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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES JOÃO PAULO GAMA DOS SANTOS A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE RIO DE JANEIRO 2007

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

JOÃO PAULO GAMA DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

RIO DE JANEIRO

2007

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JOÃO PAULO GAMA DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

Monografia final de curso de Pós-graduação em Psicomotricidade apresentado à Universidade Cândido Mendes, sob a orientação do professor Ms. Celso Sanches.

RIO DE JANEIRO

2007

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Agradeço a Deus, aos

meus pais, aos meus familiares

e amigos pela cooperação, pela

amizade e confiança em mim

depositado. O meu muito

obrigado!

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Dedico esta monografia

aos meus pais pelo amor em

mim depositado.

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RESUMO

A psicomotricidade é uma atividade motora considerada no seu

significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora.

O termo psicomotricidade está justificado no campo psicológico e no

campo motor, podendo ser utilizado no campo educativo. A personalidade é, de

fato, uma unidade biopsíquica substancial e consiste de um corpo constituído

de estruturas biológicas e psíquicas e uma indivisível inter-relação funcional.

Dessa forma, qualquer gesto ou pensamento é sempre o produto de

dinamismos orgânicos e psicológicos. Ao se sustentar a afirmação de que a

motricidade é expressão da personalidade total (social, intelectual, afetiva e

corpórea), não se deveria usar o termo psicomotricidade, que indica somente

os aspectos psicológicos do movimento, mas sim biopsicomotricidade.

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................. 4 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 6 CAPITULO I – A PSICOMOTRICIDADE ............................................................. 7 1.1. O que é Psicomotricidade................................................. 7 1.2. Psicomotricidade para crianças...................................... 8 1.3. A psicomotricidade de crianças na 3ª e 4ª séries.......... 8 1.4. Valências psicomotoras.................................................... 9

1.5. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades motoras.......................................................... 10

1.6. Estágios de desenvolvimentos segundo Jean Piaget... 11 1.7. O papel do Professor de Educação Física...................... 11 1.8. A psicomotricidade e a educação.................................... 12

1.9. Psicomotricidade e o desenvolvimento do ser humano............................................................................... 13

1.10. A importância da Educação Física no desenvolvimento da psicomotricidade........................... 15

1.11. O significado do movimento na infância e a Educação Física................................................................................... 16

CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO............................................................................. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 19 FOLHA DE APROVAÇÃO.................................................................................... 21

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INTRODUÇÃO

A psicomotricidade é uma atividade motora considerada no seu

significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora.

O termo psicomotricidade está justificado no campo psicológico e no

campo motor, podendo ser utilizado no campo educativo. A personalidade é, de

fato, uma unidade biopsíquica substancial e consiste de um corpo constituído

de estruturas biológicas e psíquicas e uma indivisível inter-relação funcional.

Dessa forma, qualquer gesto ou pensamento é sempre o produto de

dinamismos orgânicos e psicológicos. Ao se sustentar a afirmação de que a

motricidade é expressão da personalidade total (social, intelectual, afetiva e

corpórea), não se deveria usar o termo psicomotricidade, que indica somente

os aspectos psicológicos do movimento, mas sim biopsicomotricidade.

A aula de Educação Física pode contribuir para a psicomotricidade do

aluno com exercícios precisamente visando aspectos motores, isto é,

exercícios em que o corpo se desloca e a criança percebe as diferentes noções

de maneira interna, ou através de exercícios sensório motores onde a

manipulação de objetos possibilita a percepção de diversas noções. Esses

exercícios podem possibilitar ao aluno uma análise perceptiva, uma precisão

da representação mental e uma determinação de pontos de referência

contribuindo para uma conscientização de corpo e espaço.

Esta monografia verificará a psicomotricidade no desenvolvimento da

criança na fase da 3ª e 4ª série da 1ª etapa do Ensino Fundamental.

Questionará se a Psicomotricidade interligada à Recreação traz benefícios ao

desenvolvimento da criança nesta fase escolar. Quais são seus pontos

positivos na prática da atividade física escolar recreativa infantil e quais são os

benefícios no desenvolvimento da criança.

O objetivo desta pesquisa é verificar se a psicomotricidade interligada à

recreação infantil contribui para o desenvolvimento afetivo, psicomotor e social

da criança de 3ª e 4ª série ou não.

