordados são os marginalizados que, por alguma razão,
não conseguem se inserir por completo em sua sociedade. O socioeconomicamente excluído, o intelectual transgressor, o funcionário alto
padrão infeliz: são todos motivados, de alguma forma, a cometer violências e abusos que se transcrevem em uma linguagem sem emoção ou mesmo introspecção. Para a análise, serão relevantes os tipos específicos de
narradores comumente apresentados nos textos e as estratégias relacionadas, no âmbito da voz narrativa. Com base nos resultados obtidos, espera-se
também levantar hipóteses acerca das relações entre a violência ficcional e o período histórico vigente.
Palavras-chave: violência; narrador; ambivalência; civilização; barbárie.
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BORGES, CERVANTES E PIERRE MENARD: O EXERCÍCIO DA TRANSTEXTUALIDADE
Maria de Jesus Rodrigues Pereira Orientadora: Profa. Dra. Leila de Aguiar Costa
O objetivo da pesquisa é realizar uma análise do conto de Jorge Luis Borges,
Pierre Menard, autor del Quijote (1944), por meio das teorias de intertextualidade do teórico francês Gerárd Genette na obra Palimpsestos (2010) A metodologia inicial consiste na leitura e aplicação das teorias de
Genette, por meio da obra citada anteriormente, com o apoio da obra de Antoine Compagnon, O trabalho da citação (2007) que aborda o tema da
intertextualidade através de uma perspectiva metafórica da brincadeira infanti l de recortar e colar, aplicando esse ofício lúdico ao manuseio do objeto literário. Dessa forma, será investigada a postura da personagem de Borges, que ilustra
a definição de Genette, pois Pierre Menard construiria uma reescrita da obra de Miguel de Cervantes. Podemos pensar que o processo de intertextualidade
já começa com o próprio Cervantes, e é exatamente esse aspecto que Borges utiliza para enfatizar a tarefa de Pierre Menard, resgatando esse elemento e conferindo à sua personagem uma autenticidade que fortalece o seu intento
inusitado, que podemos entender como um agente que contribui para a perpetuação do texto literário, caracterizado por Arquitexto, termo de Genette que define o objeto literário com um sentido mais amplo, que é a obra de
Miguel de Cervantes. A obra de Cervantes apresenta uma pluralidade de narrativas dentro da própria ficção. É importante destacar que tais narrativas
constituem-se principalmente de reflexões sobre o ato de narrar e a questão da autoria, enfatizando a defesa da escritura e a autonomia do objeto literário, caracterizando a intertextualidade cervantina. Além disso, serão estabelecidos
alguns paralelos intertextuais entre Miguel de Cervantes e Jorge Luis Borges. É importante destacar que o escritor argentino trata de forma irônica aspectos
da Teoria Literária, como as questões de gênero, autoria e temporalidade, defendendo a manutenção, ampliação e circulação do texto literário através do tempo, o que é relevante para pensarmos o conto de Borges, que parece
primeiramente romper o aspecto temporal, para em seguida romper com o de gênero e principalmente ironizar a autoria e os valores atribuídos às obras.
Dessa forma, já é possível pensar as relações intertextuais que o texto borgiano pode trazer, que consiste na presença de referências a outros textos, interações entre personagens reais e ficcionais, comentários do narrador e
notas de rodapé.
Palavras-chave: autoria; transtextualidade; literatura; reescrita; citação.
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AS REPRESENTAÇÕES DE MARCELO RUBENS PAIVA EM AINDA ESTOU AQUI
Maricelma da Silva Orientador: Prof. Dr. Luís Fernando Prado Telles
A presente pesquisa pretende analisar as representações de Marcelo Rubens
Paiva em “Ainda estou aqui” (Objetiva, 2015). Livro de memórias que joga luz sobre o que de fato aconteceu com o engenheiro civil e deputado federal Rubens Beirodt Paiva levado de sua casa em 1971 pela polícia política do Rio
de Janeiro e até hoje desaparecido. E é seu filho, Marcelo, quem examina as memórias da família e exorta as novas gerações à compreenderem o que foi
o regime militar brasileiro, no momento em que era recente a publicação do “Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade” (CNV) e surgiam pedidos de retorno dos militares ao poder. É também um convite para refletir sobre a
história recente do país através do longo processo de busca por respostas que essa família enfrentou durante a ditadura militar e posterior redemocratização
brasileira centralizada na matriarca Eunice. Dessa maneira, o autor não só resgata a história de seu pai como também presta homenagem (descrita como tardia) á mãe que aos poucos divide com ele a função de protagonista. A leitura
possibilitou verificar mais de um narrador e estabelecer diferenças: há momentos em que aparece como eu do discurso (comentário) e, em outros,
como o eu proferidor de uma narrativa (narrador), ambivalência que se refere á distinção entre narração e discurso explicada no texto “Fronteiras da Narrativa” (Genette, 1976) bem como as articulações entre as instâncias: do
comentário e da narração. Além de assumir um caráter duplo, sinalizado por Maria Lúcia dal Farra nos capítulos I e II do livro “O narrador ensimesmado”
(Ática, 1978), nos quais apresenta e discorre sobre os conceito de narrador diegético e autor implícito. Esse último, cunhado por Booth no ensaio “Narradores Fidedignos como porta-vozes dramatizados do autor implícito”
(Arcadia, 1980) onde se desenha o jogo realizado por essa figura retórica muito semelhante às estratégias adotadas no citado romance.
Palavras-chave: autor; narrador; caráter duplo; ambivalência.
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A DESINVENÇÃO POÉTICA EM YVES BONNEFOY
Matheus Abreu Costa
Orientadora: Profa. Dra. Leila de Aguiar Costa
Poeta, tradutor e crítico de arte, Yves Bonnefoy (1923-2016) dedica grande parte de sua Obra crítica a pensar os modos pelos quais o artista (o pintor, o
poeta,o escultor e o arquiteto) - como também a Arte - apreende, inventa e representa o mundo e a ordem do mundo, prestando-se à tarefa de reconstruir este olhar. Não por acaso, esta re-costrução do olhar do artista vem a ser o
principal motus da prosa poética bonnefidiana, na qual reverberam as mesmas inquietações a respeito da linguagem, da imagem e da representação,
presentes em seus escrítos críticos. A partir das idéias de "presença", "encarnação", "unidade", "finitude" e "imanência" desenha-se ali todo um sistema nocional bastante peculiar, dispositivo a partir do qual permite-se
pensar uma sorte de des-invenção do poético, a qual Bonnefoy coloca em cena na sua prosa poética. Através desta consubstancialização de ensaio e discurso
poético, que é bastante cara aos seus denominados "récits en rêve", a "poética da presença" de Yves Bonnefoy busca resgatar os valores da poesia e a beleza da experiência poética originária, livre das armadilhas do conceitual e
dos perigos da linguagem e da Imagem. Neste sentido, a pesquisa intitulada "A des-invenção poética em Yves Bonnefoy" busca explorar a reflexão a
respeito dos limites e dos poderes da representação na prosa poética de Yves Bonnefoy a partir, essencialmente dos textos que compõem La Vie errante (1993) e Remarques sur la couleur (1987), onde a poesia encena uma reflexão
acuída a respeito da pintura e da representação, e de L'Arrière-pays (1972), obra na qual a reflexão sobre a arte e a representação se inscreve mediante o
olhar, a experiência e a memória de um "Eu" que é próprio da escritura de si. Palavras-chave: Prosa poética; Mímesis; Yves Bonnefoy; Presença;
Imagem.
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FICÇÃO E TENSÕES SOCIAIS NA ESCRITA DE JOÃO GUMES: O CASO D’OS ANALPHABETOS
Maurina Lima Silva Orientador: Prof. Dr. Pedro Marques Neto
Propõe-se o estudo do romance Os Analphabetos do escritor e jornalista
baiano João Antônio dos Santos Gumes (1858-1930), publicado pela primeira vez em 1928. O texto aborda o tema analfabetismo, tendo como cenário o alto sertão da Bahia no contexto da Primeira República. Atentando-se para os
debates culturais e políticos desse período, especialmente no campo da literatura, pretende-se perscrutar os caminhos que João Gumes percorreu para
a construção do referido romance, investigando quais os destinos que o autor traça para os personagens, como ele representa as angústias de homens e mulheres que não foram alfabetizados e que, no contexto da década de 1920,
sofreram as agruras de um país em busca da civilização e do progresso – noções que estavam no centro das preocupações dos intelectuais brasileiros
dessa época, cujo escopo era construir uma nação de instruídos. Desse modo, ao estudar o romance, tenta-se abordá-lo na conjuntura do seu tempo, relacionando-o com outras fontes escritas que tratam da questão do
analfabetismo no âmbito dos projetos de país que se tinham em vista. Assim, considera-se que o romance Os Analphabetos não se trata apenas de uma
narrativa circunscrita ao regional, pois está no bojo do contexto brasileiro da Primeira República, quando se discutia, notadamente através da imprensa e da literatura, vários aspectos da sociedade nacional, relações de poder, bem
como questões identitárias. Tendo em vista esses aspectos, a pesquisa leva em conta o processo educacional do período, quando surgiram as campanhas
contra o analfabetismo que abarcaram um conjunto de ações projetadas para todo o país; discute-se, ainda, a figura do analfabeto na criação literária de outros escritores do mesmo período, que, assim como Gumes, tematizaram,
na literatura, personagens que não dominavam o código escrito, fosse mostrando os constrangimentos causados pela falta de instrução, fosse
retratando situações de miséria em função da denúncia social. Para fundamentar esta pesquisa, lança-se mão de estudiosos como Antônio Cândido (2006), Nicolau Sevcenko (1980, 1983), Márcia Naxara (1998), Ana
Maria Araújo Freire (1989), que trataram do assunto em diferentes perspectivas.
