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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ENVELHECIMENTO ATIVO E PROGRAMAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE: COLABORAÇÃO DA GEAP PARA UMA TERCEIRA IDADE MAIS SAUDÁVEL ALICE CRISTINA VIEIRA VITORIA BRITO Orientadora: Professora Maria Esther de Araujo Co-orientadora: Professora Giselle Boger Brand Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ENVELHECIMENTO ATIVO E PROGRAMAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE: COLABORAÇÃO DA GEAP PARA UMA TERCEIRA IDADE MAIS SAUDÁVEL

ALICE CRISTINA VIEIRA VITORIA BRITO

Orientadora: Professora Maria Esther de Araujo

Co-orientadora: Professora Giselle Boger Brand

Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ENVELHECIMENTO ATIVO E PROGRAMAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE: COLABORAÇÃO DA GEAP PARA UMA TERCEIRA IDADE MAIS SAUDÁVEL

ALICE CRISTINA VIEIRA VITORIA BRITO

Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Saúde da Família

Orientadora: Professora Maria Esther de Araújo Co-orientadora: Professora Giselle Boger Brand

Rio de Janeiro 2016

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RESUMO

Envelhecer com dignidade e de forma contributiva para a sociedade talvez seja um dos maiores desafios para homens e mulheres neste século. A humanidade já viveu épocas em que o grande desafio era chegar até a fase adulta, pois a expectativa de vida era muito inferior a que conseguimos para os dias de hoje. Durante séculos a humanidade lutou contra doenças e acidentes ambientais para conseguir estender e melhorar sua vida. Esta condição de vida mais longa exigirá do ser humano soluções inovadoras para acrescentar mais qualidade de vida, não bastando apenas viver mais tempo, mas viver melhor. O objetivo deste trabalho foi o de mostrar como a sociedade brasileira tem acolhido as questões da terceira idade, o papel do Governo em relação ao planejamento e gestão da saúde do idoso e a contribuição da GEAP que tem beneficiado inúmeros idosos com seus programas de promoção da saúde, através de ações articuladas de caráter preventivo, educativo e assistencial. Esta ferramenta vem se confirmando como uma nova forma de gestão, em prol da saúde e da qualidade de vida da população idosa. A metodologia utilizada foi a revisão da literatura, baseada em pesquisa bibliográfica, objetivando mostrar que é um grande desafio para a sociedade contemporânea criar condições para ampliar as políticas e os programas de promoção da saúde, não só para a terceira idade, mas para a comunidade e para as instituições de saúde.

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ABSTRACT

Getting older with dignity and contribute to society is perhaps one of the biggest challenges for men and women in this century. Humankind lived times when the challenge was to reach adulthood as the life expectancy was much lower than what we’ve got today. For centuries humankind has struggled against disease and environmental hazards to be able to extend and improve his life. This condition will require man to find creative solutions to add higher quality to his life in order not only to live longer but also to live better. The aim of this study was to highlight how the society has hosted the issues of old age, the Government's role in relation to planning and managing the health of the elderly and the contribution of GEAP that has benefited numerous elderly with their promotion programs health through coordinated actions of preventative, educational and supportive nature. This tool has been confirmed as a new form of management to improve the health and quality of life of the elderly population. The methodology used was the literature review based on a bibliographical research in order to show that it is a great challenge for contemporary society to create conditions to expand policies and programs to promote health not only for seniors but for the community and health institutions.

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METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desse projeto será utilizada a pesquisa bibliográfica e a

vivência no campo profissional, através dos quais foi possível reunir reflexões no campo da

proteção e inclusão social, cidadania e benefícios à população idosa, além da abordagem do

envelhecimento e do trabalho com o idoso como um lugar de destaque no Serviço Social

demonstrando que o campo do envelhecimento é uma questão complexa e que só pode ser

compreendida plenamente a partir de uma visão multi e interdisciplinar, o que vai ao encontro

das políticas de promoção de saúde voltadas para esse perfil de população, que buscam a

valorização e reinclusão através de projetos como os que eu abordo em meu TCC, como a

Universidade da Terceira Idade, os Centros de Convivência dentre outros projetos que vêm

sendo desenvolvidos para essa população.

Autores como Ana Maria de Vasconcelos, Renato Veras, Marilda Villela Iamamoto,

Márcia Alexandre Silva, dentre outros serão utilizados na abordagem teórica e a pesquisa

ser[a qualitativa.

Além disso, usaremos mecanismos para a identificação dos beneficiários cujo perfil

se enquadre nos casos a serem atendidos pelos programas, sendo um desses perfis o alto

índice de internações.

Para inclusão dos pacientes em um dos programas (PGC – Programa de

Gerenciamento de Casos), será aplicado instrumento de avaliação inicial, permitindo o

levantamento das principais necessidades do paciente. Em seguida será feita solicitação de

admissão do beneficiário ao programa e realizada a primeira visita do médico gerenciador de

casos juntamente com o enfermeiro gerenciador para que seja elaborado, por ambos, o plano

de cuidados para atendimento das necessidades diagnosticadas ao longo de um período

estabelecido.

Esse plano de cuidados é executado mensalmente e nele haverá a inclusão de equipe

interdisciplinar de saúde que estará atuando junto ao paciente. Essa equipe interdisciplinar é

constituída por profissionais (técnico de enfermagem, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,

fonoaudiólogo, nutricionista, e/ou psicólogo) que têm por objetivo prestar assistência e

orientação aos pacientes, familiares e/ou cuidadores.

Através de visitas planejadas, momento em que são realizadas instruções,

adequações de medicamentos, avaliações clínicas e de enfermagem, é montado o plano de

cuidados do mês seguinte.

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Haverá um monitoramento telefônico com o objetivo de averiguar se as orientações

e os ensinamentos aplicados por cada profissional vêm sendo seguidos pela

família/paciente/cuidador, e se o paciente apresenta sinais ou sintomas que possam significar

um estado de descompensação.

O paciente, o familiar ou cuidador também tem acesso facilitado e rápido ao médico

gerenciador, enfermeiro gerenciador ou qualquer profissional da equipe para retirar dúvidas,

solicitar auxílio ou mesmo relatar o aparecimento de algum sintoma.

O médico gerenciador sempre que identificar uma situação de agravo do quadro

clínico intervirá mobilizando recursos para o atendimento àquele paciente ou mesmo

prestando novo atendimento pessoalmente.

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S U M Á R I O

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8

CAPÍTULO I - POLÍTICA DA TERCEIRA IDADE E ALGUNS DOS DIREITOS DO IDOSO ................................................................................................12 1.1 ENVELHECIMENTO E CIDADANIA ................................................................20 1.2 PROJETOS SOCIAIS VOLTADOS PARA TERCEIRA IDADE .......................22 1.3 OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO IDOSO ...................................................26

CAPÍTULO II - A VISÃO DA GESTÃO E O AUTO CUIDADO NA TERCEIRA IDADE .............................................................................................................................31 2.1 A QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE ...........................................34 2.2 O PROGRESSO DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO BRASIL........38 2.3 PROMOÇÃO DA SAÚDE.................................................................................... 42

CAPÍTULO III - A GEAP E ALGUNS PROGRAMAS DESENVOLVIDOS – BREVE HISTÓRICO ...................................................................................................................46 3.1 A GEAP E SEUS PROGRAMAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE ........................ 48 3.2 O SERVIÇO SOCIAL DA GEAP .........................................................................56

CONCLUSÃO ................................................................................................................61

BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................63

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INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento tecnológico, as mudanças econômicas, políticas,

sociais e culturais que ocorreram desde o século XIX e que se estendem aos dias atuais,

alterações significativas para a vida em sociedade vêm se produzindo. A saúde, sendo

uma esfera da vida do homem em toda sua diversidade e singularidade passa juntamente

com a sociedade por todo esse processo de transformação.

“Torna-se cada vez mais importante cuidar da vida e da saúde de forma que se

reduza cada vez mais a vulnerabilidade ao adoecer e consequentemente as chances de

que o adoecimento seja produtor de incapacidade, de sofrimento crônico e de morte

prematura”. (Política Nacional de Promoção da Saúde/MS, 2006).

O envelhecimento populacional é um fenômeno atual na história da

humanidade. Paralelamente vem acompanhado de transformações demográficas,

biológicas, sociais, econômicas e comportamentais. A ciência durante muitos anos

investiu em grandes esforços no prolongamento da vida dos indivíduos, alcançando

sucesso somente no último século.

A OMS considera o envelhecimento populacional como uma história de

sucesso das políticas de saúde pública e, portanto, a maior conquista e triunfo da

humanidade no último século.

Um marco importante dessa trajetória foi a Constituição Federal de 1988, que

introduziu, em suas disposições, o conceito de Seguridade Social1 fazendo com que a

rede de proteção social alterasse o seu enfoque estritamente assistencialista, passando a

ter uma visão ampliada de cidadania.

Observa-se que qualidade de vida vem se tornando preocupação constante do

ser humano e, atualmente, constitui um compromisso pessoal a busca contínua de uma

vida saudável.

Viver mais é o desejo da maioria das pessoas podendo, algumas vezes, resultar

numa sobrevida marcada por incapacidade e dependência. O desafio é conseguir uma

maior sobrevida com uma qualidade de vida melhor.

Os estudos apontam que nas alterações relacionadas com a idade estão a

presença e a ocorrência de doenças crônico degenerativas, que acarretam para o idoso

1 A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e a assistência social. Art. 194 – Constituição Federal ,1988.

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certo grau de dependência, relacionada diretamente à perda de autonomia e dificuldade

de realizar as atividades básicas de vida diária, interferindo em sua qualidade de vida.

Nos últimos anos vem se observando, nos modelos de atenção a saúde, uma

elevação nos custos com a assistência médica. Isto se deve a inúmeros fatores como o

crescimento e o envelhecimento populacional com conseqüente aumento das patologias

crônicas, a busca pela cura e não pela prevenção, o surgimento de tecnologias de

diagnósticos de alto custo, o acesso à informação gerando uma preocupação maior com

a melhoria da qualidade de vida, levando a população a buscar mais os serviços de

saúde.

Dessa forma, promover a saúde é necessário. Não se trata de uma ação

individual, mas de um conjunto delas, exercidas contínua e globalmente sobre um

indivíduo ou uma determinada população, com objetivos de diminuir a

morbimortalidade, propiciar melhores níveis de crescimento e desenvolvimento físico,

intelectual e emocional, conduzindo essa população a uma vida mais longa, saudável e

produtiva.

“Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) hoje se tem uma

população de idosos de 14 milhões e a projeção é que em 2020 tenhamos acima de 35

milhões de pessoas com idade superior a 60 anos”. (SILVA, 2007, p.13).

Temos observado que o índice de idosos no Brasil tem aumentado

consideravelmente e isso é algo que nos leva a perguntar: será que estamos preparados

para cuidar dos nossos idosos?

Pensar numa solução criativa para poder dar atendimento adequado, com

qualidade, em especial na questão da saúde, é pensar em implementar programas

assistenciais, de promoção à saúde, nos quais o serviço/atendimento deva ter a

capacidade de diagnosticar pequenos desvios que coloquem os usuários em grupos de

gerenciamento de casos, no qual o paciente sinta-se como parte da equipe de saúde e

não somente como um objeto do sistema que gera lucro ou prejuízo, orientando,

educando, criando vínculo e tratando rápida e adequadamente, evitando assim possíveis

internações desnecessárias e consequentemente maior qualidade de vida.

Dessa forma, a GEAP – Auto Gestão em Saúde, que é uma empresa

multipatrocinada de planos solidários de saúde e assistência social e que vem atuando

no mercado a cerca de 70 anos promovendo o bem estar social e melhorando a

qualidade de vida de seus beneficiários por meio da execução de programas

assistenciais, tem acompanhado o crescimento populacional de idosos através da

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prestação de serviço de saúde (exames, internações, etc). Uma das preocupações da

Auto Gestão tem sido com o elevado índice de reinternações por patologias crônico

degenerativas dos idosos, consubstanciados por meio de relatórios gerenciais e visita

aos hospitais pela equipe de auditores da Geap.

A prevalência das doenças crônico-degenerativas é bastante expressiva entre os idosos, e entre as conseqüências da maior presença destas doenças destacam-se o maior tempo de internação e de invalidez. Todos estes fatos implicam no custo mais elevado dos tratamentos de saúde deste grupo em relação às demais faixas etárias (VERAS, 2003, p. 23).

Frente a essa realidade surge na Geap, através da Gerência de Promoção à

Saúde (GEPROM), o Programa de Gerenciamento de Casos (PGC), o Programa de

Gerenciamento de Riscos (Viva Melhor) e suas estratégias, e o Centro de Convivência,

através dos quais se propõe uma nova forma de atendimento primário e qualificado aos

usuários do sistema de saúde, através de ações articuladas de caráter preventivo,

educativo e assistencial.

Observamos, através das demandas na empresa, que muitos usuários têm

alcançado a velhice com algumas deficiências em sua saúde (cardiopatia, AVC

acompanhado de seqüelas, depressão, etc..) e para que esses usuários tenham educação

continuada e possam envelhecer de maneira saudável, promovem-se ações articuladas

de caráter preventivo, educativo e assistencial, como programas de promoção à saúde e

projetos que enfatizam a importância e promovem, de forma ativa e participativa, a

atividade física e de lazer como elementos importantes na melhoria da qualidade de

vida, contribuindo para tirar o idoso do isolamento social, da inatividade e da

passividade, fatores que podem levar ao desencadeamento de várias doenças.

No primeiro capítulo deste trabalho abordo alguns direitos da pessoa idosa e

alguns aspectos do processo de envelhecimento e como a cidadania é constituída na

terceira idade; destaco, também, alguns projetos sociais voltados para essa população e

a metodologia de trabalho dos profissionais de saúde do idoso.

No segundo capítulo procuro apresentar a gestão da terceira idade através do

auto cuidado, da qualidade de vida e da promoção da saúde nessa faixa etária.

No terceiro capítulo concluo apresentando a GEAP – Auto Gestão em Saúde,

Instituição na qual trabalho como Assistente Social, dando ênfase aos programas de

promoção em saúde por ela desenvolvidos e traçando uma análise da atuação do Serviço

Social nos referidos programas.

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Através da pesquisa bibliográfica e da vivência profissional foi possível reunir

reflexões no campo da proteção e inclusão social, cidadania e benefícios à população

idosa, além da abordagem do envelhecimento e do trabalho com o idoso como um lugar

de destaque no Serviço Social demonstrando que o campo do envelhecimento é uma

questão complexa e que só pode ser compreendida plenamente a partir de uma visão

multi e interdisciplinar, o que vai ao encontro das políticas de promoção de saúde

voltadas para esse perfil de população, que buscam a valorização e reinclusão através de

projetos como os que eu abordo em meu TCC, como a Universidade da Terceira Idade,

os Centros de Convivência dentre outros projetos que vêm sendo desenvolvidos para

essa população.

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1 POLÍTICA DA TERCEIRA IDADE E ALGUNS DOS DIREITOS DO

IDOSO

O crescimento da expectativa de vida do brasileiro traz consigo sérias

conseqüências no que se refere à formulação, implementação e financiamento das

políticas sociais no Brasil.

As pessoas da terceira idade, conforme sabemos, em geral estão mais sujeitas à

acidentes e, segundo Passarelli (2005 apud ASSIS, 2007, p. 16), as doenças crônicas e

degenerativas, em razão do déficit ou falência das suas percepções sensórias e do

desgaste físico natural da velhice, são as maiores causas desses acidentes. Por outro

lado, o gasto para a recuperação da saúde de cada idoso também é maior, posto que sua

fragilidade orgânica aumenta com o passar do tempo, o que implica num maior período

de permanência em tratamento, em regime de internação ou não.