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CAPÍTULO I

A PSICOMOTRICIDADE

1.1. O que é Psicomotricidade

Psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas,

incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos

e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do

movimento humano. (FONSECA, 1983)

É importante o desenvolvimento motor, pois é como precursor

de todas as demais áreas. Porém, a partir da orientação em uma pré-

escola é que se pode constatar a abrangência do significado de todas

as definições e de toda a teoria na prática. (BENTO, 1989)

A psicomotricidade, aspecto que caracteriza de modo

exclusivo a espécie humana, é componente fundamental no

desenvolvimento de relações e fonte de experiências que estruturam

e formam a figura do “Eu”. As pesquisas mais atuais têm verificado

que a criança aprende pelo movimento até construir fases cognitivas

que prosseguem por incubações e explosões, o que permite afirmar

que cada esquema de comportamento deriva de atividades motoras

até incidir nos processos elevados do pensamento, verdadeira

conduta de liberdade. (HILDEBRANDT; LAGING, 1986)

A psicomotricidade é, então, uma atividade motora considerada no seu

significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora.

O termo psicomotricidade, como nos faz observar, está

justificado no campo psicológico, e não no campo educativo. A

personalidade é, de fato, uma unidade biopsíquica substancial e

consiste de um corpo constituído de estruturas biológicas e psíquicas

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e uma indivisível inter-relação funcional. Dessa forma, qualquer gesto

ou pensamento é sempre o produto de dinamismos orgânicos e

psicológicos. Ao se sustentar a afirmação de que a motricidade é

expressão da personalidade total (social, intelectual, afetiva e

corpórea), não se deveria usar o termo psicomotricidade, que indica

somente os aspectos psicológicos do movimento, mas sim

biopsicomotricidade. (HILDEBRANDT; LAGING, 1986)

A psicomotricidade não é um saber especializado nem uma série de

técnicas que pertence ao corpo, mas é uma proposta de educação do ser na

sua globalidade. Tal educação, por meio da corporalidade, no sentido de um

desenvolvimento intelectual, afetivo e social, caminha sem justapor o corpo a

psique, mas reformulando as relações entre psique e corpo.

1.2. Psicomotricidade para crianças

É uma prática terapêutica de mediação corporal, realizada em grupo,

através do prazer de brincar, da expressividade da criança e de jogos

simbólicos que favorecem a descoberta de diferentes formas de comunicação.

Possibilita que a criança ou o adolescente integre uma maior

compreensão e disponibilidade para usar sua capacidade de adaptação sócio-

emocional e psicomotora construtivamente.

1.3. A psicomotricidade de crianças na 3ª e 4ª séries

A psicomotricidade delas caracteriza-se pela graça, fluência, suavidade

e riqueza de movimento, mas se manifesta cada vez mais com maior

economia. O excesso de movimentos é reduzido em favor de um movimento

mais exato e funcional. Assim, a maturidade motora oferece as precondições

para o estilo de movimento ginástico desportivo e para a forma rudimentar de

técnicas desportivas. A capacidade de coordenação aumenta de tal forma que

também são executadas facilmente combinações, como saltar por sobre a

corda, na corrida, lançar e arremessar bola, etc.

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Energia e vigor, elevados a alegria despreocupada até a

animação e euforia, caracterizam o sentimento vital. Autoconfiante e

corajosa, a criança utiliza, agora, sua capacidade na aula de

Educação Física, para aumentar seu sentimento de autoridade. A

crescente vitalidade revela-se por um aumento da atividade. A

forma de ação correspondente é o agir com finalidade determinada

subjetivamente (trabalho egocêntrico). Toda ênfase exagerada da

ambição pessoal deveria, nesse momento, ser evitada, integrando-

se, sempre que possível, a atuação individual à coletiva.

(FONSECA, 1983)

Os principais objetivos da Educação física escolar é o Despertar para o

prazer de aprender a aprender; Potencializar a capacidade de criar e recriar

situações de aprendizagem; Ampliar a capacidade de comunicação; Prevenir

dificuldades relacionais, emocionais, motoras e de aprendizagem; Incentivar a

auto-estima e facilitar a socialização; Prevenir dificuldades relacionais, de

desenvolvimento e de aprendizagem; Exercer uma prática terapêutica no caso

de dificuldades relacionais, de desenvolvimento e aprendizagem já instalados;

Oportunizar uma estruturação mais saudável da personalidade; Estimular

posturas positivas frente a si mesmo, ao outro e ao mundo.