Palavras-chave: Analfabetismo; Identidade; Literatura.
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PERSUASION: UMA ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICA
Natália Carvalho Pinheiro
Orientadora: Profa. Dra. Renata Philippov
Após quase dois séculos de sua primeira publicação, os romances de Jane Austen ainda são objetos de pesquisas com diferentes enfoques, como o
prisma da crítica feminista, a avaliação psicológica das personagens, a análise do estilo e o estudo linguístico do texto. Persuasion (1817), no entanto, é uma de suas obras menos trabalhadas no Brasil. Em nossa pesquisa de mestrado,
analisamos a possível influência dos fatores sócio-históricos na criação deste romance e examinamos como a autora ficcionaliza seu contexto. A partir de
pesquisa bibliográfica, investigamos as relações existentes entre literatura, história e sociedade, por meio de estudos como os de Candido (1965/2014), Eagleton (2005) e Torresini (2007). Apresentamos as características do
romance nos apoiando em Watt (1957/2010), Vasconcelos (2007; 2002) e Moretti (2009) e esquadrinhamos as particularidades do contexto sócio-
histórico da Inglaterra do início do século XIX, contexto de produção do romance da autora, baseando-nos em Austen-Leigh (1869/2008), Hobsbawm (1988), Macfarlane (1990), Perrot (1991) e Perkin (1972/2002). Por fim,
buscamos estudos já realizados sobre o corpus da pesquisa, como os de Auerbach (2004) e Todd (2006), e análises dos romances de Austen com
enfoque em seu período histórico, como as de Roberts (1995) e Sales (1994). A pesquisa pretende encontrar evidências da influência do contexto sócio-histórico na escrita de Persuasion e explicar como Jane Austen ficcionalizou
aspectos da realidade em que vivia. O resultado final espera contribuir para os estudos de Austen no Brasil, principalmente em se tratando de um romance,
como dito anteriormente, pouco estudado pela crítica brasileira. Para esta comunicação, pretendemos apresentar uma análise do romance, apontando os resultados encontrados até o momento, com foco nos efeitos das Guerras
Napoleônicas presentes no enredo, já que a história se passa durante um breve período de paz em 1814, nas representações de classes e nas
características das diferentes relações entre marido e mulher presentes no romance.
Palavras-chave: Literatura Inglesa; Romance; Contexto sócio-histórico; Jane Austen; Persuasion.
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UMA REFLEXÃO SOBRE A MASSA NO ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA: SARAMAGO ENTRE WALTER BENJAMIN E A PSICANÁLISE
Tatiane Alves da Costa Orientador: Prof. Dr. Markus Volker Lasch
O intuito da presente pesquisa é a análise dos fenômenos de massa na obra
Ensaio sobre a cegueira de José Saramago a partir das reflexões de Walter Benjamin e da Psicanálise. Para tanto, nos debruçaremos de início sobre as imagens que expressam tais fenômenos, como a extrema aproximação dos
corpos; o processo de dessubjetivação, objetivação do homem e banalização da vida (e mercantilização da vida); os impulsos violentos de massa; a perda
de referencial (moral, espacial, psicológica, temporal). Num segundo momento, a pesquisa buscará responder, dentro da obra, os meios pelos quais a massa se forma e se reproduz (relacionando-a a aspectos como as medidas
populacionais de estado, a formação de autoridades de grupo, e a “melancolia da política”), bem como suas consequências e características psicológicas
(como o distanciamento psicológico e o desejo de dominação). Saramago, como um autor crítico da modernidade e do capitalismo, atribui um grande peso em sua obra aos fenômenos relacionados às experiências de violência e
esvaziamento, retratando uma realidade marcada pelo processo de massificação que consome os indivíduos. No Ensaio sobre a cegueira o autor
expõe algo como uma contradição fundamental da modernidade, expressa na formulação de Benjamin de “um estranho paradoxo: as pessoas só têm em mente o mais estreito interesse privado quando agem, mas ao mesmo tempo
são determinadas mais que nunca em seu comportamento pelos instintos da massa” (BENJAMIN, 2000, p. 21 - II). Na cidade moderna a grande massa
desponta como o refúgio do antissocial tanto quanto do criminoso. É a multidão que produz o anonimato. O grande ajuntamento de corpos torna-os todos parte de uma mesma massa informe e genérica onde, como tal, são levados a agir
antes pelos instintos de massa que por sua própria subjetividade. Tal como a cegueira descrita por Saramago, essa massa que se impõe pelos/aos
indivíduos não apenas os encobre (retira-lhes sua identidade), mas lhes identifica à massa de tal forma que sua identidade é consumida por uma identidade genérica – o que era antes sujeito torna-se predicado da massa -,
o que se opera é uma “supressão dos vestígios do indivíduo na cidade grande” (BENJAMIN, 2000 p.41 – III). Neste sentido, a psicanálise será explorada como
mecanismo teórico para alargar o campo de compreensão de tais fenômenos retratados na obra saramaguiana, de modo que apenas por seu intermédio o tema possa ser explorado em sua complexidade necessária.
Palavras-chave: Fenômenos de massa; cegueira; Saramago; Walter
Benjamin; Psicanálise.
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FIGURAÇÕES DO SUJEITO EM UM HOMEM NA MULTIDÃO, DE RIBEIRO COUTO
Thiago Rodrigues Batista Orientadora: Profa. Dra. Francine Fernandes Weiss Ricieri
A comunicação apresentará o andamento de pesquisa sobre a obra Um
Homem na Multidão, 1926, do poeta Rui Ribeiro Couto. A pesquisa tem como objetivo central a análise de traços da subjetividade lírica na obra em questão e tem se guiado por alguns eixos de trabalho, entre os quais destacamos: a) o
estudo da recorrência de imagens e tópicas poéticas entre a obra de 1926 e as obras anteriores do autor, a saber, O Jardim das Confidências, 1921, e os
Poemetos de Ternura e Melancolia, 1924; b) a aproximação da figura do sujeito lírico com a figura do flâneur, especialmente no que diz respeito a como essa figura se apresenta em alguns poemas de Charles Baudelaire; c) o estudo dos
elementos que indiquem a construção de uma impessoalidade da voz lírica na obra em questão e d) o estudo de como se apresenta o que compreendemos
como expressão da autoconsciência ficcional no livro, ou de como se apresentam reflexões de teor metalinguístico em alguns dos poemas. Dentre o indicado acima, o eixo “b” é aquele em que mais se avançou na pesquisa,
especialmente no que se refere à análise de possíveis diálogos entre a obra em questão e alguns poemas de As Flores do Mal e dos Pequenos Poemas
em Prosa, de Baudelaire. Ainda neste eixo, procuramos explorar o diálogo com o conto “O Homem da Multidão”, de Edgar Allan Poe, evocado no título do livro de Ribeiro Couto. Partimos das reflexões de Walter Benjamin (1994) a respeito
de como a figura do flâneur ocorre tanto em Baudelaire quanto em Poe e também do ensaio de Vera Lins (1997), que indica algumas questões a partir
do reaproveitamento dessa figura na obra inicial do poeta estudado. Tarefa em vias de conclusão, a pesquisa também apresenta um levantamento da recepção crítica do poeta bem como um esforço de apontar problemas teóricos
decorrentes de alguns pressupostos de leituras da obra inicial de Ribeiro Couto. A comunicação pretende ainda apresentar a estrutura final da
dissertação, que contará com pelo menos quatro capítulos, em que se pretende abordar, respectivamente: i) os problemas de recepção crítica; ii) questões relacionadas às noções de lirismo e sujeito lírico; iii) o diálogo
intertextual, tal como indicado acima, do qual é síntese o eixo “b”; iv) o desenvolvimento das questões presentes nos eixos “c” e “d”.
Palavras-chave: Ribeiro Couto; poesia; recepção crítica; flâneur; lirismo.
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AS CARTAS DE ÁLVARES DE AZEVEDO: TRAJETÓRIA E OLHARES DE UM ROMÂNTICO ENTRE A PROVÍNCIA E A CAPITAL
Vanessa Neri Rodrigues Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Dias Mendes
Os anos que compreenderam ao curto período de vida do poeta Álvares de
Azevedo foi um período de efervescência política, social, econômica e cultural da História do Brasil. A correspondência trocada com sua mãe, nesse período, constitui um conjunto importante de documentos não só para a possibilidade
de compreendermos o autor como um homem social que teve suas trajetórias e vivências expressas em suas cartas, como também nos questionarmos sobre
a importância da reunião, organização e publicação dessas correspondências. Tais cartas foram escritas entre os anos de 1840 e 1851, no deslocamento de Álvares de Azevedo entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. As
correspondências foram compiladas no Volume I da coleção da Biblioteca da Academia Paulista de Letras, organizada por Vicente de Azevedo, com o título
de Cartas de Álvares de Azevedo. Contabilizando-se 67 cartas e 2 bilhetes, reunidos pela inciativa de alguns dos alunos da então Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que permaneceram no rastro dessas cartas, e
principalmente pelo imenso interesse de seu organizador de escrever sobre a história do poeta. Assim, pretendemos nos debruçar sobre as edições dessas
cartas, bem como entender a percurso desses documentos, buscando identificar outras possíveis edições e até mesmo lidar com as cartas originais. Para tal, trabalhar com a figura do organizador, compreender a trajetória
desses documentos e o seu contexto de publicação se faz essencial para esse trabalho. E no processo de análise, entender a estrutura da edição, suas
lacunas e marcas deixadas pelo editor. A compreensão desse processo pode nos elucidar sobre essa dimensão material das cartas, entendidas como objeto que tem sua existência para além da dimensão do texto, ou seja, que devem
ter consideradas em sua análise a recepção, publicação e divulgação, e a intencionalidade que permeiam esses processos. Nesse sentido, as cartas e a
sua edição são compreendidas como lugares fluidos, que suscitam várias possiblidades de leitura e interpretações, não só do destinatário, mas também de outros possíveis leitores. E a partir dessa perspectiva que pretendemos
desenvolver a presente pesquisa, tentando identificar quais as intenções que permearam a publicação dessas correspondências e as leituras que se
estabeleceram sobre elas a partir de sua publicação. Palavras-chave: correspondências; Álvares de Azevedo; edição; leituras.
