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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ANA PAULA BELLOT DE SOUZA ORIENTADORA SIMONE FERREIRA Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

ANA PAULA BELLOT DE SOUZA

ORIENTADORA

SIMONE FERREIRA

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Ana Paula Bellot de Souza

Rio de Janeiro

2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Irmão, aos meus Pais; em memória, aos Amigos que estiveram ao meu lado ajudando-me a superar os obstáculos e contratempos, aos meus Professores, Mestres, e a todos que contribuíram com suas experiências e conhecimentos para a construção desse lindo projeto. Sem falar na Minha Orientadora, Parceira e Amiga: Simone Ferreira. Obrigada por tudo e principalmente por proporcionar-me esse crescimento tão importante na minha vida acadêmica e profissional.

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DEDICATÓRIA

Ao meu irmão, agradeço por você

existir... Pelos momentos de felicidade absoluta. Por me encher de coragem para vencer os obstáculos e conquistar este tão esperado momento. Simplesmente... Agradeço por você existir! Aos meus pais, em memória, verdadeiros exemplos de vida, seria muito difícil encontrar palavras para exprimir tal emoção. E a todos os meus amigos que me apoiaram e me ajudaram a terminar este projeto tão lindo. Neste momento não basta só agradecer... Amo vocês! Minha gratidão aqueles que de fato repartiu comigo não somente seus conhecimentos, mas também inúmeros momentos de alegria, amizade e descontração. Em especial, A professora, amiga, conselheira e orientadora: Simone Ferreira.

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RESUMO SOUZA, Ana Paula. EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Monografia (Pós Graduação em Psicopedagogia) AVM Faculdade Integrada Candido Mendes – Centro II. Rio de Janeiro, 2011.

Este trabalho monográfico pretende valorizar o desenho infantil como linguagem, sendo o mesmo a primeira escrita espontânea e expressão subjetiva da leitura de mundo realizada pela criança ao longo da primeira infância. O ato de desenhar vai facilitar o desenvolvimento integral da criança, tanto motor como afetivo e cognitivo.

“... Acredito que o desenho como

expressão do pensamento tende a conquistar novas formas com o crescimento da criança. È linguagem que precisa conquistar um vocabulário cada vez mais amplo, sem, contudo perder a intensidade e a certeza do seu traço.” (Ana Angélica Albano Moreira)

Palavras- Chave: Grafismo, Desenho, Desenvolvimento e Linguagem

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METODOLOGIA

Terá como embasamento a teoria de Viktor Lowenfeld, dividida em quarto estágios, e a evolução do grafismo segundo as visões de: Piaget, Luquet, Ana Angélica Albano Moreira e Aurora Ferreira; que fazem uma abordagem sobre este tema. Assim como a leitura de vários livros dos seguintes autores: Emilia Ferreiro e Teberosky, Paulo Freire, Célia Silva Guimarãesn Barros, Denise Maria Maciel Leão, Analice Dutra Pillar, Daniel Windlocher e Louis Porcher.

Além dos PCN’s de Artes e os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil foi realizado o trabalho junto à leitura de jornais, revistas e as várias atividades realizadas em sala de aula tendo como resposta, após a coleta de dados e observação do objeto de estudo, os resultados que confirmaram e validam o desenho como linguagem.

È importante ressaltar o importante papel da escola e de seus profissionais que concederam-me essa oportunidade e contribuíram significativamente para realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................08

CAPÍTULO 1

A HISTÓRIA DA EVOLUÇAO DO GRAFISMO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL...........................................................................................................10

CAPÍTULO 2

O PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO GRAFICO......................................17

CAPÍTULO3

O DESENHO LINGUAGEM SE CALA COM A AQUISIÇÃO DA

LINGUAGEM ESCRITA ....................................................................................37

CONCLUSÃO....................................................................................................44

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................46

WEBGRAFIA ....................................................................................................49

ÍNDICE ..............................................................................................................50

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INTRODUÇÃO

O presente estudo faz uma abordagem das práticas em sala de aula,

nas séries de educação infantil, e das questões apresentadas pelas crianças

com relação aos seus desenhos; assim como a maneira, o olhar, que o

professor tem de relacionar-se com tal objeto.

Está pesquisa pretende explorar o valor do desenho como linguagem

perceptível estando ligado às necessidades e potencialidades da criança se

expressar; as inter-relações nos vários aspectos do seu desenvolvimento - o

motor, o afetivo e cognitivo, identificar as etapas desse processo e o seu

significado como meio de comunicação gráfica espontânea e leitura de mundo

e levantar alguns subsídios que permitam ao educador tornar-se mais sensível

e curioso perante a produção artística infantil, evitando, assim, “diagnosticar” as

crianças através do seu desenho. È o olhar do Psicopedagogo diante a ação

do desenhar.

Consiste na valorização do desenho como uma continuidade entre o

pensamento e a sua representação gráfica; assim como a conscientização do

professor de Educação Infantil sobre a importância de estar fundamentado para

entender como se dá o processo do desenvolvimento infantil, na faixa etária de

0 a 06 anos de idade, uma das fases mais importantes do desenvolvimento

humano. Refletir sobre a relevância do educador nessas etapas de

desenvolvimento da criança; compreender que a observação é um dos meios

que o mesmo poderá utilizar na construção desse aprendizado para fazer

desabrochar um olhar sensível e pensante, o que para tal fato não poderá agir

apenas como facilitador do processo, e sim como mediador, dando-lhe

autonomia e gerando responsabilidades e amadurecimentos.

No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia. Me movo como educador porque, primeiro, me movo como gente ( FREIRE, Paulo, 2008, p. 94).

O desenho pode ser trabalhado como linguagem, como uma forma de

expressão, uma marca registrada da criança. Ao desenhar, a criança conta sua

história; revela seus pensamentos, suas fantasias, seus medos, suas alegrias e

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suas tristezas; passando a interagir com o meio. Todo seu corpo se envolve

nessa ação, traduzida em marcas gráficas, que a mesma produz. Cada

desenho conta uma história, tem significado pessoal que, muitas vezes, o

adulto (educador) interpreta de modo diferente. Devemos lembrar que a visão

da criança é diferente da visão do adulto. Este, quando conduz ou interpreta

uma produção infantil de forma errônea, acaba por inibir a criança, podendo

mesmo fazer com que ela perca sua capacidade de criação e expressão.

Será que a escola não seria responsável pelo fracasso escolar desse

aluno?

É importante que se tenha nas salas de aula materiais que contribuam e

facilitem o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem da criança. Cabe ao

educador perceber o desenho com um olhar diferenciado, amplo e aberto,

perguntando e a partir do comentário feito pelo aluno enriquecer sua aula.

Evitar interpretar ou criticar de acordo com uma visão unilateral e sim estimular,

instigar e propiciar situações prazerosas levando-os à reflexão diante de suas

criações.

Através do desenho, conta-se o que de melhor aconteceu demonstrando

momentos muito agradáveis e proveitosos, expressando sua percepção de

mundo e explorando as necessidades e potencialidades da criança.

Em fim, o ato de desenhar, é relevante, pois propicia ao educando

desafios, incentivos, ampliações de experiências, conhecimentos,

aperfeiçoamento na capacidade de criação e de expressão, além da prática no

desenvolvimento: motor, afetivo e cognitivo; e ao mesmo tempo propõem ao

professor um novo olhar para expressão e criação da sua turma tornando-o

mais sensível e curioso em relação ao desenho infantil e sua evolução.

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CAPÍTULO 1

A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO GARFISMO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Antes de iniciar os estudos sobre a Evolução do Grafismo na Educação

Infantil, consideraremos as seguintes definições:

Grafismo é o resultado de uma tendência natural, expressiva, onde o

processo de desenvolvimento gráfico infantil está ligado ao desenvolvimento

físico, social, intelectual e afetivo-emocional da criança. E a representação

gráfica do mundo, começando com o desenho para só depois chegar ao

convencional - Processo de Desenvolvimento / Escrita.

O Desenho é uma forma de manifestação da arte, onde é transferido

para o papel imagens e criações da sua imaginação.

