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UNIVERSIDADE CANCIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Reuso de água na ótica da gestão ambiental. Ana Lucia Rodrigues do Nascimento Orientador Professor Francisco Carrera Rio de Janeiro 26 de fevereiro de 2010

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UNIVERSIDADE CANCIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Reuso de água na ótica da gestão ambiental.

Ana Lucia Rodrigues do Nascimento

Orientador Professor Francisco Carrera

Rio de Janeiro 26 de fevereiro de 2010

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UNIVERSIDADE CANCIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Reuso de água na ótica da gestão ambiental

Pós graduação em Gestão Ambiental

Ana Lucia Rodrigues do Nascimento

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Resumo

Este trabalho visa alertar a sociedade, seja do Estado do Rio de Janeiro ou do país para a problemática da escassez do recurso natural hídrico. Geograficamente o país possui uma farta reserva hídrica através de bacias hidrográficas espalhadas tanto nas regiões do norte ao sul. É lógico que existe carência na distribuição do recurso, em certas áreas agrícolas de algumas regiões brasileiras. Mas nestes casos existem institutos de pesquisa para solucionar de forma sustentável a carência hídrica. Historicamente nas metrópoles, houve uma degradação excessiva dos rios que passavam próximo as residências e industrias, não havendo uma preocupação tanto da população como dos governantes, até porque este recurso era abundante e se auto-depurava, pois a população era de certo modo pequena. Com o passar dos séculos, devido ao crescimento populacional e a alta exploração insustentável do recurso hídrico, tornando-se assim a poluição uma realidade constante. Mas enfim, a sociedade e governantes se envolveram em solucionar ou amenizar de forma sustentável a problemática da degradação do recurso hídrico. Desde a Conferência da ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, os governantes, a população e empresários se conscientizaram em realizar ações e projetos sustentáveis para a utilização da água. Temos como exemplo os vários exemplos de reuso da água, tanto no nordeste, com as cisternas que recolhem a água da chuva, como o uso da água cinza para a reutilização em descargas sanitárias. Visto que além dos benefícios ambientais, o reuso também é uma economia de custo; quanto mais a pessoa reutiliza a água, menos ela pagará pelo consumo.

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Sumário Introdução pág.5

Histórico do recurso hídrico pág.6

Legislação pág.13

Agenda 21 pág.15

Escassez do recurso hídrico pág.17

Necessidade de reuso pág.19

Reutilização do recurso hídrico pág.21

Aproveitamento de água da chuva pág.24

Águas residuárias pág.25

Reuso de águas cinzas pág.26

Recarga de aqüíferos pág.27

Risco à saúde da prática do reuso pág.28

Benefícios do reuso para fins agrícolas pág.29

Reuso na agricultura e saúde pública pág.30

Casos exemplares pág.31

Conclusão pág.33

Referencias pág.34

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Introdução

A escassez de um importante recurso natural do planeta - a água –

tornou-se um agravante para a população mundial. Certos países convivem

durante séculos com uma escassez de água regional – Israel - por exemplo.

A revolução industrial deu o ponta-pé inicial no crescimento econômico

mundial inicialmente capitalista, logo após globalizado atualmente inclinando-se

para a sustentabilidade.

Ironicamente, os primeiros despejos de resíduos seja sólido ou líquido,

tanto de residências e/ou indústrias eram feitos em rios que passavam próximo.

Mundialmente, segundo hidrólogos e demógrafos, o consumo humano

de água doce duplica a cada 25 anos. Embora o colapso do abastecimento

seja uma realidade em muitos lugares, sobretudo em bairros da periferia de

centros urbanos densamente povoados, ainda assim vive-se a ilusão de que a

água é um recurso infinito.

Surgiu a necessidade de uma gestão que trabalha-se a reutilização

deste recurso hídrico, as cidades e algumas industrias durante muito tempo,

realizaram o reuso denominado de indireto ou não planejado pois lançavam

seus efluentes a montante dos rios para serem novamente captados a jusante

por outros usuários graças ao poder de auto depuração natural dos rios.

O aumento da demanda de água e a poluição dos mananciais têm

despertado a preocupação de vários setores da sociedade, que se mobiliza

para tentar garantir uma relação mais harmônica entre as suas atividades e os

recursos hídricos.

A Agenda 21 dedicou importância especial ao reuso deste recurso

natural , recomendando aos países participantes da ECO 92 realizada na

cidade do Rio de Janeiro, a implementação de políticas de gestão dirigidas

para o uso e reciclagem de efluentes, integrando proteção da saúde pública de

grupos de risco, com práticas ambientais adequadas.

Este trabalho aborda a temática da reutilização da água potável no

Estado do Rio de Janeiro, para que este recurso hídrico seja usado de forma

sustentável.

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Histórico do recurso hídrico no Estado Rio de Janeiro

A história do abastecimento de água do Estado do Rio de Janeiro

remonta desde o início de sua ocupação e das lutas entre portugueses e

franceses alojados na Ilha de Villegagnion, que se utilizavam a melhor fonte de

suprimento de água, que era o Rio Carioca.

Em 1565, na cidade implantada por Estácio de Sá, entre a Urca e o Pão

de Açúcar, havia apenas o que, na época, era chamada de “lagoa de água

ruim”. Um poço então foi aberto e, com o tempo, não mais conseguia abastecer

aos que ali chegavam de Portugal e precisavam morar. Os índios Tamoios

então cederam as águas do Rio Carioca.

Em 1607, os padres franciscanos ao virem para o Brasil, conseguiram

do Conselho da Câmara que lhes fossem doados terrenos do Morro de Santo

Antonio até a beira da Lagoa de Santo Antonio, aí se estabelecendo. Como o

local era ermo, o Conselho da Câmara aforou-o a Antonio Felipe Fernandes

pelo prazo de 35 anos, para estabelecimento de um curtume, cujos couros

seriam lavados nas abundantes águas do local.

O mau cheiro do curtume espalhou-se pelas redondezas, incomodando

aos padres, cujas reclamações insistentes obrigaram a Câmara a melhorar o

esgotamento regular da Lagoa, alargando a vala no ano de 1641, tornando-se

uma das primeiras obras de saneamento da cidade.

Em 1617, já moravam na cidade 4.000 pessoas e Vaz Pinto criou uma

taxa para quem bebesse vinho, que custearia as obras de ampliação dos

sistemas de águas.

Em 1723 foi construído o Aqueduto do Carioca, que captava água no

Alto de Santa Tereza, passando pelo atual caminhamento da Rua Almirante

Alexandrino e chegando ao local (que hoje conhecemos como Arcos da Lapa),

onde havia um chafariz em que os escravos recolhiam a água e levavam para

a casa de seus senhores.

Desta época encontram-se relatos de que o Sr. Antonio Rabelo Pereira,

capitão da Fortaleza de São Francisco do Rio de Janeiro, alegando prejuízos

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causados pela “passagem da água do Carioca por sua chácara”, pedia que

fosse a ele concedida uma porção daquelas águas.

