45
[email protected] 1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MATEMÁTICA É DIFÍCIL? MITO OU REALIDADE. Por: Lucelia Lopes dos Santos Orientador: Prof. Ms. Marco A. Larosa. Rio de Janeiro 2003

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

  • Upload
    lybao

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

1

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

MATEMÁTICA É DIFÍCIL? MITO OU REALIDADE.

Por: Lucelia Lopes dos Santos

Orientador: Prof. Ms. Marco A. Larosa.

Rio de Janeiro 2003

Page 2: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

MATEMÁTICA É DIFÍCIL? MITO OU REALIDADE.

Apresentação de Monografia ao

Conjunto Universitário Cândido Mendes como

condição prévia para conclusão do Curso de

Pós-graduação “Lato-sensu” em Docência do

Ensino Superior.

Por: LUCELIA LOPES DOS SANTOS

Rio de Janeiro

Page 3: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

3

2003

AGRADECIMENTOS

... Ao meu esposo e minha filha

adorada, pela paciência e incentivo no

transcorrer do desenvolvimento deste trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

4

DEDICATÓRIA

...Dedico este trabalho ao meu

irmão, o economista João Batista Lopes, que

sempre me incentivou nos desafios.

Page 5: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

5

ÍNDICE

RESUMO _____________________________________________________ 6

INTRODUÇÃO_________________________________________________ 7

CAPÍTULO I - OS PRIMEIROS PASSOS____________________________ 8

CAPITULO II - A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA ________________________ 11

2.1 - SÉCULO XVII E XVIII – RENASCIMENTO E DAS CIÊNCIAS MODERNAS _______________________________________________ 15

CAPÍTULO III - O CÁLCULO ATRAVÉS DOS SÉCULOS______________ 17

3.1 - O DESENVOLVIMENTO DO CÁLCULO NA INGLATERRA. ______ 17

3.2 - O CÁLCULO NA EUROPA.________________________________ 18

3.3 - DO CÁLCULO À ANÁLISE ________________________________ 19

3.4 - SÉCULO XIX - A PROFISSIONALIZAÇÃO DA CIÊNCIA _________ 20

IV - A MATEMÁTICA DA NATUREZA ____________________________ 21

CAPÍTULO V - O ENSINO DA MATEMÁTICA_______________________ 24

5.1 - O RACIOCÍNIO MATEMÁTICO _____________________________ 26

5.2 - O SIMBOLISMO MATEMÁTICO ____________________________ 28

5. 3 - A INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA ___________________ 31

5.4– A MATEMÁTICA NO BRASIL _______________________________ 32

CAPÍTULO VI - A MATEMÁTICA É DIFÍCIL? _______________________ 34

6.1 – O MITO _______________________________________________ 34

6.2 - A REALIDADE__________________________________________ 36

6.3 - O QUE PENSAM OS ALUNOS _____________________________ 37 6.3.1 - METODOLOGIA DA ENQUETE__________________________ 38 6.3.2 - A RIQUEZA DAS FALAS DOS ALUNOS ___________________ 38

CONCLUSÃO ________________________________________________ 40

VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________ 41

7.1 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:____________________________ 41

7.2 - BIBLIOGRAFIA CITADA __________________________________ 42

Page 6: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

6

RESUMO

Este trabalho pretende trazer à tela a abordagem de tema tão

polêmico a respeito da ciência matemática acrescentando elementos, fruto do

cotidiano profissional na área de docência matemática e em diferentes meios de

pesquisas afetas ao tema.

Apresenta os resultados das pesquisas desde os primórdios da

história do conhecimento da matemática até as mais recentes pesquisas da

área, analisando e discutindo as razões das dificuldades apresentadas, pelos

alunos, no decorrer da aprendizagem da matemática, baseadas em estudos já

realizados e opiniões de professores da área, objetivando também, traçar um

paralelo entre a ciência e a ferramenta matemática usada no dia-dia, procurando

mostrar que o mundo contemporâneo depende fundamentalmente desta ciência.

O autor traz a tela os fatores que contribuem para o insucesso dos discentes na

aprendizagem da matemática e insere, neste trabalho, algumas das possíveis

soluções em auxílio aos docentes da área.

Foi utilizada no desenvolvimento deste trabalho, a técnica de

entrevista do tipo Explorativa, levantamento bibliográfico, depoimentos de

professores da área, alunos, pesquisa na Internet, artigos de jornais e revistas e

livros, que foram as ferramentas de análise, as quais, delinearam e deram

suporte ao desenvolvimento do tema .

Page 7: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

7

INTRODUÇÃO

Desde a sua origem, o homem se coloca como animal pensante. O

homem sempre procurou dominar o mundo pelo conhecimento. Já na pré-história

algumas ciências surgiram com o próprio homem. No momento em que surgiu a

necessidade de contar suas ovelhas desenhou-se o início do conhecimento

matemático.

A palavra matemática originou-se na Grécia, mathematike e do

latim “mathematica”, cujo sentido geral é a ciência que se ensina (ensinar a

aprender).Outro conceito abrangente é: matemática é o conjunto de disciplinas

lógicas que tratam das relações existentes entre grandezas e operações, reúne

métodos pelos quais essas relações são dedutíveis de outras conhecidas ou

supostas. É, em suma, a ciência das relações de grandeza, ordem, forma,

espaço e continuidade.

“A matemática é geralmente considerada uma ciência à

parte, desligada da realidade, vivendo na penumbra de um gabinete

fechado, onde não entram ruídos do mundo exterior, nem o sol, nem os

clamores do homem, porém isso só em parte é verdadeiro. (Bento de

Jesus Caraça – matemático português 1901 – 1948)”. (Castrucci -

Editora FTD, 1992)

Verificamos que a aplicação da matemática está no nosso

cotidiano, que ela realmente faz parte de nossa vida, embora não nos

apercebamos disto, dependemos fundamentalmente dela. Podemos citar, Por

exemplo, as ondas eletromagnéticas, que são responsáveis pela informação que

chega ao nosso televisor, a informação telefônica que via satélite liga pontos

distantes do nosso planeta, etc, tiveram a sua existência primeiramente

descoberta na Matemática. Enfim, fazer da matemática uma base educativa,

onde o aluno saiba raciocinar e compreender as relações quantitativas,

compreendendo a utilidade da ciência em sua vida.

Page 8: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

8

CAPÍTULO I - OS PRIMEIROS PASSOS

A trajetória das descobertas e aperfeiçoamentos de temas

matemáticos ao longo da História tem início com os sumerianos em 2500 a.C,

quando idealizaram tabelas de multiplicação e consideravam o valor de (“pi”)

igual a três.O assunto frações, também se deve aos sumerianos no ano de 2000

a.C. quando representavam as frações com estilete vertical 1/60, 1/3600 etc...

Não há informações que possa nos assegurar de onde vieram os

sumerianos, mas trouxeram consigo uma cultura superior, plenamente

desenvolvida, uma astronomia avançada, onde seus observatórios obtinham

cálculos do ciclo lunar que diferenciam em apenas 0,4 segundos dos cálculos

atuais. Na colina de Kuyundjick, antiga Nínive, foi encontrado um cálculo, cujo

resultado final em nossa numeração corresponde a quinze casas. Isso é muito

interessante já que os gregos só conheciam números até cinco casas.

Os gregos são considerados universalmente como os primeiros

matemáticos - primeiros no sentido de que foram eles que encetaram o

desenvolvimento da matemática a partir de princípios básicos. Hípias (425 a.C.),

ou algum outro por volta de sua época, mostrou que, em termos de números

inteiros, não era possível qualquer comparação numérica exata da diagonal com

o lado, seja para um quadrado, um pentágono regular, um cubo ou um hexágono

regular - na verdade, para muitas figuras geométricas conhecidas. Foi uma

surpresa para a comunidade matemática grega tomar conhecimento de que há

coisas como segmentos de reta incomensuráveis e que a ocorrência dessa

situação é espantosamente comum - isto é, que conceitos afins ao cálculo

aparecem nas mais elementares situações.

Na cidade de Nipur, cidade localizada ao sul de Bagdá, foi

encontrada uma biblioteca sumeriana inteira, contendo inúmeras placas de barro

com inscrições denominadas cuneiformes (do termo latino cunneus, cunha).

Page 9: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

9

A aritmética que tem por finalidade o estudar as propriedades do

conjunto dos números racionais, ou seja, aqueles chamados de números inteiros

e fracionários, e também a arte de formar e representar os números e de fazer

com auxílio deles as operações cujo objetivo é determinar quantidades através

de outras com elas relacionadas, se constituiu desde a antiguidade em auxílio

aos nossos antepassados, onde eram obrigados a recorrer a trocas e tinham a

necessidade de contar. Os dedos foram para os antigos, como o são, ainda,

para nossas crianças, os primeiros instrumentos de cálculo, sendo por este

motivo que devemos a base dez na numeração cuja denominação é a numeração

decimal.

