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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E A CONTRIBUIÇÃO NO ASPECTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA E ADOLESCENTE por CLAUDIA CHAGAS SANTOS ORIENTADOR: MS Maria poope 24/09/2007 Rio de Janeiro Setembro / 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E A CONTRIBUIÇÃO NO ASPECTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA E

ADOLESCENTE

por CLAUDIA CHAGAS SANTOS

ORIENTADOR: MS Maria poope 24/09/2007

Rio de Janeiro Setembro / 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E A

CONTRIBUIÇÃO NO ASPECTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

Obj: identificar os benefícios adquiridos no

esporte, a melhora no aspecto psicomotor

de crianças e adolescentes. Proporcionar

hábitos saudáveis e a integração social dos

mesmos, assim desviando uso das drogas e

a marginalização. Almejando novas

possibilidades de aprendizagem, solicitada

como exigência do curso de

psicomotricidade por Claudia chagas

santos.

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AGRADECIMENTOS

À minha filha Geovanna e meu esposo

Alexandre, que sempre estiveram ao meu

lado, apoiando-me nos momentos difíceis e

ajudando –me a superar os obstáculos.

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DEDICATÓRIA

Ao corpo docente da Universidade, pelo

auxílio preciso e seguro na realização desta

pós-graduação, indicando-me os caminhos

profissionais a serem seguidos com grande

competência.

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RESUMO

O esporte atualmente possui inúmeras dimensões quanto à sua

aplicabilidade.

Existe o esporte competitivo onde se privilegia o desempenho dos atletas, o

esporte escolar onde é visado o desenvolvimento motor das crianças, o esporte

direcionado à melhoria da qualidade de vida e o que se pode chamar de esporte

social, que tem como preocupação primordial, a integração social dos indivíduos.

Há, atualmente, inúmeros projetos sociais que trabalham com comunidades

carentes, onde, através de atividades esportivas, procuram promover

transformações sociais e, assim, oferecer oportunidades para que se tornem

cidadãos com perspectiva de futuro.

Esta leitura irá conduzir a uma reflexão de que o esporte é uma importante

ferramenta, fundamental para a socialização e desenvolvimento de crianças e

adolescentes.

Praticando esporte, se integrando, aprendendo a ser respeitado como

cidadão e ser humano, jogando ou treinando, eles reconhecem seu verdadeiro valor

e melhoram sua auto-estima.

O objetivo principal deste trabalho é mostrar que é possível o resgate social

de crianças e adolescentes à construção da cidadania através do esporte, pois o

este, possui valores fundamentais para a juventude, sendo um exemplo para a

própria vida.

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METODOLOGIA

O presente estudo é uma pesquisa bibliográfica ressaltando a importância da exploração corporal, através do esporte, jogos e brincadeiras. Visando a integração social através de projetos sociais em comunidades menos favorecidas. Garantindo uma perspectiva de futuro melhor para crianças e adolescentes.

Consulta e análise de referências bibliográficas relacionadas ao tema foi à

metodologia utilizada para a confecção deste trabalho.

As referências bibliográficas utilizadas para a elaboração deste projeto foram:

ADELANTADO, V. (1993): El Juego Infantil; in Fundamentos de Educación Física

para Ensenanza Primaria, INDE Publicaciones, Vol. II, pp. 629:731, Barcelona

COSTE, Jean Claude.A psicomotricidade – Rio de Janeiro: Zahar, 1992.

FISCHER, Julianne. Sugestões para o desenvolvimento do trabalho

pedagógico.Timbó: Tipotil, 1997.

FITNESS THEORY & PRACTICE - AFAA - 1995 - Segunda Edição - Sherman Oaks,

California 91403 - Editor Peg Jordan, RN

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

FOZ, F. S. B. et al. (2001, abr.) Plasticidade Neural e Linguagem. EINA-ENSCER

[On-line]. http://www.kyotec.com.br/eina/eduesp/rbf/plasticidade.html.[2001,Abr. 25].

FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São

Paulo: Scipione, 1989.

LE BOUCH, Jean. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar:

Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.

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MAGALHÃES, Alcídia Faria. Lateralidade: implicações no desenvolvimento infantil.

Rio de Janeiro: Sprint, 2001.

NEGRINE, Airton. Educação psicomotora: a lateralidade e a orientação espacial.

Porto Alegre: Palloti, 1986.

ROMERO, Eliane. Lateralidade e rendimento escolar. Revista Sprint, vol 6,1988.

SCHUTZ, Will. Profunda simplicidade: uma nova consciência do eu interior, Ed. Ágor

VASCONCELOS, O. (1989): Os Jogos Tradicionais Portugueses: sua importância

no desenvolvimento ontogenético da organização, orientação e estruturação

espacial na criança e no jovem adolescente; in Seminário “Primeiro Encontro dos

Jogos da Malha”, Oliveira de Azeméis

WEINECK, Jürgen. Biologia do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1991.

Consulta à Internet:

htp://www.cdof.com.br http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/dc-declaracao-dc.html http://www.anped.org.br/0711t.htm Schutz, Will. Profunda simplicidade: uma nova consciência do eu interior, Ed. Ágor

http://www.veb-df.org.br/Adultos/Reflexoes/04Ativludica.asp

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SUMÁRIO

Página

Introdução

10

l. Benefícios do esporte

12

1.1 Fases e níveis do rendimento esportivo 141.2 Treinamento de força na infância segundo Weineck 161.3 Características do treinamento infantil 171.4 Motivos importantes para a prática de atividades físicas 18

ll. Aspecto motor, intelectual e social

19

2.1 O desenvolvimento humano 19

2.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano 19

2.3 Aspectos do desenvolvimento humano 20

2.4 A teoria do desenvolvimento humano de Jean Piaget 21

2.4.1 período das operações concretas 21

2.4.2 Período das operações formais 22

2.4.3 Juventude: projeto de vida 22

lll.A importância dos jogos na infância e adolescência

23

3.1 Os jogos favorecem o desenvolvimento dos objetivos 23

3.2 Jogos cooperativos e jogos competitivos 25

3.3 Jogos infantis na construção da cidadania 28

lV. Psicomotricidade

36

4.1 Educação ou reeducação psicomotora 37

4.2 Esquema corporal 39

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4.3 Lateralidade 40

4.4 Estruturação espacial 41

V. A importância da aplicação de atividades esportivas por projetos

sociais, para comunidades carentes, visando a integração social

42

5.1 A sociedade e suas definições 44

5.2 A realidade da nossa sociedade – infância e adolescência 46

Conclusão

48

Bibliogragia

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho monográfico é conduzir a uma reflexão de que o

esporte é uma ferramenta fundamental para a socialização e desenvolvimento de

crianças e adolescentes, bem como demonstrar os benefícios que o esporte traz em

relação ao desenvolvimento psicomotor de crianças.

Com este trabalho a autora tem a intenção de mostrar que pode ser mudada

e melhorada através da prática esportiva a realidade das crianças e jovens

adolescentes menos favorecidos que moram em áreas de risco, onde o tráfico e a

marginalidade imperam, deturpando a imagem de trabalho, moral de valores da

sociedade e servindo de exemplo para os jovens e crianças, que muitas vezes não

tem oportunidade de atenção, de carinho, nem respeito de seus familiares. Com o

esporte é possível evitar que eles ingressem para uma triste realidade que

futuramente pode se tornar mais uma mazela social.

Praticando esporte, a criança desenvolve disciplina, se integra, aprende a ser

respeitado como cidadão e ser humano. Jogando ou treinando, eles reconhecem

seu verdadeiro valor e melhoram sua auto-estima.

