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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AO
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Por: Antonio Artenio Leopoldino Mesquita
Orientador
Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2007.
2
ANTONIO ARTENIO LEOPOLDINO MESQUITA
A PSICOPEDAGOGIA APLICADA AO
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Monografia apresentada ao Instituto A
Vez do Mestre. Universidade Candido
Mendes.
Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de janeiro
2007
3
AGRADECIMENTOS
Ao senhor, meu Deus, Criador de todas as coisas e dono
de minha vida, que me deu a oportunidade de concluir
esse curso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe, que apesar de distante, sempre
esteve presente em cada momento para a realização desse projeto.
As minhas amigas: Rose, Elane e Alessandra pelas idéias trocadas e
companheirismo durante as aulas.
A Psicopedagoga Marilene de Jesus pela troca de idéias i informações
pedagógicas.
5
EPÍGRAFE
“Abons professores são mesttres temporários, professores fascinantes são mestres inesquecíveis. Ser um mestre inesquecível é formar seres humanos que farão a diferença no mundo.”
(CURY, AUGUSTO, Pais brilhantes professores fascinantes, 2003, p.26)
6
RESUMO
Este trabalho apresenta os conceitos de ensino-aprendizagem, os participantes no processo, a psicopedagogia na escola atual e a importância e a relação do professor e do psicopedagogo em busca de uma escola com qualidade.
7
SUMÁRIO
Folha de Aprovação........................................................
Agradecimentos..............................................................
Dedicatória......................................................................
Epígrafe...........................................................................
Resumo...........................................................................
Introdução.......................................................................
Capítulo I – Os conceitos de Ensino-Aprendizagem.................................
Capítulo II – Os participantes do Processo Ensino-Aprendizagem...........
2.1 – Os participantes do processo Ensino-aprendizagem..............
Capitulo III– Psicopedagogia para que?....................................................
Capítulo IV – O papel do Psicopedagogo como facilitador do Processo de Construção do
Conhecimento..............................................................
4.1 – Compreensão do papel do professor.......................................
4.2 – Compreensão do aluno............................................................
4.3 – Fatores que prejudicam a aprendizagem................................
4.4 – Aprendizagem..........................................................................
Conclusão.......................................................................
Bibliografia.................................................................................................
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido com base no tema
“Psicopedagogia e o ensino-aprendizagem”.
A escolha do tema justifica-se ma necessidade de um avanço de ordem
pessoal para atuação na área acadêmica, o que será de uma importância na
qualidade do futuro trabalho desenvolvido profissionalmente, sendo assim
realizamos um estudo de que forma o psicopedagogo pode atuar como um
facilitador do processo educativo, bem como melhorar as relações
interpessoais, com segurança e embasamentos necessários, a todos que
atuam no processo ensino aprendizagem.
Segundo essa linha de pesquisa podemos estudar alternativas para
contribuir com o desenvolvimento da aprendizagem buscando a integração
entre alunos, professores, pedagogos e psicopedagogos.
O processo de ensino-aprendizagem varia ao longo de outras
dimensões, além do grau de controle do professor. A natureza da
aprendizagem é um elemento importante de compreensão do que seja ensino.
Uma das definições mais aceitas de aprendizagem é o processo pelo
qual a conduta se modifica em resultado da experiência.
A presente pesquisa emprega citações de autores como Jonh Dewey,
Jesus Palácios, Ilma Passos Veiga, e também comentários com relação ao
ensino aprendizagem com Piaget e Vygotsky.
Quando se trabalha enfocando as relações ensino-aprendizagem,
teremos a possibilidade de abordar vários assuntos dentro de um mesmo
9
contexto possibilitando uma análise pedagógica, ou seja, apontando os limites
que ajudam a equacionar os problemas e identificar as necessidades.
No primeiro capítulo apresenta os conceitos de ensino-aprendizagem,
abordando a relação existente e a interação de docente e aluno.
No segundo capítulo apresenta os participantes no processo ensino
aprendizagem aborda a participação dos administradores das escolas, das
entidades federais, estaduais, ou privadas e também da relação dos pais com o
processo educacional.
No terceiro capítulo apresenta um pouco sobre a história da
Psicopedagogia e a sua importância no processo ensino-aprendizagem.
No quarto capítulo as abordagens são relacionadas com o papel do
psicopedagogo como facilitador do processo de construção do conhecimento.
Em alguns momentos cita a compreensão do papel do professor, a
compreensão do aluno, e os fatores que prejudicam a aprendizagem.
Nas conclusões apresentamos uma síntese das idéias apresentadas ao
longo do trabalho.
10
CAPITULO I
OS CONCEITOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Hoje em dia a preocupação está cada vez
mais presente com o processo educativo, ou
seja, os métodos modernos de comunicação
faz com que a reflexão sobre a importância
da educação tenha um papel crítico em
relação ao que cada professor tem para
oferecer.
Enquanto isso tem havido muitas inovações no currículo, treinamento
dos docentes e outros aspectos da educação que devem ser proveitosos ao
estudante. Com tudo isso ainda surgem as discussões sobre quem deve
ensinar e como deve ensina-lo. Nesse sentido o professor exerce a função de
orientar as atividades a fim de produzir a aprendizagem.
Seguindo uma linha de raciocínio, John Dewey comparou ensinar com
vender:
“Haveríamos de ridicularizar um negociante que
dissesse ter vendido grande quantidade de mercadorias,
embora ninguém houvesse comprado nenhuma.
Entretanto, há talvez professores que pensam ter
realizado um bom dia de trabalho educacional sem
levar em conta o que seus alunos aprenderam. Entre
ensino e aprendizagem há a mesma equação exata que
entre comprar e vender. (DEWEY, 1938, p.356)
Nesse processo de ensino aprendizagem, a interação de docente e
aluno é o produto principal para alcançar a verdadeira aprendizagem.
De acordo com Ilma Passos Veiga:
“O ensino (magistério) não existe por si mesmo, mas na
relação com a aprendizagem (estudo) (...) o que existe
11
ente o ensino e a aprendizagem é uma relação de
dependência ontológica” (VEIGA, 1997, p.139)
Essa relação exige uma torça da mesma linguagem entre o projeto de
ensino do professor e projeto de aprendizagem do aluno.
