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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES A VEZ DO MESTRE PÖS GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR O PERFIL DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS Por: JAQUELINE SALGADO VIDAL Monografia apresentada ao Curso de Docência do Ensino Superior da Universidade Cândido mendes, como requisito à obtenção do título de Pós Graduação, sob. Orientação do Prof. .AntônioFernando Vieira Ney. Rio de Janeiro Setembro de 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

A VEZ DO MESTRE

PÖS GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

O PERFIL DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS

Por:

JAQUELINE SALGADO VIDAL

Monografia apresentada ao Curso de Docência do Ensino Superior da Universidade Cândido mendes, como requisito à obtenção do título de Pós Graduação, sob. Orientação do Prof. .AntônioFernando Vieira Ney.

Rio de Janeiro

Setembro de 2004

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SUMÁRIO HIPÓTESE .............................................................................................................................................3

AGRADECIMENTOS..............................................................................................................................4

DEDICATÓRIA........................................................................................................................................5

PROBLEMATIZAÇÃO.............................................................................................................................6

METODOLOGIA......................................................................................................................................9

INTRODUÇÃO......................................................................................................................................12

CAPÍTULO I

1.1 - O PROFESSOR DE PORTUGUES ...............................................................................................15

1.2O PAPEL DO PROPFESSOR DE PORTUGUÊS.................... .........................................................16

1.3 – ESTIMULADOR DAS COMPETÊNCIAS COMUNICATIVAS.......................... ..............................21

1.4PRATICANTES DE METODOLOGIAS ATIVAS E DIVERSIFICADAS..............................................22

1.5 REGULADOR DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM .......................................................24

1.6 GESTOR DA(S)DIVERSIDADE(S) E DA(S) DIFERENÇAS.................. .........................................24

1.7PARTICIPANTE EM DINAMICA DE TRABALHOS EM GRUPO.....................................................25

CAPITULO II

2.1 O ALUNO....................................................................................................................... .................26

2.2 RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO .................................................................................. ...............28

2.3 O DEVER DA ESCOLA .................................................................................................. ..............29

2.4 AVALIAÇÃO...................................................................................................................................31

2.5 CURRÍCULO ...................................................................................................................................34

2.6 O PAPEL FUNDAMENTAL DA FAMÍLIA / COMUNIDADE.............................................................39

CAPITULO III

3.1 O QUE OS PROFESSORES PENSAM SOBRE: PROGRESSÃO CONTINUADA OU PROMOÇÃO

AUTOMÁTICA (COMO É CONHECIDA POR MUITOS PROFESSORES) ..........................................42

CONCLUSÃO........................................................................................................................................44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................................45

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Hipótese:

Definir o professor de Português que possa enfrentar

positiva e eficazmente os desafios que se apresentam e fazê-los mostrar aos seus

alunos que saber ouvir, ler, falar e escrever bem é tão importante como dominar

outros fatores. Objetiva-se também mostrar ao professor que ele deve implicar e

informar os pais no percurso de aprendizagem dos filhos, alertando-os para a

importância central da sua participação quer como fontes de despistagem de

eventuais problemas quer como colaboradores ativos que se envolvem diretamente

nas atividades promovidas pelos seus educandos.

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Agradecimentos

Agradeço à Deus , que em sua

benignidade, nos salva de graça,

bastando fé. Ao meu marido Sergio, que

com muito amor e paciência contribuiu

para que este trabalho chegasse ao fim.

Aos meus pais Rubem e Zélia, que foram

meus primeiros professores na escola da

vida. À amiga Elizabeth Alves e ao

professor orientador Antônio Fernando

Vieira Ney pelo incentivo e apoio de valor

inestimável. E a todas as pessoas que

direta ou indiretamente colaboraram para

a confecção e o aperfeiçoamento desse

trabalho.

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Dedicatória

Dedico esta monografia aos meus pais, cujos

exemplos de honestidade e cidadania não podem

ser expostos em poucas linhas. Ao meu marido

Sergio, por ser o presente mais especial que já

recebi. Aos meus irmãos Paulo César e Alexandre

pelo carinho que tenho por eles.

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Problematização

“LER PARA ESCREVER”

Ler é uma virtude que requer muita sensibilidade, uma entrega que tanto

pode nos causar prazer ou perturbações. Livros são iguais à comida, dizia Rubem

Alves quando comparava a leitura a uma virtude gastronômica, uma arte de

discriminar os gostos, pensando nos prazeres que ambos, a leitura e o alimento,

podem nos proporcionar.

Ler é adentrar outros mundos possíveis. É questionar a realidade para

compreende-la melhor, é distanciar-se do texto e assumir uma postura crítica frente

ao que de fato se diz e ao que se quer dizer, é assumir a cidadania no mundo da

cultura escrita. O desafio de dar sentido à leitura tem uma dimensão maior e

assumida na construção da escrita.

A escrita é um ato difícil, é uma atividade complexa que requer

planejamento, trabalho, disciplina, atenção, paciência e revisão. Escritores,

compositores, jornalistas e nós, professores, fazemos uso dela como instrumento de

trabalho. E escrever não só depende de dom, mas de empenho, dedicação,

compromisso, seriedade e crença na possibilidade de ter algo a dizer, que vale a

pena ser lido, compartilhado com os outros.

É um procedimento e como tal, depende da prática, de reflexão sobre o

que e como escrever, e exercício de muitas leituras. E o talento da escrita, nasce da

freqüência com que ela é experimentada. Luís Fernando Veríssimo, escritor

talentoso, declara no seu texto: “O gigolô das palavras”e nos incentiva e aconselha:

.... Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer

“escrever claro”não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. ( E

quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover....)

A leitura é antes de tudo um requisito básico para que isto aconteça,

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sendo um subsídio, uma fonte para que o escritor possa dar vôos altos nesta relação

de prazer e ensino que a leitura pode nos oferecer. Leitura e escrita se inter-

relacionam permanentemente: “Ler para escrever”é imprescindível quando se

desenvolve um projeto de texto. Uma prática de leitura freqüente é essencial para

que se possa produzir bons textos, pois favorece o contato intenso com as

diferentes possibilidades do uso da língua, com os diferentes gêneros literários, com

as informações sobre diferentes assuntos que podem vir a ser conteúdo de textos

escritos.

Mas, isto só acontece através da liberdade de escolha que o leitor deve

ter, buscando seus próprios caminhos literários. Conforme Sueli Cagneti, “libertar o

leitor é deixa-lo em contato com o livro, permitindo que o mesmo possa percorrer

caminhos necessários à sua formação de cidadão-leitor, deixando-se penetrar pelo

gozo no ato de ler, brincando com o inusitado jogo das palavras que um texto pode

oferecer”.

O PCN de Língua Portuguesa aborda bem esta questão, quando coloca

que o objetivo central do ensino é o que o aluno aprenda a ler, a produzir textos com

competência discursiva. Esta deveria ser a questão central no ensino-aprendizagem

na escola, oferecendo situações didáticas para que a leitura e a escrita estejam

sempre presentes no cotidiano escolar de forma prazerosa e definitiva. Isto

favoreceria a formação lê leitores autônomos e críticos, produtores de textos e

adequados à situação comunicativa, ampliando assim o conhecimento e a visão do

mundo.

Existem na escola, professores que são pontes e mediadores para que

isso aconteça. Como cita Rubem Alves, quando compara o professor a um

cozinheiro que ptrepara a comida com amor, prazer e inovando sempre. O professor

cozinheiro é aquele profissional que cria, oferece situações reais e diárias para que

a leitura e escrita aconteçam de forma prazerosa no ambiente escolar.

A escritora Ana Maria Machado, em uma entrevista a revista Nova Escola,

fala da importância da escola na formação das futuras gerações de leitores e afirma:

“Ler é muito gostoso, é natural que as pessoas gostem” . Só falta alguém que

desperte este interesse. Ela afirma que o professor pode assumir esse papel,

servindo de exemplo para que as futuras gerações passem a andar com livros a

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tiracolo. “É preciso ensinar aos alunos a beleza da língua e reafirmar a noção de que

o livro é um amigo que está sempre do nosso lado”.

Assim sendo, se a escola não nos ensinou, oportunizou e garantiu este

interesse, intimidade e proximidade com a leitura e a escrita, o prazer de ler pelo ler,

o gosto de brincar com as palavras e ler nas entrelinhas. Só nos resta dar a volta por

cima, arregaçar as mangas, ir à procura do tempo perdido, assumindo os riscos de

experimenta-las.

Em sua poesia “ A palavra mágica”, Carlos Drummond incentiva a busca

constante pela palavra e seus significados. Uma busca que nos leva ao prazer, aos

sonhos e o encanto de descobri-las.

“ Vou procura-la a vida inteira / no mundo todo. / Se tarda o encontro, se não a

encontro, / não desanimo, / procuro sempre.

Busca esperançosa, de uma educação libertadora, eficaz para todos,

permitindo, inserir-nos no mundo como agentes de transformações, construindo um

mundo melhor. Só existe saber na invenção, na transformação, na busca inquieta,

impaciente, permanente que nós fazemos no mundo, com o mundo e com os

outros. Como bem diz a poesia de Cabral de Melo Neto:

“Tecendo a manhã”.

“ Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele outro galo e o lance a outro;

de um que apanhe o grito

que um galo antes

e o lance a outro;

e de outros galos....

se vá tecendo, entre

todos os galos.

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METODOLOGIA

O QUE É ENSINAR PORTUGUÊS

AULA DE PORTUGUÊS ( Carlos Drummond de Andrade)

A linguagem

Na ponta da língua,

Tão fácil de falar

E de entender

A linguagem

Na superfície estrelada de estrelas,

Sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

E vai desmatando

O amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, esquipáticas,

Atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

Em que pedia para ir lá fora

Em que levava e dava pontapé,

A língua, breve língua entrecortada

Do namoro com a prima.

O português são dois, o outro, mistério.

