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7Wi
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
GESTÃO ESCOLAR NO AUTISMO
Marisa de Almeida Pinto dos Santos
ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro 2015
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EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Administração e Supervisão Escolar. Por: Marisa de Almeida Pinto dos Santos.
Rio de Janeiro 2015
GESTÃO ESCOLAR NO AUTISMO
3
AGRADECIMENTOS
A elaboração deste trabalho não seria possível sem a colaboração de meus amigos e marido.
4
RESUMO
O presente estudo visa analisar as questões básicas sobre o
Autismo. Inicialmente traz uma leitura sobre o que é e as suas possíveis
causas, aborda-se alguns teóricos. O comportamento familiar frente as
dificuldades dos filhos, como se deve proceder os educandos utilizando o seu
dia a dia com os portadores do Autismo.
5
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a construção desse trabalho foi a
pesquisa bibliográfica enfocando diversas abordagens para lidar com esse
comportamento.
Estudos epistemológicos realizados em diversos países aprovam
que existe autismo em culturas diferentes e em estilos de vida diferentes
gerando conflitos psicológicos.
Seguindo diversas associações como ABNEP – Associação
Brasileira de Neuropsicologia e Psiquiatria (www.abnep.org.br) e revistas
especializadas científicas enfocam a metodologia a ser empregada na escola
com portadores do Autismo.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O que é Autismo? 10
CAPÍTULO II
Percurso Evolutivo do Autismo 12
CAPÍTULO III
Neurobiologia: Do Fenótipo ao Endofenótipo 15
CAPÍTULO IV
Instrumentos para a Avaliação e o Diagnóstico 18
CAPÍTULO V
Gestão Escolar no Fracasso Escolar com os Sujeitos da Aprendizagem 20
CAPÍTULO VI
Neurociência e Educação 30
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 33
ÍNDICE 34
7
INTRODUÇÃO
Na década de 1570, quando as crianças que fracassavam na escola
eram encaminhadas para os serviços de saúde, As causas orgânicas para as
dificuldades de aprendizagem, sua incidência é mínima, se comparada ao risco
escolar geral.
Os distúrbios de aprendizagem isentam de responsabilidades
aqueles que se ocupam do ensino. Os esforços e o foco de intervenção
enfatizam a discriminação que é patologia e o que é dificuldade de
aprendizagem.
Aprender é próprio do ser humano. Dificuldade para aprender é
devido aos fatores envolvidos porque aprender é “um empreendimento difícil”.
Segundo Elina Dabas (1588), a “aprendizagem é o processo pelo
qual um sujeito, em sua interação com o outro incorpora a informação
aprendida por este segundo suas necessidades e interesses”.
Aprender qual a modificação, flexibilidade e adaptação. No sistema
educacional, a transmissão de conhecimento garante a perpetuação do grupo.
O conhecimento não é facilmente assimilável, demanda um sujeito
ativo que saiba transmiti-lo. Reenviar o conhecimento e apropriar-se de certas
estruturas que se encontram no sujeito, capazes de captar o sinal e ampliá-lo
para que se transforme novamente em conhecimento.
O aprender está ligado as relações humanas e não se aprende com
aquela pessoa, mas com quem se tenha alguma identificação.
Escolarização é uma etapa difícil para a maioria das pessoas.
Algumas famílias quando o filho é “aluno médio” incomoda muito, pois o
esperado é ser muito bem sucedido, muitas vezes, o próprio aluno fica
imobilizado diante de sua expectativa. Tem alguns setores do ensino particular
não há espaço para ser aluno médio. O aluno médio sente incapacitado. Nas
8
camadas populares, o insumo escolar é muito com extrema naturalidade,
compreender e aceitar as diferenças não significa aceitar passivamente os
limites, mas identificá-los para construir métodos adequados.
A NEUROPSICOLOGIA pode ser caracterizada com um campo que
estuda as alterações cognitivas, emocionais e comportamentais decorrentes de
lesões e distúrbios cerebrais, assim sendo os transtornos do desenvolvimento,
o autismo integra bases biologica e uma gama de comportamentos
característicos que podem ser identificados e modificados mediante
intervenção neuropsicológica.
De acordo com proposta diagnóstica pela Associação Psiquiátrica
Americana (APA), na 5ª edição do Manual Diagnostico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-V), publicado recentemente, o autismo, a Sindrome
de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e do Transtorno Global do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação (PDD-NOS) foram agrupados em
uma categoria mais ampla, denominada Transtorno do Espectro Autista (TEA),
incluindo critérios diagnosticos que implicam em prejuízos na sociabilidade ou
na comunicação e interesses restritos. A nova terminologia provocou
controvérsia entre especialistas, ES-pecialmente à perda do termo Síndrome
de Asperger (Manning Courtney ET AL, 2013).
As diversas pesquisas sobre os aspectos genéticos e alterações do
funcionamento cerebral no autismo e a heterogeneidade entre os indivíduos
diagnosticados tanto em relação aos aspectos biológicos quanto aos
comportamentais. Modelos te´ricos foram elaborados que podem explicar a
grande variedade de dificuldades observadas no contato social e na
comunicação (Frith & Happé, 2005).
A teoria das disfunção executiva(Hill,2004, HILL2006; Frith & Happé,
2005) procura esclarecer os déficts socais e da comunicação, além das
habilidades mais desenvolvidas nos indivíduos com autismo os
comportamentos repetitivos e interesses restritos.
9
A maior comorbidade (Aparecimento de dois ou mais condições
simultâneas) associada ao TEA corresponde à deficiência intelectual que
atinge cerca de 50 a 70% dos indivíduos acometidos. Os casos mais severos
caracterizam-se por grandes alterações sensórios-motores e dificuldades
extremas de aprendizagem em comunicação que resultam em pouca ou
nenhuma autonomia para as atividades de vida diária.