O uso dos dedos para contar era forçosamente restrito,

reconhecendo-se a necessidade de empregar-se sinais materiais que tornassem

permanentes os resultados assim obtidos. Acredita-se que usaram por esse

motivo, para fins de contagem, grãos de trigo, que foi logo substituídos por

pedrinhas, nós de fitas e de cordas, e etc.

Pitágoras (aproximadamente de 582 a 500 a.C), criou uma

irmandade, em que a salvação dependia de um esforço humano subjetivo, e que

tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas

segundo sua doutrina, e são a verdade eterna. O número perfeito é o dez, por

causa do triângulo místico. Os astros são harmônicos. Essa irmandade se

dedicava a especulação matemática e contemplação religiosa. Era uma

verdadeira comunidade, já que os direitos entre homens e mulheres eram iguais,

a propriedade pertencia a todos, as descobertas matemáticas eram de todos os

seus membros. Estranhos a essa irmandade não participavam desses

conhecimentos. Houve depois uma divisão entre os pitagóricos em duas alas:

uma científica e outra religiosa.

Para eles os números forneciam um modelo do universo conceitual,

onde todos os seres da natureza eram determinados. Esses números eram

entidades geométricas, físicas e aritméticas compostas por pontos nos ângulos

de várias formas geométricas, chamadas de triangulares, quadrados, etc... Foi

Page 10: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

10

Pitágoras que inventou a palavra filosofia - (amizade ao saber). A escola de

Pitágoras gerou os Pitagóricos, que procuraram aperfeiçoar o sistema filosófico

original. Eles floresceram em uma colônia grega na Itália. Pregavam o ideal da

salvação do homem, tinham um caráter místico e espiritualista, e davam à

matemática um caráter matemático. Muitos filósofos foram também matemáticos,

que atribuem ao universo a lógica dos números e em muitos pontos de sua

doutrina buscam a matemática para fundamentar a sua lógica. É uma visão

mecanicista, que identifica no mundo o raciocínio matemático.

Conhece-se muito pouco sobre a vida do filósofo Pitágoras, pois foi

uma figura legendária, e é difícil distinguir o que é verdade e o que é mentira.

Nasceu em Samos, em uma época em que na Grécia estava instituído o culto ao

deus Dioniso. Os órficos (de Orfeu) acreditavam na imortalidade da alma e em

reencarnação (metempsicose), e para se livrar desse ciclo, necessitavam da

ajuda de Dioniso, deus libertador. Pitágoras postulou como via de salvação em

vez desse deus, a matemática. Acreditava na divindade do número. O um é o

ponto, o dois determina a linha, o três gera a superfície e o quatro produz o

volume. Os pitagóricos podem concebem todo o universo como um campo em

que se contrapõe o mesmo e o outro. É de pitágoras o teorema do triângulo

retângulo.

Os diálogos de Platão mostram que os matemáticos ficaram

profundamente perturbados com a descoberta da incomensurabilidade. Sempre

que o algoritmo euclidiano para achar o máximo divisor comum de dois inteiros é

aplicado em aritmética, o processo acaba num número finito de passos, pois o

conjunto dos inteiros positivos tem um mínimo, o número 1.

Fazendo uma analogia, o esquema é aplicado com roupagem

geométrica para achar a maior medida comum entre dois segmentos de reta

incomensuráveis, cujo processo prosseguirá indefinidamente. Não há algo como

o menor segmento da reta, pelo menos não segundo a visão grega ortodoxa,

tampouco, segundo os conceitos modernos convencionais. A perspectiva de um

processo infinito perturbou os matemáticos antigos, pois se viam diante de uma

crise. Eram incapazes de replicar aos sutis paradoxos de Zenão de Eléia,

Page 11: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

11

propostos por volta da mesma época em que se deu a devastadora descoberta

dos incomensuráveis. Aristóteles e outros filósofos gregos procuraram responder

a esses paradoxos, mas o fizeram de maneira tão pouco convincente, que os

matemáticos da época concluíram que era melhor evitar totalmente os processos

infinitos.

Zenão de Eléia - (século V a.C). nasceu na Éleia, e interviu na

política, dando leis à sua pátria. Zenão teria deixado cerca de quarenta

argumentos, sendo que nove foram conservados pelo doxógrafos. São dispostos

em problemas de grandeza, do espaço, do movimento e da percepção sensível.

Ele parte da divisibilidade infinita do espaço, pois um corpo percorrendo um

espaço infinito em um tempo finito estaria imóvel. Seus argumentos constituem-

se verdadeiras aporias (caminhos sem saída), indo até ao absurdo. Foi

considerado por Aristóteles o inventor da dialética, no sentido de diálogo que

parte das premissas do adversário e o põe em contradição, numa posição

insustentável. Defendeu as teorias do ser de seu mestre, Parmênides, contra os

seus adversários, notoriamente os pitagóricos, que pregavam o ser múltiplo e

divisível. O infinito não pode ser percorrido num tempo finito, só em um tempo

infinito. Seus argumentos ficaram conhecidos como paradoxos de Zenão.

CAPITULO II - A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA

Desde 1793-1759 a.C., no tempo de Hamurábi, os babilônios

possuíam um sistema de numeração e uma geometria; que nessa época sabiam

que todos os triângulos inscritos em um semicírculo são triângulos retângulos.

Conheciam também o teorema de Pitágoras.

A matemática babilônia, ou seja, o tipo de matemática usada na

antiga Mesopotâmia, que é a região entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje é o

Iraque, desempenhava importante papel no currículo da história da

matemática.Para se tornar um secretário, contador ou administrador, um escriba

precisava ter conhecimento de notação aritmética e seu uso na prática. Os

Page 12: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

12

babilônios costumavam usar um sistema sexagesimal, ou seja, sistema de

numeração de base 60, enquanto que o nosso sistema é base 10.

O aluno tinha que copiar e memorizar as tábuas matemáticas

quando se encontravam em estudos avançados, como o cálculo de recíprocos,

quadrados e raízes quadradas, cubos e raízes cúbicas.Para explicar as

operações necessárias ao desenvolvimento dos cálculos, os mestres armavam

problemas exemplificativos, que incluíam a medição de terrenos de forma

irregular, o número de tijolos necessários para a construção de uma parede e a

quantidade de terra para a construção de uma rampa. Nessa época um aluno nas

últimas fases dos estudos já sabia utilizar noções elementares da álgebra e da

geometria.

A geometria babilônica era de caráter prático. Observa-se esta

característica no período de 2000 a.C. a 1600 a C. que mostra estarem os

babilônios familiarizados com as regras gerais da área do retângulo, da área do

triângulo retângulo e do triângulo isósceles, do volume do prisma reto de base

trapezoidal. Mas a marca da geometria babilônica foi seu caráter algébrico. Os

problemas mais complexos e que são expressos em terminologia geométrica

são essencialmente problemas de álgebra não triviais.

No Egito Antigo, foram obtidas inúmeras regras matemáticas que

possibilitavam a resolução de muitos problemas aritméticos e algébricos. Foi

através dos papiros que chegaram os conhecimentos que faltavam naquela

época. Para fazer os calendários, aprendia a utilizar observações astronômicas,

tais como, os eclipses periódicos do sol e da lua.

No fim do primeiro milênio a.C., um aluno considerado adiantado

nos estudos possuía bastante conhecimento da teoria matemática a ponto de

calcular o movimento dos planetas e, assim, estava apto a assessorar o rei na

confecção de calendários.

Page 13: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

13

Os babilônios adotaram um ano lunar, constituído por 12 meses

lunares, e de três em três ou de quatro em quatro anos era intercalado um mês

extra para que houvesse sincronia do calendário com o ano solar.

Há também registro de que a civilização Maia tinha seu sistema de

numeração, que foi conhecido através de documentos decifrados. Seus números

eram representados por pontos (uma unidade) e por barras (cinco unidades).

Outro tipo de representação era um que cada número menor que vinte tinha seu

próprio símbolo, figuras semelhantes a cabeças humanas.

Os Babilônios e Assírios, por exemplo, conseguiram reunir muitos

conhecimentos de astronomia, mediante cálculos que realizavam sobre

observações sistemáticas. Eles também sabiam dividir a circunferência em arcos

iguais e tinham noções a respeito da semelhança de triângulos.

Os egípcios mediam com perfeição áreas de inúmeras figuras e os

volumes de vários poliedros. Ademais, sabiam bastante a respeito das

propriedades dos triângulos, como a do triângulo de lados 3, 4 e 5,

posteriormente chamado de triângulo egípcio. Eles também utilizavam a

numeração decimal e pesquisavam as propriedades dos números tinham um

sinal particular para representar cada unidade: uma linha vertical para representar

uma unidade simples, um círculo entreaberto para representar uma dezena, um

sinal em forma de uma folha de palmeira para uma centena, uma flor de lótus

para o milhar, um dedo invertido para dezena de milhar e etc. Para escrever um

número representavam-se as unidades de cada grupo repetindo o sinal

correspondente, tantas vezes quantos eram as unidades. Este sistema de

notação se encontra na numeração romana, com algumas simplificações.