Atualmente existem vários projetos sociais, principalmente da iniciativa

privada, com apoio do Ministério do Esporte, que colaboram neste sentido, com

Vilas Olímpicas. É fundamental que crianças deste nicho participem de projetos para

que se distanciem dos vícios e das drogas e da marginalidade e tenham um melhor

rendimento escolar.

Esta leitura irá conduzir a uma reflexão de que o esporte é uma importante

ferramenta fundamental para a socialização e desenvolvimento de crianças e

adolescentes.

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Praticando esporte, se integrando, aprendendo a ser respeitado como

cidadão e ser humano, jogando ou treinando, eles reconhecem seu verdadeiro valor

e melhoram sua auto-estima.

. No desenvolvimento serão abordados aspectos sociais na infância e

adolescência e será ilustrado, empiricamente o Projeto da Vila Olímpica da

Mangueira.

As atividades esportivas oferecidas às crianças e adolescentes constituem,

certamente, o mais importante meio preventivo de combate às drogas.

A assiduidade e comportamento tanto no projeto, quanto na escola regular, são

fatores condicionantes da permanência dos jovens no projeto.

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1. BENEFÍCIOS DO ESPORTE

Além de fazer bem à saúde, o esporte permite trabalhar, ao mesmo tempo, a

afetividade, as percepções, a expressão, o raciocínio e a criatividade de meninos e

meninas. Com isso, eles passam a ter mais controle de seu corpo e melhoram a

capacidade de brincar em grupo e fazer amigos. O esporte também é um meio

eficaz de complemento à educação e uma forma eficiente de aumentar o interesse e

o desempenho na escola. Uma idéia é relacioná-lo aos conteúdos estudados em

sala de aula.

Com um pouco de criatividade é possível fazer uma relação entre as lições de

matemática, por exemplo, e os conhecimentos envolvidos em uma partida de

futebol. Mas é importante que as atividades esportivas não sejam apenas encaradas

como formalidade escolar. A criança também precisa se divertir.

A prática de esportes pode ainda ajudar a transmitir valores como respeito a

regras e limites, estimular a aceitação da vitória ou da derrota e ajudar a fortalecer

as relações de solidariedade.

Na última década, diversas pesquisas foram desenvolvidas focalizando o efeito do exercício no treinamento de

crianças. E parece que tanto crianças como adolescentes respondem ao treinamento tanto quanto um adulto (AFAA,1995).

Professores de Educação Física, Fitness e mesmo os próprios pais podem ajudar as crianças a desenvolver um corpo mais

ativo e saudável, simplesmente ensinando-as atitudes positivas, conscientizando-as dos benefícios do exercício, de uma vida

saudável desde cedo e ainda fazendo com que a atividade escolhida por eles seja acima de tudo prazerosa.

A promoção da atividade física na infância é fator primordial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis que

podem modificar futuros aparecimentos de doenças crônicas enquanto adulto como, pressão alta, altas taxas de colesterol,

elevado percentual de gordura corporal além de doenças do coração. Além disso, pesquisas apontaram que a aderência às

atividades físicas em tenra idade trazem maior desenvolvimento no condicionamento geral do adulto além de maiores

habilidades motoras para diversas atividades.

A criança que habitualmente prática atividade física obtém:

- Aumento de habilidades para satisfação da demanda de atividades do dia-a-dia;

- Melhoria de habilidades motoras;

- Redução de lesões;

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- Redução de condições para desenvolvimento de doenças crônicas futuras ligadas

ao sedentarismo;

- Melhoria da Auto-Estima ;

- Melhoria do Senso de Responsabilidade e Grupo;

- Melhoria da Auto-Confiança;

- Melhoria da Adaptação Social;

- Melhoria de Expressão Pessoal e Liberdade;

- Um maior desenvolvimento Espaço-Temporal.

Os pais geralmente se perguntam quando colocar um filho para praticar certa

atividade física ou esporte ou qual delas escolher. É importante que os responsáveis

saibam e fiquem atentos para isso, pois deve-se, acima de tudo, respeitar não só o

gosto pessoal mas a idade de desenvolvimento da criança.

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1.1. Fases e níveis do rendimento esportivo

FAIXAS ETÁRIAS

Criança: 7 aos 11 anos.

Pré-adolescência: 11 aos 13 anos .

Fase da puberdade para adolescência: 14 aos 15 anos .

Adolescência: 13 aos 17 anos.

Adulto: 18 aos 25 anos.

Fase Pré-Escolar (2-5 anos): Nesta fase é a chamada fase de movimentos

fundamentais da criança. Nela, a criança aprende capacidades físicas importantes

como: coordenação, orientação espaço-temporal, equilíbrio, contato social, ritmo,

diferenciação. As atividades escolhidas devem ser ligadas a maior descontração e

liberdade possível. Jamais a criança vai conseguir competir. Ela pratica esporte

adaptado como brincadeira e não deve ser tratada como um atleta.

Fase Universal (6-12 anos): Nesta fase ainda não existe um treinamento

sério, mas é a fase do maior desenvolvimento de habilidades, possível, de uma

criança. Aqui, ela vai aprender todos os componentes de rendimento esportivo e

todas as capacidades físicas em geral. A criança nesta fase, aprende o mais

importante, que é viver em grupo e participar de atividades físicas utilizando:

- Capacidades Físicas Motoras: força , resistência e velocidade;

- Capacidades Físicas Coordenativas: diferenciação espaço-temporal;

acoplamento, reação, orientação (noção da distância), equilíbrio, variação e ritmo.

- Capacidades Físicas Mistas: velocidade e flexibilidade, dando suporte para

que a criança aprenda técnicas esportivas e regras básicas de jogos.

Os pais devem procurar qualquer atividade que a criança se identifique. Mas

ainda não é uma fase de preocupação com competições ou resultados. Certos pais

querem que a criança nesta fase se comporte como um atleta, que é um erro.

Fase de Orientação (12-14 anos): É a fase de maior interesse por esportes

coletivos e competitividade. Nesta fase a criança desenvolve Capacidades Táticas

de esportes (sensorial e cognitiva), Capacidades Técnicas (do desporto) e adora

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viver em grupos. Somente após os 14 anos que pode se esperar da criança uma

especialização esportiva.

Fase de Direção (14- 16 anos): O Adolescente nesta fase tem as primeiras

noções do que é esporte especializado. Tem contato com treinamento aeróbico e

treinamento de força com sobrecarga.

Fase de Especialização (16-18 anos): Nesta fase o adolescente está pronto

para o treinamento esportivo propriamente dito. Trabalha força, velocidade e

resistência de maneira específica para o esporte. Predominando o volume de

treinamento e utilizando os Princípios do treinamento esportivo (pedagógicos,

metodológicos, biológicos, organização e gerenciamento.

Fase de Aproximação (18- 20 anos): O treinamento nesta fase tem

características de sobrecarga dando condições para o atleta entrar no alto nível. E

aos 21 anos ele está no esporte de alto nível.

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1.2. Treinamento de força na infância segundo Weineck(1999).

Segundo WEINECK, os graus desenvolvimento da seguinte forma:

- Idade pré-escolar - nesta fase do treinamento de força empregado é diferente do

comumente utilizado. Basta a compulsão das crianças se movimentarem todo o

tempo, para que haja um desenvolvimento do aparelho motor ativo e passivo, e para

que haja estímulo suficiente para o crescimento ósseo e desenvolvimento muscular.