Existe a necessidade do papel coletivo da classe, sendo como facilitador
do processo de conhecimento o educador não pode monopolizar a palavra, ele
deve possibilitar a circulação entre os alunos, possibilitando a colaboração na
elaboração do conhecimento dos companheiros. Portanto, de acordo com
Jesus Palácios:
“A escola tradicional centrava toda sua atenção nos
indivíduos, chegando inclusive a crer que seu papel era
dissociar as crianças entre si e não admitir no interior
da classe, outra relação que a unia o professor a cada
aluno em particular“. (PALACIOS, 1984, p.142)
Partindo dos pressupostos acima, acredita-se que a educação se dá
pelo grupo, pela coletividade, ou seja, no processo de ensino aprendizagem, os
valores, percepção, memória, afetos servem para diminuir a insegurança do
professor no que diz respeito a clareza das informações passada para os
alunos.
Com isso a importância da proximidade de experiências e linguagem
entre professores e alunos na estrutura do ensino. Para Jean Piaget (apud
BORDENAVE, 1977, p.28) biólogo e filósofo suíço, o pensamento é a base em
que se assenta a aprendizagem. O pensamento é a maneira de a inteligência
manifestar-se. A inteligência por sua vez, é um fenômeno biológico,
condicionado pela base neurônica do cérebro e do corpo inteiro, e sujeito ao
processo de maturação do organismo. A inteligência desenvolve uma estrutura
e um funcionamento sendo que o próprio funcionamento vai modificando a
estrutura.
A aprendizagem, pois, é o conjunto de mecanismos que o organismo
movimenta para se adaptar ao meio ambiente. Piaget afirma que a
12
aprendizagem se processa através de dois movimentos simultâneos e
integrados, mas de sentido contrário: a assimilação e a acomodação.
Podemos notar que a ação de ensinar pode ser feita às vezes de
maneira muito simples e espontânea, como o indígena que ensina seu filho a
caçar ou de forma muito técnica e precisa, como nos modernos “sistemas de
instrução” da chamada “Pedagogia Cibernética”.
Assim, o processo de ensino é hoje considerado por muitos como uma
verdadeira “tecnologia educacional” onde se procura aplicar descobertas das
diversas ciências ao processo de ensino.
Segundo o professor Samuel Pfromm Netto (apud BORDENAVE, 1977,
p.43), da Universidade de São Paulo, baseado na Psicologia Behaviorista de
Skinner, enumera as seguintes etapas do processo de ensino-aprendizagem:
a – O aluno percebe: a organização da situação estimuladora
A fim de que haja aprendizagem, com ou sem a presença física do
professor, é necessário que o aluno preste atenção a determinados estímulos
do ambiente que o cerca, perceba-os, compreenda seu significado e
decodificação, relacione-os entre si.
Esta é a razão da preocupação do professor com o arranjo espacial e
temporal dos estímulos, para o qual deve conhecer muito bem a estrutura
interna do assunto a ser ensinado, assim como a melhor seqüência da
apresentação.
b – O aluno reage: importância da resposta adequada à situação
estimuladora
Perante cada estímulo ou conjunto de estímulos, espera-se que o
aprendiz responda, dizendo, escrevendo, fazendo ou indicando alguma coisa.
Nesse sentido é de grande ajuda informar o aluno a respeito das respostas
dele esperadas, mediante orientações verbais, gráficas ou escritas. Essas
13
manifestações externas do aluno permitem ao professor orientar e controlar a
aprendizagem.
c – Realimentação + reforço: o aprendiz confirma a correção de sua
reposta.
Uma das mais importantes descobertas em matéria de aprendizagem é
a do papel fundamental que desempenha a confirmação pelo próprio aluno, de
que está acertando, de que está compreendendo.
Isto ajuda não só a “fixar” a resposta, mas também motiva a continuar o
processo de aprendizagem.
d – O aluno memoriza: retenção versus esquecimento
Uma seqüência de ensino deve recapitulações em número suficiente
para contrabalançar os efeitos do esquecimento, caso contrário a
aprendizagem ocorre somente dentro dos limites daquilo que se chama
memória a curto prazo e não em termos de armazenamento duradouro das
respostas ou informações.
e – O aluno aplica: transferência do aprendizado, criatividade
Para o ensino se tornar econômico, algo que se aprende deve poder ser
aplicado a diversas situações e não somente a situação em que se adquiriu a
aprendizagem. Isto é o que se chama transferência ou generalização. O
emprego de exemplos, exercícios, problemas, etc, tem esta finalidade, a de
desenvolver a capacidade de aplicar o aprendido.
Todas as etapas de ensino de aprendizagem apresentadas devemos
observar a importância necessária que o aluno deve ter na formação de um
conceito, pois deve perceber as semelhanças e as dessemelhanças em
relação aos elementos de outras classes. Com isso, o desenvolvimento da
transferência do aprendido a novas situações tem uma grande importância
para o crescimento da criatividade e da capacidade de tomar decisões.
14
Robert Gagné (apud BORDENAVE, 1977) destaca “a importância de
uma hierarquia de tipos de aprendizagem que vai da simples de estímulos à
complexidade da solução de problemas”. (p.33)
Os tipos de aprendizagem são de interesse porque cada tipo exige
estratégias de ensino mais adequadas que as outras. Os tipos são:
– Aprendizagem de Signos
“Signos” é qualquer coisa que substitui ou indica outra coisa graças a
algum tipo de associação entre elas. Assim, quando vimos um céu escuro e
escutamos trovões, pensamos “vai chover”. Estes são signos naturais.
– Aprendizagem Estímulo Resposta
Quando um cão aprende a “dar a pata” a resposta aprendida é
razoavelmente precisa, implicando em movimentos musculares definidos, bem
diferentes das reações generalizadas e emocionais que caracterizam o reflexo
condicionado que aparece na aprendizagem de tipo 1. Esse tipo de
aprendizagem é chamado por Skinner de “condicionamento operante”.