Desde que fora constatada a ineficiência de um sistema de ensino de

Língua Portuguesa que visava, por excelência, ao ensino da Gramática como um fim

em si mesmo, buscam-se outras maneiras de elaboração do conteúdo programático

de tal disciplina nas escolas de ensino médio e Fundamental.

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A não funcionalidade de um método tradicional de ensino em que o

professor de Língua Portuguesa colocava-se como o único detentor do

conhecimento acerca da língua ( como se verifica no poema de Carlos Drummond)

revelou a necessidade da busca de novas perspectivas pedagógicas. Isso porque a

conduta tradicional foi, em grande parte responsável pelo surgimento da aversão,

por parte dos alunos, não só ao estudo, mas à própria Língua Portuguesa. Além de

ter contribuído consideravelmente para a falência do ensino como um todo, já que as

habilidades de leitura e de escrita são pressupostos básicos para o desenvolvimento

da reflexão nas demais disciplinas curriculares.

Isso sem mencionar a infeliz difusão de um preconceito social que fora

promovida na escola através do preconceito lingüístico, fazendo com que dialetos de

menos prestígio fossem relegados à categoria de “errados” e o equívoco cometido

por muitos professores, principalmente os das primeiras séries de considerar a

bagagem não só lingüística como cultural do aluno, promovendo uma ruptura entre

escola X realidade:

“Já esqueci a língua em que comia

em que pedia para ir lá fora/ em que levava e dava pontapé...”

Como a somatória dos efeitos desses problemas relacionados ao no que

concerne ao próprio desenvolvimento da sociedade, tornou-se pertinente a

reformulação do conceito do que seria ensinar Português. Para tal, deve partir do

princípio básico de que o uso da linguagem deve constituir tanto ponto de partida

quanto ponto de chegada. Assim, as atividades de leitura, escuta, escrita, e fala

devem visar ao desenvolvimento, no aluno, das habilidades de compreensão,

reflexão e construção, e não constituírem barreiras para o desenvolvimento

intelectual dos mesmos.

Uma vez que a democratização social pressupões garantia de acesso aos

saberes lingüísticos necessários para a cidadania, o reconhecimento do aluno como

cidadão, e, portanto, a valorização de seus conhecimentos prévios( cultura,

linguagem, experiências diversas) é fator fundamental para o pleno desenvolvimento

do ensino da Língua Portuguesa. Cabe à escola ( professor), em primeira instância,

enfrentar os preconceitos lingüísticos, ensinando o respeito à diferença e libertando-

se do mito quanto a língua ( como o da existência de uma única forma de se falar,

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por exemplo) a fim de conscientizar os alunos sobre a necessidade de adequação

da linguagem utilizada ao contexto de comunicação.

A partir daí, o ensino da Língua Portuguesa deve buscar desenvolver no

aluno a não só habilidade de compreensão de discursos e de reflexão sobre os

mesmos, mas também aguçar neles a vontade de produzir e difundir idéias. Como

na linguagem verbal possui estrito vínculo com o pensamento, e por isso, não pode

ser compreendida sem relação com uma situação concreta de enunciação, as

atividades propostas pelo professor devem contemplar as diversas situações sócio-

comunicativas a que o aluno é ( ou será) exposto em sua vida cotidiana, científica,

profissional..., de modo a viabilizar ao aluno o acesso ao universo de textos que o

circundam, inclusive de outras disciplinas. Daí decorre a fundamental importância da

abordagem, em sala de aula, dos diferentes tipos de gêneros discursivos existentes

na sociedade, trazendo para o estudo da Língua Portuguesa a realidade quanto ao

uso da língua: o domínio da mesma será finalmente contextualizado à expressão e

defesa de pontos de vistas, cumprindo assim o papel fundamental da Educação.

A seleção de bons textos e de exercícios e reflexões para os mesmos

será decisiva para o alcance de um ensino satisfatório da Língua Portuguesa, um

ensino que desperte no aluno a vontade e a capacidade de buscar a aquisição e a

produção de conhecimento através da linguagem. Tal mudança de conduta quanto

ao ensino da Língua Portuguesa, que propões uma rediscussão sobre o ensino da

Gramática, depende não só da formação de professores interessados em discutir

sobre “O que é ensinar Língua Portuguesa?”

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INTRODUÇÃO:

Muito se tem discutido sobre educar no século XXI. Mas diante do mundo

globalizado e o avanço tecnológico, como vêm sendo organizados os currículos e

programas das escolas, para que tipo de aluno e sociedade, parece ser perguntas a

serem respondidas pelos educadores e especialistas.

Os alunos precisam estar prontos para os desafios do futuro imediato. A cada

dia são lançados no mercado novos equipamentos e por que não falar que a cada

hora são criados nos laboratórios tecnológicos novos chips de computadores, sejam

para economizar energia ou para agilizarem nossas pesquisas e comunicações via

internet.

Nosso século esta sendo marcado pelas transformações e por isso, fica cada

vez mais evidente que é necessário ensinar/incentivar na disciplina língua

Portuguesa, pois considerando que a língua materna é um bem cultural e o seu

domínio um direito de todo cidadão. Os professores e pesquisadores dessa disciplina

precisam entender que o ensino da língua deve formar cidadãos-leitores/escritores

competentes, reflexivos e críticos, desenvolver a prática da leitura e da escrita e,

ainda, instrumentalizar o aluno para que ele possa dominar e utilizar o padrão-culto da

Língua Portuguesa, e outras variantes da língua, em diferentes situações da vida.

Os alunos,atualmente, encontram-se com dificuldades de ler e escrever, de

estudar português nas escolas de Ensino Médio, pois são cobrados em sala de aula

por um conteúdo que exige uma base ou um pré-conhecimento que deveria ser

ministrado nos ciclos do ensino fundamental, e que efetivamente não ocorre como

prática pedagógica vigente.

Com isso, os alunos entram num corredor extenso de medo e decepções com

o português envolvendo também todas as outras disciplinas. Em tal corredor só

existem duas saídas, duas portas: a primeira leva o aluno a se desesperar atrás do

tempo perdido nas aulas de português do ensino fundamental nas quais não eram

ministradas ou não eram cobrados todos os conteúdos destinados a este segmento

ou por estarem desmotivados, não deram tanta importância ao aprendizado. Mas,

vendo-se entre o fracasso e o sucesso, tentam num curto espaço de tempo recordar

ou aprender o que não aprenderam.

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Alguns conseguem, porém a grande maioria dos alunos é lançada á uma

segunda porta, na qual dependem da paciência, dedicação e amor do professor e

este tem a tarefa mais árdua, que é a de manter a qualidade e o interesse dos

estudantes para que aprendam ou relembrem os conteúdos, que são muito

importantes para o seu crescimento (formação/ desenvolvimento) intelectual, moral e

social tanto dentro como fora da sala de aula.

Crescimento intelectual, porque torna os alunos mais aptos a ampliarem a

capacidade de falar, ouvir, ler e escrever, e empregar adequadamente a língua nas

mais variadas situações de vida.

Crescimento moral, pois educação ‘’também’’ se aprende na escola. Em

outras palavras, há a necessidade de se formar pelos valores éticos, políticos e

culturais para que os educandos possam ter a capacidade para discernir entre o certo

e o errado, qual o melhor caminho a seguir, fortalecendo sua formação cidadã. Como

diz o ditado popular: “é estudando que se aprende” e por que não é estudando que se

educa em seu sentido mais amplo e pleno?

No tocante ao crescimento social, é importante para o aluno que a partir de

sua formação e desempenho intelectual e moral, que a sua inserção social seja

também de forma consciente de seus direitos e deveres para ajudá-lo em seu

desenvolvimento intelectual e profissional.

Quanto ao papel do professor, não basta que faça a mediação didática entre

seu saber e os conteúdos ministrados dentro da disciplina Língua Portuguesa. É

preciso que se resgate a figura do professor-educador para que possa administrar os

conflitos promovidos pela dissociação entre teoria e prática do ensino de português

para que se evite o “curral” imposto aos alunos que não conseguem acompanhar os

conteúdos levando-os a repetidos fracassos escolares, sofrendo cobranças tanto da

família quanto da sociedade, levando-os a abandonarem a escola inserindo-os na

sociedade como uma simples peça da engrenagem trabalhista, como mão-de-obra

desqualificada e barata, não tendo, pois, qualquer chance a uma mudança de status

social, permanecendo quase todos a mercê de um trabalho assalariado, informal, sem

quaisquer seguranças trabalhistas, isto quando conseguem uma oportunidade!

Feitas tais considerações, delineia-se o problema dessa pesquisa: analisar e

compreender qual é o verdadeiro papel do Professor de Língua Portuguesa e

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conseqüentemente entender a importância que este tem de criar, incentivar, a cada

momento. Neste sentido o estudo privilegiou, enquanto categorias de análise, as

questões ligadas ao conteúdo, os modos de avaliação, a relação professor-aluno e as

metodologias utilizadas pelos professores. A pesquisa contribui, portanto, para o

entendimento dos alunos e professores da necessidade de trabalharem de forma

mais participativa e dialógica, para que venham minimizar a problemática da

permanência, apontando para uma mudança metodológica do ensino da Língua

portuguesa e sua contribuição para a formação cidadã dos educandos rumo ao século

XXI..

O estudo foi desenvolvido com base na prática de ensino dos professores de

português, em uma escola de ensino médio nas turmas de primeira série, objetivando

verificar fatores importantes no aprendizado do português que precisam ser mudados

ou aperfeiçoados, para que se alcance o objetivo do ensino .