Vemos na atualidade que as instituições geriátricas não servem como modelo

de serviço para o idoso alcançar um estilo de vida com qualidade, falta uma estrutura

adequada. Outro fato que observamos é que faltam profissionais qualificados para atuar

com a terceira idade.

A percepção destas questões colocou em foco discussões no âmbito de toda a

sociedade em especial durante a realização, por parte da Organização das Nações

Unidas, da Assembléia Mundial sobre o envelhecimento, em 1982, que produziu o

Plano de Ação Internacional de Viena sobre o envelhecimento e que levou a

Constituição Brasileira de 1988 a inserir preocupações com a proteção à terceira idade.

Uma sociedade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a oportunidade de continuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar neste sentido é necessário remover tudo que representa exclusão e discriminação contra eles (Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento, Madri, 2002, parágrafo 19)

A Constituição Federal, em seu Art. 230 sentencia que a família, a sociedade e

o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na

comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhe o direito vida.

Em janeiro de 1994 o Governo Federal consolidou a Política Nacional do

Idoso através da Lei nº 8.842, uma legislação avançada, que tem como objetivo

assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia,

integração e participação efetiva na sociedade, além de assegurar os direitos de

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cidadania dos idosos, partindo do princípio fundamental de que “este é um sujeito de

direitos e deve ser atendido de maneira diferenciada em cada uma das suas

necessidades: físicas, sociais, econômicas e políticas”. É a primeira lei brasileira

específica para assegurar os direitos da pessoa idosa.

A Política Nacional do Idoso vem se construindo há algum tempo e, em

especial, ao longo das últimas décadas, na perspectiva de buscar a garantia dos seus

direitos considerando a nova composição etária no País, na medida em que os dados

estatísticos já indicavam um crescimento significativo da população correspondente a

esta faixa etária.

A referida política é resultado das proposições da sociedade e dos movimentos

sociais no período histórico recente. Em seus artigos encontraremos os dispositivos

garantidores de direitos, os princípios e as diretrizes da política com vistas a assegurar

uma vida digna a esta população.

A Política Nacional do Idoso apresenta em sua composição 06 capítulos e 22

artigos, contemplando as finalidades desta política. Nos seus artigos destacam-se os

direitos à cidadania, respeito à diversidade etária, não discriminação, informações sobre

o envelhecimento, participação, capacitação, atualização, cultura, esporte, lazer, saúde,

educação, previdência, trabalho, habitação e assistência social.

De acordo com Lima (2011) o envelhecimento é encarado pela PNI como uma

conquista da população brasileira e possui a característica de atender às necessidades

básicas da população idosa, em especial ao que se refere à habitação, saúde,

previdência, lazer, trabalho e assistência social.

A referida Lei cumpre sua missão social na medida em que atribui

competências e responsabilidades a órgãos e entidades públicas exigindo deles

propostas orçamentárias que permitam financiar programas compatíveis e viáveis

direcionados aos idosos.

O artigo 1º da PNI2 define como objetivos da Política Nacional do Idoso

assegurar os direitos sociais do idoso criando condições para promover sua autonomia,

integração e participação efetiva na sociedade.

De acordo com a análise de Lima (2011, p. 46 e 47):

2 Política Nacional do Idoso - Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br > acesso em: 05 ago 2014

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O artigo 3º, elenca os princípios da PNI, diretamente relacionados ao resgate da cidadania, por vezes tão ausente da realidade vivenciada pelo idoso brasileiro: o amparo social, a garantia da cidadania, da participação e da informação, a proibição da discriminação, a designação do idoso como principal agente e destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política e a observação, pelo poder público e pela sociedade civil, quando da aplicação da Lei, das disparidades econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições existentes entre o meio rural e o urbano no Brasil.

O artigo 4º compila as diretrizes da PNI, que visam, entre outras questões: viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; garantir a participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; priorizar o atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; implementar sistemas de informações que permitam a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; apoiar estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.

Ainda conforme a autora (2011, p. 47), a coparticipação dos conselhos

nacionais, estaduais e municipais na promoção social do idoso também é abordada na

PNI e vemos essa responsabilidade destacada em seu artigo 5º. Outro artigo destacado

pela autora é o 10º, no qual elenca as competências das várias áreas e seus respectivos

órgãos nas ações relativas à saúde, educação e habitação Nesta relação, no que compete

aos órgãos e entidades públicas, encontram-se importantes obrigações: estimular a

criação de locais de atendimento aos idosos, tais como, centros de convivência, centros

de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho e atendimento

domiciliar. É válido citar também o incentivo à criação de universidades abertas para a

terceira idade e a expressa proibição de discriminar-se o idoso e sua participação no

mercado de trabalho.

Cabe ressaltar que com a vigência da PNI foram implementadas várias

modalidades de atendimento à população idosa, objetivando reinserir o idoso na

sociedade, através da inclusão social com cidadania, lazer e qualidade de vida.

Outro direito que não podemos deixar de destacar é o relacionado ao Estatuto

do Idoso que depois de 6 (seis) longos anos tramitando pelas Casas do Congresso

Nacional foi, finalmente, sancionado pelo Presidente da República Luís Inácio em 1º de

outubro de 2003.

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O Estatuto do Idoso3, conforme enuncia seu art. 1º, é destinado a regular os

direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

O Estatuto do Idoso, como instrumento de cidadania e pontapé inicial de

formação consciente da dignidade dos integrantes da terceira idade, foi fundamental

para traçar e fornecer os meios de controle do Poder Público em relação ao melhor

tratamento do idoso e verdadeira educação cidadã, tornando-se um marco histórico-

social no sentido de que os idosos alcancem a posição efetiva na sociedade.

O advento do Estatuto do Idoso representou uma mudança no paradigma de

toda legislação existente até o momento, já que caracterizou a igualdade material em

prol da ampliação do sistema protetivo às pessoas da Terceira Idade.

De acordo com Uvo e Zanatta (2005), o Estatuto constitui um marco legal para

a consciência idosa do país, pois a partir dele os idosos poderão exigir a proteção aos

seus direitos. O Estatuto estabelece prioridade absoluta às normas protetivas ao idoso,

elencando novos direitos e estabelecendo vários mecanismos específicos de proteção os

quais vão desde precedência no atendimento ao permanente aprimoramento de suas

condições de vida, até a inviolabilidade física, psíquica e moral.

Até a implantação do Estatuto do Idoso só tínhamos a Lei 8.842/94 (PNI), já

citada anteriormente.

A Lei nº. 8.842/94 instituiu a Política Nacional do Idoso, com diretrizes de atuação do Poder Público no atendimento aos direitos sociais das pessoas que vivem a chamada Terceira Idade, porém, a regulamentação das disposições constitucionais, princípios e regras, advieram com a aprovação do Estatuto do Idoso. (Estatuto do Idoso/Forense apud Silva, 2011, p. 10)

O Estatuto do Idoso, com 118 artigos, introduziu algumas novidades almejadas

há tempos pela sociedade como, por exemplo, o salário mínimo mensal aos cidadãos

com 65 anos de idade, trazendo não apenas benefícios mas, também, o tratamento

adequado que deve ser dispensado ao idoso pelos seus familiares.

Conforme Andrade e Ramalho (2003), a principal função do Estatuto do Idoso

foi funcionar como carta de direitos, fornecendo meios de controle do Poder Público em

relação ao melhor tratamento dispensado ao idoso e demonstrando que a pessoa com

mais idade, em nosso país, também tem direito ao respeito e a dignidade e sendo, do

ponto de vista legal, um relevante instrumento normativo pois foi criado visando

3 Estatuto do Idoso - Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br > acesso em: 05 ago 2014

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disciplinar os direitos desta importante parcela da população que cresce dia a dia,

considerando o aumento da expectativa de vida.

Entre as suas disposições preliminares destacam-se os direitos fundamentais,

as medidas de proteção e a política de atendimento ao idoso, além da definição das

condutas que constituem crimes contra os idosos.

O artigo 1º define quem é considerado idoso no Brasil, ou seja, o indivíduo

com idade igual ou superior a 60 anos. Essa definição é importante pois delimita, de

forma legal, a faixa etária onde se inicia o envelhecimento populacional.

Apesar do Estatuto do Idoso estabelecer a idade de 60 anos para conceituar

idoso e fixar seus direitos é bom lembrar que alguns direitos exigem dos idosos uma

idade mais avançada como, por exemplo, o direito à gratuidade no transporte coletivo

que exige a idade mínima de 65 (sessenta e cinco) anos, conforme previsão do art. 230,

§ 2º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1998.

Em uma análise dos artigos 3º e 4º do referido Estatuto (LIMA, 2011) entende-

se que os mesmos já estão, na verdade, elencados na nossa Constituição Federal de

1988, no seu artigo 230, onde é disposto que os idosos devem ser amparados pela

família, pela sociedade e pelo Estado e que estes devem defender a sua dignidade o que

significa que devem zelar pelo seu bem-estar em todos os níveis, não só promovendo a

sua participação na comunidade e garantindo-lhes o acesso à saúde, trabalho e etc como,

também, punindo qualquer ato que viole os seus direitos.

Ainda conforme a autora, o direito à vida é assegurado nos artigos 8º e 9º onde

são estabelecidos os deveres do Estado de proteger a vida e a saúde por meio da

aplicação de políticas públicas sociais que assegurem um envelhecimento ativo,

assistido dignamente e saudável. Já o artigo 10º vai elencar o direito à liberdade, o

respeito e a dignidade enquanto os artigos 11º, 12º, 13º e 14º versam sobre a prestação

de alimentos ao idoso vulnerável, conforme prevê o Código Civil. A obrigação para

com os alimentos é solidária, podendo o idoso optar, entre os seus familiares, a quem

demandar por esse direito. Na hipótese de a família não ter condições financeiras para

prestar-lhe assistência alimentar, essa obrigação é transferida para o Poder Público,

consoante o disposto na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS).

Cabe aqui abordar, também, o artigo 15º que trata do direito à saúde e

preconiza a atenção integral à saúde do idoso, objetivando oferecer-lhe um sistema de

saúde digno e um atendimento de boa qualidade.

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Não se admite que os pacientes, principalmente os idosos, fiquem nos corredores à espera de consultas, cirurgias, por falta de leito, como ocorre normalmente (FRANCO, 2005).

Andrade e Ramalho (2003) ressaltam que a proteção ao idoso encontra-se

prevista nos arts. 43 e 45 do Estatuto, onde fica clara a intenção da finalidade social da

referida norma jurídica, pois foi tratado pelo legislador como forma de conservação dos

laços familiares e uma conseqüente inserção na sociedade.

O Estatuto assegura ainda como direitos prioritários dos idosos4:

o atendimento preferencial, imediato e individualizado junto a órgãos públicos e

privados, prestadores de serviços à população;

a preferência quanto à formulação e execução de políticas sociais públicas específicas;

na destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção

ao idoso; na viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do

idoso com as demais gerações;

a priorização do atendimento do idoso por sua própria família em detrimento do

atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de

manutenção da própria sobrevivência;

a capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia

e na prestação de serviços aos idosos;

o estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de

caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;

a garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.

Para Vieira (2012), o idoso, pessoa humana que é, goza de todos os direitos

fundamentais inerentes a essa qualidade, direitos estes que estão estampados em todo o

nosso sistema jurídico (CF/88 e demais leis), e agora, também, nesse seu Estatuto que

lhe assegura “proteção integral”. Assim, visa assegurar-lhe, por lei ou por outros meios,

todas as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu

aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social em condições de liberdade,

dignidade e felicidade. Denota-se, aqui, o princípio magno que rege todos os

dispositivos do Estatuto do Idoso: o princípio da proteção integral.

Apesar de muito se falar em “proteção integral” do idoso (VIEIRA, 2012),

ainda há uma distância, bem significativa, entre o que determina a Lei e a realidade 4 Estatuto do Idoso - Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br > acesso em: 06 ago 2014

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atual como, por exemplo, o valor irrisório das aposentadorias. Uma renda mensal baixa

inviabiliza o acesso do idoso a uma educação de qualidade, ao lazer e, até mesmo, à

aquisição de medicamentos, muito utilizados por este segmento da população.

É tendência mundial a presença de populações cada vez mais envelhecidas,

tornando intensa a Terceira Idade no cotidiano das civilizações. Aos poucos, a pirâmide

etária brasileira vai se invertendo, embalada pela queda da natalidade, desenvolvimentos

tecnológicos, avanços da medicina e, por incrível que pareça, pela melhora vagarosa na

qualidade de vida, favorecendo o crescimento do número de idosos.

Desta forma, o advento do Estatuto do Idoso representa uma mudança de

paradigma, já que amplia o sistema protetivo desta camada da sociedade, caracterizando

verdadeira ação afirmativa em prol da efetivação da igualdade material. É necessária a

conscientização da população, no sentido de respeitar os direitos, a dignidade e a

sabedoria de vida desta camada tão vulnerável e, até bem pouco tempo, desprezada da

sociedade.

Cabe destacar que, apesar de todos esses importantes avanços e conquistas, a

realidade dos idoso brasileiros ainda esta longe da situação defendida na norma. Este é

um dos maiores desafios para os conselhos dos direitos da pessoa idosa em todo o País:

contribuir para a transformação da realidade e, assim, diminuir a distância entre o que

determina a Lei e a realidade efetiva desta população.

Percebe-se que as legislações não são aplicadas eficientemente, o que pode

estar relacionado a um aspecto que é característico das políticas públicas no Brasil: ser

centralizadora e segmentadora.

O que falta na Política Nacional do Idoso é uma especificação, ou seja, critérios que deixem claro, a punição daqueles que discriminarem, desprezarem ou tiverem qualquer outro tipo de preconceito em relação ao idoso. Existem até mesmo contradições ao se estabelecer quem é idoso, pois existe uma certa “confusão” entre a Constituição Federal, a Política Nacional do Idoso e o Código Penal, na questão de idade, pois instituem como idoso, respectivamente, o cidadão que possui: 65, 60 e 70 anos. (OLIVEIRA, 2011, P.4)

De acordo com a análise de Dundes (2006 apud SILVA, 2007, p.35):

A Política Nacional do Idoso trouxe consigo várias conquistas, que servem para a construção de serviços e ações diferenciadas de atendimento ao idoso, concebido como sujeito de direitos. Essa política já está posta, mas é preciso transformá-la em prática profissional. A realidade ainda consegue ser muito perversa quando se trata da velhice. Muitos ainda são excluídos e não têm garantido o mínimo para sua sobrevivência. Outros, inseridos num processo

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de envelhecimento precoce não encontram nenhuma perspectiva de vida futura. Acabam-se os sonhos, perdem-se as esperanças.

Conforme Ramalho e Andrade (2003) a legislação que defende os interesses

dos idosos em, vigência no Brasil, é considerada uma das mais modernas do mundo.

Existem, apesar de pontos negativos, inúmeros pontos positivos introduzidos pela PNI e

pelo Estatuto do Idoso.

Ramalho e Andrade (2003) destacam como pontos positivos:

a) Sistema de cotas nas moradias construídas com recursos federais (percentual de 3%);

b) Salário mínimo mensal a todos os idosos com mais de sessenta e cinco anos, o que

representou uma redução de dois anos a menos que a Lei Orgânica da Assistência

Social;

c) Fornecimento de medicamentos e instrumentos de reabilitação e tratamento pelo

Estado;

d) Proibição de reajuste de plano de saúde em detrimento a faixa etária;

e) Transporte coletivo gratuitos;

f) Atendimento preferencial e imediato em todos os órgãos públicos e privados;

g) Vagas preferênciais em estacionamento;

h) Obrigatoriedade na adequação das empresas prestadoras de serviços, para abrigar

pelo menos 20% do seu quadro funcional com pessoas maiores de quarenta e cinco

anos.