O atraso na linguagem pode ser um produto de deficiência
intelectual, a linguagem e a comunicação são muito prejudicados e se
apresenta de modo rudimentar, quanto pode ser um fator secundário a um
problema mais amplo na comunicação, dependendo do reconhecimento de
gestos comunicativos, do olhar nos olhos dos outros e da chamada atenção
compartilhada (termo em inglês) joint attention, que envolve a capacidade de
compartilhar o foco da atenção de um objeto ou evento com outra pessoa (por
exemplo: olhar para as mãe enquanto aponta para um brinquedo para
compartilhar um momento de satisfação. A atenção compartilhada se
desenvolve rapidamente dos seis aos 12 meses e se apresenta prejudicada no
TEA, de modo a corresponder a um indicador precoce do Transtorno (Happé &
Frith, 1996; Hill, 2004).
Inversão de pronomes com eu e você e o uso da terceira pessoa
(ex: a criança diz – O Joãozinho quer- em vez de – Eu quero) podem ser
explicados em termos de ecolalia (repetição de sons, palavras no
monitoramento automáticos dos papéis de ouvinte e falante na conversação
(Happé & Frith, 1996). Nos casos como Síndrome de Asperger em que a
emissão das primeiras palavras e a elaboração de frases comunicativas
ocorrem na faixa etária esperada, verifica-se alterações de linguagem
características do TEA. A criança de alto funcionamento pode adquirir um
vocabulário vasto e erudito, mas o seu uso é limitado. Falhas na pragmática
(compreensão e uso da linguagem conforme a situação) parecem universais no
autismo resultando em dificuldade de compreensão do sentido figurado.
Linguagem muito própria e particular, também é comum, como no exemplo em
que a criança pede – Um retângulo rosa – ao se referir a uma fatia de presunto.
10
Uma teoria que explica características no TEA. Mesmo em
indivíduos com inteligência média ou acima, uma tendência a interpretar as
situação de modo literal e falha em perceber quando os outros estão zombando
ou tentando tirar proveito. Um dos pontos centrais do autismo é a inabilidade
do indivíduo imaginar o pensamento dos outros , que ficou conhecida como
teoria da mente (Frith & Happé, 2005). A teoria da mente refere-se a habilidade
de identificar estados mentais de outras pessoas, tais como pensamentos e
intenções, fundamental para a empatia. A teoria da mente desenvolve-se
rapidamente em crianças pequenas com desenvolvimento típico (Hill, 2006).
A falha do autista em inferir o estado mental das outras pessoas
pode relacionar-se á dificuldade no reconhecimento de emoções a partir da
expressão facial e do tom de voz, além de problemas para reconhecer e
lembrar-se de faces. Uma hipótese que se propõe a explicar tais dificuldades
aponta a falta de atenção para características sociais dos estímulos, tais como
as faces, o que se pode observar precocemente. Os bebes com
desenvolvimento típico tem preferência na exploração de faces humanas,
especialmente a região dos olhos, e aprendem a reconhecê-las, aqueles com
sinais de autismo tendem a observar outras partes do ambiente ou regiões da
face que trazem poucas informações sociais (Frith & Happé, 2005).
A baixa coerência central compreendida como um estilo cognitivo,
focalizado no processamento de partes e detalhes, explica as habilidades muito
desenvolvidas em uma parte da população com TEA, que apresenta algum tipo
de capacidade acima da média como, por exemplo, tarefas de quebra-cabeças,
memória para fatos e rotas ou detecção de pequenas mudanças. No extremo
destas habilidades isoladas verificamos as notáveis ilhotas de capacidade em
indivíduos ditos “savantes”, com aptidão fora do comum para música, cálculo
ou artes etc., em meio prejuízos significativos da cognição (Frith & Happé,
2005).
No diagnóstico em autismo, além da sociabilidade, comunicação a
rigidez de comportamento exacerbado, apego a rotinas e rituais, interesses
restritos e ou específicos e maneirismos motores, que remetem a teoria da
11
disfunção executiva (Frith & Happé, 2005). As funções executivas
correspondem a uma classe de funções cognitivas, tais como as capacidades
de planejar ações, manter informações na memória de curto prazo e as operar,
controlar impulsos, inibir respostas automáticas, flexibilizar o comportamento
para se adaptar as demandas do ambiente, alternar o foco da atenção, assim
como iniciar e monitorar ações. Estas funções são tipicamente alteradas em
pacientes com lesões nos lobos cerebrais frontais e em diversos distúrbios, tais
como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC), esquizofrenia e TEA, entre outros (Hill, 2004).
Nos pacientes com TEA, os problemas de planejamento e
organização de suas vidas limitam a adaptação e a independência mesmo
dentre daqueles com inteligência acima da media (Frith & Happé, 2005).
Planejamento requer uma sequencia de ações que deve ser monitorada,
reavaliada e atualizada, verifica-se que os indivíduos autistas tem dificuldades
de planejamento, segundo pesquisadores Teste da Torre de Londres e o
computarizado Stockings of Cambridge, tais dificuldades são intensificadas a
problemas de aprendizagem (Hill, 2004).
A função executiva mas prejudicada no TEA é a flexibilidade mental
(Hill, 2004), que consiste na capacidade de mudar o foco da atenção e se
adaptara situação novas(Happé & Frith, 1996), precisamos de flexibilidade
mental para elaborar estratégias diferentes para resolver determinado
problema que se mostra insolúvel diante de tentativas anteriores.