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PRÁTICAS COLABORATIVAS DE ESCRITA EM FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Adriana Silvia Vieira Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva
Os programas de formação de professores utilizam cada vez mais ambientes
digitais que, além de possibilitar a ampliação de acesso, trazem como potencial uma aprendizagem focada na interação e colaboração. As participações a distância ocorrem prioritariamente pelo texto escrito com o uso de ferramentas
digitais e envolvem assim novas práticas de leitura e escrita (letramentos digitais). A finalidade desta apresentação é mostrar resultados preliminares de
nossa pesquisa de mestrado que investiga a escrita colaborativa via internet em formação continuada a distância de professores de Língua Portuguesa. O principal objetivo é estudar as interações verbais dos sujeitos envolvidos nessa
prática de escrita e verificar quais os impactos do uso da ferramenta digital wiki na produção de textos e discursos dos docentes em processo de formação
continuada a distância. Para tanto, o corpus da pesquisa é composto por produções realizadas por professores participantes do curso online Caminhos da Escrita, que integra as ações de formação do Programa Olimpíada de
Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Nesse curso, o wiki é utilizado para a produção coletiva de projetos de letramentos para serem aplicados em sala
de aula. A abordagem da pesquisa é qualitativa e analisa as práticas colaborativas de escrita de três projetos de letramentos, tendo como critérios para seleção desse corpus: projetos avaliados com conceitos diferentes
(“Muito Bom”; “Bom”, “Razoável” e “Insatisfatório”, de acordo com as regras da instituição em que se realizam as atividades); textos que apresentam mais
construções hipertextuais e multimodais; os que apresentam mais interações nos comentários e/ou com histórico mais rico, ou seja, que tiveram muitas versões. A pesquisa filia-se à análise do discurso de linha francesa,
fundamentando-se principalmente nos estudos de Maingueneau (2004, 2008, 2010, 2015). Apoiamo-nos ainda em conceitos relacionados às práticas
colaborativas de escrita de Pinheiro (2013); letramentos digitais de Coscarelli (2016) e Rojo (2013 e 2015); educação a distância de Almeida (2003) e Belloni (2015); aprendizagem colaborativa de Barros, Kenski e Okada (2012).
Palavras-chave: Escrita colaborativa; Formação continuada; Análise do
discurso; letramentos digitais.
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ETHOS DISCURSIVO, LETRAMENTOS E INCLUSÃO DIGITAL NA TERCEIRA IDADE: AS TICs COMO POSSIBILIDADE DE INTERAÇÃO NA
SOCIEDADE
Adriano Gonçalves dos Santos Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva
Vivemos em um momento em que as tecnologias digitais se fazem cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, independentemente de faixa etária,
classe social, nível de escolaridade, dentre outros fatores. Com o aumento da população idosa surge a necessidade de refletir sobre a relação entre as novas tecnologias da comunicação e informação e a produção de conhecimentos em
relação à inclusão social desta população, que tem ganhado destaque em vários estudos, inclusive nos linguístico-discursivos. Embora vivamos em pleno
século XXI, observamos que no cotidiano do idoso ainda é possível encontrar certa resistência face aos aparatos tecnológicos e da própria sociedade em relação ao uso de novas tecnologias por parte das pessoas da melhor idade.
O avanço das tecnologias tem exigido, também, dos idosos um aprendizado contínuo, para que eles possam interagir de forma autônoma e estarem
socialmente ativos, inclusive em relação às inovações tecnológicas. Nosso objetivo é apresentar as ideias principais do projeto de mestrado em Linguística, ainda em andamento, cujo foco é analisar a constituição do ethos
discursivo de idosos face às tecnologias de comunicação e informação, considerando a linguagem em novo contexto. Procura-se o discurso dos
sujeitos da pesquisa em relação à (não) inclusão digital por meio de aparatos digitais. Os sujeitos desta pesquisa são 50 idosos participantes de um grupo de terceira idade de uma Associação de Funcionários Públicos de um
município da Grande SP. Pesquisa de abordagem predominantemente qualitativa e de caráter transversal, realizada por meio de entrevistas
individuais, com roteiro, gravadas e transcritas para análise. Baseamos-nos em Maingueneau (2008, 2010, 2011, 2015, 2016) em relação ao discurso e ao ethos discursivo. Quanto aos letramentos digitais, recorremos a Ribeiro e
Coscarelli (2010), e, quanto à figura do idoso, voltamos nosso olhar para Brandão (2007) e Derbert (2004). Espera-se como resultado compreender
quais mudanças de posicionamento surgiram na medida em que os idosos se apropriam de novas práticas do letramento digital promovidas pela inserção numa sociedade informatizada.
Palavras-chave: letramentos digitais; inclusão digital; novas tecnologias da
informação e comunicação e idosos.
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O ARTIGO DE OPINIÃO NAS PROPOSTAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL APRESENTADAS NO LDP: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA ESCRITA
Alciene Carvalho Silva Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis Silva
O processo de ensino-aprendizagem tem exigido cada vez mais atenção
especial para a leitura e produção textual de diferentes gêneros discursivos, considerados, segundo Maingueneau (2013), “dispositivos de comunicação”. Nesse sentido, tomar o texto como unidade de ensino e o gênero discursivo
como objeto se constitui em uma estratégia significativa para os sujeitos que participam do processo educacional, pois é a oportunidade de a escola
oferecer aos sujeitos envolvidos situações concretas de uso da língua e da linguagem pensando em diferentes situações enunciativos. Este trabalho se propõe a analisar atividades de produção textual, cujo enfoque é o gênero
discursivo artigo de opinião, da esfera discursiva jornalística, presente nos livros didáticos de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II, selecionados
pelo PNLD de 2014. O corpus escolhido são duas coleções de livro didático de língua portuguesa: Português linguagens, dos autores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães e Vontade de Saber Português, das autoras
Rosemeire Alves e Tatiane Brugnerotto. A pesquisa parte da seguinte indagação: Como as atividades de produção textual a partir do gênero
discursivo jornalístico, mais especificamente o artigo de opinião, proposto nos livros didáticos de língua portuguesa de ensino fundamental II, contribuem para o desenvolvimento da habilidade da escrita dos alunos da escola básica? A
partir das atividades de produção textual, visa-se: (i) observar se as atividades propostas possibilitam ao aluno desenvolver as habilidades de escrita,
levando-o a escrever textos coesos e coerentes; (ii) analisar os aspectos linguístico-discursivo dos enunciados; (iii) verificar se propõe reflexões sobre o uso da língua e da linguagem, despertando a criticidade no aluno; (iv)
analisar se as atividades propostas vislumbram a produção textual servindo a um propósito comunicacional ou são direcionadas para que o aluno reproduza
o discurso apresentado no livro didático. Propomos uma pesquisa de abordagem qualitativa e quantitativa. Para tal, recorremos ao suporte teórico de autores como: Apolinário (2006), Bakhtin (2000; 2014), Bunzen (2005), Gil
(2016), Maingueneau (2013; 2015), Rodrigues (2005), Santos, Riche e Teixeira (2013) entre outros. Busca-se analisar se essas atividades colaboram
para a formação de escritores competentes e, ainda, se possibilitam que o aluno compreenda esse gênero em seu contexto social de uso, como um dispositivo de comunicação.
Palavras-chaves: gêneros midiáticos; artigo de opinião; produção textual; livro
didático.
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MULTIMODALIDADE EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Alexandre Passos Bitencourt Orientador: Prof. Dr. Orlando Vian Jr.
Tendo em vista a necessidade de se compreender a multimodalidade como
componente pertencente aos mais variados meios de comunicação, seja em veículos de comunicação convencionais, estatuários ou midiáticos, e levando-se em conta o conceito proposto em Kress e van Leeuwen (2001) e em
Bezerra; Heberle; Nascimento (2011), de que não existe monomodalidade, uma vez que mesmo em textos predominantemente verbais usamos recursos
visuais, dessa forma, acredita-se que a pesquisa em andamento possa contribuir para promover multiletramentos (ROJO, 2012) dos alunos. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar a multimodalidade em
três Livros Didáticos (LDs) de Língua Portuguesa (LP) do nono ano do Ensino Fundamental (EF), aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD)
de 2014. Adotamos como perspectiva teórica a Linguística Sistêmico-Funcional para analisar as variáveis de registro (Campo, Relações e Modo), propostas por Halliday (1989) e Eggins (1994) para verificar como a variável
Modo pode possibilitar a construção de significados para o aluno. A abordagem metodológica desta pesquisa é de caráter qualitativo, pois pretende-se fazer
uma investigação no que se refere à multimodalidade em LDs de LP. O corpus da pesquisa é composto pelos três livros mais adotados por escolas de EF, tanto públicas como privadas: Português Linguagens (CEREJA;
MAGALHÃES, 2012); Projeto Teláris (BORGATTO, BERTIN; MARCHEZI, 2012) e Vontade de Saber Português (ALVES; BRUGNEROTTO, 2012). A
análise, ainda parcial, revela que a multimodalidade está presente nos LDs de LP, haja vista que cada vez mais os LDs têm sido formatados com uma diversidade de gêneros (DIONISIO, 2005), sendo assim, pode ser explorada
pelos professores de LP, como diferentes formas de leituras para dar sentido às questões de ensino-aprendizagem dos alunos, visto que, de acordo com
Ribeiro (2016, p. 56), a escola ainda continua participando pouco de formação leitora, e menos ainda quando o assunto é referente ao texto multimodal.