- Primeira idade escolar - nesta fase utiliza-se o treinamento dinâmico, em função da

baixa capacidade anaeróbia apresentada pelo organismo infantil e das condições

desfavoráveis deste organismo para o trabalho estático. Em primeiro plano deve

estar o treinamento para força rápida.

- Idade escolar tardia - nesta fase há um fortalecimento de diversos grupos

musculares através de exercícios com cargas que superam o peso dos próprio

corpo.

- Pubescência - devido a um grande crescimento longitudinal seguido de uma fase

desarmônica das proporções corporais, nesta fase, a possibilidade de executar

exercícios de alavanca é sempre desproporcional ao potencial de desempenho da

musculatura. Nesta faixa etária, a força geral deve ser paralelamente desenvolvida

com a força específica e os seus requisitos próprios do condicionamento. Sendo que

a força básica geral é treinada, através de circuitos, de lutar de empurrar e puxar e

de exercícios com bola, corda, etc.

- Adolescência - esta é a fase de maior resposta ao treinamento de força onde se

observam os maiores aumentos de força.

1.3. Características do treinamento infantil

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- Intensidade: A intensidade da atividade deve ir de encontro também a idade

cronológica da criança. É recomendado pela (AFAA,1995) a utilização de uma

Tabela de Percepção de Esforço adaptada (PSE) para observação do grau de

intensidade na aula.

- Freqüência: Com a finalidade de causar efeitos de treinamento e condicionamento

geral a freqüência deve ser de 2-3 vezes por semana. Devemos levar em conta que

as próprias crianças participam em diversas brincadeiras em momentos de lazer que

dependendo do tempo de atividade, devem ser consideradas.

É importante que os pais saibam que nenhuma criança vai pular fases e que

elas devem ser supervisionadas para saber se não está sendo exigido delas

demasiadamente. Crianças frustradas com o esporte tornam-se adultos sedentários

e doentes. Diante de tantos benefícios da atividade física na infância, ainda é difícil

de acreditar que em nosso convívio, ainda existam pessoas de olhos fechados para

tal necessidade. É através da educação física escolar que podemos esperar uma

sociedade futura mais ativa e saudável

O homem moderno vem deixando de lado as práticas esportivas, o que

muitas vezes leva a um estilo de vida sedentário e provoca distúrbios como má

alimentação, obesidade, tabagismo, estresse, doenças coronarianas, etc.

Como reação a essa atitude, a ciência do esporte vem desenvolvendo estudos e

demonstrando a importância que a prática constante de uma atividade física bem

planejada tem para que as pessoas possam ter uma vida mais saudável.

1.4. Motivos importante para a pratica de atividade física

1 – Auto estima - A prática regular de exercícios aumenta a confiança do indivíduo.

2 – Capacidade Mental - Pessoas ativas apresentam reflexos mais rápidos, maior

nível de concentração e memória mais apurada.

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3 – Colesterol - Exercícios vigorosos e regulares aumentam os níveis de HDL

(lipoproteína de alta densidade, o “bom colesterol”) no sangue, fator associado à

redução dos riscos de doenças cardíacas.

4 – Depressão - Pessoas com depressão branda ou moderada, que praticam

exercícios de 15 a 30 minutos em dia alternados, experimentam uma variação

positiva do humor já após a terceira semana de atividade.

5 – Doenças Crônicas - Os sedentários são duas vezes mais propensos a

desenvolver doenças cardíacas. A atividade física regula a taxa de açúcar no

sangue, reduzindo o risco de diabetes.

6 – Envelhecimento - Ao fortalecer os músculos e o coração, e ao amenizar o

declínio das habilidades físicas, os exercícios podem ajudar a manter a

independência física e a habilidade para o trabalho, retardando o processo de

envelhecimento.

7 – Ossos - Exercícios regulares com pesos são acessórios fundamentais na

construção e manutenção da massa óssea.

8 – Sono - Quem se exercita “pega” no sono com mais facilidade, dorme

profundamente e acorda restabelecido.

9 – Stress e Ansiedade - A atividade física libera os hormônios acumulados durante

os momentos de stress. Também funciona como uma espécie de tranqüilizante

natural – depois do exercício a pessoa experimenta uma sensação de serenidade.

2. O ASPECTO MOTOR, INTELECTUAL E SOCIAL

A psicologia do desenvolvimento é uma área de conhecimento da psicologia

que estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: físico-

motor, intelectual, afetivo-emocional e social – desde o nascimento até a idade

adulta.

As experiências dos primeiros anos de vida são fundamentais para toda a

vida do individuo, pois criam a base para o desenvolvimento da independência e

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autonomia corporal, ao mesmo tempo em que matura o aspecto sócio-afetivo, uma

vez que a criança se encontra em relação “(consigo, com o outro, com espaço com o

objeto) trocando experiências e conteúdo entre o seu” eu e o outro.

2.1. O desenvolvimento humano.

O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao

crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua. Estas

são as formas de organização da atividade mental que vão-se aperfeiçoando e se

solidificando até o momento em que todas elas. Algumas dessas estruturas mentais

permanecem ao longo de toda a vida.

2.2. Fatores que influenciam o desenvolvimento humano

A hereditariedade é a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que

pode ou não se desenvolver. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as

condições do meio em que se encontra.

O crescimento orgânico refere-se ao aspecto físico.

A maturação neurofisiológica é o que torna possível determinado padrão de

comportamento e o meio é o conjunto de influências e estimulações ambientais que

altera os padrões de comportamento do indivíduo.

2.3. Aspectos do desenvolvimento humano

a) Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação

neurofisiológica. Ex.: A criança que leva a chupeta à boca.

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b) Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: A criança de

2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo

de um móvel.

c) Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas

experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: A vergonha que sentimos

em algumas situações.

c) Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que

envolvem outras pessoas. Ex.: Quando em um grupo há uma criança que

permanece sozinha.

Não é possível encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos

relacionam-se permanentemente.

2.4.A teoria do desenvolvimento humano de Jean Piaget

Este autor divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o

aparecimento de novas qualidades do pensamento.

Neste período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da

linguagem. Como decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do

pensamento se acelera. A interação e a comunicação entre os indivíduos são as

conseqüências mais evidentes da linguagem. Um dos mais relevantes é o respeito

que a criança nutre pelos indivíduos que julga superiores a ela. Neste período, a

maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas

habilidades, como a coordenação motora fina – pegar pequenos objetos com as

pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os delicados

movimentos exigidos pela escrita.

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2.4.1. Período das operações concretas (A infância propriamente dita

– 7 a 11 ou 12 anos)

Nessa idade a criança está pronta para iniciar um processo de aprendizagem

sistemática. A criança adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto,

passando a organizar seus próprios valores morais. A grupalização com o sexo

oposto diminui. A criança, que no início do período ainda considerava bastante as

opiniões e idéias dos adultos, no final passa a enfrentá-los.

2.4.2. Período das operações formais (a adolescência – 11 ou 12 anos em

diante)

É capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça, etc. É capaz de tirar

conclusões de puras hipóteses. O alvo de sua reflexão é a sociedade, sempre

analisada como possível de ser reformada e transformada. No aspecto afetivo, o

adolescente vive conflitos.

2.4.3. Juventude: projeto de vida.

A personalidade começa a se formar no final da infância, entre 8 a 12 anos.

Na idade adulta não surge nenhuma nova estrutura mental, e o indivíduo caminha

então para um aumento gradual do desenvolvimento cognitivo.

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3. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA INFÂNCIA E

ADOLESCÊNCIA

“A criança deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a

atividades recreativas, que devem ser orientadas para os mesmos

objetivos da educação; a sociedade e as autoridades públicas deverão

esforçar-se para promover o gozo destes direitos”.