A inflexibilidade é observada por comportamentos preservativos. No
TEA atos motores repetitivos, apego a rotinas e rituais e interesses restritos,
incluindo fascinação por parte de brinquedos e objetos, e o acúmulo de
informações sobre determinadas áreas do conhecimento, tias como planetas
ou dinossauros. O comportamento inflexível pode ser detectado pelo Teste
WISCONSI de Classificação de Cartas, por meio0 de baixo número de
categorias completas e erros perseverativos excessivos. O bom desempenho
observa-se em pacientes de alto funcionamento refletindo sobre o tipo de tarefa
proposta do que pelo teste uma flexibilidade adequada uma vez que a rigidez
12
de comportamento é facilmente verificada no cotidiano desses indivíduos (Hill,
2004).
A Lei 12.764/2012, que institui a política nacional de proteção dos
direitos da pessoa com autismo. Convenção sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência (2007). O decreto 6.949/2009 para pessoa com autismo gozar dos
direitos conquistados pelos portadores de transtornos mentais (Lei
10.216/2002); a portaria 793/2012 instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência no âmbito do SUS
A construção deste documento foi realizada por um Grupo de
Trabalho, composto por representantes de universidades da sociedade civil,
gestores e profissionais do SUS, coordenados pela Área Técnica de Saúde
Mental Álcool e outras Drogas (ATSM) do Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas (DAPES) da Secretaria de Atenção à Saúde
(SAS) do Ministério da Saúde.Esse documento estanca qualquer tipo de
descriminação ou prejuízo social que as pessoas com autismo possam vir a
sofrer, e a noção de “desabilidades”. A terminologia “mental disability” e
“psychosocial disability” vem sendo utilizada para se referir a pessoas que
tenham recebido um diagnóstico em saúde mental com comprometimento de
longo prazo, e que vivenciam fatores sociais negativos, incluindo o estigma, a
discriminação e exclusão” (MS2013, op cit. DREW ET AL, 2011).
13
CAPÍTULO I
O QUE É AUTISMO?
É um distúrbio do desenvolvimento de origem orgânica (lesão
encefálica) cuja causa é do componente genético, ainda não se conhece com
detalhes.
Caracterizada pela tríade “DMS-IV, CID-10”, alterações na interação
social, na linguagem e no comportamento.
As características mais comuns podem criar de intensidade e cuja
presença não é obrigatória:
• Não estabelecer contato com os olhos;
• Parece que não escuta;
• Pode desenvolver a linguagem, porém repentinamente pode
interromper;
• Age coo se não tomasse conhecimento de que aconteceu
com os outros;
• Agride as pessoas sem motivos;
• É inacessível perante as tentativas de comunicação;
• Restringe-se e fixa-se em poucas coisas ao invés de explorar
os ambientes;
1.1. Características do Autismo
• Apresenta certos gestos imotivados como balançar as mãos
ou balançar-se;
• Cheira ou lambe os brinquedos ou os objetos;
14
• Mostra-se insensível ao ferimento podendo ferir-se
intencionalmente.
Existem crianças autistas que apresentam inteligência normal e fala
adequadamente, mostrando-se apenas desligados, distantes, não gostando de
participar de jogos, brincadeiras.
A lesão neurológica pode não restringir a área do comportamento ou
outras áreas cerebrais podem estar lesados, levando a quadros neurológicos
dos mais variados: deficiência mortal, transtorno de atenção com
hiperatividade, crises epilépticas, déficits motores, falta de coordenação,
diagnoses, apraxias.
1.2. Autismo
Indivíduos com autismo apresentam comprometimento global da
linguagem, envolvendo recepção e produção fonológica (sons da fala), sintaxe
(gramática), poema e produção do discurso e prejuízo na percepção da ênfase
da prosódia, bem como sua produção.
De forma resumida, as alterações mais comumente citadas como
dificuldades para incluir crianças com TEA na sala de aula são:
CONDUTA EXEMPLOS
Necessidade de monotonia e dificuldade com a transição das atividades.
• Fazer tudo de um mesmo jeito. Ficar ansioso, fazer birra ou chorar frente a mudanças imprevistas.
• Dar preferência excessiva por objetos e pessoas e sentir ansiedade exagerada quando não os têm por perto.
• Não querer utilizar objetos novos, interagir com pessoas novas ou entrar em ambientes diferentes.
• Ficar ansioso ante mudanças de rotinas, novos caminhos para it de um lugar a outro, se sentar em outras cadeiras etc.
Dificuldade para manter a atenção.
• Tentar pegar tudo o que veem. • Passar rapidamente de uma atividade a
outra. Apresentar fadiga e tentar fugir das atividades estruturadas.
• Tudo chama a sua atenção.
Hipersensibilidade aos estímulos. • Reagir exageradamente a estímulos
táteis, sonoros ou luminosos. Ficar ansioso ante muita estimulação (muitas
15
luzes, muitas pessoas falando, muitos objetos a serem utilizados).
• Não gostar de ser tocado, empurrado. Não gostar de ter muitas pessoas por perto. Não aceitar movimentos repentinos das pessoas.
• Ficar ansioso ou assustado com barulhos ou sons repentinos. Não gostar de certos odores ou ficar cheirando objetos. Ficar absorto olhando objetos, luzes ou tocando objetos.
• Ficar apavorado quando se desliga a luz.
Escasso controle de impulso e frustração.
• Não conseguir esperar. Não conseguir aceitar a sua vez o que outras pessoas utilizem os objetos que procura.
• Não conseguir modular a raiva e a ansiedade.
• Passar por cima de tudo para obter o que deseja.
Baixo tono muscular.
• Precisar de estímulos fortes para sentir o corpo.