Exemplos do mesmo ocorrem na aquisição da fala pelas crianças e de uma
língua estrangeira por adultos.
– Aprendizagem em Cadeia
Existem casos em que deve ser aprendida uma determinada seqüência
ou ordens de ações, por exemplo: dar um laço no sapato, manejar um trator,
seguir uma receita de cozinha. Este tipo de aprendizagem é considerado por
Skinner apenas uma série de ligações estímulo resposta.
– Aprendizagem de Associações Verbais
Consiste em um tipo de aprendizagem em cadeia (tipo 3) mas, como
implica em uma operação de processos simbólicos bastante complexos, é
considerado um tipo à parte.
15
Suponhamos, por exemplo, que desejamos aprender a tradução da
palavra “fósforo” ao francês, que é “alumette”. A mente humana poderia
estabelecer uma associação estrutural-semântica entre as duas palavras do
seguinte modo: fósforo aceso – imagem do iluminação...lum...alumette.
– “Aprender um conceito” disse Gagné significa aprender a responder
estímulos em termos de propriedades abstratas (cor, forma, posição, número)
como opostas a propriedades físicas concretas (comprimento de onda ou
intensidades de específicas”). Imaginemos, por exemplo, como aprender uma
criança o conceito de “em meio de” ou como chega a construir em sua mente o
conceito de “relatividade”.
– Aprendizagem de Discriminações Múltiplas
Existe uma época em que as crianças se dedicam a distinguir marcas e
modelos de automóveis e a reconhece-los na rua. É evidente que o processo
implica na associação de vários elemento, mas também implica em separar e
discriminar, já que Ford Galaxie não tem os mesmos atributos que um Dodge
Charger. Alias, quando um professor aprende a chamar cada aluno por seu
nome, o processo de ensino-aprendizagem seguido por ele é também um
processo de discriminações.
– Aprendizagem de Princípios
Um princípio é uma relação entre dois ou mais conceitos. Por exemplo:
os gases se espalham quando aquecidos. Praticamente tudo o que podemos
afirmar de modo geral sobre a realidade física ou social são princípios.
A é causado por B
A está associado com B
A é parte de B
A é igual a B
16
Existe uma diferença marcante entre aprender realmente um princípio e
aprender uma cadeia verbal de conceitos sem entender o princípio envolvido.
– Aprendizagem de Resolução de Problemas
A solução de um problema consiste em elaborar um novo princípio
combinando princípios já aprendidos. A dificuldade, segundo Gagné, está em
que a pessoa que aprende deve ser capaz de identificar os traços essenciais
da resposta (ou novo princípio) que dará a solução antes de chegar à mesma.
No processo de resolver problemas, o aluno não somente aprende
novos princípios que os resolvem, mas também uma série de estratégias
mentais mais eficientes para combinar princípios já conhecidos. Em outras
palavras, aprende a pensar.
Diante de todos os tipos de aprendizagem apresentadas, acredita-se
que o agente da aprendizagem é o aluno, sendo o professor um orientador e
facilitador.
Sendo que Gagné chama a atenção para análise da estrutura do
assunto a ser aprendido e a identificação do tipo ou tipos de aprendizagem
envolvidos. De acordo com as idéias de Gagné, nos levariam a planejar uma
metodologia variada na qual cada assunto exigiria uma metodologia adequada
à estrutura do assunto. Para isso o professor precisa compreender o processo
da aprendizagem.
Segundo Hans Aebli: (apud BORDENAVE, 1977)
“A compreensão da natureza dos processos da
aprendizagem permitirá ao professor adaptar sua ação,
e portanto, suas aulas, as realidades psicológicas. Não
apenas isto. O olhar do educador, aguçado pelos
conhecimentos teóricos, reconhece também, mais clara
e profundamente, a meta de sua própria ação. Sabe,
exatamente o que ele realmente deseja, e alcança sua
meta facilmente e com mais segurança”. (p.38)
17
Portanto, vimos que aprender é uma atividade que acontece no aluno e
que realizada pelo aluno. O professor não pode obrigar o aluno a aprender.
Como afirma Raths (1973, p.265), as atividades do currículo podem
encontrar justificativas para ser incluídas no mesmo, razões que não são sua
eficácia para produzir mudanças específicas nos comportamentos dos
estudantes”. Ainda segundo o mesmo Raths enumera até 12 (doze) princípios
para guiar o professor no projeto de atividades de aprendizagem.
a) Em quais condições, uma atividade é preferível a outra se permitir ao aluno
que tome decisões razoáveis quanto ao modo de desenvolve-la e verificar as
conseqüências da sua escolha.
b) Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se atribuir ao aluno
um papel ativo em sua realização
c) Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se exigir do aluno
uma pesquisa de idéias, processos intelectuais, acontecimentos ou fenômenos
de ordem pessoal ou social e estimula-lo a comprometer-se com a mesma.
d) Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar o aluno a
interagir com sua realidade.
e) Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se puder ser
realizada por alunos de diversos níveis de capacidade e com interesses
diferentes.
f) Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar o aluno a
examinar num novo contexto uma idéia, conceito, lei etc, que já conhece.
Como afirma Raths (1973, p.265), as atividades do currículo podem
encontrar justificativas para ser incluídas no mesmo, razões que não são sua
eficácia para produzir mudanças específicas nos comportamentos dos
estudantes.” Ainda segundo o mesmo Raths enumera até 12 (doze) princípios
para guiar o professor no projeto de atividades de aprendizagem.