A matemática começou a evoluir através dos gregos que atribuíram

aos egípcios a origem da geometria e aos fenícios a invenção do cálculo.

“O primeiro povo a dedicar-se à matemática, como uma

arte, por si mesma, foram os gregos. Suas invenções sobre formas

Page 14: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

14

puras e abstratas constituíram a base da geometria de Euclides...”.

(LIFE – Pág. 39)

Uma ciência especial cuja denominação é Esférica, desenvolvida

pelos Alexandrinos, constituiu a trigonometria. A teoria das razões e das

progressões foi desenvolvida entre os séculos V e II antes de Cristo.

Os maoístas e a escola dos lógicos, tentaram desenvolver um

método científico de raciocinar para que homens de opiniões contrárias

pudessem chegar a um acordo, numa época de muitas guerras, propondo que o

argumento lógico seria o único meio de se chegar a uma unanimidade de

opiniões. Esses maoístas eram seguidores de Moti (479-881) a.C.

Porém no início da Idade Média, a matemática teórica sofreu uma

interrupção, somente mais tarde, os árabes adotaram o sistema de numeração

escrita dos hindus e utilizaram, também, na Trigonometria o seno e a tangente.

Foram obras dos Hindus as séries aritméticas, resolução da

equação do 2o grau, bem como equações lineares indeterminadas. Na realidade

os Hindus parecem ter sido os primeiros que utilizaram na numeração escrita

dois valores diferentes - um dependendo da forma e o outro dependendo da

ordem que ocupa no número escrito.

Com o surgimento da Renascença, novos métodos matemáticos

surgiram, o que deram força a essa ciência. É considerável o papel da

matemática no pensamento e na civilização contemporânea. É em suma a

ciência das relações de grandezas, ordem, forma, espaço e continuidade.

A maioria dos conceitos foram introduzidos, na matemática, através

de percepções intuitivas e possuem íntima relação com objetos materiais e com

figuras geométricas. O raciocínio foi desligando-se das figuras enquanto o

pensamento matemático foi caminhando no sentido da abstração. Assim, as

idéias antes vagas e confusas, foram adquirindo precisão.

Page 15: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

15

2.1 - SÉCULO XVII E XVIII – RENASCIMENTO DAS CIÊNCIAS

MODERNAS

No século XVI, Viete (1540 – 1603) e Bachet (1581 – 1638)

trouxeram para o estudo da Aritmética, precisões importantes, mas foi,

sobretudo, Pierre de Fermat (1601 – 1665) quem, com sua genialidade, deu um

desenvolvimento considerado ao estudo das propriedades dos números. Enfim,

para estabelecer a Aritmética tal como concebemos hoje, formando um conjunto

de propriedades intimamente ligadas, umas às outras, por dedução. Notáveis

matemáticos aplicaram métodos, dos mais elevados das análises algébricas.

No início do séc. XVII, os estudos matemáticos foram retomados

com grande entusiasmo. René Descartes estudou as curvas não circunsféricas,

os movimentos desuniformes e contínuos e deu início à Geometria Projetiva, que

é distinta da Perspectiva do desenho, já grandemente desenvolvida pelos gregos

e pintores renascentistas. Blais e Pascal esboçou a futura Teoria da

Probabilidade, aplicando-as aos jogos de cartas.

Pierre-Simon de Laplace francês, de descendência humilde,

estudou na Academia Militar por influência de amigos. Sem grandes convicções

políticas, pouco participou de atividades revolucionárias embora tenha sido

nomeado por Napoleão para o cargo de Ministro do Interior do qual foi despojado

logo mais, pois, como dizia o próprio Napoleão, "ele transportava o espírito do

infinitamente pequeno à direção dos negócios de sua pasta". Mesmo assim,

acabada a Revolução Francesa, recebeu o título de marquês e em suas obras

procurava sempre incluir elogios fervorosos ao grupo que estivesse no poder,

procurando assim fazer as pazes com cada regime que aparecesse.

Laplace foi professor na Escola Normal e na Escola Politécnica,

participando também do Comitê de Pesos e Medidas. Seus principais resultados

foram em Teoria das Probabilidades, publicando uma obra admirável que é a

"Teoria Analítica das Probabilidades" em 1812, onde mostra ter conhecimentos

avançados de Análise. Em "Ensaio filosófico das probabilidades" escreveu que

Page 16: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

16

"no fundo a Teoria das probabilidades é apenas o senso comum expresso em

números". Em "Teoria Analítica" encontramos entre outros resultados, o cálculo

de pi através dos problemas das agulhas de Buffon, com o qual pode-se obter

uma aproximação probabilística para o irracional Pi, esquecido há muitos anos, e

um estudo da probabilidade inversa iniciado por Bayes.

Em "Exposição do Sistema do Mundo", de 1796, e em "Mecânica

Celeste", de 1799, Laplace apresentou sua hipótese de que o sistema solar se

originou de um gás incandescente girando em torno de um eixo que, ao esfriar,

se contraiu causando rotação cada vez mais rápida até que da camada externa

se desprenderam sucessivos anéis que formaram os planetas. O centro restante

da massa de gás, em rotação, constituiu o sol. Esta publicação marcou o auge

da teoria de Newton, explicando todas as perturbações do sistema solar, sua

estabilidade e seu movimento que é secular, não lhe parecendo mais

necessárias admitir a intervenção divina em certas ocasiões.

Para Laplace a natureza era a essência e a Matemática apenas

uma coleção de instrumentos, que ele sabia manejar com muita habilidade

sempre mantendo um sentimento de honestidade intelectual com as Ciências.

Na segunda metade do século, Isaac Newton, na Inglaterra e

Leibniz, na Alemanha, criaram o Cálculo Integral ou Infinitesimal. E Leibniz

retomou os estudos da Geometria Analítica, imprimindo a ela novos avanços.

O grande John Napier, abastado proprietário rural e matemático

amador escocês, nascido em Murchiston, perto de Edimburgo, de grande

importância da matemática e da astronomia, pela criação dos logaritmos como

artifício que simplificou os cálculos e assentou as bases para a formulação de

princípios fundamentais da análise. Entrou para a universidade Saint Andrews

(1563) para estudar Teologia e Aritmética. Viajou pelo continente europeu antes

de voltar definitivamente para o seu castelo para administrar suas grandes

propriedades e escrever sobre vários assuntos, onde ficou até a sua morte em

1617. Foi profundo estudioso de trigonometria, computação, escreveu uma obra

Page 17: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

17

de teologia destacando-se como matemático com a invenção de vários artifícios

para o ensino da aritmética, estudo sobre a história da notação arábica e um

grande interesse que fundamentam a notação dos números. Deve-se a ele uma

das tentativas de desenvolvimento de base dois para contagem. Foi graças a sua

mais notável invenção que toda a divisão ou toda a multiplicação se reduz a uma

simples adição ou subtração de logaritmos, que são números listados em uma

tábua, em progressão aritmética e geométrica, relacionados a uma base

chamada de neperiana, de forma a simplificar os cálculos à época. A palavra

“logaritmo” criada por John Napier por meio de uma composição de duas

palavras grega (Logus – razão, Arithmos – números), ou seja, “razão de

números”.

A invenção da base decimal é atribuída a Briggs. Já Edmundo

Gunter (1581-1626), construiu réguas com uma escala logarítmica matemática do

século XVIII.

CAPÍTULO III - O CÁLCULO ATRAVÉS DOS SÉCULOS

A importância do cálculo através da história no século XVIII se deve

ao tema - o problema de seus fundamentos e as mudanças nos conceitos

fundamentais, cujo desenvolvimento é detalhado a seguir.

3.1 - O DESENVOLVIMENTO DO CÁLCULO NA INGLATERRA.

Foi durante este século que os matemáticos britânicos tornaram-se

isolado dos progressos que ocorriam no continente europeu, tendo como

conseqüência uma paralisação no seu desenvolvimento.

Newton e Leibniz desenvolveram figuras geométricas através de

equações algébricas, representando o movimento de um ponto geométrico e

dessa maneira o cálculo algébrico. Em 1742, Colim Mac laurin (1698-1746),

professor de Matemática em Edimburgo, estabeleceu uma base para o cálculo.

Page 18: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

18

A divergência entre a matemática britânica e a do continente

europeu girou sobre a prioridade de invenção do cálculo, que começou pouco

antes de 1700.Leibniz e Newton, cada um deles fez suas invenções

independentemente. Contemporâneos de Leibniz e Newton não diferenciavam o

trabalho de Newton (cálculo fluxional -1664/6) do de Leibniz (cálculo diferencial -

1675), a não ser com relação aos termos e à notação.