O trabalho mostra também, que a partir dessas análises, há a possibilidade de

alternativas pedagógicas que viabilizem o sucesso escolar, reduzindo os indicadores

da evasão escolar e propiciando aos educadores um novo olhar sobre o fracasso

escolar, contribuindo desta forma - embora não se esgote aqui o assunto em tese -

do próprio repensar mudanças que possam para a prática e fazer pedagógicos dos

docentes que se propõem a trabalhar educação portuguesa no século XXI;

melhorando os resultados dos alunos e atendimento escolar; facilitando assim a

melhor compreensão da matéria pelos alunos com dificuldade de aprendizagem, bem

como sua integração às atividades de classe, despertando no educando o “desejo” de

aprender e produzir conhecimento; elevando sua auto- estima e corrigindo as funções

cognitivas deficientes.

O trabalho segue com a seguinte estrutura organizacional:

No Capítulo I foram abordados temas sobre: O professor de Português ; O

papel do professor de Português; Estimulador das competências comunicativas,

Praticantes de metodologias ativas e diversificadas; Regulador do processo ensino-

aprendizagem; Gestor da(s) dificuldade(s) e das diferença(s); Participante em

dinâmicas de trabalho em grupo; (Pro)motor da mudança

No Capítulo II, refere-se ao o aluno; relação professor-aluno; o dever da

escola; avaliação; currículo; o papel fundamental da família/ comunidade.

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Já no capítulo III Registrou-se as opiniões dos professores sobre a influência

da Progressão Continuada no ensino fundamental.

CAPÍTULO I

1.1 O professor de Português.

Embora de uma forma sucinta, procurei aqui apontar algumas das

características consideradas fundamentais para o esboço de um perfil de

professor, das características comuns a qualquer docente. É tempo agora de

considerar mais atentamente a especificidade do professor de Português.

Não pretendo com isto dizer que tais características são exclusivas do

professor de Português, mas é sobre este que estamos aqui para refletir.

A escola deve proporcionar-lhes o desenvolvimento da competência

comunicativa e instrumental da língua. Compete-lhe fazer com que sejam

capazes de exprimir o que pensam, o que sentem, o que sabem, adequando o

discurso ao contexto, aprendendo a usar a língua como meio de adquirir

conhecimento, compreendendo-a na sua dupla especificidade de instrumento

de comunicação e de interpretação do real. Importa que os nossos alunos

compreendam que o domínio correto da língua é um fator decisivo para a sua

valorização pessoa, uma barreira contra o isolamento e exclusão sociais, um

instrumento de poder e de afirmação perante os outros.

Assim, o bom domínio da língua facilita o acesso a novas aprendizagens

já que “a educação lingüística é o alicerce e o fator sinergético da

aprendizagem de outras disciplinas e de outros saberes” ( Silva, 1998,p.156) .

É, pois, fácil perceber que o sucesso de toda a arquitetura do ensino assenta,

em grande parte, no sucesso do ensino da língua. Portanto, cabe também ao

professor de Português mostrar aos seus alunos que saber ouvir, ler, falar e

escrever bem é tão importante como dominar outros saberes. E não há forma

mais segura de mostrar que possuir ele próprio esse domínio, de preferência

com à-vontade e elegância.

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1.2 O Papel do Professor de Português

O papel fundamental de qualquer professor é sobretudo conhecer bem e ter

amor pela matéria que ensina, é como namorar, mas já pensando em casar, em

outras palavras, é conhecer bem no sentido de ir mais a fundo na disciplina que

ensina, muita curiosidade sobre a origem, a estrutura e as aplicações do assunto que

aborda em suas aulas, além de saber mais para ensinar melhor. O amor à matéria é

como num casamento, você é feliz e a conhece tanto que quer demonstrar para todos

como é fácil compreendê-la .

O professor não deve achar que é o detentor universal de todo o

conhecimento sobre a sua matéria , pois sua matéria pode mudar, se transformar para

melhor adaptar-se aos novos problemas, as novas invenções tecnológicas; então o

professor deve estar sempre se atualizando, adaptando-se junto à sua matéria às

novas produções e pesquisas neste campo do conhecimento humano atrelando-as ao

contexto do aluno e de onde a escola está inserida. Segundo as idéias

desenvolvidas por Góes, que foi secretário de educação do Rio (RJ) e de Natal (RN),

em sua entrevista

O professor ainda é (e será no próximo século) necessário

no ensino-aprendizagem: ele seleciona a programação, os

conteúdos, opera os aparelhos e, principalmente, usa a

palavra ao discutir com espírito crítico o que esta em pauta

na sala de aula, promovendo, posteriormente, a necessária

avaliação. O professor é, ainda, indispensável para

estabelecer o convívio humano entre educador e educando,

criar o clima de amizade e afeição entre as pessoas, formar

o caráter do aluno e assentar os princípios da construção da

cidadania. (Globo Opinião, 27 de janeiro de 1997, pág 7)

Sergio Dias, Reitor da Universidade Gama Filho acrescenta

O professor possui uma função muito importante junto aos

alunos, como uma espécie de pai e mãe. Enfim, um modelo.

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Aquele professor que traz à sala de aula não apenas seu

conhecimento, mas a ética, o comportamento, os valores

sociais, a maneira de ver o mundo, o relacionamento entre

as pessoas. Então, esse professor tem uma

responsabilidade muito maior do que o simples transmissor

de conhecimento. É fundamental que ele possua muita

humildade para perceber que nunca sabemos tudo e que

não somos o dono da verdade. O segredo da vida é

aprender a aprender, pois o desejo de dominar o

conhecimento é que faz o homem evoluir e buscar se

desenvolver cada vez mais. (Folha Dirigida, 15 de outubro

de 2001, pág 12).

Um anúncio pedindo novos professores para ensinar a uma nova sociedade,

economicamente mais ativa e globalizada, onde empregos não faltarão para aqueles

que estão reparados para viverem essa nova sociedade, exige novas posturas

metodológicas e alternativas de ensino que estejam contextualizados à pós-

modernidade. Professores novos também não significa, porém, novos em idade ou

recém formados, e sim novos em mentalidade, com posturas profissionais mais

críticas das leituras de mundo. É preciso que se dê e o professor tenha autonomia

pedagógica para acompanhar as transformações que o novo século requer. Paulo

Freire (2004) ao traçar os saberes exigidos à prática pedagógica para uma pedagogia

da autonomia assim se posiciona;

A pedagogia da autonomia em questão deve ser

fundamentada, neste enfoque, na ética, no respeito à

dignidade e à própria autonomia do educando. [...] Isto

implica em romper com concepções e práticas

tradicionalmente postas, buscando a competência técnico-

científica para o fazer pedagógico do professor-educador.

Desvelamento e desmistificação passam a ser

palavras/conceitos chaves para a autonomia da ação

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pedagógica “saber-fazer é saber-ser-pedagógico” . (p.11 e

12).

A autonomia preconizada por Freire está calcada no ato pedagógico enquanto

ato político, isto é, confere ao educador a possibilidade de pelo ato educativo

transformar a realidade/sociedade em que vive, daí manterem-se abertos ao

aprender a aprender , a se reciclar ,a viver uma nova era, com forças para ajudar o

Brasil a alcançar a tão sonhada libertação econômica e o seu desenvolvimento.;

professores altamente sensíveis capazes de aplicarem uma didática exemplar, ser

muito organizado no desenvolvimento de novos conceitos e desenvolvimento do

conteúdo programático exigido pelas escolas e pelo currículo oficial, buscando novas

alternativas pedagógicas que melhorem a qualidade de ensino tão almejada pela

educação brasileira.

Hoje, esse trabalho para os professores de Português é um pouco mais

árduo, pois como ensinar o novo se o novo conhecimento é produzido a partir de algo

anteriormente desenvolvido? Como vamos transmitir um novo conhecimento aos

alunos se o produto anterior, está por demais escondido, atrás de grossas paredes

erguidas sobre alicerces de fracassos e frustrações, onde seus tijolos são maciços,

cheios de preconceitos? O que se percebe é que os aprendizes culpam a matéria; por

sua vez o professor não assume que o fracasso escolar possa estar na organização e

seleção de conteúdos, nos obsoletos planos de ensino, nos inadequados instrumentos

de avaliação, não dando nenhuma oportunidade do aluno ter sequer o direito à

defesa, o direito à voz em suas argumentações?

Cabe aos professores de Português buscarem e trabalharem esses direitos

em comum acordo buscando uma relação mais dialógica e dialética, despertando nos

seus alunos o interesse, o deslumbramento, que enche qualquer pessoa de emoção

quando se consegue resolver determinado problema.

Mais uma vez, busca-se nas palavras de Freire o entendimento aprofundado

do fenômeno educativo quando aponta que

Como educador preciso de ir ‘lendo’ cada vez melhor a

leitura de mundo que os grupos populares com quem

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trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que

o seu é parte. O que quero dizer é o seguinte: não posso de

maneira alguma, nas minhas relações político-pedagógicas

com os grupos populares, desconsiderar seu saber de

experiência feito. (...) E isso tudo vem explicitado ou

sugerido ou escondido no que chamo ‘leitura do mundo’

que precede a ‘leitura da palavra”. (grifos meus) [ Freire

1998, p.90 }.

Estudar, aprender e educar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem

faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha

a não ser praticando”. (Freire 1968, p.28). Para Paulo Freire o aluno deve ser

desafiado pelo texto em sua totalidade, e seu objetivo seria a apropriação de

conteúdos significativos e contextualizados. Esta postura crítica, fundamental,

indispensável ao ato de estudar/conhecer, requer de quem a ele se dedica, que

assuma o sujeito desse ato.

São palavras de Paulo Freire na Pedagogia da Autonomia:

Outro saber fundamental à experiência educativa é o que diz

respeito à sua natureza. Como professor preciso me mover

com clareza na minha prática. Preciso conhecer as

diferentes dimensões que caracterizam a essência da

prática, o que me pode tornar mais seguro no meu próprio

desempenho. (Freire 1998,p.76)

Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o

escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É

buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do

conhecimento. Nesta ida e vinda do concreto para o abstrato e do abstrato para o

concreto, volta-se ao concreto problematizado.

Descobrem-se os limites e as possibilidades das situações existenciais

concretas captadas na etapa de investigação/questionamento do método freiriano.