Princípio 7. º da Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959)

JOGOS - Atividade física ou mental fundada num sistema de regras que

definem a perda ou o ganho. Ou um processo, onde se aprende a reconhecer a

própria autenticidade e a expressa-lá espontânea e criativamente.

3.1. Os jogos favorecem o desenvolvimento dos objetivos

a) Físicos;

b) Intelectual;

c) Emocional;

d) Moral;

e) Social.

a) Quanto aos Aspectos Físicos

Através do exercício físico proporcionado pelas atividades e jogos, a crianças

movimenta todo o seu corpo, assim ela exercita os seus músculos, desenvolvendo-

os e coordenando-os, acarretando uma melhoria do organismo e,

conseqüentemente, da saúde.

b) Quanto ao Aspecto Intelectual

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As atividades favorecem o desenvolvimento do raciocínio, inteligência,

observação imaginação, curiosidade e criatividade, porque brincando a criança

aumenta seu poder de expressão.

Proporcionando novos interesses e maiores conhecimentos, cooperando com outras

matérias escolares.

c) Quanto ao Aspecto Emocional

A criança enriquece sua vida afetiva pela participação espontânea nas

atividades, porque através delas podemos observar suas reações emocionais. A

recreação constitui, portanto, um fator de equilíbrio emocional.

d) Quanto ao Aspecto Moral

As atitudes nas atividades devem contribuir para a formação do caráter e

estarem de acordo com as normas de vida coletiva. Quando a criação se acostuma

a respeitar as regras e a sujeitarem-se as restrições que elas impõem, estão

realmente praticando padrões desejáveis de conduta.

e) Quanto ao Aspecto Social

Desde cedo devemos ensinar a criança a viver em grupo. As atividades

recreativas alargam as experiências dentro do grupo, melhoram o relacionamento

humano e aprimoram o espírito comunitário.

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3.2. Jogos cooperativos e jogos competitivos.

Um dos temas palpitantes da prática educacional, hoje em dia, é o dos jogos

competitivos e cooperativos.

O aumento da conscientização da necessidade de incentivar e desenvolver o

espírito de cooperação, de participação numa comunidade vem transformando

profundamente o estilo de se trabalhar em grupo. A própria capacidade cooperativa

é um quesito valorizado na hora de conseguir emprego, porque as pessoas estão

descobrindo que não dá para irem muito longe sozinhas. Antigamente, as grandes

invenções eram atribuídas a uma pessoa. Foi assim com o telefone, com a lâmpada.

Há muito que os jogos estão presentes nas atividades educacionais, mas a maioria

dos jogos tradicionais no ocidente são competitivos.

O conceito de jogos cooperativos teve início com Terry Orlick, pesquisador

canadense que, a partir de estudos iniciados nos anos 70, desenvolveu o princípio

destas atividades físicas cujos elementos primordiais são: a cooperação, a

aceitação, o envolvimento e a diversão.

A idéia difundiu-se e hoje diversos autores desenvolvem jogos cooperativos

aplicados à educação, administração de empresas e serviços comunitários.

Orlick questionou as regras dos jogos tradicionais e adaptou-os para

transformá-los em jogos cooperativos. Neles o confronto é eliminado e jogam-se uns

com os outros, ao invés de uns contra outros. A comunicação e a criatividade são

estimuladas para se alcançar um objetivo comum.

No Brasil, Fábio Otuzi Brotto, autor do livro "Jogos Cooperativos" (Ed. Projeto

Cooperação), é um dos precursores desse novo enfoque que visa, segundo ele,

harmonizar o desenvolvimento da habilidade física com o desenvolvimento das

potencialidades pessoais e coletivas dos alunos.

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Nos jogos cooperativos existe cooperação, que significa agir em conjunto

para superar um desafio ou alcançar uma meta, enquanto que nos jogos

competitivos, cada pessoa ou time tenta atingir um objetivo melhor do que o outro.

Ex.: marcar gols, cumprir um percurso em menor tempo, etc.

O quadro abaixo nos dá uma idéia das principais características dos dois tipos

de jogos.

JOGOS COOPERATIVOS JOGOS COMPETITIVOS

Visão de que "tem para todos" Visão de que "só tem para uns"

Objetivos comuns Objetivos exclusivos

Ganhar COM o outro Ganhar DO outro

Jogar COM Jogar CONTRA

Descontração Tensão

A vitória é compartilhada A vitória é somente para alguns

As atividades que privilegiam os aspectos cooperativos são importantes por

contribuírem para o desenvolvimento do sentido de pertencer a um grupo, para a

formação de pessoas conscientes de sua responsabilidade social, pois trabalham

respeito, fraternidade e solidariedade de forma lúdica e altamente compensatória,

levando a perceber a interdependência entre todas as criaturas. Nelas, ninguém

perde ninguém é isolado ou rejeitado porque falhou. Quando há cooperação todos

ganham, baseados num sistema de ajuda mútua.

(Extraído do livro "O Tao da Educação: A filosofia oriental na escola ocidental", de

Luzia Mara Silva Lima, Ed. Ágora.)

Os jogos competitivos, por sua vez, também têm seu papel educacional,

quando nos ensinam a lidar com a competitividade existente dentro de nós.

Compreender a competição e as emoções relacionadas a ela num ambiente

assistido, no espaço da aprendizagem, é uma oportunidade para que as crianças

passem a lidar com a realidade do mundo competitivo de maneira mais serena e

equilibrada. A competição pode gerar diversos conflitos e emoções desagradáveis.

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Pode levar à comparação, frustração, ao sentimento de vitória ou de derrota, à

exclusão, e as situações de aula, quando bem encaminhadas, podem contribuir para

ajustar a percepção destes momentos à sua verdadeira dimensão íntima, visando o

equilíbrio. No ambiente competitivo bem administrado também estão presentes a

necessidade do respeito, a superação de limites e a amizade.

Quando saudável, a competição pode permitir que uma pessoa chegue a um

desempenho que dificilmente conseguiria alcançar sem a contraposição de outra.

Segundo Schutz, a competição é prejudicial quando há a tentativa de trapacear,

quando há um gasto excessivo de energia para ganhar ou, ainda, quando

representa a diminuição do adversário. Do contrário, ela pode ser altamente positiva,

preparando a pessoa inclusive para a competitividade da própria vida, às vezes

expressa pela chamada "seleção natural". Assim, a presença do outro em situações

de comparação e disputa pode levar a um significativo aprimoramento cognitivo,

afetivo, motor e social:

“A presença de um parceiro do outro lado da quadra convoca-me a ser veloz, coordenado, resistente e estratégico, o que já não acontece se me confronto com uma parede. (...) Ocasionalmente, o jogo vai além da mera competição. O jogo adquire uma qualidade que transcende o nível do ganhar ou perder. Essa é uma experiência muito próxima da mística. A excitação do jogo, o clima psicológico, o drama, a luta, as grandes realizações dos contendores transformam a experiência num momento espiritual.”

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3.3. Jogos infantis na construção da cidadania

O conceito de cidadania é amplo e abrange várias dimensões, tanto individual

quanto coletiva. A cidadania individual pressupõe a liberdade e a autonomia dos

indivíduos num sistema de mercado, de livre jogo da competição, as quais vêm

sendo controladas pelo Estado. Ela pode ser entendida como o direito ao voto e a

participação política, ou então, como sendo parte efetiva do cotidiano do indivíduo,

na sua singularidade e na sua coletividade.

Porém, é importante a concepção da cidadania como um processo político,

social e histórico, que se constrói a partir de ambas as dimensões, individual e

coletiva.