Leibniz foi acusado em 1699, pelo matemático suíço Nicholas Fatio

de Duillier, de ter plagiado Newton. Leibniz defendeu-se em várias publicações,

mas na Grã-Bretanha, era comum a idéia de que ele havia chegado a seus

resultados principais a partir de cartas enviadas a ele por Newton.

Apois após a morte de Leibniz, a matemática britânica decaiu,

principalmente no campo do cálculo infinitesimal, pois não havia matemáticos

britânicos para dar continuidade ao trabalho de Newton e desenvolvê-lo. Alguns

nomes importantes são: Cotes (1682-1716) faleceu jovem, Taylor (1685-1731)

faleceu pouco depois de Newton e Maclaurin faleceu em 1746. Eles pouco

fizeram além de escrever livros sobre o cálculo newtoniano, considerando o

trabalho de Newton como acabado.

3.2 - O CÁLCULO NA EUROPA.

O desenvolvimento do cálculo neste continente foi intenso, pois

podia contar com um número muito maior de matemáticos capazes. Através do

trabalho do próprio Leibniz, dos irmãos Bernoulli, e de L`Hopital, o cálculo

leibniziano tornou-se aceito nas primeiras décadas do século XVIII.

Na França: L'Hopital, Varignom e B. de Fontenelle foram seus

difusores.

Aléxis Claude Clairault (1713-1765), filho de um professor de

Matemática e Jean le Rond D’ Alembert (1717-1783), que havia sido encontrado

quando criança, abandonado em uma igreja. Ambos aceitaram e desenvolveram

as teorias de Newton.

Page 19: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

19

Em Basiléia, Daniel Bernoilli; Jean Bernoilli e Leonard Euler

desenvolveram o cálculo antes estudado por Newton e Leibiniz.

Na Itália: Guido Grandi, Gabriele Manfredi, Gian Francesco

Fagnano.

Na Suíça: Johann Bernoulli reuniu em sua volta um círculo de

estudiosos, muitos dos quais eram membros de sua família, tais como Jacob

Hermann, Nikolaus Bernoulli I e Nikolaus Bernoulli II (sobrinhos), seu filho Daniel

Bernoulli e Leonhard Euler.

Johann Bernoulli foi a figura central da matemática no continente

europeu na primeira metade do século XVIII. Esta posição foi então assumida por

seu aluno mais importante, Leonhard Euler. Bernoulli e Euler não se sentiam

presos ao cálculo de Leibniz em todos os aspectos, conforme ficou claro na

mudança efetuada por eles para um estilo mais analítico.

3.3 - DO CÁLCULO À ANÁLISE

A abrangência do cálculo desenvolveu-se e ele tornou-se um campo

muito mais amplo, a análise. O cálculo transformou-se de uma disciplina

essencialmente geométrica em uma disciplina matemática independente, a

análise, que se preocupava essencialmente com fórmulas. Isto ficou claro

especialmente com o surgimento do conceito de função (desenvolvida por Euler

em seus famosos livros).

Um tratado sobre calculo diferencial e integral (Traité du calcul

différential et du calcul intégral de 1797, de Sylvestre François Lacroix) foi

traduzido para o inglês por um grupo de jovens matemáticos de Cambridge, onde

defendiam o uso dos símbolos de Leibniz em oposição aos de Newton. Através

desse trabalho interrompeu-se o declínio da matemática britânica.

Page 20: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

20

Cauchy (1789-1857), professor da Ecole Polytechinique de Paris,

em 1816, atingiu a classificação final do conceito de limite, através de uma

reformulação em termos de funções ao invés de variáveis.

Cauchy formulou o principal objetivo de sus livros da seguinte

maneira:

"Meu principal objetivo é reconciliar o rigor, que foi o princípio-guia

de meu curso de análise com a simplicidade a ser alcançada ao considerarmos

diretamente as quantidades infinitamente pequenas".

O enfoque moderno é evidenciado quando Cauchy define a

diferencial em termos da derivada.

O conceito de integral refere-se ao limite somatório e não o inverso

da diferenciação;

Portanto, o teorema fundamental do cálculo tornou-se um teorema

que precisa ser provado, ao invés de ser um corolário da definição de integral,

como já mencionada anteriormente.

3.4 - SÉCULO XIX - A PROFISSIONALIZAÇÃO DA CIÊNCIA

Neste século, a ciência deixou de ser fruto da ociosidade das

classes dominantes, na medida em que se implantava o capitalismo industrial.

Assinalou-se ainda uma revolução na matemática (iniciada na Geometria e na

Aritmética), que, ao invadir a Lógica, levou a matemática a deixar de ser uma

Ciência de quantidades para ser a ciência das relações entre símbolos - os

números e as figuras geométricas nada mais são que símbolos mentais. Esta

revolução se processou pela mudança dos Postulados.

Além de fortalecer os fundamentos da análise, nome dado a partir

de então às técnicas do cálculo, os matemáticos do século XIX realizaram

importantes avanços nesta parte. No início do século, Gauss deu uma explicação

adequada sobre o conceito de número complexo.

Page 21: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

21

Outra grande descoberta, que na época foi considerada abstrata e

inútil, foi a geometria não-euclidiana, porém esse tema que foi desenvolvido por

Bernhard Riemann (1826-1866), foi selecionado por Einstein como modelo para

o espaço-tempo citado em sua obra A Teoria Geral da Relatividade que foi

publicada em 1905.

A ciência, que foi, predominantemente, até o séc, XIX, fruto do

esforço pessoal, agora se tornou tão ampla que não é mais obra para uma só

cabeça. Os grandes cientistas ainda se destacam pela sua criatividade, mas a

obra final é resultado do esforço comum das equipes.

A grande revolução havida na Matemática, no século anterior, se

prolongou até o início do atual, com o desenvolvimento e o aprofundamento da

Lógica Matemática realizados por Alfred Whitehead e seu discípulo, Bertrand

Russel, na Inglaterra. Este trabalho prosseguiu com os estudos de Willard Quine,

nos USA. De mais novo, sabemos apenas das pesquisas do matemático russo

Guelfand sobre os velhos Algoritmos, já estudados por Euclides; trata-se de

estudo de imensa valia, pois compõe a base matemática da Cibernética.

O computador revolucionou a matemática e converteu-se num

elemento primordial, Este avanço deu grande impulso a certos ramos da

matemática, como a analise numérica e a matemática finita, e gerou novas áreas

de investigação, como o estudo dos algoritmos. Tornou-se, portanto, uma

poderosa ferramenta em campos tão diversos quanto a teoria numérica, as

equações diferenciais e a álgebra abstrata.

IV - A MATEMÁTICA DA NATUREZA

Com a frase “Os sentidos se deleitam com as coisas devidamente

proporcionas”.Tomás de Aquino formulou essa verdade fundamental da estética

no século XIII no livro “As matemáticas” - LIFE – pág. 88.

Há vários exemplos, dessa realidade:

Page 22: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

22

A Gema Triangular, que é uma turmalina semipreciosa onde

observamos uma estrutura prismática do mineral, constituída por séries de

triângulos semelhantes, ou seja, que guardam entre si uma proporcionalidade

entre lados e ângulos;

O Cristal Cúbico, que é um tipo de prisma, similar a um

paralelepípedo de forma reduzida, formada pela pirita ou sulfeto de ferro cuja

denominação popular é ouro dos tolos, é achado na natureza como cubos

entrelaçados;

O nosso Sal de cozinha também é feito de cristais cúbicos;

Os Flocos de Neve mostram diversos cristais hexagonais, ou seja,

em forma de hexágono regular ou polígono de seis lados;

O Favo de Mel de abelhas consiste em hexágonos em sua forma.

Se observarmos o miolo de uma margarida, os minúsculos grãos

do miolo formam dois conjuntos de espirais opostos. Sendo 21 no sentido horário

e 34 no sentido anti-horário.Essa relação 21:34 corresponde a seqüência 21, 34

da misteriosa série de Fibonacci. As espirais formadas são também

eqüiângulares, ou seja, formadas por ângulos iguais.

A Concha do Caramujo forma uma espiral eqüiângular ou

logarítmica.Essas espirais aparecem também nas presas dos elefantes, nos

chifres de cabras selvagens e nas unhas dos canários.Na Casca do Pinheiro,

aparecem espirais opostas (5 em um sentido e 8 em outro), e na Casca do

Abacaxi (8 e 13), sendo encontrado ainda nas folhas de inúmeras árvores.

Esse fenômeno chama a atenção por causa da relação com a

seqüência matemática conhecida pelo apelido de seu descobridor na idade

média, Leonardo (Fibonacci).

Os números de Fibonacci além de estarem relacionado com a

Botânica, exerceram uma grande influência na Arte e na Arquitetura.

Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

23

Essa relação aparece nos pentágonos, círculos e decágonos e

mais notadamente no retângulo áureo.