Palavras-chave: Livro didático; multimodalidade; Linguística Sistêmico-Funcional.
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A IDEOLOGIA NOS TEXTOS DE CARTA CAPITAL E FOLHA DE S. PAULO A RESPEITO DAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013
Anderson da Silva Buzato Orientador: Prof. Dr. João Marcos Mateus Kogawa
O Brasil viveu e vive, em seus dias atuais, com diversas manifestações
convocados pelas mais variadas instituições e organizações da sociedade civil; dentre aquelas, podemos destacar as que ocorreram em junho de 2013, as quais foram denominadas pela mídia de “jornadas de junho” fazendo paralelo
com a “primavera árabe”. Dentro as reivindicações, podemos citar: aumento nas tarifas de transporte público, repressão policial violenta (principalmente
nos protestos), taxas elevadas de corrupção política e impunidade, gastos públicos exorbitantes, serviços públicos (geral) de baixa qualidade, além dos objetivos os quais são democratização da mídia, melhoramento da gestão de
gastos, impedir a aprovação de projetos como a cura gay e PECs que tinham como objetivo diminuir a ação do ministério público federal. Foram várias
matérias jornalísticas referentes às manifestações e a repercussão internacional foi grande, dentre os vários veículos de mídia, destacamos Carta Capital e Folha de S. Paulo que serão objetos de análise do presente trabalho,
dessa forma, temos por objetivo central e geral compreender de que forma se dá a construção do sentido do termo manifestação tanto em Carta Capital
quanto em Folha de S Paulo. Será foco, também, da pesquisa entender, por meio da estrutura da língua, o caráter genérico das reivindicações de 2013 e compreender o modo como a genericidade das reivindicações corroboram
para a desestabilização de sentido em torno do lexema manifestação. Para o desenvolvimento do trabalho, foram selecionados 12 (doze) matérias
jornalísticas veiculadas em junho de 2013 sendo 6 (seis) de Carta Capital e 6 (seis) de Folha de S. Paulo; por critérios metodológicos, optou-se pelas matérias que foram publicadas num período de uma semana partindo da
eclosão das manifestações; outro critério adotado para seleção foi quanto ao lexema manifestação ou similares (atos, protestos, reivindicações) no título da
notícia. Para subsidiar a pesquisa, nos filiaremos ao campo teórico que trabalha com a língua relacionando-a com a produção de sentido e à história, tanto dos sujeitos, quando do dizer, isto é, às condições de produção,
principalmente, as ideias formuladas por J-J Courtine, já que acreditamos que “[...] a análise das condições de produção, inscrita na constituição do que é dito
– veiculado na mídia, é determinante para a compreensão do discurso.” (MEDEIROS, 2008, p. 50 – 51). Com o trabalho que ora se desenvolve pretendemos entender o caráter genérico das manifestações bem como
entender e compreender como tal caráter desestabiliza os sentidos do termo manifestação.
Palavras-Chave: Manifestação; Ideologia; Condições de Produção; Sentido; Mídia.
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A HABILIDADE ORATÓRIA NO CADERNO DO ALUNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Camila Dias Dutra Orientador: Prof. Dr. Álvaro Antônio Caretta
Apresentaremos neste trabalho o plano da dissertação de mestrado que tem
como título “A habilidade oratória no Caderno do aluno do Estado de São Paulo”. A pesquisa tem como objetivo verificar de que forma as habilidades orais, destacadas no Currículo do estado do São Paulo (SÃO PAULO, 2008),
auxiliam os alunos durante as aulas de Língua Portuguesa. Para a análise serão destacadas duas as habilidades orais, do 4º bimestre do Ensino Médio,
“Identificar e avaliar as características próprias da apresentação de um discurso de orador; relacionar conhecimentos do uso da norma-padrão da língua portuguesa à construção de um discurso de orador” (SÃO PAULO,
2008, p.1040). O material para fazer a verificação destas habilidades será o Caderno do aluno (2014), volume dois do 3º ano do Ensino Médio. Tendo como
propósito verificar as considerações de e Dolz e Schneuwly (2004) sobre a sequência didática dos gêneros orais, o volume um do Caderno do aluno do 3º ano do Ensino Médio também será utilizado. A dissertação terá cinco capítulos:
A oralidade; Oralidade nos programas escolares; As sequências didáticas nos materiais didáticos; As habilidades orais: habilidade oratória; e, Análise do
corpus escolhido. Ressaltamos que a importância deste estudo se deve ao fato dos usos das práticas orais também serem fundamentais no processo de ensino e aprendizagem de língua materna. A pesquisa será desenvolvida a
partir do estudo bibliográfico e análise de situações de aprendizagem, encontradas no Caderno do aluno, que favoreçam o desenvolvimento da
habilidade oratória. Para dar base a este estudo, apoiamo-nos nos documentos oficiais: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006). Para as questões relacionadas ao
estudo da oralidade: Fávero, Andrade e Aquino (2005), Rangel (2005), Signorini (2001) e outros. Espera-se ao final da pesquisa compreender de que
forma as habilidades estudas norteiam as aulas de língua materna. Palavras-chave: Caderno do Aluno; ensino; oralidade.
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MULTIMODALIDADE NO MATERIAL DIDÁTICO DE INGLÊS - O CADERNO DO ALUNO
Elio Valdir Moreno Junior Orientador: Prof. Dr. Orlando Vian Jr
O material didático, oficial, fornecido aos professores e alunos da Rede Pública
de São Paulo, pela Secretaria de Educação do Estado é o Caderno do Aluno, um material apostilado, composto por dois volumes, cada volume devendo ser utilizado em um semestre. Esses dois volumes contêm as
situações de aprendizagem recomendadas para cada momento do processo de aprendizagem, exercícios escritos para prática da língua alvo que seja
objeto de estudo, e também sugestões de atividades a serem realizadas em sala de aula. O que isso significa é que o Caderno do Aluno traz tanto o conteúdo a ser explorado, bem como atividades que visam desenvolver as
competências e habilidades selecionadas para aquele momento do processo. O objetivo deste trabalho será é analisar aspectos multimodais do
Volume 2 do Caderno do Aluno de inglês, do primeiro ano do Ensino Médio, a fim de procurar compreender as relações imagem-verbiagem presentes no corpus, ou seja, a relação entre texto verbal e imagético, e como constroem
significado. Há ainda que se considerar a necessidade de se entender, abrigar e fomentar os multiletramentos na escola (Rojo e Moura 2012), lembrando que
o material didático serve como fonte de leitura, não somente do texto verbal, mas também do texto imagético, servindo como instrumento de aprendizagem e desenvolvimento desses multiletramentos. A análise visa aplicar
conhecimentos oriundos da Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday e Matthiessen, 2014), e teorias da Multimodalidade, especialmente a Integração
Multimodal e a Análise do Discurso Multimodal Sistêmico-Funcional (Dias e Vian Jr, 2017). O primeiro passo na realização da análise será uma pesquisa quantitativa: selecionar as ocorrências multimodais no corpus em que serão
analisadas, a fim de comparar a quantidade de ocorrências multimodais com o restante do material. O passo seguinte será a descrição e análise dessas
amostras, de acordo com a ADMSF, especialmente no que diz respeito a tipos de leiaute. Espera-se, ao final desse processo, ter informação que ajudem a compreender as ocorrências multimodais e que isso ajude professores a
melhor utilizar esses momentos.
Palavras-chave: ensino de inglês; multimodalidade; material didático.