18
a – Em quais condições, uma atividade é preferível a outra se permitir ao
aluno que tome decisões razoáveis quanto ao modo de desenvolve-la e
verificar as conseqüências da sua escolha;
b – Em quais condições, uma atividade é preferível a outra se atribuir ao
aluno um papel ativo em sua realização;
c– Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se exigir do
aluno uma pesquisa de idéias, processos intelectuais, acontecimentos ou
fenômenos de ordem pessoal ou social e estimula-lo a comprometer-se com a
mesma;
d– Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar o
aluno a interagir com sua realidade;
e – Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se puder ser
realizada por alunos de diversos níveis de capacidade e com interesses
diferentes;
f – Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar o
aluno a examinar num novo contexto uma idéia, conceito, lei, etc, que já
conhece.
g – Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar o
aluno a examinar idéias ou acontecimentos que normalmente são aceitos sem
discussão pela sociedade;
h - Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se colocar o
aluno e o educador numa posição de sucesso, fracasso ou crítica;
i - Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar o
aluno a reconsiderar e revisar seus esforços iniciais;
j - Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se obrigar a
aplicar e dominar regras significativas, normas ou disciplinas;
19
l - Em condições, uma atividade é preferível a outra se oferecer ao aluno
a possibilidade de planeja-la com outros, participar do seu desenvolvimento e
comparar os resultados obtidos;
m - Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se for
relevante para os princípios e interesses explícitos dos alunos.
Para que todos esses princípios citados sejam concretizados, é preciso
que o projeto curricular seja totalmente aberto, a fim de que os conteúdos
sejam assimilados pelos alunos.
20
CAPITULO II OS PARTICIPANTES NO
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Embora se pense geralmente que o processo do ensino aprendizagem
assume diretamente a integração entre professor e aluno, observa-se que
outras pessoas são envolvidas direta e indiretamente. Podemos citar os
administradores das escolas, os educadores que treinam os professores e as
entidades federais, estaduais ou privadas que destinam os fundos à pesquisa
educacional e ao desenvolvimento de novas técnicas de ensino.
Na atualidade educacional a relação dos pais com o processo ensino-
aprendizagem é essencial para a formação e modificação de atitudes, nesse
sentido eles estão mais presentes na vida escolar de seus filhos.
Nem todas as atividades importantes mo processo de ensino
aprendizagem são aprendidas na sala de aula. As atitudes no ambiente familiar
para com as atividades educacionais e intelectuais exercem poderosa
influência. As atitudes de figuras significativas, como o pai da criança, podem
atuar no sentido de dar apoio à escola ou de anular os esforços do professor.
Diante da complexidade do mundo atual Vygotsky (1896-1934) faz uma
diferenciação clara entre os conceitos adquiridos no cotidiano e os conceitos
científicos trabalhados na escola:
“Sabemos que os conceitos se formam e se desenvolvem
sob condições internas e externas totalmente diferentes,
dependentes do fato de se originarem do aprendizado
em sala de aula ou da experiência pessoal da criança.
Mesmo os motivos que induzem a criação a formar os
dois tipos de conceitos não são os mesmos. A mente se
defronta com problemas diferentes quando assimila os
conceitos da escola e quando é entregue aos seus
próprios recursos. Quando transmitidos à criança um
21
conhecimento sistemático, ensinando-lhes muitas coisas
que ela não pode ver ou vivenciar diretamente”.
(VYGOTSKY, 1987, p.74)
Todos os desafios que são propostos para a criança servem para o
desenvolvimento mental do indivíduo, fazendo com ele obtenha um
conhecimento mediato da sua realidade. E nesse sentido um aspecto bastante
relevante deve ser explicado: Segundo Antonio Severino:
“...a instituição escolar deve-se instaurar como espaço-
tempo, como instância social que sirva de base
mediadora e articuladora de outros tipos de projetos
que tem a ver com ser humano de um lado, o projeto
político da sociedade, e de outros, os projetos pessoais
dos sujeitos envolvidos na educação.” (SEVERINO,
1998, p.81)
Portanto, em toda proposta educativa, deve existir um projeto da
sociedade, ou seja um projeto da vida das pessoas. E nesse caso, o professor
exerce um papel de construção de identidade dos envolvidos nesse projeto
social e pessoal. Ressalta-se a importância de conhecer a realidade do aluno
para subsidiar o processo de ensino-aprendizagem, pois precisamos saber
quem é o aluno que procura a escola, o que pensa da escola, e quais suas
expectativas pessoais e profissionais. Podemos citar diversos tipos de
professores com suas diferenças de personalidade sobre o processo de
ensino-aprendizagem.
a – O instrutor ou professor de autônomos
O professor de tipo “instrutor” procura ajudar o aluno a adquirir a
capacidade de responder imediatamente sem necessidade de pensar.
b – O professor que se concentra no conteúdo
Este professor afirma que sua primeira tarefa consiste em cobrir
sistematicamente as matérias de sua disciplina para assim ajudar os alunos a
domina-las. Ele tem plena certeza das matérias que devem ser tratadas e
aprendidas.
22
c – O professor que se concentra no processo de instrução
Este tipo se concentra em conseguir que seus alunos tratem a matéria
com os mesmos métodos e processos com que ele os trata.
Com isso, dependendo da sua metodologia o professor pode contribuir
para gerar uma consciência crítica, e uma visão universalista para aprender a
resolver os problemas que venham acontecer no desenvolvimento da suas
atividades educativas.
A seleção de atividades de ensino-aprendizagem é importantíssima,
porque dela dependerá o aluno crescer ou não como pessoa. Porque enquanto
o conteúdo da matéria informa, os métodos formam.
2.1 – OS PARTICIPANTES NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Muitos são os participantes no processo ensino-aprendizagem tais como:
professor, alunos, pais e todos os envolvidos no processo educativo. O
entendimento dos princípios da aprendizagem é essencial para todos os
colaboradores desse processo.
Como sabemos hoje, a aprendizagem depende sobremaneira da
atividade do aluno, não de qualquer atividade, mas daquela marcada por um
designo de desvelar o objeto na sua trama de relações.
De acordo com (ILMA PASSOS VEIGA, 1997)
“A aprendizagem deve ser concebida também como um
processo intencional dirigido e organizado, e não algo
casual e espontâneo). Tanto o aluno como o professor,
são responsáveis pelo processo de aprendizagem e
nesse sentido o planejamento e o auto-conhecimento
servem para subsidiar todo o andamento dos
trabalhos.” (p.139)
23
Para Celso Vasconcelos (1998) “O auto-conhecimento nos dias atuais
tem uma relevância ainda maior em função da necessidade de um
posicionamento claro do professor em relação à sua própria definição
profissional” (p.45)
Em face de tantos desafios e dificuldades quero continuar sendo
professor? Considero que é aqui que quero “gastar minha vida?” Estou inteiro?