A situação desse chafariz era muito crítica em função do seu traçado

defeituoso e de muitas imperfeições em sua construção, o que ocasionava

constante falta d’água na cidade. Por outro lado, as águas que escorriam pelas

torneiras do chafariz, deixadas abertas, empoçavam e exigiam que lhes fosse

dado escoamento, uma vez que eles despejavam as suas sobras na Lagoa de

Santo Antonio, “alagando a cidade, arruinando as casas e provocando

moléstias malignas”. As constantes brigas nas filas da água, obrigaram a

colocação de uma sentinela para o chafariz. Das providências adotadas,

nasceram a Rua da Vala, (hoje Rua Uruguaiana), Rua da Guarda Velha (hoje

13 de maio) e a Rua do Aljube, (hoje Rua do Acre).

O local era distante e perigoso e aqueles senhores que não dispunham

de escravos em número suficiente para essa empreitada, surgindo assim o

comércio das águas, exercido por escravos e índios aguadeiros, os quais, por

conta dos seus senhores, percorriam os caminhos, levando à cabeça as

vasilhas para vender surgindo assim o primeiro serviço de abastecimento

domiciliar de água que existiu no Rio de Janeiro.

No início do Aqueduto, em Santa Tereza, Gomes Freire construiu o

reservatório do Carioca, próximo ao que chamou de “Mãe D’Água”, bica pública

utilizada nos dias de hoje por excursionistas.

Os cariocas, que tiveram como primeira fonte de suprimento - o poço do

“Cara de Cão” - também se serviam desse recurso para saciar a sede. Alguns

destes poços tornaram-se famosos: do Porteiro (na base do antigo Morro do

Castelo em frente à Rua da Ajuda), o poço da Misericórdia, e o Pocinho da

Glória, (no início da Rua do Catete).

As cisternas, para recolher as águas das chuvas, foram outro recurso e

uma das mais antigas, datando do século XVII, encontra-se no Convento de

Santo Antonio. Exploradas as nascentes do Corcovado, foram sendo

conhecidos mananciais vizinhos na cidade, na direção do Rio Comprido,

Andaraí e Tijuca, Gávea e Botafogo.

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A população clamava por mais água e no final do século XVIII, a

deficiência do serviço teve até implicações políticas, sabendo-se que o alferes

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, se propôs a abastecer a cidade

com águas dos mananciais da Tijuca.

Em 1833, uma companhia se candidatou a fazer chegar água encanada

às residências, mas não foi bem sucedida.

Não foram somente os senhores de escravos que fizeram, no Rio, o

comércio da água. No ano de 1840, Sebastião da Costa Aguiar aperfeiçoou o

primitivo comércio, criando uma frota de carroças; elas levavam aos

consumidores “a boa água do vintém”, proveniente da chácara do mesmo

nome, situada no final da rua Aguiar, no Largo da Segunda Feira.

À medida que o Rio de Janeiro crescia, foram sendo aproveitados os

mananciais explorados. A distribuição domiciliar ainda era privilégio de poucas

residências particulares, além das repartições públicas e templos religiosos.

Os principais mananciais explorados no século XIX e princípio do século

XX formaram os sistemas de Santa Tereza (Carioca, Lagoinha e Paineiras); o

da Tijuca (Maracanã, São João, Trapicheiro, Andaraí, Gávea Pequena,

Cascatinha); o da Gávea (Chácara da Bica, Piaçava, Cabeça, Macacos); o de

Jacarepaguá (Rio Grande, Covanca, Três Rios, Camorim); o de Campo Grande

(Mendanha, Cabuçu, Quininha, Batalha) e o de Guaratiba (Taxas e

Andorinhas).

Com o tempo foram construídos os reservatórios da Caixa Velha da

Tijuca (1850); o da Quinta da Boa Vista (1867); o da Ladeira do Ascurra (1868),

no Morro do Inglês e o do Morro do Pinto (1874).

No ano de 1876, o Governo Imperial, com o engenheiro Antonio Gabrielli

iniciou a construção da rede de abastecimento de água em domicílio e, assim,

foi possível a “abolição do antigo barril carregado à cabeça e das incômodas e

imundas bicas das esquinas”. Já se cogitava a medição da água fornecida.

Inicialmente, algumas dezenas de mananciais locais foram aproveitados, mas

no atual quadro do abastecimento, significam menos que 1% do consumo de

água do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Alguns desses mananciais

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atendem a uns poucos moradores que se localizam próximos ao ponto de

captação.

Pelo Regulamento 39, de 15 de janeiro de 1840, a concessão da água

que era feita por requerimento ao Ministério do Império, não podia exceder a

duas penas e o suprimento poderia ser suspenso no caso de estiagem. Por

este regulamento, a concessão que antes era gratuita, passa a ser cobrada em

forma de taxa, no valor de 100$0 por pena como “donativo gratuito”.

A regulamentação da cobrança adveio do Decreto 8775, de 25 de

novembro de 1882, com a instalação da pena d’água, instrumento regulado

pelas dimensões de um orifício praticado no diafragma do registro de

graduação conforme as pressões normais de trabalho dos respectivos

encanamentos, para um fornecimento de 1200 litros de água em 24 horas, que

já estava previsto em um relatório de 1862, da "Inspectoria Geral de Obras

Públicas da Corte".

Em 1898, foi iniciada a instalação de hidrômetros autorizada pela Lei

489, de 15 de dezembro de 1897 e o Decreto 2794, de 13 de janeiro de 1898,

“dá a regulamentação para a arrecadação de taxas de consumo de água na

Capital Federal”. Relativamente à arrecadação faz-se a cobrança das taxas de

pena nos meses de agosto de cada ano, e as de hidrômetro, por semestre, em

agosto do mesmo ano e fevereiro do ano seguinte.

A cidade do Rio de Janeiro continua em franca expansão e o aumento

populacional demonstra a necessidade de água para sua sobrevivência. O

clamor popular leva Sua Majestade Imperial a determinar que se buscasse

água em uma fonte abundante que, por si só, fosse capaz de satisfazer a todas

as necessidades, empreendendo-se, para esse fim, uma grande obra, que

atendesse a gerações futuras a solicitude do presente Reinado. Daí surge o

sistema determinado de “Sistema Acari ou de Linhas Pretas”, que foi utilizar-se

das águas da serras de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, que são as captações

de São Pedro (1877), Rio D’Ouro (1880), Tinguá (1893), Xerém (1907) e

Mantiqueira (1908), cortando toda a Baixada Fluminense e trazendo esta água

para a Metrópole. As captações de regimes torrenciais e até o ano de 1940,

representavam 80% do volume de água disponível.