Bem sabemos que a palavra desenho tem originalmente um compromisso com a palavra desígnio. Ambas se identificavam. Na medida em que restabelecermos, efetivamente, o vínculo entre as duas palavras estará também recuperando a capacidade de influir no nosso viver. Assim o desenho se aproximará da noção de projeto (pró-jet), de uma espécie de lançar-se para frente (ALBANO MOREIRA, Ana Angélica, 2002, p. 15).

Toda criança desenha. Mesmo que não seja da forma mais adequada

sempre encontra uma maneira de mostrar e deixar registrado suas criações: se

não no papel, na terra, areia, ou até em paredes de casa; se não possuir lápis,

serve um pedaço de tijolo, pedra ou carvão, para contribuir como instrumento

dessa ação criadora.

Desenhar é uma atividade integradora, relacionando o ver, o pensar e o

fazer com os domínios: perceptivo, cognitivo, afetivo e motor. “A criança

desenha, entre outras tantas coisas, para se divertir. Um jogo que não exige

companheiros, onde a criança é dona de suas próprias regras. Nesse jogo

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solitário, ela vai aprender a estar só, ”aprender a só ser”. O desenho é o palco

é o palco de suas encenações, a construção do seu universo particular.”

(DERDYK, 1989, p.50)

Além de características pessoais da criança, o gosto pelo desenhar

também depende das oportunidades oferecidas pelo meio. No caso do

ambiente escolar, a influência é ainda maior, já que o desenho está inserido em

um contexto de saber institucionalizado, onde a “autoridade” tende a repercutir

na relação da criança com a linguagem.

A escola tem um papel importante na construção do processo artístico,

afinal ela não é apenas uma instituição onde se proporciona e ou favorece a

aprendizagem formal. Nela deve haver também um ambiente de

relacionamento significativo, onde as propostas não atendam apenas a

currículos, mas que sirvam para envolver os alunos com idéias a serem

exploradas, estimulando-os e incentivando-os.

È importante que a escola observe e valorize ainda mais a construção

do conhecimento das crianças, em relação as suas tentativas de expressão, e

as tenha como foco principal de atividades.

Dentre as propostas pedagógicas que norteiam os trabalhos na

Educação Infantil, o desenho continua sendo uma constante, afinal é um

importante meio de expressão revelando um diálogo com o mundo externo e

ao mesmo tempo com suas emoções.

A observação do cotidiano escolar tem mostrado uma realidade que

reflete diretamente em como o desenho vem sendo trabalhado, na escola, ao

longo dos tempos. Percebe-se que muitas vezes o processo criador das

crianças é desvalorizado em detrimento de um resultado final, que na maioria

das vezes são produzidos por modelos prontos, ou de propostas

descontextualizadas, sem significado para as crianças e que não apresenta

nenhum tipo de desafio.

Essa realidade é resultado de existência de práticas inadequadas que

consideram o desenho como acessório de outras atividades (passatempo,

atividades decorativas, etc.), ou ainda como reforço para aprendizagem de

outros conteúdos (exercícios de coordenação motora, colorindo imagens, etc.)

e nunca como uma atividade criadora, com uma finalidade em si mesma.

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Percebe-se que paralelamente a essas “práticas inadequadas”,

prevaleceu uma tendência naturalista, onde o cerne era a valorização do

desenho infantil.

Conforme apontado nos Referenciais Curriculares Nacionais da

Educação Infantil, (Vol.3, 1998) o desenho é uma das linguagens visuais, cujo

trabalho deve ter como suporte uma tríade: o Fazer Artístico (expressão e

produção), a Apreciação (construção de sentido, gosto, estético) e a Reflexão

(pensar sobre os conteúdos, compartilhar idéias).

Trabalhar com desenho significa trabalhar com o saber artístico mais

consciente dos alunos, o que propõem a ampliação do seu universo cultural, ao

mesmo tempo em que enxerga como é capaz de criar, de atribuir sentidos e de

utilizar a linguagem visual e simbólica.

A escola deve sempre atentar para a busca de novos olhares e

possibilidades, afinal, o desenho evolui conforme o pensamento da criança

evolui (Piaget, 1998).

1.1 A EXPRESSÃO CRIADORA NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Para Cunha (2002), na educação infantil a criança começa a procurar

por formas e cores específicas para cada elemento formal, porém essa procura

tende a se esgotar quando a mesma encontra formas mais semelhantes aos

elementos observados. È nesse momento que a intervenção do professor, no

campo das artes, se faz ainda mais necessária no sentido de estimular novos

olhares, fornecer oportunidades para relacionar-se e comparar formas espaços

e cores; pois se não houver desafios para que elaborem novas estruturas, elas

se contentarão com modelos pré-definidos se tornando estereotipados.

O desenho como possibilidade de brincar, de falar, marca o

desenvolvimento da infância; porém cada estágio assume um caráter próprio.

No desenho das crianças do mundo todo, há similaridades em relação

às configurações, á figura humana, á casa, ás plantas, etc. Há um esqueleto

estrutural semelhante nas criações infantis. Embora aconteçam temáticas

universais em seus desenhos, elas também mostram diferenças quanto ás

influências culturais distintas, informando experiências individuais.

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Se for comparado os trabalhos de crianças em diferentes partes do

mundo, de diversas culturas e estrutura social; o que muda são apenas os

objetivos significativos que compõem o ambiente: vivência da criança e sua

caracterização, mas mesmo assim os desenhos contêm similaridades que nos

mostra uma visão análoga de expressão entre eles. Ou seja, a função e a

importância cultural em que a criança conhece estes objetivos.

Os trabalhos de expressão plástica da criança evidenciam o seu estágio

de elaboração mental, o que é resultado das interações da mesma com os

objetos. Isso não quer dizer que é uma expressão intimista, somente consigo,

mas um modo de extravasar o seu interior com o meio e as relações que

estabelece em suas vivências e experiências do dia-dia.

O nível de desenvolvimento intelectual em que a criança se encontra é

visivelmente retratado em seus desenhos, mostrando seu estágio emocional e

perceptivo, pois cada criança se detém de uma fase particular passando de

uma etapa para á outra, também, de modo peculiar, conforme o seu

crescimento e experiências particulares caracterizando assim sua criação

pessoal.

O desenho é para criança uma linguagem como o gesto e a fala. A

criança desenha para falar e registrar sua fala, ou seja, para escrever.

O desenho é a sua primeira escrita, e antes mesmo de aprender a

escrever a criança utiliza-se do desenho para deixar sua marca. O desenho

fala, chega mesmo a ser uma espécie de escritura, caligrafia; já dizia Mario de

Andrade.

O que e preciso considerar diante de uma criança

que desenha e aquilo que ela pretende fazer: contar-nos uma historia, e nada menor que uma historia, mas devemos também reconhecer, nesta intenção, os múltiplos caminhos de que ela se serve para exprimir aos outros a marcha dos seus desejos, de seus conflitos e receios (ALBANO MOREIRA, Ana Angélica, 2002, p. 20).

1.2 A ARTE DA CRIANÇA: PROPONDO UM OLHAR REFLEXIVO AO PROFESSOR

Para melhor conhecer a criança é preciso aprender a vê-la. Observá-la enquanto brinca: o brilho dos olhos, a

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mudança de expressão do rosto, a movimentação do corpo. Estar atento á maneira como desenha o seu espaço, aprender a ler a maneira como escreve a sua história (ALBANO MOREIRA, Ana Angélica, 2002, p. 20).

O olhar do professor diante do desenho infantil está apoiado nas

concepções que o mesmo tem sobre o desenho enquanto linguagem. Ideias

construídas através de sua própria história e experiência com a linguagem.

Sustenta-se em seus conhecimentos sobre as possibilidades do grafismo

infantil, noções adquiridas durante sua formação e ao longo de suas

experiências profissionais. Esses conhecimentos resultam-se em expectativas

com relação à produção infantil, definindo o diálogo do professor com o aluno e

seus desenhos; interação esta, que pode ser marcada pelo incentivo,

advertência e indiferença.