Construir cidadania é também construir novas relações e consciências. A

cidadania é algo que não se aprende com os livros, mas com a convivência, na vida

social e pública. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania,

através das relações que estabelecemos com os outros, com a coisa pública e o

próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a

solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética. Uma

ferramenta muito poderosa para desenvolver a cidadania é o esporte.

As atividades de lazer esportivo, mais do que preencher o tempo ocioso,

desempenham um papel importante na vida das pessoas: são fundamentais para o

desenvolvimento da sociabilidade e das relações inter-pessoais.

Cabe ao poder público potencializar estas atividades e ao mesmo tempo

otimizar a interface existente entre a educação, a saúde, o esporte e o lazer como

elementos básicos para a melhoria da qualidade de vida da sociedade como um

todo.

Ao planejar uma política de esporte, principal diretriz que um dirigente

municipal deve ter em mente é que ela contemple o princípio da livre escolha e da

participação espontânea, com incentivo à criatividade e busca de ocupação

prazerosa do tempo disponível. Estas atividades devem ser tratadas sob ótica

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interdisciplinar, atendendo todas as manifestações culturais do esporte: físico-

esportivas, intelectuais, sociais e turísticas.

Hoje em dia, por limitações óbvias, dificilmente encontraremos nos grandes

centros urbanos crianças jogando qualquer coisa nas ruas. A violência, o trânsito, a

falta de camaradagem entre vizinhos impedem a utilização do espaço público para a

diversão. Hoje as ruas são dos carros, postes, ladrões, camelos e prostitutas. A não

ser, claro, quando um bairro, no caso do Rio de Janeiro, há área de lazer aos

domingos. Porém isso não ocorre em todo o estado.

A criança de classe média e alta tem optado pelos inúmeros jogos eletrônicos

que o mercado tecnológico tem oferecido e esquecido de brincadeiras tradicionais

de socialização como amarelinha, esconde-esconde, pega-pega, pião, pique

bandeira, corda, queimado etc.

A população precisa resgatar valores perdidos e tentar levar àqueles que não

tem conhecimento dessas brincadeiras uma visão diferente da mesma, para que as

vejam como alternativa saudável de lazer e uma forma de inteirar-se na sociedade.

A escola é melhor lugar para trabalhar esses valores, principalmente nas aulas

de Educação Física. Mas, enfim, talvez alguns destes jogos possam ainda ser

revividos, nos clubes, acampamentos, sítios, áreas comuns de prédios, em espaços

privados, que estão substituindo os espaços públicos. E por que não na própria

vizinhança.

A esmagadora maioria dos professores tem a noção de que, através dos

jogos infantis, se conseguem desenvolver várias competências e que o papel destes

não se resume, exclusivamente, à sua ação motora. Sabem que através destes

jogos se podem desenvolver competências tão importantes como a cooperação,

espírito de grupo, respeito pelos outros e, pelas regras, competências ligadas à

iniciativa e adaptação etc. No entanto, esses mesmos professores salientam, muitas

vezes, a dificuldade em implementar os jogos no espaço escolar. Não se fala tanto

em espaços inadequados ou faltas de material, mas sim, sobretudo, na forma como

as crianças abordam os jogos.

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Segundo os professores, muitas crianças têm a tendência para encarar os

jogos com uma atitude geral que pode ser caracterizada pela necessidade de vencer

a todo o custo, infringindo constantemente as regras estabelecidas, não aceitando

reparos ou sugestões. Têm ainda atitudes agressivas para com tudo e todos. Tal

fato leva muitas vezes os professores a “cortar o mal pela raiz”, eliminando os jogos

dos espaços escolares. Esta atitude global de muitas crianças perante os jogos vem,

na maior parte das vezes, da cópia de um modelo de atitudes dos adultos, que se

pode considerar pouco correto.

Partindo do pressuposto de que as brincadeiras infantis não são inatas, ou

seja, necessitam de aprendizagem, consideramos como algo insubstituível que o

educador de infância apresente, numa atitude persistente e contínua, o jogo, na sua

versão pedagogicamente correta, para que as crianças possam vivenciar emoções e

experiências estruturadas da sua forma de agir sobre o envolvimento. Se a criança,

nesta faixa etária, não interiorizar noções tão fundamentais para a vida em comum

como a cooperação com os outros ou o respeito pelas regras, por exemplo, quando

é que irá interiorizar estes e outros conceitos?

Partindo-se destes conceitos ligados às “inteligências múltiplas” e aos “temas

curriculares transversais”, os jogos infantis são apontados com o um meio

privilegiado para a auto-descoberta e auto-avaliação, para a valorização e convívio

com as diferenças e criação de uma postura de adesão ativa a novas

aprendizagens.

O jogo infantil é um elemento de aprendizagem e desenvolvimento, de

adaptação social, de libertação pessoal e conservação da própria cultura. Ao

encerrar uma série de valores, nomeadamente recreativos, pedagógicos, culturais,

etc, o jogo tem diversos campos de aplicação: o ensino, a recreação, o desporto e a

dinâmica de grupo.

Conforme citado anteriormente, no início deste capítulo, didaticamente, e para

se ter uma noção mais precisa do impacto do jogo no desenvolvimento global da

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criança, apresento o seu efeito nas diferentes dimensões da sua personalidade.

No que se refere aos aspectos sociais, Piaget afirma que “Os jogos são

admiráveis instituições sociais” porque, ao promoverem a comunicação inter-pessoal

criam um relacionamento grupal. Ou seja, jogando, a criança tem acesso à realidade

social, compreende as regras, a sua necessidade, construção e importância na

delimitação da atividade. A criança apreende a realidade, pois o jogo, para Piaget,

recria as situações vividas na vida real. Percebe quais são os seus limites e os

limites dos outros porque, muitas vezes, é a própria criança quem se vê na

necessidade de negociar as regras dos jogos que realiza. O relacionamento social

desenvolve-se na vivência de situações estratégicas de liderança e cooperação a

fim de se obter objetivos comuns ao grupo. Os jogos poderão ser, assim, redutores

das tensões do grupo, permitindo a participação, integração negociada e, ao mesmo

tempo, a manutenção das tradições.

Os adultos assumem em todas as civilizações a tarefa de educar os seus

descendentes. De forma mais ou menos conservadora, os adultos selecionam

conhecimentos, competências e procedimentos que julgam mais úteis para o pleno

desenvolvimento das crianças e para a sua progressiva assimilação na sociedade.

Ora, se ao jogar as crianças assimilam simbolicamente as ações e atitudes da vida

real, então o jogo infantil funcionará como um veículo de transmissão social, ou seja,

“uma interessante ferramenta educacional”.

Potencializa-se o desenvolvimento afetivo quando a criança é confrontada

com a necessidade de aceitar e submeter os seus impulsos e desejos às exigências

do jogo, quando convive com as frustrações e alegrias e aceita o outro e as suas

atitudes, procurando sempre a superação pessoal. Ao criar soluções que lhe

permitam jogar, a criança toma consciência das suas potencialidades pessoais (na

originalidade e adaptação, por exemplo). Para jogar, tem de raciocinar, de julgar (o

que é, ou não, apropriado no momento), de argumentar e de chegar a um consenso.

Cognitivamente, ao jogar, a criança se desenvolve operacionalmente e o

pensamento lógico, porque o nível de desenvolvimento do pensamento condiciona a

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atividade lúdica. Logo, a criança desenvolverá a qualidade do seu pensamento

utilizando o jogo como meio de treino da mente (Adelantado, 1993). Jogar permite o

treino das operações do pensamento como à criatividade, a reversibilidade, as

capacidades de associar, transferir, discriminar, analisar, sintetizar, abstrair, etc.