• Precisar fazer muito esforço para desenvolver ações físicas coordenadas (pular circuitos, escrever etc.).
• Se cansar rapidamente em atividades estruturadas.
Dificuldades para compreender a linguagem.
• Não compreender explicações muito compridas.
• Não compreender a linguagem metafórica. Não conseguir ler as entrelinhas.
• Ter dificuldades em compreender a sintaxe.
Dificuldades para compreender gestos e as intenções das pessoas.
• Apresentar pouco uso e compreensão de gestos.
• Apresentar pouca compreensão das emoções das pessoas.
• Apresentar pouca compreensão dos efeitos emocionais da própria conduta.
A partir da síntese proposta, é possível sugerir um set de atividades
para que alunos, familiares e professores experimentem, de alguma forma, as
dificuldades mencionadas e ter uma visão mais empática dos problemas que
as crianças com autismo vivem cada dia.
As atividades a serem descritas foram utilizadas em palestras,
capacitação de professores e alunos de escolas que incluem crianças com
autismo e também em famílias que assistem as terapias do nosso centro
Dynamis, em Blumenau.
16
CAPÍTULO II
PERCURSO EVOLUTIVO DO AUTISMO
O início dos transtornos do espectro autístico ocorre antes dos 3
anos de idade e persistem ao longo da vida. Acontece o indivíduo
independentemente de sua etnia, classe social ou condição cultural, em uma
proporção de 4X1, entre meninos e meninas.
As apresentações clínicas durante os dois primeiros anos de vida às
vezes, parecem sutis, por ocasião do desgaste do desenvolvimento da criança
no período do diagnóstico muitos pais relatam evidências de falta de interesse
precoce pela interação social em seus bebês.
Os desvios no uso dos precursores da linguagem verbal, tais como o
contato visual, o direcionamento do olhar e a atenção compartilhada também
são notados precocemente. Em algumas situações a falta de responsabilidade
aos estímulos ambientais pode levar a suspeita de perda auditiva sendo
necessária a realização do diagnóstico diferencial.
2.1. Interesses
Há quadros restritos, repetitivos e estereotipados de
comportamentos, interesses e atividades. Pode existir uma preocupação
insistente com um padrão estereotipado de interesses anormais em foco e
intensidade como, por exemplo, interesse exercido por um determinado
assunto (números, animais, trajeto de ônibus ou metrô entre outros) ou
atividade (empilhamento, enfileiramento de objetos).
Notam-se adesão inflexível à rotina e/ou rituais não funcionais, além
de maneirismos motores estereotipados e repetitivos.
É importante salientar que essas perturbações devem ser
manifestadas antes dos 3 anos de idade e que variam qualitativamente entre
17
os transtornos do espectro autístico em maior ou menor grau de gravidade, de
acordo com as idades cronológica e metal.
2.2. Percurso Evolutivo
O atraso ou a ausência de comunicação verbal também são fortes
evidências de um desenvolvimento atípico.
Em alguns casos há relatos de desenvolvimento segundo os
parâmetros de normalidade durante os dois primeiros anos de vida, com
posterior manifestação, dos atípicos comportamentos após esse período.
As habilidades de comunicação verbal e não verbal e o nível
intelectual são as medidas fundamentais relacionadas com o prognóstico, pois
afetam diretamente a capacidade adaptativa social e acadêmica dos indivíduos
acometidos nessas condições. Sabe-se que a presença de comunicação verbal
garantirá maior autonomia e independência na vida adulta.
Embora crianças com Síndrome de Asperger ou transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação sejam por definição verbal acerca de
70% a 80% das crianças com autismo infantil encontrar-se ao impossibilitadas
de se comunicarem verbalmente.
2.3. Comunicação
O comprometimento na comunicação afeta habilidades verbais
quanto não verbais. Há falhas evidentes em iniciar e sustentar o contato visual,
no direcionamento do olhar, e em compartilhar a atenção para um objeto, uma
ação ou uma situação. A expansão gestual corporal e de mímica facial mostra
prejudicada.
Pode haver atraso ou ausência de comunicação verbal. Em
indivíduos verbais observamos acentuado prejuízo em iniciar e manter o
diálogo. Notamos presença de fala ecolálica, inversão pronominal e assunto
perseverativo. Observa-se prosódia marcada e inflexibilidade em modelar o
18
padrão e a intensidade vocais de acordo com o contexto em que se dá a
comunicação.
A compreensão verbal é deficitária quanto ao conteúdo semântico e
pragmático do contexto linguístico. Esses indivíduos demonstram acentuada
dificuldade para compreender informações não literais, por exemplo, piadas e
metáforas, ou em interpretar referências.
As brincadeiras simbólicas estão ausentes ou apresentam
acentuado desvio. Embora seja possível identificar padrão imitativo a
exploração lúdica e tende a ser processo imaginativa e extremamente inflexível
e repetitiva.
2.4. Interação Social
A falta de iniciativa espontânea em compartilhar interesses, prazer
ou realizações.
A falta de empatia é marcada pela ausência ou limitação de
expressão ou de sentimentos, interações, desejos e necessidades do
interlocutor.
O prejuízo na reciprocidade social e emocional afeta
demasiadamente a iniciação e sustentação de relacionamentos com as partes
apropriadas ao nível do desenvolvimento do indivíduo.
19
CAPÍTULO III
NEUROBIOLOGIA: DO FENÓTIPO AO ENDOFENÓTIPO
A tendência atual em termos da neurobiologia dos tratamentos do
espectro autístico considera que os indivíduos cometidos por essas condições
apresentam alterações no modo de funcionamento do cérebro social. O
cérebro social é definido pelo conjunto de regiões cerebrais que são ativados
durante o desempenho de atividades sociais.