O professor deve ter cuidado com o seu olhar em relação ao trabalho

das crianças, para tentar evitar as rotulações, a valorização do desenho

perfeito, e até mesmo pela escolha das cores corretas; o que acarretaria o

suposto distanciamento dos padrões reais de desenho.

Neste caso, a semelhança com os padrões reais torna-se um fator rígido

no que diz respeito ao olhar do professor em relação ao desenho assim como

em sua avaliação. É o chamado desenho perfeito, o que mais se aproxima do

real.

O olhar voltado para perfeição mostra à cobrança de um modelo estético

restrito, ao qual é muito rígida a determinação do que é feio e bonito,

resultando assim na limitação de possibilidades expressivas do desenho;

reduzindo-os a reprodução dos modelos aceitos pelo meio escolar.

E comum o professor esperar que o desenho do seu aluno retrate algum

tipo de assunto ou represente alguma coisa; e não pelo simples fato de

desenhar, sem ter um motivo aparente. O olhar que e dirigido a esta criança e

exclusivamente o de tentar descobrir o que foi desenhado, por isso a pergunta

compulsivamente dirigida à criança: O que você desenhou?

O professor que só tem esse tipo de preocupação, a perfeição, em

relação ao desenho infantil acaba deixando de lado, por exemplo, o como este

trabalho foi feito, o desenvolver do processo de construção do mesmo; uma

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vez que tal comportamento acaba levando a desvalorização de todo o

processo.

As crianças que rabiscam são as maiores prejudicadas, afinal o rabisco

é visto, por muitos, como sinônimo de atraso, coisa feia e sem sentido; na

melhor das vezes como uma manifestação sem importância, fase passageira.

Costuma ser grande a frustração do professor diante as crianças que não

sabem desenhar, que só rabiscam.

Deve-se redimensionar a importância que se dá ao conteúdo dos

desenhos, pois esta linguagem é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo; por isso

a compreensão do significado dos vários tipos de manifestação gráfica que o

compõem.

Este desenvolvimento não se dá de forma linear. É comum o retorno a

fases anteriores, mais primitivas, como um tipo de recurso da criança. Desta

forma não deveria ser motivo de preocupação para o professor o caso da

criança que mesmo já sendo capaz de representar nitidamente o real,

rabiscam; ao contrário, no ato de rabiscar elas descobrem novos recursos que

vão enriquecendo sua representação gráfica.

Não é porque a criança já se apropriou do desenho enquanto

representação, que tudo aquilo que desenhar tem um sentido. É preciso que os

professores estejam sensíveis para perceber as diferentes motivações das

crianças em suas atividades gráficas, tendo cuidado para não ver este trabalho

como substituição da escrita; lendo-o como se fosse um texto escrito, indo a

busca das palavras correspondentes. Tal atitude parece sugerir que toda

imagem tem um correspondente em palavras e que todo desenho precisa

retratar alguma coisa nomeável.

Ao lado de cada figura desenhada pela criança, o professor escreve a

palavra correspondente ao objeto representado; o que acaba consolidando a

idéia de que o desenho, por si só, não comunica; e sem que o professor dê

conta, a criança vai aprendendo que a escrita é que é o legitimo código da

comunicação, e que o desenho não se presta a esta tarefa.

Para a criança, desenhar torna-se sinônimo de não saber escrever.

Assim, contrapostos, desenho e escrita rivalizam-se, imitando a escrita, o

desenho perde o sentido tal logo a criança se alfabetiza.

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Parte da expressividade do desenho está na composição de traços, na

construção das formas, na ocupação do espaço, na combinação das cores, na

textura da superfície, na forma de utilizar os instrumentos, e em elementos

viso-sensoriais próprios da linguagem. Outra parte refere-se à subjetividade de

quem desenha; há um eterno jogo entre imagens da realidade objetiva e a

subjetividade que, por meio do olhar e também de outros sentidos, modifica,

filtra, enfim, reinterpreta o mundo objetivo. Com isso, ocorre uma interação

entre: o material, objetos utilizados; quem desenha, o educando; a realidade

objetiva e o subjetivo do mesmo.

Muitos professores, e adultos em geral, não têm essa facilidade em

perceber a visualidade de um desenho infantil. Falta-lhes vivência destas

linguagens. Este educador deve deixar o olhar da apreciação estética para a

praticidade da vida cotidiana, e valorizar mais o processo de criatividade e

construção do desenho infantil.

Os desenhos das crianças expressam o que elas sentem e pensam

sobre as coisas; logo é uma das mais importantes atividades para a criança da

educação infantil, por isso, deve ter um espaço privilegiado na rotina das

escolas.

Para o educador da pré-escola, é essencial absorver a noção da possível inter-relação e interdependência de todas as instâncias físicas, psíquicos, emocionais, culturais, biológicas, simbólicas, enfim, de tudo que ocorre para o pleno desenvolvimento da criança (DERDK, 2003, p.15).

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CAPÍTULO 2

O PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO GRÁFICO

Os processos de conhecimento/desenvolvimento, aprendizagem e

expressão humana, pode acontecer através de dois fatores: as vivencias

concretas e suas simbolizações, ou seja, tudo aquilo que é sentido.

Percebe-se que muitas informações foram transmitidas através de

desenhos feitos em cavernas e pedras e hoje, as crianças, de maneira poética

revivem esses momentos em suas expressões espontâneas.

Piaget (1954) aponta dois fatos paradoxais em relação à criança

pequena, que parece ser mais dotada que a de mais idade, nos domínios do

desenho e suas expressões simbólicas; assim como na dificuldade de

estabelecer estágios regulares para esses desenvolvimentos. Acredita que

estas primeiras manifestações espontâneas da arte infantil podem ser

apresentadas como tentativas de conciliação entre tendências próprias do jogo

simbólico, a expressão do eu e a submissão do real.

A criança, de modo espontâneo, exterioriza sua personalidade e suas

experiências individuais e inter-individuais, sem que as influências estéticas

interfiram na construção desse processo.

A expressão artística da criança é apenas uma

documentação de sua personalidade. Tudo quanto pudermos fazer para estimular a criança no uso sensível dos seus olhos, ouvidos, dedos e do corpo inteiro servira para enriquecer sua reserva de experiências e a ajudara em sua expressão artística (LOWENFELD, 1976 p. 108).

Tais processos de criatividade não são os mesmos para todas as

crianças, afinal cada uma obedece a um ritmo pessoal; o que não impede a

existência de características comuns que possibilitam sua divisão em estágios.

Esses trabalhos evidenciam o seu estágio de elaboração mental, o que resulta

das interações das crianças com os objetos; ou seja, mostra o seu estágio

emocional e perceptivo.

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Verifica-se também, que a palavra desenvolvimento nada tem a ver em

designar um processo no sentido de uma evolução superior entre uma fase e

outra. O que ocorre durante esse processo é o fluir do grafismo e da

interpretação habitual da criança, tendo por tanto características diferentes em

cada uma das fases; o que não impossibilita o encanto nas situações e etapas

vivenciadas.

Em cada fase, a criança apresenta diferentes maneiras de representar

os elementos, o que não há nenhuma relação fixa com a idade da criança e a

etapa a ser alcançada; da mesma maneira que a idade mental pode não ser

apresenta compatível com a idade cronológica. Referindo-se as teorias de Jean

Piaget, Vasconcelos comenta:

Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios. Por volta dos dois anos, ela evolui do estagio sensório-motor, em que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos (como um sugar a mamadeira) e o pensamento se da somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório (VASCONCELOS. Apud FERREIRA, 2008, p.26).

Aurora Ferreira (2008, p.26), diz que a expressão gráfica da criança

varia com a idade, o meio os estímulos e as vivencias próprias e que

características comuns aparecem nas representações gráficas de todas as

crianças, dando origem a estágios do grafismo infantil.

Para Lowenfeld (1977), o desenvolvimento gráfico da criança passa por

quatro estágios:

• Estágio da Rabiscação, onde o desenho e um prolongamento da

escrita.

• Estágio de inicio de Figuração, onde surgem as primeiras formas

reconhecíveis.