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Do outro lado da Baía da Guanabara, no ano de 1892, teve início a

captação de águas para Niterói, oriundas da Serra de Friburgo, vindo

diretamente para o Reservatório de Correção, em Niterói. Outro manancial de

serra também utilizado para Niterói, nessa mesma época, foi o da Barragem de

Paraíso, em Teresópolis.

No início do século XX, devido às grandes estiagens, a administração de

serviço público de sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro

resolveu abandonar os estudos de reforço de suprimento de pequeno porte,

voltando-se para soluções de grande porte e apresentou dois projetos: um o

sistema Ribeirão das Lajes e a captação de águas dos rios Santana e Paraíba

do Sul. O primeiro foi executado, mas o segundo, teve que ser alterado uma

vez que se chocava com o da concessionária do serviço de energia elétrica,

que produzia energia através da transposição da Serra do Mar, das águas do

rio Paraíba do Sul, captando em Santa Cecília.

O rio Guandu foi o caminho utilizado pela LIGHT para o escoamento das

águas do rio Paraíba do Sul quando foi edificado o complexo Paraíba-Vigário

para geração de energia do Rio de Janeiro. Isto foi possível com a transposição

das águas do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Ribeirão das Lajes, feita

com uma instalação complexa, constituída das usinas elevatórias de Santa

Cecília e Vigário, bem como, dos reservatórios de Santa Cecília, Santana e

Vigário.

A energia elétrica desses subsistemas é gerada primeiramente nas

Usinas de Fontes e Nilo Peçanha. A seguir, as águas, já no talvegue do

Ribeirão das Lajes, formam o reservatório de Ponte Coberta, gerando

novamente energia na Usina de Pereira Passos. Somente após o ano de 1940,

a cidade do Rio de Janeiro deixou de ter o seu sistema de abastecimento de

águas sujeito a regimes sazonais de vazão, que se dividem nas chamadas

“grandes adutoras” e “pequenas adutoras”. Estes mananciais de pequeno porte

dentro dos limites do atual município do Rio de Janeiro, que são hoje cerca de

40 sistemas de captação superficial de água de boa qualidade, necessitam

somente de desinfecção e são utilizados para atender áreas urbanas em cotas

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elevadas, próximas das captações, devido às dificuldades em atendê-los pelos

sistemas principais.

Isto só foi possível com a construção, no ano de 1940, da 1ª Adutora de

Ribeirão das Lajes e, em 1949, da 2ª Adutora da “Usina de Fontes Velhas” da

LIGHT, o que oferecia uma indispensável garantia de abastecimento perene e

ininterrupto. Este sistema proporcionou, a partir de 1949, uma vazão de 5100

litros por segundo a mais para o Rio de Janeiro.

Durante o mandato do prefeito Hildebrando de Góes, o engenheiro José

Franco Henriques, Diretor do Departamento de Águas, sugeriu a construção de

uma terceira adutora de grande diâmetro, com capacidade para 225 milhões de

litros por dia, a Guandu - Leblon, utilizando as águas do rio Guandu, já

previstas pelo engenheiro Henrique de Novaes.

No início da década de 50, o contínuo crescimento das demandas de

água da cidade do Rio de Janeiro, levou à captação das águas do rio Guandu,

já acrescidas de águas dos rios Paraíba, Piraí, Ribeirão das Lajes, Poços e

Santana.

Em 1951, iniciou-se um planejamento para suprir as necessidades de

água até 1970 e o manancial escolhido foi o rio Guandu, com uma capacidade

de 1,2 milhões de litros por dia.

O projeto inicial acabou se estendendo e, ao invés de terminar no

Reservatório do Engenho Novo, a adutora foi prolongada até a Zona Sul, no

Reservatório dos Macacos, onde entrou em operação no ano de 1958. Nesta

época, havia o ideal de abastecer 7,5 milhões de pessoas no ano de 2000 e,

por este motivo, em 1966 foi inaugurada a segunda adutora do Guandu, a

Adutora Veiga Britto, com a entrada em operação da Elevatória do Lameirão,

considerada a maior estação subterrânea do mundo.

Em Niterói, no ano de 1954, entrou em carga o sistema de captação do

Canal de Imunana com tratamento na ETA (estação de tratamento de água) do

Laranjal para uma vazão de mais de 500 litros por segundo. O Canal de

Imunana veicula as vazões de contribuição dos rios Guapiaçu e Macacu,

conduzindo-as à calha natural do rio Guapimirim. As características físicas,

químicas e bacteriológicas da água desse manancial, com base nos resultados

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de análises e exames efetuados, demonstraram a necessidade de tratamento

completo para a sua potabilização.

A ETE (estação de tratamento de esgotos) da Penha foi acionada em

julho de 1960 com capacidade para processar 1686 litros de esgotos por

segundo e atender aproximadamente 1.000.000 de habitantes.

Em 1957, foi criada a superintendência de Urbanização e Saneamento

(SURSAN) e, em 1961, ocorreu um caos no abastecimento da cidade a partir

de uma ocorrência na Elevatória de Alto Recalque da Antiga Adutora do

Guandu. Neste mesmo ano, o Departamento de Águas foi incorporado a

SURSAN e a administração pública teve de recorrer a um empréstimo externo

para realizar obras, através de um contrato de, aproximadamente, 90 milhões

de dólares com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID.

Várias obras de construção de reservatórios foram feitas com este

recurso e criou-se a Companhia Estadual de Águas da Guanabara (CEDAG).

O Governo do Estado concedeu a CEDAG, a partir de 1966, o direito de

cobrar as contas de água.

A CEDAG remodelou seus reservatórios, substituiu tubulações, montou

seu cadastro próprio de consumidores, equipou-se com computadores da mais

alta tecnologia para aquele momento e iniciou a implantação da telemetria em

seu controle do sistema adutor. Até o ano de 1975, a CEDAE conseguiu

superar em parte seus problemas.

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Legislação

A Constituição de 1988 estabelece que a água é um bem da União ou

dos estados, ressaltando que o seu aproveitamento econômico e social deve

buscar a redução de desigualdades.

Com base na Constituição de 1988 , foi elaborada a Política Nacional de

Recursos Hídricos (Lei 9.433 de 1997 ), que define a água como um bem de

domínio público, dotado de valor econômico. A Política também estabelece

diretrizes para o melhor aproveitamento.

Na Lei 9.433, o Capítulo IV trata dos instrumentos definidos para gestão

dos recursos hídricos, como a outorga pelo direito de uso da água e a cobrança

correspondente. Um dos objetivos da cobrança pelo uso da água é incentivar a

sua racionalização, que pode contemplar medidas de redução do consumo por

meio de melhorias no processo e pela prática de reúso.

A mesma lei também abrange em seu Capitulo II, Artigo 20, Inciso 1,

estabelece, entre os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a

necessidade de “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária

disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos

usos”.