1.4. Valências psicomotoras

Segundo André (1999), o conceito de psicomotricidade implica

“educação e aprimoramento dos movimentos”, tendo como base as valências

psicomotoras, trabalhadas através de jogos recreativos, exercício brinquedo

cantado e ginástica escolar. As valências psicomotoras são: Esquema Corporal

– é cada parte do corpo com seu respectivo nome, dar noção de nomes das

partes, onde estão localizadas. Espaço – está relacionada ao espaço que os

movimentos do corpo que os movimentos do corpo podem percorrer e ocupar;

é o deslocamento do corpo respeitando os espaços naturais. Raciocínio lógico

– está relacionado ao raciocínio; números, figuras, cores, está relacionado a

forma de o aluno pensar para realizar um determinado exercício. Ritmo – é a

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forma de se deslocar no espaço obedecendo a uma determinada seqüência de

sons ou músicas etc. Lateralidade – está relacionada a trabalhar as partes

laterais do corpo, as partes da frente e de trás do corpo, dando ênfase aos

lados direito e esquerdo. Equilíbrio – caracteriza-se como a forma de

permanecer estático ou em movimento sobre uma ou mais bases do corpo.

Divide-se em estático e dinâmico. Controle muscular – está relacionado a

exercícios em movimentos que devem ser interrompidos bruscamente.

Socialização – é trabalhar a relação amizade r conhecimento do grupo com o

grupo, e do grupo com o professor. Percepção auditiva – está relacionada ao

ato de entender o que está sendo feito, através da audição, e executar o que

está sendo ouvido. Tempo – relacionado ao tempo de duração de um

determinado exercício ou movimento. Coordenação Motora – está relacionada

às várias formas de movimentar o corpo, parado ou em deslocamento, com

movimentos simultâneos com membros superiores e inferiores. Força – está

relacionada aos exercícios em que o aluno utilize a força. Flexibilidade – está

relacionada aos exercícios em que o aluno trabalhe a velocidade de

deslocamento, durante a execução.

1.5. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades

motoras

A transição até a automaticidade poderá ocorrer naturalmente, porém o

tempo necessário para que isto aconteça irá depender da quantidade de

prática e do grau de complexidade da tarefa. Por mais que isto possa ocorrer

em função da prática, é importante também que professores de Educação

Física e técnicos desportivos tenham conhecimento das diferenças existentes

entre crianças e adultos em termos da utilização de estratégias de atenção

seletiva, velocidade no processamento de informações, uso dos processos de

controle para processar e armazenar informações, as quais poderão dificultar a

aprendizagem. De posse destas informações, pode-se criar um ambiente que

facilite a aprendizagem, diminuindo as exigências nos processos da atenção

através da utilização de estratégias cognitivas.

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1.6. Estágios de desenvolvimentos segundo Jean Piaget

Durante o processo da aprendizagem de qualquer atividade, as pessoas

passam por estágios em que ocorrem diversas mudanças, entre elas, nas

exigências nos processos da atenção. Estas mudanças vão desde o momento

em que estamos sendo expostos pela primeira vez a atividade e não temos a

menor idéia do que fazer primeiro, até o momento em que consegue-se realizar

a atividade quase sem nenhum esforço cognitivo. Um exemplo simples desta

situação é uma criança aprendendo driblar a bola no basquete.

Dentro de uma progressão pedagógica, mesmo estática, ela

necessita olhar para a bola o tempo todo. Após certo tempo de

prática, introduz-se os deslocamentos e a atenção na bola continua

grande. Quando ela atinge o último estágio, consegue realizar o

drible, sem olhar para a bola, ao mesmo tempo em que observa

outros jogadores na quadra. É claro que para isto acontecer, muitas

horas de prática será necessário, sendo que o grau de dificuldade e

complexidade da tarefa é que ditarão a quantidade de prática

necessária para que se possa realizar a tarefa sem pensar. Entende-

se “sem pensar”, a realização de uma atividade, a execução de um

movimento automaticamente, ou o “processo automático” sendo

rápido, paralelo, basicamente sem esforço e com possibilidades de

não sofrer interferência de atividades paralelas (Estímulo Externo,

Depósito Sensorial de Curta Duração. Atenção Seletiva Memória de

Curta Duração, Resposta Prática Cognitiva ou outros processos

Processo de Procura e Busca da Memória de Longa Duração).