Já como ponto negativo, os autores destacam que o Estatuto do Idoso acolheu

o princípio da proteção integral a favor de pessoas indefesas em virtude da idade, o que

se apresenta negativamente neste ponto, pois se mostra como preconceituoso e, ainda,

que muitos artigos não inovaram e trazem pressupostos genéricos que independem da

idade. É uma norma que determina o cumprimento de outras normas já existentes, o que

não tem lógica no sistema jurídico.

Podemos destacar, ainda segundo Ramalho e Andrade (2003), que faltaram

referências às atividades que possibilitem o florescimento da vontade de viver no idoso

e que lhe proporcionem qualidade de vida.

Em relação à educação, faltam programas educacionais específicos para os

idosos, e o pleno conhecimento das condições sociais do envelhecimento; há, ainda, a

carência de cursos de alfabetização específicos e a falta de verbas e equipamentos

adequados para os processos de educação do idoso.

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O Estado também peca na elaboração de políticas para garantir ao idoso o

direito ao trabalho, mesmo estando este garantido no Estatuto, fruto do anseio de uma

sociedade que sempre soube esconder a discriminação de contratar pessoas com idade

acima de 35 anos.

O sistema previdenciário também é tratado com descaso pelo Estado e é

considerado pelos idosos um verdadeiro pesadelo, afinal não se aplica uma política de

reajuste que garanta a manutenção de valor dos salários iniciais.

Conclui-se que, mesmo com as mudanças e conquistas propostas pela

Constituição Federal de 1988, pela PNI e pelo Estatuto do Idoso, em favor da terceira

idade, na prática muitas transformações ainda se fazem necessárias.

Portanto, para a efetivação de direitos são necessárias lutas constantes que

garantam a realização do que está determinado por Lei, para que dessa forma se possa

falar numa plena política social que atenda, de forma eficaz, as demandas que emergem

de acordo com suas especificidades.

1.1 ENVELHECIMENTO E CIDADANIA

Atualmente muito se comenta sobre cidadania, porém tal expressão conceitual

necessita ser entendida de fato para melhor compreender em que consiste a palavra e

qual a sua importância para a vida dos seres humanos e, consequentemente, para a

velhice.

Embora se saiba da importância do termo cidadania, nem sempre fica claro

para as pessoas, particularmente para as idosas, de que elas possuem cidadania, leis e

direitos que devem ser respeitados.

Braga (2008) define o conceito de cidadania como “a qualidade de todo ser

humano como destinatário final do bem comum de qualquer Estado, que o habita a ver

reconhecida toda gama de seus direitos individuais e sociais, mediante tutelas adequadas

colocadas à disposição pelos organismos institucionalizados, bem como a prerrogativa

de organizar-se para obter esses resultados ou acesso aqueles meios de proteção e

defesa”

E ainda que “a cidadania é composta por três tipos de direitos: os civis

(direitos necessários à liberdade individual - tribunais de justiça), os políticos (direito de

participar no exercício do poder político - parlamento e conselhos do governo local) e os

sociais (direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de

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participar na herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os

padrões que prevalecem na sociedade - sistema educacional e os serviços sociais)”.

Na verdade a definição de cidadania é extremamente complexa, uma vez que

não se trata de um conceito pronto, acabado e universal, mas determinado pelo fator

histórico, variando no tempo e no espaço. Assim, pode-se conceituar cidadania diante

do momento histórico contextualizado, vivido por cada sociedade.

Cidadão é aquele que luta para que todos sejam cidadãos, é aquele que

participa, que conquista a autonomia, que não é tutelado. A cidadania não é uma

interação primária e por isso é adquirida no convívio e precisa ser cultivada, supõe

valores éticos e implica em redução de espaços individuais para oportunizar ao outro

ocupar um espaço que é de todos.

Vemos no Brasil que os idosos têm muita dificuldade em exercer sua cidadania.

Na velhice existe um processo de desapropriação da autonomia. Os mais jovens vêem o

idoso como pessoas incapazes de realizar qualquer tipo de atividade, é claro que existe

uma limitação maior, porém não podemos esquecer de que os idosos têm muito a

oferecer à sociedade.

O aspecto social torna-se um elemento fundamental no processo de

envelhecimento, já que é no contexto social onde o indivíduo, de um modo geral,

compartilha o seu aprendizado e cria laços de amizades. Percebe-se que nesse contexto

muitas vezes é negado ao idoso à participação nas relações interpessoais (social), de

modo que este segmento passa a ser excluído (desintegrado) de sua posição social, pois

dentro do próprio ambiente social é notório o descaso com a velhice, com as pessoas

que envelhecem que não conseguem exercer sua cidadania e a velhice serve como

motivo de expropriação de sua autonomia.

Esses descasos e ações preconceituosas rotulam e dificultam qualquer trabalho

de investimento que venha beneficiar esse segmento, como também podem causar a

ruptura de direitos que, automaticamente, levam à perda da cidadania real. Segundo

Braga (2008) a velhice ainda é despolitizada, assim é necessário que se busquem

caminhos para politizá-la e conquistar um novo lugar e significado na sociedade, bem

como a marca de uma nova presença do idoso pelo exercício pleno da cidadania.

Considerando que atualmente o Brasil é um país que vive uma estrutura

econômica de um modelo capitalista excludente, com grande concentração de renda,

que constitui um dos pilares da desigualdade social e da discriminação, partindo de uma

concepção excludente, o estabelecimento de direitos iguais, numa sociedade desigual,

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para grupos específicos (idoso), é uma questão fundamental que articula cidadania com

democracia (FALEIROS, 2007).

Dessa forma, não se pode ignorar o individuo que está em processo de

envelhecimento ou que já envelheceu.

Enfim, no caso do segmento dos idosos que vivem em nossa sociedade a

cidadania não tem que ser resgatada ou recuperada, mas tem que ser

ampliada/reforçada, não há como ignorar que a pessoa idosa necessite continuar

exercendo sua autonomia, sendo titular de seus direitos e deveres perante toda a

sociedade. A sociedade precisa mudar sua conduta em relação à velhice, pois uma

sociedade que tem consciência dos direitos dos indivíduos que conseguem envelhecer é

capacitada para conduzir mobilizações que garantam o espaço social dos idosos.

A manutenção/ampliação da cidadania do idoso é fundamental para o

desenvolvimento de uma sociedade mais justa. Para Braga (2005 apud SILVA, 2011, p.

19) não há mais como deixar de entender que aquele homem que envelhece continua

existindo e manifestando os mesmos desejos, os mesmos sentimentos, as mesmas

reivindicações de quando era jovem. Ser um cidadão é poder atuar nas manifestações e

fiscalizações, dizer não as ações de corrupção, cumprir deveres e cobrar os direitos

(reservados na Constituição), ser solidário, ser crítico, ser corajoso, etc. É poder

participar do desenvolvimento/crescimento de uma sociedade mais “Democrática”.

1.2 PROJETOS SOCIAIS VOLTADOS PARA TERCEIRA IDADE

As transformações sociais, o aumento da expectativa de vida e do número de

pessoas idosas no Brasil é uma realidade atual que provoca mudanças e desafios que o

Estado brasileiro busca enfrentar.

Os desafios são múltiplos, em especial na busca pela efetivação da cidadania e

promoção da saúde da terceira idade. A busca pela promoção da inclusão social com

cidadania, lazer e qualidade de vida por esse segmento populacional fazem parte de

projetos que vêm sendo desenvolvidos pelo governo brasileiro.

Além disso, esses projetos visam à reflexão, a participação da discussão

coletiva e da troca de experiências, envolvendo essas pessoas em um processo de

descobertas, de conhecimento sobre seus direitos sociais, conscientizando-os sobre a

importância na melhora da qualidade de vida, a compreensão e aceitação da velhice e o

efetivo exercício da cidadania.

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O exercício da cidadania é de suma importância para a construção de uma sociedade democrática, pois representa a ligação entre a qualidade de vida e as políticas públicas de uma nação. (BULLA e SOARES, 2009 apud LIMA, 2011 p.23)

Nesse sentido, em consenso com a PNI, com o Estatuto do Idoso e pela

efetivação dos direitos já conquistados através dessas legislações, a Prefeitura do Rio de

Janeiro vem elaborando vários programas, projetos e ações voltadas para a terceira

idade, um deles é o Projeto Agente Experiente, que surgiu através da demanda dos

idosos de complementar sua renda familiar. O objetivo é reconhecer a experiência do

idoso, fortalecer a auto estima e contribuir para a sua socialização, visando à melhoria

da sua qualidade de vida através do acompanhamento e monitoramento de suas ações.

Outro programa é o Rio Dignidade para idosos com setenta anos ou mais,

portadores de seqüela de caráter permanente, sem renda ou que recebem até um salário

mínimo (aposentadoria) e que a família não tem condições de manter suas necessidades.

Trata-se de um programa de transferência de renda que, além do apoio financeiro, tem o

objetivo de melhorar a qualidade de vida dos beneficiários, oferecendo

acompanhamento integral ao idoso e a sua família, garantindo a convivência familiar e

comunitária.

Não podemos deixar de falar sobre o BPC – Benefício de Prestação

Continuada, direito garantido pela Constituição Federal de 1988, que também encontra

amparo legal no Estatuto do Idoso.

Consiste no pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos

ou mais e pessoas com deficiência (incapacitada para o trabalho). Em ambos os casos a

renda familiar tem que ser inferior a ¼ do salário mínimo. O benefício é administrado

pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, a quem

compete a sua gestão, acompanhamento e avaliação. Ao INSS – Instituto Nacional do

Seguro Social compete a sua operacionalização e os recursos para custear o BPC

provem do FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social.

Outro projeto desenvolvido é o PLANTAR – Plano Técnico de Articulação de

Rede de Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa, que é uma proposta metodológica com

pretensão a dar concretude a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa –

RENADI, ou seja, tem como proposta realizar experiências pilotos que planejam

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replicar nas bases estaduais e municipais, os princípios, as diretrizes, os marcos legais e

conceituais que devem nortear todas as políticas sociais públicas voltadas para o idoso.

O PLANTAR tem duas finalidades: integrar políticas para a construção de

uma agenda comum de trabalho, entre governos, sociedade civil e organismos

internacionais, visando o desenvolvimento de ações de valorização da pessoa idosa e

desenvolver mecanismos para organização, fortalecimento e integração dos serviços

locais, assegurando a participação social na construção de todos os processos.

Tem como metas estratégicas: criar e/ou fortalecer redes de proteção e defesa

dos direitos da pessoa idosa e despertar uma consciência da sociedade e dos formadores

de opinião sobre os direitos da pessoa idosa.

Importante abordarmos, também, o movimento das Universidades da Terceira

Idade.

Conforme Veras (2003), o movimento Universidades da Terceira Idade vem

experimentando incremento substancial desde os anos 70, difundindo conceitos e

experiências práticas que representam uma nova forma de promover a saúde da pessoa

que envelhece, a partir de uma ação interdisciplinar comprometida com a inserção do

idoso como cidadão ativo na sociedade. O movimento visa contribuir para a promoção

da saúde física, mental e social das pessoas idosas, lançando mão das possibilidades

existentes nas universidades.

Ainda de acordo com o mesmo autor, no Brasil existem pelo menos 150

programas dessa natureza, os seus resultados vêm sendo analisados e discutidos para

melhor entender seus participantes. A primeira universidade da terceira idade surgiu no

final da década de 60, na França, como um espaço para atividades culturais e

sociabilidade.

Não podemos deixar de citar a UNATI – Universidade Aberta da Terceira

Idade, que foi idealizada no final da década de 80 pelo professor Piquet Carneiro. No

começo era um grande centro de convivência voltado para o estudo da população idosa

que prestava assistência e oferecia serviços diversos aos idosos de diferentes faixas

etárias.

Conforme Veras (2003) a partir dos debates e trocas de experiências

profissionais e institucionais, sistematizou-se o projeto Núcleo de Atenção ao Idoso do

HUPE – Hospital Universitário Pedro Ernesto, que não só deveria prestar atendimento

ao idoso, mas deveria ser, também, um local para formulação e avaliação de novas

modalidades de atenção.

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Assim, em 1993 a UNATI torna-se formalmente um programa vinculado ao

Instituto de Medicina Social. Em 1996 torna-se um núcleo da Universidade do Estado

do Rio de Janeiro.

A UNATI/UERJ5 é uma universidade para a terceira idade em permanente

construção. De acordo com Veras (2003), desde os primeiros esboços do projeto foi

estabelecido o seguinte conjunto de metas para suas ações nas áreas de ensino, pesquisa

e extensão:

- Promover estudos, debates, pesquisas e assistência à população idosa;

- Assessorar órgãos governamentais na formulação de políticas específicas para o grupo

etário com mais de 60 anos;

- Prestar consultorias e serviços a órgãos governamentais em assuntos que envolvam a

terceira idade;

- Contribuir para a elevação dos níveis de saúde física, mental e social de pessoas

idosas, utilizando os recursos e alternativas existentes na universidade;

- Promover cursos para idosos visando aumentar seus conhecimentos, integrando-se à

sociedade contemporânea;

- Prestar assistência médica, jurídica e física, abrangente à população idosa;

- Oferecer a população idosa uma unidade de excelência, fazendo da UNATI/UERJ uma

instituição de saúde pública e, igualmente, de socioterapia, serviços comunitários,

pesquisas e ações gerontológicas de um modo geral;

- Capacitar profissionais de várias áreas de conhecimento a lidar com os problemas da

população idosa;

- Promover análises comparativas entre os estudos sobre a terceira idade realizados no

Brasil e demais países;

- Realizar seminários, publicações, documentos e quaisquer outras modalidades que

tornem públicas as informações e os estudos desenvolvidos pelo programa.

Como parte de uma universidade pública, a UNATI/UERJ está pronta para

dinamizar tais processos, gerando conhecimento e treinando recursos humanos de modo

a estender os benefícios destas práticas ao maior número possível de cidadãos da

terceira idade.

5 Atualmente a UNATI/UERJ esta instalada numa área de aproximadamente 800 m2 do campus universitário, desenvolvendo atividades neste local (além de fazer uso de vários outros espaços na universidade e fora dela). A UNATI/UERJ passou a incluir o ambulatório do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI), absorvido pela nova proposta, mais ampla, anteriormente situado no HUPE.

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Um dos direitos fundamentais dos idosos defendidos no Estatuto do Idoso diz

respeito à educação.

O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados. (Estatuto do Idoso, art. 21, 2003)

A Lei complementa, em seu artigo 25, dizendo que o Poder Público apoiará a

criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de

livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a

leitura, considerada a natural redução da capacidade visual.

Nesse âmbito a UNATI/UERJ tem como proposta a efetivação desse direito

fundamental, através de currículo específico voltado às necessidades dessa parcela da

população.

Não se trata de educação nos moldes tradicionais, mas da educação que visa

transmitir ao idoso informações sobre sua saúde, seu cotidiano, atualidades e inclusão

digital, sempre visando a sua inserção na sociedade.

A UNATI/UERJ apresenta-se como uma das principais políticas públicas que

cumpre a finalidade de oferecer educação continuada na terceira idade.

A Universidade da Terceira Idade possui, ainda, um papel fundamental no que

diz respeito à socialização do idoso, pois este passa a conviver com outros idosos

constantemente, praticando diversas atividades, elevando sua auto estima, se auto

cuidando, modificando beneficamente sua vida e exercitando plenamente sua cidadania,

fazendo com que educação e cidadania caminhem “de mãos dadas”.