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Evidencia-se a necessidade de uma ação concreta, cultural, política, social, visando à

superação de situações limites, isto é, de obstáculos à hominização. Segundo Gadotti

(1991)

Hominização é a etapa de evolução do mundo em que

surgem o homem e a mulher, ou seja, em que surge a

capacidade de refletir e de atuar sobre a realidade para

transformá-la. (p.40)

Saber ler e escrever torna-se um instrumento de luta, atividade social e

política. O objetivo final do método é a conscientização. A realidade opressiva é

experimentada como um processo passível de superação, a educação para a

libertação deve desembocar na práxis transformadora, ato do educando, como

sujeito, organizado coletivamente. Na Pedagogia da Autonomia esse ponto fica bem

evidenciado nas palavras do autor:

Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e

historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por

isso, somos os únicos em quem aprender é um é uma

aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do

que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é

construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não

se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.

(Freire 1998, p.77)

Outra questão fundamental ao ensino e educação portuguesa, parece residir

na constatação de que se os educandos não têm armazenado conhecimentos

apreendido das séries anteriores do Ensino Fundamental, ao ensinar o novo sem ter

esses requisitos anteriores o que deve fazer o professor, visto que se não quebrarem

essa parede onde os alunos estão escondidos, não terão acesso ao que já

sabem?.Primeiramente o professor tem que quebrar o muro para depois desenvolver,

aprimorar seus conhecimentos, afim de que possam construir não um outro muro e

sim uma fortaleza tendo como sua sustentação a sabedoria e o conhecimento, onde

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não haverá lugar para medos ou frustrações e sim esperança e força para desbravar o

novo cada vez mais novo conhecimento. “A motivação do professor tem associação

positiva e significativa com o rendimento do aluno”. (Brandão, 1982, pág. 64).

É dever de todo professor conhecer bem seus alunos, o que facilitará seu

trabalho e elevará os resultados de suas aulas, conhecer cada habilidades para poder

enaltecê-las e enriquecê-las , conhecer cada dificuldades para poder fornecer ao

aluno outro caminho (raciocínio) ou um atalho que leve a superação de suas

dificuldades.

O professor nunca deve deixar uma pergunta sem resposta, mesmo esta

sendo trivial para ele, pois pode não sê-la para seu aluno, já que nem todos alcançam

o mesmo desenvolvimento cognitivo ao mesmo tempo. Ele precisa explicar de forma

natural e espontânea o que não foi entendido por seu aluno, de maneira que este não

seja colocado em evidência ou se exponha perante a turma, porque “a preocupação

com o conhecimento do professor, elemento indiscutivelmente de enorme importância

na dinâmica do fenômeno da evasão e repetência”. ( Brandão, 1982, pág. 40).

1.3Estimulador das Competências Comunicativas

Sendo a linguagem simultaneamente um instrumento para se aceder ao

conhecimento e um objeto de estudo,

“ ao aprendente terá de se dar a possibilidade de expressar as suas idéias de

forma articulada(...) de maneira a que se sinta que é nas peças que

constituem a linguagem que ele pode ir buscar aquilo de que necessita para

ter sucesso no modo como se exprime, na forma como interpreta e

compreende a linguagem escrita ou oral. Pinto( 1999,p.24)

É importante que o professor faça das suas aulas um espaço para os

alunos, que lhes saiba despertar a curiosidade pelas palavras, pelo

conhecimento, pela vida. Que lhes transmita segurança para que não tenham

medo de errar quando falam ou escrevem. Que lhes prove todos os dias que a

língua portuguesa é também a pátria de todos nós. Para isso é preciso que na

aula de Português se conviva com uma grande diversidade de tipologias

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textuais. Que se introduza a dificuldade como forma de despertar nos alunos a

emoção da incerteza e do desconhecido.

Por um lado, revela-se fundamental o trabalho da língua ao nível da

escrita, é necessário que o professor arranje espaço para que os alunos leiam

e redijam textos curtos e longos, textos com restrições, textos criativos,

informativos, recontos. Este trabalho tem de ser feito em sala de aula, do 1o

ao 12o ano.

Por outro lado, torna-se também imperioso rever profundamente o papel

reservado à oralidade. Todos reconhecemos a sua importância nos mais variados

domínios da vida, nomeadamente no livre exercício dos direitos de participação e

todos nos apercebemos das múltiplas dificuldades de comunicação. Tais evidências

obrigam-nos a repensaras práticas reservadas à expressão oral, não as restringindo

a uma oralidade espontânea. Importa também promover a exposição de idéias, a

organização de debates, o treino da audição, a capacidade de compreender uma

mensagem radiofônica ou televisa por períodos mais ou menos longos. Além disso,

de acordo com Pinto(1999), o bom domínio da expressão oral prepara os alunos

para um melhor domínio do registro escrito.

Contudo, o desempenho das quatro competências( da escrita, da oralidade,

ao nível da recepção e da produção) será tanto mais eficaz quanto for o

conhecimento explícito que cada um tiver quer do funcionamento da língua quer do

modo como se seleciona e organiza a informação provenientes das mais diversas

fontes. É esta análise que permite desenvolver com segurança e espírito crítico as

quatro competências referidas. São, por isso, técnicas que terão de ser ensinadas

também pelo professor de Português.

1.4Praticantes de Metodologias Ativas e Diversificadas

Se é no modo como interiorizamos as funções da linguagem que se define o

essencial do nosso estilo mental ( Bruner, 1999), dever-se-á solicitar aos alunos que

assumam “vozes” diversas nas suas produções orais ou escritas, implicando-os num

“jogo de faz –de- conta” que lhes revele o potencial quase inesgotável da

linguagem enquanto sistema recombinatório. É precisamente nesse contexto que se

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afirma, por exemplo, a pertinência da memorização nas aulas de Português. Não a

que se justifica a si própria, descontextualizada e centrada em meras listas quase

sempre de nomenclaturas gramaticais, mas a que desperta os alunos para “o sentir

dos elementos que constituem a linguagem e da funcionalidade desses mesmos

elementos em relação às frases que integram”( Duarte, 1996,p.83). Assim, o estudo

da poesia e de pequenos textos facilmente memorizáveis deverá cumprir um papel

determinante no reforço da consciência da pluridimensionalidade da linguagem.

Também parece absolutamente necessário o domínio das tecnologias da

informação e comunicação, trazendo-as para a sala de aula, transformando-as em

suportes mais motivantes das aprendizagens, a diversificação de materiais e meios

bibliográficos e técnicos. De fato, a questão da diversificação a diferentes níveis

permite não só quebrar a monotonia como ainda conhecer melhor o aluno na sua

globalidade, o que já foi apontado como um desafio.

O desafio que se coloca aos professores tem a ver com o recurso a

formas diversificadas de ensino e de avaliação, no que respeita a métodos e

instrumentos. Cada aluno é uma pessoa com velocidade e forma próprias de

apreensão do mundo. De acordo com a gestão mental de Antoine de la

Garanderie(1982/1991) umas pessoas compreendem mais facilmente

evocações visuais, enquanto outras se atêm sobretudo às auditivas, daí que

seja vantajoso diversificar abordagens para que outrostenham maior

oportunidade de acesso e de sucesso. ( Lobo,1998, p.94)

Porém, para que se possam concretizar algumas destas necessidades, é

preciso que as escolas estejam dotadas de centros de documentação e de

laboratórios multimídia, onde os alunos possam multiplicar e diversificar as

suas experiências lingüísticas, não apenas como receptores mas também

como produtores. Assim, tanto fora como na própria sala , individualmente, em

pares ou em grupos, partirão para a descoberta e prática da língua, abrindo a

aula de Português a uma multiplicidade de tipologias textuais até aqui muitas

vezes ausente do universo escolar.

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1.5 Regulador do Processo Ensino Aprendizagem

“O professor de Português tem de estar consciente de que uma parte

considerável dos saberes envolvidos na compreensão e produção oral e

escrita supõe a aprendizagem e o trino de competências muito finas”.

(Duarte, 1996, p.78) Nesta medida, e para que o sucesso se torne efetivo

importa que seja capaz de interpretar as reações alunos, proporcionando-lhes

diversos tipos de aprendizagens, corrigindo as suas imperfeições, abrindo

pistas para novos caminhos.

Em relação aos que apresentam dificuldades específicas, deverá ajuda-los

a compreender as diferentes etapas do seu processo de aprendizagem,

facultando-lhes, também, exercícios adequados à superação das suas

próprias dificuldades. Do mesmo modo, em relação aos que evidenciarem

ritmos de aprendizagem mais rápidos, deverá ser capaz de lhes propor

atividades de alargamento que os motivem e os mantenham centralizados no

trabalho a desenvolver.

1.6 Gestor da(s) Diversidade(s) e das Diferença(s)

Saber gerir a multiplicidade de discursos que coexistem no interior da sala

de aula é outra competência do professor de Português, na certeza de que

serão diversas as origens regionais, sociais e culturais dos alunos.

Duarte(1996) sublinha o “papel da disciplina de Português no acesso,

conhecimento e uso apropriado do Português padrão (...) sem que isso

signifique desprezo pelas variedades sociais e geográficas que os alunos

adquiriram”.( p.77)

Na realidade, hoje como nunca, as nossas escolas, refletindo uma

sociedade crescentemente heterogênea, integram também vários públicos. À

diversidade sócio-econômica decorrente da recente democratização do ensino

acrescem agora os diferentes grupos de alunos em cujo percurso de vida há

um contato mais ou menos importantes com outras línguas e outras culturas.

Ao professor, como a todo sistema educativo, cabe gerir estas

diversidades de modo a dar a todos aquilo de que necessitam para

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desenvolver as aprendizagens exigidas. Na aula de Português, as diferenças

culturais e lingüísticas dos alunos e do meio podem abordadas de modo a

promover a reflexão sobre o funcionamento da(s) língua(s) e a contribuir para

a formação pessoal e social dos alunos( Feytor-Pinto, 1997) .