Verificou-se, por intermédio dos Planos Diretores de Recursos Hídricos

de bacias hidrográficas - em levantamento realizado a fim de se conhecer mais

profundamente a realidade nas diversas bacias hidrográficas brasileiras - que

há a identificação de problemas relativamente à questão de saneamento

básico, coleta e tratamento de esgotos e propostas para a implementação de

planos de saneamento básico.

Entretanto, não se consegue identificar atividades de reuso de água

utilizando efluentes pós-tratados, isso deve-se ao fato, talvez, do ainda relativo

desconhecimento dessa tecnologia e por motivos de ordem sócio-cultural

A primeira regulamentação que tratou de reúso de água no Brasil foi a

norma técnica NBR- 13.696, de setembro de 1997. Na norma, o reúso é

abordado como uma opção à destinação de esgotos de origem essencialmente

doméstica ou com características similares.

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O artigo terceiro da Resolução No 54 de 28 de novembro de 2005

estabelece as modalidades de reuso da água:

I – reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de

irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos,

desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a incêndio,

dentro da área urbana;

II – reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso

para a produção agrícola e cultivo de florestas plantadas;

III – reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para

implantação de projetos de recuperação do meio ambiente;

IV – reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em

processos, atividades e operações industriais; e,

V – reuso na aqüicultura: utilização de água de reuso para a criação de

animais ou cultivo de vegetais aquáticos.

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Agenda 21

A Agenda 21, recomendou aos países participantes da ECO 92, a

implementação de políticas de gestão dirigidas para o uso e reciclagem de

efluentes, integrando proteção da saúde pública de grupos de risco, com

práticas ambientais adequadas.

No Capítulo 21- “Gestão ambientalmente adequada de resíduos líquidos

e sólidos”, Área Programática B - “Maximizando o reuso e a reciclagem

ambientalmente adequadas”, estabeleceu, como objetivos básicos: "vitalizar e

ampliar os sistemas nacionais de reuso e reciclagem de resíduos", e "tornar

disponível informações, tecnologia e instrumentos de gestão apropriados para

encorajar e tornar operacional, sistemas de reciclagem e uso de águas

residuárias".

A prática de uso de águas residuárias também é associada, e suportiva,

às seguintes áreas programáticas incluídas nos capítulos 14 - “Promovendo a

agricultura sustentada e o desenvolvimento rural”, e 18 - “Proteção da

qualidade das fontes de águas de abastecimento - Aplicação de métodos

adequados para o desenvolvimento, gestão e uso dos recursos hídricos”,

visando a disponibilidade de água "para a produção sustentada de alimentos e

desenvolvimento rural sustentado" e "para a proteção dos recursos hídricos,

qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos".

Ressalta também no capitulo 18 o abastecimento de água potável e

saneamento, mostram as metas e atividades que os estados, segundo a sua

capacidade e mediante cooperação devem estabelecer, onde destacamos a

temática do reuso:

Ø Identificar os recursos hídricos de superfície e subterrâneos que

possam ser desenvolvidos para uso numa base sustentável e

outros importantes recursos dependentes de água que se possam

aproveitar e, simultaneamente, dar inicio a programas para a

proteção, conservação e uso racional desses recursos em bases

sustentáveis;

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Ø Identificar todas as fontes potenciais de água e preparar planos

para a proteção, conservação e uso racional delas;

Ø Expansão do abastecimento hidráulico urbano e rural e

estabelecimento e ampliação de sistemas de captação de água

da chuva, particularmente em pequenas ilhas, acessórios à rede

de abastecimento de água; e

Ø Tratamento e reutilização segura de resíduos líquidos domésticos

e industriais em zonas urbanas e rurais.

Embora não exista, no Brasil, nenhuma legislação relativa, e nenhuma

menção tenha sido feita sobre o tema na nova Política Nacional de Recursos

Hídricos (Lei no.9.433 de 8 de janeiro de 1997), já se dispõe de uma primeira

demonstração de vontade política, direcionada para a institucionalização do

reuso.

A "Conferência Interparlamentar sobre Desenvolvimento e Meio

Ambiente" realizada em Brasília, em dezembro de 1992, recomendou, sob o

item Conservação e Gestão de Recursos para o Desenvolvimento (Parágrafo

64/B), que se envidasse esforços, a nível nacional, para "institucionalizar a

reciclagem e reuso sempre que possível e promover o tratamento e a

disposição de esgotos, de maneira a não poluir o meio ambiente".

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Escassez do recurso hídrico

Até poucas décadas atrás, os livros clássicos usados nos cursos de

Economia, em todo mundo, davam como exemplo de "bem não econômico",

isto é, aquele que é tão abundante e inesgotável, a água, o oxigênio, o sal de

cozinha, etc, que não tinham, portanto, valor econômico.

Entende-se que existe em larga escala tal recurso no planeta, mas se

tratando de água potável apenas 0,5% está disponível nos corpos d'água da

superfície, isto é, rios e lagos, sendo que a maior parte, ou seja, 95%, está no

subsolo, que é, portanto a grande "caixa d'água" de água doce da natureza.

Em relação a distribuição da água doce no planeta não é homogênea, e

como a respectiva população, está distribuída, vamos verificar que ela está

"mal distribuída": há partes da Terra realmente com falta crônica desse

precioso líquido. O Brasil está muito bem neste aspecto, pois tem cerca de

12% de toda água doce existente na Terra, mas diríamos que sob o ponto de

vista de utilização humana, a mesma está "mal distribuída".

Futuramente poderá faltar água para consumo humano em nosso País,

é necessária uma espécie de gestão política – hídrica nacional para que nas

cidades, no campo, ou mesmo no nosso semi árido Nordestino utilize de forma

sustentável tal recurso.

A água precisa ser tratada como bem econômico que é, essencial à

vida, à saúde, à economia, na indústria, na agricultura e por todos os setores

da sociedade.

A bem da verdade, nota-se uma arregimentação geral na imprensa, nos

governos, na sociedade civil, para a problemática da escassez ; tarifas baixas

ou mesmo pífias impedem as companhias de abastecimento de se

capitalizarem, para expandir a rede, combater os vazamentos crônicos

existentes nas redes hidráulicas (manutenção), e ainda por cima, incentivam o

desperdício que permanece quase sempre generalizado nos lares, nas

indústrias, na agricultura.

Impedem também a construção de ETEs, Estações de Tratamento de

Esgoto, essenciais para a saúde e a economia, pois o esgoto de hoje, é a água

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potável de amanhã. É louvável que no Estado do Rio de Janeiro há uma

preocupação da ETE ALEGRIA em melhoria no tratamento da água.

Nesse contexto, torna-se imprescindível o uso racional da água. O

destino da água em casa no Brasil, cerca de 200 litros diários, é: 27% consumo

(cozinhar, beber água), 25% higiene (banho, escovar os dentes), 12% lavagem

de roupa; 3% outros (lavagem de carro) e finalmente 33% descarga de

banheiro, o que mostra que, tanto nas cidades como nas indústrias se existirem

duas redes de água, reusando "água cinzenta" (que são as águas resultantes

de lavagens e banho) para descarga de latrinas, pode-se economizar 1/3 de

toda água.