1.3 OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO IDOSO

A Política Nacional de Saúde do Idoso tem como uma de suas diretrizes

principais a assistência às necessidades de saúde do idoso, numa perspectiva de

integralidade, com foco no usuário do serviço, tendo por referência seus direitos e

necessidades.

A perspectiva de integralidade da atenção e assistência é entendida como uma

ação social resultante da interação entre os atores envolvidos na prática do cuidado a

saúde, idosos e profissionais de saúde em diferentes níveis do Sistema Único de Saúde

(SUS).

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Segundo Marin (2006 apud SILVA, 2011, p.15), os idosos são os principais

usuários do serviço de saúde com doenças e fatores relacionados ao seu estilo de vida.

Sem contar que, atualmente, muitos idosos se tornaram provedores de renda de suas

famílias e ainda tem aqueles que cuidam dos netos ou de outros idosos, o que dificulta o

investimento na promoção da saúde e prevenção de doenças.

Não podemos deixar de citar a portaria 399/GM de 22 de fevereiro de 2006,

intitulada como Pacto pela Saúde, uma consolidação do Sistema Único de Saúde. Um

dos componentes dessa portaria é o Pacto pela Vida6 que tem o compromisso entre os

gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação de

saúde da população brasileira. Dentre as seis prioridades pactuadas encontra-se a saúde

do idoso, que tem como objetivo propagar a Política Nacional da Pessoa Idosa,

buscando a atenção integral.

O trabalho nesta área deve seguir as seguintes diretrizes7:

a. Promoção do envelhecimento ativo e saudável;

b. Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;

c. Estímulo às ações intersetoriais, visando a integralidade da atenção;

d. A implantação de serviços de atenção domiciliar;

e. O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado o critério de

risco;

f. Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde

da pessoa idosa;

g. Fortalecimento da participação social;

h. Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na

área de saúde da pessoa idosa;

i. Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;

j. Promoção da cooperação nacional e internacional das experiências na

atenção à saúde da pessoa idosa;

k. Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

6 O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos Governos Federal, Estadual e Municipal. 7 Portaria 399/GM de 22 de fevereiro de 2006. Disponível em: <http:// dtr2001.saude.gov.br/sas// > acesso em: 04 ago 2014

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Quando se trata da questão da saúde, percebemos que sempre houve uma

centralização na pessoa do médico, esquecendo-se que outras ações também contribuem

para o adoecimento. Ter saúde não é simplesmente ausência de doença, mas poder ter

acesso a coisas mínimas para sobreviver, e o Pacto pela Saúde vem procurar estratégias

para que o idoso seja mais bem atendido, tanto pelos profissionais de saúde, que

precisam saber acolher suas demandas, como pela sociedade que deve compreender que

o idoso continua fazendo parte do contexto social.

Na década de 90 o governo federal cria a Estratégia de Saúde da Família (ESF)

como forma de reorientação dos serviços de saúde por meio do fortalecimento da

atenção básica e de práticas voltadas para a integralidade da atenção e ações

intersetoriais.

Na ESF o trabalho em equipe é considerado um dos pilares para a mudança do

atual modelo hegemônico em saúde, com interação constante e intensa de trabalhadores

de diferentes categorias, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,

psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, dentre outros, e com diversidade de

conhecimento e habilidades entre si para que o cuidado com o usuário seja o imperativo

ético-político que organiza a intervenção técnico-científica.

Os profissionais de saúde têm na ESF uma ferramenta, um espaço onde devem

ser criados laços de compromisso e de responsabilidade entre profissionais de saúde e a

população (MARIN, 2008 apud SILVA, 2011, p. 15).

Silvestre e Costa (2003 apud SILVA, 2011, p. 16) acrescentam que o cuidado

comunitário do idoso deve basear-se na família e na atenção básica da saúde, pela

possibilidade de maior reconhecimento dos problemas de saúde e maior facilidade no

desenvolvimento de vínculo com o idoso.

Claro que trabalhar com as questões da saúde não é nada fácil e os

profissionais de saúde do idoso vão encontrar diversos impasses, como a fragmentação

do processo de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais, a falta de

complementaridade entre a rede básica e o sistema de referência, o despreparo para lidar

com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção e baixo investimento na qualificação

dos trabalhadores (SILVESTRE E COSTA, 2003 apud SILVA, 2011, p. 16).

Além disso, essas relações de multiprofissionais muitas vezes são conflituosas

acarretando a seus membros competitividade, conflitos e hostilidades, situações que

podem ser superadas com a construção de um projeto comum em que seja definida a

responsabilidade de cada membro, assim como a disposição em ouvir e considerar as

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experiências uns dos outros, sendo a comunicação a principal ferramenta para que esses

conflitos sejam convertidos em crescimento para a equipe e em um trabalho

multiprofissional e interdisciplinar que redunde na gestão do cuidado integral do idoso.

O desenvolvimento do trabalho em equipe não se constitui em um processo

simples. As mudanças ocorridas na modernidade, a globalização das doenças, das

práticas em saúde e dos hábitos de vida exigem que cada profissional se atualize

constantemente para que possa efetivamente atuar em um projeto que envolva toda

equipe.

Marin (2008 apud SILVA, 2011, p. 19) vai dizer que os idosos apresentam

características específicas, demandam, no atendimento das necessidades de saúde, uma

busca ativa de seus riscos e danos, compreendendo os aspectos funcionais, sociais,

emocionais e ambientais. Tal busca deve fornecer elementos para a elaboração de

propostas e desenvolvimento de ações, visando à promoção, prevenção e reabilitação da

saúde. Os autores têm duas definições para promoção da saúde que são:

Promoção da saúde compreende ampliar as oportunidades de escolha, alertar

para as possíveis conseqüências, desenvolver um trabalho educativo que incorpore a

reflexão sobre a realidade vivida, estimulando a discussão sobre quais seriam as

mudanças possíveis, instrumentalizando os profissionais com habilidades necessárias

para a realização das mudanças desejadas.

Promoção da saúde parte do uma concepção ampla do processo saúde-

doença e de seus determinantes e propõe à articulação de saberes técnicos e populares e

a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, para seu

enfrentamento e resolução.

Ainda conforme os autores, na perspectiva de um atendimento integral à saúde

do idoso, visando principalmente à promoção da saúde, a concretização das mudanças

vai além das possibilidades dos profissionais da saúde. É necessário despertar outros

setores da sociedade, como os da educação, lazer, esporte e transporte, o que demanda

vontade e conscientização dos atores e definição de estratégias capazes de atender a

complexidade que representa melhorar as condições de vida dos idosos.

Existe uma grande carência de conteúdos específicos sobre envelhecimento

para formação de profissionais de saúde e um dos grandes desafios que se coloca é o

aperfeiçoamento contínuo, uma vez que a maior parte desses profissionais de saúde não

possui formação básica que valorize o trabalho com o idoso.

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Lógico que isso não significa dizer que todo profissional de saúde seja

especialista em geriatria/gerontologia, mas que é importante que aja um mínimo de

conhecimento para que se possa fazer uma identificação precoce de doenças, agravos e

de situações de risco, estabelecendo medidas protetivas, de cuidado, prevenção e

promoção em saúde.

Podemos afirmar que os profissionais de saúde do idoso precisam ter uma

escuta ampliada, sendo importante o estabelecimento de vínculo e respeito pelo outro.

Aumentar a habilidade de cuidar da “pessoa” enquanto sujeito, com necessidades de

saúde inerentes ao seu modo de vida, independente da doença que possa ser portador.

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2 A VISÃO DA GESTÃO E O AUTO CUIDADO NA TERCEIRA IDADE

A Constituição Federal de 1988 assegura que a “saúde é direito de todos e

dever do Estado” e isso não anula a responsabilidade da família, da sociedade e do

próprio indivíduo. Não podemos esquecer que essa questão envolve direito e também

deveres da própria pessoa, sendo de sua responsabilidade auto cuidar-se.

O auto cuidado é a prática de atividades, iniciadas e executadas pelos indivíduos, em seu próprio benefício, para manutenção da vida, da saúde e do bem-estar. Auto cuidado (...) efetivamente executado, contribui de maneira específica para integridade da estrutura humana, para o funcionamento e da pessoa para o desenvolvimento. Quando o homem conscientizar-se desta responsabilidade, poderá sentir-se participante de um processo de adaptação ao meio em que vive na construção de novos hábitos para sua promoção, proteção e recuperação. (Orem, 1993 apud ASSIS, 2007, p. 23).

De acordo com Freire (1970), a consciência do mundo e a consciência de si

crescem juntas, sendo uma a luz da outra. Evidencia-se a essencial relação entre

conquistar-se, fazer mais a si mesmo, conquistar o mundo e fazê-lo mais humano. O

autor não criou o homem, apenas pensa e utiliza um método pedagógico que procura dar

ao homem a oportunidade de redescobrir-se pela retomada reflexiva do próprio processo

em que ele vai se descobrindo, manifestando e conformando métodos de

conscientização.

A consciência é dotada da capacidade de conhecer-se a si mesmo no ato e no conhecimento, ou seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber do mundo, manifestando-se como sujeito percebedor, imaginante, memorioso, falante e pensante. É o entendimento propriamente dito. (CHAUÍ, 2000).

Do ponto de vista de Silva (2011), a conscientização da autonomia e

independência do idoso deve ser estabelecida pelos familiares e pela sociedade antes

mesmo que ele chegue à velhice, pois são as escolhas de hoje que determinam o nosso

envelhecimento e o que seremos quando envelhecermos, ou seja, o idoso que somos ou

seremos é o espelho do jovem e do adulto que fomos.

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O nosso projeto de vida, habitualmente, não inclui o que faremos quando

ficarmos velhos ou o que faremos ao nos tornamos frágeis8. Não esperamos essa

possibilidade e quando ela acontece é quase sempre de maneira inesperada.

O auto cuidado é um comportamento aplicado e que implica o papel decisivo

do indivíduo agenciar sua própria saúde, levando um estilo de vida responsável e eficaz

na conservação da sua saúde e seu bem estar total.

Silva (2006) complementa dizendo que é fundamental que o idoso alcance um

grau desenvolvido de autonomia, pois o auto cuidado possui nível de complexidade e

desafios para atingir a independência e envelhecer com sucesso.

Estar comprometido com a motivação para a prevenção da saúde muitas vezes

se dá em meio ao conhecimento da doença. A intensidade das motivações está

relacionada à probabilidade de atingir os objetivos a que se propuseram.

Moragas (2007) diz que à medida que as pessoas envelhecem, diminui a

motivação devido às limitações neste ciclo da vida e do senso comum9.

Na Teoria do auto cuidado10, o homem e o meio ambiente são vistos como

interação do sistema, isto é, uma mudança no meio ambiente irá trazer alterações no

sistema de auto cuidado. Para que haja transformações é imprescindível que a atitude e

o comportamento estejam coesos para a efetivação do seu auto cuidado.

Faz-se necessário que idosos e familiares reflitam sobre o processo de

envelhecer em seus diferentes aspectos, sejam eles físico, emocional, psicológico,

social, etc. A conscientização possibilita a inserção no processo histórico.

Segundo Gomes e Loures (2004), a Organização Pan-Americana de Saúde

reconhece o envelhecimento como uma das mais importantes modificações na estrutura

da população mundial. Esta é uma realidade em todos os países do mundo. Todavia,

entre os dotados de menos recursos econômicos e sociais, como o Brasil, a questão

8 A fragilidade é definida por Caudas (2004 apud ASSIS, 2007, p.22), como vulnerabilidade que o indivíduo apresenta aos desafios do próprio ambiente. Ao assumirem o autocuidado, o idoso poderá ser educado no sentido de reconhecer e evitar fatores de risco para a síndrome da fragilidade. 9 “Pelo senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos projetos de vida, adquirimos condições e confiança para agir, no entanto, o senso comum não é refletido, impõe - se sem crítica do grupo social. Por ser um conjunto de concepções mecânicas e passiva de valores não questionados. Com freqüência se torna fonte de preconceitos, quando desconsidera opiniões divergentes. Por isso é necessário nestes dias encontrar formas que possibilitem a passagem do senso comum para o bom senso, nesta perspectiva o homem de bom senso é ativo, capaz de reflexão e dono de si mesmo. Recebida herança cultural pelo bom senso, reelabora sua concepção considerando a realidade concreta que precisa interpretar e transformar”(Aranha e Martins 1994, apud ASSIS, 2007, p. 18) 10 Orem, Dorothea 1993 apud ASSIS, 2007, p. 18

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ocasiona maiores problemas, devendo ser considerada primordial na política, na saúde e

na educação.

O Brasil esta deixando de ser um país de jovens, tendo-se entre os fatores

responsáveis o declínio da natalidade que entre 1960 e 1980 diminuiu em 33% e os

avanços da tecnologia médica, nos últimos 50 anos, que trouxeram a cura para uma

gama de patologias consideradas fatais. Além disso, a promoção da saúde e a maior

informação sobre as mesmas devem empurrar a expectativa mundial de vida humana

para perto dos cem anos em menos de duas décadas.

Dessa forma, a atenção ao idoso é um tema que se tornou objeto de

preocupação dos países e da Organização Mundial de Saúde, despertando o interesse

das sociedades e da comunidade mundial para as várias questões relacionadas ao

fenômeno do envelhecimento que decorre, em parte, da diminuição das taxas de

fecundidade e também do aumento na esperança de vida das populações.

Estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística projetam

para o ano de 2025 a possibilidade de existirem 33 milhões 882 mil pessoas acima de 60

anos, ou seja, dentro de 15 anos, o país estará ocupando o 6º lugar no mundo em termos

de população idosa. A faixa etária que mais deve aumentar é de 70 anos ou mais, o que

certamente trará exigências que produzirão impacto no orçamento das políticas públicas

e privadas para a assistência à saúde da população em geral.

Segundo a Organização Mundial de Saúde pessoas acima de 60 anos, em

países desenvolvidos, estão ativas e são capazes de realizar o auto cuidado e menos de

5% encontra-se incapacitada por atrofia cerebral irreversível. Nesses países, a maioria

das pessoas inválidas é tratada em casa, registrando-se menos de 5% dos maiores de 60

anos do mundo desenvolvido que estão entregues aos cuidados das instituições.

(DUARTE, 1996).

Para Duarte (1996), todas as pessoas têm o direito e a responsabilidade de

cuidarem de si mesmas para a manutenção de sua saúde e bem estar. Assim, estando

elas impossibilitadas, seus familiares têm responsabilidade de prover esses cuidados,

contribuindo para a manutenção de sua segurança emocional, auto estima e auto

imagem. É um processo que objetiva preservar o gerenciamento de sua própria saúde

com autonomia e independência.

O auto cuidado como suporte educativo e promotor da saúde já existe como

proposta de assistência desde o surgimento da enfermagem moderna. Ganhou, contudo,

maior ênfase a partir da Teoria de Orem, cuja premissa básica é de que o homem tem

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habilidades inatas para cuidar de si mesmo e pode se beneficiar com o cuidado da

equipe de saúde quando apresenta limitações decorrentes da falta de saúde. O auto

cuidado representa uma forma de despaternalizar a assistência, tornando-a participativa.

(Luce, 1991 apud BONOMI, 2006, p. 20).

2.1 A QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE

O termo qualidade de vida tem recebido uma variedade de definições ao longo

dos anos. O grupo de Qualidade de Vida (Q.V) da OMS (Organização Mundial da

Saúde), sob coordenação de John Orley, definiu qualidade de vida como a “percepção

do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos

quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”

(FLECK et al, 2000). “A QV também pode estar relacionada com os seguintes

componentes: capacidade física, estado emocional, interação social, atividade

intelectual, situação econômica e auto-proteção de saúde”. (SANTOS et al, 2002).