O homem imita a natureza.Prova disso é o desenho do arquiteto

Frank Lloyd Wright, do museu Buckmister Fuller de Los Angeles, que se baseou

na espiral helicoidal do caramujo, onde são utilizados em suas abóbadas

milhares de triângulos eqüiláteros simples.

As linhas curvas do Museu Guggenheim de Nova Iorque, projeta-se

para cima em concreto maciço em desenho também de espiral helicoidal.

Fibonacci ou Leonardo de Pisa (1170 - 1250), desempenhou um

importante papel ao retificar a antiga matemática, e contribuiu significantemente

com descobertas suas. Liber abaci introduz o sistema décima Hindu/Árabe e o

uso numeração árabe, na Europa. É mais conhecido por Fibonacci. Nasceu na

Itália (provavelmente), mas foi educado no Norte de África, onde o seu pai

trabalhava, como funcionário diplomático. Viajou amplamente com o seu pai,

reconhecendo as enormes vantagens do sistema matemático utilizado, nos

países que visitou.

O Liber abaci, de Fibonacci ou Leonardo de Pisa, publicado em

1202 após o seu regresso à Itália é baseado em pedaços de aritmética e álgebra

que Fibonacci acumulou enquanto viajava. Este livro introduziu o sistema decimal

Hindu/Árabe e o uso de numeração árabe na Europa. Um problema, em Liber

abaci, levou à introdução dos números de Fibonacci, e à sucessão de Fibonacci,

pelos qual este é melhor conhecido nos dias de hoje.

Esta sucessão veio na seqüência do seguinte problema:

Quantos pares de coelhos serão produzidos num ano, começando

com um só par, se em cada mês cada par gera um novo par que se torna

produtivo a partir do segundo mês?". Todo este problema considera que os

coelhos estão permanente fechados num certo local e que não ocorrem mortes.

Para tal, um indivíduo coloca um par de coelhos jovens num certo local rodeado

Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

24

por todos os lados por uma parede. Queremos saber quantos pares de coelhos

podem ser gerados, durante um ano, por esse par, assumindo que pela sua

natureza, em cada mês dão origem a um outro par de coelhos, e no segundo mês

após o nascimento, cada novo par pode também gerar.

Leonardo (Fibonacci) prosseguiu para os cálculos: no primeiro

mês, teremos um par de coelhos que se manterá no segundo mês, tendo em

consideração que se trata de um casal de coelhos jovens; no terceiro mês de

vida darão origem a um novo par, e assim teremos dois pares de coelhos; para o

quarto mês só temos um par a reproduzir, o que fará com que obtenhamos no

final deste mês, três pares. Em relação ao quinto mês serão dois, os pares de

coelhos a reproduzir, o que permite obter cinco pares destes animais no final

deste mês. Continuando desta forma, ele mostra que teremos 233 pares de

coelhos ao fim de um ano de vida do par de coelhos com que partimos. Listando

a sucessão 1, 1, 2, 3, 5, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233 na margem dos seus

apontamentos, ele observou que cada um dos números a partir do terceiro é

obtido pela adição dos dois números antecessores, e assim podemos fazê-lo em

ordem a uma infinidade de números de meses. Esta seqüência é conhecida

atualmente como a seqüência ou sucessão de Fibonacci.

Outros livros são Praticae geometricae (1220), contendo uma larga

coleção de geometria e trigonometria, Liber quadratorum (1225), no qual

aproxima a raiz de um cubo obtendo uma aproximação correta até à nona casa

decimal, Mis pratica e geometricae (1220) fornece uma compilação da geometria

da época e introduz alguma trigonometria (este último, não sendo dado, por fonte

segura, de sua autoria).

CAPÍTULO V - O ENSINO DA MATEMÁTICA

No século XIX as exigências do ensino da matemática se baseava

na preparação de escriturários, navegadores e engenheiros, devido a esse

fator.A matemática na escola era um tedioso adestramento cuja apreciação por

Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

25

algumas das maiores inteligências da nossa história parecia absolutamente

inexplicável.

Poucos jovens chegavam a universidade com capacidade ou

vontade de continuar o estudo de matemática.

Os cursos que existiam para o estudo dessa disciplina tinham de

esperar até que os jovens que estavam na universidade aprendessem o

indispensável para compreendê-la.

Embora muitos matemáticos e mestres exigissem revisões

drásticas no ensino, foi o entusiasmo causado pelo lançamento pioneiro do

Sputnik na Rússia em 1957, que provocou o apoio dos Estados Unidos, a

liberação de verbas e o interesse de instituições particulares que contribuíram

para a mudança no ensino da matemática.O povo tomou consciência de que o

mundo se apóia na ciência e esta na matemática.

As necessidades não eram mais escriturários e navegadores, mas

de pessoas capazes de resolver equações para chegar a solução de problemas

e o uso de poderosos computadores e máquinas de calcular, e homens que

pudessem envolver-se nos novíssimos cálculos exigidos para lidar com a

Relatividade, com a teoria quântica e o estudo sistemático das complexas

interações sociais.

Ainda hoje a matemática é considerada pela maioria das pessoas

uma disciplina cujo processo de aprendizagem pode ser considerado até

penoso.

Onde só há esforço apenas para passar nos exames.

Segundo Professor Dienes, em seu livro “O poder da Matemática”,

o reexame do ensino da matemática pode ser classificado sob três tópicos:

- Pesquisa de currículo;

- Pesquisa do método;

Page 26: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

26

- Pesquisa fundamental nos processos de pensamento.

Todo trabalho matemático deveria ocorrer com perfeita consciência

já que ao pisarmos em solo matemático não familiar são inúmeras as ciladas do

pensamento matemático. Essa situação poderá conduzir a uma conclusão

inconsistente.

Certamente este aumento de consciência é possível na maioria das

vezes.

O processo de aprendizagem como já dissemos deve ser

cuidadosamente planejado de maneira que os alunos aprendam os emaranhados

matemáticos necessários tornando-se conscientes deles por si mesmos

Vários fatores são apontados como causas do insucesso dos

alunos em matemática, entre os quais:

- A forma de ensinar;

- O uso da mesma estratégia para todos os alunos;

- Material pouco interessante;

- O excesso de aulas somente expositivas;

- Falta de atividades que estimulem o raciocínio lógico;

- Resolução de exercícios repetitivos e mecânicos;

- Problemas fora da realidade do aluno.

5.1 - O RACIOCÍNIO MATEMÁTICO

Ao entrarmos no campo da abstração matemática, trabalhamos

com uma estrutura matemática. Essa abstração poderá ser mais aprofundada,

embora a princípio considerarmos estarmos no limite do conhecimento.

Quando construímos algumas estruturas na escola, há um

desenvolvimento consciente em nós das relações que possivelmente haverá

entre elas.

Page 27: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

27

Ao examinarmos com atenção a simbologia matemática,

chegamos a uma pureza de estruturas abstraídas da experiência ou da

manipulação de outras estruturas.

Segundo Z.P. Dienes.

”Por centenas de milhares de anos, nós e nossos

antepassados usufruímos os frutos produzidos pelas árvores deste

planeta; por que o cientista agora tem que analisar o fruto e suas

substâncias químicas componentes? Em parte por pura curiosidade,

mas, em parte porque, conhecendo-se a estrutura exata do fruto,

podemos tomar medidas a fim de providenciar substitutos adequados”.

Ao pesquisarmos os inúmeros detalhes lógicos, chegamos a

conclusão que isso constitui o pensamento matemático.

Compreendemos a necessidade de treino mental de uma maneira

sistemática, que fará os alunos passarem por um processo de raciocínio de

complexidade progressiva. Estes padrões deverão ser mais simples no início da

estrutura.

Recentemente, foi criado o modelo de van Hiele para o ensino de

geometria, tendo em vista as dificuldades apresentadas por seus alunos do curso

secundário na Holanda.”O modelo sugere que os alunos progridem segundo uma

seqüência de níveis de compreensão de conceitos enquanto eles aprendem

Geometria”.

O progresso de um nível para o seguinte se dá através da vivência

de atividades adequadas, e passa por cinco fases de aprendizagem. Portanto o

progresso de níveis depende mais de aprendizagem que de idade ou maturação.

Segundo van Hiele, cada nível é caracterizado por relações entre os

objetos de estudos e linguagem próprios. Consequentemente, não pode haver

compreensão quando o curso é dado no nível mais elevado do que o atingido

pelo aluno.

Page 28: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

28

A teoria de van Hiele sugere cinco níveis hierárquicos, no sentido

de que o aluno só atinge determinado nível de raciocínio após passar por todos

os níveis inferiores.

Verificamos, que sempre que o aluno apresenta dificuldades no

processo dedutivo ou desempenho deficiente em uma linha de argumentação,

demonstração ou prova ele não atingiu o nível de van Hiele correspondente a

esse tipo de raciocínio.

Este estudo tem como objetivo adequar o ensino e sugere também

atividades a serem desenvolvidas desde as séries iniciais, a fim de proporcionar

oportunidades aos alunos a construção de conhecimentos e passar pelos

primeiros níveis antes de chegar ao curso sistemático de Geometria.