1.7 Participantes em Dinâmicas de Trabalhos em Grupo

A imagem de um professor como senhor absoluto dentro das paredes

da sala de aula dará lugar à de um professor dialogante, como tem vindo a ser

dito. A leitura do programa do essencial numa escola para que possam ser

tomadas decisões orientadoras relativas a objetivos, conteúdos, estratégias,

atividades, formas de avaliação a desenvolver com alunos . Também a

preparação conjunta de aulas ( ao nível de sua organização, seleção de

textos, construção de materiais,) contribui para um enriquecimento mútuo.

Assim se justifica o trabalho com colegas de grupo e outros professores

da turma, em conselho e fora dele, não só para preparar aulas ou projetos

como também para comparar o seu olhar com outros olhares, aferindo o

retrato do aluno que vai construindo com os esboços que outros vão

desenhando. De certa maneira, será também esta uma forma de poder refletir

sobre a sua conduta enquanto professor, o que poderá favorecer a sua auto-

avalição.

CAPITULO II

Os dados tiveram um tratamento qualitativo, a partir dos cruzamentos das

informações dos respondentes, seguidos de uma análise crítico-interpretativa de seus

discursos, através das seguintes categorias de análise: planejamento, relação

professor-aluno, conteúdo programático, métodos e avaliação, por entender que estas

fazem parte do trabalho pedagógico do grupo pesquisado, o que pressupõe um

embasamento teórico em práticas mais amadurecidas sobre o tema em pauta.

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2.1 O Aluno

Segundo a metodologia sugerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais da

Educação Brasileira - PCN - , o aluno tem participação construtiva no processo de

aprendizagem e a necessidade da intervenção do professor para o ensino dos

conteúdos específicos, mas numa perspectiva mais ampla, onde o professor

juntamente com a escola deve auxiliar o aluno a desenvolver capacidades, a superar

limites, a estabelecer relações de convívio social, a construir e produzir

conhecimentos.

Para aprender Português o aluno primeiramente tem que estar a fim e querer

“chegar junto”, usando a sua própria linguagem, ou como diríamos o aluno tem que

estar disposto, a ler e escrever e muita curiosidade sempre acompanhada de

disciplina, pois curiosidade sem disciplina não leva a lugar algum.

O aluno deveria ter sempre em mente que educação é o passaporte para o

futuro, porque o amanha se faz hoje. Se a educação não refletir na sua melhoria de

vida e de todos que estão ao seu redor, não merece esse nome, pois quanto mais se

conhece mais exigente se torna, tanto com seus direitos quanto com seus deveres.

Quanto mais cedo o aluno adubar sua mente com perguntas e indagações,

preparando-a para o plantio da sabedoria, mais cedo poderá colher os vistos do seu

passaporte para o futuro.

A maior preocupação do aluno é a sua aprovação, ele não estuda para saber,

para ter o conhecimento, o seu desejo é a obtenção de uma boa nota na prova e nada

mais, não se preocupa com o amanhã. Ele não consegue enxergar na educação de

hoje como o trem do sucesso de amanhã e sem tomar nenhuma atitude fica na

estação brincando e sonhando a espera de um trem que mal sabe ele já está

passando.

O aluno não deve “engolir” uma explicação,. Deve-se perguntar ou solicitar

uma nova explanação, pois a duvida pode não ser só de um aluno, mas não se deve

esperar também que outro aluno se pronuncie sobre a mesma dúvida: deve-se

compreender que a melhor maneira de aprender alguma coisa é procurando sanar

dúvidas logo no início, para que depois o processo de assimilação do restante do

conteúdo possa ser entendido naturalmente.

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É partir do contato direto com os alunos e suas realidades, que nascem as

palavras e os temas geradores que podem promover discussões sobre a realidade

vivida, isto é, o miolo do método democrático. Essas dúvidas podem esclarecer a

todos os alunos de uma determinada comunidade, o modo de vida das pessoas do

lugar associado a um núcleo de questões ao mesmo tempo existencial (questões à

vida) e político (questões ligadas aos determinantes sociais das condições de vida).

Na Pedagogia da Autonomia Paulo Freire nos adverte que:

Pormenores assim da cotidianeidade do professor, portanto

igualmente do aluno, a que quase sempre pouca ou

nenhuma atenção se dá, têm na verdade um peso

significativo na avaliação da experiência docente. O que

importa, na formação docente, não é repetição mecânica do

gesto, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos

sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser

superada pela segurança, do medo que, ao ser “educado,

vai gerando a coragem. (Freire 1998 p.50-51)

Uma técnica , também, muito usada por Paulo Freire, é a promoção de

debates de grupo com objetivo de formação do ser crítico pela busca do andamento

de situações vividas e/ou experimentadas. A programação desses debates,

normalmente é tirada dos próprios grupos, através de entrevistas constantes com os

alunos o que resultam na enumeração de problemas que gostariam de entender.

Estes assuntos, acrescidos de outros, podem ser tanto quanto possível,

esquematizados e, com ajudas visuais, apresentados aos grupos, em forma dialogal.

Os resultados dessas relações dialógicas são surpreendentes, como Freire (1983)

afirma:

E que é o diálogo? É uma relação horizontal de A com B.

Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se do

amor, a humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por

isso, só o diálogo comunica. E, quando os dois pólos do

diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com, fé

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um no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se,

então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí há

comunicação.(p.107)

Logo, o aluno deve ser percebido como um sujeito concreto, situado no tempo

e no espaço, síntese de múltiplas determinações, isto é, um sujeito real – com o qual

a escola necessita trabalhar da melhor maneira possível.

Ensinar e educar exige disponibilidade para o diálogo entre professor e

alunos. É o que trataremos a seguir.

2. 2 Relação Professor - Aluno

Nas salas de aula deveriam sempre colocar em prática as palavras de Paulo

Freire quando diz que:

“Não existem educadores puros, nem educando. De um lado

e do outro do trabalho em que se ensina-e-aprende, há

sempre educadores - educando e educandos-educadores.

De lado a lado se aprende. A relação professor aluno é

horizontal e não Imposta, quando esta relação não se efetiva

não há educação.” (Bolema, ano 6, n°7, 1991, pág 7 a 22).

Vivemos em um mundo tão conturbado, cheio de violências e decepções,

vemos que a preocupação dos pais com seus filhos se tornam cada vez mais intensa,

e são expressões comuns do cotidiano das famílias e pais hoje: “não brinque na rua”,

“espera que o papai vai te levar”; “quando acabar a festa , ligue que a mamãe vem te

pegar” etc. E, apesar da proteção ter se tornado mais intensa, o que vemos todos os

dias nos jornais é a violência aumentando assustadoramente e desenfreada vem

atropelando e tirando a vida de jovens sem distinção de classes sociais e com essa

perda se vai também a esperança de muitos pais e irmãos,ou e da própria família

administrar esses conflitos.

Estamos construindo uma sociedade de medo. Qual a repercussão destes

fatos ou o que tem haver com a relação professor-aluno? Pode-se aferir algumas

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reflexões neste sentido como: qual o pai ou qual a mãe que não ficaria satisfeita, se o

melhor amigo de seu filho, de sua filha, fosse seu professor (a)?, não está aqui se

referindo a amigos que sempre convivem no mesmo grupo social, mas sim amigos ou

parceiros que juntos tocam e produzem conhecimentos, experiências, conselhos.

Uma pessoa que esta imbuída em “transmitir” o conhecimento que seu filho necessita

para poder trilhar no caminho de uma vida sadia e bem sucedida, uma pessoa que

esta preocupada em resgatar vidas, em melhorar a educação, a convivência de toda a

sociedade. Este será sem dúvida um ótimo amigo, não só dos jovens, mas de toda a

família.

O professor-educador precisa ter uma relação horizontal, de diálogo e

confiança entre ambos, na qual os dois lados são respeitados e ouvidos existindo

sempre um aproveitamento mútuo. Nessa relação bilateral, o professor necessita

conhecer o mundo de seus alunos para poder através da sua matéria ajudá-lo a

construir um pensamento crítico e lógico com sabedoria para saber discerni acerca do

certo e do errado. Ele deve enxergar em cada aluno um sujeito em potencial, porém

em formação. Essa formação cidadã é imprescindível para o futuro comportamento

desses jovens no mercado de trabalho e na sociedade contemporânea como um todo,

sendo pois um dos grandes objetivos da ação curricular da escola hoje, como

defende Santos, 1990, Moreira, Lopes e Macedo, (2000) quando esclarecem como

vêem a relação da formação do aluno com o professor: “Nosso argumento central é

que a compreensão do processo de construção e reconstrução da formação do

cidadão ou da disciplina escolar, em um dado estabelecimento de ensino, exige a

consideração dos contextos sócio-histórico-cultural nos quais o processo se

desenrola” (p.2)

O aluno bem preparado saberá reconhecer que não precisa ter a mesma

idade, ou freqüentar as mesmas festas e bailes para ser um bom amigo. Amigo é

aquele que mesmo longe está pensando em um modo de lhe ajudar ou está feliz pelo

simples fato de ter entendido uma explicação. Uma relação onde o aluno está

consciente da sua situação e que precisa se dedicar aos estudos para alcançar uma

melhor posição, uma melhor colocação na sociedade e onde a sua única certeza é

que um amigo (o professor-educador) está pronto para lhe ajudar.

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2.3 O Dever da Escola

Na elaboração dos PCN a estrutura escolar foi organizada em ciclos e a

organização do conhecimento escolar está dividida em áreas onde cada uma dessas

têm um estudo especial, o educador irá encontrar pressupostos teóricos, objetivos e

blocos de conteúdos acompanhados por orientações didáticas e de avaliação que

deverão ser estudadas pela escola e pelo professor para que sejam adaptadas à sua

realidade. Existe também uma ênfase entre a integração dessas áreas.