Qualidade é um conceito ligado ao desenvolvimento humano e é mais do que

ter uma boa saúde física ou mental. É estar em equilíbrio; é estar de bem com você

mesmo e com as pessoas queridas.

Para garantir uma boa qualidade de vida deve-se ter: hábitos saudáveis,

cuidados com o corpo, atenção na qualidade dos seus relacionamentos, controle entre

vida pessoal e profissional, tempo para se divertir, humor para lidar com situações de

stress, etc.

Ser competente na gestão da própria saúde, do estilo de vida e definir os

objetivos da vida deveriam fazer parte da prioridade de todos.

Conforme Minayo (2000 apud SILVA, 2007, p. 13), quando vista de forma

mais focalizada, qualidade de vida em saúde coloca sua centralidade na capacidade de

viver sem doenças ou de superar as dificuldades dos estados ou condições de

morbidade. Isso porque, em geral, os profissionais atuam no âmbito em que podem

influenciar diretamente, isto é, aliviando a dor, o mal-estar e as doenças, intervindo

sobre os agravos que podem gerar dependências e desconfortos, seja minorando

consequências dos mesmos ou das intervenções realizadas para diagnosticá-lo ou tratá-

los.

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Entende-se, também, por qualidade de vida a percepção do indivíduo e da sua

posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais se insere e em

relação com seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Assim, qualidade de vida é um conceito que está submetido a múltiplos pontos de vista e que tem variado de época, de país para país, de cultura para cultura, de classe social para classe social e, até mesmo, de indivíduo para indivíduo. Mas que isso, varia para um mesmo indivíduo, conforme o decorrer do tempo e como função de estados emocionais e da ocorrência de eventos cotidianos, sócio-históricos e ecológicos (PASCHOAL, 2000, p. 149)

É, portanto, um termo amplo que concentra as condições que são fornecidas ao

indivíduo para viver como ele pretende. Qualidade de vida envolve fatores relacionados

com a saúde, tais como, o bem-estar físico, psicológico, emocional e mental, e, também,

elementos relacionados com a família, amigos, emprego e outras circunstâncias da vida.

Siqueira (2004 apud SILVA, 2007, p. 9) relata que envelhecer11 mantendo-se

íntegros o funcionamento orgânico e psicossocial não significa problema, quer para o

indivíduo, quer para a família e a comunidade. Quando tais funções começam a

deteriorar-se de modo a desafiar a reserva funcional do idoso e atingir seu limite, os

problemas e as queixas quanto à saúde começam a surgir. Com o envelhecimento, a

manutenção da qualidade de vida torna-se mais desafiadora. Assim, a idéia que norteia

as questões da saúde do idoso diz respeito à conservação de vida autônoma e

independente, expressa pela capacidade de autodeterminação e execução de atividade de

vida diária sem necessidade de ajuda durante a velhice, de modo a tornar imprescindível

sua avaliação.

No Brasil, para fins de levantamentos demográficos, considera-se idoso a

pessoa a partir de 60 anos, conforme definido pela OMS, para os países

subdesenvolvidos ou em via de desenvolvimento. Sendo assim, quando nos referimos

ao idoso brasileiro, inclui-se na contagem aquelas pessoas que atingiram essa idade,

porém não se pode nem se deve esquecer que a velhice possui diversas faces, sobretudo

numa sociedade como a nossa marcada pela desigualdade social.

A saúde e a qualidade de vida dos idosos, mais que em outros grupos etários,

sofrem a influência de múltiplos fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais.

11 O envelhecimento pode ser entendido como conseqüência da passagem do tempo ou como o processo cronológico pelo qual um indivíduo se torna mais velho. Ele é uma parte importante de todas as sociedades humanas, refletindo as mudanças biológicas, mas também as convenções sociais e culturais.

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Anderson (1998) afirma que “avaliar e promover a saúde do idoso significa

considerar variáveis de distintos campos do saber numa atuação interdisciplinar e

multidimensional”.

A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece, significa uma maior valorização da autonomia e da autodeterminação e preservação da independência física do idoso. Para obter um envelhecimento saudável é melhor acrescentar vida aos anos a serem vividos do que anos a uma vida precariamente vivida (MELO, 2005).

Embora a grande maioria dos idosos seja portadora de pelo menos uma doença

crônica, nem todos ficam limitados por essas doenças e muitos levam uma vida

perfeitamente normal, com as suas enfermidades controladas e expressa satisfação na

vida. Um idoso com uma ou mais doenças crônicas pode ser considerado um idoso

saudável, se comparado com um idoso com as mesmas doenças, porém sem controle

destas, com sequelas decorrentes e incapacidades associadas. (RAMOS, 2003).

A chegada da terceira idade12 traz consigo limitações sobre um corpo já muito

vivido. Já não se tem a mesma vitalidade, a rapidez dos movimentos e do raciocínio, a

mesma coordenação motora da época da juventude. Há mais tempo disponível, mas os

idosos não sabem o que fazer com ele. A qualidade de vida na terceira idade pode ser

definida como a manutenção da saúde, em todos os aspectos (social, físico, psíquico e

espiritual). Do ponto de vista físico, o fator mais importante na conservação da saúde é

o cuidado com a alimentação e as visitas regulares ao médico para prevenir,

diagnosticar e tratar possíveis doenças que possam diminuir a qualidade de vida.

A atividade sexual, outro fator importante na manutenção da saúde, deve ser

mantida, pois o idoso não perde a sua função sexual. A impotência sexual masculina

pode ter um componente orgânico (problemas circulatórios e diminuição da

sensibilidade na região do pênis, por exemplo), mas em grande parte das vezes em que

ocorre, ela é de cunho emocional: por sentir-se velho, por não possuir mais os atributos

sexuais de antes e não ser tão viril e atraente para o sexo oposto como antigamente, o

idoso torna-se angustiado e depressivo e, conseqüentemente, impotente.

12 O termo terceira idade é uma construção das sociedades contemporâneas e vem sendo empregado por acreditar-se que é inseto de conotações depreciativas e, como destacou Debert (1999), para atender a interesses de um mercado de consumo emergente. Refere-se em geral, aqueles idosos que ainda não atingiram a velhice mais avançada, estão na faixa dos 55 aos 70 anos, e inclui, fundamentalmente, indivíduos que ainda têm boa saúde e tempo livre para o lazer e para novas experiências nessa etapa da vida.

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As mulheres idosas costumam rejeitar as atividades sexuais em função de não

terem sido estimuladas de forma satisfatória por seu(s) companheiro(s), ao longo de sua

vida, tendo praticado sexo de forma mecânica e não prazerosa. É importante salientar

que os valores associados à atividade sexual, nesta fase da vida, são diferentes dos

jovens: o que importa não é a virilidade, a quantidade de ejaculações ou orgasmos, mas

a intimidade, a sensação de aconchego, o afeto e o carinho.

A depressão, uma das principais doenças mentais na população idosa, é de

difícil reconhecimento e diagnóstico, uma vez que a sociedade, de modo geral, a encara

como um fato normal à velhice. As causas da depressão ainda são desconhecidas, mas

acredita-se que vários fatores (biológicos, psicológicos e sociais) atuam de forma

concomitante, desencadeando a doença. O acompanhamento psicoterápico como

complemento ao tratamento medicamentoso propicia a recuperação da qualidade de

vida do idoso.

A preparação para as grandes mudanças na vida decorrentes da aposentadoria

e da perda de amigos e familiares é de suma importância para a saúde psicológica, assim

como um contato familiar constante e a preservação e manutenção da autonomia,

independência e dignidade do idoso. Para Paschoal (2000) há uma redução da

adaptabilidade social, que é ocasionado pela aposentadoria e pela perda do poder

aquisitivo, além do isolamento social.

A interação social, o lazer e o desenvolvimento de hobbies e interesses

diversos colaboram para que a mente se mantenha ativa e saudável. É importante que o

idoso seja respeitado com todas as limitações inerentes à sua idade.

Se já não possui a vitalidade da juventude, por outro lado tem o conhecimento

adquirido através das experiências ao longo de toda uma vida. A partilha desses

conhecimentos com as novas gerações proporciona ao idoso a possibilidade de se

manter integrado à sociedade, o que se reveste de suma importância, uma vez que um de

seus maiores prazeres consiste em relatar fatos ocorridos em sua vida e perceber que lhe

é dada à devida atenção.

Qualidade de vida é a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e o sistema de valores com os quais convive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. (...) qualidade de vida é a percepção de bem-estar de uma pessoa, que deriva de sua avaliação do quanto realizou daquilo que idealiza como importante para uma boa vida e de seu grau de satisfação com o que foi possível concretizar até aquele momento (PASCHOAL, 2000, p. 149)

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Qualidade de vida é, portanto, a soma de todos esses fatores acima citados,

mas, principalmente, a preservação do prazer em todos os seus aspectos. O prazer de ter

um corpo saudável e a aceitação de seus limites, o prazer de interagir em sociedade, o

prazer da satisfação dos desejos na medida do possível e o prazer de compartilhar e de

aprender porque viver é um processo de aprendizagem eterno.

O que é uma realização extraordinária para este século será um dos grandes desafios para o próximo: garantir a qualidade de vida de uma numerosa e sem precedente população idosa. Central para este desafio é a saúde, a qual é vista em sociedades ricas e pobres como o mais valioso bem para uma boa qualidade de vida, particularmente em anos tardios. (KALACHE, 1999).

2.2 O PROGRESSO DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO BRASIL

A reflexão sobre o envelhecimento de uma população não pode e nem deve se

resumir a uma mera análise demográfica mas, sobretudo, incluir os aspectos sócio-

econômicos e culturais de um povo, a fim de que se possa perceber de forma mais nítida

as conseqüências, mudanças, desafios e perspectivas que esse processo traz consigo e

quais as medidas e políticas sociais que devem ser adotadas diante desse novo

fenômeno que se apresenta à sociedade brasileira.

Quando falamos sobre a idade biológica (relacionada às modificações físicas e

biológicas) percebe-se que ela pode ocorrer de forma diferenciada entre indivíduos de

uma mesma sociedade. Saldanha (2004) argumenta que não pode centrar nessa faceta

biológica a noção de senectude, apesar do decline biológico ser real e em certa medida

irreversível. Ou seja, não existe momento algum em que o crescimento psicológico do

indivíduo deva cessar.

A idade psicológica relaciona-se às modificações cognitivas e afetivas

ocorridas ao longo do tempo. E na velhice esse potencial não cessa desde que a

capacidade de reserva do sistema nervoso não seja comprometida. Desse modo não se

pode deixar de assinalar a existência do grande potencial concentrado para o rendimento

intelectual na velhice. (SILVA, 2006).

Para Saldanha (2004) determinados papéis sociais podem entrar em conflito

com aspectos arbitrários da idade cronológica. Ele ainda diz que esse conflito entre as

idades social, psicológica e cronológica constitui uma forma de desarmonia,

principalmente quando se faz referência ao isolamento social do idoso, que pode muitas

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vezes ser ocasionado, por exemplo, pela aposentadoria ou morte de parentes,

antecipando assim a morte social antes da biológica.

Sendo assim, não se pode perder de vista a importância de cada uma delas no

que concerne a uma percepção mais abrangente do indivíduo idoso. Devemos ter

consciência que o processo de envelhecimento apresenta características bem

diversificadas.

Não podemos deixar de destacar que a diminuição das taxas de mortalidade

infantil e de natalidade tem contribuindo para o aumento de idosos no Brasil, o que tem

sido ocasionado devido às melhorias nas áreas de saúde, infra-estrutura e técnicas

sanitárias.

Esse aumento também está relacionado à queda da taxa de fecundidade.

Silva (2011) relata que no Brasil, conforme dados do IBGE, 44% das mulheres

em idade reprodutiva têm menos de dois filhos. De acordo com estudos do IBGE em

2002 havia no Brasil cerca de 16 milhões de pessoas de 60 anos ou mais, representando

9,3% da população, sendo 56% mulheres. Esse fenômeno na velhice é chamado de

feminização, devido ao fato de que, no nosso país, mulheres têm uma expectativa de

vida bem maior do que a masculina.

Há ainda uma diferença, significativa referente à expectativa de vida entre homens e mulheres, correspondendo em torno de 7,6 anos. Esta diferença explica, em parte, a chamada feminização da velhice no Brasil. Contudo, há que se destacar, conforme relatam pesquisas gerontológicas, que as mulheres de idade avançada (e não os homens) estão mais expostas à pobreza e à solidão. Além disso, detêm maiores taxas de institucionalização, possuem um maior risco de morbidade, consultam mais médicos e têm menos oportunidades de contar com um companheiro em seus últimos anos de vida. Portanto, a mulher idosa constitui um grupo social que merece intervenções sociais que levem em conta as suas condições específicas (SILVA, 2006, p. 04).

O processo de envelhecimento brasileiro vem marcado por uma alta incidência

de pobreza e desigualdade social, as condições sócio-econômicas do idoso brasileiro

refletem a desigualdade social existente no país, o qual oferece aos seus cidadãos

chances marginais em garantir as seguranças mínimas para sua sobrevivência. A

pobreza na velhice é um dos resultados do ciclo vicioso da desigualdade social

brasileira, pois temos a existência de um sistema de proteção social precário.

Conforme dados do IBGE, quase seis milhões de idosos têm filhos e outros

parentes sobre sua responsabilidade. Esse dado é fundamental para acabar com o mito

de que ser idoso é depender de parentes, pois muitos deles desempenham um papel

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financeiro importante em sua família. Ainda assim, muitos veem o idoso como uma

inutilidade social. (SILVA, 2006, p. 14).

Se a velhice passar a ser encarada como fase normal da vida e não como marginal, haverá uma mudança significativa em relação ao papel e importância dos idosos na sociedade brasileira. Contudo, há muitas trilhas a serem percorridas, sobretudo porque o idoso ainda é forte alvo de preconceitos numa sociedade contemporânea oferece pouca oportunidade ao idoso para exercitar e ativar a lembrança, instrumento e conteúdo fundamental de seu diálogo com as demais gerações. O que foi produzido no passado não tem interesse hoje e possivelmente será destruído amanhã (MAGALHÃES,1989, apud SILVA, 2006, p.18).

No Brasil, a criação de um sistema legislativo de proteção às pessoas idosas é

recente: a Política Nacional do Idoso (PNI) surgiu em 1994. Antes dela, conforme

vemos em Rodrigues (2001 apud SILVA, 2011, p. 21), em termos de assistência aos

idosos, consta em alguns artigos do Código Civil, Código Penal, Código Eleitoral e de

vários decretos, leis e portarias.

Segundo Silva (2006), antes da década de 70 o trabalho realizado com os

idosos era de cunho filantrópico, desenvolvido por ordens religiosas ou entidades leigas

de caridade. Ela ainda destaca o trabalho realizado pelo Serviço Social do Comércio

(SESC), que desde a sua fundação em 1946 desenvolve um trabalho de atenção às

pessoas idosas.

Foi a Política nacional do Idoso13 que pôde romper em nível legislativo com a

tendência arcaica como se tratava à população idosa. Pode-se garantir direitos sociais de

forma ampla, defendendo a causa da velhice em diversos parâmetros.

A lei nº 8.842/94 criou o Conselho Nacional do Idoso, responsável pelo acesso

do convívio, integração e ocupação do idoso na sociedade. Suas diretrizes têm como

prioridade o atendimento domiciliar, o estimulo a capacitação dos médicos na área de

Gerontologia, a descentralização político-administrativa e a divulgação de estudos e

pesquisas sobre a terceira idade e o envelhecimento.