(GONÇALVES, 1996)

1.7. O papel do Professor de Educação Física

Segundo Betti (1994), a verbalização do professor deve incidir sobre a

valorização de características e possibilidades dos brinquedos e possíveis

estratégias de exploração. Enfim, o professor deve oferecer informações sobre

diferentes formas de utilização dos brinquedos, contribuindo para a ampliação

do referencial infantil.

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A dimensão corporal não pode estar ausente. Na relação com objetos,

solicitam-se o corpo e os sentidos. O educador deve, também, brincar e

participar das brincadeiras, demonstrando não só o prazer de faze-lo, mas

estimulando as crianças para tais ações.

Ao propor uma brincadeira é importante que o professor brinque

também. Assim, ele poderá observar as crianças e acompanha-las de perto de

forma prazerosa.

1.8. A psicomotricidade e a educação

A psicomotricidade é o controle mental sobre a expressão

motora. Objetiva obter uma organização que pode atender de forma

consciente e constante as necessidades do corpo. Esse tipo de

educação é justificado quando qualquer defeito localiza o indivíduo à

margem das normas mentais, fisiologias, neurológicas ou afetivas. É,

também, a percepção de um estímulo, interpretação deste e

elaboração de uma resposta adequada. (FONSECA, MENDES, 1987)

Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento, ao

mesmo tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. A partir desta

posição, pode-se ver a relação intrínseca das funções das funções motoras

cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento.

Movimento é o deslocamento de qualquer objeto, mas a ação corporal em si, a

unidade biopsicomotora em ação.

A psicomotricidade está associada à afetividade e

personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o

que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a ter

problemas de expressão.

O desenvolvimento psicomotor se caracteriza por uma

maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial;

e, também, o reconhecimento dos objetos, das posições (aquilo que

reunimos sob a categoria das anosis); a imagem ou o esquema

corporal do nosso corpo e, por fim a palavra (a atividade verbo-

motriz).

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O estabelecimento da tabela cronológica do desenvolvimento

psicomotor tem um interesse evidente, que não precisa justificação.

Contudo, os indícios das fases devem ser considerados os resultados

de um processo racional e relacional complexo, e não fixos segundo

um quadro de maturação automática. Só poderia tratar-se de

identificar os meios, na observação de um processo dinâmico, de

determinismo não linear. (GATES, 1935)

1.9. Psicomotricidade e o desenvolvimento do ser humano

Psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas, incessantes e

permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais que intervêm

na integração, elaboração e realização do movimento humano. A importância

do desenvolvimento motor como precursor de todas as demais áreas. Porém, a

partir da orientação em uma pré-escola é que se pode constatar a abrangência

do significado de todas as definições e de toda a teoria na prática.

Quando alguns dos fatores deixam de se relacionar, o que será que

acontece? Para o autor da definição, a ausência de espaço e a privação de

movimento são uma verdadeira talidomida da atual sociedade, continuando na

família (urbanização) e na escola. A total não-aceitação da necessidade de

movimento e da experiência corporal da criança põe em causa as atividades

instrumentais que organizam o cérebro.

Na escola recebemos crianças de um a sete anos de idade – cada vez

maior o número de hipotônicas (relaxamento exagerado da musculatura),

descoordenadas (desajeitadas), arrítmicas (não conseguem um ajuste entre o

ritmo interno e o externo), com andar de "periquito" (andar na ponta dos pés),

dificuldade verbal (fala infantilizada, troca de letras, afásicas, omissões de

letras etc.), dificuldade de orientação espaço-temporal, de percepção visual, de

esquema corporal e de lateralidade.

Além dessas causas, ainda se juntam outras como superproteção, falta

de limite, rejeição, impedimento de que cresçam e evoluam em sua

independência, com mensagens do tipo: "deixa que eu faço para você, você

ainda não sabe", "demora muito", "você ainda não consegue" (frases

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geralmente ditas pelos adultos que convivem com a criança). Também

atividades do dia-a-dia como comer sozinha, ir ao banheiro e limpar-se, vestir-

se, calçar, tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos etc. são adiadas.