• Estágio de Figuração esquemática, neste caso a criança desenha

o que sabe.

• Estágio de Figuração Realista, e quando a criança se esforça em

desenhar o que vê.

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2.1 AS ETAPAS DA EVOLUÇAO DO DESENHO

Aurora Ferreira (2008, p.27), acredita que as etapas do desenho infantil

requer ainda muito estudo, uma vez que as diferenças individuais, a forma de

desenvolvimento e as transformações de cada criança são distintas, variando

de criança para criança.

Compreender a trajetória expressiva da criança e uma tarefa instigante. Os sistemas educacionais, as oportunidades oferecidas, os valores culturais, as predisposições genéticas colorem de forma particular as produções, percepções e concepções artísticas das crianças. Entretanto, os pesquisadores desse desenvolvimento têm percebido que, mesmo em cenários e épocas diferentes, certas similaridades indicam aspectos fundamentais comuns (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA. Apud FERREIRA, 2008, p.27).

O primeiro estágio do desenvolvimento infantil é uma fase de grande

importância para a formação da criança; logo o educador deve conhecer bem

tais fases do desenvolvimento gráfico.

Derdyk (2003, p.15) faz sobre isso o seguinte comentário: “Se o arte-

educador da pré-escola não possuir uma vivência prática e efetiva das

linguagens expressivas, facilmente incorrera em erros grosseiros na avaliação

daquelas garatujas e rabiscos aparentemente inúteis”.

A teoria de Viktor Lowenfeld (1977) divide o desenvolvimento do

desenho infantil em quatro estágios. O primeiro estágio abrange a fase da

rabiscação ou garatujas, correspondendo à idade de um ano e meio ate quatro

anos, podendo variar de criança para criança. È o momento onde a criança

pega o material sem nenhuma intenção de escrever ou desenhar. O que pode

ser verificado na figura 1.

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Figura 1. Primeiro estágio – Rabiscação desordenada ou Garatuja. Desenho de uma criança de 2 anos, em que se nota a despreocupação em relação ao desenho intencional.

Tais experiências são sinestésicas, gestos instintivos que resultam no

prazer orgânico, causando expansão às necessidades motoras. Nesta fase, a

criança expressa, através de seus traçados, ternura e confiança ou medo e

agressividade.

A criança não é uma produtora de símbolos, de forma consciente. Mas, como está no mundo da cultura, em um mundo essencialmente simbólico, já é leitora de índices e imitadora de símbolos. È assim que aprende a dar “até logo”, a assoprar a velhinha, a bater palmas (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA. Apud FERREIRA, 2008, p.29).

Após este estágio, a criança passa para rabiscação longitudinal, onde o

rabisco já e considerado intencional, isto é, a criança já tem noção do que está

fazendo assim como já aprecia sua atividade e gosta do que está produzindo.

Com as formas celulares (as bolinhas) surge à capacidade de controle

através de símbolos: círculos, quadrados, cruzes, entre outros; que

posteriormente vão representar: casas, pessoas, sol, animais, e etc. É

considerado o início do desenho, mas a criança ainda não abandonou as

garatujas; o que é bem claro de acordo com a figura 2, ela continua rabiscando.

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Figura 2. Primeiro Estágio – Rabiscação Longitudinal e Formas Enoveladas. Desenho de uma criança de 3 anos onde mistura células a formas enoveladas, o que já é considerado um ato intencional. Já podemos verificar a intenção da formação de figura humana.

Desta forma, devemos oferecer oportunidades de contatos sensoriais e

perceptivos com o mundo da natureza e da cultura humana, para que através

da interação com o meio e de suas trocas, possam enriquecer seu processo de

desenvolvimento gráfico.

Infelizmente, há uma pressa para que a criança deixe logo as garatujas e passe para os desenhos reconhecíveis. Para algumas pessoas, só há desenho quando a criança faz o figurativo. Só há musica quando existe uma música definida. Antes disso, é só rabisco ou barulho, como se essas manifestações não fossem sumamente importante (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA. Apud FERREIRA, 2008 p.30).

Agora, a criança chega à fase da rabiscação, vide figura 3,

acompanhada da fabulação, onde nomeia seus desenhos, descobre o

aparecimento de uma linguagem plástica através da utilização de símbolos e já

é capaz de representar sensações vividas ou imaginadas.

A representação ainda é irreconhecível, porém é o momento onde a

criança demonstra toda sua criatividade e inventividade. A figura humana

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passa a aparecer com mais freqüência sendo representada através de formas

celulares e filamentos retilíneos.

Aqui elas já fecham os círculos desenhando pernas e braços que saem

da cabeça (pernas, braços, cabelos em forma de filamentos retilíneos); sendo

estes de extrema importância, pois servem para pensar, ver, andar e se

movimentar.

Figura 3. Primeiro Estágio - Fase da Rabiscação. Este desenho corresponde ao de uma criança de 5 anos. Observa-se a formação da figura humana ainda sem tronco, porém, se analisarmos de acordo com os estágios, para sua idade, o mesmo não apresenta uma coerência em relação às etapas da evolução do grafismo.

... esses esquemas usados pelas crianças são indicadores de que elas acham essa representação suficiente para representar o ser humano. (FERREIRA, 1998, p.30)

O segundo estágio, da-se em média entre quatro e sete anos e é

denominado como a fase do inicio da figuração. É a descoberta da relação

entre desenho, pensamento e realidade; fase aonde as garatujas vão se

tornando reconhecíveis e com significados definidos; como é visto na figura 4.

Aqui, a criança continua experimentando os símbolos, repetindo

elementos em seus desenhos, mudando diversas vezes a representação de

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um objeto até chegar ao conceito de forma; assim como gira a folha por várias

vezes ao falar sobre o seu desenho.

Neste momento, a função simbólica é o centro do processo ensino-

aprendizagem, e por meio de suas ações e de diferentes formas de linguagens

representam os objetos e seus conceitos.

Figura 4. Segundo Estágio – Início de fase, figuração Pré-Esquemática. Desenho de uma criança de 4 anos, onde observa-se a formação da figura humana, de um cenário e da possibilidade de nomeação.

No desenho, a passagem se dá

lentamente. Dos rabiscos e das pesquisas de formas, nascem às primeiras tentativas de letras - diferenciando escrita e desenho - e as primeiras figuras humanas. (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA. Apud FERREIRA, 2008, p.35).

Este momento é marcado pela representação do seu mundo, onde

aparecem figuras humanas e objetos, tendo uma intenção figurativa simbólica,

através de linhas, curvas, pontos, formas ovais; que podem ser cabeça, olhos,

braços, etc. Essa figura humana, no início, é representada por círculos

irregulares de onde saem braços e pernas, sendo posteriormente enriquecido

com detalhes; sendo a estrutura básica de toda sua representação futura.

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Aqui, a criança ainda não consegue relacionar o tamanho do objeto com

a realidade, podendo desenhar em maiores dimensões o que mais gosta,

deseja ou teme; apresenta exageros e omissões, figuras que sempre se

repetem favorecendo seu desenvolvimento mental.

No início, sua relação espacial é dada através de figuras desalinhadas,

espaços desordenados, elementos enfileirados e sem preocupação de

conjunto.

A criança ainda não tem uma idéia geral do desenho; sendo a fabulação

e a narração uma atitude constante nas atividades, onde costumam falar sobre

seu desenho, fantasiar e imaginar; dando uma seqüência lógica aos elementos

e criando uma relação entre eles.

A criança que está fantasiando em suas estórias, brincadeiras, desenhos e, de modo geral, misturando sonho e realidade, está fazendo uso mais intenso da inteligência e está se aproximando cada vez mais de conquistar uma nova visão de mundo. (SANS. Apud FERREIRA, 2008, p.36)

Enquanto o desenho evolui, o mesmo torna-se rico em detalhes, porém

a pintura continua com características da primeira fase, desta forma, é

considerado normal que a criança ainda pinte rabiscando. Já em relação à cor,

seu emprego é meramente emocional, usado por prazer, sem nenhuma relação

com a realidade. Está cor pode depender também do que mais lhe agrada e

até mesmo ser de caráter afetivo.