Para que todos os objetivos sejam atingidos, no caso de aprendizagem
existem quatro objetivos fundamentais que decorrem do processo da
assimilação ativa dos conteúdos e de desenvolvimento do educando. São eles:
• Assimilar receptivamente conhecimentos e metodologias como
conteúdos socioculturais;
• Apropriar-se dinâmica e independentemente desses conhecimentos e
metodologias, por meio da exercitação;
• Transferir inteligentemente esses conhecimentos e metodologias foram
produzidos e transmitidos;
• Produzir novas e criativas visões interpretações da sociedade
(M. Danilv & M.N. Skatkin pp.176-223)
Quando citamos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem
levamos em consideração a integração, visando que todos tenham consciência
de qual é o seu papel dentro desse processo educativo.
E para que os objetivos sejam alcançados é necessário:
• Capacidade de perceber e respeitar o outro;
• Compromisso com o bem comum;
• Inteligência no trato com a realidade;
• Competência no domínio das atividades.
24
Para que os objetivos sejam alcançados é necessário a articulação do
saber, trabalhando a interdisciplinaridade.
25
CAPÍTULO III
PSICOPEDAGOGIA PARA QUE?
A Psicopedagogia nasceu na Europa, no século XIX, ou mais
precisamente na França, como um movimento de colaboração entre
educadores, filósofos e médicos, em busca de soluções para os problemas da
aprendizagem. Educadores europeus, como Itard, Pereire, Pestalozzi e Seguin,
embasados no pensamento psicanalítico de Jacques Lacan começaram a se
dedicar às crianças que apresentavam dificuldades de aprender.
O século XX foi marcado pela expansão dos sistemas educativos
das nações industrializadas, sendo a educação básica obrigatória em
praticamente todo o mundo. O avanço das ciências da educação levou
gradativamente as questões das dificuldades escolares para o sistema
educativo regular, já que estas implicam em uma multiplicidade de causas cuja
localização pode centrar-se no aluno, na família, no meio social, na escola,
assim como nas características da própria criança, sua interação familiar e
social, o processo ensino-aprendizagem e o próprio sistema.
A importância da Psicopedagogia ficou ainda mais clara quando se
passou a definir as diferenças entre os enfoques da Educação Especial e da
Psicopedagogia, já que o manejo psicopedagógico permite a realização do
potencial de aprendizagem do sujeito impedido por fatores que desautorizam a
apropriação do conhecimento, assim como o diagnóstico e a intervenção
psicopedagógica promovem a melhoria das condições de aprendizagem,
recuperação da auto-estima e socialização da criança. Além disso, como o
conhecimento tem grande importância na nossa cultura, o fracasso escolar
atinge o individuo, a sua família e o meio social e pode gerar ou precipitar o
aparecimento de problemas emocionais, comportamentais, familiares e sociais,
26
em diferentes graus de gravidade, comprometendo ainda mais o processo de
aprender.
A psicopedagogia em seu desejo de conhecer mais sobre o outro,
para poder ajuda-lo a vencer suas dificuldades, superar seus problemas de
aprendizagem e compreender os elementos que interferem nesse processo,
em busca da autoria de pensamento, tem como o seu maior desafio: aprender
a conhecer, aprender a fazer e aprender a ser.
A busca do autoconhecimento, a busca da autonomia, permeada
pela dimensão social, no que se refere aos valores e atitudes; a dimensão
pessoal, no que se refere aos afetos, sentimentos e referências dos indivíduos,
todos esses atos aliados ao desenvolvimento global explicam a importância
crescente da Psicopedagogia que na sua concepção atual, já nasce com uma
perspectiva globalizadora condizente com os rumos da aprendizagem neste
século. Ela ocupa um espaço privilegiado justamente porque não está em um
único lugar.
Como diz Alicia Fernández (1977):
“Sua força está localizada justamente em transitar pelas
fendas, pelos espaços entre a subjetividade/objetividade
ensinante/aprendente”. (FERNÁNDEZ, 1977, p.21).
Através dos conhecimentos vinculados pela Psicopedagogia,
acreditamos que possamos ressignificar as dificuldades de aprendizagem no
processo de aquisição da linguagem escrita.
Nesse sentido aprender significa mudar, crescer, construir uma nova
história na busca constante de significados e de um olhar diferenciado à própria
vida.
Segundo essa linha de pensamento:
“Necessitamos um modo diferente de analisar a relação entre o
futuro e o passado para entender o que acontece em todo o
27
processo de aprendizagem. Aprender é construir espaços de
autoria e, simultaneamente, é um modo de ressituar-se diante
do passado. A construção autobiográfica jamais está
terminada. Os capítulos que se criam definitivamente acabados
podem prestar-se a modificações. Se isso não fosse possível,
nenhum trabalho terapêutico seria possível, nenhum trabalho
terapêutico seria possível, já que os três de diferentes formas
supõem a ressignificação da história”. (FERNANDEZ, 2001,
p.69)
A psicopedagogia norteia sua ação consciente de que a
aprendizagem constitui-se antes de tudo, numa relação com o mundo externo e
que o vínculo que se estabelece com o individuo é fator referente na sua
mobilização para a busca do novo.
Nesse sentido a finalidade básica do trabalho da psicopedagogia é a
possibilidade de produzir mudanças intervindo nos problemas para melhorar as
condições, os recursos e o ensino, realizando a tarefa preventiva que leve a
uma diminuição dos problemas enfrentados, tanto na escola como nos próprios
elementos envolvidos no processo ensino aprendizagem.