Fora os conselhos de profissionais da área de saúde de que a criança só deve

ir para a escola depois dos três anos, quando já ganhou maior resistência

imunológica. Então, criam-se, para os filhos de mães inexperientes,

verdadeiras "bolhas" de proteção. É de sabedoria popular que somente em

contato com os vírus criamos anticorpos; para isto existem as vacinas. Se não

forem aplicadas antes dos três anos, as doenças da infância acontecerão

depois. O que se perde nestes três anos, em que a criança ficou fora da escola

numa cidade como São Paulo, só com muito esforço num consultório ou numa

pré-escola, cujo enfoque é primordialmente o desenvolvimento motor, é que se

poderá recuperar.

Filogeneticamente, a evolução do homem só se deu quando ficou na

posição ereta e livre para usar as mãos. Foram os atos motores e a ação que

desencadearam todo o nosso desenvolvimento intelectual. Começamos a

construir objetos que nos deixassem mais livres para pensar e planejar. Vemos

os recém-nascidos de hoje com um ritmo frenético em seu desenvolvimento

motor e dizemos que as próximas gerações nascerão falando. E por quê? As

faixas que amarravam os cordões umbilicais até cicatrizarem foram eliminadas,

os cueiros, cobertores, mantas e toda a parafernália que envolvia os bebês e

os deixavam sem movimento foram substituídos pelos macacões e fraldas

descartáveis. Tudo isto permitiu uma maior movimentação e, por isso mesmo,

ganho no amadurecimento neurológico e, conseqüentemente, motor. As

antigas tabelas de expectativas do desenvolvimento motor necessitam ser

revistas, para aquelas crianças às quais é permitido buscar seu

desenvolvimento naturalmente, sem empecilhos.

O desenvolvimento da apreensão e a marcha vão depender tanto do

amadurecimento neurológico quanto da estimulação sócio-afetiva que o

ambiente permitir. Então, ontogeneticamente, o indivíduo também tem muito a

ganhar ou a perder, dependendo da estimulação que lhe é dada. Pais que

permitem que a criança fique mais tempo no chão, incentivando-a com objetos

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interessantes, adequados a sua idade, favorecem um desenvolvimento e

amadurecimento mais rápido e harmônico.

Não devemos esquecer-nos de uma fase anterior a esta,

talvez mais importante ainda, a amamentação. O importante não é só

o tipo de leite, mas também a maneira como a mãe segura o bebê.

Neste momento, ele percebe se ela está relaxada ou tensa, se o ato

está sendo prazeroso ou não, se está sendo amado ou rejeitado pelo

simples contato de pele, a maneira como é segurado e pelos

batimentos do coração materno. Desta relação depende a

aprendizagem do tônus muscular, se vai ser relaxado ou tenso, ou

situar-se nos extremos: hipotônico ou hipertônico.

Uma mãe teve três filhos homens. Por ter o mamilo

"embutido" não conseguiu amamentar e os três foram alimentados no

berço, no carrinho ou no bebê conforto, somente segurando a

mamadeira, sem nenhum contato físico. Por mais que fosse orientada

a proceder de maneira diferente, não seguia as recomendações;

conclusão: o mais velho se desempenha bem na escola, mas não

consegue relacionar-se com ninguém, não tem amigos, é inseguro e

só vive agarrado à mãe; o do meio apresentou atrasos na linguagem

e até hoje, aos 11 anos, não consegue aprender a ler e a escrever; e

o terceiro é uma criança franzina, doente, com poucos recursos

motores. (BECKER, 2000)

O movimento não é um puro deslocamento no espaço nem uma adição

pura e simples de contrações musculares; o movimento é a expressão material

de uma dialética subjetivo-afetiva, que projeta a criança na sua história

biossocial.