Desenvolve ainda o pensamento estratégico, que é um suporte da inteligência e que

nos permite proporcionar respostas motoras de qualidade às mais diversas

situações.

Ao nível motor, o jogo permite melhorar a aptidão motora, elevando

harmoniosamente as capacidades biomotoras (velocidade, força, resistência,

flexibilidade, os diferentes tipos de coordenação, lateralidade, etc.). Permite ainda a

estruturação das noções de espaço e de tempo e o desenvolvimento da noção de

ritmo. Em termos espaciais, segundo Vasconcelos (1989), a criança desenvolve as

noções de “à frente”, “atrás”, ou “ao lado” de algo, ou alguém e, também, a

estruturação do espaço nas formações em grupo: “roda, coluna, fileira, estrela, etc.”.

Os jogos infantis caracterizam-se pela simplicidade de organização e pela

pouca ou nenhuma necessidade de materiais.

Huizinga, citado por Adelantado (1993), considera o jogo “uma ação ou

atividade voluntária, realizada dentro de certos limites fixados no tempo e no espaço.

O jogo segue uma regra livremente aceita, mas imperiosa e com um fim em si

mesma, acompanhada de um sentimento de tensão e alegria e da consciência de

ser algo diferente daquilo que se faz na vida corrente”. Basicamente, a natureza do

jogo é definida pelas seguintes características: liberdade, ficção, alegria, acordos e

regras, improdutividade, passatempo, incerteza, prazer, esforço e trégua.

A introdução dos jogos tem de ser feita com alguns cuidados, tanto maiores

quanto maior for a sua complexidade ou menor for a idade dos praticantes. Assim,

as seguintes sugestões podem contribuir para um maior sucesso da ação do

professor:

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- Selecionar jogos representativos de todas as categorias (de caçadas, de oposição,

etc.), procurando a formação diversificada;

- Evitar o uso sistemático de jogos de eliminação, de “bota fora”, em que resulta

sistematicamente a eliminação de alunos menos hábeis, que são exatamente

aqueles que mais necessitam da atividade;

- Reduzir o tamanho de grupos, equipes e/ou o espaço quando se pretendem

introduzir novas habilidades ou jogos, simplificando a organização;

- O número de jogadores deve ser variável em função do nível dos mesmos

(principalmente) e do espaço disponível. Quanto menor for a capacidade dos alunos,

menor deve ser o número de jogadores. Na introdução de um novo jogo também se

devem, inicialmente, colocar poucos jogadores.

- Evitar-se um clima de fixação de preferências dos alunos por outros, promovendo

a variedade de interações. Por norma, o professor escolhe as equipes, evitando os

conflitos e organizando grupos homogêneos. Devem-se variar os critérios de

constituição das equipes, favorecendo a facilidade de cooperação entre todos.

- Transmitir-se primeiro o objetivo do jogo e as habilidades principais (“para se

avançar no terreno, deve-se...”). Depois se transmitem as regras. Expliquem-se

inicialmente só as regras principais e, mais tarde, introduzam-se as outras. Assim,

os alunos percebem a dinâmica geral do jogo. Numa terceira fase, treinam-se as

habilidades fundamentais do jogo.

- Nos jogos em que as regras proíbem o contato físico entre os jogadores, o seu

cumprimento deve ser rigoroso.

- Nos jogos em que um jogador assume um “papel” diferente do dos outros (por

exemplo, ser o “rei” no jogo “O rei manda...”), o professor deve substituir

freqüentemente esse aluno, para fomentar uma prática igualitária.

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- O professor deve acompanhar o jogo, intervindo para que se cumpram as regras,

os princípios do jogo e/ou as decisões do árbitro. Devem-se habituar os jogadores,

desde o início, a respeitar as decisões do árbitro e/ou professor.

- Os alunos devem habituar-se a explicar, antes de jogar, quais são as regras

principais e o objetivo do jogo. Tal é um fator de aprendizagem e conscientização,

permitindo ainda verificar os conhecimentos do aluno e antecipar possíveis erros.

4. PSICOMOTRICIDADE

A Psicomotricidade se refere ao movimento humano. É através do movimento

que as pessoas transmitem emoções, sentimentos, comunicam suas descobertas e

criações. Sendo assim, a Psicomotricidade é concebida como uma ciência que

contém conceitos teóricos e aplicações práticas de várias ciências, que convergem

seus interesses no estudo do movimento com o objetivo de dar qualidade de vida ao

ser humano.

A psicomotricidade pode ser definida como o campo que estuda e investiga

as relações e as influências recíprocas e sistêmicas entre o psiquismo e a

motricidade.

Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de

forma integrada as funções cognitivas, sócio-emocionais, simbólicas,

psicolinguísticas e motoras, promovendo a capacidade de ser e agir num contexto

psicossocial. A psicomotricidade possui as linhas de atuação educativa, reeducativa,

terapêutica e relacional.

4.1. Lateralidade

A lateralização, cujo termo vem do latim e quer dizer “lado”, tem sido tema

para muitos autores que se dedicam ao estudo da psicomotricidade, da linguagem e

das dificuldades de aprendizagem. Para Negrine (1986), é durante o crescimento

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que a lateralidade da criança se define naturalmente, podendo, também, ser

determinada por fatores sociais ainda muito marcantes nos dias de hoje em nossa

sociedade. Não é raro, por exemplo, encontrarmos famílias fazendo tentativas para

influenciar a criança a utilizar a mão direita no lugar da esquerda, bem como

pessoas adultas bem lateralizadas na infância, como os canhotos, que se tornaram

destras.

O tema lateralidade tem sido estudado desde a abordagem sobre a

dominância cerebral feita por Paul Broca em 1965. A partir da referida abordagem

foram obtidas importantes informações que contribuíram para o desenvolvimento

dos estudos neurológicos.

Segundo Fonseca (1989, p. 69), a lateralidade constitui um processo

essencial às relações entre a motricidade e a organização psíquica intersensorial.

Representa a conscientização integrada e simbolicamente interiorizada dos dois

lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a noção da linha

média do corpo. Desse radar vão decorrer, então, as relações de orientação face

aos objetos, às imagens e aos símbolos, razão pela qual a lateralização vai interferir

nas aprendizagens escolares de uma maneira decisiva.

A lateralização, além de ser uma característica da espécie humana em si, põe

em jogo a especialização hemisférica do cérebro, reflete a organização funcional do

sistema nervoso central. A conscientização do corpo pressupõe a noção de

esquerda e direita, sendo que a lateralidade com mais força, precisão, preferência,

velocidade e coordenação participa no processo de maturação psicomotor da

criança.

A capacidade de a criança ascender à simbolização passa pela dominância

cerebral, pois, caso contrário, resulta em distúrbios quer na linguagem falada, quer

na linguagem escrita.

Sabemos que a metade esquerda do corpo é controlada pelo hemisfério

direito, ao passo que a outra metade é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando

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há dominância do hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; quando ocorre a

dominância do hemisfério direito, temos o indivíduo canhoto. É legítimo, porém,

admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na elaboração da inteligência. A

literatura nos conta que o sinistro é o inverso do destro, que isso implica uma

organização cerebral diferente, e que o desenvolvimento neurológico é diferente

tanto nos dois hemisférios cerebrais quanto nos seus territórios

neurossensomotores.