Apesar que com o aumento da temperatura nos meses de dezembro a

fevereiro há um maior consumo –e consequentemente – desperdício d`água

principalmente no Estado do Rio de Janeiro pois culturalmente a população

imagina que este recurso é inesgotável.

Tanto nas grandes cidades como em vários municípios menores, o

sistema de esgoto é o principal poluente dos rios, nascentes e reservas

florestais, em muitos casos práticos, não há tempo para a natureza usar seus

mecanismos naturais de autodepuração e diluição.

Devemos atentar ao fato de que os aqüíferos subterrâneos estão

seriamente afetados, devido a prática da agricultura que utiliza agrotóxicos com

o intuito de combater pragas.

A sociedade brasileira precisa se mobilizar para impedir e/ou minimizar

o agravante da falta do recurso hídrico, o fato é que as grandes metrópoles

utilizam cada vez mais a água e deparamos com realidades de longos

períodos de estiagem, além do normal, provocando assim um êxodo sócio-

ambiental.

Tanto o capitalismo como a globalização se expandiram de tal forma,

que utiliza de forma insustentável o recurso hídrico e conseqüentemente

poluindo cada vez mais as bacias hidrográficas.

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Necessidade de reuso

Nas regiões áridas e semi-áridas, a água se tornou um fator limitante

para o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Planejadores e entidades

gestoras de recursos hídricos, idealizam novas fontes de recursos para

complementar a pequena disponibilidade hídrica seja para metrópoles ou

agricultura.

No polígono das secas do nosso nordeste, que já existe há 75 anos,

para a transposição do Rio São Francisco, visando o atendimento da demanda

dos estados não riparianos, da região semi-arida, situados ao norte e a leste de

sua bacia de drenagem.

Não devemos esquecer que a seca do sertão semi-árido pode ser

caracterizada como uma “politicagem” pois vários projetos já foram estudados

mas devido a uma falta de consenso ou comodismo cultural a população

nordestina sempre estará prejudicada. Infelizmente a transposição do Rio São

Francisco não valerá de nada, pois os seus afluentes não recebem a mesma

quantidade hídrica de anos anteriores.

Diversos países do oriente médio, onde a precipitação média oscila entre

100 e 200 mm por ano, dependem de alguns poucos rios perenes e pequenos

reservatórios de água subterrânea, geralmente localizados em regiões

montanhosas, de difícil acesso. A água potável é proporcionada através de

sistemas de desalinação da água do mar e, devido à impossibilidade de manter

uma agricultura irrigada, mais de 50% da demanda de alimentos é satisfeita

através da importação de produtos alimentícios básicos.

O fenômeno da escassez não é, entretanto, atributo exclusivo das

regiões áridas e semi-áridas; muitas regiões com recursos hídricos

abundantes, mas insuficientes para atender a demandas excessivamente

elevadas, também passam por conflitos de usos e sofrem restrições de

consumo, que afetam o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida.

Em se tratando de bacias hidrográficas, a Bacia do Alto Tietê, dispõe

pela sua condição característica de manancial de cabeceira, vazões

insuficientes e municípios circunvizinhos. Esta condição, tem levado à busca

incessante de recursos hídricos complementares de bacias vizinhas, que

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trazem, como conseqüência direta, aumentos consideráveis de custo, além dos

problemas legais e político-institucionais associados. Esta prática tende a se

tornar cada vez mais restritiva, face à conscientização popular, arregimentação

de entidades de classe e ao desenvolvimento institucional dos comitês de

bacias afetadas pela perda de recursos hídricos valiosos.

O ”reuso” reduz a demanda sobre os mananciais de água devido à

substituição da água potável por uma água de qualidade inferior. Essa prática,

atualmente muito discutida, posta em evidência e já utilizada em alguns países

é baseada no conceito de substituição de mananciais. Tal substituição é

possível em função da qualidade requerida para um uso específico.

Dessa forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados

pelo reuso quando se utiliza água de qualidade inferior (geralmente efluentes

pós-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse

recurso dentro dos padrões de potabilidade.

Nessas condições , o conceito de "substituição de fontes", se mostra

como a alternativa mais plausível para satisfazer a demandas menos

restritivas, liberando as águas de melhor qualidade para usos mais nobres,

como o abastecimento doméstico.

As águas de qualidade inferior, tais como esgotos, particularmente os de

origem doméstica, águas de drenagem agrícola e águas salobras, devem,

sempre que possível, serem consideradas como fontes alternativas para usos

menos restritivos.

O uso de tecnologias apropriadas para o desenvolvimento dessas

fontes, se constitui hoje, em conjunção com a melhoria da eficiência do uso e o

controle da demanda, na estratégia básica para a solução do problema da falta

universal de água.

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Reutilização do recurso hídrico

A crescente demanda por água tratada tem feito do reuso planejado de

água um tema atual e de grande importância, principalmente na nova política

nacional de recursos hídricos. (MACHADO)

A reutilização, reuso, uso de águas residuárias são algumas definições

e/ou gestões para a utilização sustentável do recurso hídrico. Consiste no

processo pelo qual a água, tratada ou não, é reutilizada para o mesmo ou outro

fim. Essa reutilização pode ser direta ou indireta, decorrentes de ações

planejadas ou não.

Este não é um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo há

anos, existindo relatos da prática na Grécia Antiga, com a disposição de

esgotos e sua utilização na irrigação. No entanto, a demanda crescente por

água tem feito do reuso planejado da água um tema atual e importância

mundial.

Neste sentido, deve-se considerar o reuso de água como parte de uma

atividade mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual

compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da

produção de efluentes e do consumo de água.

A prática de conservação e reuso de água, que vem se disseminando

em todo o Brasil, consiste basicamente na gestão da demanda, ou seja, na

utilização de fontes alternativas de água e na redução dos volumes de água

captados por meio da otimização do uso.

A gestão da demanda se inicia por um processo integrado de

identificação e medição contínua de demandas específicas de cada sub-setor

industrial.(FIRJAN)

Através do ciclo hidrológico a água se constitui em um recurso

renovável. Quando reciclada através de sistemas naturais, é um recurso limpo

e seguro; através da atividade antrópica, deteriorada a níveis diferentes de

poluição ( chuva ácida e afins), a água pode ser recuperada e reusada para

fins diversos.

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A qualidade da água utilizada e o objeto específico do reuso,

estabelecerão os níveis de tratamento recomendados, os critérios de

segurança a serem adotados e os custos de capital e de operação e

manutenção associados.