Nesse sentido, existe a necessidade de explicar o papel da
psicopedagogia junto com o professor, na busca da própria linguagem na
construção do sujeito. Sendo assim, segundo (CHAUI, 1980, p.39):
“O trabalho pedagógico, por ser um trabalho, não é transmissão
de conhecimentos (para isto existem outros instrumentos), mas
também não é um diálogo, uma comunicação intersubjetiva
entre o professor e seus alunos. O professor trabalha para
suprimir a figura do aluno enquanto aluno, isto é, o trabalho
pedagógico se efetua para fazer com que a figura do aluno
desapareça. Por isso o professor precisa fazer um esforço
cotidiano para que seu lugar permaneça vazio, pois seu
trabalho é tornar possível o preenchimento desse lugar por
todos aqueles que estão excluídos dele e que aspiram por ele,
e pelo qual não poderiam aspirar se já estivesse preenchido por
28
um senhor e mestre. Porque existe o lugar do professor, mas
existe como lugar vazio, todos podem deseja-lo e ninguém
pode preenche-lo senão sob o risco de destruí-lo...É preciso
aceitar a assimetria com rigor para não forjar a caricatura do
diálogo e exercer disfarçadamente a autoridade...O lugar do
professor, está vazio, pois seu ocupante ali se encontra para
deixa-lo através do seu próprio trabalho. Ao professor não cabe
dizer: “faça como eu, mas faça comigo...” O diálogo do aluno é
com o pensamento, com a cultura corporificada, mas obras e
práticas sociais transmitidas pelas linguagens e pelos gestos do
professor, simples mediador”. (CHAUI, 1980, p39)
Diante dessa situação, a psicopedagogia estuda questões que se ligam
as características da aprendizagem humana, como por exemplo: Como se
aprende? Por isso é importante que exista uma comunicação entre o
psicopedagogo e o professor.
O professor precisa ver no psicopedagogo alguém a mais no sistema
educativo, alguém com contribuições a dar para que seu trabalho melhore. Mas
esta colaboração não deve, em hora nenhuma, permitir a dependência de um
em relação ao outro.
É necessário que cada um, com seus conhecimentos prévios, vejam
sentido em trabalhar juntos e poderem avançar, compartilhar potencializando
as potencialidades do professor em ensinar e do psicopedagogo em intervir.
É importante ressaltar a importância da relação do professor com a
escola de buscar seu espaço e trabalhar com liberdade, respeitando seus
limites. Ter consciência que a escola é um meio de transformação social, onde
haja questionamento das incoerências do real.
“Ser professor significa exercer o domínio de seu específico
campo e processo de trabalho, passo a passo e a qualquer
momento, o que significa trabalhar com o rigor científico dos
conhecimentos que fazem seus e com os meios materiais e
instrumentais de que se apropria na capacidade de elabora-las
29
ou de reconstruí-los segundo as exigências da sua proposta
pedagógica” (MARQUES, 1988, p.118)
O papel da Psicopedagogia é da Educação é o de instituir caminhos
entre os opostos que liguem o saber e o não saber, o acesso, a facilidade e a
dificuldade a rapidez e a lentidão e os outros opostos que passam se
apresentar em um processo de aprendizagem. Estas ações devem acontecer
no âmbito, do grupo, da instituição e da comunidade, visando a aprendizagem
é, portanto tarefa da Psicopedagogia. O novo olhar que a Psicopedagogia
necessita também de uma reflexão sobre o contexto sócio político e sobre a
diferença na sociedade.
Se por outro lado temos alunos e suas possíveis dificuldades, por outro
lado temos um contexto escolar que precisa ser alterado, ou seja, a escola
precisa oferecer uma proposta mais estimulante para que a aprendizagem
aconteça, favorecendo o avanço desses alunos. Mas como transformar esses
alunos ditos fracassados em alunos motivados, ativos, produtivos, com um bom
rendimento escolar? É um desafio e de modo especial para os educadores.
Segundo Paulo Freire:
“Aprender a ler e escrever é, antes de mais nada, aprender a
ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa
manipulação mecânica de palavras, mas numa relação
dinâmica que vincula linguagem e realidade” (FREIRE, 1990,
p.8)
30
CAPÍTULO IV
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO COMO FACILITADOR
DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
A atuação psicopedagógica constitui um trabalho de investigação e
análise sobre o complexo processo da aprendizagem. Ela busca compreender
o trabalho de construção do conhecimento, com base em análise de múltiplos
fatores, que inclui os de ordem orgânica, cultural, social e de todos os que
envolvam o ser em seu desenvolvimento. Tomando-se por base a tentativa de
compreensão sistêmica e articulada que abrange olhar, escutar, tentar,
perceber, intuir e refletir, desenvolvem-se processos, possibilidades de
encaminhamento para o tratamento dos problemas de aprendizagem.
O objeto da Psicopedagogia é tão complexo quanto é a própria
natureza humana: o processo de aprender constitui aquilo que é mais definidor
do ser humano como a capacidade de assimilar, transformar o ambiente e
mudar a si próprio, agir e refletir sobre sua ação ou possibilidades de ação.
Originalmente, a Psicopedagogia se organizou com base nas
práticas de atendimentos diante das dificuldades nos processos de
aprendizagem e ensino aprendizagem, e vem, de forma mais ampla, auxiliar as
instituições educacionais, socioeducacionais e familiares, na tentativa de
absorver um atendimento mais vasto acerca dos processos de aprendizagem
de crianças, jovens e adultos.
Esta é uma das vertentes da contribuição das construções teóricas e
intervenções da psicopedagogia: contribuir para uma ampliação do conceito de
aprendizagem, na era pós-moderna, em que mudanças profundas no acesso à
informação e organização das instituições exigem repensar a respeito da
31
complexidade deste fenômeno, auxiliando os membros da sociedade a
reintegrar o ser em sua globalidade, nos processos de desenvolvimento e
educação.
Se o problema de aprendizagem tem uma raiz na qualidade do
atendimento prestado pela instituição, esta situação também irá requerer um
olhar mais amplo para o ato de aprender. O aprender na escola deve ser
analisado, desde a perspectiva da constituição de seus elementos, dos
professores, tomando-se por base as histórias de relações e significações
destes sujeitos com relação a construção da própria aprendizagem.