O terceiro estágio, figuração esquemática, compreende em média a

idade de sete a dez anos, onde neste período a criança está em busca de

convenções e regras para suas expressões gráficas; sendo também muito

presente neste período as influências socioculturais, através de casas,

pessoas, animais, carros, paisagens, etc.; descobrindo a existência de uma

ordem definida nas relações espaciais.

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Figura 5. Terceiro Estágio – Fase da Figuração Esquemática. Desenho de uma criança de 7

anos, que além de traçar a linha de base, ainda organiza as figuras.

(...) é neste período que aparece uma

interessante característica dos desenhos infantis: a criança dispõe os objetos que está retratado numa linha reta, em toda a largura da margem inferior da folha de papel. Assim, por exemplo, a casa é seguida de uma árvore, á qual se segue uma flor que fica ao lado da pessoa que poderá ficar antes de um cão, que é a figura final do desenho (LOWENFELD, 1997, p. 55)

Nesta fase percebe-se a tentativa de expressar suas ideias a respeito do

mundo, mas não procuram identificações com os elementos reais de

representação assim como não buscam copiar.

È demonstrado por meio da expressão plástica a intenção de significar,

descrever, usando minúcias e riqueza de detalhes; sendo sua representação

simbólica-esquemática, marcada pelas características geométricas, ou seja,

elementos geometrizados que marcam esta fase.

Percebe-se também, que a figura humana é geralmente retratada de

frente, aparecendo outras vezes de perfil para indicar movimento. O espaço é

representado ordenadamente tendo uma ligação entre os elementos.

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Aparece definido o conceito de espaço; linha da base, que vai sustentar

tudo que esta no chão: pessoas, casas, carros, árvores, etc. Este funciona

como o chão da cena, que pode ser um ou vários, sendo com freqüência

desenhado no meio da folha ou também pode ser utilizado a própria borda do

papel com a mesma função.

Dependendo de suas experiências emocionais, a criança poderá usar a borda do papel como linha de base, omiti-la, desenhá-la dupla ou curva. Outro processo de representar o espaço é o do rebatimento ou dobragem, quando os objetos são desenhados perpendicularmente a linha de base. E há ainda outro tipo de representação, os raios X, que e mostrado o interior dos objetos. (NICOLAU. Apud FERREIRA, 2008, p.40)

Esses planos passam depois a serem superpostos, com o aparecimento

de dois ou mais planos sucessivos e diversos pontos de vista. A superposição

com transparência é um recurso muito comum durante esse período; onde o

interior de uma casa ou carro é retratado como se todos os seus elementos

interiores pudessem ser vistos; de acordo com figura 6.

Figura 6. Terceiro Estágio – Transparência ou Raio X. Desenho de uma criança de 7 anos. A

mesma desenhou seu apartamento, como ele é por dentro, e ainda apresentou os andares dos outros visinhos.

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Agora já é possível relacionar cores e os objetos: a árvore é verde, a

banana é amarela, o céu é azul, etc. podendo também ter significados afetivos.

Os desenhos, as pinturas, e as realizações expressivas das crianças não apenas representam seus conceitos, percepções e sentimentos em relação ao meio, como também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma melhor compreensão da criança. (NICOLAU. Apud FERREIRA, 2008, p. 41)

Já o quarto estágio, figuração realista (figura 7) compreende-se a partir

dos 10 anos. A criança é detalhista e procura representar o que vê. Piaget

afirma: “A principal característica da etapa operacional-formal, por sua vez,

reside no fato de que o pensamento se torna livre das limitações da realidade

concreta.” (Apud, FERREIRA, 2008, p. 43).

Figura 7. Quarto Estágio – Figuração Realista. Criança de 10 anos de idade, que demonstrou

através do desenho o que ela mais gostou de fazer durante as férias em uma viagem para praia.

(...) a ser representados com essa nova construção, a perspectiva, e os detalhes agora tem por finalidade particularizar as formas que antes eram genéricas. Há, portanto, um aprimoramento do sistema do desenho construído no realismo intelectual. (PILLAR, 1996, p. 50).

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Para Viktor Lowenfeld, essa fase é conhecida também como: figuração realista ou idade da “turma”, pois é iniciada a exploração do pensamento a respeito do mundo. È o momento onde percebem-se fazendo parte de uma sociedade, o prazer que as tarefas em grupo podem proporcionar e ao mesmo tempo compreendem que podem produzir mais no coletivo do que no individual.

Aqui, nota-se a descoberta do plano que substitui a linha de base, a

idéia de profundidade por meio de artifícios (o que está na frente e sempre

maior), desenha através de sucessivos planos (o que está na frente encobre o

que está atrás) sem usar transparência ou raios X, começa a experimentar o

uso de sombras e nuances para dar noção de perspectiva (claro e escuro),

possui acabamentos, procura representar também a terceira dimensão e as

figuras humanas aparecem com detalhes objetivando a diferença entre os

sexos.

Nesta fase, o adulto necessita valorizar ainda mais a percepção estética

e a imaginação criadora das crianças, como podemos verificar no desenho 8 e

9, pois passam a copiar em demasia tudo o que vê: heróis da TV, vídeo game,

revistas e até mesmo os desenhos dos colegas.

Figura 8. Quarto Estágio. A criança tem 10 anos e desenhou um período da pré-história que

havia lido em uma reportagem de revista.

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Figura 9. Quarto Estágio. Criança de 11 anos que desenhou a parte que mais gostava do seu

jogo de vídeo-game.

O fato é que a partir desse momento, é cada vez

mais (até o fim da adolescência, na verdade, se é que ela ainda está desenhando e pintando) a criança copia. Mas ela tem também consciência da imperfeição das suas copias, as quais não conseguem, aliás, equilibrar o seu sentimento de impotência. Ela desanima, e passa a fazer decalques. Decepciona-se mais e mais; sente vergonha, e abandona: é o famoso “eu não sei desenhar”. (PORCHER, 1982, p. 128)

Neste momento, é importante que o professor haja com prudência,

incentivando cada vez mais a expressão livre e criativa da criança, o que deve

dominar a representação realista. È está atento para que ela não use o seu

potencial criativo e artístico para fins de copias, desenhos estereotipados, ou

seja; tudo aquilo que contribua para destruir sua criatividade e inventabilidade

pessoal.

Diante tais estágios, pode-se concluir que cada criança caminha em seu

próprio ritmo. Umas podem acelerar esse processo e outras podem caminhar

de maneira mais lenta; o importante é não forçar esse caminhar; afinal, este

momento é onde a criança está desenvolvendo a sensibilidade, a emoção e a

imaginação.

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O principal objetivo da arte-educação é formar seres humanos criativos e

que possam realizar-se como pessoa. O mais importante é o bem estar da

criança com a arte, e não a arte em si.

2.2 OBSERVAÇAO DA EVOLUÇAO DO GRAFISMO DE UMA

CRIANÇA

Este é um relato, iniciado em fevereiro de 2010 até dezembro do mesmo

ano, de uma aluna do Pré- Escolar II, de 5 anos de idade, estudante de uma

escola da zona sul do Rio de Janeiro; onde teve gradativamente seu traço

evoluído através dos incentivos recebidos em casa e também em sala de aula.

Como podemos perceber nos desenhos em anexo, a aluna teve uma

evolução importante de seu grafismo, ao longo do ano letivo.

A mesma iniciou o processo no estágio inicial da figuração, o que é

percebido através dos desenhos 1, 2 e 3.

Figura 1. A aluna apresenta-se no Primeiro Estágio - fase da rabiscação, onde representa a figura humana através de filamentos que saem da cabeça, como se fosse corpo; porém ainda sem tronco.

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Figura 2. A aluna ainda permanece no primeiro estágio, rabiscação. Ocorre à tentativa de formação da figura humana através de filamentos retilíneos que saem da cabeça e a criação de um cenário, como foi visto na figura anterior. Ocorre a tentativa de expressão facial para representar as emoções humanas.