As possibilidades e formas potenciais de reuso dependem de

características, condições e fatores locais, tais como decisão política,

esquemas institucionais, disponibilidade técnica e fatores econômicos, sociais

e culturais.

As inúmeras classificações do reuso serão abordadas abaixo:

O reúso indireto não planejado da água ocorre quando a água, utilizada

em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente

utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não

controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a

mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição,

autodepuração).

Já o Reúso indireto planejado da água, ocorre quando os efluentes

depois de tratados são descarregados de forma planejada nos corpos de águas

superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira

controlada, no atendimento de algum uso benéfico.

O reuso indireto planejado da água pressupõe que exista também um

controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho,

garantindo assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com

outros efluentes que também atendam ao requisitos de qualidade do reuso

objetivado.

Em se tratando do reúso direto planejado das águas, ocorre quando os

efluentes, após tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de

descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente.

Tendo como caso de maior ocorrência, o uso em indústria ou irrigação.

No setor urbano, o potencial de reuso de efluentes é muito amplo e

diversificado. Entretanto, usos que demandam água com qualidade elevada,

requerem sistemas de tratamento e de controle avançados, podendo levar a

custos incompatíveis com os benefícios correspondentes. De uma maneira

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geral, esgotos tratados podem, no contexto urbano, serem utilizados para fins

potáveis e não potáveis.

A presença de organismos patogênicos e de compostos orgânicos

sintéticos na grande maioria dos efluentes disponíveis para reuso,

principalmente naqueles oriundos de estações de tratamento de esgotos de

grandes conturbações com pólos industriais expressivos, classifica o reuso

potável como uma alternativa associada a riscos muito elevados, tornando-o

praticamente inaceitável. Além disso, os custos dos sistemas de tratamento

avançados que seriam necessários, levariam à inviabilidade econômico-

financeira do abastecimento público.

A sistemática do reuso indireto, se compreende a diluição dos esgotos,

após tratamento, em um corpo hídrico (lago, reservatório ou aqüífero

subterrâneo), no qual, após tempos de detenção relativamente longos, é

efetuada a captação, seguida de tratamento adequado e posterior distribuição.

O reuso indireto implica, reduzir a carga poluidora a níveis aceitáveis;

esta prática do reuso para fins potáveis, na qual a água altamente poluída por

efluentes, tanto domésticos como industriais, é revertida, sem nenhum

tratamento, para outro manancial, também extensivamente poluído por esgotos

domésticos e por elevadas concentrações de cobre, utilizados para controle de

algas, não se classifica, portanto, como reuso indireto.

Na ótica industrial, a prática adequada do reuso, deve ser identificada a

qualidade mínima da água necessária para um determinado processo ou

operação industrial.

Muitas vezes, não existe informação sobre o nível mínimo de qualidade

de água para uma atividade industrial, o que pode dificultar a identificação de

oportunidades de reúso.

É necessário, portanto, um estudo mais detalhado do processo industrial

para a caracterização da qualidade de água. Simultaneamente, é preciso

realizar um estudo de tratabilidade do efluente, para que seja estabelecido um

sistema de tratamento que produza água com qualidade compatível com o

processo industrial considerado.

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Em alguns casos, a qualidade da água de reuso pode ser definida com

base nos requisitos exigidos por processos industriais como as torres de

resfriamento em que a qualidade mínima necessária é conhecida, devido à sua

ampla utilização em atividades industriais.

Aproveitamento de águas de chuva

As águas de chuva são encaradas pela legislação brasileira hoje como

esgoto, pois ela usualmente vai dos telhados, e dos pisos para as bocas de

lobo aonde, como "solvente universal", vai carreando todo tipo de impurezas,

dissolvidas, suspensas, ou simplesmente arrastadas mecanicamente, para um

córrego que vai acabar dando num rio que por sua vez vai acabar suprindo

uma captação para Tratamento de Água Potável. Claro que essa água sofreu

um processo natural de diluição e autodepuração, ao longo de seu percurso

hídrico, nem sempre suficiente para realmente depura-la.

Uma pesquisa da Universidade da Malásia, deixou claro que após o

início da chuva, somente as primeiras águas carreiam ácidos,

microorganismos, e outros poluentes atmosféricos, sendo que normalmente

pouco tempo após a mesma já adquire características de água destilada, que

pode ser coletada em reservatórios fechados.

Esta utilização é especialmente indicada para o ambiente rural,

chácaras, condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades,

pelo menos para residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico

da água de chuva para beber. O Semi árido Nordestino tem projetos como as

construções de cisternas para água de beber para seus habitantes.

O aproveitamento desta água na industria é benéfica devido às grandes

áreas de telhados e pátios disponíveis na maioria das indústrias. Além de

apresentarem qualidade superior aos efluentes considerados para reúso, os

sistemas utilizados para sua coleta e armazenamento não apresentam custos

elevados e podem ser amortizados em períodos relativamente curtos. (FIRJAN)

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Esta fonte deve ser utilizada, na maioria das vezes, como complementar

às fontes convencionais, principalmente durante o período de chuvas intensas.

Os reservatórios de descarte e de armazenamento devem ser projetados para

condições específicas de local e de demanda industrial.

Águas Residuárias

Águas residuais ou residuárias são todas as águas descartadas que

resultam da utilização para diversos processos.

Exemplos destas águas são: águas residuais domésticas ( provenientes

de: banhos, cozinhas, lavagens de pavimentos domésticos); águas residuais

industriais ( resultantes de processos de fabricação); águas de infiltração

( resultam da infiltração nos coletores de água existente nos terrenos ou de

tubulações públicas); águas urbanas(resultam de chuvas, lavagem de

pavimentos, regas e afins).

As águas residuais transportam uma quantidade considerável de

materiais poluentes que se não forem retirados podem prejudicar a qualidade

das águas dos rios, comprometendo não só toda a fauna e flora destes meios,

mas também, todas as utilizações que são dadas a estes meios, como sejam, a

pesca, a balneabilidade, a navegação, a geração de energia, entre outros.

Reuso da água presente no esgoto

É o projeto mais aplicado em nível mundial, inclusive no Brasil.

Um esgoto tratado a ponto de ser devolvido aos rios e aqüíferos é

suficientemente limpo para lavagem de ruas, rega de parques e aplicações de

cunho industrial.

No lar essa água tem uso na limpeza de vasos sanitários, rega de

jardins e lavagem de carros. Essa água poderia substituir cerca de 40% da

água potável consumida no lar.

Mas a distribuidora não tem condições de oferecer essa água ao usuário

final, pois isto representaria a instalação de mais um sistema de distribuição de

água, paralelo ao que já foi implantado para a água potável.

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A implantação de rede dupla de distribuição nas residências e

condomínios deve ser proposta para novos empreendimentos, pois a

implantação em empreendimentos já existentes pode ser de difícil solução e

tornar as obras bastante onerosas.