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NA ARENA DA LINGUAGEM: OS DISCURSOS, A PALAVRA E OS SABERES
Elton da Conceição Neves Orientador: Prof. Dr. Álvaro Antônio Caretta
Cenas cotidianas, formas sonoras, mesclagem linguística, mobilização
melódica, são elementos que são atrelados ao gênero canção para conferir estilo aceitação e identidade na recepção de um dado texto cancionado. Saberes intrínsecos ao estilo do samba, rock, funk, sertanejo, modinha, cordel,
são perpetrados como traços de um olhar agudo sobre a realidade social. Para tanto, o dialogismo, interdiscurso e às vezes, o humor, se tornam recursos
linguísticos capazes de perpetuar a forma de construir e disseminar a percepção autoral da existência humana nas letras de músicas. Evidenciar nas canções esses elementos, que de certa forma, produzem a identificação do
leitor com as letras e melodias, permite ao pesquisador entender e discutir sobre o poder que o texto cancionado tem em sua forma de existir nos distintos
meios sociais. A identificação do leitor com o discurso do autor assistida pelo o Ethos discursivo, tende a acontecer com a prática da audição e leitura das canções independente do lugar que aqueles estejam. Isso consenti a
compreensão de que as canções exercem a possível função de registro, documento histórico-social de um olhar ímpar das instituições e constituintes
da sociedade. Se o uso da palavra é um ato inteligível, consequência das leituras de mundo e ciência, a construção de um texto pode ser vista como a manifestação de um alto nível de cognição. Neste ensejo, o referido projeto
apresenta uma proposta de análise acerca dos discursos intrínsecos às letras de músicas do grupo Titãs – “Família”, “Estado violência”, “Polícia” e “Igreja”,
do álbum Cabeça Dinossauro, 1987. Partindo do pressuposto de que essas canções são atravessadas por discursos anteriores, buscaremos perceber a presença dessas vozes a partir de Bakhtin (2009) o qual postula a existência
de outras vozes (discurso citado e de outrem) no ato da comunicação verbal e com as categorias de análise a saber, o Ethos discursivo de Maingueneau
(2004), dialogismo revisto por Caretta (2013) e Sobral (2009), o Humor discutido por Possenti (2010), Gesto Cancional apresentado em Tatit (2004). Objetiva-se a constatação e análise do “Discurso Citado” bakhtiniano, nas
canções, como promotor de saberes e consequentemente uma discussão desses conhecimentos. A metodologia adotada é a Análise do Discurso,
enquanto procedimento que calça a construção da dissertação, norteando todo o percurso de produção dialógica desta pesquisa.
Palavras-chave: Discurso; sabers; canção; palavra; Ethos.
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HETERODISCURSIVIDADE E MEMÓRIA DA LÍNGUA: TENSÕES DIALÓGICAS EM TORNO DA VARIANTE "NÓS PEGA O PEIXE"
Elvis Lima de Araujo Orientador: Prof. Dr. Anderson Salvaterra Magalhães
Esta pesquisa tem como objetivo geral demonstrar como as vozes sociais
flagradas na cadeia comunicativa discursiva construída em torno de “Nós pega o peixe” participam da construção de uma memória do português brasileiro. O recorte temporal remete ao ano de 2011, quando o livro didático “Por uma Vida
Melhor”, desenvolvido para a modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos – EJA, chegou às escolas públicas brasileiras apresentando uma
proposta de descentralização verboideológica com vistas ao desenvolvimento de um cenário de trabalho que evidencie a língua em uso. O objeto aqui investigado é a atualização da potencialidade semântica do elemento
linguístico “Nós pega o peixe”. Especialmente pelo viés da heterodiscursividade e memória da língua, investigaremos como a polêmica
gerada em torno de um exemplo de variante não prestigiada do português brasileiro dá pistas acerca de valores constitutivos da identidade e memória cultural brasileiras. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental com
análise de materiais da mídia digital veiculados em jornais online, blogs, portais de notícias, etc. que versam em torno da polêmica gerada a partir da presença
da citada variante num livro didático de língua portuguesa, a partir do arcabouço advindo do pensamento bakhtiniano. Partimos da ideia de que o discurso se constitui na perspectiva da existência do “outro” e se materializa
ideologicamente através de relações que envolvem alteridade, reiteração e identificação entre seus interlocutores, fomentando assim seu caráter
dialógico. Essa dinâmica interacional se constitui também por meio de relações axiológicas constituídas ideologicamente na sociedade. São premissas para esta proposta de investigação, as ideias de que a língua funciona na relação
entre forças centrípetas e centrífugas (valores e vozes sociais) e de que a contemporaneidade tem passado por constrangimentos que demandam um
redesenho dessas forças e, com isso, trazido novas forças mediadas pela internet. Esperamos que esta pesquisa contribua na compreensão de fenômenos discursivos em novos contextos de interação.
Palavras-chave: Heterodiscursividade; Memória da Língua; Mídia Digital; Nós
Pega o Peixe; Forças Centrípetas e Centrífugas.
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LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA E A FORMAÇÃO DE LEITORES A PARTIR DE GÊNEROS MIDIÁTICOS
Jéssica Máximo Garcia (CAPES/CNPq)
Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva
Esta apresentação objetiva evidenciar como os textos de divulgação científica, considerados nesta pesquisa como gêneros midiáticos (BALTAR, 2010), são
trabalhados pelos Livros Didáticos de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) aprovados pelo PNLD-2014. Recentemente ainda há poucas pesquisas sobre como o trabalho com os
textos de divulgação científica, presente nos livros didáticos aprovados pelo PNLD, contribuem para o ensino-aprendizagem e desenvolvimento de
diversas capacidades nos alunos a partir do trabalho com a leitura. Trata-se de uma investigação inicial, que está inserida em uma pesquisa de mestrado em andamento na linha de pesquisa Linguagens em novos contextos. Seu
principal objetivo é verificar como as abordagens pedagógicas voltadas para o trabalho com a leitura de textos de divulgação científica podem proporcionar o
desenvolvimento de competências e habilidades relativas às práticas de linguagem. Para alcançar o que propomos, o instrumento utilizado será uma sinopse, ferramenta analítica proposta por Schneuwly, Cordeiro e Dolz (2005),
que ajuda a identificar atividades subordinadas e parciais, a progressão dessas atividades, os objetivos, etc. Além disso, baseamo-nos nas prescrições do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2014) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998). Pautamos nossos estudos em Bunzen (2005 e 2009) no que diz respeito ao Livro Didático enquanto um objeto
cultural, complexo e multifacetado e em Batista (2001) sobre as políticas públicas de Livros Didáticos. Levamos em consideração também as questões
sobre Múltiplas Linguagens na escola (ROJO, 2012; BUNZEN & MENDONÇA, 2013; MARCUSCHI, Beth 2013; DIONISIO, 2013, 2011 e 2008), assim como os estudos de mídias na educação (CONSANI, 2012; BALTAR 2010, 2008;
BARBOSA, 2005; CITELLI, 2000) e Kleiman (2001) no que diz respeito à leitura. Os resultados, tanto desta apresentação como desta pesquisa de
mestrado, podem trazer benefícios para reflexão sobre as relações entre o processo de escolarização dos gêneros realizado pelos livros didáticos e sobre os limites e possibilidades do material didático impresso para o tratamento de
gêneros intersemióticos.
Palavras-chave: gêneros midiáticos; divulgação científica; leitura.
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PARATEXTOS FICCIONAIS EM WATCHMEN
Karoline Caetano Brito
Orientador: Prof. Dr. Paulo Ramos
Este projeto de pesquisa analisa os textos multimodais apresentados ao final dos onze primeiros capítulos da história em quadrinhos (HQ) Watchmen,
publicada no Brasil em uma edição completa, pela Panini Books, em 2011. Acredita-se que eles possam ser considerados paratextos. Parte-se da hipótese da existência de paratextos não ficcionais, que seriam os que estão
relacionados à obra publicada, como o título, introdução, etc, também presentes na HQ Watchmen, e os ficcionais, que seriam os que foram
produzidos no contexto fictício e não existem de outra forma, como os onze textos citados. Para isso, pretende-se gerar um diálogo entre Literatura, Linguística e HQs, usando os conceitos de transtextualidade, principalmente o
paratexto, de Genette (2009, 2010), de intertextualidade apresentada por Koch (2009, 2011) e Samoyault (2008) e dos fatores de contextualização e definição
de texto de Marcuschi (2008, 2012) como estratégia textual-discursiva na formação de sentido, além da contextualização do corpus de pesquisa e teoria dos quadrinhos apresentada por García (2012), Murray (2010) e Ramos
(2014). Os paratextos estudados, considerados por nós como ficcionais, apresentam gêneros textuais bastante diferentes, que vão desde trechos de
uma autobiografia, a correspondências e artigos de revistas. É importante salientar que todos foram estruturados de forma a apresentar detalhes em sua arquitetura que ancoram o texto em determinada situação comunicativa que
possa ser reconhecida pelo leitor, levando-o a acreditar em sua veracidade, o que era uma das experiências que o roteirista tentava destacar em sua ficção.
A partir de um levantamento dos estudos acadêmicos sobre a HQ Watchmen, notou-se que pouco se pesquisou sobre estas onze histórias secundárias, corpus de nossa pesquisa. Ao considerar a importância da obra para a história
das histórias em quadrinhos, viu-se a oportunidade de fazer um estudo mais aprofundado destes elementos, sob a ótica da linguagem em novos contextos.
Levando em consideração os fatores já citados, acreditamos em um possível ineditismo desta pesquisa.
Palavras-chave: Watchmen; paratextualidade; multimodalidade; história em quadrinhos.