Conforme Romero (1988, p.7), o predomínio lateral é funcional e relativo, não

significando a existência da mesma proporção de destros e canhotos. Além disso, a

lateralidade complementa uma função coordenada com a dominante; trata-se de

uma direção assegurada por um dos membros ao realizarmos uma série de

movimentos ou ao entrar em jogo um conjunto neuromuscular.

Segundo o que a literatura científica tem mostrado, o destro não é aquele que

utiliza somente a mão direita, pois, em vários atos motores, serve-se das duas mãos

normalmente. Entretanto, a esquerda tem nos movimentos habitualmente

coordenados uma função de apoio no jogo complementar de ambas. O predomínio

motor pode mudar de acordo com a atividade a ser desempenhada. O destro bem

lateralizado apresenta dominância do hemisfério esquerdo, o que parece não ser

totalmente aceito para o caso oposto.

Pesquisas apontam que, aproximadamente, 98% da população, incluindo

nessa percentagem pelo menos a metade dos sinistros, têm dominância do

hemisfério esquerdo. Como conseqüência, são poucos os casos de sinistros ou de

dominância cerebral direita.

Buscamos em vários autores uma definição para o termo lateralidade e

encontramos várias delas e, mesmo com terminologias diferenciadas, parecem que,

em sua essência, são concordantes entre si.

Para melhor definirmos a lateralização, utilizamos colocações de diversos

estudiosos do assunto. Le Bouch (1986, p.118), assegura ser a lateralização “uma

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tradução de um predomínio motor referido ao segmento direito ou esquerdo do

corpo”. Para Negrine (1986, p.29), “a lateralidade é, por um lado, uma bagagem

inata e, por outro, uma dominância espacial adquirida”. Já Quirós & Schrager (apud

Negrine, 1986, p.21), dizem que o termo lateralidade se refere a “prevalências

motoras de um lado do corpo”. Essa lateralização motora coincide com a

predominância sensorial do mesmo lado e com as possibilidades simbólicas do

hemisfério cerebral oposto.

Dessa maneira, é possível aceitar a idéia de que a lateralização não se

manifesta somente por meio de aferências sensoriais e sensitivas e por meio da

diferenciação funcional de ambas as metades do cérebro. Dolle (Apud Romero,

1988, p.8) define a lateralidade “como apreensão da idéia de direita – esquerda”.

Enfatiza o autor que a automatização da lateralização tanto é necessária quanto

indispensável e afirma que esse conhecimento deve ser automatizado o mais cedo

possível e que a detecção deve ser feita o quanto antes, se possível quando a

criança ainda estiver no jardim de infância.

Alguns autores dizem que a lateralidade está relacionada ao conhecimento

corporal, o qual é de grande importância nas relações entre o eu e o mundo exterior,

o que, segundo Wallon, é um elemento indispensável na constituição da

personalidade do ser humano. O conhecimento do corpo não depende unicamente

do desenvolvimento cognitivo. Depende, também, da percepção formada tanto de

sensações visuais, táteis, sinestésicas quanto, em parte, da contribuição da

linguagem.

Faria (2001, p. 84) classifica, em relação à lateralidade, os sujeitos da seguinte

forma:

• Destros – são aqueles nos quais não existe um predomínio claro

estabelecido do lado direito na utilização dos membros e órgãos,

• Sinistros ou canhotos – são aqueles nos quais existe um predomínio claro

estabelecido do lado direito na utilização dos membros e órgãos e

• Ambidestros - são aqueles nos quais não existe predomínio claro

estabelecido, ocorrendo o uso indiscriminado dos dois lados.

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Coste (1992, p.63) define quatro tipos de lateralidade:

a) Destralidade verdadeira - a dominância cerebral está à direita,

b) Sinistralidade verdadeira - a dominância cerebral está à direita,

c) Falsa sinistralidade - caso em que o indivíduo adota a sinistralidade em

conseqüência de uma paralisia ou de uma amputação, que impossibilitou a

utilização do braço direito e;

d) Falsa destralidade - caso em que a organização é inversa da observada na falsa

sinistralidade.

É relevante considerarmos, ainda, as grandes variações dentro da

lateralidade. Estão inclusos nessa categoria os sinistros contrariados, ou seja,

aqueles que têm sua dominância discordante entre um membro e outro (lateralidade

cruzada).

Quando falamos em lateralidade cruzada, nos referimos ao indivíduo que

nasce com potencial para ser sinistro, mas que, em virtude da pressão exercida

sobre ele, acaba utilizando a mão direita. Assim, esse indivíduo sinistro contrariado

acaba tendo sua lateralidade cruzada. A predominância cerebral pode ser

patológica. Dessa forma, um indivíduo pode ser sinistro porque houve lesão num

hemisfério, e o outro assumiu o comando. O mesmo pode ocorrer com a

destricidade, que pode se apresentar como normal ou patológica.

Estudos científicos mostram que o cérebro humano está continuamente

fortificando ou enfraquecendo suas conexões conforme a experiência, graças a uma

propriedade que está permanentemente ativa em cada neurônio. É a plasticidade

neural que confere ao cérebro a habilidade para assumir funções específicas como

resultado da experiência, ou seja, os neurônios podem modificar suas conexões

conforme o uso ou o desuso de determinados circuitos neurais. Assim, é possível

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testemunhar a recuperação de funções corticais após uma lesão em determinada

área do cérebro pela utilização de áreas corticais adjacentes (Thomas et al. Apud

FOZ et al. 2001).

Broca e Wernicke estabeleceram uma relação muito estreita entre lateralidade

destra e linguagem. O fato dos centros da linguagem se encontrarem localizados no

hemisfério esquerdo explicaria, assim, os transtornos apresentados nessa esfera.

Segundo Romero (1988, p.9), várias pesquisas e estudos vêm estabelecendo

relações entre os transtornos de lateralidade e a aprendizagem. Harris, por exemplo,

em 1957, relacionou a confusão na dominância cerebral com inabilidades para

leitura. Barreto, em 1971, encontrou relação entre a lateralidade cruzada e as

dificuldades para a aprendizagem. Rebello, em 1967, comentou haver certa

freqüência de crianças com lateralidade cruzada ou mal estabelecida

concomitantemente com disfunção cerebral mínima em clínica neuropediátrica. Fez

constar em seu trabalho uma percentagem significativa de crianças com lateralidade

cruzada e com dificuldades para a aprendizagem.

5. A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DE ATIVIDADES

ESPORTIVAS POR PROJETOS SOCIAIS, PARA

COMUNIDADES CARENTES, VISANDO A INTEGRAÇÃO

SOCIAL.

O esporte atualmente possui inúmeras dimensões quanto à sua

aplicabilidade. Existe o esporte competitivo onde se privilegia o desempenho dos

atletas, o esporte escolar onde é visado o desenvolvimento motor das crianças, o

esporte direcionado à melhoria da qualidade de vida e o que se pode chamar de

esporte social, que tem como preocupação primordial, a integração social dos

indivíduos.

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Há, atualmente, inúmeros projetos sociais que trabalham com comunidades

carentes, onde, através de atividades esportivas, procuram promover

transformações sociais e, assim, oferecer oportunidades para que se tornem

cidadãos com perspectiva de futuro. Pode-se destacar o Instituto Ayrton Senna que

faz um trabalho muito bem organizado e pautado na educação pelo esporte, onde a

criança e o adolescente constituem o foco das atenções e o esporte é a ferramenta

utilizada para transformar suas potencialidades em competências para tomar

decisões sobre suas vidas e o mundo que os cerca. Através dessas transformações

espera-se inserir nas comunidades e em seus moradores, valores como

responsabilidade e consciência social auxiliando no desenvolvimento pessoal e na

formação de cidadãos aptos a conviver em sociedade.