5.2 - O SIMBOLISMO MATEMÁTICO

È uma linguagem matemática adaptada especialmente a

expressão e a comunicação de tipos específicos de informação. Como outras

linguagens, é capaz de ampliar o conhecimento e estimular e descoberta de

novas conexões e relações que formarão novos símbolos.

Verificamos que no último século, a linguagem matemática tornou-

se tão rica que até alguns matemáticos podem não se familiarizar com toda ela,

disse Dienes.

Um leigo ouvindo dois matemáticos discutindo um problema

complexo poderia supor estar ouvindo uma língua estrangeira, por ser totalmente

desconhecida aquela simbologia. Desenvolveu-se uma perigosa brecha entre

aqueles que “conhecem” e os próprios homens cujos benefícios o

desenvolvimento matemático está proporcionado.

Até hoje observamos que a maioria das pessoas acha as

manipulações matemáticas difíceis de aprender, porque na realidade não sabem

o que estão manipulando.

Page 29: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

29

Acreditamos que a razão disso seja porque os símbolos que

representa situações bem complexas são freqüentemente aprendidos, somente

na vida adulta.

Se uma criança é colocada num ambiente que só fala língua

estrangeira, ao ouvir os sons todo o tempo ela aprenderá rapidamente a língua

falada. Infelizmente o paralelo entre a aprendizagem da língua e a aprendizagem

da matemática se quebra em um ponto muito importante. Não crescemos dentro

do alcance da voz de ininteligíveis ruídos matemáticos, do mesmo modo da

língua. Mesmo que tivéssemos oportunidade de contato intenso com experiências

matemáticas através do uso de materiais estruturados, jogos matemáticos etc...

Ainda assim faltaria o vozerio matemático.

Foi observado que crianças que tinham bastante contato e

manipulação de imagens matemáticas ou materiais estruturados desenvolveram

seu próprio simbolismo.

Devemos sempre lembrar, contudo, que o processo de

aprendizagem é um processo psicológico, não é um processo lógico e uma

seqüência logicamente ordenada, não dará necessariamente, o melhor método

para aprender. Temos que observar todos os aspectos, passar das experiências

do estágio pré-simbólico ao estágio simbólico. Isto pode ser facilitado.

Diversos professores de matemática colocam os alunos em

situações cuidadosamente selecionadas, nas quais seu desejo passa ser

libertado, de forma que se domine o simbolismo matemático.

Na média das situações de aprendizagem matemática a linha entre

a realidade e a manipulação de “símbolos” é muito fina, senão definitivamente

crítica. Mesmo em situações baseadas em experiências matemáticas concretas,

esta linha pode partir. Se o professor ou o estudante tornar-se entusiastas das

propriedades formais das regras separadas das experiências matemáticas

podem perder o contato com a realidade. A realimentação constante em

situações concretas das quais as estruturas foram abstraídas preservará contra

Page 30: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

30

este perigo. Particularmente, se uma generalização formal foi feita dentro de

certo quadro matemático formal (como, por exemplo, a generalização de índices

inteiros para fracionários), as crianças poderiam imediatamente ser testadas

sobre sua habilidade para aplicar as novas estruturas gerais a situações

concretas. O aspecto mais importante dos símbolos para o matemático é sua

função criativa, capacitando-o a armazenar uma enorme quantidade de

informação de forma compacta. Os símbolos dão-lhe o tipo de material que a

tinta dá o pintor, ou a pedra ao escultor. Através de manipulações sensatas

podem formular questões importantes, assim como, resolver problemas que

outras pessoas não foram capazes de resolver. Pode transformar em problemas

equivalentes, ou passar a problemas coligados que podem parecer mais

interessantes. Em outras palavras, há uma arte no manejo de símbolos.

Passar das experiências do estágio pré-simbólico ao estágio

simbólico pode ser facilitado através do uso de séries graduadas de símbolos,

começando com uma reprodução, digamos pitoresca do que é simbolizado, e

terminando com o simbolismo convencional matemático em uso corrente. Isto

significa que começamos a usar os símbolos como uma outra, muito próxima, da

representação da experiência matemática. Por outro lado, é possível usar

representações como símbolos. Os marcadores verdes e vermelhos que

representam os números positivos e negativos são um exemplo dessa espécie

de representação simbólica.

Considerando o uso de símbolos, temos que lembrar que o

pensamento matemático contém como parte constituinte, entre outros processos,

aqueles de abstração e generalização.

Podemos dizer que a abstração é a faceta intensiva e a

generalização a extensiva do pensamento matemático. Freqüentemente o

mesmo simbolismo é usado para estas duas facetas. Um caso simples a

respeito é a noção de número quadrado. Quando escrevemos X2, significamos

algo que é abstrato e geral. Qualquer tipo de situação em que os objetos (reais

ou idealizadores), são agrupados em tantos grupos quanto for o número de

Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

31

objetos em cada grupo, é descrito pelo símbolo X2, onde o símbolo x representa o

número de tais grupos (ou de objeto por grupo).

Escrever X2 também implica em um grau de generalidade

estendida pelo menos a uma secção inicial dos números naturais, porém

certamente a todos os números naturais.

Esta generalidade poderia ser estendida por graus aos números

racionais e então aos números reais. Mas já no estágio de elevar os números

naturais ao quadrado, o mesmo símbolo X2 significa ambos, a abstração e

generalização, que devem ocorrer antes que o símbolo possa se tornar

operacional matematicamente.

5. 3 - A INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA

Podemos fazer um confronto com o mundo dos objetos. Pois é

confrontando objetos, ordenando-os, reordenando-o e verificando sua quantidade

que o aluno adquire seu conhecimento inicial e mais fundamental sobre o domínio

lógico-matemático. O primeiro ponto a ser observado é que a inteligência lógica

– matemática rapidamente torna-se remota do mundo dos objetos materiais. O

indivíduo torna-se capaz de apreciar as ações, as afirmações que se pode

desempenhar sobre objetos, as relações que prevalecem entre as ações que se

pode fazer sobre ações reais ou potenciais e os relacionamentos entre estas

afirmações. A trajetória do desenvolvimento prossegue, prossegue-se de objetos

para afirmativas, das ações para as relações entre as ações, do domínio do

sensório motor para o domínio da pura abstração enfim os ápices da lógica e da

ciência. As raízes das regiões mais elevadas do pensamento lógico, matemático

e científico podem ser encontradas nas ações simples dos alunos sobre objetos

físicos de seu mundo.

No que diz respeito à formação e ao desenvolvimento do

pensamento lógico-matemático, a pesquisa de Piaget importantíssima. Ele

inteligentemente discerniu as origens da inteligência lógico-matemática nas

Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

32

ações da criança sobre o mundo físico; a importância crucial da descoberta dos

números, a transição gradual da manipulação física dos objetos para

transformações interiorizadas das ações; os significados das relações entre as

próprias ações; e a natureza especial das regiões mais elevadas do

desenvolvimento, onde o indivíduo começa a trabalhar com afirmações

hipotéticas e a explorar os relacionamentos e implicações que prevalecem estas

afirmativas.

5.4– A MATEMÁTICA NO BRASIL

Por ocasião do descobrimento do Brasil a única informação de

atividades de natureza matemática foi a “Arismética” que era o catecismo e a

aritmética ensinado pelas ordens religiosas. Há informações que alguns Jesuítas

que vieram para o Brasil tinham uma boa formação matemática.

Dentre esses padres destacamos o excelente matemático, Valentin

Stancel S. J., formado em Ormuz e Praga. Stancel teve os resultados de suas

observações de cometas mencionados no Principia de Isaac Newton.

Mas, somente em 1744, temos o primeiro livro de matemática

escrito no Brasil, por José Fernando Pinto Alpoim.

Durante o período colonial o Brasil não tinha imprensa nem ensino

superior. Os que possuíam recursos estudavam na Universidade de Coimbra. Os

alunos das famílias de poucas posses encontravam nas ordens religiosas,

oportunidade de estudo.

Com a chegada da família real ao Brasil em 1808, a corte tratou de

criar uma Academia Real Militar, que passou a funcionar em 1811. Ali se criou

um curso de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais.

A academia Militar foi transformada em Escola Militar da Corte em

1839 e em 1842 foi instituído o grau de Doutor em Ciências Matemáticas.

Page 33: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

33

O primeiro doutorado foi concedido a um jovem maranhense,

Joaquim Gomes de Souza (1829 – 1863), o “Sousinha”.

Sua dissertação sobre estabilidade de sistemas de equações

diferenciais foi um grande avanço para suas pesquisas. Vale acrescentar que o

mesmo obteve um grau de medicina na Sorbonne.

Com a Proclamação da República em 1889, inicia-se uma fase

que, do ponto de vista da ciência e particularmente da matemática, pouca

inovação aconteceu no país.