1.10. A importância da Educação Física no desenvolvimento da

psicomotricidade

A responsabilidade dos profissionais da área de Educação

Física que intervêm direta ou indiretamente no desenvolvimento da

criança não é só o de assegurar o crescimento físico saudável, mas o

de orientar os pais no sentido de que crescimento e desenvolvimento

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envolvem independência e esta gera sentimentos de capacidade e

segurança, levando-a a ter iniciativas, a ser capaz de tomar decisões,

participando ativamente do seu meio sociocultural, aprendendo a

utilizar-se de todas as suas capacidades. Para Piaget, "a criança

estabelece relação com o exterior através da circulação entre as

percepções (assimilação) e os movimentos (acomodação) e é o

conjunto de adaptações que (na sua circulação materializada pela

motricidade) irá transformar a inteligência prática (sensório-motora)

em inteligência reflexiva (gnósica)". (LABAN, 1978)

O objetivo é alertar sobre a necessidade de garantir à criança o direito a

um desenvolvimento integral e harmônico, dando-lhe espaço para que se

desenvolva, primeiramente na área motora e conseqüentemente na cognitiva,

social e emocional. Somente assim estaremos garantindo o desenvolvimento

de um ser humano na sua totalidade. E um desafio é quando se afirma: "Um

dos grandes passos a ser realizado pela sociedade é aquele que deve unir o

orgânico ao psíquico, o corpo à alma, o indivíduo ao seu grupo sociocultural".

1.11. O significado do movimento na infância e a Educação

Física

Os movimentos são de grande importância para a vida do ser humano. É

através de movimentos que o ser humano age sobre o meio ambiente, para

alcançar objetivos desejados ou satisfazer suas necessidades. A comunicação,

a expressão da criatividade e dos sentimentos, é feita por meio de movimentos.

É através de movimentos que o ser humano aprende sobre si mesmo: o que

ele é e o que é capaz de fazer. É através de movimentos que o ser humano

aprende sobre o meio social em que vive.

As principais manifestações de uma criança recém-nascida são

motoras. A criança conhece o mundo ao seu redor por meio da

exploração. A exploração depende de objetos que compõem o seu

universo. É pelos movimentos que a criança desenvolve conceitos

como pequeno, grande, duro, mole, quente, gelado, pesado e leve. O

movimento é a essência da infância.

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Portanto, a criança explora o ambiente graças à sua

capacidade de movimentar-se, por isso, é través do movimento que

ela começa a aprender sobre si mesma e sobre o mundo ao seu

redor.

O oferecimento de experiências ricas em movimentos será

muito importante para a aquisição de movimentos mais complexos, já

que os movimentos adquiridos na infância formam à base de toda a

aprendizagem posterior. (FREIRE, 1994)

A criança necessita de um ambiente que lhe possibilite desenvolver a

capacidade de usar o corpo efetivamente, melhorando a qualidade do

movimento, o que lhe permitirá aprender sobre si mesma e sobre o mundo em

que vive.

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CONCLUSÃO

Conclui-se através deste estudo que atividades psicomotoras

ministradas nas aulas de Educação Física escolar, contribui grandemente para

o desenvolvimento de crianças de 3 e 4 anos.

É comum a Educação Física escolar ser a única a trabalhar objetivando

o desenvolvimento da psicomotricidade dos alunos, mas, através de pesquisa,

pode-se constatar que as escolas têm modificado este costume e as

professoras em sala de aula têm ministrado atividades que envolvem a

psicomotricidade.

Na Educação Infantil, os alunos são crianças de pouca idade e as

atividades que devem envolvê-las devem ser de ordem recreativa visando o

desenvolvimento total da criança. Mas a ação psicomotora da criança é de

fundamental importância e nessa faixa de idade há a possibilidade de se

trabalhar com uma vivência de movimentos e superação de limites que serve

de experiência à criança.

Sugere-se através da conclusão desta pesquisa que o profissional de

Educação Física atente para essa importância e tendo a Educação Física

escolar com seus diversos conteúdos de interesse extremo da criança, permita

que ocorra o desenvolvimento de seus alunos contribuindo para o futuro

cidadão e melhorando sua qualidade de vida.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografias consultadas:

BORSARI, J.R. et al. Educação Física da pré-escola à universidade. São

Paulo: E.P.U., 1980.

BRACHT, V. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre:

Magister, 1992.

CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se

conta. Campinas: Papirus, 1988.

DAMASCENO, Leonardo. A estimulação essencial e a natação para bebês.

A psicomotricidade e a Natação aplicadas a crianças de 0 a 10 anos. Rio

de Janeiro: Apostila, 1986.

FONSECA, Vítor da; MENDES, Nelson. Escola, Escola, Quem És Tu?

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Prof. Celso Sanches – Orientador

Monografia aprovada em / / .