3.1. Disfunção do Lobo Frontal
A disfunção do lobo frontal causa:
• Alterações funcionais (organização das redes de neurônios
dos lobos frontais);
• Disfunção dos lobos frontais na sua conexão com o córtex do
cérebro;
• Anormalidades na estrutura e função do lobo frontal tem sido
relacionadas a diversos transtornos, citaremos o autismo.
3.1.1. Lesões nos Lobos Frontais
• Podem comprometer estruturas do sistema límbico
estruturais;
• Podem ocasionar distúrbios do humor, condutas
inadequadas, caráter, atividade e lentidão.
3.2. Modelos de Intervenção Terapêutica
Quanto antes iniciar-se um programa de intervenção, melhor será o
prognóstico da criança. Aplica-se o conceito de janela do desenvolvimento.
Janelas são períodos durante os quais o amadurecimento de determinados
20
circuitos cerebrais começa a se realizar e atinge o máximo de sua plasticidade,
para posteriormente diminuir sua capacidade de flexibilização. O período que
compreende esse processo varia de acordo com a função, assim como
considera também a variabilidade individual. Ao desenvolvimento do cérebro
social, esse construtor pode ser aplicado a criança não for exposta a eventos
sociais no início de sua vida, não desenvolverá os circuitos responsáveis por
essa habilidade. O mesmo princípio pode ser aplicado a comunicação.
Por isso, o diagnóstico precoce é essencial. Algumas das funções
elementares para a sociabilidade e a comunicação tem seu período excelente
durante a primeira infância.
O elemento básico para o desenvolvimento da sociabilidade como a
orientação social e o compartilhamento de atenção encontram-se bem
estabelecidos ao qual do primeiro ano de vida, sugerindo ser esse o melhor
período para a definição dos circuitos neronais que sustentam essas funções.
Devido a natureza dos transtornos globais do desenvolvimento, a
atuação terapêutica deve ser eminentemente multidisciplinar e abranger todas
as necessidades da criança e do adolescente, de modo integrado.
Podem ser necessários tratamentos clínicos e medicamentosos para
aliviar os sintomas comportamentais e proporcionar uma melhora na qualidade
de vida dos pacientes, como o controle da hiperatividade e dos importantes
obsessivos e ritualísticos.
Intervenções terapêuticas de base comportamental como a (ABA) e
o (TEACCH), podem ser úteis para o treinamento de habilidades sociais e
educacionais, especialmente para a aquisição de comportamentos produtivos e
iluminação dos não-adaptáveis.
3.3. Intervenção Terapêutica
A intervenção terapêutica, fonoaudiológica baseia-se na
identificação de recursos comunicativos verbais e não verbais de cada
indivíduo e busca ampliá-los e adequá-los em diferentes contextos
21
comunicativos. O trabalho terapêutico envolve a atuação em três frentes:
criança, família e escola. A atuação indireta tem o objetivo de acolher e
instrumentalizar as famílias e a escola quanto as inabilidades e habilidades da
criança. A atuação direta junto à criança visa à adequação da comunicação em
seu aspecto receptivo e expressivo.
A decisão sobre as intervenções terapêuticas é resultado de uma
avaliação e análise detalhada das necessidades de cada indivíduo ao longo do
tempo.
22
CAPÍTULO IV
INSTRUMENTOS PARA A AVALIAÇÃO
E O DIAGNÓSTICO
O processo de avaliação e diagnóstico inicia-se pelo resgate da
história de desenvolvimento do sujeito. Posteriormente, para caracterizar e
enumeração dos padrões evolutivos e desviantes utilizamos instrumentos de
avaliação e diagnóstico.
Os instrumentos de avaliação e diagnóstico podem ser classificados
em três categorias: rastreamento (triagem), escala de avaliação
comportamental e testes padronizados que necessitam de habilidades
específicas.
Descrevemos alguns exemplos de instrumentos de rastreamento
para identificação de crianças e adolescentes pertencentes aos transtornos do
espectro autístico.
1) Psychoeducational. Profile Revised (PGP-R) constitui em um
instrumento que objetiva aferir a idade de desenvolvimento a criança que tem
autismo por meio de comparação com os padrões regulares de aprendizagem.
É útil para o planejamento educacional. É composto por duas escalas que
avançam os comportamentos típicos e, posteriormente, as inabilidades de
crianças de 2 a 12 anos de idade.
2) Modified Checklist for Autism in Toddles (M-CHAT) consiste
em um questionário com 23 questões, que tem como objetivo a identificação
precoce de indícios de traços autísticos em crianças de 18 a 24 anos de idade.
Pode ser preenchido pelos pais ou pelos cuidadores em consulta pediátrica de
rotina, por ser auto aplicável e de fácil compreensão.
3) Austim Instrument Educacional Planning (ASIEP) constitui um
instrumento projetado para identificação de crianças com transtorno do
23
espectro autístico e para proporcionar informações precisas para construção de
Planejamentos Educacionais e Terapêuticos. Consiste em uma listagem de
comportamentos não adaptativos, e mais três escalas de avaliação nas áreas
de interação social, comportamento vocal e velocidade de aprendizagem.
4) Bateria de Teoria da Mente faz parte da avaliação da Teoria
da Mente o Teste de Falsa Crença e os testes de primeira e segunda ordens. O
Teste de Falsa Crença envolve a capacidade de percepção das diferenças
entre pontos de vista de diversas pessoas a partir de uma situação-problema.