Figura 3. Ainda no mesmo estágio, mas neste, podemos observar a ausência da linha de base. Continua a tentativa de expressar o sentimento humano. Ao fazer este desenho, a aluna falava o tempo inteiro: “Eu amo passear na floresta! Vou com a mamãe, papai e com minha irmã, mas fiquei triste porque o papai nesse dia não foi. Tia esse coração representa o amor que eu sinto.” È a presença da fabulação, onde em todas as figuras nota-se a presença da desproporção dos elementos.

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É a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade; fase

onde as garatujas vão se tornando reconhecíveis e com significados definidos.

Ao desenhar, ela girava a folha por algumas vezes enquanto narrava e

fantasiava o que estava desenhando. Sua pintura ainda tem vestígios da

primeira fase, por isso ainda é considerado normal que pinte rabiscando. Já as

cores eram usadas por simples prazer e sem nenhuma relação com a

realidade.

É a representação do seu mundo, onde a partir daí o desenho passa ter

intenção de representação figurativa simbólica; sendo representada, no início,

por círculos irregulares de onde saem os braços e pernas.

Podemos verificar que tais representações são enriquecidas mais tarde

através de detalhes e minúcias, as cores vão passando a ter sentido; sendo

pintadas de maneira mais forte e tendo relação com o real, seus traços ficando

cada vez mais precisos e por fim, ocorre também à mistura entre a expressão

gráfica do desenho e a escrita; com letras que na maioria das vezes aparecem

soltas pela folha ou para nomear algum objeto desenhado. Observe as figuras

4, 5 e 6.

Figura 4. Percebe-se agora que a figura humana vai ficando mais rica em detalhes e seu colorido

mais forte, intenso. Ocorre a tentativa de proporção entre os elementos e a nomeação.

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Figura 5. Representa cada vez melhor e com mais detalhes a figura humana. Seu colorido é

mais preciso e já relaciona as cores com a realidade. Percebe-se a presença da linha de base assim como a continuidade da fabulação através da nomeação dos elementos.

Figura 6. “Tia esse desenho é prá comemorar a festa junina que eu fui com minha mãe, papai e

minha irmã na casa da minha vovó. Tinha balão, fogos e muitas árvores.” Observa-se também a tentativa de escrita nomeando cada um dos elementos.

A partir daí o grafismo torna-se ainda mais preciso em relação à

figuração humana e os objetos contidos na cena. Ocorre a preocupação da

mesma em retratar com a máxima realidade o que está vivendo, pois falava

que queria desenhar tudo igualzinho ao que ela viu ou estava pensando no

momento.

Agora já existe a tentativa de formar frases e não apenas nomear os

objetos que foram desenhados, como podemos perceber na figura 7.

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Figura 7. A aluna faz o plano de base, graminha, e seu colorido além de ser mais forte

é mais preciso respeitando o limite do seu traçado. Além de já nomear seus elementos, agora tenta construir frases que resumem seu desenho. “Tia Ana Paula eu vou desenhar eu no jardim passeando. Sabia que nesse dia estava chovendo muito?” A conversa durante a construção do desenho ainda permanece, porém, agora é externada e reproduzida através das frases – escrita espontânea.

No próximo trabalho, representado pela figura 8 e 9, podemos observar

que a aluna continua utilizando à escrita, através das frases ou fazendo

relações com o que está vendo; como foi o caso do alfabetário existente na

sala de aula; para acompanhar seu grafismo.

Figura 8. Nesta etapa ocorre mais uma importante evolução da aluna em relação ao seu

grafismo. Ela constrói a figura do ser humano com tronco e pernas, porém os pés é o primeiro elemento a ser representado de perfil. É possível perceber, de forma mais aprimorada, a presença de expressão facial nos elementos humanos. Continua a presença da linha de base, e da escrita espontânea.

“Tia Aninha, olha o que eu escrevi: ”Essas são as letras que tem na nossa sala, e também é de lá que tiramos as letrinhas dos outros amigos não é?” “ Eu desenhei eu de boné de escola.”

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Figura 9. Aqui, a aluna expressou através do grafismo e da escrita espontânea, o que ela mais

gostou de fazer no final de semana. “Eu desenhei um jardim com árvores, quando eu fui passear lá.” (anexo 9)

A aluna, assim como sua turma, estava sendo pré-alfabetizada e logo já

ensaiava ao final do ano algumas frases mais coesas e completas,

estabelecendo sua própria lógica na construção do processo de leitura e

escrita, como é observado atrevés da figura 10.

Figura 10. Expressou neste trabalho sua ansiedade em relação a proximidade do natal, pois

falava o tempo todo nos presentes que ia ganhar e que ia dar, na arrumação de sua casa, das comidas, dos parentes que ia chegar do Peru, etc. È importante verificar o capricho em sua pintura, não ultrapassando o traçado definido e a permanência da escrita; enfatizando junto ao desenho o momento que tanto estava sendo esperado. Frases que a aluna falou após desenhar, e em seguida escreveu em seu trabalho: “Eu no natal.” “Feliz natal! Hou! Hou! Hou!”

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A representação gráfica é ainda mais cuidadosa, através de cores e

situações que caracterizam a realidade do cotidiano, como nos detalhes

mostrados em desenhos de anteriores; e na constante presença da escrita

objetivando a caracterização de uma cena. O que é visto atrevés da figura 11.

Figura 11. Em fim, o desenho de dezembro, representando a festa de natal! A aluna estava muito

ansiosa pala chegada desse momento, como foi visto nos comentários da figura anterior. Aqui, ela expressou a noite de natal em sua casa, utilizando a característica de transparência ou raio X; desenhando o que está dentro da casa como se estivesse sendo visto. Continua evoluindo na escrita espontânea e nos detalhes dos elementos.

Este processo de evolução do grafismo da aluna L foi de suma

importância para seu crescimento e desenvolvimento motor, emocional e

perceptivo.

O importante é que a criança tenha oportunidade de expressar-se de

maneira criativa, respeitando todas as etapas do desenvolvimento infantil,

tendo um professor consciente e preparado para estimulá-lo diante as

diferentes fases da evolução do grafismo.

A criança necessita sentir que sua produção é sempre o alvo de toda

atenção e valorização.

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CAPÍTULO 3

O DESENHO LINGUAGEM SE CALA COM A AQUISIÇÃO

DA LINGUAGEM ESCRITA

Toda criança desenha, e infelizmente a maioria destas crianças quando

cresce diz: “Eu não sei desenhar...” e também não cria mais histórias,

endurecendo seu corpo. Os desenhos acabam ficando esquecidos, assim

como esquecidos também ficam os velhos brinquedos.

Se os desenhos das crianças são objetos da

nossa curiosidade é porque não existem desenhos de adultos. O adulto quando não é um artista não desenha. O desenho, da mesma forma que os jogos, é uma atividade que envelhece com o passar dos anos e revela um tipo de conduta própria da criança. (WIDLOCHER, 1971, p.8)

A perda do desenho não está epenas ligada ao amadurecimento, assim

como não é natural no processo de desenvolvimento a atrofia de uma

linguagem tão viva como o desenho para a criança.

Segundo Ana Angélica (2002), de maneira muito rápida o desenho-fala

se cala, e do desenho-certeza, a certeza de não saber mais desenhar. Em

poucos anos, o que era certeza, parece ser algo inacessível próprio apenas

para artistas.

Este fato é enfatizado pela dicotomia de nossa sociedade moderna:

trabalho e lazer, natureza e cultura, arte e vida, etc. Na sociedade tradicional é

comum conservar tradições e costumes, podendo até dizer que o homem vive

num meio estável, coerente e unívoco, conservando todas as aparências de

um meio natural, onde cada cidadão tem a sua participação dentro do coletivo;

produção artesanal.

É com o advento da indústria, da produção do lucro e sua subordinação,

que o problema do trabalho ultrapassando o momento de lazer começa a

surgir. O trabalhador não mais tem ligação direta com o que produz; sendo

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necessário consumir o produto de uma indústria montada especialmente para

esse fim.