Deve-se investigar e refletir sobre a visão de homem, de mundo e
conseqüentemente, do processo de aprendizagem que subsidia a ação da
escola. Trabalhar com a construção do conhecimento, com as novas gerações,
é tarefa que envolve comprometimento do processo educativo e, portanto, de
constituição o ser humano, sendo muito mais abrangente do que a mera
aplicação e uma metodologia. Esta é uma importante contribuição da
Psicopedagogia para o pensar da escola.
Colaborar para uma visão mais totalizante em relação ao que é
aprender auxiliar e analisar as bases sobre as quais as aprendizagens
acadêmicas são organizadas, trabalhar sobre as condições estruturais que
subsidiam o ato de aprender, é o ofício da Psicopedagogia. Para isto, é
necessário que tenhamos uma visão do mundo para o qual o jovem é formado.
Nesse sentido, a abordagem psicopedagógica tem se valorizado
cada vez mais o ampliar os horizontes na educação os jovens.
Continuando a pensar a respeito dos processos de aprendizagem e
ensino-aprendizagem de indivíduos e de grupos de indivíduos numa
determinada sociedade, instituição e situação o psicopedagogo deve (além de
outras características e qualidades de formação pessoal e profissional) possuir
um caráter investigado; ser e estar no mundo; se interessar pela constituição e
evolução dos fenômenos sociais de forma abrangente. A própria
32
interdisciplinaridade, que caracteriza a formação do corpo teórico e da práxis
psicopedagógica, exige sua atenção ampla às evoluções científicas e culturais
e aos fenômenos sociais de sua época.
O psicopedagogo se interessa pelo processo de construção do
conhecimento. É este seu marte, é para este lugar que dirige o seu olhar
inquietante e curioso, que a tudo observa e sobre tudo pensa: a história, as
condições, as interações de fatores de ordens diversas na construção do
conhecimento daquela criança, daquela família, daquele professor, daquela
instituição. A construção de seu conhecimento a ser sempre socializado.
Nesse sentido é preciso, ao se pensar na construção de processos
teóricos voltados à prática psicopedagógica, consideramos que:
“Somos pescadores e nossas teorias são como redes. E não
deixamos de lado de bom grado as redes com as quais
algumas vezes pescamos pelo mero fato de que não servem
para certos peixes ou em determinados mares, Mas
continuamente inventamos e teremos novas redes e distintas e
as lançamos à água, para ver o que pescamos com elas. Não
desprezamos rede alguma e nenhuma confiamos
excessivamente, ainda que prefiramos carregar o barco com as
redes mais eficazes e deixar no porto as de menos uso. E
assim vamos navegando, renovando continuamente nosso
arsenal de redes em função das características da pesca”.
(MOSTERIN, 1987, p.174)
Portanto, o papel do psicopedagogo é a buscar prazerosa de
construir conhecimento, criatividade, e ter a capacidade de agregar novos
valores para a obtenção de resultados significantes dentro do processo ensino
aprendizagem.
Hoje, a escola como instituição tem recorrido a Psicopedagogia para
compreender, analisar e intervir nas práticas e relações que estão presentes no
33
interior da escola. Psicopedagogos tem contribuindo para mudanças
importantes em assessorias nas redes públicas e particular.
Entende-se que a experiência clínica do psicopedagogo, por meio do
modo próprio de analisar a singularidade dos conflitos, pode em muito
contribuir para, se não reverter o insucesso escolar, diminuir sua exuberância.
Delineia-se portanto, uma outra atuação do psicopedagogo: intervir
na escola, aproveitando a sua habilidade na escuta clínica.
Psicopedagogos que se identificam com uma visão dinâmica
fundamentam-se em referências teóricos que permitem fazer leituras mais
abrangentes. A pesquisa da etiologia das dificuldades de aprendizagem leva
em consideração os seguintes critérios:
1 – Relação que o sujeito da aprendizagem estabelece com o
conhecimento e o saber;
2 – Relação ensinante-aprendente;
3 – Possíveis manejos inadequados nas instituições que provocam
dificuldades de ordem relativa;
4 – Aluno é visto como um todo, levando-se em consideração as
quatro estruturas;
5 – Contexto onde ele se insere é importante para esclarecer a sua
relação com o conhecimento;
6 – Os conflitos são considerados pertinentes e decorrentes das
tensões, advindas da complexidade dos fatores presentes nos ambientes onde
ocorre o processo de ensino-aprendizagem;
7 – Diagnóstico psicopedagógico: uma parte significativa dos
profissionais apóia a pesquisa diagnóstica na zona do desenvolvimento
proximal, pois diagnósticos pautados apenas na psicometria, como forma de
34
medir habilidades e competências, são entendidos como “uma fotografia
instantâneas”.
A escola e a família devem funcionar em conjunto. Um trabalho
harmônico e sincronizado entre educadores e responsáveis deve ser
executado para a obtenção de bons resultados. Quando essa aliança entre
pais e educadores é rompida, ambos encontram mais dificuldades no que diz
respeito ao educando e sua formação, além dos prejuízos que esse
rompimento poderá acarretar à vida escolar do aluno.
Um desequilíbrio familiar pode também interferir no desempenho do
aluno dentro da escola, assim como na sua vida adulta. Hoje, a família é uma
instituição em transformação e o efeito desse fato na educação é real e
preocupante. As transformações ocorridas nas relações familiares ao longo dos
anos trouxeram importantes mudanças na relação professor-aluno e também
são observadas no decorrer da história da educação.
Atualmente, o educador está em busca do re-estabelecimento da
ação conjunta entre família e escola para que sua função no desenvolvimento
da criança possa se cumprir plenamente. O seu trabalho ultrapassa os muros
escolares, quando se encontra diante de situações que o faz envolver-se com
os problemas familiares de seus alunos. Esta situação acontece com
freqüência e o profissional certamente poderá contribuir para o processo de
aprendizagem; Eis porque seu envolvimento no trabalho é de grande valia.