Na área da educação, a lei proporcionou medidas para a adequação dos

currículos e materiais didáticos para os cursos destinados aos idosos, especialmente nos

cursos de ensino a distância e promoveu, também, na mídia, o desenvolvimento de

13 Lei 8.842/94 regulamentada pelo Decreto 19448/96 – essa lei estimula a articulação e integração institucional para a elaboração de um Plano de Ação Governamental para integração da PNI, sendo exposto por nove órgãos: Ministério da Previdência e Assistência Social, Ministério da Educação, da Justiça, Cultura, Trabalho e Emprego, Saúde, Esporte e Turismo, Planejamento, Orçamento e Gestão e a Secretária de Desenvolvimento Urbano.

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programas educativos sobre o envelhecimento, com o objetivo de reduzir o preconceito

e aumentar o conhecimento sobre o assunto.

De acordo com a PNI, devem ser criados mecanismos que evitem a

discriminação e possibilitem a participação do idoso no mercado de trabalho. Os

programas de assistência devem garantir ao idoso o desenvolvimento de condições

habitacionais adaptadas às condições de acesso e locomoção que podem ser limitadas

pela idade.

Apesar do caráter inovador da PNI, ainda há muito a ser feito para que os

direitos sociais dos idosos sejam respeitados, como diz Goldman (2000 apud SILVA,

2011, p. 29):

Mesmo estabelecidos em instrumentos legais como nas Constituições, Códigos e Estatutos, os direitos sociais só se concretizam na teoria. Em países pouco desenvolvidos como o Brasil, o aparato legal contempla os direitos sociais, mas na realidade desmistifica a letra morta da lei. O usufruto dos direitos sociais só pode ser garantido com efetiva participação política da população através dos instrumentos de organização, de pressão e de denúncia.

Silva (2006) afirma que a velhice não torna um ser humano mais importante

que os demais cidadãos, todavia o caráter débil e a falta de respeito aos direitos

humanos e sociais que ocorrem na sociedade brasileira colocam os idosos, já

necessitados de cuidados especiais, em uma posição crítica. Assim é comum a criação

de estatutos para tentar assegurar os direitos e o respeito aos grupos mais frágeis em

países onde estes direitos não são respeitados.

Para que haja realmente progresso no estudo do processo do envelhecimento

no Brasil é preciso que profissionais busquem cada vez mais se especializar sobre o

assunto. Espera-se que profissionais da área em questão possam juntos desenvolver

métodos de pesquisa próprios de acordo com a nossa realidade.

Acabar com a associação de velhice à fragilidade exige um desafio a ser

vencido, garantindo ao idoso pobre e analfabeto uma noção mais ampla de seus direitos,

dando-lhe condições físicas, econômicas e sociais e respeitando suas capacidades e

limitações.

E, por fim, não podemos negar que a sociedade brasileira está envelhecendo.

Jamais em tempo algum da história, houve tantos indivíduos atingindo uma idade

avançada, sendo interessante frisar que não é somente importante acrescentar anos à

vida mas, também, acrescentar vida aos anos.

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É necessário que os idosos realizem atividades que favoreçam o seu bem-estar,

obtendo, assim, melhora no convívio social, na auto-estima e nas atividades diárias de

maneira geral. O principal objetivo é promover a educação no que se refere a aspectos

da saúde do idoso, através de atividades que envolvam flexibilidade, consciência

corporal, memória, atenção, entre outras, objetivando sempre melhora do bem-estar do

mesmo.

2.3 A PROMOÇÃO DA SAÚDE

Historicamente, a atenção à saúde no Brasil tem investido na formulação,

execução e concretização de políticas de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Há, pois, um grande esforço na construção de um modelo de atenção à saúde que

priorize ações de melhoria da qualidade de vida dos sujeitos e coletivos.

A implementação de estratégias e Programas de Promoção da Saúde é prática

no setor suplementar de saúde brasileiro, ainda que, na maioria dos casos, seja realizada

de forma fragmentada e desarticulada, não só por iniciativa das operadoras de planos

privados de saúde mas, também, por seus prestadores de serviços.

Segundo a Organização Mundial de Saúde promoção da saúde é o processo

que permite as pessoas aumentar o controle e melhorar a saúde.

A promoção da saúde representa um processo social e político, não somente

incluindo ações direcionadas ao fortalecimento das capacidades e habilidades dos

indivíduos mas, também, ações direcionadas a mudanças das condições sociais,

ambientais e econômicas para minimizar seu impacto na saúde individual e pública.

Assis (2007) entende por promoção da saúde o processo que possibilita às

pessoas aumentar seu controle sobre os determinantes da saúde e, através disso,

melhorá-la, sendo a participação da mesma essencial para sustentar as ações de

promoção da saúde.

Na década de 60, o conceito de promoção de saúde se consolidou de forma

positiva, no sentido de incentivar a prevenção das doenças, através do estímulo de

hábitos e comportamentos saudáveis e com a preocupação de estar atuando nos fatores

de risco, onde a Promoção da Saúde entra como parte da prevenção primária. Com a

crise do sistema de saúde em 70, continua-se a perceber que não basta atuar apenas na

cura da doença, é preciso intervir nos determinantes do adoecimento. Assim, o Informe

Lalonde (1974, apud ASSIS, 2007, p. 20) é um marco na área da Promoção da Saúde.

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Define quatro grandes eixos do campo da saúde: biologia humana, meio ambiente,

estilo de vida e organização da atenção à saúde.

Colocando-se o enfoque da intervenção no campo da Promoção da Saúde

vemos que no mesmo ano, a Organização mundial da Saúde (OMS) realiza a I

Conferência Internacional de Saúde, em Alma - Ata. Nessa conferência é colocada a

meta "Saúde para todos no ano 2000", recomendando a adoção de um conjunto de oito

elementos essenciais: educação dirigida aos problemas de saúde prevalentes e métodos

para sua prevenção e controle; promoção do suprimento de alimentos e nutrição

adequada; abastecimento de água e saneamento básico apropriados; atenção materno-

infantil, incluindo o planejamento familiar.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, essa Conferência de Alma-Ata

desdobra-se na I Conferência Internacional na perspectiva de Promoção de Saúde. Com

a Carta de Ottawa, em 86, o conceito de Promoção da Saúde é definido como: "o

processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da qualidade de vida e

saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo14."

Na Conferência de Alma-Ata, há 25 anos, 134 países e 67 organismos

internacionais se comprometeram com uma grande meta: garantir “Saúde para todos até

o ano 2000”. Um desafio ainda maior quando a conferência, organizada pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo UNICEF, considerou saúde não apenas a

ausência de enfermidades, mas como “um estado de completo bem-estar físico, mental e

social” - e também um direito humano fundamental. O foco de todo esse trabalho

deveria ser a atenção primária à saúde.

A Promoção da Saúde, como nível de atenção, se refere às ações destinadas a

melhorar e aprimorar a saúde das pessoas não doentes e, neste sentido, tem como

enfoque uma visão integral do processo saúde/doença/atenção. Inicia-se, com essa

discussão, a entender-se saúde como um campo complexo que envolve diversos olhares

e diversas intervenções.

Não se trata mais apenas de atuar sobre as causas, como era feito no modelo da

História Natural das Doenças, e tampouco de se fazer uma história social da doença. A

partir dessa declaração, começa-se a trabalhar com o conceito de campo de saúde, que

se pretende alternativo, para se entender a dinâmica saúde/doença/intervenção ou

atenção. Dessa forma, a Promoção da Saúde sai dos centros de saúde e alcança as

14 OMS 1986 apud ASSIS, 2007, p. 22

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comunidades, os ambientes, as escolas, os settings; acrescentando como campo de

atuação o Reforço Comunitário, que contém um componente educativo, que é o

desenvolvimento de habilidades sociais. Assim, a partir da Carta de Ottawa, a Promoção

da Saúde incorpora como método cinco grandes campos de ação, a saber:

• Elaboração e Implementação de Políticas Públicas Saudáveis

• Criação de ambientes favoráveis à saúde

• Reforço da ação comunitária;

• Desenvolvimento de habilidades pessoais;

• Reorientação dos sistemas e serviços de saúde.

Há de se ressaltar que embora vivamos em um mundo globalizado onde a

integração mundial dos mais diversos setores econômicos e financeiros se tornou

possível, graças aos grandes avanços tecnológicos que a informatização e as facilidades

de comunicação instantânea propiciaram, uma grande parte da população permanece

excluída.

Dentro desse contexto, de acordo com Hirschfeld e Oguisso (2002), em uma

análise de dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), observa-se um

enorme desequilíbrio nos gastos globais com assistência à saúde, notadamente entre os

países mais industrializados e os em desenvolvimento; enquanto nos primeiros

despende-se 89% nos gastos com saúde, nos países menos industrializados esse

percentual atinge apenas 11%.

O peso das doenças nos países industrializados representa apenas 7%, ao passo

que, nos países em desenvolvimento, esse peso representa 93%. Portanto gasta-se muito

mais com muito menos pessoas nos países industrializados.

Wilkinson (1998 apud ASSIS, 2007, p. 22) afirma que hoje não há mais

dúvidas sobre as evidências de determinantes sociais que afetam a saúde.

A Organização Mundial de Saúde na Europa está trabalhando para promoção

da saúde e conscientizando a população da necessidade de que tal iniciativa parta de

cada indivíduo na busca de sua própria qualidade de vida.

A promoção da saúde é a busca da melhoria da qualidade de vida do ser

humano com o objetivo de permitir a ele uma vida mais feliz, saudável e longínqua.

Ações de promoção e proteção da saúde são fundamentais para a reorientação dos modelos assistenciais, sendo uma estratégia de articulação transversal que objetiva a melhoria da qualidade de vida e a redução dos riscos à saúde, através da construção de políticas públicas saudáveis, que

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proporcionem melhorias no modo de viver (ANS, 2007 apud SILVA, 2011, p.21).

Incentivar a busca pela qualidade de vida significa levar o indivíduo a perceber

a necessidade de mudanças no seu próprio estilo de vida e, assim, ajudá-lo a adotar

atitudes saudáveis no que se refere à alimentação, exercícios físicos, fumo, álcool, etc...

mudanças essas sempre afirmadas nas estratégias de promoção de saúde proposta por

instituições ou pelo Estado.

O termo “Promoção da Saúde” sofreu mudanças ao longo dos tempos sendo

associado, hoje, a valores como vida, saúde, solidariedade e cidadania. Além disso,

pode ser relacionado à participação e responsabilização múltipla, envolvendo não só as

ações do Estado, através de políticas públicas saudáveis, como, também, as ações dos

indivíduos e do sistema de saúde.

A população humana é afetada por inúmeros problemas de saúde e a promoção

da saúde é, sem dúvida, uma promissora estratégia para enfrentá-los neste final de

século.

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3 A GEAP E ALGUNS PROGRAMAS DESENVOLVIDOS – BREVE HISTÓRICO

Neste capítulo apresento um breve histórico sobre a GEAP – Auto Gestão em

Saúde, Instituição na qual se tem a oportunidade de conhecer profundamente os projetos

desenvolvidos para o beneficiário idoso, em especial no campo da saúde.

Nesse âmbito a metodologia utilizada ficou circunscrita ao levantamento e

pesquisa da bibliografia existente sobre a história da auto Gestão.

A GEAP – Auto Gestão em Saúde é uma Entidade Fechada de Previdência

Complementar sem fins lucrativos. A empresa oferece aos servidores públicos federais

planos e programas de saúde, previdência complementar e assistência social.

A origem da GEAP remonta ao ano de 1945 quando foi emitida pelo IAPI, que

se tornou, à época, o instituto com maior número de usuários dentro do qual se deu a

fase embrionária da instituição GEAP.

No Brasil em 1945, a ditadura populista de Getúlio Vargas cria as leis

trabalhistas, o salário mínimo e os Institutos de Aposentadorias e Pensões, como forma

de diminuir as tensões entre trabalhadores e patrões e diminuir o risco da luta de classes.

Em 29 de setembro desse mesmo ano, teve origem um fundo denominado Assistência

Patronal, exclusivamente gerido e patrocinado pela Entidade, sem participação dos

servidores e que oferecia assistência à saúde e previdência, nos moldes do IAP’s

(Institutos de Aposentadoria e Pensões) existentes na época.

No mesmo ano, o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários-

IAPI emite uma Resolução de n° 185, autorizando a concessão pela Assistência

Patronal. Com isso o próprio Instituto se beneficia, pois com melhores condições de

assistência médico-hospitalar, os servidores se recuperam mais rápido, reduzindo o

tempo que permanecem longe do ambiente de trabalho.

A Assistência Patronal era uma concessão dos patrões, sem qualquer ônus para

os funcionários; ela oferecia assistência médica ambulatorial e hospitalar, assistência

odontológica, auxílio natalidade, adiantamentos de salários e seguro complementar às

aposentadorias.

Em 1989, em virtude do aumento do número de segurados e dos recursos

envolvidos, é reconhecida a necessidade de administrar a Assistência Patronal dentro de

novos padrões e de melhorar a gestão dos fundos.

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Em 15 de Março do mesmo ano institui-se o Grupo Executivo de Assistência

Patronal (GEAP) com a grande finalidade de gerir o Fundo de Assistência Patronal

(FAP), mantendo forma semelhante de composição estrutural.

O Ministério da Previdência e Assistência Social realizou estudos de 1984 a

1990, concluindo a necessidade de transformar o Grupo Executivo de Assistência

Patronal em Entidade Fechada de Previdência Privada. O Governo aprovou o parecer do

MPAS, publicando a Portaria nº 4.624/90. Nasce então a GEAP - Fundação de

Seguridade Social - em 13 de março de 1990, com a missão de ser administrada através

de auto-gestão compartilhada de Planos Solidários de Saúde e Assistência Social.

Atualmente a GEAP mostra uma transparência que não permite dúvidas

quanto aos modernos métodos de gerenciamento e renovação nos procedimentos de

relacionamento com seus beneficiários, patrocinadores e prestadores de serviços. Seu

diferencial é a ampla cobertura que proporciona como Plano de Saúde e de Assistência

Social sem restrições.

Também privilegia a administração participativa, a valorização profissional, o

desenvolvimento tecnológico e a qualidade do atendimento.

A GEAP é, portanto, pessoa jurídica de natureza privada, sem fins lucrativos,

constituída sob a lei que regulava as entidades fechadas de previdência privada (A lei de

nº. 6.435 de 15 de Julho de 1977), hoje revogada pela Lei Complementar nº. 109/2001,

e está autorizada, em regime de exceção, consoante o dispositivo no art. 76 da L.C (Lei

Complementar) retrocitada, a atuar no ramo de assistência à saúde dos participantes e

assistidos de seus planos sob a modalidade de auto gestão multipatrocinada mediante

autorização da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.

Está enquadrada dentro do conceito de auto gestão multipatrocinada, tendo

sido a primeira instituição a receber este registro pela ANS e tem como vocação

principal o atendimento aos servidores públicos federais. Ao longo dos seus mais de

sessenta anos de existência tem se modernizado, ganhado confiabilidade e ampliado seu

atendimento, de forma a tornar-se conhecida e reconhecida como o plano de saúde do

servidor federal.

Na área previdenciária a GEAP atua através de um Plano de Pecúlio

Facultativo que se caracteriza por ser um plano de previdência com benefícios de

pagamento único. Os benefícios concedidos neste plano se dão por ocasião da

aposentadoria ou pela morte do participante, caso em que o beneficiário será a pessoa

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por ele designada. Há também o benefício especial para os casos em que o participante

seja portador de AIDS manifestada, recebendo o benefício chamado Pecúlio em Vida.