O surgimento da feiúra em massa; conseqüência da produção em serie,

da população ter sofrido alterações obedecendo aos novos padrões da

sociedade; acaba fazendo com que a beleza/arte seja refugiada em museus ou

em espaços que são reservados. Torna-se assunto para os profissionais de

arte, sendo desta maneira consumida em lugares fechados e com horários

fixos.

A arte então acaba sendo separada da vida ao invés de ser

manifestação dela. O homem acaba perdendo a possibilidade de criar suas

próprias manifestações, passando de criador para consumidor de

manifestações alheias. Esta mesma sociedade que condicionou o homem a

produzir para consumir, o afasta da produção criativa à medida que o mesmo

vai se aprofundando na escrita convencional; da mesma maneira que acaba

separando o lugar destinado a infância.

Diante tais mudanças e com o surgimento da linguagem escrita perde-se

um pouco da possibilidade de criação e expressão artística, sendo assim, o

desenho considerado por muitos, uma manifestação secundária.

A escola tem passado por transformações ao longo dos anos, porém,

sempre teve o papel de preparar a criança para a vida em sociedade, sendo

desta forma reprodutora de seus valores e ideais. Ela não é uma estrutura

eterna que funciona da mesma maneira sob qualquer regime, e sim, moldada

pelo todo de que participa.

Por isso da importante em analisar a escola que temos hoje e as

crianças que encontramos nela, porque entre o desenho-linguagem, a

aquisição da linguagem escrita e a certeza de não saber desenhar, está o

processo de escolarização.

3.1 O DESENHO COMO LINGUAGEM

Mario de Andrade (1967) já dizia que desenho fala, chegando a ser uma

espécie de escritura, uma caligrafia.

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O desenho, enquanto primeira manifestação gráfica é uma das mais

importantes formas de expressão deixada por nossos antepassados; contento

informações em relação à evolução humana.

Este é considerado a construção simbólica de uma rede de signos e de

significados manifestados através de traços que constitui o desenho, e ao

mesmo tempo é definido como sendo uma linguagem. Ou seja, desenho é

linguagem.

Acredita-se que esta imaginação primitiva, a produção de imagens

mentais, foi o primeiro passo não apenas para criação da arte, mas também

para a construção da linguagem. Desta maneira, ao evocar imagens de tudo

que já tinha visto, o homem pré-histórico criou sons e símbolos sendo capaz de

se comunicar com outros membros de sua espécie.

Desta maneira, o desenho é para criança uma linguagem, assim como a

fala e o gesto; por isso a criança desenha: para falar, poder registrar essa fala,

deixar sua marca; enfim, para escrever e contar sua historia.

Para Ana Angélica (2002), através do ato de desenhar, existe a grande

possibilidade da criança ver-se e rever-se. Neste projetar-se ocorre um

movimento de dentro para fora e de fora para dentro, e mesmo sem a criança

ter uma compreensão intelectual do processo, ela está modificando e sendo

modificada pelo ato de desenhar.

Diante do desenho-linguagem, o que se pode perceber é que

pensamento e sentimento estão juntos. O mesmo pode ser encarado como um

jogo, pois as mesmas etapas do jogo, segundo Piaget, se sucedem no

desenho. É um jogo de exercícios, onde a criança repete muitas vezes até

certificar-se do seu domínio sobre aquele movimento.

O registro inicial deste movimento é um rabisco incompreensível para o

adulto: a garatuja; iniciando-se longitudinal até adquirir certo ritmo. Aos poucos

esta atividade vai ganhando várias formas. A criança esta no período sensório-

motor e a maneira de interagir com o mundo é conquistando novas estruturas

de movimento. Nesta fase, seu desenho não tem nenhum tipo de compromisso

com representação de qualquer espécie.

A criança pode até nomear seu desenho caso o adulto insista em saber

o que foi desenhado, porém, ele não vai passar de movimento. É o desenvolver

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do controle da mão, giz, lápis, pincel, (tato, preensão, textura, instrumento). É o

simples prazer do gesto deixando sua marca.

Desta forma, a criança desenha para dizer algo, contar de si mesma,

para fazer de conta. É o início da representação gráfica, onde ela constrói sua

própria realidade de sociedade.

3.2 A AQUISIÇÃO DA LINGUAGUEM ORAL E ESCRITA

(...) a aquisição da escrita é um momento

particular de um processo geral de aquisição da linguagem. Nesse momento, em contato com a representação da língua que fala, o sujeito reconstrói a historia de sua relação com a linguagem. A construção da escrita baseia-se em uma elaboração mental da criança, em interação com o meio. Durante o processo de aprendizagem, as crianças criam suas próprias regras até compreender as regras convencionais do nosso sistema de escrita (LEÃO, 1996, p. 41).

O desenho e a escrita são manifestações que surgem de maneira

natural no decorrer do desenvolvimento infantil. Através de pequenos traçados

a criança vai representar sua imaginação, determinar pequenos textos e

reproduzir figuras que se assemelham ao que ela acha estar representado.

Para alguns autores, escrita e desenho são processos distintos. A

linguagem escrita faz parte de um sistema representativo, com regras próprias

e estabelecidas por convenção social; e já o desenho é apenas a

representação da imaginação, e por tanto, não obedece a regras. É o que

ressalva Cagliari (1992)

Porém, ocorre uma interação entre o processo de evolução da escrita e

do desenho, uma vez que ambos os processos apresentam a capacidade de

simbolizar, isto é, de construir e agir sobre representações. A atividade que os

adultos pensam ser simples rabiscos é um exercício e até mesmo a imitação

das letras.

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Esta relação é bem clara, uma vez que de um desenho aparentemente

sem forma, nasce uma expressão gráfica; etapa esta fundamental para se

chegar à escrita.

È através da pictografia e dos ideogramas que se dá o nascimento do

desenho sendo possível ao homem manifestar suas idéias e desenvolver a

cultura gráfica na produção das imagens.

Além de o desenho produzir condições para o desenvolvimento da

imaginação criadora assume também um valor cognitivo fundamental, dando

forma a nossa experiência sensorial e emotiva.

A aprendizagem da leitura e da escrita é feita com sucesso, a partir do

momento que haja o domínio da linguagem oral, isto é, a criança ser capaz de

se comunicar, articular suas idéias e expressar seus pensamentos. Tais

habilidades vão permitir ainda mais o aprofundamento das crianças no

desenho, nos números, nas brincadeiras, assim como no processo de leitura e

escrita.

Para que a criança tenha sucesso no mundo da leitura e da escrita, é

importante valorizar a continuidade da expressão como: os rabiscos, as

garatujas, as letras, os desenhos, em fim, todas as suas representações. Deve-

se respeitar da mesma forma todas as hipóteses que vão surgindo ao longo do

processo; mantendo o desenho como expressão gráfica.

Por tanto, o ato de desenhar é uma atividade extremamente importante

e deve permanecer durante todo o processo de desenvolvimento humano,

afinal, através dele, o homem consegue comunicar-se, expressar sentimentos

e avançar de maneira significativa na apropriação do saber e na elaboração de

novos conhecimentos; além de ajudar a desenvolver a aprendizagem, pois vai

atuar na atenção, concentração, coordenação motora; o que é fundamental

para o mesmo.

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3.3 O DESENHO LINGUAGEM SE CALA QUANDO A

LINGUAGEM ESCRITA FALA

Desenhar constitui, para a criança, uma atividade integradora, que coloca em jogo as inter-relações do ver, do pensar, do fazer e dá unidade aos domínios perceptivo, cognitivo, afetivo e motor. "A criança desenha, entre outras tantas coisas, para se divertir. Um jogo que não exige companheiros, onde a criança é dona de suas próprias regras. Nesse jogo solitário, ela vai aprender a estar só, "aprender a só ser". O desenho é o palco de suas encenações, a construção do seu universo particular" (DERDYK, 1989, p. 50).

O Desenho tem sido cada vez mais utilizado nas escolas como um pré-

requisito para a escrita. Embora a caligrafia seja uma forma de desenho, hoje,

desenho e escrita não se confundem. A escrita é um meio de representação

que se manifesta através de signos, sinais arbitrários que foram construídos

pela nossa sociedade. Já os desenhos são compostos por símbolos, criações

individuais, personalizadas, dos objetos representados.