4.1 – Compreensão do papel do professor
A idéia que se faz de escola quase sempre inclui a seguinte questão:
um professor tentando ensinar alguma coisa a uma turma de alunos.
35
O professor não é o senhor absoluto, o dono da verdade e o dono
dos alunos, que manipula a seu bel-prazer, ele é transmissor de
conhecimentos.
Além dos aspectos relacionados com os vários papéis que o
professor desempenha junto aos alunos e à comunidade, convém chamar a
atenção para a própria realização do professor. Sabe-se que uma atitude
positiva do professor em relação à matéria, aos alunos e a seu próprio trabalho
é de fundamental importância para a eficiência da aprendizagem por parte dos
alunos.
Se algum aluno não consegue aprender ou possui dificuldade em
gostar de ler, tente não culpar o aluno, mas reveja seus métodos de ensino,
nem você, nem o aluno podem ser responsabilizados por isso, mas você,
enquanto professor, pode ser responsabilizado por não tentar algo mais. “O
fracasso é a oportunidade de começar novamente de maneira inteligente”.
(HENRY FORD, 1863-1947).
4.2 – Compreensão do Aluno
A escola geralmente dá mais importância ao desenvolvimento
intelectual do que aos outros aspectos. O professor deve se observar e
observar seus alunos.
Em alguns casos, verifica-se que a família e a escola orientam a
criança em sentidos diferentes, ou que os valores dos amigos e os da escola
sejam divergentes família e escola devem orientar a criança na direção de um
mesmo objetivo.
36
4.3 – Fatores que prejudicam a aprendizagem
Apesar de todos os problemas, o aluno quer aprender, vê na escola
e na aprendizagem uma possibilidade de mudar de vida. A posição da criança
entre os irmãos também pode afetar o rendimento escolar.
O tipo de educação é outro fator ligado à família que afeta a
aprendizagem. Uma das maneiras de diminuir os efeitos negativos do mimo,
está no trabalho do professor com os pais, no sentido de que estes substituam
o excesso de mimo, excesso de permissividade, por uma educação mais
equilibrada e com limites.
Nesses casos são importantes a colaboração da família e a da
escola e o diálogo do professor com o aluno e do professor com a família.
Na educação que valoriza a ambição, o ter, mais do que o ser, os
pais esperam que seus filhos alcancem resultados fora do comum. Muitas
vezes, são pais frustrados que promovem tal educação, na esperança de
realizar através dos filhos o que não conseguiram por si mesmos.
4.4 – Aprendizagem
A aprendizagem é gradual, durante toda a nossa vida. Portanto, ela
é um processo constante, contínuo. Cada indivíduo tem seu ritmo próprio de
aprendizagem, que aliado ao seu esquema próprio de ação, irá construir sua
individualidade.
Essas diferenças individuais levam alguns indivíduos a serem mais
lentos na aprendizagem, enquanto outros são mais rápidos. A aprendizagem é,
portanto, um processo pessoal, individual, isto é, tem fundo genético e depende
37
de vários fatores (esquemas de ação inatos do indivíduo, estágio de maturação
de seu sistema nervoso, seu tipo psicológico constitucional, seu grau de
envolvimento, seu espaço e interesse). É um processo acumulativo; ou seja,
cada nova aprendizagem vai se juntar ao conjunto de conhecimentos e de
experiências que o indivíduo já possui, indo constituir sua bagagem cultural.
Este processo de acumulação de conhecimentos não é estático. A cada nova
aprendizagem o indivíduo reorganiza suas idéias, estabelece relações entre as
aprendizagens anteriores e as novas. Trata-se, portanto, de um processo
integrativo dinâmico.
“O conceito de aprendizagem não é restrito somente aos
fenômenos que ocorrem na escola, o termo tem um sentido
muito mais amplo: abrange os hábitos que formamos os
aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação dos valores
culturais”. (DROUET, 1995, p.32)
Toda aprendizagem resulta da procura do restabelecimento de um
equilíbrio vital, rompido pela nova situação estimuladora, para a qual o sujeito
não disponha de resposta adequada. A quebra deste equilíbrio determina, no
indivíduo, um sentimento de desajustamento, ao enfrentar uma situação nova,
e o único meio de ajustar-se é agir ou reagir até que a resposta conveniente à
nova situação venha fazer parte integrante de seu equipamento de
comportamento adquirido, o que constitui o que se chama aprendizagem.
A eficiência da aprendizagem está condicionada à existência de
problemas, que surgem na vida do educando, que lhe dêem a impressão de
fracasso e que o levam a sentir-se compelido e resolve-los. Na busca e
obtenção dessas soluções, o educando aprende.
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CONCLUSÃO
A partir das teorias citadas verificamos que o ensino aprendizagem
consiste em aquisição de informações e demonstrações transmitidas através
de experiências vividas e retratadas em sala de aula.
Percebe-se que o ensino fica caracterizado com a variedade e
quantidade de noções, conceitos e informações e a formação de pensamento
reflexivo.
A relação professor/aluno é relevante no sentido de interação na
sala de aula e exerce poder decisório quanto a metodologia, conteúdo,
avaliação e forma de interação.
Na relação professor/psicopedagogo, o psicopedagogo pode atuar
com um facilitador do processo educativo auxiliando os professores a vencer
os problemas existentes baseado nas diferentes situações.
Portanto, o ensino deriva do entusiasmo pessoal do professor, que
vem de seu amor a ciência e aos alunos. Este entusiasmo pode e deve ser
canalizado mediante planejamento e metodologias adequadas que visa
sobretudo incentivar o entusiasmo dos alunos para realizarem por iniciativa
própria os esforços intelectuais e morais que aprendizagem exige. Nesse
sentido o psicopedagogo deve estabelecer, promover situações de ensino
aprendizagem, deve ser flexível, parceiro, criativo, mediador e facilitador de
aprendizagem.
Por fim todas as observações tiveram centralizadas no que diz
respeito ao papel da psicopedagogia.
Ao término do trabalho ficou a certeza que a psicopedagogia é
essencial para o desenvolvimento do ensino aprendizagem.
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