O Teste Sally Ann, cuja dramatização implica a possibilidade da criança
compreender o estado mental de um determinado personagem, é considerado
um teste de primeira ordem. O Teste John and Mary, cuja história envolve
novamente a compreensão de estados mentais de vários personagens, é
considerado de segunda ordem. Estão disponíveis também, em tradução e
adaptação para a língua portuguesa, versões das histórias que envolvem
figuras de linguagem (metáfora, ironia, entre outras) e as segundas envolvendo
atribuição de estados mentais.
5) Habilidade de atenção compartilhada existe na observação da
habilidade da criança em direcionar o olhar e compartilhar a atenção para
objetos e pessoas a partir de comportamentos de apontar, alternar, mostrar e
olhar.
24
CAPÍTULO V
GESTÃO ESCOLAR NO FRACASSO ESCOLAR COM
OS SUJEITOS DA APRENDIZAGEM
Fracassar na escola é visto como insumo na vida. Nas sociedades
contemporâneas aprender a ler e a escrever é tão importante que gera
condições para enfrentar os desafios da vida.
O insumo escolar tem dois casos:
a) Orgânicas (caracterizada por distúrbios de personalidade)
b) Social (como produto de uma escola despreparada para
atender os diferentes alunos das camadas populares na
alfabetização).
Outra “distorção de análise” ocorre na escola particular quando a
expectativa ultrapassa a condição do aluno e as etapas evolutivas da criança
são desconsideradas. O exemplo típico é quando se espera que todas as
crianças de cinco anos consigam atingir a etapa alfabética. Para aprender é
preciso maturidade afetiva, cognitiva, biológica. Será que toda criança de cinco
anos está pronta para o desafio?
Muitas vezes, uma criança de cinco anos poderá apresentar
dificuldades de aprendizagem numa escola e na outra, não. Depende do
projeto político-pedagógico da escola.
Hoje, a escola como instituição tem recorrido à Psicopedagogia para
compreender, analisar e intervir nas práticas e relações que estão presentes no
interior da escola. Psicopedagogos têm contribuído para mudanças importantes
em assessorias nas redes pública e particular. Entende-se que a experiência
clínica do psicopedagogo, por meio do próprio de analisar a singularidade dos
conflitos, pode em muito contribuir para, senão reverter o insucesso escolar,
diminuir sua exuberância.
25
A pesquisa da etiologia das dificuldades de aprendizagem leva em
consideração os seguintes critérios:
1. Relação que o sujeito da aprendizagem estabelece com o
conhecimento e o saber;
2. Relação ensinante-aprendente;
3. Possíveis manejos inadequados nas instituições que
provocam dificuldades de ordem reativa;
4. Aluno é visto como um todo, levando-se em consideração as
quatro estruturas;
5. Contexto onde ele se insere é importante para esclarecer a
sua relação com o conhecimento;
6. Os conflitos são considerados pertinentes e decorrentes das
tensões, advindas da complexidade dos fatores presentes nos
ambientes onde ocorre o processo de ensino-aprendizagem.
O filme autobiográfico “Os incompreendidos”, de François Trauffaut,
retrata uma escola francesa da metade do século passado. Nessa escola, os
alunos que pensavam diferente, e não se submetiam ao autoritarismo do
professor, “os incompreendidos”, eram excluídos e internados em
reformatórios. Hoje, nossos alunos que pensam diferente, ou que têm ritmos
diferentes, não vão para o reformatório, nem são expulsos, mas ficam na
escola isolados e imobilizados intelectualmente. Passam de sala em sala,
avançando falsamente pelos diferentes ciclos sem que tenham construído,
assimilado e aproveitado o conteúdo disponível transmitido. Este é um exemplo
de manifestação de violência, devido ignorância das diferenças.
Teoricamente a escola contemporânea, diferentemente da escola
moderna, descrita por Trauffaut, identifica-se com paradigma epistemológico
que leva em consideração a participação do aluno na construção do
conhecimento. Atualmente, fazem parte do discurso social escolar os modelos
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construtivistas e sociointeracionistas. Ambos partem da concepção de que é
com base na interação que se aprende e é preciso a reconstrução do
conhecimento. A abordagem sócio-histórica apregoa e valoriza a interação
entre pares não homogêneos, mostrando as vantagens desta interação. A
teoria construtivista é uma coisa; a prática é outra, ou seja, entre o dizer e o
fazer, há uma distância significativa. Deve-se ter atenção com aspectos como:
a competência na transmissão por parte do professor para organizar o
conteúdo a ser transmitido; transmissão de entusiasmo por parte do professor;
receptividade-desejo por parte do aluno; competência do aluno para organizar
e relacionar o conteúdo com a vida; acolhimento por parte do professor para
compreender e interpretar as diferentes respostas e ritmos dos alunos; espírito
lúdico e olímpico.
O espírito lúdico favorece o brincar imaginariamente com o desafio,
não deixando que ele nos derrube. Ambos, aluno e professor, precisam do
“espírito lúdico”, pois como as respostas não estão prontas de antemão, é
preciso tolerar a frustração diante do esforço que o trabalho intelectual
demanda. Necessitam de criatividade para ultrapassar os desafios. Mas o que
é a capacidade criativa, senão a possibilidade de sonhar e imaginar?
Não desistir do desafio é o princípio básico do espírito olímpico. Ele
convoca a aceitação do constante recomeçar para superar as marcas já
alcançadas, ir atrás de algo mais. Como os “bons brinquedos” de Rubem Alves,
que faz uma distinção entre os maus e os bons brinquedos. Os primeiros são
aqueles que já vêm prontos, enquanto que os bons são aqueles que provocam,
que desafiam, que colocam à prova, como se dissessem: “quero ver se você
me derruba”. Numa analogia, os que aprendem de forma diferente poderiam vir
a ser “brinquedos” desafiadores. As diferenças em sala de aula podem se
tornar mediadoras para viver uma experiência lúdica e criativa, de natureza
olímpica, no sentido em que coloca os protagonistas em situação de constante
superação, ou seja, “ultrapassar as marcas”.