Ao ceder lugar às escritas alfabéticas, o desenho passa a ser visto,

sobretudo pela escola, como sendo um elemento secundário na construção da

cultura. Portanto:

Não é possível uma educação intelectual, formal ou informal, de elite ou popular, sem arte, porque é impossível o desenvolvimento integral da inteligência sem o desenvolvimento do pensamento divergente, do pensamento visual e do conhecimento presentacional que caracterizam a arte (FERREIRA. Apud Ferreira, 2008, p.19).

Através do sistema convencional de escrita, a idéia passa a comandar a

forma de escrever e ao mesmo tempo é capaz de representar a linguagem,

diversificando a capacidade humana de expressar suas idéias em dois códigos

distintos: o oral e o gráfico; proporcionando aos mesmos a possibilidade de

reter o discurso oral em signos visuais. Neste caso, o desenho acaba

assumindo um papel secundário em relação à língua.

Através do desenho as crianças podem expressar o que sentem e

pensam sobre as coisas.

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De acordo com Luquet (1969),... o desenho é uma íntima ligação do

psíquico e do moral. A intenção de desenhar tal objeto não é senão o

prolongamento da sua representação mental; o objeto representado é o que,

neste momento, ocupará no espírito do desenhador um lugar exclusivo ou

preponderante.

O desenvolvimento do grafismo infantil é um importante fator para a

natureza emocional e psíquica da criança. É uma linguagem gráfica onde deixa

registrado suas idéias, suas vontades e suas fantasias.

A escrita é um aspecto particular do processo geral da aquisição da

linguagem; onde em contato com a língua que fala, a criança tem a

oportunidade de reconstruir a historia de relação com a sua linguagem. Essa

construção é baseada na elaboração mental e interação com o meio ambiente;

onde através de tal processo, a mesma cria suas próprias regras, até o

momento de entender e absorver as regras do nosso sistema de escrita.

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CONCLUSÃO

A arte de cada cultura revela o modo de perceber, sentir

e articular significados e valores que governam os diferentes tipos de relações entre os indivíduos na sociedade. A arte solicita a visão, a escuta e os demais sentidos como portas de uma entrada para uma compreensão mais significativa das questões sociais (PCN/Arte 2000, p.20).

Percebemos com esta pesquisa, a existência de uma relação entre as

fases do desenvolvimento infantil e a evolução do grafismo, afinal o desenho

evolui paralelo ao desenvolvimento humano. Já na aquisição da linguagem

como representação gráfica, esse desenvolvimento sofre um corte; o que quer

dizer que o desenvolvimento da criança e do grafismo acontece emparelhado

até a aquisição da escrita.

Através dos vários autores citados, foi constatado que há uma relação

nas abordagens mencionadas, o que impede de haver divergências entre os

pensadores. A partir daí, é importante ressaltar que, o conhecimento das fases

do desenho contribui para incentivar e valorizar o imaginário das crianças,

sendo mais um tipo de recurso usado pelo educador, objetivando a

compreensão entre os mesmos.

A produção artística dentro e fora da sala de aula é sentida pela criança

através de seus gestos, além de construir noções de espaço e desenvolver

habilidades motoras.

O professor ao conhecer as artes visuais valoriza e desperta em seus

alunos a produção plástica, objetivando a elaboração de representações

diversas e criativas, reflexo de uma mente bombardeada a ter vários olhares

em relação a tudo que o mundo apresenta, e principalmente, respeitando-os

como seres pensantes, criativos, porém; emotivos.

De acordo com a abordagem construtivista de Piaget (1976, p.47),

percebemos que o conhecimento não está pré-formado no sujeito, nem está

totalmente pronto, acabado, determinado pelo meio exterior, independente da

organização do indivíduo. A aquisição de conhecimento se dá a partir da troca,

da interação da criança com o objeto a conhecer. O ato de conhecer parte da

ação do sujeito sobre o objeto, que só se efetua com a estruturação que ele faz

dessa experiência. Isso significa que o conhecimento é adquirido não pelo

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simples contado da criança com o objeto cognoscente, mas pela atividade do

sujeito sobre esse objeto, a partir do que ele aprende, do que ele retira, do que

organiza da experiência.

O desenho infantil evolui conforme o próprio crescimento da criança,

dentro do seu processo de desenvolvimento como ser humano. Ou seja, as

garatujas ou rabiscos aparecem na fase sensório-motora, etapa da teoria do

desenvolvimento humano desenvolvida por Jean Piaget, onde a criança

explora materiais e movimentos, não na fase pré-operatória, onde a criança

começa a construir e a representar.

Segundo Fischer, (2003, p.15), a cada novo mundo criado, também são

criados obstáculos específicos que precisam ser resolvidos e vivenciados, e a

diversão desses mundos está exatamente em resolvê-los superando as

expectativas e as ansiedades criadas. Com o desenho as crianças podem se

dar ao luxo de errar para avaliar o resultado, sem medo de punição que

agregue sofrimento. Todas essas etapas devem ser vivenciadas pelas

crianças, fase a fase, senão pode haver uma lacuna no desenvolvimento que,

mais tarde, precisará ser trabalhada.

É fundamental para quem atua na área da Educação Infantil a

compreensão e o conhecimento das fases do desenho, onde a criança é um

ser em desenvolvimento, afinal esta é a manifestação de necessidades pelas

quais a criança terá que passar a conhecer e agir de tal forma a comunicar-se

com o mundo.

O desenho é uma das maneiras de pensar e agir sobre o papel,

exercitando a inteligência, a criatividade e não como fonte reprodutora de

informação. É onde deixa registrado suas idéias, através da linguagem gráfica.

É onde traduzimos o que vemos.

É muito importante que o professor continue observando a produção dos

seus alunos, pois a tendência é que deixem o lúdico e o abstrato de lado,

dando lugar à escrita convencional, moldada e formatada pela sociedade

reprodutora. É o alienar-se para o impulso criativo na infância.

Aqui como nos outros campos, o objetivo não deve ser a

formação de desenhistas profissionais e de especialistas; trata-se de dar a cada um os meios de expressar-se e, através disso, de dotá-lo dos instrumentos sensoriais e mentais necessários para as suas relações com o mundo (PORCHER, 1982, p.107).

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WEBGRAFIA

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50

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS -------------------------------------------------- 03

DEDICATÓRIA ---------------------------------------------------------- 04

RESUMO ------------------------------------------------------------------ 05

METODOLOGIA -------------------------------------------------------- 06

SUMÁRIO ----------------------------------------------------------------- 07

INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------- 08

CAPITÚLO 1

A HISTÓRIA DA EVOLUÇAO DO GRAFISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ----

--------------------------------------------------------------------------------------- 10

1.1- EXPRESSÃO CRIADORA NA PRIMEIRA INFÂNCIA -------------------------- 12

1.2- A ARTE DA CRIANÇA: PROPONDO UM OLHAR REFLEXIVO AO PROFES-

SOR / PSICOPEDAGOGO---------------------------------------------------------- 13

CAPÍTULO 2

O PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO GRAFICO --------------- 17

2.1-AS ETAPAS DA EVOLUÇÃO DO DESENHO ---------------------------------19

2.2-OBSERVAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO GRAFISMO DE UM ALUNO----------- 30

CAPÍTULO 3

O DESENHO LINGUAGEM SE CALA COM A AQUISIÇÃO DA

LINGUAGEM ESCRITA ----------------------------------------------------- 37

3.1-O DESENHO COMO LINGUAGEM ------------------------------------------ 38

3.2 - A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ------------------------ 40

3.3 - O DESENHO LINGUAGEM SE CALA QUANDO A LINGUAGEM ESCRITA

FALA--------------------------------------------------------------------------------- 42

CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------- 44

BIBLIOGRAFIA --------------------------------------------------------------- 46

WEBGRAFIA ------------------------------------------------------------------- 48

ÍNDICE --------------------------------------------------------------------------- 50