Alguns estudos matemáticos podem ser destacados. Houve

algumas traduções com a geometria de Legendre, a Álgebra de Clairaut, e

alguns trabalhos de brasileiros, como a Álgebra de Almeida Lisboa e os cursos

de Cálculo e Geometria Analítica de Trompowiski.

Em 1945 André Weil em São Paulo e Antonio Monteiro no Rio de

Janeiro, foram os principais responsáveis pela criação de uma comunidade

brasileira de matemáticos brilhantes.

Nos demais estados brasileiros surgem alguns matemáticos que

viriam a ter uma atuação importante nas décadas de 20 e 30. Alguns foram

estudar no Rio e em São Paulo. Em Recife lembramos Luis de Barros Freire

(1896-1963), responsável pela criação de um importante Instituto de Pesquisas

Matemáticas e a contratação dos matemáticos portugueses Manuel Zaluar

Nunes, Alfredo Pereira Gomes e Ruy Luis Gomes. Para a Universidade Federal

de Minas Gerais, fundada em 1949 em Belo Horizonte, transferiu-se da Escola de

Minas de Ouro Preto o matemático Christóvam Colombo dos Santos (1890-

1980). Da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fundada em 1934, foram

estudar em São Paulo Antonio Rodrigues e Ary Nunes Tietbohl. Em 1948 foi

fundado em São José dos Campos o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, cuja

organização foi inspirada no Massachusetts Institute of Technology. Foram

contratados os matemáticos Francis D. Murnagham, responsável por uma

modernização dos cursos básicos com tratamento matricial. Também foi

Page 34: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

34

contratado o matemático chinês Kuo-Tsai Chen. Esses institutos mantinham

relativamente pouca relação entre eles. A situação mudou a partir da criação do

Conselho Nacional de Pesquisas/CNPq em 1951 e do Instituto de Matemática

Pura e Aplicada/IMPA, em 1952.

Com a criação do Conselho Nacional de Pesquisas em 1951 e, do

Instituto de Matemática Pura e Aplicada em 1952, a institucionalização da

pesquisa matemática no Brasil se consolidou. A realização bienal dos Colóquios

Brasileiros de Matemática, a partir de 1957, veio levar a pesquisa matemática a

todo o território nacional, com a formação de grupos promissores em

praticamente todos os estados do Brasil.

CAPÍTULO VI - A MATEMÁTICA É DIFÍCIL?

Os professores de matemática, em sua maioria, já devem ter

passado por essa experiência ao iniciar o ensino da matemática ao ouvir dos

alunos que o assunto que será ensinado é de difícil compreensão. O professor

certamente já conhecedor dessa faceta em relação à disciplina procura soluções

didáticas de forma a neutralizar ou pelo menos amenizar, a idéia desse mito

relativo à matemática.

6.1 – O MITO

Segundo o dicionário Michaelis, mito é utopia, ou coisa

incompreensível. Mito, também é uma forma de discurso, uma maneira de a

sociedade espelhar suas inquietações, seus paradoxos, e uma forma de buscar

uma reflexão, sendo um fenômeno de difícil compreensão. Podemos afirmar que

a palavra pode estar inserida num bloco de várias idéias.

Everaldo Rocha, diz que: “O mito teria uma forma alegórica que

deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico”.

O mito traz na sua essência uma mensagem cifrada...Parece que

há algo escondido.Às vezes o mito pode ser considerada uma coisa fora do

Page 35: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

35

comum, algo sem realidade.Pode ser diferente daquilo que chamamos verdade.

”A hipótese Jungueniana dos” conteúdos “que guardamos dos mitos é um tanto

problemático, se que, para muitos, é também altamente sedutora”.(Rocha, pág 13)

Podemos verificar que o mito às vezes esconde uma grande

verdade, ou grande engano, pois, às vezes o aluno apresenta alguma dificuldade

na compreensão do assunto, mas após explicação essa se dilui, portanto a

dificuldade apresentada pelo aluno como verdade tornara-se um engano.

Em relação à matemática, uma afirmação do escritor Português

Bento de Jesus Caraça, pode ser considerada um indício do mito a respeito da

dificuldade nessa disciplina, quando diz que a matemática é geralmente uma

ciência à parte da realidade, vivendo na penumbra de um gabinete fechado, onde

não entra nem o sol. Essa idéia reforça o mito de ser uma coisa inatingível para

boa parte dos mortais.

Segundo o professor Augusto César Morgado, da Puc-Rj. A

característica do matemático deve ser gostar de pensar “Ao contrário do que os

leigos pensam, não é necessário nenhuma habilidade para fazer cálculos e lidar

com números, e sim, raciocínio lógico e linguagem precisa”. “(Jornal – A Folha

Dirigida, RJ – 27/03/2002 – pág. 10)”

Algumas pessoas começam a fazer cursos de matemática, porque

possuem habilidades de fazer contas e acreditam Ter facilidades em

matemática. No desenvolvimento do curso, porém se desencantam ao conhecer

o que é verdadeiramente Matemática, já que no curso de primeiro e segundo

graus a matéria não é tratada como deveria.

Até nos meios de comunicação é chamado de matemático,

pessoas que fazem cálculos numéricos com facilidade. A maioria das pessoas

tem dificuldade em matemática chegando a ter medo.

Page 36: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

36

Aos professores cabe a função de mostrar ao aluno que a

matemática está em tudo, trabalhar os conteúdos de maneira que o aluno

perceba isso.

“Para entender a matemática e suas aplicações no

mundo em que vivemos é necessário um longo processo de estudo e

constante dedicação”. (Castruci, pág.4).

À medida que verificamos que a aplicação da matemática está no

nosso cotidiano desde um simples troco ao uso de sofisticados equipamentos de

informática, verificamos que nós vivenciamos a matemática.

Elon Lages Lima (Pesquisador Titular do IMPA e membro da

Academia Brasileira de Ciências), afirma que crianças até a oitava série

aprendem matemática da mesma maneira que as outras matérias, não exigindo

nada de especial. A diferença que existe entre o estudo da matemática e as

outras disciplinas, além da inteligência normal que todas devem Ter é que a

matemática requer mais, não de capacidade intelectual, mas de hábito de

trabalho, de organização, de autodisciplina, cuidado e atenção. Se no

desenvolvimento de um problema alguém comete um erro, isso vai afetar o que

vem depois.“(Jornal – A Folha Dirigida, RJ – 16/04/2002 – pág. 18)”

6.2 - A REALIDADE

A matemática pode ser até considerada como uma arte. Ao se

fazer a análise de um problema matemático percebemos o valor “estético

intrínseco” que ela possui.

Ao solucionarmos o problema percebemos se encaixando, nos

surpreendendo. Várias razões concorrem para a falta de encantamento.

A demonstração matemática nos mostra se o resultado está certo

ou errado.

Page 37: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

37

Exatamente por causa da prova matemática, um resultado,

matemático é eterno. Será válido hoje e daqui a milhares de anos, citaremos

como exemplo, o resultado do somatório dos custos de uma empresa naquele

determinado ano, se perpetuará.

Pensamos que a matemática é uma ciência já totalmente

desenvolvida, mas a realidade é que a pesquisa matemática no Brasil, ainda,

está se desenvolvendo e, de forma extraordinária, segundo a “Internacional

Mathematical Union” que classifica os países por “ranking” de desenvolvimento

de pesquisa em matemática, o Brasil foi colocado no nível de países de primeiro

mundo como a Holanda, Suécia e Bélgica.

Recentemente, segundo reportagem da jornalista Elaina Daher do

jornal do MEC (Ministério da Educação e Cultura), a aluna do segundo ano do

ensino médio de uma escola de Fortaleza (CE), Larissa Cavalcanti Queiroz de

Lima trouxe para o Brasil uma medalha de prata, conquistada 42º Olimpíada

Internacional de Matemática realizada na cidade de Glasgow (Reino Unido),

conquistou a primeira medalha de prata dessa competição.

Cinco outros jovens brasileiros participaram dessa Olimpíada.Além

de Larissa, a primeira mulher a trazer esta medalha os outros demais

participantes conquistaram medalha de bronze.

Outro fato interessante é que existe um prêmio em matemática,

semelhante ao Prêmio Nobel que é medalha Fields que outorgada pela

“International Mathematical Union”, a cada quatro anos a quatro matemáticos

distinguidos e que tenham menos de 40 anos de idade.

6.3 - O QUE PENSAM OS ALUNOS

Trataremos nos tópicos subseqüentes, o resultado do trabalho de

campo e dos elementos obtidos em enquete efetuada com alunos da rede

particular e oficial do RJ.

Page 38: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

38

6.3.1 - METODOLOGIA DA ENQUETE

Para verificar o que pensam, os alunos a respeito da disciplina

matemática, foram ouvidos o universo de 10 alunos de colégios da rede pública e

privada a seguir identificados, onde foi utilizado um questionário com a pergunta

“Matemática é Difícil?” - Sim ou Não – Por que.