É insuficiente saber que o aluno precisa recriar sozinho e que o ritmo
e o modo da recriação nem sempre correspondem às expectativas do
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professor, da instituição e da família. O pressuposto da recriação coloca o
professor e o aluno em constante desequilíbrio. Ambos têm que lidar com a
permanente construção do sentido. Esta posição causa desconforto e
insatisfação, pois envolve tempo, processo. A ambiguidade está presente:
apesar da valorização do processo, a produção é a finalidade imediata.
Também é provocativo no sentido de demandar criatividade necessária para
encontrar soluções possíveis para enfrentar o grande desafio inerente a toda
transmissão: a construção do sentimento de competência para a autoria-
autonomia do aluno e também do professor. Mas como enfrentar este desafio?
Quando se tem consciência da natureza do desafio, há,
possivelmente, maiores e melhores condições para superá-lo. As diferenças
são desafiadoras, pois elas demandam capacidade para olhar de forma
diferente para o diferente, isento de preconceitos, rótulos e estigmas, para, com
base neste estranhamento, podermos garimpar o brilho peculiar dos alunos
que estão ao nosso redor. Olhando para um simples lápis, posso, com base em
um novo olhar, em outros parâmetros, no “estranhamento positivo”, percebê-lo
por meio de um “re-conhecimento”, conhecê-lo de novo. Precisamos conhecer
de novo os nossos alunos que fracassam na escolarização.
Segundo Terezinha Azerêdo Rios, preparar-se para essa vivência
constitui quase um ritual: roupa limpa, cadernos bem cuidados, mochila
arrumada.
O respeito e a solidariedade, princípios éticos, revelam-se nos
pequenos gestos do cotidiano, em todos os espaços sociais. O reconhecimento
da existência dos outros, na atenção e no acolhimento que damos a eles,
proporciona alegria e estimula ações positivas. Na escola, a atitude receptiva
dos gestores aos que fazem parte da comunidade gera benefícios nem sempre
percebidos, mas que conduzem a resultados gratificantes, principalmente
relacionados ao desempenho dos estudantes.
Ainda que se diga que tem diminuído o interesse pela escola e que a
Educação que nela se oferece não vai ao encontro das necessidades e dos
desejos dos que a frequentam, para boa parte das famílias e dos alunos esse é
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um espaço respeitado e em relação ao qual se cria uma expectativa de
aprendizagem e crescimento. Em algumas localidades, a escola representa,
mesmo, o único lugar em que é possível ter uma experiência cultural e
comunitária mais abrangente. Preparar-se para essa vivência constitui quase
um ritual: roupa limpa, cadernos bem cuidados, mochila arrumada. Mas os
gestores têm para com a escola a mesma preocupação? Será que eles se
organizam para receber seu público de modo acolhedor, preocupando-se não
apenas com o trabalho relacionado ao conteúdo das disciplinas mas também
com gestos e palavras que expressam cuidado e respeito?
Por exemplo, ouvir com atenção as observação que os estudantes
fazem e, por vezes, recepcioná-los no portão de entrada. Da mesma forma,
tratá-los pelo nome, ficar alerta a mudanças de comportamento e fazer
comentários positivos quando eles superam uma dificuldade. Todas essas são
atitudes importantes, ainda que possam parecer irrelevantes para alguns
educadores, não raro absorvidos pelas múltiplas tarefas diárias.
Gestos, algumas vezes, dizem mais do que palavras, quando a
equipe gestora está atenta ao acolher a comunidade e estimular essa atitude
entre os professores e funcionários, provocando, com isso, uma reação de
natureza semelhante nos alunos e nas famílias. Isso não é algo romântico,
embora possa ser difícil de ocorrer no cotidiano às vezes, duro e esgotante da
escola ou das relações familiares e comunitárias. Mas é um desafio que vale
enfrentar. Pela satisfação individual, do professor, do gestor e do aluno e,
sobretudo, pela possibilidade de contribuir para o bem de todos – às vezes,
esquecido, mas fundamental na vida social.
5.1. Estratégias para Formar Docentes
O termo em inglês coach tem origem no mundo dos esportes e
designa o treinador, que motiva e orienta um atleta ou um time. No universo
coorporativo, esse profissional já está presente e foi incorporado como um
consultor que estimula os executivos a descobrir suas melhores competências
e utilizá-las de forma cada vez mais eficiente. Os líderes da reforma
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educacional de Nova York resolveram investir firme nessa figura para melhorar
os resultados do sistema público. Isso porque constatou-se que a presença em
todas as escolas de alguém dedicado a acompanhar o trabalho dos
professores e guiar o aperfeiçoamento de suas técnicas de ensino era
essencial para incrementar os índices de aprendizagem dos alunos.
O coach, ou tutor, pode ser um professor mais experiente e
capacitado da própria escola, que é promovido à função, ou um profissional
prestador de serviços de uma organização externa contratada. Seu trabalho é
desenvolvido dentro e fora de sala de aula e prevê abordagens diferenciadas
para atender às necessidades de cada unidade. O processo para estabelecer
uma boa parceria com os professores pode ser lento. Não importa esse
profissional já virou presença essencial no cotidiano das escolas nova-
iorquinas, pois a prática tem mostrado que o apoio em serviço é mais eficaz
para o aperfeiçoamento dos docentes do que cursos, oficinas, palestras e afins
oferecidos eventualmente. O motivo? A convivência estreita do tutor com o dia
a dia pedagógico faz com que ele conheça as necessidades e as dificuldades
da equipe sem perder o foco nas grandes metas. Dessa forma, ele é capaz de
desenvolver de maneira colaborativa, planos para melhorar a qualidade do
ensino e do aprendizado na unidade.