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MITO E PODER NA MÍDIA ATUAL: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA PODER
Leandro de Oliveira Silva Orientador: Prof. Dr. João Marcos Mateus Kogawa
Este projeto visa apresentar uma proposta de análise discursiva da “Revista
Poder”, da Editora Glamurama Ltda., a qual tem por diretora geral a jornalista “Joyce Pascowitch”. A pesquisa dedicar-se-á, sobretudo, à análise das capas da revista. Foram selecionadas capas da revista, sistematizadas em grupos
cujas chamadas principais se enquadram em determinados eixos semânticos. Foram observados três eixos semânticos na construção das chamadas
principais da Revista Poder: a) cotidianidade (ressignificação de jargões populares; b) denominacionalidade (construção de epítetos); c) culturalidade (expressões com referência a obras literárias, filmes e programas de
televisão). Como a Revista Poder compõe mitos da sociedade de consumo para criar sentidos de poder? Esta pesquisa propõe, pela investigação
supramencionada, uma pequena mitologia cotidiana, que instaura efeitos de sentido sobre o poder. Para realizar a pesquisa, serão utilizados teóricos da Análise do Discurso da vertente francesa em diálogo com a Semiologia
barthesiana: i) os pressupostos de Michel Foucault, para uma análise sistemática do “sentido de poder” na revista. Não há aqui uma noção de poder
como exercício de dominação, mas a questão de compreender por quais meios o poder se exerce. As relações de poder estão, para Foucault, enraizadas nas redes de relações formadas em escala micro, e não na noção de poder
estabelecido pelas Instituições de Estado; ii) o legado epistemológico de Michel Pêcheux e a problemática do efeito de sentido na relação entre
linguagem, ideologia e memória discursiva; iii) os estudos atuais de Jean-Jacques Courtine na problematização da Análise do Discurso de tradição francesa em diálogo com a Semiologia barthesiana. Ressalta-se a importância
de uma re-leitura da obra de Roland Barthes e sua noção de mitologias nas mídias atuais. É a pequena mitologia da qual Barthes falava, atualizada na fala
da Revista Poder. Por fim, espera-se que, ao final deste estudo, apareçam reflexões significativas ao contexto acadêmico no que diz respeito ao diálogo entre a Análise do Discurso e a Semiologia e a aplicação desse diálogo na
análise de mídias atuais.
Palavras-Chave: Revista Poder; Mito; Poder; Análise do Discurso; Semiologia.
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APRENDIZADO DE LÍNGUAS NA ERA DIGITAL: O CALL E QUESTÕES DE INTEGRAÇÃO
Murilo Dominguez Gouveia Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva
Em um mundo amplamente globalizado, é evidente a crescente dependência
da tecnologia e da comunicação entre indivíduos em escala mundial, canal que pode ser potencializado quando há ensino-aprendizagem de línguas eficaz. A invenção dos computadores possibilitou pesquisas e estudos para a criação
de programas de computação voltados para o ensino-aprendizagem de línguas que deram origem ao CALL, introduzido em 1960, por meio do projeto PLATO,
idealizado pela Universidade de Illinois (EUA) e concebido em suas instalações (UNIVERSITY OF ILLINOIS, 1960). CALL, ou Computer-Assisted Language Learning (Ensino-Aprendizagem de Línguas mediado por Computador) pode
ser definido como "a busca e o estudo de aplicações de computador no ensino e aprendizagem de línguas" (LEVY, 1997, p. 1). O advento do
microcomputador, no final da década de 70 do século XX, permitiu o acesso de um público maior às tecnologias, em especial ao uso de computadores, resultando, a partir do início de 1980, em um enorme aumento no
desenvolvimento de programas e publicações de livros CALL, que desde então vem desenvolvendo-se e difundindo-se mundialmente (THOMAS; REINDERS;
WARSCHAUER, 2013). O CALL engloba uma ampla gama de aplicações de tecnologia da informação e comunicação, além de diversas abordagens para o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, desde os programas de
exercício e prática tradicionais, como Drills e ensino presencial, a manifestações mais recentes, como ambientes virtuais de aprendizagem-
ensino a distância. Esta pesquisa estuda a integração do ensino-aprendizagem de línguas mediado por computador, conhecido como CALL, ou Computer-Assisted Language Learning. Objetiva-se contextualizar o CALL, seus
formatos, tipologias e ferramentas, analisar seu impacto no ensino de línguas moderno, determinar as facilidades e dificuldades de sua utilização no
processo linguístico-educacional e avaliar sua integração no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. A fundamentação teórica pauta-se em estudos da Linguística, Educação e das Novas Tecnologias, com enfoque na
Análise do Discurso francesa de Dominique Maingueneau (2001). Metodologicamente, serão realizadas análises das respostas das pesquisas
qualitativas, obtidas por meio de entrevistas com sujeitos - professores e alunos/professores - que usam o CALL no ensino de línguas. Como resultado, busca-se refletir o arcabouço acadêmico de linguagem em novos contextos e
verificar como ocorrem as interfaces possíveis entre linguagem, ensino, tecnologia, aprendizado de línguas e mídias digitais a fim de maior integração
do CALL e ensino-aprendizagem mais significativo. Palavras-chave: Linguagem; Novas tecnologias; Ensino-Aprendizagem.
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A RELAÇÃO ENTRE TEXTO E CONTEXTO: ANÁLISE DA VARIÁVEL DE REGISTRO ‘CAMPO’ EM GÊNERO DE LIVROS DIDÁTICOS DO 9º ANO
DE LÍNGUA PORTUGUESA
Pedro Cerqueira da Silva
Orientador: Prof. Dr. Orlando Vian Jr.
Esta pesquisa tem como objetivo preliminar direcionar e refletir sobre a relação entre texto e contexto nos gêneros de livro didático (LD) de língua portuguesa (LP) do 9º ano. O corpus em estudo
compõe-se de três coleções de LD de LP do ensino fundamental: (1) Projeto Teláris (Borgatto, Bertin e Marchezi, 2012); (2) Português Linguagens
(Cereja e Magalhães, 2012) e (3) Vontade de Saber Português (Alves e Brugnerotto, 2012). Os critérios de tais escolhas se resumem em três: (a) foram aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) para o triênio
2014, 2015 e 2016; (b) serem os mais adotados e distribuídos pela rede pública de ensino do Brasil (BRASIL, 2013) e (c) apresentam os mesmos
critérios para a exploração dos textos, apesar de suas nuances. A base teórica focalizada é a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) devido ao fato de esta perspectiva focalizar a língua do ponto de vista funcional, ou seja, estudar seu
uso de acordo com a função de construção de significados Vian Jr. (2014), conforme preceituada por Halliday (1989) e seguidores. A LSF analisa a
linguagem como um recurso para a produção e interpretação de significados nos diversos contextos socioculturais Eggins (2002) e, a partir desse pressuposto, apresentaremos o contexto de situação em que este corpus está
inserido, descrevendo as características dos gêneros sob estudo, tendo como base a variável de registro Campo, conforme princípios estabelecidos
por Halliday (1989) e disseminada por diversos estudiosos no exterior e nacionalmente. Serão apresentados, também, aspectos dos gêneros relacionados ao “ambiente sociocultural mais amplo, que inclui ideologia,
convenções sociais e instituições” (Cabral; Fuzer, 2014, p. 28). Os resultados apontam que a variável Campo de Registro é extremamente relevante para
aluno e professor, pois é a partir do Campo que se podem perceber os significados dos textos que circulam em um dado contexto real de uso da língua e como tais aspectos podem ser abordados no ensino. Acreditamos,
com isso, que essa pesquisa possa abrir espaço para reflexões que contribuam para o (re) pensar o ensino de texto na escola através
dos LDs de língua portuguesa. Palavras-chave: Gênero; Texto; Contexto; LSF; Livro didático de Língua
Portuguesa.
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ANÁLISE DO DISCURSO E MÍDIAS TELEVISIVAS: COMPREENDENDO A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO FEMININO EM PROGRAMAS
DE INFOTENIMENTO
Rita de Cássia cavalcante de Couto Orientador: Prof Dr. Sandro Luís da Silva
Os programas de Infotenimento constituem uma realidade na sociedade, levando os espectadores a se depararem com os mais diversos assuntos
presentes no dia a dia das pessoas de forma leve e descontraída. Esta comunicação apresenta a análise da construção do ethos discursivo em Programa de Infotenimento, que constitui o objeto de pesquisa de mestrado
em andamento no Programa de Pós-Graduação em Letras da Unifesp. Para tanto, elegemos os estudos sobre ethos discursivo e cenas da enunciação
apresentados por Maingueneau. Trabalharemos, também, com o conceito de mídias e suporte de Bonini (2002), o conceito de adaptação proposto por Feijó (2010) além das noções de autoria de Barthes (2004) e Foucault (2002).
Escolhemos como corpus para análise dois trechos do Programa Encontros, apresentado por Fátima Bernardes e veiculado pela Rede Globo Produções. A
atração é exibida de segunda à sexta no período da manhã, e aborda temas que, normalmente, tem apresentado índices de relevantes aceitação por parte da audiência. A temática do programa selecionado se enquadra no jornalismo
denominado Infotenimento, sendo classificado como um espaço destinado às matérias que visam a informar e a entreter. O trecho selecionado para análise
apresenta uma enquete na qual atores e convidados da plateia deverão, após assistir o trecho de um filme que mostra a rotina de médicos cariocas em bairros vulneráveis, escolher: Entre o policial e o traficante feridos no mesmo
confronto, qual paciente o médico deverá atender primeiro? O programa gerou repercussão negativa frente as redes sociais, levando a produção elaborar
outro programa que esclarecesse à audiência quais os propósitos da enquete anterior. Diante desse evento, além de analisar a constituição do ethos discursivo em programas de infotenimento, observamos de forma crítica a
relação entre cenografia e o ethos discursivo e seus possíveis efeitos de sentido, assim como os recursos linguístico-discursivos que levam à
constituição do ethos discursivo, que se constitui, a nosso ver, um elemento argumentativo. A metodologia adota foi a de abordagem qualitativa, com caráter descritivo. Propusemos um corte temporal o programa descrito e para
obtenção dos dados que corroborem para responder ao problema de pesquisa levantado, levando em consideração da pesquisa optou-se por uma
abordagem de análise qualitativa. Palavras chave: Infotenimento; análise do discurso; ethos discursivo.