- ADN - MÉIER;

- GPI - TIJUCA;

- PENTÁGONO – VILA VALQUEIRE;

- ESCOLA TÉCNICA REZENDE RAMMEL – LINS DE VASCONCELOS;

- COLÉGIO ESTADUAL VISCONDE DE CAIRÚ - MÉIER.

6.3.2 - A RIQUEZA DAS FALAS DOS ALUNOS

Aluno A – (2º série do ensino médio – Colégio ADN).

“Você só tem que ter um pouco mais de raciocínio, pois tem muitos

cálculos, entretanto, tem outras matérias que são mais difíceis que a matemática e

acredito que todo mundo usa matemática todos os dias”.

Aluno B – (2º série do ensino médio – Escola Técnica Rezende Rammel).

- “A matemática não é difícil, mas complicada. Quando você

compreende acaba se interessando em aprendê-la”.

Aluno C - (3º série do ensino médio – Colégio GPI).

- “Se sente atraída pela matemática, sente prazer em estuda-la,

principalmente geometria”.

Aluno D - (2º série do ensino médio – Colégio Estadual Visconde de Cairú).

- “Acho complicado tenho muita dificuldade para aprender as fórmulas e

acredito que o professor tem culpa nisso”.

Aluno E - (2º série do ensino médio – Colégio ADN).

- “Não gosto porque acho complicado, também culpa os professores”.

Page 39: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

39

Aluno F - (2º série do ensino médio – Colégio Estadual Visconde de Cairú).

– “Não gosto e ponto final”.

Aluno G - (2º série do ensino médio – Colégio Estadual Visconde de Cairú).

- “ A matemática é interligada com outras matérias e acredito que a

minha dificuldade tem origem da aprendizagem deficiente no ensino fundamental e falta

de organização da escola.”.

Aluno H - (2º série do ensino médio – Colégio Estadual Visconde de Cairú).

- “É todo um processo. A matemática enfim se torna difícil antes de

resolver os problemas, já que ela é um” fantasma “. Acho a matéria muito difícil e os

professores deveriam procurar a raiz do problema, porque se todos tem uma certa

dificuldade o problema é com os alunos ou com a matéria”.

Aluno I - (2º série do ensino médio – Colégio Estadual Visconde de Cairú).

- “Acho matemática difícil pela quantidade de fórmulas existentes. A

matemática” puxa muito pelo raciocínio “. É complicado, as vezes gasto uma folha

inteira do caderno só para uma simples resposta ao final. Não consigo entender

porque certas operações matemáticas vão me servir no dia-a-dia”.

Aluno J - (3º série do ensino médio – Colégio Pentágono).

- “Porque são muitas fórmulas para decorar além de existirem centenas

de maneiras de resolver uma única questão. Além disso, acho aprender certas coisas

enquanto não decidimos a profissão ou a área que queremos ou cursaremos. Por

exemplo, para quem pretende cursar uma faculdade na área de humanas, não vejo

importância alguma em se aprender equações da reta, ou uma parte mais profunda de

geometria”.

Em decorrência dos dados da pesquisa acima, foi gerada a síntese

representada no gráfico a seguir, Onde 70% dos alunos entrevistados

consideraram a matemática difícil e outros 30% acharam até agradável essa

disciplina.

Page 40: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

40

GRAFICO RESULTANTE DA ENQUETE REALIZADA ENTRE OS ALUNOS

MATEMÁTICA É DIFÍCIL?

SIM

NÃO

Diante deste resultado, que apontou que 70% dos alunos

apresentam dificuldade na aprendizagem de matemática, entre os quais, há

alunos que não conseguem vislumbrar a necessidade da aprendizagem de temas

da área, sinalizando haver a necessidade de se promover a interdisciplinaridade

no sistema de educação, promovendo a discussão e estudos desta matéria,

praticando um ensino interdisciplinar, a partir de temas práticos correlacionados

a temas atuais e do mundo em que vive o aluno, para que lhes sejam dados o

suporte necessário para que percebam que a matemática faz parte do seu dia-

a-dia.

CONCLUSÃO

Chegamos ao fim de nossa jornada através do mundo mágico da

matemática com suas maravilhas desde o aparecimento da ciência matemática,

suas descobertas, seu desenvolvimento, o seu ensino e suas dificuldades.

Tentamos verificar a origem do Mito relacionado às dificuldades de sua

aprendizagem e chegamos a realidade que está explicitada através das opiniões

30% NÃO

70% SIM

Page 41: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

41

dos pesquisadores, professores e ouvindo também a ponta do problema, qual

seja, a importante opinião dos alunos.

No ensino da matemática deverá ser dada uma atenção especial

ao currículo ou método e o entendimento de como se forma o pensamento

matemático. O professor de matemática diante de um insucesso dos alunos

deverá examinar a forma de ensinar, avaliar se o tipo de estratégia é adequada a

todos os alunos, se os recursos didáticos disponíveis são atraentes, evitando o

excesso de aulas de caráter expositivo, procurando atividades que estimulem o

raciocínio lógico, exercícios que envolvam temas que fazem parte do dia-a-dia

dos alunos.

O entendimento da matemática exige do aluno, dedicação e

vontade de aprender.

Com este trabalho tivemos a pretensão de mostrar a importância

da matemática no nosso cotidiano, inclusive que ela está na natureza, na musica,

na engenharia e, que a rápida evolução da vida e o imenso avanço tecnológico

abraçado a ciência e o aparecimento de novas teorias. Ao termos ela como

base, conquistaremos, por certo, uma grande vitória sobre o tempo e o espaço

em benefício da humanidade.

VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

7.1 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

MACHADO, ANTONIO DOS SANTOS. Matemática na escola de 2º grau. Atual

1996.

Page 42: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

42

RIBEIRO, MARIA LUISA SANTOS, História da Educação Brasileira; Coleção

educação universitária, Cortez & Moraes LTDA, São Paulo, 1978.

PINTO, HERBERT F. Trigonometria, Científica, 1974, 2º volume A.

HOGBEN, LANCELOT, Maravilhas da matemática, Globo, 1950.

BOYER, CARL.B, História da Matemática, editora Edgard Blucher LTDA,

Universidade de São Paulo l974.

IEZZI, GELSON, Fundamentos de Matemática Elementar, Atual Editora.

ANTUNES, CELSO, Pág.41 – Ed. Vozes.

LOPES, MARIA LAURA LEITE, Geometria na era da imagem e do movimento,

UFRJ, 1986.

INTERNET, w.w.w. ufrjs.gov.br – Grupo de pesquisa em Matemática.

INTERNET, www.professorailton.hpg.ig.com.br.

D`AMBROSIO, UBIRATAN, História da Matemática no Brasil, Saber Y Tiempo,

vol 2, nº 8, Julio-deciembre , 1999, pp 7-37.

MASON, S. F História da Ciência, Título original Main Currents of Scientific.

Thought, Globo S.A 1964.

7.2 - BIBLIOGRAFIA CITADA

GIOVANNI, JOSÉ RUY, CASTRUCCI, BENEDITO, GIOVANNI JR, JOSÉ RUY, A

conquista da matemática, Renovada, São Paulo, FTD, 1992.

BERGAMINI, DAVID, e os editores de LIFE, As Matemáticas, Biblioteca científica

LIFE, José Olympio Editora-RJ, 1965.

Page 43: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

43

ROCHA, EVERARDO.P. GUIMARÃES, O que é mito, Brasiliense 70 edição

1994.

SIQUEIRA, MARIA CRISTINA, Matemática, uma questão de hábito, Folha

Dirigida, Rio de Janeiro, p18, 16 a 22 de abril, 2002.

GOMES, BIANCA DE ARAUJO, RIZZO, CAMILA, Roteiro das Profissões,

Matemáticas: raciocínio lógico, Caderno do Vestibular, Folha Dirigida, p 10, ano

XVI - n º 1, 2002, 27 de março a 2 de abril, 2002.

DAHER, ELAINA, conhecimento, Jornal do MEC, n 0 21, ano XV, Brasília-DF,

setembro 2002.

DIENES, ZOLTAN PAUL, O poder da matemática: Um estudo da transição da

fase construtiva para a analítica do pensamento matemático das crianças,

Editora Pedagógica e Universitária Ltda., São Paulo.

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

Page 44: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

44

Título da Monografia

MATEMÁTICA É DIFÍCIL? MITO OU REALIDADE.

Apresentada como condição prévia para conclusão do Curso de

Pós-graduação “Lato-sensu” em Docência do Ensino Superior.

Data da Entrega____________________________________________

Avaliado Por:______________________________Grau:_________________

Rio de Janeiro ________de _______________________de 2003

Coordenador do Curso

Page 45: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LOPES DOS SANTOS.pdf · CAPÍTULO III - O CÁLCULO ... tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina,

[email protected]

45

ANEXOS