A incorporação ao processo educativo da discussão de questões sociais

relevantes e presentes na vida cotidiana do País vem auxiliando o objetivo da escola

que é o de educar não somente a respeito dos conteúdos das áreas, mas também em

educar indivíduos para o exercício da cidadania.

Se o ditado popular estiver correto, no qual “as crianças são o futuro de uma

nação,” então o melhor lugar para começar a transformação dessa nação é na escola

onde as crianças estão prontas a aprender e dispostas a ensinar, demonstrar o que

aprenderam para todos que tiverem em sua volta, ou seja, para seus familiares e

amigos por exemplo, atingindo dessa forma não só as crianças como também todos

que estiverem ao seu redor.

A proposta curricular propõe que sejam estabelecidos temas comuns entre as

disciplinas e que seja aproveitada na pratica diária do aluno. Tais temas elevam o

conhecimento dos alunos em várias disciplinas, despertando assim seus interesses,

curiosidades e estimulando-os na resolução de problemas, num universo de soluções

que lhes será mais familiar e como conseqüência imediata formarão pessoas mais

criativas e inovadoras, tal como reconhece Sacristan, citado por Tura, 2002:

“Do ponto de vista pedagógico, o importante não são as

declarações ou os desejos sobre aquilo que queremos

introduzir no currículo, mas a experiência que é vivida pelo

aluno. Quando entendemos a cultura não como os

conteúdos-objeto a serem assimilados, mas como um jogo

de intercâmbios e interações que são estabelecidos no

diálogo da transmissão-assimilação, convém estarmos

conscientes de que a toda experiência de aquisição se

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entrecruzam crenças, aptidões, valores, atitudes e

comportamento, porque são sujeitos reais que lhes dão

significados, a partir de suas vivências como pessoas” (p.88)

Portanto, a função da escola é ensinar aos alunos a aprender e a lidar com o

conhecimento, formar alunos capazes de interpretar todas essas informações de

forma crítica e coerente, como bem esclarece Brandão: “A remoção do estudante do

ambiente do lar para um ambiente de ensino, nas escolas tem impacto no rendimento.

Quanto mais tempo permanecer na escola, quanto mais longo o tempo em que

estudou uma disciplina, melhor será o rendimento”. ( Brandão -1982- pág. 68).

2.4 Avaliação

Avaliar é uma questão fácil e simples, quando se tem o domínio da área que

se pretende avaliar ou da matéria que será instrumento de avaliação, de um processo

de seleção por exemplo. Essa é uma questão que não se resume a saber ou não

saber avaliar e sim: quando, para que e como avaliar.

A avaliação inicial ou diagnóstica tem papel muito importante, pois é por onde

o professor deve se basear e retirar elementos para fazer seu planejamento,

determinando seu conteúdo e respectivo grau de aprofundamento. O professor deve

usar de sua percepção para observar a turma e constatar se é ou não aquela a melhor

hora para se aplicar uma prova , deve verificar através de sua experiência se os

alunos estão dominando em todo ou em parte o novo conteúdo e se ainda não estão

dominando bem, tentar sanar as dificuldades apresentadas, antes de aplicar a

avaliação, se ele inverter essa ordem todos já sabemos qual será o resultado. Coll

(1996:148) ratifica esse posicionamento quando declara;

Em um projeto curricular que, de acordo com a seqüência

proposta para ordenar temporalmente as intenções

educativas, retoma periódica e ciclicamente os conteúdos

para elabora-los em diferentes níveis de profundidade, a

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avaliação inicial de cada nova etapa de aprendizagem

adquire especial importância. Não só porque proporciona

informações úteis ao professor para decidir o nível de

profundidade no qual devem ser abordados os novos

elementos do conteúdo e as relações entre os mesmos, mas

também porque, ao serem expostos e analisados

grupalmente, os resultados da avaliação inicial podem ter

uma motivação motivadora para realizar novas

aprendizagens, na medida em que possibilitam aos alunos

tomar consciência das lacunas , imprecisões e contradições

dos seus esquemas de conhecimento e da necessidade de

supera-las. Em suma, a avaliação inicial, entendida como

instrumento de ajuste e recurso didático que se integra no

próprio processo de ensino-aprendizagem, parece-me uma

prática altamente recomendável..

O compromisso de todo professor é “entre outros” ensinar a sua matéria e

para que ele tenha certeza de que o seu método de ensino está dando certo, se seu

planejamento de aula está ajudando no aprendizado de seus alunos , se a

assimilação de seus alunos está a altura de suas expectativas, precisa aplicar,

portanto, uma avaliação para constatar a veracidade de sua conclusão.

Como avaliar? O professor deve escolher o modo de avaliação de forma

consciente e democrática. Consciente em sua elaboração, cobrando questões que

envolvam os conteúdos estudados, dosando o grau de dificuldade de forma crescente

para que o aluno possa adquirir confiança no desenvolvimento das demais questões,

pois quem não fica nervoso quando está sendo avaliado? Democrática, digo levando

em consideração a escolha da turma pela forma de avaliação mais agradável, que

para a verificação desejada pelo professor não fará diferença se por exemplo for

prova oral ou escrita, múltipla escolha ou discursiva, pois se os alunos dominarem o

conteúdo ensinado, irão se sair bem em qualquer forma de avaliação. É claro que o

professor não precisa estar preso a uma única forma de avaliação, poderá usar de

sua criatividade e experiência para avaliar seus alunos, contudo nunca deverá se

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esquecer que apesar dele ser como o sol, este por dividir o seu calor e ele por dividir

seu conhecimento, quem precisa brilhar estando de dia ou a noite são suas estrelas,

os alunos. Trata-se, aqui, da chamada avaliação formativa, que segundo Coll

(1998:149) é uma forma de

Ajuste pedagógico, ou seja, á medida que o processo

educativo desenvolve, o aluno evolui e suas necessidades

variam e conseqüentemente, o tipo de ajuda pedagógica

deve ir sendo ajustado paralelamente. É avaliar o processo

de aprendizagem a fim de proporcionar a ajuda pedagógica

mais adequada em cada momento, é uma prática universal

realizada em maior ou menor grau, sendo uma forma mais

formal de avaliação.

Sabe-se que a avaliação atualmente é utilizada no final de cada período ou de

cada bimestre com o intuito simplesmente de imputar uma nota ao aluno, para que no

último bimestre façam a soma de todas as notas tiradas, objetivando com isso

presentear ao aluno com a aprovação ou com a amputação de um ano de vida. Sim

não fiquemos assustados com o significado da palavra amputar, pois qual seria a

melhor palavra para ser empregada nessa situação se não esta. Pensemos no aluno

que após um ano letivo freqüentando a escola, gastando o pouco que tem com

material escolar, uniforme, alimentação, e após a ultima avaliação não alcançou no

somatório total a média ou ficou acima desta , ou seja ficará reprovado, todo seu

esforço será em vão, perderá um ano de vida.

Entende-se desta forma que está a se referir aos alunos esforçados que

freqüentam as aulas, tanto mas que por algum motivo não conseguiram alcançar a

média, cabe ao professor ter sensibilidade e percepção para tentar sanar esses

motivos e a avaliação formativa é um instrumento valioso para ajudar a diagnosticar

vários problemas de aprendizagem, embora não esteja sendo bem utilizado

atualmente.

A aprendizagem não irá melhorar simplesmente se aplicarem instrumentos de

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avaliação cada vez mais rígidos e descontextualizados. É necessário, que se

detenham nas dificuldades dos alunos para que nas futuras avaliações os erros do

início não venham a se repetir, tornando assim uma avaliação mais consciente e

qualitativa, um somatório do que ocorreu durante todo o processo de ensino, caso

contrário revestir-se-á como um procedimento de aprendizagem, na qual o

instrumento de avaliação se torna objeto de frustração, um pesadelo para o aluno e

para todo o sistema de ensino. Não existe tempo perdido e sim mal trabalhado, saber

trabalhar melhor o tempo proposto, esse é um dos segredos, antes de uma boa

avaliação.

Esta nova forma de avaliação deve, portanto, levar em consideração as

intenções educativas referentes à aprendizagem dos alunos. Trata-se da avaliação

somativa que nas palavras de Coll “consiste em medir os resultados de tal

aprendizagem para comprovar que os mesmos atingem o nível exigido”, mas adverte:

É preciso notar, porém, que a finalidade última da avaliação

somatória não é – ou deveria ser a conscientização do grau de êxito ou fracasso

dos alunos na realização dos aprendizados estipulados pelas intenções educativas,

mas do grau de êxito ou fracasso do processo educacional no cumprimento das

intenções que estão na sua origem. Nesse sentido, podemos dizer que a avaliação

somatória também é um instrumento de controle do processo educacional: o êxito

ou o fracasso nos resultados da aprendizagem dos alunos é um indicador do êxito

ou do fracasso do próprio processo educacional para conseguir seus fins.

2.5 Currículo

O Currículo escolar não é apenas um recorte de cultura organizado. O currículo

escolar, como conjunto de conhecimentos e experiências de aprendizagem

oferecido aos estudantes, passa por vários níveis ou instâncias de elaboração. Fora

da escola, estabelecem-se prioridades a partir da política educacional, organizam-se

diretrizes, leis, orientações e indicações dos conteúdos de ensino; os saberes são

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selecionados, organizados, seqüenciados e freqüentemente detalhados em

materiais como livros didáticos – o currículo oficial. Atuam nesse processo as

autoridades educacionais, as universidades, os autores de livros didáticos, as

editoras etc.

Resultante de todas essas discussões e decisões negociadas, o currículo

formal - previsto, documentado, recomendado, que sofreu várias reelaborações

servirá como grande parâmetro para organizar a ação no ambiente da escola, mas

não será exatamente replicado, repassado, ou distribuído para os alunos. Isso

porque a escola não executa simplesmente decisões curriculares tomadas fora dela;

também elabora seu currículo – currículo real- , que é mais do que o recorte de

cultura organizado pare ser distribuído na escola.