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COMPOSITORAS BRASILEIRAS: O DISCURSO SOBRE O UNIVERSO FEMININO NA CANÇÃO POPULAR DO SÉCULO XXI EM DIÁLOGO
Sandra de Barros Orientador: Álvaro Antônio Caretta
O universo feminino, enquanto tema de canções populares, foi bastante
tratado durante todo o século XX no Brasil, principalmente pelos compositores do sexo masculino, já que as mulheres ainda não tinham a mesma facilidade de acesso às diversas esferas da vida social, incluindo-se a esfera artística. A
partir das mudanças socioculturais da década de 1960, no entanto, elas puderam se inserir, pouco a pouco, no meio artístico musical, superando o
papel de apenas intérpretes das canções deles. O objetivo desta pesquisa é verificar como as compositoras brasileiras do início do século XXI elaboram o discurso da representação do universo feminino em sua canções, em
contraposição à representação predominantemente masculina popularizada em canções como "Aí, que saudades da Amélia" de Mário Lago, "Emília" de
Wilson Batista, "Vocé só mente" de Noel Rosa, "Mesmo que seja eu" de Roberto e Erasmo Carlos. Para tanto, estão sendo selecionadas como corpus de estudo canções lançadas no século XXI, cujas compositoras incorporam
em seu discurso cancional reflexões sobre universo feminino. Selecionamos, até o momento, canções das seguintes compositoras: Adriana Calcanhotto;
Pitty; Karina Buhr; Isabella Taviani e Myllena Gusmão; Alice Ruiz e Alzira Espíndola; Mc Soffia; Mc Karol e Karol Comká; e Ana Cañas. Partindo da premissa de que a canção também é um enunciado discursivo e que, como tal,
tem como característica constituinte o interdiscurso, esta pesquisa utiliza a fundamentação teórica da Análise do Discurso francesa desenvolvida por
Dominique Maingueneau (1997, 2001, 2008, 2013). Além disso, agregamos algumas reflexões teóricas desenvolvidas pelo Círculo de Bakhtin a respeito de dialogismo e gênero discursivo (BAKHTIN [VOLOSHINOV], 2004;
BAKHTIN, 2002, 2011), tomados também, secundariamente, a partir de estudiosos brasileiros do pensamento bakhtiniano (BRAIT, 2005; FARACO,
2009; FIORIN, 2006a, 2006b). Considerando ainda que a canção é um gênero composto das modalidades linguística e musical, buscamos compreender também como tais modalidades se engendram na construção de sentido do
discurso dessas artistas. Para tanto pretende-se utilizar os conceitos relativos às relações entre melodia e letra desenvolvidos por Luiz Tatit (2012) e os
estudos sobre o gênero canção popular realizados por Álvaro Antônio Caretta (2013).
Palavras-chave: canção popular; dialogismo; interdiscursividade; feminino.
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DO ROMANCE PARA A HQ: A TRANSPOSIÇÃO MIDIÁTICA DE DOIS IRMÃOS
Simone Paula Marques Tinti
Orientadora: Profª Drª Ana Luiza Ramazzina Ghirardi
Esta comunicação busca apresentar aspectos gerais de minha dissertação de mestrado, que está em andamento. O projeto tem como corpus a HQ Dois Irmãos, de Fábio Moon e Gabriel Bá (2015), baseada na obra homônima de
Milton Hatoum. Com a pesquisa, busca-se entender e apresentar os meios pelos quais ocorreu essa transposição midiática, partindo da hipótese de que
a nova mídia, ao mesmo tempo que conserva a identidade da obra literária, cria um novo produto, respeitando as características da linguagem HQ. As relações língua/literatura são abordadas a partir da noção de midialidade e
intermidialidade adotadas por GAUDREAULT e MARION (2012). O conceito de adaptação está relacionado a termos como mudar, transformar, imitar e até
plagiar. No entanto, diferentemente do plágio, uma mídia derivada anuncia abertamente sua relação com outra obra. A versão de Dois irmãos em quadrinhos traz essa inscrição já na capa. Na interpretação de Hutcheon
(2013), a adaptação é uma recriação ou reinterpretação. A autora destaca, retomando Walter Benjamin, afirma que a arte de contar histórias é sempre a
arte de repetir histórias. E ainda Genette (2010, p.140), pela figura do palimpsesto, indica que “‘fazer o novo com o velho’ tem a vantagem de produzir objetos mais complexos e mais saborosos do que os produtos ‘fabricados’”.
Quando a mídia derivada é uma HQ, a adaptação não implica apenas desenhar personagens, cenários e incluir os diálogos em balões, por exemplo.
As adaptações literárias para HQ potencializam a capacidade de significação do verbal e não-verbal, “até porque relacionam as características artísticas básicas de cada uma dessas linguagens, transformadas em uma só no âmbito
dos quadrinhos” (PINA, 2011, p.65). Em minha dissertação, para demonstrar o diálogo entre os elementos do romance e da HQ, será feito um cotejo das
duas mídias. O objetivo é verificar como as imagens e outros recursos verbo-visuais adaptam trechos do romance para os quadrinhos e auxiliam na construção de uma leitura multimodal.
Palavras-chave: multimodalidade; adaptação; literatura; HQ.
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A EFETIVAÇÃO DOS QAUDRINHOS NO PNBE (2006-2014): DA CAIXA AO LEITOR
Vanessa Yamaguti Orientador: Prof. Dr. Paulo Ramos
Para esta comunicação, apresentaremos a metodologia de pesquisa e estudo,
o arcabouço teórico e, assim, problematizar os dados da dissertação, intitulada A efetivação dos quadrinhos no PNBE (2006-2014): da caixa ao leitor. Nossa pesquisa busca constatar se há ou não o uso dos livros em quadrinhos do
PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), pois durante oito anos o governo federal os comprou e os distribuiu às escolas públicas brasileiras com
o objetivo de garantir e democratizar o acesso ao livro. No entanto, qual a efetivação das HQs (Histórias em Quadrinhos) nesse processo ainda não foi evidenciada. Desta forma, buscando averiguar tal realidade, realizamos, em
2016, uma pesquisa de campo nas escolas públicas municipais de Barueri, cidade da região metropolitana de São Paulo, que tinham ao menos uma obra
em quadrinhos do programa destinada ao Ensino Fundamental II. Aplicamos os questionários em 9 escolas, entrevistamos os responsáveis pelas bibliotecas e 22 professores de Língua Portuguesa, a fim de verificar o trabalho
com essas obras e seus conhecimentos sobre a linguagem dos quadrinhos e o programa. Nossa hipótese é a de que essas obras não chegam à sala de
aula e, por isso, não há a efetivação. O que corrobora com a situação, pelo que se pôde averiguar, é a falta de preparo dos profissionais que são responsáveis por mediar a leitura escolar. Falhas que já foram apontadas por
Paiva (2012), Montuani (2012) e Brasil (2006; 2008), evidenciando a carência na formação do mediador de leitura, visto que os livros chegam, mas não, na
maioria dos casos, aos leitores. Embora já tenham feito catalogações de todas os quadrinhos comprados pelo governo, a exemplo e mais recente, a tese de Borges (2016), foi necessário atualizar tal lista, pois nas visitas das escolas
identificamos produções que não apareceram nessas publicações. Neste percurso de estudo e pesquisa, recorremos a Chartier (1996), Mézaros (2005)
e Kalman (2004) para discutir a questão do acesso à leitura, sobre o PNBE, nos baseamos em Fernandes (2007), Paiva (2012) e nos documentos oficiais, sobre os quadrinhos, Ramos (2009, 2012), Vergueiro e Ramos (2009) e
Vergueiro (2010), e pretendemos, à luz de Rojo (2012) e Dionísio (2014) sobre multimodalidade, discutir a importância dos quadrinhos como leitura
independente a partir de seu aspecto verbo-visual. Palavras-chave: PNBE; quadrinhos; leitura; biblioteca escolar;
multimodalidade.
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O PAPEL DO CORPO, GESTOS, OLHAR E FALA EM INTERAÇÕES FAMILIARES DE UMA CRIANÇA AUTISTA
Caroline Paola Cots Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Miranda da Cruz
Nossa proposta é evidenciar a importância que os elementos não-verbais,
como o corpo, gestos e direcionamentos do olhar, têm na construção das interações familiares de uma criança autista. Para a análise, selecionamos uma coleção de dados do corpus audiovisual CELA — Corpus para Estudo da
Linguagem no Autismo (CEP 0052/2015 e 1172/2016), gerado entre 05/2014 e 10/2015 (financiado pelo PIBIC-CNPQ de 08/2014 a 05/2015 e pela FAPESP
de 06/2015 a 12/2015), quando Luiza, sujeito participante da pesquisa, tinha de 10 a 12 anos. O CELA é um dos resultados de minha pesquisa de Iniciação Científica e fornece dados para minha investigação atual e para outras
pesquisas do Projeto Gestos Mínimos (Unifesp). O corpus, composto por aproximadamente 6h de interações familiares naturalísticas de uma criança
autista, dá visibilidade a uma configuração interacional organizada por pouco ou nenhum recurso verbal e, principalmente, por recursos não-verbais. O objetivo geral desta pesquisa é investigar e aprofundar a hipótese de que a
ausência da fala dá lugar a sequências interacionais organizadas multimodalmente. A investigação fundamenta-se em uma abordagem
multimodal da linguagem (Levison & Holler, 2014; Goodwin, 2007; 2010), que nos permite descentralizar nosso olhar da linguagem verbal e ampliar para o sistema de signos (gestos, língua, corpo, movimentos, espaço físico e objetos)
mobilizados pelos falantes nas interações sociais, ou seja, nos permite estudar a linguagem incorporada e situada. A análise multimodal também viabiliza o
estudo e a compreensão de interações em que a linguagem é tratada como alterada, ausente ou deficiente, como acontece em casos de autismo. Esta frente de estudo mostra como os participantes empregam formas criativas e
alternativas de organizar as interações frente à dificuldade ou limitação verbal, valendo-se de recursos linguísticos-interacionais distintos dos utilizados e
esperados em interações padrão (Ochs & Solomon, 2010; Sterponi, Kirby & Shankey, 2014; Maynard, McDonald & Stickle, 2015). Como resultado parcial, apresentarei uma análise prévia de um conjunto de dados que revelam como
os elementos não-verbais, como o direcionamento de olhar, os gestos e a postura corporal, são recursos fundamentais para Luiza nas interações,
empregados para a seleção de interlocutor, a construção do referente e a confirmação de entendimento, por exemplo. Os dados foram transcritos com base na notação multimodal proposta por Mondada (2012), notação que
possibilita a coordenação de gestos, expressões faciais, posturas corporais e elementos mais sutis, e pela possibilidade de alinhar gesto e fala e mostrar a
organização desses elementos nas interações. Palavras-chave: análise multimodal; autismo; fala-em-interação; linguagem
corporificada.