A estrutura da GEAP funciona através de gerências regionais em cada uma das

27 unidades da Federação que gerenciam uma rede de saúde com mais de 24 mil

prestadoras de serviços no país, entre hospitais, clínicas, laboratórios de exame

complementar e de todas as áreas e especializações.

A GEAP disponibiliza aos clientes 05 (cinco) tipos de planos de saúde e 01

(um) de previdência:

• GEAP Saúde

• GEAP Família

• GEAP Essencial

• GEAP Referência

• GEAP Clássico

• GEAP Prev – plano de pecúlio facultativo

A GEAP tem, hoje, sob sua responsabilidade cerca de 700 mil vidas sendo

que, 35% de seus usuários possuem 60 anos ou mais e este fato se dá devido a adesão

desde o surgimento da Patronal.

A GEAP tem como missão “melhorar a qualidade de vida de seus usuários,

através da administração, na forma de auto-gestão compartilhadas, de Planos

Solidários e Previdência Complementar, Saúde e Assistência Social”.

3.1 A GEAP E SEUS PROGRAMAS DE PROMOÇÃO A SAÚDE

A GEAP desenvolve hoje, vários programas de promoção e prevenção em

saúde, voltados para todos os seus beneficiários, em especial aqueles a partir dos 60

anos. As atividades desenvolvidas visam sensibilizar e despertar o interesse no cuidado

preventivo e na assistência precoce.

Os programas são novas formas de promover a saúde da pessoa que envelhece

a partir de uma ação interdisciplinar que compreende o compromisso com a inserção do

idoso na sociedade.

Observamos, através das demandas na empresa, que muitos usuários têm

alcançado a velhice com alguma deficiência em sua saúde devido a inúmeras doenças

que surgem com o passar dos anos como, por exemplo, o Acidente Vascular Cerebral –

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AVC acompanhado, quase sempre, de suas sequelas; e para que esses usuários possam

envelhecer de maneira mais saudável e tenham educação continuada buscam-se

estratégias como os projetos e programas de promoção e prevenção em saúde que visam

à educação e o esclarecimento de situações vividas no cotidiano.

Darei inicio falando sobre o Programa de Gerenciamento de Caso (PGC15) que

foi instituído na GEAP em abril de 2002 com o objetivo de acompanhar em domicílio

pacientes acamados, portadores de doenças crônico degenerativas, em especial

pacientes idosos. Esses atendimentos são realizados por equipes interdisciplinares de

saúde que atuam de forma a oferecer atendimento continuado para a melhoria da

qualidade de vida.

Através desse programa objetiva-se prestar um atendimento médico

individualizado, mais humanizado, visando o estreitamento da relação médico-paciente

levando ao aumento da satisfação do beneficiário e seus familiares, a redução da

sinistralidade por doenças crônico degenerativas e aumento da eficiência do programa

(relação custo/benefício).

O PGC é composto por equipes de profissionais da saúde (médico, enfermeira,

fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, nutricionista, técnico de enfermagem), tendo a

assistente social a função de atuar como gestora no acompanhamento das ações sócio-

educativas desenvolvidas pela equipe multidisciplinar junto aos paciente e/ou

familiares.

Atualmente estão sendo atendidos no PGC 79016 pacientes em média.

No quadro dos profissionais que compõe o PGC encontram-se: 15

Enfermeiros, 15 Médicos clínicos, 10 técnicos de enfermagem, 36 Fisioterapeutas, 10

Psicólogos, 15 Fonoaudiólogos e 10 Nutricionistas, totalizando assim 111 prestadores

de serviços credenciados exclusivamente para atendimento a pacientes inseridos nesse

programa.

O PGC é uma vertente do HOME CARE (Hospital no domicílio) porque

instrumentaliza com independência o receptor de cuidados e o cuidador.

A família participa de forma pró - ativa no PGC, responsabilizando – se pelo

assistido e pelo acompanhamento das ações desenvolvidas em conjunto com a equipe de

profissionais da saúde. Como exemplo, citamos a sensibilização aos familiares /

15 O programa contempla mais de 5.9 mil assistidos nos 27 Estados da Federação. 16 Fonte: Boletim Mensal de Informação (BIM) de mar/10.

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cuidadores, quanto à importância das orientações / treinamentos organizados pela

GEAP/equipe de profissionais da saúde, visando integração e conhecimento sobre auto

cuidado, prevenção e promoção da saúde17.

Ações alcançadas pelo PGC:

1 - Incentivo ao auto cuidado e autonomia do paciente na medida em que este vai

adquirindo condições para tal;

2 – Promoção da educação em saúde;

3 – Promoção de ações de vigilância e assistência que diminuam a instalação de outros

quadros mórbidos, complicações e manifestações mais avançadas da doença;

4- Aumento do nível de satisfação do assistido e da família;

5- Reabilitação de seqüelas já instaladas;

6- Redução da utilização dos serviços ambulatoriais e exames desnecessários;

7- Redução do número de internações/reinternações hospitalares e o tempo de

permanência hospitalar;

8- Diminuição da busca por profissionais médicos de várias especialidades;

9- Otimização da utilização de métodos diagnósticos e terapêuticos.

A GEAP enfatiza, através de seus programas, que os cuidados domiciliares

não podem ter como única finalidade baratear custos ou transferir responsabilidades. É

preciso ter consciência que o ambiente familiar deve representar segurança e proteção

ao idoso, de forma que sua recuperação ocorra de maneira menos dolorosa e o processo

do envelhecimento seja tranquilo. O trabalho entre os profissionais de saúde e os

cuidadores deverá possibilitar a sistematização de tarefas, evitando-se hospitalizações,

asilamentos e outras formas de segregação traumatizantes.

Em outubro de 2005 a GEAP, pensando na valorização da autonomia do idoso,

através de um envelhecimento saudável, cria o Centro de Convivência sob a

coordenação da UNATI/UERJ.

O Centro de Convivência visa contribuir com a promoção da saúde física,

mental e social das pessoas idosas trazendo novas perspectivas de inserção e ampliação

da participação social, além da melhoria das condições de saúde e qualidade de vida dos

seus participantes.

É um espaço onde são oferecidas atividades regulares para idosos. O C.C. tem

o objetivo de disponibilizar a pessoas a partir de 60 anos a oportunidade e a

17 Ato Normativo/GEAP/DIREX/N.º 016,de 28 de março de 2006.

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possibilidade de receberem todos os benefícios que o programa tem a oferecer em

termos de acompanhamento à saúde, sociabilização e aquisição de novos

conhecimentos. Também tem como características o desenvolvimento de ações

educativas, culturais e sociais de acordo com o interesse e a necessidade dos idosos.

Além das atividades oferecidas, o C.C. é utilizado, também, para identificar os

idosos fragilizados, a fim de serem rapidamente encaminhados para avaliação clínica.

Os idosos, associados da GEAP, são cadastrados e escolhem um dia na semana

para desenvolver a atividade de sua preferência, entre as várias oferecidas. Fica sob a

responsabilidade do coordenador a condução diária dessas atividades, onde as ações

educativas, culturais e sociais são voltadas aos interesses e necessidades dos assistidos.

Destaco algumas atividades desenvolvidas:

• Exercícios físicos - que melhoram a postura, o equilíbrio, o ritmo e a

coordenação dos gestos e dos movimentos para contribuir com a diminuição

de fraturas e para melhorar a autonomia e a qualidade de vida, devolvendo o

corpo ao idoso, para que ele possa conhecê-lo e senti-lo de forma mais

saudável;

• Orientação postural e prevenção de quedas - a fim de melhorar o

conhecimento do corpo como um todo e orientação da marcha prevenindo

quedas;

• Biodança – modificações no estilo e na qualidade de vida dos idosos,

através de vivências orientadas no sentido de aumentar o ânimo e a motivação

para a vida, fortalecer a auto estima e a confiança, reforçar os vínculos

familiares e sociais, integrar o organismo em todos os níveis: emocional,

neurológico, endócrino e imunológico, obtendo-se efeitos curativos e de

reabilitação nos diversos quadros clínicos com mudanças significativas a nível

existencial;

• Dança de salão - é uma atividade física e cultural sistemática e de grande

valor na luta por um envelhecimento sadio; pretende-se utilizá-la como agente

motivador ao auto conhecimento e a ressocialização do indivíduo;

• Tarde de seresta e violão - como forma de desenvolver a sensibilidade

musical, exercitar a memória, melhorar a auto-estima dos idosos, tornando-os

mais alegres, solidários e sociáveis;

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• Encontro com a saúde – palestras com temas como envelhecimento,

alimentação, atividade física, estresse, sexualidade, memória, sobre doenças da

velhice e direitos sociais;

• Passeios e festas;

• Artesanato – atividade que estimula a criatividade, concentração,

paciência e a auto-estima;

• Yoga;

Outro programa desenvolvido é o Programa de Acesso a Medicamento que

visa à aquisição de remédios com descontos especiais e valores abaixo dos praticados

pelo mercado com o objetivo de oferecer aos usuários alternativas concretas para

reduzir os custos com medicamentos.

A GEAP possui convênio com empresa de gestão farmacêutica para

aperfeiçoar os serviços prestados pelo Programa de Acesso a Medicamento,

proporcionando facilidades no acesso, segurança e comodidade no recebimento dos

produtos.

O mais novo programa desenvolvido pela GEAP é o Programa Viva Melhor

que tem como objetivo oferecer assistência médica preventiva e monitoramento

permanente da atenção à saúde aos assistidos portadores de doenças crônicas não

transmissíveis como diabetes mellitus tipo I e II, hipertensão arterial, obesidade,

doenças renais, tabagistas, bem como pacientes que obtiveram alta do programa PGC.

O Programa Viva Melhor tem o objetivo de atuar na prevenção de doenças e

promoção da saúde de forma sistêmica e dinâmica destacando a humanização e

integralidade no cuidado com o usuário, por meio das linhas de atenção à Saúde da

Criança, do Adolescente, da Mulher, do Homem, do Idoso e da Saúde Mental,

realizando um atendimento multidisciplinar, qualificado, oferecendo uma educação

contínua em saúde e o incentivo no desenvolvimento de hábitos saudáveis

disseminadores da longevidade.

As linhas de atenção à saúde do Programa Viva Melhor são um conjunto de

ações programáticas integradas que objetivam a prevenção de riscos, agravos e doenças,

a promoção da saúde, a compressão da morbidade e o aumento da qualidade de vida dos

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usuários. Assim sendo, modelos de atenção baseados na produção do cuidado são

implementados, garantindo a integralidade da atenção à saúde.

O Programa Viva Melhor é uma oportunidade para o beneficiário cuidar da

saúde de forma preventiva e investir em qualidade de vida. Por meio desse programa ele

é acompanhado por um médico no estilo “médico de família”, um profissional que irá

atendê-lo em uma consulta mensal como um gerenciador do estado geral da sua saúde.

O médico vinculador assistencial (MVA) atuará na promoção e educação em

saúde, com monitoramento da condição clínica do paciente como forma de prevenção

de agravos. Este atendimento é oferecido por meio de uma rede de consultórios dos

médicos vinculadores assistenciais.

O assistido, cadastrado no programa, terá mensalmente, no mínimo, uma

consulta médica de acompanhamento com seu médico vinculador, além de receber

assistência médica direcionada para especialistas nos casos de intercorrências clínicas

mais complexas. O médico vinculador promoverá, também, atividades em grupo,

educando e ensinando o paciente a conhecer melhor a sua doença, a controlá-la e a

conviver com ela, tendo cada vez mais uma melhor qualidade de vida. Esse médico

contará, também, com uma equipe de apoio composta de psicólogos e nutricionistas que

poderão atender o paciente sempre que houver necessidade desse tipo de

acompanhamento.

Dentro do Programa Viva Melhor podemos citar algumas de suas estratégias:

• Hiperdia – assistência ao portador de sobrepeso, obesidade, hipertensão

arterial e diabetes mellitus tipo I e II, tendo como principio a educação em

saúde voltada para a qualidade de vida;

• Saúde da Criança – objetiva desenvolver ações que proativamente

promovam a saúde infantil de maneira integral e humanizada, de forma a

prover qualidade de vida à criança;

• Saúde do Adolescente – objetiva desenvolver um conjunto de ações co o

propósito de atender os adolescentes numa visão biopsicossocial, enfatizando a

promoção à saúde, diagnóstico precoce, prevenção de agravos, tratamento e

reabilitação, melhorando a qualidade de vida dos adolescentes e de suas

famílias;

• Saúde da Mulher – a atenção a saúde da mulher é caracterizada por um

conjunto de ações necessárias para promover às mulheres uma qualidade de

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vida que se baseia na valorização e a articulação entre atividades preventivas e

assistenciais;

• Saúde do Homem – se concentra em promover ações integrais de saúde,

agindo na prevenção, promoção e tratamento de doenças nos seus diversos

contextos físico-psico-sociais, promovendo maior longevidade e qualidade de

vida;

• Saúde Mental – tem como objetivo ampliar e oferecer estratégias

qualificadas de atenção ao beneficiário que apresente conflitos de ordem

psicológica ou que seja portador de transtorno mental, de maneira que a prática

assistencial envolvida tenha o objetivo de prevenção, manutenção da saúde e

inserção social;

• Saúde do Idoso – baseada em várias ações integralizadas que

proporcionam condições pra promover sua autonomia, independência e

hábitos de vida saudáveis, com resultado final à qualidade de vida do idoso;

• Movimente-se com Saúde – com caráter de prevenção primária, que

ressalta a importância da atividade física, a fim de promover o incentivo da

população na prática de atividade física como um hábito cotidiano de vida;

• Expande – busca oferecer uma assistência médica integral, de forma

contínua e racionalizada aos beneficiários da GEAP adstrita em localidades

sem rede assistencial credenciada ou localidades sem a especialidade definida

como ro obrigatório mínimo, com ênfase nas ações de promoção à saúde e

ações preventivas, intervindo nos principais problemas detectados,

desenvolvendo processos educativos em saúde, voltados à melhoria da

qualidade de vida.

• Campanhas de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças – objetivam

a divulgação da assistência preventiva às doenças, bem como a importância do

monitoramento permanente à saúde dos seus beneficiários e servidores em

seus locais de trabalho. Essa assistência conta com atividades educativas que

promovam o bem-estar, o acesso à informação e atividades que estimulam e

promovam a qualidade de vida, com atenção integral à saúde. Neste sentido, a

GEAP desenvolve um calendário anual de Campanhas.

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Cabe ressaltar que a GEAP tem o compromisso de assistir seus beneficiários

na doença, porém quer contribuir para preservar a saúde dos mesmos e desta forma

foram criados esses programas que oferecem, especialmente, aos idosos acesso a

diversas atividades com profissionais de diferentes formações. Todos juntos trabalhando

para melhorar a qualidade de vida e a saúde dos idosos.

Além disso, a GEAP oferece também a Internação Domiciliar que atende a

uma política de desospitalização em que o paciente é assistido em tempo integral com

quadro clínico mais complexo e com necessidade de tecnologia especializada,

diferenciando-a dos Programas de Gerenciamento de Casos que, apesar de ser

domiciliar, desempenham outras funções consideradas como pós hospitalares.

Seus objetivos principais são propiciar tratamento individualizado e

diferenciado no âmbito familiar, além de estimular o desenvolvimento da autonomia do

paciente, diminuindo o risco de infecção hospitalar e reforçando o vínculo familiar,

assim como envolver os familiares nesse tratamento e conscientizá-los a assumir os

cuidados com o paciente.