O presente trabalho tem como objetivo identificar como o esporte contribui

para a integração social de indivíduos moradores em comunidades carentes e os

valores sociais que serão agregados como conseqüência desse trabalho.

Os projetos sociais contribuem de forma significativa na transformação da

realidade de comunidades carentes onde não há projetos governamentais efetivos.

Através da introdução de atividades esportivas nesses ambientes, procura-se

realizar um trabalho para a construção de cidadãos socialmente conscientes e

participativos com as questões sociais que os cercam, procurando criar uma

realidade com oportunidades de crescimento e perspectivas de futuro através da

educação pelo esporte.

O trabalho efetuado por esses Institutos e Fundações é de fundamental

importância, pois complementam as ações sociais do Estado na área esportiva,

ações estas que se mostram incapazes de atender plenamente a parcela mais

carente da população. Este trabalho pretende chamar a atenção dos órgãos públicos

e da sociedade em geral para o estabelecimento de parcerias que instituam projetos

esportivos sociais que atendam a esta carência.

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6. EDUCAÇÃO FÍSICA - PERSPECTIVAS PARA O SÉCULO

XXI

“Para falar do presente e futuro é necessário conhecer o passado”

(Autor desconhecido)

Assim ao falar das perspectivas para a Educação Física no Brasil é

necessário viajar ao passado e buscar suas bagagens.

No período de 1.850 e o final do século, evidenciou-se o significado da

“Educação Física”. A partir daí, novas pesquisas foram feitas a fim de buscar o seu

núcleo gerador que deparasse com uma resposta conclusiva.

Em 1.890 na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, foi encontrada (e, ainda

hoje é disponível) uma obra chamada “Tratado”(Mello Franco) que expõe um

conjunto de conhecimentos sobre higiene e pediatria. Certas questões estavam

interligadas a que se pretendia em Educação Física, atualmente esse manual não

corresponde ao que pretendemos na área.

Em 1.854, desenvolveu-se regras às mães com preocupação com o meio

ambiente, alimentação e atividade física, tornando a Educação Física mais

complexa. O Brasil traz consigo um nível grande de alterações, na política,

educação e cultura e, devido a isso, a busca para compreender o homem brasileiro

tornou-se evidente. A Educação Física foi interpretada de várias formas (como

“educação corpórea”, “arte da conservação dos meninos”, “educação medicinal”,

“educação natural” (foi consagrada em 1.761, na Academia de Harlem.)

A Educação implica o intelectual, moral e físico e também, o desenvolvimento

do espírito e dos costumes. Em meados do século passado a Educação Física foi

vista num ramo de educação e medicina. A Educação Física não deve se limitar

somente no físico, e sim, no intelectual também.

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Em 1.978 houve a ênfase aos fatores sociais, ou seja, a relação entre a

atividade física e saúde.

Também merece destaque o “tratamento militarista” a fim de reeducar o corpo

do homem militar tornando-o mais dócil, corajoso e subordinado, e,

conseqüentemente, apto a passar as resultantes da ginástica aos seus

descendentes. Assim, se encontrando num mesmo ponto de vista a “instrução física”

e a “Ed. Física”.

A relação da ginástica escolar e medicina é um ângulo importante, pois a

ginástica seria uma parte da medicina que ensina como conservar e restabelecer a

saúde por meio do exercício, permitindo um porte físico mais adequado,

desenvolvimento físico melhor, fortalecimento da saúde, disciplina escolar, e

progresso nos estudos, constituindo assim, um corpo sadio e disciplinado. A

ginástica tem uma seção teórica e outra prática para menores e maiores de 10 anos.

Para os menores, a teoria fica a segundo plano e a prática compõe exercícios livres.

Para os maiores de 10 anos, a teoria abrange várias fontes para um melhor

conhecimento do corpo humano, tais como: anatomia, anatomia animal, estrutura do

corpo, peso do corpo, estrutura humana e tamanhos fora do comum, ciclo vital,

aparelhos e funções, órgãos do movimento, esqueleto, beleza plástica, osteologia,

artrologia.

No início do século XX, a introdução dos esportes modernos no Brasil viriam

compor a “Educação Física”. Exemplo: futebol. E, em 1.920, ocorreu a sua

escolarização que significa a prática obrigatória da Educação Física nas escolas

brasileiras, com mais ênfase nos anos 30(serviu na construção da nacionalidade

brasileira). A legislação criou um projeto pedagógico isolando a disciplina das outras.

Depois dos anos 60, novidades permitiram um desenvolvimento histórico na

área, como a consolidação da educação Física no 3º grau e pós-graduação.

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Alguns fatos significativos ocorreram de 1.987 a 1.991 ( “desenvolvimento do

sistema” (surgimento de novas conquistas na área com crescimento lento e mais

integração, diversificação e política), avanço na produção acadêmica (com definição

de áreas de conhecimento) e melhoria da infra-estrutura do sistema.

Atualmente, os acadêmicos são mais multipolarizados, integrados, diversificados e

politicamente mais organizados e menos corporativos.

Para avaliar a educação Física é necessária uma discussão mais

aprofundada para suas perspectivas futuras. Trata-se de um objeto historicamente

conformado e colado a práticas sociais, culturais, afetivas, ambientais. A à crise da

Educação Física deve ser pensada com as premissas dialéticas e como um estado

permanente, intrínseco ao objeto.

As perspectivas para a área apresentam-se capazes de incorporar outras

áreas de conhecimento: (ação motriz) - a despoluição também merecerá destaque

diante da política diante da política e prática do lazer. E se tratando dos dispositivos,

será importante o sistema de comunicação no mundo contemporâneo que

continuarão sendo apreciados na educação Física. A novidade será o desporto

espetáculo, uma área parcialmente autônoma da Educação Física.

É muito importante a atual preocupação diante do profissional de Educação

Física para o próximo século. Para que haja um avanço na área, o profissional deve

buscar aperfeiçoar seu conhecimento com mais profundidade.

Procurar conhecer o corpo humano detalhadamente, buscar uma linguagem de fácil

aprendizagem, mergulhar na filosofia. Não deve parar no tempo e sim, caminhar

junto com a evolução.

É necessário conhecer o seu passado, buscar suas origens para que o

presente seja melhor e o futuro mais garantido, buscando, assim, trabalho dentro da

área, novos métodos de ensinar e de linguagem visando um sucesso maior para a

Educação Física.

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CONCLUSÃO

Provar que o esporte pode ser um instrumento para a inserção de pessoas

que normalmente são marginalizadas na sociedade: este foi o objetivo deste

trabalho.

O esporte, por natureza, possibilita a superação dos limites individuais. Isso

se aplica a todos os envolvidos com a atividade.

Incentivar a prática esportiva, afinal, é um excelente estímulo para ocupar a

mente e desenvolver o corpo.

O esporte, quando praticado de maneira correta, evita problemas físicos.

Está comprovado que o esporte traz efeitos positivos à vida do ser humano,

principalmente se incentivado na infância, possibilitando a formação de adultos com

boa saúde, condicionamento físico, espírito de equipe e controle emocional e

psicológico. Todos estes fatores são essenciais para a formação de verdadeiros

cidadãos, daí, fica evidente a importância do esporte na sociedade.

Para melhorar o país e a qualidade de vida da sociedade, precisamos

incentivar a prática do esporte. Problemas como Stress, osteoporose,

arteriosclerose, problemas circulatórios e de coluna são males da vida agitada das

grandes cidades que podem ser prevenidos com atividades físicas.

Esporte é Vida!