5.2. Neurociência e Educação
Experimentos com ressonância magnética mostram que as emoções
são fundamentais para fixar as informações, o que explica por que
esquecemos tão rapidamente o que somos obrigados apenas a decorar, sem
que pareça ter qualquer utilidade. Embora não esqueçamos detalhes de
momentos fortes, as primeiras experiências.
Educadores que usam arte, esporte e comunicação para estimular o
aprendizado, obtêm-se vários resultados. “As emoções são a cola das
informações”, afirma Miguel Nicolilis, que desenvolveu um projeto curricular
para o ensino de ciências para as crianças e os adultos pobres. Por estudar o
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fundamento do cérebro. Nicolelis faz com que as aulas sejam um sucesso de
experimentações e associações. “Aprender é associar”.
Neurocientistas investigam as novas tecnologias e acabam
moldando o funcionamento do cérebro. Por exemplo, estão sendo realizadas
uma série de testes empregando sensores. Vem sendo realizado com jovens
usando a internet ou lendo livro. Daí se tira a suspeita de que as novas
tecnologias sejam ótimas para agilizar a cabeça, mas ruim para estimular a
profundidade do pensamento. O crescimento vertiginoso do twitter e a
expansão do comércio, a internet, de trabalhos escolares até de dissertações
de mestrado e de teses de doutorado.
No dia a dia, o tutor constrói uma sólida parceria com o diretor.
Ajuda-o na condução de reuniões produtivas com toda a equipe e, assim,
transfere know-how. Dessa forma, o gestor torna-se habilitado a fazer sozinho
diagnósticos de necessidades na aprendizagem.
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CONCLUSÃO
Os transtornos globais do desenvolvimento reúnem uma série de
condições que tem intrigado os profissionais de saúde e educação. Nos últimos
anos tem sido feito um enorme crescimento em estudo que procuram
compreender o medo de financiamento desses indivíduos. Quando foi descrito
por Kanner admitia-se que o autismo teria como causa alterações na
capacidade de lidar com os afetos. Hoje, admite-se que não existe um autismo
mero numa série de manifestações comportamentais resultantes de diferentes
alterações nos circuitos neurais do cérebro social.
Apesar do enorme volume de dinheiro de horas de pesquisa e de
publicações, ainda estamos distantes de compreender o modo de
financiamento desse grupo de condições. Apesar dessa limitação, os
programas de intervenção, que hoje é possível iniciar mais precocemente do
que há duas décadas, tem mostrado resultados com prognósticos melhores do
que os observados em passado recente. Não obstante, é imperioso que muito
mais estudos sejam realizados para que possamos estabelecer programas de
intervenção baseados em evidências científicas e que consigam melhorar a
qualidade de vida dessas pessoas e de seus familiares.
Essas modificações estão associadas ao fato de que o estudante
quer recompensa mensal imediata, não está disposto a elaborações mais
complexas. Avolumam-se estudos indicando que esse imediatismo é um dos
ingredientes por trás do aumento de dependências de drogas legalizadas do
tipo ansiolíticos. Afinal, elaborar a dor dá trabalho.
Foi divulgada uma experiência da Universidade de Maryland com
200 estudantes americanos, convidados a ficar desligados por 24 horas. Não
poderiam usar celular nem computador, nada de Facebook ou SMS. Depois
desse exílio tecnológico, parte das cobaias demonstrou sinais semelhantes aos
de abstinência dos viciados em álcool e drogas. Apesar do tempo de sobra
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nessas 24 horas, a maioria daqueles estudantes não quis ter algum livro,
assistir a algum noticiário da TV ou folhear algum jornal.
Ainda estamos os acostumando a avaliar as escolas no Brasil com
base no desempenho dos alunos em português e matemática. Mas já está na
hora de nos prepararmos para usar as descobertas da neurociência, evitando
graduar indivíduos que tiveram apenas professores com métodos didáticos
desatualizados, defasados ou ultrapassados.
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BIBLIOGRAFIA
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociência
Desvendando o Sistema Nervoso. 2ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2002.
EKMAN, Laure Lundy. Neurociência / Fundamentos para a Reabilitação. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004.
PLISZKA, R. Steven. Neurociência para o clínico de saúde mental. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtorno de Aprendizagem. Rio de
Janeiro: WAK, 2010.
STUBBE, Dorothy. Psiquiatria da Infância e Adolescência. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 RESUMO 04 METODOLOGIA 05 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I O que é Autismo? 13 1.1. Características do Autismo 13 1.2. Autismo 14 CAPÍTULO II Percurso Evolutivo do Autismo 16 2.1. Interesses 16 2.2. Percurso Evolutivo 17 2.3. Comunicação 17 2.4. Interação Social 18 CAPÍTULO III Neurobiologia: Do Fenótipo ao Endofenótipo 19 3.1. Disfunção do Lobo Frontal 19 3.1.1. Lesões nos Lobos Frontais 19 3.2. Modelos de Intervenção Terapêutica 19 3.3. Intervenção Terapêutica 20 CAPÍTULO IV Instrumentos para a Avaliação e o Diagnóstico 22 CAPÍTULO V Gestão Escolar no Fracasso Escolar com os Sujeitos da Aprendizagem 24 5.1. Estratégias para Formar Docentes 28 5.2. Neurociência e Educação 29 CONCLUSÃO 31 BIBLIOGRAFIA 33