Hoje temos consciência de que o idoso, que tem participado de Programas de

Promoção da Saúde, está mais ciente e consciente que esta etapa da vida não acaba com

sua autonomia e muito menos finaliza o seu desejo de satisfação e auto-estima. Com a

participação em Centros de Convivência há necessidade de se cuidar em todas as áreas

(biológica, social e psicológica), pois o exercício de manter uma alimentação saudável,

de fazer exercícios físicos regularmente, cuidar da aparência física e ampliar um círculo

de amizades traz um bom equilíbrio para essa nova etapa da vida.

A Política Nacional do Idoso reconhece o idoso como sendo sujeito de

direitos, ao definir princípios e diretrizes que asseguram os direitos sociais e as

condições para promover a autonomia, integração e participação na sociedade através da

perspectiva do trabalho de vários setores e o compromisso entre o poder público e a

sociedade civil.

De acordo com Bruno (1997 apud ASSIS, 2007, p. 41):

A construção da política que se dá sempre por meio de uma nova política, busca construir maior igualdade entre os segmentos, ela pode e deve impactar a sociedade contribuindo para novas representações.

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3.2 O SERVIÇO SOCIAL DA GEAP

Através da pesquisa bibliográfica sobre a história do Serviço Social na GEAP

e da experiência adquirida durante a vivência no campo de estágio, atuando na execução

dos programas de promoção de saúde, foi possível constatar que a implantação do

Serviço Social na GEAP ocorreu no ano de 1990. Nesta data a instituição teve o seu

estatuto aprovado, sendo reconhecida como Entidade Fechada de Previdência Privada

conforme Portaria nº 4.624.

A intervenção do Serviço Social inicia-se com o objetivo de buscar melhoria

na qualidade dos serviços prestados e na divulgação dos benefícios, viabilizando o

acesso aos direitos e desempenho de suas obrigações, proporcionando conhecimento das

normas, do regulamento e da estrutura técnica e administrativa.

Assim sendo Guerra (2002, apud ASSIS, 2007, p. 43 ) diz que:

Na prática profissional, a análise, aponta para centralidade do seu caráter interventivo, uma vez que dele depende a existência, materialidade e funcionalidade da profissão. Que a complexidade e diversidade alcançada pela intervenção profissional, no sentido de atender às demandas e requisições originadas das classes sociais, colocam a dimensão instrumental como a dimensão mais desenvolvida da profissão e, portanto, capaz de indicar as condições e possibilidades da mesma. Tais demandas e requisições exigem do profissional a criação e recriação, tanto de categorias intelectivas que possam tornar compreensíveis as problemáticas que lhe são postas como intervenção nos sistemas de mediações que possibilitem a passagem teórica às práticas.

A partir desta implantação o Assistente Social tem procurado estimular a

reflexão junto aos programas elaborados pela GEAP para a participação dos idosos no

que se refere ao auto cuidado. Esta intervenção ocorre inclusive nos projetos com

prática educativa e preventiva, com usuários que possuem deficiência na saúde e

necessitam de orientações para melhorar a qualidade de vida diária.

De acordo com Iamamoto (2003, apud ASSIS, 2007, p. 43), o Assistente

Social é o profissional que atua no campo social a partir de aspectos particulares da vida

da classe trabalhadora, relativos à saúde, educação, relações familiares etc. É a partir

dessas expressões concretas, das relações sociais no cotidiano da vida dos indivíduos e

grupos, que o profissional efetua sua intervenção.

Norteado pelas técnicas inerentes à profissão, desenvolvemos um papel de

agregar, integrar, dinamizar, e contribuir nos programas, projetos, ações e atividades

sócio-educativas de acordo com a política de assistência social e promoção de saúde,

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com o objetivo de estimular a perspectiva institucional à inclusão social dos usuários e

na perspectiva institucional da Fundação realizando intervenção por meio de pesquisas e

projetos direcionados a melhoria na qualidade de vida, orientando os nossos usuários ao

acesso aos benefícios, programas, serviços e auxílios, que atendam as suas necessidades

com qualidade.

No programa de Gerenciamento de Casos (PGC) o Assistente Social

desenvolve sua praxis junto aos usuários que trazem em suas reivindicações o

atendimento domiciliar. As equipes interdisciplinares prestam tanto ao usuário portador

de patologia crônico – degenerativa como ao cuidador, orientações quanto ao cuidado

por meio de atendimento humanizado.

Assim, quando o familiar chega à instituição para solicitar o atendimento, cabe

ao Assistente Social realizar a abordagem inicial, verificando o perfil do usuário para

incluí-lo no Programa ou encaminhar a demanda para as providências cabíveis.

O Assistente Social informa inicialmente aos usuários as normas da instituição

e, em seguida, estas entrevistas são encaminhadas ao Médico Gerenciador de Casos

(MGC) para que o mesmo possa agendar a visita com a pessoa designada a receber

todas as orientações necessárias em seu domicílio, para avaliação médica do caso. O

relatório feito pelo Assistente Social com as entrevistas são anexadas às informações

cadastrais e a frequência de utilização de serviços (UTI Móvel – atendimento de

urgência e emergência) para identificação de assistidos com perfil de ser admitido no

PGC.

(...) O objetivo é obter o conhecimento do problema por ser resolvido, e uma compreensão eficiente da pessoa em dificuldade e a sua situação de forma que o problema possa ser solucionado eficientemente. (GARRET 1977 apud ASSIS, 2007, p. 44).

O objetivo da entrevista é ter uma compreensão do problema e da situação da

pessoa que poderá ser inscrita no programa, pois cabe ao MGC informar ao Assistente

Social o perfil do usuário para inscrição no PGC.

Numa entrevista, além dos dados de preenchimento da ficha da instituição,

história do paciente e outros dados relevantes relativos a solicitação, cabe ao Serviço

Social observar como o usuário e seus responsáveis percebem a situação apresentada,

sendo que, algumas vezes, quando o usuário não possui perfil para o atendimento

domiciliar, o Assistente Social utilizará outras estratégias de intervenção. Neste caso ele

encaminha a solicitação médica e a partir de parecer conjunto com outros profissionais,

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vê-se a necessidade individual de cada usuário inscrito no PGC.

O Assistente social no exercício de suas atividades vinculado a organismos institucionais estatais, para - estatais ou privados, dedica-se ao planejamento, operacionalização e viabilização de serviços sociais por eles programados para a população. Exerce função tanto de suporte á racionalização do funcionamento dessas entidades, como funções técnicas propriamente ditas18.(IAMAMOTO, 2003 apud ASSIS, 2007, p. 45).

Verificamos, assim, que o Assistente Social é o profissional habilitado a

constituir-se como agente institucional intermediador nas relações entre a instituição e a

população, entre os serviços com cobertura no plano de saúde de acordo com a

solicitação médica e a equipe que atende em domicílio.

Estabelecido o atendimento domiciliar como estratégia de educação primária,

cabe ao Assistente Social realizar reuniões mensais junto à equipe para estudo de casos

e conhecimentos quanto às ações educativas prestadas aos usuários inscritos no

programa. Mensalmente os profissionais apresentam relatórios com síntese em folha de

evolução que acompanham o usuário. Toda a equipe acompanha a evolução do caso e o

que está sendo realizado por cada profissional.

Iamamoto (2003, apud ASSIS, 2007, p. 45) afirma que, “a equipe

multidisciplinar surge como alternativa, tendo em vista a crise que atinge as condições

vitais de sobrevivência da população, e como solução racionalizadora para o seu

enfrentamento”.

Com a preocupação de desburocratizar a relação com os usuários, agilizando e

melhorando os serviços prestados, cabe ainda ao Serviço Social contribuir para a

criação de mecanismos institucionais.

Esta democratização possibilita a transparência nas informações, sendo

indispensável a participação do usuário.

A GEAP tem como desafio, manter em sua agenda, políticas para promover o

envelhecimento ativo através de orientações sobre a necessidade do auto cuidado,

possibilitando a promoção do envelhecimento saudável, criando condições para

fortalecer essas políticas e programas para a promoção não somente dos idosos, mas,

também, para todas as idades reconhecendo que todos têm direito à saúde.

Para alcançar uma velhice digna, precisamos cuidar de nós mesmos visando o

nosso bem, visto que a nossa população está envelhecendo adoecidamente.

18“(...) O Assistente Social realiza atividades como: seleção sócio - econômica para fins de “elegibilidade” do usuário, de acordo com as normas que regulam SOS serviços prestados (...)”

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A libertação dos oprimidos deverá provir deles mesmos, na medida em que se conscientizam da injustiça que sofrem, se organizam e começam com práticas que visam transformar estruturalmente as relações iníquas. (BOFF, 1999, apud SILVA, 2011, p. 31)

É necessário que se estabeleça um pacto entre as gerações para o benefício da

construção de uma nova sociedade onde a solidariedade e o respeito pela diferença

sejam importantes, segundo a lição que nos trouxe Paulo Freire. “Ninguém liberta

ninguém – ninguém se liberta sozinho – os homens se libertam em comunhão”.

O auto cuidado para o envelhecimento saudável tornou-se grande desafio para

o Serviço Social. Esta é uma das metas da promoção da saúde para que a velhice

possa ser vivida como um momento pleno de vida e atuação.

Destacamos que, quando o idoso e seus familiares/cuidadores passam a

receber orientações de cuidados com a sua saúde, percebe-se o quanto a visão de velhice

e educação vão se transformando e ampliando no tempo e no espaço.

Reafirmamos a importância da educação básica sobre a saúde e a necessidade

de entendermos que estamos apenas começando.

É muito importante o desenvolvimento contínuo da conscientização sobre o

auto cuidado, tendo a convicção de que a mudança é possível, embora a tarefa seja

difícil. É a partir deste saber fundamental que nos comprometemos com a realidade do

idoso nessa sociedade que o neutraliza, sendo necessário ter bom senso, saber ouvir, e

reconhecer que a educação é consciente e inacabada e que, acima de tudo, é

indispensável compreender que a educação contínua é uma forma de intervir na

sociedade.

O Assistente Social, em seu fazer profissional, tem orientado seus usuários

quanto à importância da participação em programas de promoção em saúde, visando à

reabilitação e reinserção no meio social e familiar.

Na GEAP, o Assistente Social procura contribuir na reconstrução da auto

estima do usuário da terceira idade, possibilitando-lhe o conhecimento dos direitos

sociais e das garantias estabelecidas em lei e, principalmente, a redução do isolamento

social e de uma vida sedentária, conscientizando-o sobre a importância da participação

nas várias atividades propostas, tais como, palestras mensais que são realizadas na

própria instituição e que possuem como temas:

* A influência da alimentação na prevenção e tratamento das doenças comuns

na 3ª idade;

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* Depressão e ansiedade;

* Solidão – antes mal acompanhado do que só?;

* Homeopatia e auto cuidado;

* Osteoporose – prevenção e tratamento;

* Oficina memória Ativa;

* Orientação postural e RPG para 3ª idade;

* Voluntariado – um ato de cidadania e lazer;

* Oficina de biodança;

* Afeto e sexualidade na 3ª idade;

* Transtornos do sono.

Hoje muitos idosos, que viviam atrelados aos muros do lar, têm sido estimulados

a participar de programas que mostram que o idoso tem direito à vida, à dignidade e à

longevidade com saúde.

O trabalho desenvolvido pelo Serviço Social na GEAP pode servir de modelo a

outras instituições, quer pelo aprimoramento constante da qualidade dos serviços ou

pelos seus modernos métodos de gerenciamento.

Como 35% dos usuários da GEAP são pessoas acima de 60 anos, os programas e

projetos desenvolvidos pelo Serviço Social buscam em primeiro lugar a promoção da

saúde desses indivíduos, tendo em vista a consciência de que o processo de

envelhecimento é altamente complexo. Assim foram criados diversos programas, já

citados anteriormente, que têm como objetivo, entre outros, oferecer atendimento

continuado, em especial para pacientes idosos e desenvolver ações educativas e

culturais de acordo com o interesse desses indivíduos.

Ainda há muito a ser feito, tendo em vista a demanda crescente de beneficiários

idosos, o que exige a contratação de profissionais qualificados e a aquisição de material

adequado, o que nem sempre pode ser feito de imediato; entretanto, o Serviço Social na

GEAP apresenta um resultado positivo, de êxito com uma gestão participativa e

moderna e sempre em consonância com a Política Nacional do Idoso.

O papel do serviço social no auxílio aos idosos se constitui na luta para chamar a atenção para a importância da interiorização da qualidade de vida das pessoas na conquista do direito a viver uma vida saudável. Essa ação também é política porque favorece a reflexão sobre a necessidade de parcerias políticas na produção de ações sociais de qualidade de vida em um esforço individual e coletivo (IAMAMOTO, 1999, apud ASSIS, 2007, p. 46).

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CONCLUSÃO

A atenção para as questões da saúde tem crescido muito nas últimas décadas

devido principalmente ao crescimento e envelhecimento da população mundial.

A longevidade com qualidade de vida está em cena no debate contemporâneo,

por ser um horizonte no qual se poderá vislumbrar o aumento da expectativa de vida

como valiosa conquista humana e social.

Viver mais e bem é um ideal intimamente relacionado à saúde em sua

apreensão mais ampla como potencial de satisfação das aspirações humanas. É nessa

linha que a temática da promoção do envelhecimento saudável se volta hoje não só para

a atenção ao idoso, mas para as práticas de saúde em geral.

Um olhar sobre a saúde, sobre a velhice é um ponto inicial a partir do qual

buscamos refletir sobre este ideário e sua articulação com questões atuais relacionadas à

promoção da saúde.

Os programas de promoção à saúde, aqui destacados, têm surgido como

ferramentas às dificuldades assistenciais existentes em nossos sistemas de saúde.

O investimento em ensinamento e em propostas de auto cuidado, também

como estratégias para promoção da saúde, através da conscientização de cada usuário,

são caminhos que objetivam proporcionar meios à população, especialmente aos idosos,

para que busquem conhecer melhor e, assim, controlar os aspectos que afetam a sua

saúde.

Modelos de atenção à saúde como os programas de promoção e prevenção, os

centros de convivência e demais programas aqui destacados beneficiam uma grande

população de pacientes sãos e/ou com patologias crônico degenerativas levando-os a ter

uma boa aceitação dessa modalidade de serviço assistencial.

Na verdade os programas de promoção à saúde possibilitam conforto e

segurança ao paciente na medida em que, frequentemente, proporcionam uma

recuperação mais rápida e a reinserção do idoso como cidadão ativo na sociedade.

Deve-se enfatizar a importância da busca da qualidade de vida na terceira

idade. A população idosa deve ser orientada sobre os fatores que beneficiam seu bem

estar e sua capacidade funcional, sendo papel de todos oferecerem-lhe oportunidade de

integração, educação, socialização, entretenimento e, também, trabalhar as diversas

questões do envelhecimento de forma a contribuir para melhoria de sua saúde física,

mental e social.

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As questões inerentes ao idoso exigem uma política ampla e expressiva que

elimine ou pelo menos amenize a dura realidade daqueles que conseguem viver até

idades mais avançadas.

A existência de um Estatuto que garante direitos aos idosos e a gama de

programas e projetos desenvolvidos pelo governo, em suas diversas esferas,

representam, sem dúvida, uma grande vitória no campo da promoção do

envelhecimento saudável.

Mas há, ainda, muito a fazer. Os desafios são múltiplos, exigindo um esforço

constante e incansável, não só do governo mas, também, de toda a sociedade para que as

leis sejam cumpridas e para que sejam alcançados e aprimorados os objetivos

estabelecidos em todos os programas implantados.

Como já foi dito anteriormente, não é somente importante acrescentar anos à

vida mas, também, acrescentar vida aos anos.

Afinal viver mais e melhor é um direito de todos.

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