Fica a alternativa da compra e os obrigatórios cuidados na manutenção

de caras estações de tratamento mono ou multi-familiares, que poderiam

fornecer a água de reuso proveniente do esgoto familiar ou comunitário.

Atualmente grandes construtoras imobiliárias constroem estações de

tratamento durante as obras, com o intuito de amenizar a descarga de

efluentes sólidos ou in natura nas redes de tratamento. Este fato acontece

principalmente na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mas devido a falta de

fiscalização vários condomínios luxuosos continuam a despejar esgotos in

natura a céu aberto.

Reuso de águas cinza

São provenientes da água do chuveiro, águas de enxágüe de máquina

de lavar e afins.

A grande importância ao se projetar o sistema de reuso de águas cinza é

o dimensionamento dos reservatórios. Deve-se levar em consideração o

volume que deverá ser utilizado nas descargas sanitárias em um máximo de

48h para que desta forma seja evitada a estocagem prolongada que fatalmente

ocasionará odores desagradáveis.

Dentre os cuidados a serem observados devido ao reuso das águas

cinzas é que o reservatório inferior deverá ter um ladrão para que o excesso de

água, ao atingir o limite do volume estipulado para reuso seja direcionada a

rede de esgoto;

O reservatório superior deverá ser esvaziado caso não haja utilização

nas bacias sanitárias em 48h;

O sistema de distribuição das águas cinzas deverá ter coloração

diferenciada;

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A sedimentação e filtração são essenciais para eliminação de

protozoários e helmintos. A desinfecção é essencial para o sistema de reuso

das águas cinzas em descargas sanitárias para eliminação de bactérias e

vírus.

Após a filtragem. a água deverá ser tratada dentro de um reservatório

com "cloro orgânico" (produto que não formam sub-produtos cancerígenos) o

que garantirá a desinfecção e conservação, deixando a água segura para o

reuso no vaso sanitário.

Recarga de Aqüíferos

A recarga forçada do aqüífero é uma alternativa muito boa, pois cerca de

95% da água doce do Planeta está estocada no subsolo, que tem sido a

grande "Caixa D'Água" da natureza.

Hoje em dia, porém, a enorme maioria de indústrias e condomínios está

largamente construindo cada vez mais poços profundos: de maneira geral,

pode-se dizer que sua produção está em decadência, pois a "procura" supera

muito a "oferta". Além disso, há uma significativa redução da recarga natural de

aqüíferos devido ao aumento de áreas impermeabilizadas.

A recarga artificial de aqüíferos com efluentes tratados pode ser

empregada para finalidades diversas, incluindo o aumento de disponibilidade e

armazenamento de água, controle de salinização em aqüíferos costeiros,

controle de subsidência de solos.

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Riscos à saúde da prática do reuso

Toda gestão que utilize o reuso d` água deve ser feita de forma

consciente, do contrário os contaminantes presentes na água sejam eles

biológicos ou químicos podem prejudicar tanto o solo como o ser humano,

colocando assim a credibilidade e a viabilidade da implantação do reuso em

risco.

A Organização Mundial da Saúde não recomenda o reuso direto,

visualizado como a conecção direta dos efluentes de uma estação de

tratamento de esgotos a uma estação de tratamento de águas e, em seguida,

ao sistema de distribuição.

É ilustrado por Rodrigues, 2005 a seguinte quadro abaixo:

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Benefícios do reuso para fins agrícolas

É sabido que vários paises utilizam de forma consciente ou não os

sistemas de reuso, devemos observar que através de padrões específicos é de

fato benéfica e sustentável esta prática.

Além disso minimiza as descargas de esgotos em corpos de água,

preserva os recursos subterrâneos, principalmente em áreas de aqüíferos (na

América do Sul o Aqüífero Guarani).

Preserva o solo devido ao húmus e consequentemente aumenta a

matéria orgânica, a resistência de erosões e retenção de água.

Na ótica social o reuso aumenta a produção de alimentos e elevando

assim a qualidade de vida.

Efluentes adequadamente tratados podem ser utilizados para aplicação

em:

Ø Culturas de alimentos não processados comercialmente: Irrigação

superficial de qualquer cultura alimentícia, incluindo aquelas

consumidas cruas;

Ø Culturas de alimentos processados comercialmente: Irrigação

superficial de pomares e vinhas;

Ø Culturas não alimentícias: Pastos, forragens, viveiros de plantas

ornamentais, fibras e grãos;

Ø Proteção contra geadas.

Devemos atentar ao fato de que o acumulo de contaminantes químicos

(por exemplo nitrato) no solo é um efeito negativo que ocorre quando o sistema

é inadequado ou por longos períodos.; além de causar salinidade em camadas

saturadas pelo acumulo de compostos tóxicos, orgânicos e inorgânicos.

A melhor forma é a irrigação de esgotos de origem predominantemente

doméstica.

“A qualidade da água para irrigação os componentes considerados

importantes em águas de reuso para irrigação agrícola, levando-se em conta

seus efeitos sobre as plantas, são a salinidade, as substâncias tóxicas, o sódio,

o cloro, e os nutrientes.

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Suas concentrações na água dependem, entre outros fatores, do tipo de

esgotos utilizados, especialmente da parcela de contribuição de efluentes

industriais e dos processos de tratamento empregados na recuperação de

água.”(BLUM 2007)

A aplicação de esgotos por períodos extensos cria pequenos habitats,

levando a proliferação de vetores transmissores de doenças casuais e

espécies de moluscos (caramujos).

É necessário que haja uma medida de controle governamental sobre

sistemas de reuso agrícola a serem aplicados em culturas especificas, pois

nem todas podem utilizar esta prática. Mas sabemos que existem várias

agriculturas que a utilizam sem qualquer consentimento ou consciência.

Reuso na agricultura e saúde pública

Devido ao aumento populacional anual várias extensões de produção

agrícola utilizam de forma desenfreada mananciais. Atualmente estes

mananciais não suprem tais plantações.

A cada ano longos períodos de estiagem obrigam produtores rurais a se

adaptarem; o reuso da água foi uma delas.

Mas devemos atentar ao fato de como é feito este reuso. De uma

maneira em geral, não foram considerados os riscos patológicos desta prática

de reuso. Infelizmente, diversos Estados brasileiros vêm adotando, por

intermédio de suas entidades de controle ambiental ou companhias de

saneamento, algumas normas; inclusive para a aplicação de esgotos e

biossólidos em solos agrícolas, desenvolvidas em paises industrializados, que

possuem características ambientais, técnicas culturais e socioculturais bem

distintos e diferenciadas.

“A intoxicação por compostos químicos, nos casos de ingestão direta,

inalação, consumo de alimentos irrigados com água contaminada, pode ser do

tipo agudo ou crônico, dependendo, entre outros fatores, das concentrações

presentes e do tipo e freqüência do contato” (BLUM 2007).