O currículo real, aquele que se desenvolve na escola, toma forma e corpo na

prática pedagógica. O currículo formal é transformado e “desorganizado” para

adequar-se à realidade da escola, articulando as opções dos professores e as

necessidades dos alunos ao tempo das disciplinas no quadro curricular. à divisão do

tempo diário em aulas, aos materiais e recursos disponíveis, às formas de controle e

acompanhamento dos alunos, aos valores preservados e vividos no cotidiano escolar

enfim a todo um modo de vida na escola. Essa reorganização dos saberes a serem

ensinados é também fruto de negociações, opções, decisões que envolvem os

educadores e viabilizam a proposta pedagógica nas condições reais da escola.

Na escola aprende-se mais do que conteúdos sobre o mundo material e social. Em

cada escola essas condições estão presentes e interferem na realização do

currículo, impondo cortes, simplificações e ritmo de desenvolvimento aos conteúdos

e, ao mesmo tempo, introduzindo aprendizagens implícitas, que tanto podem

favorecer quanto impedir a realização das intenções educativas declaradas pelos

educadores. Essa parcela implícita, ou currículo oculto, vem sendo insistentemente

apontada nos estudos críticos do currículo como de enorme importância na

formação dos educandos, o que torna indispensável compreendê-la, explicitá-la,

buscando tornar a prática mais coerente com as intenções educativas.

Concordando com Santos e Moreira (1995, p.50), acredita-se que na escola

aprende se mais do que conteúdos sobre o mundo material e social: "adquirem-se

também consciência, disposições e sensibilidade que comandam relações e

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comportamentos sociais do sujeito e estruturam sua personalidade".

Não é simples selecionar saberes relevantes e preparar citações. O currículo,

então, determina e orienta o trabalho escolar e é determinado por ele. A escola

participa de sua elaboração ao selecionar e organizar os saberes com vistas à

transmissão e aprendizagem dos alunos. Esta não é uma tarefa meramente técnica,

pois é preciso tomar decisões que envolvem interesses, posicionamentos,

sentimentos, conflitos, divergências. Não é simples selecionar saberes relevantes e

preparar citações para sua apropriação; isso implica escolher conteúdos que tragam

para dentro da escola o conhecimento mais avançado, para que os jovens possam se

tornar "contemporâneos de seu tempo", como nos alerta Gramsci; implica também

selecionar conteúdos cuja abrangência explicativa contribua para a compreensão da

sociedade e da cultura em que se vive e da realidade mais ampla.

Para tanto, é preciso não omitir problemas e contrastes sociais, para poder

explicar o presente em sua complexidade e refletir sobre alternativas de

transformação social. Citando Santos e Moreira (1995, p.63). essa seleção deve

fortalecer o poder e a autonomia de grupos submetidos a

qualquer forma de exploração opressão e discriminação. Um

currículo antimarginalização não apenas contém tópicos ou

lições sobre os problemas de grupos oprimidos, mas

privilegia, em todo o seu conteúdo e sua forma, essas

questões.

A escolha de conteúdos exige, portanto, indagar se os saberes selecionados

não escondem conflitos e problemas sociais, se permitem fazer circular na escola

discursos e vozes de diferentes grupos e atores sociais, começando pelos dos

próprios alunos. Essa escolha, na verdade, não se reduz ao planejamento do início de

ano, mas constitui uma contínua reflexão sobre a seleção e seus desdobramentos, ao

longo de todo o ano letivo. Pedem formas específicas de organização e apresentação

Elaborar o currículo é ainda, preparar sua divulgação organizando os saberes

escolhidos de modo a serem desenvolvidos na situação escolar; é planejar situações

de ensino e aprendizagem, cuidando da articulação entre conteúdo e forma, com

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vistas à apropriação do conhecimento pelos alunos. É preciso, pois, ter toda a atenção

para não correr riscos como o de buscar uma forma ideal, ou uma metodologia

genérica de ensino, como se fosse possível ter uma fórmula para resolver toda a

complexidade da aprendizagem escolar. O modelo de ensino baseado apenas na

transmissão coletiva consegue dosar o conhecimento em porções que cabem no

tempo descontínuo de aulas - são explicadas, resumidas, memorizadas com apoio

dos livros didáticos, que organizam os conteúdos em lições e exercícios de fixação

mas tal modelo não parece favorecer a aprendizagem real dos alunos. Para que

sejam apropriados, conteúdos específicos pedem formas específicas de organização

e apresentação, ou seja, de ensino; e pessoas diferentes respondem de modos

diferentes diante de situações de aprendizagem

Assim, dentro dos limites da organização escolar, é preciso buscar maneiras

de ensinar compatíveis com a metodologia específica das diferentes áreas do

currículo e que respeitem as características do processo humano de conhecimento e

de aprendizagem.

A escola trabalha com o conhecimento: isso significa reconhecer a escola

como local de ingresso dos estudantes numa modalidade especial desse processo

humano que não começa na escola e se prolonga pela vida afora. 0 processo de

conhecimento, mesmo em sua modalidade escolar, implica um movimento de

relações recíprocas entre o sujeito conhecedor e o universo a ser conhecido. A

escolarização deve portanto possibilitar que os alunos adquiram chaves conceituais

de compreensão de seu mundo e de seu tempo, permitindo também que tomem

consciência das operações mobilizadas durante a aprendizagem, para que prossigam

com autonomia nesse processo de conhecimento.

Assim, diante do recorte organizado de saberes que constituem o currículo,

não se pode pensar em simplesmente entregar informações prontas a sujeitos que as

recebam e assimilem. É na relação dos estudantes com o conhecimento produzido

que este será transformado em ferramenta de compreensão do real, em parte

indissociável do conhecimento-processo, ou seja, da ação humana do buscar

significados, elucidar o real, constituindo o objeto e se constituindo como sujeito.

Essa abordagem do conhecimento, considerado como processo e produto, é

detalhada e aprofundada por Leite (1995), que discute concepções de conhecimento e

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o processo complexo de sua produção, em que intervêm a determinação histórica

imediata, mas também a concepção de mundo que perpassa as ações humanas, e

relações sociais específicas; o conhecimento-produto não surge como algo dado,

acabado e neutro, mas carrega, mesmo como resultado pronto, as marcas do

processo inacabado, provisória e histórico de sua construção.

O conhecimento é então compreendido como construção social, segundo os

principais autores da Sociologia do Currículo. Santos e Moreira (1995, p.51)

comentam que ele é

produto de concordância e consentimento de indivíduos que

vivem determinadas relações sociais (por exemplo, de

classe, raça e gênero) em determinados momentos. Essa

construção, portanto, ocorre pela interação social e depende

do contexto social e cultural, de um referencial comum;

sujeitos interagem entre si e com linguagens e saberes,

trazendo para a relação sua cultura e seus significados.

Logo, processo e produto do conhecimento estão presentes na construção do

conhecimento escolar. Assim, vai se tornando claro que selecionar conteúdos não é

apenas fazer uma lista de conhecimentos que se transmitem num modelo escolhido a

priori, mas que o currículo emerge das condições reais em que se dá o trabalho com o

conhecimento. É nesse sentido que entendemos a afirmação de Gimeno Sacristán

(1996, p.37), em seu estudo sobre escolarização e cultura: As mudanças culturais

chegam às escolas através dos currículos, mas apenas na medida em que se

plasmam em práticas concretas".

Articular o ensino e a aprendizagem implica articular conteúdo e forma,

tornando cada vez mais o ensino favorável à ocorrência da aprendizagem. Isso exige

riqueza de situações, experiências e recursos, para favorecer o processo múltiplo,

complexo e relacional de conhecer e incorporar dados novos ao repertório de

significados, utilizando-os na compreensão orgânica dos fenômenos, no entendimento

da prática social.

Os professores deveriam trabalhar com a inquietação dos alunos no sentido

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de fazê-los descobrir, despertar a curiosidade, pois os alunos em sua maioria, não

reconhecem a finalidade naquilo que lhes é imposto pelo ensino da Língua

Portuguesa, explorar cada conteúdo para vencer o grande desafio que tem sido o

desinteresse em sala de aula. Despertar a curiosidade dos alunos para que

deslumbre todo o processo de criação, fazer renascer aquele desejo de participação

que toda criança traz dentro de si, uma vez que o potencial do aluno terá um melhor

desenvolvimento se tiver participação ativa e aprendizagens significativas na

construção do conteúdo daquele conhecimento.

O aluno necessita encontrar o significado para a aprendizagem, então porque

não envolvê-lo nessa descoberta, aguçando o seu espírito jovem de desbravador,

aventureiro e curioso com tudo que esta a sua volta, incentivando-os a pesquisarem

sobre possíveis respostas para as suas próprias dúvidas, trazendo estas para a sala

de aula e em grupo com o auxilio do professor constatarem se estão corretas ou não.

Assim estarão não só dando sentido ao ensinamento dos conteúdos, mas também

despertando um aluno crítico e interessado pela pesquisa e tendo esta como

instrumento de respostas para esclarecer todas as suas dúvidas e inquietações.

Um currículo muito extenso não é significado de um ensinamento de

qualidade, pois já sabemos que qualidade não significa quantidade. Em síntese não

está se falando que o professor não deva seguir o conteúdo que está determinado no

currículo oficial ou padrão, mas sim ir um pouco mais a fundo na transmissão de

certos conhecimentos (currículo real), resgatando histórias que os programas em

forma de conteúdos universalizados não contam.