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CONSTRUÇÃO CONJUNTA E MULTIMODALIDADE: AÇÕES INVESTIGADAS A PARTIR DE INTERAÇÕES ENVOLVENDO UM
SUJEITO AUTISTA
Douglas Vidal Santiago Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Miranda da Cruz
Esta pesquisa de mestrado visa analisar a forma como se organizam, do ponto
de vista estrutural, as ações de colaboração e construção da atenção conjunta envolvendo um sujeito autista e o que elas podem nos indicar sobre questões
mais gerais relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista e suas implicações para a interação cotidiana. Para isso, trabalhamos com um estudo de caso cujos dados foram extraídos do corpus CELA – Corpus para Estudo da
Linguagem no Autismo (Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal de São Paulo, CEP 0052/2015 e CEP 1172/2016) coletado pela
pesquisadora Caroline Cots com financiamento PIBIC/CNPq de 08/2014 a 15/2015 e FAPESP de 06/2015 a 12/2015. O CELA refere-se às interações de uma criança autista, cujo pseudônimo é Luiza, no período em que o sujeito
participante da pesquisa tinha de 10 a 12 anos. Em sua constituição final, o corpus tem aproximadamente 6h de gravações selecionadas sob critérios:
qualidade; aprovação dos participantes; viabilidade para a realização de transcrições e análises multimodais. Os dados foram transcritos conforme apresentados em Mondada (2012, 2016) adaptados da notação de Jefferson
(1984). Transtorno do Espectro Autista é descrito clinicamente como uma patologia que afeta o desenvolvimento neurocognitivo e compromete em graus
e formas distintos o engajamento do sujeito na construção conjunta da atenção, das ações e na participação em interações sociais (Lai, Lombardo & Baron-Cohen, 2014). Nesse estudo focamos em abordagens que enfatizam os
aspectos pragmáticos da linguagem e destacamos as produções verbais, bem como o uso de gestos como formas linguísticas simbólicas que devem ser
compreendidas e significadas nos momentos em que Luiza assume papel de sujeito na linguagem e se constitui como falante. Fundamentamos o estudo teórico-analiticamente no campo dos Estudos em Interação Corporificada
(Streeck et al, 2010; Streeck, Goodwin & LeBaron, 2011), cujo interesse está em explicar como os sujeitos organizam seus movimentos corporais e sua fala
quando interagem com o outro no mundo físico-material e de que modo coordenam estruturas linguísticas com recursos corporais (tais como direcionamentos de olhar e gestos) para tornar coerentes e inteligíveis as
ações que constroem, e em alguns conceitos fundamentais da Sociolinguística Interacional (Garcez & Ribeiro, 2013) com o fim de investigar os recursos
multimodais (fala, gestos, objetos, movimentos corporais) mobilizados pelo sujeito com autismo e seu(s) interlocutor(es) neurotípico(s) durante os processos de construção conjunta de ações em interações cotidianas.
Palavras-chave: Sociolinguística Interacional; Interação Corporificada;
Transtorno do Espectro Autista; Construção Conjunta; Multimodalidade.
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O INFINITIVO FLEXIONADO DO PORTUGUÊS PAULISTA DOS SÉCULOS XVIII, XIX E XX: UMA ANÁLISE SINTÁTICO-DIACRÔNICA
Sarah Cristina Silva Leite Vargas Orientador: Prof. Dr. Rafael Dias Minussi
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise preliminar sobre o infinitivo flexionado dos séculos XVIII, XIX e XX sob uma perspectiva diacrônica. Por meio do estudo dos infinitivos flexionados (MAURER Jr., 1968;
MODESTO, 2011) e de estudos de sintaxe diacrônica (Cf. KROCH, 1989; PAIXÃO DE SOUSA, 2004) foram analisadas ocorrências do fenômeno em
destaque em textos do português paulista dos séculos mencionados, além de fazermos uma reflexão acerca do Parâmetro do Sujeito Nulo e a realização do sujeito desencadeando a flexão do infinitivo. O enfraquecimento da flexão dos
verbos no português brasileiro é crescente (GALVES, 1993), contudo o infinitivo flexionado é encontrado em contextos em que não está prevista sua
ocorrência (CAVALCANTE, 2006). Nos textos paulistas, contudo, observamos os contextos de presença dos infinitivos, sua presença, crescimento e, no último século, uma presença mais restrita, se opondo a uma tendência
verificada em textos mais recentes, como as dissertações e teses analisadas em Canever (2012). Neste estudo, foi possível observar o tipo de sujeito que
acompanha a flexão infinitiva no português paulista. Assim sendo, o trabalho apresenta uma descrição do infinitivo flexionado nos corpora do Projeto de História do Português Paulista - dos séculos XVIII, XIX e XX, passando pelas
seguintes etapas: a) descrição e análise do fenômeno no corpus selecionado, com base na teoria do Caso (CHOMSKY, 1986; VERGNAUD, 2008 [1977];
PREMINGER, 2015); b) análise para os infinitivos flexionados para a atribuição de Caso e Marcação excepcional de Caso. Os critérios usados para seleção do corpus foram obtidos por meio de textos que apresentavam os mesmos
traços, como: (i) tipos de verbos que admitem flexão, (ii) tipo de verbos que acompanham o infinitivo flexionado, (iii) traço [±humano] e, em destaque, (iv)
a narratividade dos textos (Cf. KEWITZ, 2007). Foram encontradas 115 ocorrências de infinitivo flexionado: 55 no século XVIII, 49 do século XIX e 11 do século XX. Os termos que antecedem esses infinitivos são preposições,
pronomes, adjetivos, nomes, verbos e outros. Desses, o que antecede a flexão infinitiva na maioria das vezes é a preposição. O presente trabalho pôde
verificar como ocorreu a queda da flexão infinitiva do século XVIII para o século XX, como proposto por Galves (1993). O infinitivo flexionado apresenta grande número de ocorrências no século XVIII, contudo esse número começa a
diminuir no século XIX e no século XX a perda da flexão infinitiva é crescente, contrariando os dados do século XXI (CANEVER, 2012).
Palavras-chave: infinitivo flexionado; sintaxe diacrônica; português paulista.
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A AQUISIÇÃO DO ARTIGO DEFINIDO EM L2
Stefanie Martin
Orientador: Prof. Dr. Marcello Marcelino
Considerando-se as ocorrências frequentes de uso inadequado do artigo definido the por falantes do Português Brasileiro (PB) aprendizes do Inglês
como segunda língua (L2) e a carência de referencial teórico sobre o assunto, decidiu-se investigar o porquê de esses falantes nativos do PB não adquirem plenamente o uso correto do artigo definido the em sua L2. Esta pesquisa de
mestrado em fase inicial dentro da perspectiva da Linguística Teórica, especificamente na linha de linguagem e cognição, procura responder a essa
questão baseada nas ideias que estão encampadas na literatura gerativa (Chomsky 1965, 1986) e toma por base as prerrogativas da teoria de Princípios e Parâmetros para análise de aquisição de L2 (White 1998, 2003; Lightbown &
Spada 2006). Optou-se então por descrever inicialmente como o artigo definido é abordado em gramáticas de fácil acesso, descritivas e elaboradas tanto da
língua nativa (L1) quanto da língua alvo para se analisar as semelhanças e diferenças entre os usos do definido entre as duas línguas. O próximo passo da investigação é entender o processo de aquisição do definido na L1
(Português) e na L2 (Inglês) pautada em estudos como os de Kato (1974) Ionin etc al (2009, 2011) e Mariñas (2011) para então confirmar ou refutar a minha
hipótese inicial: considerando que o artigo definido é um termo existente em algumas línguas, mas não em outras (como o Russo e o Coreano), por ser uma das palavras mais frequente em Língua Inglesa e também por ser uma
das mais difíceis de ser adquirida por falantes não nativos segundo Mariñas (2011) e por ser uma categoria funcional tão inerente ao NP que seus (DP)
traços semânticos [+ - definido], [+- específico], [+- plural], [+- massivo], [+- concreto] são totalmente dependentes dos traços apresentados pelo NP, a minha hipótese é a de que a complexidade da aquisição do the em sua
plenitude esteja relacionada à interpretação semântica do artigo e possivelmente à dificuldade de remarcação paramétrica dos traços do NP,
diferentes na L1 e na L2. Palavras-chave: Gerativismo; Aquisição de L2; Artigo Definido the;
Interpretação Semântica - Remarcação Paramétrica.