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Casos exemplares

Projeto de redução do consumo de água potável pela aplicação de

técnicas avançadas de separação por membranas para o tratamento e reuso

de águas superficiais e efluentes Bayer S. A.

Este projeto visa reduzir o consumo de água potável, fornecido pela rede

publica de abastecimento para o Complexo Industrial da Bayer em Belford

Roxo, com a aplicação de técnicas avançadas de tratamento para o aumento

da eficiência do fornecimento de água industrial.

O projeto consiste em duas etapas: construção de uma estação de

captação de água do Rio Sarapuí e o reaproveitamento de parte do efluente

tratado e descartado pela Estação de Tratamento de Despejos Industriais

(ETDI). Com a iniciativa, a Bayer deixou de consumir cerca de 80 milhões de

litros de água potável por mês da CEDAE.

Alternativa em residências

Usar vasos sanitários com caixa acoplada para limitar o volume de água

por descarga, atualmente existe alguns modelos. Nesse caso pode-se

escolher vasos que sejam projetados para usar um volume mínimo de água, e

que esse volume seja suficiente para uma boa limpeza do vaso (por volta de

seis litros). O usual é em torno de dez litros por descarga.

Em alguns modelos é possível diminuir o nível de água dentro da caixa

de descarga ajustando a torneira bóia para fechar em um nível mais baixo.

Cremos que o mínimo esteja por volta de 4,5 litros por descarga. Existem

outros modelos como os sistemas a vácuo e os banheiros secos.

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Tratamento de chorume no aterro de Gramacho

O chorume um dos principais agentes contaminantes do solo e

conseqüentemente também dos lençóis freáticos, passou a receber tratamento

específico para tornar-se água potável.

Através de processos químicos e biológicos reduzem seu espectro

poluidor reduzido a níveis mínimos ou ser neutralizado.

No município de Duque de Caxias localizado no Estado do Rio de

Janeiro, localiza-se o Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, realiza medidas

para conter a contaminação do chorume no solo.

O Coordenador do Projeto Luciano Alves relata: ” Através de um sistema

de nanofiltração, o chorume coletado nas canaletas construídas no entorno do

manguezal de Gramacho é tratado, transformando-se em água potável e

posteriormente, lançado na Baía de Guanabara”.

O sistema de tratamento do aterro que atualmente está em fase de

expansão tem capacidade para filtrar até 400 mil litros de chorume por dia.

Eletronuclear

A Eletronuclear a estatal responsável pelas usinas Angra I e II utiliza em

demasia o recurso hídrico em seus processos de geração de energia elétrica.

Os processos que lidam com a água nas usinas tem como principais

circuitos:

Ø Circuito primário: na qual a água passa pelo reator e recebe

grande quantidade de energia na forma de calor.

Ø Circuito secundário: neste a água que se transforma em vapor

gira as turbinas, que por sua vez movimentam o gerador elétrico.

Ø Água do mar: esta é utilizada no sistema de resfriamento da

usina, que passa pelos canos por baixo da central nuclear, não

havendo contato com os reatores.

Os processos de tratamento da água incluem filtros, resinas,

evaporadores e um sistema de controles e monitoramentos das condições

químicas permitindo que ocorra o mínimo de perda d` água.

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Conclusão

Através de consultas bibliográficas e de sites específicos foi observado

que o assunto abordado neste trabalho é bastante amplo, mas ao mesmo

tempo dispersivo de forma geral.

Houve inicialmente uma preocupação de organizações ambientais para

o consumo consciente da água; mas devemos nos lembrar que em grandes

metrópoles (como Rio de Janeiro e São Paulo) a sociedade não se preocupa

com o gasto excessivo deste recurso hídrico ao ponto de ser uma questão

cultural. Isto já não ocorre no sertão nordestino, onde há vários projetos e

gestões hídricas (como é o caso de Sergipe).

Toda empresa que se instala próximo de um recurso acaba poluindo-o

direta ou indiretamente.

Projetos - piloto de reuso da água surgiram de forma simples por

engenheiros, biólogos e estudiosos no tema.

A Agenda 21 criada na ECO 92 realizada no Município do Rio de Janeiro

se preocupou em alertar a sociedade para o consumo sustentável do recurso

hídrico. Leis são realmente necessárias, porque as leis ambientais brasileiras

são reconhecidas mundialmente, mas devido a carência de fiscalização

empresas, condomínios e áreas rurais que não se preocupam em utilizar de

forma sustentável a água.

É de grande valia que a CEDAE, em suas Estações de Tratamento se

preocupa em tornar a água potável e conseqüentemente distribuir à

população e afins.

Enfim, o recurso hídrico é finito, devemos preservar um dos maiores

aqüíferos da América Latina (o aqüífero Guarani), pois devido as práticas

agrícolas entre outras ações ocorrendo assim a degradação.

Devemos também preservar as bacias hidrográficas reduzindo

instalações de fábricas ou as mesmas se comprometerem em aplicar gestões

ambientais de reuso. Mas principalmente a criação de campanhas de

conscientização para a economia e reuso da água na sociedade,

principalmente nas metrópoles, de que o recurso hídrico através dos anos se

torna cada vez mais escasso e na maioria das vezes poluído.

Page 34: UNIVERSIDADE CANCIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE · Castelo em frente à Rua da Ajuda), o poço da Misericórdia, e o Pocinho da Glória, (no início da Rua do Catete). As cisternas,

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Referências

BLUM, José Roberto Coppini. Reuso de água. Editores Pedro Caetano Sanches Mancuso, Hilton Felício dos Santos - Barueri, SP: Manole, 2007.

JB Ecológico, Revista. Artigo: A historia da água no Rio de Janeiro; ed.

no. 74, mar 2005, ano 5, 40 p. RODRIGUES, Raquel dos Santos. As dimensões legais e institucionais

do reuso de água do Brasil:proposta de regulamentação do reuso no Brasil. Dissertação de mestrado, EPUSP-PHD – São Paulo, 2005. 177p.

Conselho Nacional do meio Ambiente – CONAMA. Resolução no. 357,

de 2005.

Artigos eletrônicos

SALDANHA, Carlos José. Reuso da água doce, Revista ECO 21; ed. 86, acessado em 19/01/2010 às 14:16h

Reuso de água, extraído de www.ana.gov.br. Acessado em 22/01/2010

às 8:50h. Reuso de água, extraído de www.portalsaofrancisco.com.br. Acessado

em 18/1/2010 às 10:00h. Técnicas de reaproveitamento, extraído de www.sociedadedosol.com.br.

Acessado em 18/1/2010 às 12:30h. Manual de conservação e reuso da água na industria. FIRJAN; acessado

em 22/1/2010 às 9:00h

Artigo de jornal

VIDA & MEIO AMBIENTE. Chorume vira água potável e limpa a Baía de Guanabara; Jornal O DIA, em 22/3/2009, RJ.