2.6 O Papel Fundamental da Família/Comunidade

Considerando a concepção de homem formulada pelo filosofo francês

Rousseau, que imaginava que “o homem era puro e foi corrompido pela sociedade” e

se pensarmos nesse homem, não como homem já formado e sim como uma

criança/jovem que ainda irá se formar ou em formação, se desenvolver , receber da

sociedade toda a informação e conhecimentos necessários para se tornar um homem

produtivo em todos os aspectos. Trabalhar com a essa criança/jovem, que ainda não

foram corrompidos pela “crença popular” ou pelo “mito” de que a matemática é um

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bicho de sete cabeças ou coisas do gênero é um privilégio inigualável: que bom seria

se conseguissem mostrar a beleza e o beneficio que traz para a criança/jovem o

estudo da matemática, mas esse trabalho sofre cada vez mais essas más influências

no imaginário da sociedade.

O primeiro porque o pior agente poluidor da pureza infantil/juvenil é muitas

vezes a própria família, que logo ao primeiro conceito baixo que o filho tira em

Português, já vem com aquelas desculpas de que a matéria é difícil, complicada, etc,

e se limitando a culpar a disciplina não atentam para uma ação efetiva na tentativa de

descobrir como a criança/jovem pode melhorar seus desempenhos.

Por sua vez, os alunos vendo os pais culparem a matéria começam a fazer o

mesmo todas as vezes que tiram notas baixas e desde cedo vão incorporando

estereótipos que os levam a ver o Português como uma disciplina difícil, e isto

naturalmente os conduz a não gostar da matéria. Estes preconceitos se

desencadeados nas séries iniciais podem trasformar-se num ciclo vicioso, agindo

assim como uma barreira para a construção do conhecimento.

Cabe ao professor desvelar o ensino de Português para que os alunos

possam enxerga-lo com lentes transparentes e não embasadas ou totalmente

obscuras por detrás desses rótulos impostos primeiramente pela família e depois pela

sociedade como forma de tampa para esconder o não sucesso com a matéria. Para

minimizar tais efeitos, propõe-se que deva ser através dos alunos que se pode chegar

às suas famílias e a toda sociedade para apagar o misticismo que se criou em torno

da disciplina.

Este processo, no qual os alunos se escondem atrás de preconceitos, pode se

tornar irreversível. Portanto, mais uma vez, cabe aos professores combatê-los logo

que detectados para que não se auto-alimentem em meios a fracassos e frustrações

levando o aluno a se evadir e principalmente devem alertar a família para que não

cometam o erro de culpar a disciplina e sim procurar orientar seus filhos para que

possam compreender e entender a mesma em toda a sua plenitude educativa.

No estudo sobre aspectos relativos aos alunos, o autor Eciel citado por

Brandão em seu livro, trabalhou com amostras de cinco países latino-americanos,

conclui que o fator mais importante para compreender os determinantes do

rendimento escolar é a família do aluno, pois nela se materializam todas as

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características que diferenciam o indivíduo. E mais, as crianças que permanecem

mais tempo na escola e têm um rendimento superior provêm de famílias onde a mãe

tem um nível mais elevado de escolaridade. Autores citados por Brandão como Gatti,

Arns, Isaac, Ferrari, Bonamigo, Fukui, concluíram em suas pesquisas que os alunos

de nível sócio-econômico e cultural mais baixo têm um menor índice de rendimento, e

segundo os mesmos são mais propensos à evasão. (Brandão, 1982, pág. 68).

Para Niskier (2001)

Em geral não há educação, como se dizia na Constituição

de 46, como prioridade fora do lar e da escola. Isso foi

repetido no Conselho Ecumênico Vaticano II. A educação é

dada no lar e na escola, como se fosse uma inspiração do

Brasil. Eu diria lembrando os meus tempos de professor, que

é uma correspondência biunívoca. Você não terá nunca uma

boa educação se você não tiver um tratamento familiar

adequado. (p. 12).

Segundo a Constituição Federal de 1988, artigo 205 regulamenta que “Agora

de um modo geral o dever de educar é responsabilidade do Estado e da família”, que

se repete na Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9694 (lei

Darcy Ribeiro) em seu Título I, DA EDUCAÇÃO, Art. 1 “A educação abrange os

´processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana,

no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e

organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”

Para descobrir e acabar com as dificuldades apresentadas pelos alunos, o

professor tem que contar com a ajuda expressiva da família. As pesquisas,

demonstram que a família é fundamental para o desenvolvimento do aluno em sua

comunidade.

Essa interação – escola – família – comunidade – faz parte da socialização

dos alunos. Essa relação dialógica entre equipe escolar, alunos, pais e outros agentes

educativos possibilita, pois, a construção de projetos que visam a melhor e mais

completa formação do aluno, como se vem defendendo neste estudo, visto que

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A ampla gama de conhecimentos construídos no ambiente

escolar ganham sentido quando há interação contínua e

permanente entre o saber escolar e os demais saberes,

entre os quais o aluno aprende na escola e o que ele traz

para a escola. O relacionamento contínuo e flexível com a

comunidade favorece a compreensão dos fatores políticos,

sociais, culturais e psicológicos que se expressam no

ambiente escolar. (PCN do Ensino Fundamental, p.43)

O relacionamento entre escola, família e comunidade pode ainda ser

intensificado, quando há integração dos diversos espaços educacionais que existem

na sociedade, tendo como objetivo criar ambientes culturais diversificados que

contribuam para o conhecimento e para a aprendizagem do convívio social

CAPÍTULO III

3.1 - O QUE OS PROFESSORES PENSAM SOBRE REGIME DE

CICLO E/OU PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DA APRENDIZAGEM.

Um dos professores do ensino fundamental afirmou que a questão dos ciclos

foi a maneira mais fácil encontrada pelos legisladores e pelo Ministério de Educação

(MEC) para ocultar a repetência, escondendo assim o mau funcionamento de todo o

sistema de ensino Se pensarmos nesse sistema como melhoria de condições para a

aprendizagem do aluno, estaremos na verdade nos enganando. Pois por um lado se a

aceleração evita o acumulo de alunos numa mesma série e a evasão escolar, pelo

outro a vida do aluno é fortemente prejudicada, ele se formará com um falso saber

para enfrentar uma sociedade de verdade. E só no futuro perceberá que se enganou e

pior que foi enganado por todo o sistema de ensino do seu País.

O outro professor desse ensino ressaltou que no papel ou para aqueles que

não vivenciam o problema de perto é tudo muito bonito e fácil de ser colocado em

prática, mas o que para eles é aceleração para nós que estamos dentro das salas de

aula é regressão. Concorda-se que cada criança tenha seu ritmo de aprendizagem,

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mas em uma classe de 35 a 40 alunos como acompanhar ou reforçar a recuperação

dos alunos em dificuldades se a carga horária mal nos possibilita sanar as

dificuldades apresentadas pelos alunos no dia a dia, que cada vez são maiores devido

às deficiências trazidas das séries anteriores, que deveriam ser sanadas nas

respectivas séries e não deixar acumular tudo para que no final deste segmento?,

Tentar recuperar, parece ser uma utopia. A pergunta é: se o aluno não conseguiu

recuperar suas deficiências naquela série, como devemos aprová-lo? empurrando o

problema para série seguinte, um dia essa bomba vai explodir e infelizmente toda a

sociedade sentirá seu efeito.

Já um dos professores do ensino médio disse que nem o regime, nem o

programa não resolveram problema da repetência , mas empurrará o problema para

outro governo, como tem sido feito há anos. Não estão pensando nos professores,

nos alunos tão pouco na sociedade, e sim na economia que o governo irá fazer com a

educação, pois todos sabemos que é um custo muito alto para o governo a

repetência de um aluno, porém vejo que o problema da repetência não pode ser

tratado dessa forma, passar o aluno é pronto. Nós educadores temos que solucionar

essa questão sem prejudicar o aluno que é um integrante da sociedade futura.

Os alunos incorporaram estes programas e já não se esforçam mais como

antes, pois sabem que irão passar mesmo não sabendo a matéria, bastando para isso

freqüentarem as aulas. A indisciplina aumentou consideravelmente, alguns dizem que

é democracia eu acho que é rebeldia pura. Eu rasgo meu diploma toda vez que sou

obrigado a aprovar um aluno que não obteve o mínimo de aproveitamento, não

mostrou pelo menos um pouco de força de vontade, de dedicação para tentar

aprender o que estava sendo compartilhado por todos e mesmo sem participar ter que

aprová-lo, pois estava presente fisicamente. É dose pra leão. Há uma total falta de

compromisso do governo com a educação.

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CONCLUSÃO:

Finalmente, consideremos esta certeza inquietante que é a de estarmos hoje

a preparar os cidadãos de amanhã. Não se trata apenas de vermos como uma

incógnita o futuro dos que começam a ser iniciados em aprendizagens escolares mas

também problemático o amanhã mais próximo dos que saem hoje das escolas

secundárias. A questão não se porá, eventualmente, com tanta acuidade sobre os

conteúdos programáticos, mas será, talvez, mais determinante a discussão sobre as

estratégias a usar em sala de aula ou sobre a aquisição de metodologias de estudo

pelos alunos. Preparar para a entrada num mundo que se adivinha diferente é muni-

los de armas que lhes permitam entrar no mundo do trabalho .... e no mundo do lazer

também.

Tendo o professor a seu cargo formar esse cidadão que se pretende, para

além de alfabetizado, culturalmente evoluído, a sua atualização deveria permitir-lhe

prever a mudança dos jovens e podendo mesmo ser ele próprio o motor da mudança.

Perante a dificuldade de a concretizar, que se dêem alguns passos, através de

leituras regulares de livros, revistas, jornais.

Que se trabalhem com os alunos documentos atualizados, temas do

quotidiano, ajudando-os a compreender o mundo que os rodeia e ajudando-os a

perceber que a Língua é Viva e Útil, pois, é ela que lhes permite encontrar o lugar no

mundo dos adultos, criem-se no aluno o prazer que deve acompanhar o ato de ler e

de escrever, facultem-se desde cedo ao futuro leitor material que lhe venha a fazer

sentir essa apetência e confiram-se aos alunos a possibilidade de se exprimir com

facilidade em diferentes domínios, sendo-lhes preparado o acesso ao vocabulário

respectivo.

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